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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE MEDICINA SOCIAL DISCIPLINA DE EPIDEMIOLOGIA II Izadora Novaes Bohier CLUBE DE REVISTA Vitória, 2020 1. INTRODUÇÃO Introdução • A esclerose múltipla inclui mecanismos patológicos inflamatórios e neurodegenerativos no SNC • A esclerose múltipla progressiva é a principal causa de custos associados a doenças, tanto para os indivíduos quanto para os sistemas de saúde • os tratamentos que podem retardar, interromper ou reverter a esclerose múltipla progressiva são limitados Introdução É um bloqueador do canal iônico sensível à ácido. ASIC1 abre em resposta à acidose induzida por inflamação, causando influxos de sódio e cálcio Amilorida: Fluoxetina: Tem efeitos neuro protetores pleiotrópicos, estimulando a glicogenólise e melhorando o metabolismo energético mitocondrial Introdução Licenciado para doenças do neurônio motor, reduz a liberação de glutamato e antagoniza os canais de sódio voltagem- dependentes Riluzol: Introdução • Foi utilizada a taxa de atrofia cerebral para avaliar o efeito neuro protetor da amilorida, fluoxetina e riluzol em pessoas com esclerose múltipla progressiva secundária • O objetivo foi testar de forma eficiente a eficácia do direcionamento da pato biologia axonal como uma estratégia para alcançar a neuro proteção na esclerose múltipla progressiva 2. MÉTODOS Métodos •Ensaio clínico randomizado, controlado por placebo •Multiarm •Duplo cego •13 centros de neurociência do Reino Unido •Pacientes com idade entre 25-65 anos com diagnóstico de esclerose múltipla progressiva secundária Desenho do estudo e participantes Métodos CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO • Esclerose múltipla progressiva primária • Depressão significativa (pontuação do Índice de Depressão II de Beck> 19) • Comorbidade maior, glaucoma ou epilepsia • Não foram capazes de realizar ressonância • Teve uma recaída ou foi tratado com corticosteroides dentro de 3 meses após a triagem • Uso de imunossupressores, tratamentos modificadores da doença, ou drogas experimentais nos 6 ou 12 meses anteriores Desenho do estudo e participantes CRITÉRIOS DE INCLUSÃO • EDSS entre 4 e 6,5 • Progressão de deficiência estável nos 2 anos anteriores (com um aumento de pelo menos 1 ponto na pontuação de EDSS ou um aumento clinicamente documentado na deficiência) • Nenhum uso concomitante de terapias modificadoras da doença Métodos • Os pacientes foram alocados aleatoriamente (1: 1: 1: 1) no início do estudo com amilorida, fluoxetina, riluzol ou placebo • Foi utilizado um serviço centralizado baseado na web fornecido pela Unidade de Ensaios Clínicos de Edimburgo (Instituto Usher, Universidade de Edimburgo, Edimburgo, Reino Unido) para atribuir intervenções aleatoriamente, com minimização por sexo, idade, Pontuação EDSS na randomização e local de teste Randomização e mascaramento Métodos •As cápsulas de amilorida, fluoxetina, riluzol e placebo estavam encapsuladas e com aparência idêntica • Pacientes e investigadores, incluindo analistas de ressonância magnética, médicos que tratam e neurologistas independentes não sabiam das alocações de tratamento e não tinham acesso aos códigos de randomização • Foi pedido aos pacientes e médicos que completassem um questionário na semana 96 para avaliar a validade dos procedimentos de mascaramento Randomização e mascaramento Métodos • Foi administrado tratamentos atribuídos por via oral uma vez ao dia, desde o início (semana 0) por 4 semanas • Então os pacientes receberam doses duas vezes ao dia da semana 4 até a semana 96 • As doses foram cloridrato de amilorida 5 mg, fluoxetina 20 mg, riluzol 50 mg ou placebo correspondente Procedimentos Métodos • Após a visita inicial, os pacientes foram vistos nas semanas 4, 8, 12, 24, 36, 48, 72 e 96, com uma ligação telefônica de segurança final na semana 100 • A ressonância magnética do cérebro foi realizada na triagem para inscrição, semana 24 e semana 96 • Avaliações neurológicas foram feitas na triagem, linha de base, semana 48 e semana 96 Procedimentos Métodos •Os testes de sangue de segurança foram avaliados em cada visita do estudo e incluíram hemograma completo, eletrólitos e testes de função renal e hepática Procedimentos 3. ANÁLISE ESTATÍSTICA Análise estatística • O cálculo do tamanho da amostra para o ensaio foi baseado em um estudo de Altmann e colegas • Calculou-se que a inclusão de 110 pacientes por grupo de estudo forneceria 90% de poder estatístico na análise de covariância, permitindo 10% de desistências mais 10% de participantes descontinuando o tratamento Análise estatística • Para cada comparação de pares de tratamento ativo versus controle, calculamos a diferença média em PBVC • Foi utilizado o método de Dunnett para ajustar 95% de ICs simultâneos, para permitir múltiplas comparações de pares com um grupo de controle comum e manter a taxa geral de erro padrão abaixo de 5% Análise estatística • Uma análise de desfecho primário adicional foi feita na população por protocolo • Os pacientes foram considerados em conformidade com o tratamento atribuído se relatassem tomar 90% ou mais da medicação prescrita nos 30 dias anteriores a cada visita clínica Análise estatística • As análises de resultados secundários não foram ajustadas para comparações múltiplas e usaram 5% como nível de significância nominal • O número de lesões T2 novas ou ampliadas detectadas na varredura de ressonância magnética de 96 semanas foi comparado entre cada um dos três grupos de tratamento ativo e placebo por meio de um modelo de regressão de Poisson superdisperso ajustado ao número de lesões T2 novas ou ampliadas em 96 semanas Análise estatística • Para resultados contínuos ou ordinais medidos em 96 semanas, usamos um método de regressão linear múltipla para calcular diferenças médias ajustadas e ICs de 95% para o indivíduo • As comparações foram feitas entre cada tratamento ativo e placebo. Os modelos de regressão foram ajustados para as variáveis basais e de minimização (idade, sexo, centro de tratamento e pontuação EDSS em randomização) Análise estatística • Para o resultado EDSS apenas, ICs de 95% foram calculados usando um método bootstrap devido à natureza ordinal da variável de resultado • Modelos de risco proporcional de Cox foram usados para o tempo até a primeira recaída e o teste de caminhada cronometrada de 25 pés em 96 semanas 4. RESULTADOS Resultados •O estudo teve início em dezembro de 2014 e término em julho de 2018 • Foram selecionados 547 indivíduos para inscrição no estudo, dos quais 102 foram considerados inelegíveis ou recusaram-se a participar • Entre 29 de janeiro de 2015 e 22 de junho de 2016, foi alocado aleatoriamente 445 pacientes com esclerose múltipla progressiva secundária: amilorida (n = 111), fluoxetina (n = 111), riluzol (n = 111) ou placebo (n = 112 ) Resultados • A perda percentual de seguimento foi de 5–9% entre os grupos de estudo. Os dados do desfecho primário em 96 semanas estavam disponíveis para 393 (88%) de 445 participantes, 99 dos quais receberam amilorida, 96 fluoxetina, 99 riluzol e 99 placebo • As características demográficas basais foram comparáveis entre os grupos de estudo, incluindo todo o cérebro e volumes de lesão T2 • A figura mostra o resultado primário de PBVC em 96 semanas. O PBVC médio ajustado não diferiu entre cada tratamento ativo e placebo. Resultados • Em 96 semanas, o número médio de lesões T2 novas ou aumentadas teve o seguinte resultado: ➢ Placebo: 3 · 0 (DP 6 · 9; mediana 0 [IQR 0–2]) ▪ Amilorida → razão de taxas [RR] 1 · 2, IC de 95% 0 · 8–1 · 8; p = 0 · 29 ▪ Riluzol→ RR 1 · 0, 0 · 6–1 · 5; p = 0 · 81 ▪ Fluoxetina → RR 0,5, IC 95% 0,3-0,9; p = 0,012 Resultados • O PBVC EM 24 semanas teve o seguinte resultado: ➢ Foi maior para pacientes que receberam fluoxetina do que para aqueles alocados com placebo(diferença média ajustada −0 · 31, 95% CI simultâneo −0 · 60 a −0 · 02; Dunnet ajustado p = 0,032) ➢ Para os outros grupos de tratamento ativo versus placebo nenhuma diferença foi observada Resultados •Embora cinco das 60 comparações de resultados tenham sido significativas (p <0,05), esse achado é semelhante ao que eles esperariam devido à chance aleatória ao testar todas as 60 comparações, cada uma no nível de significância de 5% Resultados • 51 (11%) de 445 pacientes tiveram pelo menos uma recaída durante o estudo, com 16 (14%) tendo uma recaída no grupo da amilorida, dez (9%) no grupo da fluoxetina, 11 (10%) no grupo do riluzol e 14 (12%) no grupo placebo • Em relação ao tempo até a primeira recaída não houve diferença entre os grupos ativos e o placebo: ➢ para amilorida (razão de risco [HR] 1,14, IC 95% 0,56-2,35) ➢ para fluoxetina (0,74, 0,33-1,66) ➢para riluzol (0 · 78, 0 · 35-1 · 73) Resultados • Da mesma forma, em comparação com o placebo, o teste de caminhada cronometrada de 25 pés não diferiu: ➢ para amilorida (HR 0 · 82, IC 95% 0 · 61–1 · 12) ➢ fluoxetina (0 · 81, 0 · 59–1 · 10) ➢riluzol (0 · 84, 0 · 61–1 · 13) Resultados • Nenhum problema de segurança emergente foi registrado com os tratamentos ativos. Os eventos adversos e graves são mostrados na tabela a seguir Resultados • Três mortes ocorreram durante o estudo, que foram julgadas pelo Comitê de Monitoramento de Dados não relacionadas aos tratamentos alocados ➢ Um paciente designado amilorida morreu de câncer de pulmão metastático ➢ Um paciente designado riluzol morreu de doença cardíaca isquêmica e trombose da artéria coronária ➢ Um paciente designado fluoxetina teve uma morte súbita (causa primária) com causas secundárias de morte listadas como esclerose múltipla e obesidade relatório do legista 5. DISCUSSÃO Discussão • As descobertas do MS-SMART mostraram que nenhum dos três medicamentos do estudo (amilorida, fluoxetina e riluzol) teve qualquer efeito no desfecho primário de PBVC acima de 96 semanas ou quaisquer resultados secundários, em comparação com o placebo Discussão • O estudo foi sensível para detectar qualquer efeito neuro protetor dos três medicamentos testados • Alguns dados estavam faltando, 12% para o endpoint primário e até 15% para alguns endpoints secundários • Embora esse déficit traga algum potencial para viés, as análises de sensibilidade apoiaram os resultados Discussão • Explicações sobre por que amilorida, fluoxetina e riluzol não mostraram eficácia • inflamação inata ou mediada por adaptação e remielinização inadequada • Na verdade, nossos achados expõem nosso conhecimento incompleto da pato biologia da esclerose múltipla progressiva secundária Discussão • Trabalhos futuros provavelmente estratificarão o uso de compostos anti- inflamatórios em conjunto com possíveis agentes neuro protetores Discussão • A generalização para uma população mais ampla é incerta • Abordagem multiarm •Esses desenhos de ensaio serão altamente relevantes para o desenvolvimento terapêutico futuro na medicina do cérebro em geral Discussão • Nossos resultados não apoiam a eficácia da amilorida, fluoxetina e riluzol na redução da progressão da doença para a esclerose múltipla progressiva secundária e indicam que o direcionamento exclusivo da pato biologia axonal é uma estratégia inadequada para atingir a neuro proteção na doença progressiva • Essa descoberta desafia a área de pesquisa REFERÊNCIAS: https://www.thelancet.com/journals/laneur/article/PIIS1474-4422(19)30485- 5/fulltext#sec1 OBRIGADA! Contato: izabohier@gmail.com PONTO 1 • Qual a hipótese da pesquisa? • Qual a relevância clínica do estudo? PONTO 2 • Você faria esse estudo de forma diferente? • O delineamento do estudo é observacional ou experimental? PONTO 3 • Qual é o tipo do estudo? PONTO 4 • Quais são os parâmetros de desfecho do estudo? • A determinação do desfecho é acurada? PONTO 5 • Existe aleatorização ou pareamento de boa qualidade? • O estudo é bem controlado? PONTO 6 • O método de seleção pode ter introduzido vieses na determinação dos resultados? • A determinação da doença ou da exposição pode estar enviesada? • Variáveis de confundimento podem estar presentes? • Se há vieses, em que direção eles afetam os resultados? PONTO 7 • Os métodos estatísticos empregados são adequados? • O tamanho da amostra é adequado? PONTO 8 • O efeito observado é grande ou pequeno? • Existe poder estatístico suficiente para determinar corretamente presença ou ausência de significância? PONTO 9 • Existe validade externa no trabalho? • De que forma o trabalho influencia a prática clínica?
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