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2020 - lucas gacema TCC

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
CURSO BACHAREL EM ENFERMAGEM 
 
 
 
 
LUCAS RODRIGUES GACEMA 
 
 
 
 
 
PERFIL SOCIOEPIDEMIOLÓGICO E CLÍNICO DE MULHERES MIGRANTES 
VENEZUELANAS ATENDIDAS EM UMA MATERNIDADE NO EXTREMO NORTE 
DO BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BOA VISTA, RR 
 2020
 
 
 
LUCAS RODRIGUES GACEMA 
 
 
 
PERFIL SOCIOEPIDEMIOLÓGICO E CLÍNICO DE MULHERES MIGRANTES 
VENEZUELANAS ATENDIDAS EM UMA MATERNIDADE NO EXTREMO NORTE 
DO BRASIL 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de 
Bacharelado em Enfermagem do Centro de 
Ciências da Saúde da Universidade Federal 
de Roraima como pré-requisito para 
obtenção do título de Bacharel em 
Enfermagem. 
 
Orientadora: Prof.ª Ma. Tarcia Millene de 
Almeida Costa Barreto 
 
 
 
 
 
 
 
 
BOA VISTA, RR 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A minha família, 
 Pai, Mãe e Irmão sem vocês não teria eu ido tão longe 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus por me permitir chegar até aqui. 
 
Agradeço também a minha mãe Rosiane Rodrigues, mulher batalhadora, 
persistente e guerreira a qual sempre fez de tudo para criar os seus dois filhos sem 
nunca demostrar fraqueza ou desmotivação lhe dedico aqui essa conquista, agradeço 
também ao meu falecido pai Benaly Gacema que sempre sonhou com seus filhos 
estudando em uma faculdade também lhe dedico aqui essa conquista. E por último, 
mas não menos importante ao meu irmão Messias Rodrigues que me acompanhou 
nessa jornada saiba que torço pelo seu sucesso. 
 
Dedico também esse agradecimento a minha orientadora Profª Ma. Tarcia Millene 
de Almeida Costa Barreto que me ajudou nessa jornada sempre disposta e paciente 
também aos meus professores do curso de Bacharelado em Enfermagem da 
Universidade Federal de Roraima. 
 
Dedico também esse trabalho aos meus amigos em especial à Jaqueline, Icaro, 
Thais e Steffanie que sempre estiveram comigo nessa jornada carregada de muito 
choro, desespero, conquistas, risos e um pouco de 51 ouro. 
 
Não poderia esquecer-me também obrigado Manuela e Kelyhorrara por sempre 
estarem comigo quando precisei e também minhas companheiras do ILE – Dhuly, 
Leydnara, Sara, Kimberli, Juliana e Rayana (bendito fruto entre as mulheres) 
obrigado a todas por me aguentarem e por terem feito dessa caminhada mais fácil e 
que independente do futuro sei que serão ótimas profissionais de saúde. E por último, 
mas não menos importante a todos aqueles colegas que me acompanharam e de 
alguma forma me ajudaram nessa trajetória. 
 
 
 
RESUMO 
 
O processo de migrar é considerado como potencial fator de risco para à saúde dos 
migrantes principalmente para mulheres em condições puerperais, essa relação de 
condições de saúde da mulher e assistência puerperal pode ser bem observada no 
cenário de mulheres migrantes venezuelanas na cidade de Boa Vista/RR região onde 
percebe-se crescente índice de partos e consultas pós-parto na maior maternidade do 
estado. Logo o presente estudo tem como principal objetivo realizar a caracterização 
epidemiológica e clínica de mulheres atendidas no Hospital Materno Infantil Nossa 
Senhora de Nazareth. Trata-se de um estudo ecológico de caráter descritivo e 
abordagem quantitativa, utilizando dados secundários compostos por dados 
presentes na Autorização de Internação Hospitalar e Sistema de Informações de 
Nascimento de mulheres migrantes de nacionalidade venezuelana com faixa de idade 
que atenda condições gineco obstétricas, que realizaram parto ou buscaram algum 
tipo de assistência no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth 
(HMINSN). Os dados foram coletados e organizados conforme variáveis propostas 
pela pelo estudo. Os resultados mostraram que a partir de 2014 tivemos um aumento 
do total de partos e que durante os anos de 2018 (n=2547) e 2019 (n=4205) foram 
registados os maiores quantitativos de partos realizados e que a faixa etária entre 20-
24 (n=1476) e 25-29 (n=972) anos, foram as que mais apresentaram o quantitativo de 
atendimentos de mulheres. Quanto ao total de partos estratificados por tipo, foi 
perceptível a prevalência de partos vaginais com relação ao cesárea. A hipótese do 
estudo foi parcialmente confirmada, uma vez que foi identificado que às mulheres 
migrantes venezuelanas estão em sua maioria em idade laboral. No que se refere a 
condições clinicas dessas mulheres o quantitativo de parto vaginal se sobressaiu 
comparado ao parto cesárea, indicando condição clínica favorável para evolução sem 
distorcia do trabalho de parto, consideramos também que resultados obtidos neste 
estudo não esgotam o tema, uma vez que o possui outras linhas de análises. 
 
 
Palavras chaves: Emigração e Imigração. Saúde da mulher. Políticas públicas. 
 
 
 
 
 
 
RESUMEN 
 
El proceso de migración se considera un factor de riesgo potencial para la salud de 
los migrantes, principalmente para las mujeres en condiciones puerperales, esta 
relación de la salud de la mujer y la atención puerperal puede observarse bien en el 
escenario de las mujeres migrantes venezolanas en la ciudad de Boa Vista/RR región 
donde hay una creciente tasa de nacimientos y consultas posparto en la mayor 
maternidad del estado. Por lo tanto, el objetivo principal del presente estudio es 
realizar la caracterización epidemiológica y clínica de las mujeres atendidas en el 
Hospital Materno Infantil Nuestra Señora de Nazareth. Se trata de un estudio 
ecológico de carácter descriptivo y de enfoque cuantitativo, utilizando datos 
secundarios compuestos por los datos presentes en el Sistema de Información de 
Autorizaciones de Internación y Parto de mujeres migrantes de nacionalidad 
venezolana con rango de edad que atienden condiciones gineco-obstétricas, que han 
dado a luz o han buscado algún tipo de asistencia en el Hospital Materno Infantil 
Nuestra Señora de Nazaret (HMINSN). Los datos se reunieron y organizaron según 
las variables propuestas por el estudio. Los resultados mostraron que a partir de 2014 
se produjo un aumento en el número total de partos y que durante los años 2018 
(n=2547) y 2019 (n=4205) se registró el mayor número de partos y que el grupo de 
edad entre 20-24 (n=1476) y 25-29 (n=972) años, fueron los que tuvieron un mayor 
número de mujeres. En cuanto al número total de partos estratificados por tipo, la 
prevalencia de los partos vaginales en relación con la cesárea fue notable. La hipótesis 
del estudio se confirmó parcialmente, ya que se identificó que las mujeres migrantes 
venezolanas están en su mayoría en edad de trabajar. En cuanto a las condiciones 
clínicas de estas mujeres, destacó la cantidad de partos vaginales en comparación 
con la cesárea, lo que indica una condición clínica favorable para la evolución sin 
distorsión del parto, también consideramos que los resultados obtenidos en este 
estudio no agotan el tema, ya que tiene otras líneas de análisis. 
 
Palabras clave: Emigración e inmigración. La salud de las mujeres. Políticas públicas. 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ACNUR. Alto Comissários das Nações Unidas para Refugiados 
AIH. Autorização de Internação Hospitalar 
GIGM. Gabinete Integrado de Gestão migratória 
HMINSN. Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré 
IST. Infecções sexualmente transmissíveis 
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
OA. Operação Acolhida 
OIM. Organização Internacional para Migrações 
OMS. Organização Mundial de Saúde 
PIB. Produto Interno Bruto 
SINASC. Sistema de Informações de Nascimento 
SIH/SUS. Sistema de Internações Hospitalares do SUS 
SUS. Sistema Único de Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 01 Localizaçãogeográfica de Roraima e fronteiras. 
......................................................................................................................19 
Figura 02 Imigrantes dormindo em praça pública do município de Boa Vista/RR. 
......................................................................................................................20 
Figura 03 Evolução do total de atendimentos realizados a migrantes venezuelanas no 
HMINSN, 2010-2019. 
..................................................................................................................... 27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 01 Tipos de migrante conforme classificação de Nygren Krug. 
...................................................................................................... 17 
Tabela 02 Total de mulheres migrantes venezuelanas por faixa etária, 2010-
2019. 
...................................................................................................... 30 
Tabela 03 Total de partos estratificados por tipo, 2010-2019. 
...................................................................................................... 31 
Tabela 04 Diagnósticos prevalentes na internação de migrantes venezuelanas 
classificados por grupo CID-10, 2010-
2019..................................................................................................... 
33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 
2 PROBLEMA ........................................................................................................... 15 
3 HIPÓTESE ............................................................................................................. 15 
4 OBJETIVOS ........................................................................................................... 15 
4.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 15 
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 15 
5 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 16 
6 REFERENCIAL TEMÁTICO .................................................................................. 17 
6.1 CONTEXTOS DA MIGRAÇÃO VENEZUELANA ............................................. 17 
6.2 SAÚDE E MIGRAÇÃO ..................................................................................... 21 
6.3 A MULHER COMO PROTAGONISTA NO PROCESSO DE MIGRAÇÃO E AS 
CONSEQUÊNCIAS DESSE EVENTO ................................................................... 22 
7 METODOLOGIA .................................................................................................... 24 
7.1 TIPO DE ESTUDO ........................................................................................... 24 
7.4 POPULAÇÃO ................................................................................................... 24 
7.5 COLETA DE DADOS ....................................................................................... 25 
7.6 ANÁLISE DE DADOS ...................................................................................... 25 
7.7 ASPECTOS ÉTICOS ....................................................................................... 25 
8 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 27 
8.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO ..................................................................... 27 
8.2 CONDIÇÃO CLÍNICA DAS MIGRANTES VENEZUELANAS........................... 31 
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 37 
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 38 
 
13 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O evento migratório é algo que já está intrínseco na civilização do 
mundo, e relatos históricos podem confirmar tal processo, como na América 
Latina, que durante os séculos XIX e XX, ocorreu a Grande Imigração, e 
posteriormente com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), diversos migrantes 
provenientes da Europa moveram-se em direção as Américas (RODRIGUES; 
SILVA, 2017). 
De acordo com Miranda (2011), durantes os anos de 60 e 70 o processo 
de migração internacional era predominante pelos indivíduos do sexo masculino, 
mas esse fato foi mudando com o passar dos anos, sofrendo influência com as 
alterações ocorridas com a globalização, a acentuada procura pela mão de obra 
feminina, a intensa busca pelo trabalho feminino e a progressiva aceitação social 
de sua autonomia financeira e mobilidade. 
Dados revelam que atualmente, o quantitativo de mulheres corresponde 
à metade da população mundial de migrante, sendo aproximadamente 95 
milhões, e na União Europeia elas correspondem a 54% da população total de 
migrantes. Se for realizado uma comparação entre as mulheres migrantes e as 
que já habitam no local anteriormente, será perceptível que as primeiras 
possuem parâmetros inferiores de saúde do que as outras, com relação a morte 
materna, perinatal e infantil, prematuridade, baixo peso ao nascer, índice de 
casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e o predomínio de 
violência contra as mulheres (TOPA; NOGUEIRA; NEVES, 2010). 
Assim, as questões de gênero, aliadas a características étnicas, etárias, 
culturais, socioeconômicas, estão diretamente relacionadas às condições de 
saúde e condicionam diferentes formas de discriminação, afetando 
diferentemente à saúde das mulheres migrantes. É importante destacar que as 
mulheres tendem a enfrentar esse processo de uma forma mais nociva por 
serem consideradas mais frágeis quando são expostas a discriminação, isso 
quando se compara ao homem migrante, e indo mais fundo sobre essa temática 
nota-se que algumas são mais vulneráveis do que outras (TOPA; NEVES; 
NOGUEIRA, 2013). 
14 
 
As situações de saúde-doença são disseminadas na sociedade por meio 
de processos de determinação social, econômica, cultural, ambiental, política 
etc. Este entendimento vem se fazendo presente na formulação de políticas e 
estratégias, e abordagens intersetoriais em direção à saúde. Na busca de 
condições melhores de saúde e para redução de iniquidades, deve-se analisar 
os determinantes sociais e ambientais envolvidos (CARVALHO, 2013). 
Compreende-se que, a apropriada saúde coopera para outras primazias 
sociais como o bem-estar, a educação, a coesão social, a preservação do meio 
ambiente, o aumento da produtividade e o desenvolvimento econômico. Isso 
provoca um “(...) “círculo virtuoso” no qual a saúde e os seus determinantes se 
retroalimentam e se beneficiam mutuamente (...)” (CARVALHO, 2013, p.21). 
Dessa forma, determinantes de saúde, acessibilidade e estado de saúde 
dessas populações é demonstrado por desigualdades e parcialidades, maior 
risco para agravos e doenças, incluindo ainda a falta de informação sobre a 
migração feminina e suas peculiaridades, o que é intensificador desses fatores, 
e isso reflete na saúde sexual e reprodutiva desse público, que continuam sendo 
mais vulneráveis, inclusive no que diz respeito ao acesso aos serviços de saúde, 
pois precisam de serviços específicos, como os serviços voltados à saúde sexual 
e maternidade, saúde e assistência às crianças. Cuidados esses que enfrentam 
dificuldades além do acesso, mas também de continuação (TOPA, 2016). 
Segundo Almeida e Caldas (2012), a migração em si constitui-se como 
um fator de risco afetando, entre outros aspectos, o período gravídico das 
mulheres, evidenciado pela ausência ou início tardio do pré-natal, expansão de 
procedimentos cirúrgicos e assistência pós-parto de baixa qualidade, tendocomo barreiras o período de espera por atendimento nos serviços de saúde, 
barreira linguística e de locomoção, a qualidade e equidade dos atendimentos. 
Essa relação entre a gestação e a assistência à saúde para as migrantes 
venezuelanas, na cidade de Boa Vista, é tida como um desafio para o serviço de 
saúde. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde de Roraima (2018) foram 
contabilizados 566 partos de venezuelanas realizados na maternidade local no 
ano de 2017, e 253 partos no primeiro trimestre de 2018. E muitas dessas 
mulheres residem em locais improvisados na rua, fato que prejudica o curso da 
gestação, bem como a manutenção da saúde após o parto tanto para mãe 
quanto para o recém-nascido (SESAU, 2018). 
15 
 
Diante desse contexto, através da percepção do desafio que é a 
manutenção da saúde destas migrantes, surge conhecermos qual o perfil 
sociodemográfico e clínico das mulheres migrantes venezuelanas atendidas na 
maior maternidade do estado de Roraima nos últimos 10 anos? 
 
2 PROBLEMA 
 
Qual o perfil demográfico e clínico das mulheres migrantes 
venezuelanas atendidas na maior maternidade do estado de Roraima nos 
últimos 10 anos? 
3 HIPÓTESE 
 
Diante das condições já apresentadas acredita-se que as mulheres 
migrantes que se deslocam e que integram as rotas migracionais entre 
Venezuela e Brasil são mulheres jovens que podem integrar o mercado de 
trabalho e em sua maioria mães ou mulheres em período gestacional que 
buscam em outros países dar continuidade na gestação de forma segura e 
acessível, entretanto sabe-se que como mulher e migrante diversos são os 
fatores que contribuem para a inacessibilidade dessas nos serviços de saúde 
logo resultando em partos e condições clinicas insatisfatórias nesse público. 
 
4 OBJETIVOS 
 
4.1 OBJETIVO GERAL 
 
Realizar a caracterização social, epidemiológica e clínica de mulheres 
migrantes venezuelanas assistidas em uma maternidade no extremo norte do 
Brasil. 
 
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
I. Descrever o perfil sociodemográfico das mulheres migrantes; 
II. Relacionar as principais causas de internação das mulheres 
migrantes; 
16 
 
III. Identificar o tipo de parto predominante entre migrantes 
venezuelanas. 
 
5 JUSTIFICATIVA 
 
Durante os estágios realizados no Hospital Materno Infantil Nossa 
Senhora de Nazaré (HMINSN) do município Boa Vista - Roraima e nas atividades 
extramuros com migrantes venezuelanos realizadas com apoio da Universidade 
Federal de Roraima e Ligas Acadêmicas, foi possível constatar o grande 
quantitativo de mulheres em período gestacional que apresentavam condições 
de saúde precárias exemplificado pela falta de condições básicas de higiene, 
alimentação, número insuficiente de pré natais e ausência de vacinas essenciais 
para o período perinatal. 
Outro fator de suma importância foi o aumento significativo de partos de 
migrantes venezuelanas no HMINSN, surgindo assim o interesse pelo estudo 
para que, em cenários futuros, seja possível fomentar a criação de políticas 
públicas para essas mulheres além de contribuir para novas pesquisas que 
abranjam o fluxo migratório dessas mulheres no campo da saúde materna das 
mulheres migrantes em especial mulheres migrantes venezuelanas. 
 
17 
 
6 REFERENCIAL TEMÁTICO 
 
6.1 CONTEXTOS DA MIGRAÇÃO VENEZUELANA 
 
Segundo Dias e Gonçalves (2007), na história da humanidade sempre 
existiram deslocamentos migratórios de pessoas dentro ou fora dos seus países 
de forma que sempre foram motivadas por condições ambientais, sociais ou 
políticas e que o impacto desses deslocamentos tem se tornado objeto de muitos 
estudos que avaliam os impactos dos mesmos nos locais de acolhimento. 
Segundo proposta de Nygren-Krug (2003) foram classificados cinco 
perfis de migrantes (Tabela 01) que auxiliam melhor a compreensão dos novos 
deslocamentos migratórios. 
 
Tabela 01 – Tipos de migrante conforme classificação de Nygren Krug 
Migrantes econômicos: pessoas que saem do seu lugar normal de vivencia para em busca 
de melhoria de qualidade de vida. Agrega desde migrantes trabalhadores de longa permanecia 
a migrantes do tipo temporários e sazonais. Os trabalhadores fronteiriços são migrantes que 
mantêm o seu país de residência, mas que trabalham num país de fronteira, voltando diária 
ou mensalmente 
Emigrantes econômicos: pessoas que saem do seu lugar normal de vivencia para em busca 
de melhoria de qualidade de vida. Agrega desde migrantes trabalhadores de longa permanecia 
a migrantes do tipo temporários e sazonais. Os trabalhadores fronteiriços são migrantes que 
mantêm o seu país de residência, mas que trabalham num país de fronteira, voltando diária 
ou mensalmente 
Requerentes de asilo: pessoas com medo de perseguição por motivos diversos tais como 
raça, religião, nacionalidade, pertencentes a um grupo social ou não ou de opinião política 
contraria, se o medo for comprovadamente baseado em ameaças concretas, o candidato 
recebe status de refugiado. 
Imigrantes indocumentados/irregulares: migrantes sem status legal devido a entrada 
irregular. 
Deslocados: pessoas que fogem de conflitos armados ou desastres naturais ou provocados 
pelo homem e os seus efeitos. Este conceito abrange especialmente a pessoas deslocadas 
dentro das fronteiras do país de origem. 
Fonte: reprodução de Nygren Krug (2003) 
 
 Entender os perfis de migrantes torna-se essencial para compreender a 
forma que o fluxo migratório se apresenta e o impacto do mesmo nos espaços, 
principalmente os novos fluxos que vem surgindo ao redor do mundo. 
Os municípios de fronteira do Brasil têm encontrado grande dificuldade 
em prover atenção integral de saúde a seus municípios. A falta de recursos 
humanos qualificados, insumos e equipamentos e planejamento vem sendo as 
principais discussões levantadas por gestores de saúde de forma que devido à 
18 
 
ausência de políticas a população (migrante) que flutua entre fronteiras, acaba 
sendo prejudicada (GADELHA; COSTA, 2007). 
Seguindo a lógica anterior o Sistema Único de Saúde (SUS), atualmente 
tem feito o repasse financeiro levando como critério o per-capita, e não é 
contabilizada o público itinerante (migrante) beneficiado pelo SUS, dessa forma 
percebe-se o agravamento da situação do migrante nos serviços de saúde e 
consequentemente não temos repasse adequado que sustente a demanda 
desse público que vem crescendo com o decorrer do tempo, logo os serviços de 
saúde não apresentam contingenciamento necessário para atender os públicos 
que necessitam desses espaços de cuidar. (CARVALHO, 2014). 
Como exemplo dessa situação de relação entre fronteiras, temos o 
espaço de fronteira entre o Brasil e a Venezuela que também vem sendo afetado 
pelo processo de migração em virtude de vários aspectos, como a inovação de 
tecnologias de transporte, fluxo de mercadorias (legais ou ilegais) e pessoas, 
sejam elas turistas, moradores de fronteiras, migrantes (legais ou ilegais) ou 
trabalhadores migrantes, de certo a relação presente nesse espaço 
principalmente os espaços de fronteira sofrem com alterações principalmente ao 
que se refere cuidados em saúde (RODRIGUES, 2006). 
Nos últimos anos, a Venezuela vem passando por uma grande crise 
econômica, social e política que tem sido reconhecida por muitos da comunidade 
internacional e, como consequência, a população venezuelana tem enfrentado 
uma generalizada ausência de bens comuns como alimentação, moradia e 
acesso a serviços de saúde (MILESI et al, 2018). 
Segundo relatório realizado pela Human Rights Watch (2019), a 
Venezuela vem sofrendo uma crise de saúde desde meados de 2012, piorando 
drasticamente em 2017 com os apagões que eram recorrentes nas cidades 
venezuelanas que de forma direta dificultavam assistência nas redes 
hospitalares. 
De acordo com os dados da Organização Internacional para Migrações 
(OIM), o número de migrantes venezuelanos no exterior aumentou de 700.000para mais de 1.6000.000 onde, só no Brasil, 32.744 solicitaram refúgio e outros 
27.804 obtiveram autorização de residência somando assim mais de 60.000 
migrantes registrados pelas autoridades migratórias brasileiras até maio de 2018 
(IOM, 2018; UNHCR, 2018). 
19 
 
Com o início da migração muitos indivíduos venezuelanos se 
deslocaram para o estado de Roraima adentrando através do município 
fronteiriço de Pacaraima e seguindo jornada para as outras cidades do estado 
como Boa Vista/RR (Figura 01): 
 
Figura 01 - Localização geográfica de Roraima e fronteiras 
 
Fonte: Google Maps (2020) 
 
Roraima é o estado brasileiro com menor população e também com 
menor participação no Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Em meados de 2017 
tornou-se evidente a falta de condições locais para abrigar, acolher e oferecer 
alternativas de trabalho a um número tão grande de pessoas migrantes logo, em 
tão pouco tempo, foi possível encontrar grandes grupos populacionais de 
migrantes habitando locais públicos insalubres que não ofereciam condições de 
saúde adequada (SIMÕES et al. 2017; BAENINGER et al. 2018; MILESI et al, 
2018), conforme ilustrado pela figura 02. 
 
 
 
 
 
 
20 
 
Figura 02 – Imigrantes dormindo em praça pública do município de Boa 
Vista/RR 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Revista Isto é (2018) 
 
A migração venezuelana nesse período acaba sendo transmitida de 
forma negativa pelos meios de comunicação e pelas autoridades locais de modo 
que esse deslocamento vem sendo posto como causador de colapso no sistema 
de saúde estadual, entretanto sabe-se que os serviços de saúde do estado já 
sofrem com a falta de estrutura há muito tempo (BARRETO et al, 2018). 
Em 2016 com agravamento da migração no estado de Roraima o 
governo estadual criou como resposta o Gabinete Integrado de Gestão 
Migratória (GIGM) que tinha como principal objetivo buscar eficiência e melhoria 
de resposta dos serviços de saúde integrados ao SUS, dessa forma foi criado o 
Plano integrado de Gestão Migração (RORAIMA, 2016). 
Em janeiro de 2017 foi assinado o Plano Integrado de Ação para Saúde 
dos Migrantes no estado de Roraima que objetivou manter assistência adequada 
aos migrantes e continuar os atendimentos da população do Estado de Roraima 
(GNDH, 2018). 
Já no ano de 2018, o Governo Federal com apoio do Alto Comissários 
das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e de outras 100 agências da ONU 
e entidades civis, criaram a Operação Acolhida (OA) que tem como principal 
objetivo prestar assistência humanitária através de três eixos programáticos: 
ordenamento da fronteira; acolhimento e “interiorização”, que envolve deslocar 
o migrante e familiares para outras regiões do Brasil (ACNUR, 2020). 
Das ações em saúde organizadas pela OA foram implantados os postos 
de triagem em saúde localizados na fronteira da Venezuela com Pacaraima que 
tem por finalidade atendimentos de emergência e clínica geral além de ações 
21 
 
implantadas nos abrigos como campanhas de bloqueio e imunização (GNDH, 
2018). 
 
6.2 SAÚDE E MIGRAÇÃO 
 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1984, definiu saúde como 
“Um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente 
ausência de afecções e enfermidades”, assegurando também que seja um 
direito fundamental e universal, que deve ser oferecido a todos sem distinção de 
raça, cor, gênero ou condições socioeconômicas. 
Deste modo, para que o indivíduo apresente condições de saúde 
satisfatórias são necessários alguns determinantes essenciais em saúde que 
segundo a OMS podem ser exemplificados a seguir: moradia, alimentação, 
educação, os meios econômicos adequados, ambiente, justiça social e equidade 
(WHO, 1984). Logo, com a ausência desses condicionantes o indivíduo torna-se 
vulnerável e suscetível ao processo de adoecer (CSDH, 2007). 
Com o cenário apresentado anteriormente percebe-se que o migrante é 
condicionado nesse espaço de vulnerabilidades principalmente os recém-
chegados nos locais de acolhimento, vale ressaltar que a migração não é um 
acontecimento recente da sociedade moderna, estando presente desde os 
primórdios e sendo agente de grande repercussão (RAMOS, 2009; CIERCO, 
2017). 
Os migrantes internacionais apresentam grande variedade no que se diz 
respeito ao perfil sociodemográfico (idade, sexo, escolarização) que associado 
a condições sociais, habitacionais e conhecimento insatisfatório acerca do 
sistema de saúde podem estar relacionadas diretamente a prevalência de 
doenças que perpetuam nas mais diversas áreas clínicas dos serviços de saúde 
(RAMOS, 2009; ROCHA et al, 2012). 
Em alguns estudos sobre saúde e migração foi percebido que migrantes 
têm maior suscetibilidade de apresentar doenças do tipo crônica e que em sua 
maioria buscam auxilio hospitalar já em últimas situações, como em casos de 
urgência e emergência ou em estágio avançado de doença (DIAS et al, 2007; 
ROCHA et al, 2012; TOPA et al, 2013; GRANADA et al, 2017) 
22 
 
Referindo-se a mulheres migrantes estão mais suscetíveis a doenças de 
caráter mental (depressão, esquizofrenia e estresse pós-traumático), infecções 
sexualmente transmissíveis (HIV/Sida e hepatites virais), além de estarem mais 
expostas a violência como vítimas sexuais (TOPA et al, 2013). 
Seguindo a linha de dificuldades encontradas por mulheres migrantes, 
essas também estão mais suscetíveis a procurarem unidades hospitalares mais 
tardiamente. Em uma pesquisa realizada por Castro et al. (2015), foi possível 
identificar que mulheres migrantes demoravam buscar os serviços por medo das 
diferenças culturais, idioma e formas de partejar que poderiam surgir durante a 
assistência e no parto. 
 
6.3 A MULHER COMO PROTAGONISTA NO PROCESSO DE MIGRAÇÃO E 
AS CONSEQUÊNCIAS DESSE EVENTO 
 
Durantes os anos de 60 e 70, o processo de migração internacional era 
predominado pelos indivíduos do sexo masculino, entretanto com os novos perfis 
de migração as mulheres ganharam grande destaque nesse espaço. Dados 
recentes mostram que o quantitativo de mulheres corresponde à metade da 
população mundial de migrantes (TOPA; NOGUEIRA; NEVES, 2010; MIRANDA, 
2011). 
A globalização e as novas condições do mercado de trabalho foram 
estímulos recorrentes para o recrutamento constante de mão de obra feminina, 
ocasionando um aumento espontâneo do número de mulheres que migram em 
busca de novas condições de vida (PIRES, 2002; UNFPA, 2006). 
A partir do século XX, as questões de gênero e discussões acerca do 
feminismo começaram a ser colocadas no domínio da migração, o que trouxe 
maior visibilidade das mulheres nesse ambiente onde até então apenas se 
enquadravam em termos das migrações familiares e não enquanto migração 
autônoma. No que cerne à experiência de mulher migrante, discute-se também 
que ela é única e vivida de várias formas, o que pode indicar um certo nível de 
risco para a saúde física e/ ou mental das mulheres (TOPA; NOGUEIRA; 
NEVES, 2010). 
Algumas evidencias também apontam que as mulheres migrantes 
apresentam muitos problemas em acessar os serviços de saúde em especifico 
23 
 
os que se direcionam aos cuidados de prevenção (preventivos e exames de 
mama) ou a escassa utilização dos cuidados em saúde sexual e reprodutiva 
(SCAGLIONE, 2016). 
Quando comparadas com mulheres residentes do território, as mulheres 
migrantes tendem a apresentar os piores índices de saúde (DIAS et al, 2009). 
No caso das migrantes grávidas, dentre a generalidade, essas passam por 
constrangimentos muito particulares, em termos de saúde e de violência 
obstétrica (IOM, 2004). 
Estudos demostram que, devido a soma de fatores complexos, mulheres 
migrantes e ou grupos étnicos tendem a receber menor acompanhamento 
necessário durante a gravidez, o parto e pós-parto e esses casos em sua maioria 
podem ser justificados pelo fato de migrantes buscarem assistência em última 
instancia resultando em maioressituações de riscos, dificuldade no tratamento 
e em gastos maiores com cuidados (FONSECA et al, 2005; UNFPA, 2006; 
TOPA, 2016; GRANADA, 2017). 
Segundo Topa (2016), as mulheres migrantes estão diretamente 
associadas a péssimas condições clinicas em saúde materna onde muitas 
podem passar por experiências traumáticas explicadas pelas situações de risco 
de infeção perinatal, maior mortalidade materna, infantil e aumento das taxas de 
partos através de procedimentos cirúrgicos. 
 
24 
 
7 METODOLOGIA 
 
7.1 TIPO DE ESTUDO 
 
Trata-se de um estudo ecológico de caráter descritivo e abordagem 
quantitativa, utilizando dados secundários de domínio público, disponíveis online 
no DATASUS. 
Segundo Costa e Barreto (2003) o estudo ecológico tem como vantagem 
a possibilidade de examinar associações entre exposição e doença/condição 
não analisando apenas o indivíduo, mas sim um grupo populacional. Já o estudo 
descritivo tem como objetivo estabelecer relação entre doenças e condições de 
saúde respondendo as seguintes indagações: Onde? Quando? E quem? 
adoece, podendo utilizar de dados epidemiológicos secundários. 
 
7.2 LOCAL DA PESQUISA 
 
 Os dados foram colhidos do Sistema de Internações Hospitalares do SUS 
(SIH/SUS) e Sistema de Informações de Nascimento (SINASC) referentes ao 
período de 2010-2019. 
 
7.3 POPULAÇÃO 
 
Por ser tratar de dados secundários, a população do estudo foi composta 
por dados presentes na Autorização de Internação Hospitalar (AIH) de mulheres 
migrantes de nacionalidade venezuelana com faixa de idade que atenda 
condições gineco obstétricas, que realizaram parto ou buscaram algum tipo de 
assistência no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN) 
no período compreendido de janeiro de 2010 a dezembro de 2019. 
Destaca-se que a série temporal foi definida em 10 anos tendo em vista 
que a amplitude garante uma compreensão de como o fenômeno migratório tem 
afetado o sistema de saúde local em consequência da crive que ocorre em 
território venezuelano. 
 
 
25 
 
7.4 COLETA DE DADOS 
 
A coleta de dados foi realizada a partir do mês de outubro de 2020 
levando em consideração a população do estudo. Os dados foram colhidos do 
Sistema de Internações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) e Sistema de 
Informações de Nascimento (SINASC) referentes ao período de 2010-2019. 
Foram coletados e investigadas variáveis: 
a) Referentes ao local de residência: unidade federal, município que 
reside. 
b) Caráter demográfico: idade, nacionalidade. 
c) Condição clínica: diagnóstico principal, tipo de parto. 
Novamente ressalta-se que os dados foram obtidos através do SIH/SUS 
e SINASC, sendo assim dados de caráter público utilizados nesse estudo para 
fins científicos. 
 
7.5 ANÁLISE DE DADOS 
 
Após a coleta dos dados, os mesmos foram organizados em tabelas com 
auxílio do software Microsoft Excel® 2019 e posteriormente analisados conforme 
ferramenta tabela dinâmica, a qual é disponibilizada pelo software citado 
anteriormente. Os dados também foram organizados em gráficos e tabelas 
levando em consideração os resultados obtidos. 
Para decodificação dos dados referentes a unidade federal e município 
foram utilizadas informações geográficas de domínio público que podem ser 
encontradas no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e os 
relacionados a caracterização clínica (Diagnostico Principal) puderam ser 
identificados conforme a Classificação Internacional de Doenças – CID 10. 
 
7.6 ASPECTOS ÉTICOS 
 
Dada às características da coleta de dados, disponíveis em plataforma 
digital do Ministério da saúde e de domínio público, não foi necessária a 
autorização do Comitê de Ética em Pesquisa para que se proceda com a 
arrecadação das informações 
26 
 
Destaca-se que este estudo é parte integrante do projeto intitulado 
“Migração Venezuelana: impactos na saúde de Roraima”, cadastrado na Pró 
Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG – UFRR) sob registro 0672018, 
com parecer aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres 
humano (CEP-UFRR) sob registro 3.512.164. 
 
27 
 
8 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
Os dados deste estudo serão apresentados em dois tópicos, sendo o 
primeiro o perfil demográfico da população e o segundo com o perfil de 
atendimento realizados as mulheres migrantes venezuelanas, de forma que 
atendem ao estabelecido nos objetivos específicos. 
 
8.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO 
 
Neste item são apontados os resultados encontrados relacionados ao 
perfil sociodemográfico da população do estudo, trazendo variáveis relacionadas 
a evolução do total de atendimentos realizados no HMINSN, como pode ser 
observado na Figura 03. 
 
Figura 03 - Evolução do total de atendimentos realizados a migrantes 
venezuelanas no HMINSN, 2010-2019 
 
Fonte: Autoria própria (2020) 
 
Ao analisar os dados expressos na figura acima, nota-se que nos três 
primeiros anos foi possível identificar um número de atendimentos a migrantes 
venezuelanas relativamente baixo, quando comparado aos anos posteriores. No 
ano de 2010, 83 mulheres foram atendidas pelo HMINSN, já no ano seguinte 
observamos uma queda de internações com o total de 15 mulheres. No ano de 
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Nº de Mulheres 83 15 0 98 197 259 379 934 2547 4205
83 15 0 98
197 259
379
934
2547
4205
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
28 
 
2012, não foram encontrados registros de atendimento, reaparecendo em 2013 
com o total de 98 atendimentos registrados. 
Podemos atribuir esses atendimentos nos três primeiros anos como 
atendimentos relacionados ao vínculo transfronteira que existe entre 
Roraima/Venezuela que de certo modo facilita o atendimento de saúde ao 
migrante em território brasileiro. 
Para Rodrigues (2006), as fronteiras entre Venezuela e Brasil 
possibilitaram a construção de vínculos entre as regiões de modo que muitos 
venezuelanos transitam entre Brasil e Venezuela na busca de serviços como os 
de saúde e educação e da mesma forma acontece com brasileiros residentes do 
município de Pacaraima que exploram da economia no país vizinho. 
 Em outro estudo realizado por Giovanella et al. (2007) também foi 
possível identificar a utilização dos serviços de saúde por migrantes em 
fronteiras, segundo resultados da pesquisa que foi realizada em 69 municípios 
brasileiros, localizados na linha de fronteira entre Paraguai, Uruguai e Argentina 
concluiu-se que 75% deles apresentavam uma demanda de atendimentos de 
migrantes para atendimentos no SUS. 
De acordo com Gadelha e Costa (2007), as populações residentes de 
fronteiras são objetos importantes de fluxos migratórios, os quais sempre estão 
se locomovendo entre os territórios de fronteira na busca de serviços e ações e 
serviços de saúde, entretanto essa mobilidade tem resultado em grandes 
dificuldades para os gestores de saúde que percebem um aumento gradativo 
desses deslocamentos nas fronteiras. 
Seguindo na análise da figura 04, observa-se que a partir do ano de 2014 
tivemos um aumento de 31% dos atendimentos, onde foram registrados (n=197) 
em 2014, seguido de n=259 no ano de 2015. Sobre os anos de 2016 e 2017 
foram registrados n=379 e n=934 atendimentos respectivamente representando 
assim um aumento de 64% nesse período de dois anos. 
 Nos últimos anos analisados (2018-2019) percebe-se um quantitativo 
elevado de mulheres migrantes atendidas representando um aumento de 65% 
nos últimos dois anos fator esse que pode ser explicado como o período onde 
ocorreu maior fluxo de migrantes venezuelanos. 
Segundo dados da ACNUR, entre os anos de 2014 e 2017, já era 
possível somar mais de 22 mil solicitações de refúgio de venezuelanos no Brasil 
29 
 
sendo intensificado o fluxo durante o ano de 2017, quando ocorreram as eleições 
presidenciais na Venezuela associado com aumento inflacional da economia 
venezuelana(FGV/DAPP, 2018). 
De acordo com Simões et al. (2017), no ano de 2015 como consequência 
da crise econômica venezuelana, muitos se deslocaram para outros países, 
tanto para rotas clássicas da migração venezuelana, como Estados Unidos e 
Espanha, como também surgindo novas caminhos através de países de fronteira 
da América Latina a exemplo do Brasil. 
Outro fator que pode ter contribuído para o aumento de partos no 
HMINSN foi o crescente índice de mortalidade materna em território venezuelano 
que em 2016 aumentou em 65% e também o aumento de mortalidade infantil 
que aumentou em 30% naquele ano, logo como forma de dar continuidade nas 
gestações de forma segura e sem riscos muitas mulheres se locomoveram na 
busca de melhores condições de parto (HRW, 2019). 
De acordo com portal de notícias Carta Capital, desde 2017, o governo 
venezuelano não emite dados oficiais sobre as condições de saúde do território. 
Os últimos dados emitidos pelo ministério de saúde venezuelano apresentaram 
elevado índice de mortalidade infantil em um período de 5 anos bem como 
elevado índice de mortalidade materna além de problemas graves como 
doenças que podem ser erradicadas com vacinas e o aumento de doenças 
infecciosas como tuberculose e malária. 
Segundo Topa et al. (2013), mulheres migrantes documentadas e 
mulheres migrantes indocumentadas recebem cuidados mais tardios em relação 
a mulheres autóctones e por consequência apresentam altos índices de 
complicações resultando em altas taxas de mortalidade fetal e neonatal e de 
mães que sofrem com um maior número de patologias durante a gravidez 
(doenças infecciosas). 
Neste ponto será apresentado o total de mulheres migrantes 
venezuelanas atendidas no HMINSN, estratificadas por faixa etária conforme 
classificação do IBGE (Tabela 02). 
 
 
 
30 
 
Tabela 02 – Total de mulheres migrantes venezuelanas por faixa etária, 2010-
2019 
 
Fonte: Autoria própria (2020) 
 
Foi possível identificar que a faixa etária entre 20-24 (n=1446) e 25-29 
(n=972) foram as que mais apresentaram o quantitativo de atendimentos de 
mulheres. 
Sobre isso destacam-se os achados similares da pesquisa realizada por 
Simões et al. (2017) onde identificaram que a migração venezuelana no estado 
de Roraima é predominantemente jovem, situada na faixa etária entre 20 a 39 
anos. 
E seguindo a mesma lógica em uma pesquisa feita pela OIM realizada 
no ano de 2018, com migrantes venezuelanos foi possível identificar que a 
maioria dos entrevistados eram jovens e adultos sendo a maioria mulheres 
gravidas em faixa etária de 18 e 25 anos de idade. 
 
FAIXA 
ETÁRIA 
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 
10-14 02 01 00 00 03 03 08 06 16 26 
15-19 10 01 00 24 46 78 58 145 541 858 
20-24 23 03 00 25 50 64 105 298 861 1466 
25-29 13 01 00 16 37 55 108 139 625 972 
30-34 07 03 00 15 22 20 42 92 279 484 
35-39 03 01 00 08 20 18 29 77 149 241 
40-44 03 00 00 03 02 02 13 25 39 87 
45-49 00 00 00 00 00 01 06 08 08 21 
50-54 01 02 00 00 00 01 00 03 02 09 
55-59 00 00 00 00 01 00 00 00 01 07 
60-64 00 00 00 00 00 00 00 00 01 00 
65-69 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 
70-74 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 
75-79 00 00 00 00 00 00 00 00 00 01 
80-84 00 00 00 00 00 00 00 00 00 01 
TOTAL 83 15 00 98 197 259 379 934 2547 4205 
** Dados inferiores à faixa etária 10-14 anos foram retirados da análise visto que o público comportado dentro dessa 
faixa de idade não é atendido pelo Hospital Materno Infantil Nossa Senhora De Nazaré. 
31 
 
8.2 CONDIÇÃO CLÍNICA DAS MIGRANTES VENEZUELANAS 
 
Nesse segundo tópico será apresentada a evolução do total de partos 
por ano estratificado por tipo sendo eles, parto de via vaginal (CID O80) e parto 
cesárea (CID O82). Segue tabela 03 como forma de ilustrar. 
 
Tabela 03 – Total de partos estratificados por tipo, 2010-2019 
Tipo de parto Parto vaginal (CID O80) Parto cesárea (CID O82) 
Ano de registro Nº % Nº % TOTAL DE PARTOS 
2010 20 83,3 04 16,7 24 
2011 04 66,6 02 33,4 06 
2012 - - - - - 
2013 23 95,8 1 4,2 24 
2014 58 93,5 04 6,5 62 
2015 68 94,4 11 5,6 79 
2016 121 92,7 08 7,3 129 
2017 309 89,9 36 10,1 345 
2018 988 91,2 95 8,8 1083 
2019 1855 91,1 150 8,9 2035 
Fonte: Autoria própria (2020) 
 
Ao analisar a tabela é possível identificar nos primeiros três anos de 
dados 2010-2013 um número relativamente baixo de partos realizados no 
HMINSN sejam eles parto vaginal (PV) ou parto cesárea (PC). 
Vale ressaltar que o HMINSN, por ser a maior maternidade do estado de 
Roraima, atende os 15 municípios mais o quantitativo de mulheres migrantes 
vindas da Venezuela e Guiana Inglesa, logo esses atendimentos são 
considerados atendimentos pendulares visto que os hospitais do estado também 
recebem pacientes vindos da fronteira. 
É perceptível um aumento do número total partos a partir do ano de 2014 
sendo que o PV sempre se mostrou maioria em relação ao PC. Em 2014 foram 
realizados 62 partos estratificados em 93,5% (n=58) por PV e 6,5% (n=04) por 
PC, já no ano de 2015 temos 72 partos realizados estratificados em 94,4% 
(n=68) PV e 5,6% (n=11) PC. 
Em 2016 e 2017 foram realizados n=129 e n=345 partos, 
respectivamente e novamente observando a prevalência de PV sob o PC. 
32 
 
Segundo achados de Barreto et al. (2018) foi perceptível o aumento de partos 
de mulheres venezuelanas no único hospital maternidade do estado de Roraima 
principalmente no período de 2016-2018. 
De acordo com Valença (2019) também se destacam similaridades 
quanto a busca de mulheres venezuelanas por condições adequadas de parto e 
de sobrevivência no município de Boa Vista onde encontrou um aumento de 30% 
de nascimentos em relação aos anos anteriores. 
Já nos anos de 2018-2019 foram registrados n=1083 e n=2035 partos, 
respectivamente, e novamente com predominância de PV em cada ano. Em 
estudo realizado por Castro et al. (2015) culturalmente mulheres migrantes 
tendem a ter experiências de parto diferente, visto que conforme a região e 
cultura do local onde vivem mulheres migrantes optam por ter seus filhos de 
forma diferente no que tange as vias de parto ou no processo de partejar. 
Outro viés que pode influenciar no quantitativo de partos via vaginal é o 
custo que é colocado sob cada gestante. Segundo achados de Oliveira et al. 
(2014) os custos de um parto normal realizado na Casa de Parto no município 
de Rio de Janeiro eram relativamente baixo comparados a partos cesáreas de 
outros hospitais da região, dessa forma os custos economizados em cada parto 
poderiam ser convertidos para outras áreas ou setores do hospital. 
É incontestável que o número de partos por cesárea é significativamente 
baixo evidenciando assim que migrantes venezuelanas podem apresentar 
condições clinicas favoráveis demostrando assim um paradoxo epidemiológico 
onde mulheres migrantes apresentam melhores condições de parto que surgem 
como efeito do trabalho das redes de apoio ou familiares informais (ALMEIDA; 
CALDAS, 2012). 
Em levantamento realizado por Machado et al. (2007) na cidade de 
Coimbra identificou-se que o quantitativo de partos cesárea e de prematuridade 
eram relativamente menores em mulheres migrantes comparado a mulheres 
portuguesas residentes de Coimbra. 
Destacam-se achados similares na pesquisa de Castro et al. (2015) onde 
foi possível identificar que mulheres migrantes bolivianas, que eram atendidas 
em uma maternidade pública de São Paulo, sempre demostraram maior 
interesse em realizar o parto natural diferente de mulheres brasileiras que já 
chegavam pedindo pelo parto cesárea. Tal situação ainda é explicada no estudo 
33 
 
pois de acordo com a autora as mulheres migrantes bolivianas tinham mais 
facilidade para aceitar que a única dor que teriam seria no momento no pré parto 
e que após o nascimento as dores e a recuperação seriam mais rápidas. 
Dando continuidade à discussão acerca das condições clínicas das 
migrantes venezuelanasos dados a seguir referem-se aos cinco diagnósticos 
que mais foram registrados no período de 2010-2019 apresentados conforme 
colocação, descrição e grupo CID 10 a qual pertencem (Tabela 04). 
 
Tabela 04 - Diagnósticos prevalentes na internação de migrantes venezuelanas 
classificados por grupo CID-10, 2010-2019 
CLASSIFICAÇÃO DIAGNOSTICO DESCRIÇÃO GRUPO 
CID-10 
CONTAGEM 
1º Z039 
Pessoas em contato com os 
serviços de saúde para exame e 
investigação 
Z00-Z13 450 
 
2º O479 
Outros motivos de assistência à 
mãe relacionados à cavidade 
fetal e amniótica, e possíveis 
problemas de parto 
O30-O43 
O47-O48 
437 
 
3º O669 Trabalho de parto obstruído O64-O66 210 
 
4º O85 
Complicações 
predominantemente 
relacionadas ao puerpério e 
outras afecções obstétricas, não 
classificadas em outra parte 
O85-O99 174 
 
5º D649 Outras anemias D51-D64 40 
 
Fonte: Autoria própria (2020) 
 
Em primeiro lugar temos o diagnóstico de Observação por suspeita de 
doença ou afecção não especificada (CID Z03.9) descrito como “Pessoas em 
contato com os serviços de saúde para exame e investigação”, podemos 
relacionar tal achado novamente com o movimento de mulheres venezuelanas 
dentro do território brasileiro (movimento pendular) que buscam dar continuidade 
em tratamentos ou buscam investigar alguma condição clínica através do 
hospital maternidade. 
Em estudo de Alves et al. (2019), identificou-se que mulheres haitianas 
migrantes residentes em Cuiabá eram a maioria na busca por serviços de saúde 
e que essas tinham alguma doença crônica ou utilizavam alguma medicação 
continua. 
34 
 
Já no segundo colocado temos o diagnóstico de Falso trabalho de parto, 
não especificado (CID O47.9) descrito como “Outros motivos de assistência à 
mãe relacionados à cavidade fetal e amniótica, e possíveis problemas de parto”. 
De acordo com estudo realizado por Felix et al. (2019) de 100 puérperas 
que participaram da pesquisa observou-se que desse total 68 mulheres não 
sabiam identificar sinais que antecedem o trabalho de parto, dessa forma torna-
se imprescindível que os profissionais de saúde saibam diferenciar os tipos de 
trabalho de parto e orientar as parturientes quanto as diferenças de cada tipo. 
Seguindo as orientações, aqui destaca-se a dificuldade que permeia a 
comunicação entre mulher migrante venezuelana e a equipe de saúde posto que 
o espanhol é o idioma oficial da Venezuela, sendo assim falado pelas migrantes 
venezuelanas que terão dificuldade em compreender o conteúdo que é 
repassado pelo profissional que a acolhe. 
Segundo Nascimento e Barreto (2020), durante o atendimento a 
migrantes venezuelanas no HMINSN de Boa Vista/RR, a comunicação foi tida 
como a principal barreira existente para que pudesse ser realizado assistência 
adequada, também foi identificado que poucos eram os profissionais que tinham 
conhecimento da língua espanhola e que a instituição pouco estimulava ou 
oferecia capacitação para esses profissionais. Todavia, técnicas ou ferramentas 
eram utilizadas pelos profissionais como forma de lidar com essa barreira. 
Outro estudo que corrobora com os achados anteriores é o de Barbosa 
et al. (2020). Segundo os autores, em atendimentos realizado no HMINSN de 
Boa Vista/RR foi possível identificar que muitos profissionais tiveram dificuldade 
de se comunicar com as pacientes venezuelanas de forma que muitos não 
conseguiam transmitir estratégias terapêuticas e práticas adequadas para o 
período de parto. 
Dando continuidade à análise da tabela, em terceiro lugar identificamos 
o diagnóstico Obstrução do trabalho de parto, não especificado (CID O66.9) 
descrito como “Trabalho de parto obstruído”. Segundo a OMS (2005) a obstrução 
do trabalho de parto é um dos principais causadores do trabalho de parto 
prolongado que demasiadamente causa grande sofrimento materno e fetal além 
de expor a parturiente ao grande risco de infecções causadas pelo maior número 
de toques vaginais e procedimentos invasivos. 
35 
 
Naturalmente, a vulva e a vagina possuem microbiota própria, 
diversificada e sensível a alterações sendo assim o toque vaginal representa alto 
risco de infecção no período de parto. Em achados de Maranhão et al. (1992), o 
contato excessivo entre a mucosa da vagina e o dedo do examinador é o 
momento de maior risco para infecções durante o parto e pós-parto. 
Na sequência, em quarto lugar temos o diagnóstico de Infecção 
puerperal (CID O85) descrito “Complicações predominantemente relacionadas 
ao puerpério e outras afecções obstétricas, não classificadas em outra parte” e 
por último o diagnóstico de anemia não especificada (D64.9) descrito em “Outras 
anemias”. 
Segundo Barbosa e colaboradores (2020), o cenário de problemas na 
saúde materna e neonatal só não é pior nos hospitais de Roraima devido à 
recente estratégia de implantação do posto de triagem na fronteira entre 
Pacaraima e Venezuela, que entre os serviços ofertados, realiza a imunização 
dessas mães evitando assim o risco de algumas infecções que podem ser graves 
na gravides. De certo modo tal estratégia ameniza os riscos na gravidez, 
entretanto não suprem as estratégias utilizadas pelo pré-natal. 
Cuidados de pré-natal adequados são determinantes de grande 
significância para uma gestação, parto e período perinatal seguro. A não 
realização desses cuidados acarreta em complicações que geram grande 
sofrimento, seja ele materno ou fetal. Outro fator que configura a qualidade do 
total de atendimentos é a identificação de infecções ou de doenças crônicas que 
nesse período representam grande risco. 
De acordo com estudo realizado por Machado et al. (2007) mulheres 
migrantes que apresentavam menos de seis consultas de pré-natal tiveram 
maiores complicações na gestação e por consequência apresentaram altos 
índices de mortalidade e prematuridade. Ainda no mesmo estudo foi identificado 
valores significativamente altos de doenças infecciosas que poderiam ter sido 
tratadas nas consultas de pré-natal. 
Em estudo realizado por Costa, Souza e Barreto (2020) sobre perfil 
sociodemográfico e acompanhamento gestacional das puérperas migrantes 
venezuelanas em condições de abrigamento na cidade de Boa Vista-RR, 
constatou-se que de 65 migrantes venezuelanas entrevistadas, 32,3% (n=21) 
não realizaram nenhuma consulta de pré-natal enquanto que 23,1% (n=15) 
36 
 
realizaram duas consultas e 1,5% (n=1) realizaram apenas uma consulta, 
demostrando assim baixo índice de adesão ao pré-natal e de serviços realizados 
durante a assistência como suplementação de sulfato ferroso, ácido fólico e 
testagem IST e Hepatites virais. 
Traçando um comparativo com as principais causas de internações 
obstétricas no Brasil, os diagnósticos de infecção puerperal (CID-O85), falso 
trabalho de parto (CID-O47.9) e obstrução do trabalho de parto, não 
especificados (CID O66.9) aparecem em outros estudos como principais causas 
de internação. 
Em achados de Moura et al. (2018) que buscou investigar os motivos de 
internações obstétricas no município de São Paulo, foi possível averiguar que 
das internações registradas, os diagnósticos mais prevalentes foram causados 
por complicações obstétricas como infecções, doenças hipertensivas, diabetes 
e hemorragias que correspondem às causas mais frequentes de mortalidade 
materna no Brasil. 
Outro estudo que corrobora com a suposição de similaridades quanto 
aos diagnósticos é o de Veras e Mathias (2014) que verificou todas internações 
das mulheres no Paraná e constatou que no ano de 2010, 24,1% (n=2337) 
mulheres foram internadas por motivo de obstrução do trabalho de parto, 23,9% 
(n=1502) por falso trabalho de parto e outras 4,2% (n=1467) por afecções 
obstétricas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou a identificação do 
perfil das mulheres migrantes que integram esse deslocamentoentre 
Venezuela/Brasil e que buscam na maternidade dar continuidade nas suas 
gestações de forma segura, também foi possível identificar o tipo de parto na 
população estudada além da condição clinica dessas mulheres. 
A hipótese do estudo foi parcialmente confirmada, uma vez que foi 
identificado que às mulheres migrantes venezuelanas são mulheres jovens e 
gestantes que buscam pelos serviços de saúde. No que se refere as condições 
clinicas dessas mulheres, o quantitativo de parto vaginal se sobressaiu 
comparado ao parto cesárea, indicando condição clínica favorável para evolução 
sem distorcia do trabalho de parto. 
Observou-se também que atendimentos a mulheres migrantes 
venezuelanas na maternidade se intensificou no período de maior fluxo da 
migração que compreende de meados de 2014 até 2019 e entende-se que esse 
elevado índice é resultado de uma grande crise que vem ocorrendo em território 
venezuelano e que afeta de forma direta os serviços de saúde brasileiros. 
Por ser tratar de dados secundários o estudo apresentou algumas 
limitações quanto a fidedignidade, entretanto a análise dos dados seguiu de 
forma criteriosa evitando afirmações imprecisas ou que não correspondem com 
o cenário. 
Por fim, consideramos que resultados obtidos neste estudo não esgotam 
o tema, uma vez que o possui outras linhas de análises, possibilitando pesquisas 
futuras que instiguem a condição de assistência a esta população, bem como os 
possíveis efeitos nos serviços de saúde local, tais como a análise de custos em 
saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
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