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T006 Aula 6 - Reflexões sobre Ética e Moral

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27/06/2021 T006 
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REFLEXÕES SOBRE ÉTICA 
E MORAL 
 
Prof. Mario Rafael Yudi Fukue 
27/06/2021 T006 
 
 
NESTE CAPÍTULO, VOCÊ VAI APRENDER 
 
 
 
 
 
A participar da reflexão a respeito dos valores humanos, sociais, éticos e espirituais; 
A construir, a partir de valores éticos e religiosos, princípios norteadores de 
sustentabilidade e cidadania; 
A mediar conflitos no campo da ética e religiosidade a partir dos princípios de respeito, 
diálogo e tolerância; 
A atuar eticamente frente a diferentes situações no campo pessoal, social e profissional. 
 
 
 
 INTRODUÇÃO 
A humanidade é a única espécie ética no planeta, pois somente o ser humano tem a 
capacidade de avaliar e julgar suas ações buscando saber se são boas ou más, certas ou 
erradas, justas ou injustas. Cortella escreve: “Só é possível falar em ética quando falamos 
em seres humanos, porque ética pressupõe a capacidade de decidir, julgar, avaliar com 
autonomia. Portanto, pressupõe liberdade.” (Cortella, Mario Sergio. Qual é a tua obra? . 
Editora Vozes. Edição do Kindle. pos. 1043) 
Na verdade, se você prestar atenção, está fazendo escolhas o tempo todo, a vida inteira. 
Você escolheu ler esse capítulo. Você decidiu estudar o seu atual curso de graduação. No 
Brasil, você pode decidir com quem vai se relacionar, casar, onde trabalhar, etc. Nesse 
capítulo, vamos compreender que todo ser humano possui um sistema de valores que o 
ajuda a tomar decisões. Por exemplo, você escolheu passar o Natal com seu família ao 
invés de viajar com os amigos, pois na sua escala de valores, a família está acima dos 
amigos. Mas, talvez, sua melhor amiga prefira viajar com os amigos, pois para ela, pelo 
menos naquele momento, os amigos são mais importantes do que a família. 
Além das escolhas cotidianas, o ser humano também enfrenta várias escolhas difíceis ao 
longo da vida. São os angustiantes “dilemas”. No mundo da chamada pós-modernidade, o 
que se experimenta é o vazio e a incerteza. Para a maioria das pessoas não existem mais 
valores fixos ou absolutos. Vivemos uma época caracterizada pela pluralidade de valores, 
de crenças, de pensamentos, fazendo com que indivíduos de uma mesma sociedade sejam 
orientados em suas decisões por princípios muito diferentes. Essa convivência em meio a 
tantas visões diferentes nem sempre é amistosa ou fácil de ser obtida. 
Se somarmos a isso o impacto tecnológico sobre nossas vidas, percebemos que a crise 
ética é maior do que imaginamos. Temos condições de fazer coisas que nossos 
antepassados nunca sonharam fazer. A tecnologia aumentou em muito o alcance das 
decisões do ser humano, mas também aumentou o dilema ético quando se busca refletir 
sobre as consequências e possíveis limites para essas incríveis potencialidades. 
Programação genética, manipulação de embriões, desligar os aparelhos que mantêm viva 
uma pessoa numa UTI, uso sustentável dos recursos naturais sem prejudicar a economia. 
O que fazer ou não fazer, ou fazer diferente? Existe certo e errado? Quem tem a palavra 
final? 
27/06/2021 T006 
 
 
 
 
 “Os latinos tinham uma expressão para “eu” que 
era ego. E usavam duas para falar de 
não eu: uma é alter, que significa “o outro”, mas 
usavam também alius, para indicar “o estranho”. 
Palavras em português que vêm de alius: 
“alienado”, “alheio”, “alien”, “alienígena”. Nos 
filmes de faroeste mais antigos, o nome que se dava 
para quem não era daquele lugar era “forasteiro”, 
“estrangeiro”. Aliás, em inglês se usa isso até hoje: 
stranger ou foreigner. Aquele que não é daqui, 
aquele que não é como nós, aquele que é, talvez, 
menos. Visão de alteridade é a capacidade de ver o 
outro como outro, e não como estranho. Há pessoas 
que só conseguem olhar o outro como estranho, e 
não como outro. 
 
(Cortella, 2002, kindle pos. 1172) 
 
É desse contexto plural que este capítulo procura tratar, refletindo sobre alguns conceitos 
e teorias no campo da moral e da ética. O capítulo irá propor também a ética cristã como o 
referencial ideal capaz de nortear a existência humana na tentativa de se atingir o grande 
objetivo da ética – a busca do bem comum. 
 
 
 
 ÉTICA E MORAL 
As palavras ética e moral, embora usadas muitas vezes como sinônimos, possuem 
significados distintos. Apesar de não haver consenso sobre a exata diferença entre os dois 
conceitos, para fins de aprendizagem, podemos estabelecer a seguinte conceituação: A 
ética trata dos princípios e valores que orientam a conduta de uma pessoa. A moral é a 
prática dessa conduta ética. A ética trata dos princípios e a moral da prática baseada 
nesses princípios. Por exemplo, você pode ter um princípio ético de “preservar a vida 
humana”. E no dia-a-dia, você aplica esse princípio na prática moral ao ajudar uma pessoa 
em necessidade. 
 
 
27/06/2021 T006 
 
 
 
O objetivo do estudo da ética é ver o outro como um outro igual a nós, não como um 
estranho. Em suma, uma questão que tentamos responder quando estudamos ética é: 
Quais são os princípios que determinam as minhas ações e as ações do outro? Em outras 
palavras: Como você toma decisões? Por que tomamos decisões diferentes? 
Basicamente, três fatores são determinantes para a formação ética de uma pessoa: 
Valores, Consciência e Responsabilidade. 
 
VALORES 
O ser humano toma decisões com base em sua escala de valores. Por exemplo, o 
presidente de um país escolhe enviar seus soldados à guerra, pois na escala de valores 
dele “defender a pátria” está acima do “não arriscar a vida dos soldados”. Outro exemplo é 
o pastor Bonhoeffer que transgride leis para ajudar judeus a escaparem da Alemanha 
nazista, pois na escala de valores dele “ajudar o próximo” estava acima de “obedecer às leis 
do governo”. 
A escala de valores também é usada em decisões cotidianas, mesmo que de forma 
automática ou inconsciente. Por exemplo, você escolheu ler este capítulo porque, nesse 
momento, “estudar ética” é mais importante do que “assistir Netflix”. 
Parece simples, né? No entanto, problemas acontecem quando a escala de valores de uns 
contrariam as escalas de outros. A discussão dos princípios ou valores que orientam 
nossas escolhas morais acaba assim se tornando uma discussão também dos limites de 
nossas ações enquanto indivíduos e como grupo ou sociedade. A ética se propõe a buscar, 
por meio do diálogo, a identificação desses limites para que as atitudes ou escolhas 
individuais não oprimam o bem comum, e também para que o contrário não aconteça, ou 
seja, as atitudes ou escolhas coletivas ou da sociedade não oprimam o indivíduo. 
Há também um problema individual que acontece quando você contraria o seu sistema de 
valores. Mas isso é um assunto extra que você poderá ver no final desse conteúdo. 
 
 
 
 CONSCIÊNCIA 
 
A consciência desempenha um papel importante no sentido de coibir ou incentivar a 
tomada de determinada decisão a partir de algum valor. Consciência é a capacidade que 
temos de reagir ao certo ou ao errado, a partir daqueles que são os nossos valores mais 
importantes. 
Um ditado popular bastante conhecido diz que podemos fugir de tudo, menos de nossa 
consciência. Podemos perguntar, então, de onde vem a consciência? 
Há, pelo menos, três respostas a essa questão: uma que afirma que o ser humano já nasce 
tendo consciência; outra que diz ser ela imposta pelo ambiente externo, ou seja, o ser 
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humano e, consequentemente, sua consciência, é moldado ao longo do tempo pelas 
condições culturais externas; uma última, ainda, considera que o ser humano já nasce com 
consciência, mas ela também recebe informações e influência externas, sofrendo 
modificações ao longo do tempo. 
De qualquer forma, a consciência sempre será uma instância psíquica interna e singulara 
cada indivíduo, mesmo que possamos também admitir a existência de uma consciência 
social ou coletiva. Elas não são excludentes, mas interagem entre si. 
 
RESPONSABILIDADE 
Na escolha ética e na prática moral, temos a responsabilidade de ver o outro como um 
outro igual a nós, não como um estranho. Somos responsáveis pelas nossas escolhas, por 
isso precisamos analisar e considerar as consequências benéficas ou maléficas de nossas 
decisões e atitudes. 
Muitas vezes, nossa tendência é cobrar responsabilidade dos outros, ao mesmo tempo em 
que nos esquivamos de próprias responsabilidades. É comum também pessoas 
transferirem a culpa de algo para outros. Por exemplo, alguns justificam a sonegação de 
impostos apontando para a corrupção que há no governo. “Se eles roubam milhões, eu 
também posso sonegar uns milhares” - dizem. É a “filosofia” do “todo mundo faz”. Mas, 
nossas mães, acredito, já apontaram a falácia desse pensamento ao dizerem: “você não é 
todo mundo. Pare de culpar os outros pelos seus erros.” 
O perigo que corremos é o da diluição da responsabilidade, em que nem o indivíduo e nem 
a sociedade assumem a responsabilidade pelo que está acontecendo. Quando isso 
acontece, as pessoas buscam seus próprios interesses sem considerar os outros. 
 
 ÉTICA RELIGIOSA 
 
Vimos que a forma como organizamos nossa escala de valores ajuda a determinar nossas 
escolhas. Mas, como uma pessoa constrói sua escala de valores? 
Basicamente, nossos valores são provenientes de nossa família, amigos, cultura e religião. 
Por essa razão, é importante também estudar a ética religiosa, cujos princípios não partem 
de reflexões filosóficas, mas têm como fundamento as doutrinas principais de uma 
determinada religião. Como qualquer reflexão ética, seu ponto de partida é a liberdade do 
ser humano em fazer ou não fazer algo. Mas, em geral, a ética religiosa entende essa 
liberdade como algo limitado não apenas pelo chamado “bem comum”, mas por um 
comprometimento com a vontade ou orientação revelada pela(s) divindade(s) venerada(s) 
pela religião. Outra característica comum na ética religiosa é a crença de que as 
consequências da conduta moral da pessoa não se limitam a essa vida ou situação 
presente, mas podem ter implicações maiores, que vão além da vida terrena. 
É interessante perceber que a maior parte das religiões tem o amor ao próximo como 
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atitude desejável em seus sistemas de valores. Veja o vídeo: 
A Regra de Ouro nas Tradições Religiosas 
Intolerância, fundamentalismo e radicalismo são totalmente contrários à regra de ouro. 
Um fiel pode discordar dos ensinos doutrinários de outro grupo religioso, mas isso jamais 
deveria levá-lo às atitudes de ódio. 
 
 ÉTICA CRISTÃ 
Jesus amplia a regra de ouro e ensina também o amor aos inimigos, algo possível somente a partir 
do próprio amor de Deus em nós. Conforme escreve João: “Nós amamos, porque Deus nos amou 
primeiro.” Veja o vídeo: Jesus - Amar os inimigos 
 
A chave para se compreender a ética cristã é o próprio amor de Deus, que se revela nos 
seguintes pontos: a dança da Criação, queda em pecado e a redenção da humanidade. 
 
 
DANÇA DA CRIAÇÃO 
Na teologia cristã, a Trindade mutuamente se relaciona em amor, mesmo antes da Criação 
do mundo. Como fruto desse amor trinitário e divino, o Deus Triúno cria o Universo e o ser 
humano. Isso significa que, teologicamente falando, o ser humano foi criado para se 
relacionar com Deus e uns com os outros. Em outras palavras, estamos no mundo para 
amar e ser amado. 
QUEDA EM PECADO: HUMANIDADE DECIDE DANÇAR 
SOZINHA 
Numa humanidade perfeita, não haveria dilemas éticos, pois a humanidade seria 
totalmente pautada pelo amor a Deus e ao próximo. No entanto, conforme a teologia 
cristã, a humanidade se rebelou contra Deus, voltando-se a si mesma, a seus próprios 
interesses. Nesse momento, o ser humano passa a olhar o próximo não como um outro, 
mas como um estranho. 
 
O pecado original de Michelangelo. Fonte: Wikimedia 
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 A incapacidade humana de se relacionar em amor perfeito com Deus e com o próximo 
revela nossa imperfeição e fracassos, mostrando que todos nós, seres humanos, fomos 
afetados pela queda em pecado. 
 
Para a fé cristã, apesar da queda em pecado, a consciência humana continua 
minimamente conectada com a “lei natural”, escrita por Deus no coração do ser humano 
desde a concepção. Nesse sentido, todo ser humano já nasce com a capacidade de 
identificar se certas atitudes são corretas ou não, tornando o ser humano responsável, 
diante de Deus, por seus atos. 
REDENÇÃO EM CRISTO 
Se por um lado a perspectiva ética cristã tem como um de seus princípios o fracasso 
humano em viver e agir de maneira correta de acordo com o plano original de Deus, por 
outro lado, a ética cristã também tem como princípio a fé na restauração, ainda que 
incompleta aqui neste mundo, dessa capacidade de tentar viver de acordo com o plano do 
Criador, de se buscar um comportamento que reflita o amor a Deus, aos outros seres 
humanos e a toda a criação. 
 
 
Fonte: Pxhere.
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 E essa restauração não é resultado de nenhum esforço ou exercício ético humano, mas é 
uma iniciativa e ação do próprio Criador. A fé cristã aponta para Cristo como redentor da 
humanidade. Conforme o apóstolo Paulo ensina, Jesus, o Filho de Deus, esvazia-se e 
assume a forma humana para morrer na cruz em lugar de toda a humanidade. Por meio 
da morte de Jesus, o ser humano é reintegrado à dança da Trindade. 
FÉ ATIVA NO AMOR 
Assim, a partir de amor de Deus, revelado em Cristo, o ser humano, apesar de continuar 
imperfeito, é capacitado a amar a Deus e a amar ao próximo, assumindo atitudes éticas 
pautadas no amor. Essas atitudes são descritas nos Dez Mandamentos como orientações 
para a vida humana movida pelo amor a Deus. Os primeiros três mandamentos tratam da 
relação entre indivíduo e Deus. Os demais mandamentos refletem sobre a relação entre os 
seres humanos. Vamos ao texto dos mandamentos: 
 
 
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 ÉTICA CRISTÃ APLICADA 
Os cristãos estão cientes de que, hoje, grande parte da população, senão a maioria, dentro 
de suas liberdades individuais, não faz parte do cristianismo. Ainda assim, os cristãos 
entendem que seus princípios éticos baseados no amor a Deus e ao próximo podem 
contribuir na busca do chamado “bem comum”. 
A seguir, apresentamos alguns apontamentos que, de forma resumida, procuram, na 
discussão de alguns temas importantes, apontar a ação desejada pela ética cristã. 
RESPONSABILIDADE SOCIAL 
A ética cristã prescreve que, por amor, a pessoa cristã procura exercer sua 
responsabilidade em quatro esferas: 
1- para com sua própria vida – cuidando de sua própria saúde física e mental, grato a 
Deus pelo dom da vida que recebeu; 
2- na família - provendo o necessário para o bem-estar de todos os seus familiares, tendo 
por base o cuidado, a compreensão, o perdão, a confiança e o respeito na maneira de se 
relacionar com o cônjuge, com os filhos e todos os demais integrantes da família; 
3- no seu trabalho – vivendo de maneira honesta e buscando, por meio de sua profissão 
ou atividade, promover não apenas o seu sustento mas o bem do próximo também; 
4- na sociedade – buscando contribuir de todas as formas para que seres humanos, 
amados por Deus em primeiro lugar, mas desprovidos de recursos para uma vida 
minimamente digna, possam ser atendidos em suas necessidades básicas. 
A sacralidade da vida 
 
Vimos anteriormente que, conforme a fé cristã, Deus Triúno criou o ser humano para 
participar do relacionamento de amor com a Trindade. Nessa dança da Trindade, o ser 
humano foi criado à “imagem e semelhança de Deus”. Sendo assim, a dignidade da pessoa 
humana está intrinsecamente ligada à imagem de Deus. Isso significa que que nenhum ser 
humano pode ser tratado como “coisa”, não pode ser “objetificado”. Ninguémdeveria usar 
um ser humano como um meio para conseguir atingir um objetivo, pois seres humanos 
possuem valores e fins em si mesmos. 
A ética cristã propõe sermos corresponsáveis, uns pelos outros, sejam eles quem quer que 
sejam, não importando seu estágio de desenvolvimento, suas capacidades ou “utilidades”, 
seu potencial ou qualquer outro critério que não seja a de que a vida humana seja 
enxergada na perspectiva de que ela pertence em primeiro lugar a Deus que a nós 
concede a dádiva de vivê-la. 
Clicando nos links abaixo você pode ver como a ética cristã lida com os seguintes assuntos: 
 
 
 
 
BIOÉTICA 
 
A Bioética é uma área específica da ética que promove uma “reflexão interdisciplinar, complexa e 
compartilhada sobre a adequação de ações que envolvem a vida e o viver” (Goldim, José Roberto [org.]. 
Bioética e espiritualidade. 2007: p. 11). 
Portanto, todas as áreas que se ocupam e se preocupam com a vida e o viver terão alguma participação 
na discussão bioética. A ética cristã não propõe uma discussão que necessariamente confronte fé e 
ciência. A fé cristã acredita que a razão humana é obra de Deus e também por meio da ciência Deus 
continua cuidando de sua criação. Mas sempre que o ser humano ou a própria ciência extrapola os 
limites dos propósitos de Deus para o ser humano, revelados em sua lei, as consequências normalmente 
são ruins, especialmente nas questões que envolvem o respeito à vida como uma dádiva de Deus. 
DESCARTE E DESTRUIÇÃO DE EMBRIÕES HUMANOS 
A vida humana deve ser preservada, pois é obra de Deus. Essa valorização e dignidade se estendem a 
qualquer estágio de desenvolvimento da vida humana, inclusive o estágio embrionário, logo após a 
concepção. 
O descarte ou destruição consciente de embriões, durante técnicas de reprodução humana assistida ou 
para fins de pesquisa com células-tronco, na perspectiva da fé cristã, significa eliminação de vidas 
humanas e, portanto, algo contrário à vontade de Deus. 
 
ABORTO 
 
O mandamento “não matarás” proíbe o homicídio, mas também alerta para a preservação da vida 
humana, protegendo-a de qualquer perigo ou dano, e evitando a possibilidade de que ela seja tirada ou 
interrompida. Por isso, a utilização e o consentimento com o uso de qualquer meio que crie situações de 
risco à vida humana também é condenado por esse mandamento e, assim, torna-se motivo de 
preocupação bioética numa perspectiva cristã. 
Sendo assim, qualquer interrupção, provocada pelo ser humano, do processo de desenvolvimento de 
uma nova vida criada por Deus é compreendida pela ética cristã como contrária à vontade do Senhor. 
Na relação com aqueles que são favoráveis ao aborto é importante registrar que o cristão deve respeitar a 
decisão pessoal do outro e ajudá-lo a viver da melhor forma possível, especialmente porque o aborto 
pode gerar inúmeros sentimentos e traumas emocionais. Portanto, mesmo não concordando com o 
aborto, o cristão irá esmerar-se no cuidado e acolhimento daqueles que eventualmente o praticaram, 
anunciando a graça do perdão. 
 
 
EUTANÁSIA 
 
O termo eutanásia significa literalmente “boa morte”, isto é, abreviar serenamente a vida de quem sofre 
doença incurável, interrompendo o sofrimento. Há diferentes tipos de eutanásia: ativa, passiva, 
voluntária, involuntária etc. Não há como aprofundarmos o tema nesta breve exposição, mas cabe o 
desafio da pesquisa adicional. 
A ética cristã é contra a eutanásia, pois interromper uma vida, ainda que com o propósito de abreviar o 
sofrimento, é assumir uma autoridade que pertence exclusivamente a Deus que nos dá a própria vida. 
O tema da eutanásia é complexo, mas provoca outra discussão importante sob a perspectiva ética cristã, 
que também pode ser aplicada à questão do aborto, que é o perigo de, sob a alegação de abreviar ou 
evitar o sofrimento, criar uma sociedade disposta a descartar ou eliminar vidas humanas para isso, 
acabando por estabelecer a sobrevivência ou permanência apenas daquelas vidas humanas que não 
representam motivo de sofrimento, para si mesmos ou para outros. 
 
 
PENA DE MORTE 
 
A pena de morte é um tema polêmico e sempre presente nas discussões sobre ética aplicada. Há 
argumentos importantes tanto por parte daqueles que são a favor da aplicação e legalização da pena de 
morte quanto daqueles que são contrários à aplicação da pena capital. 
Em geral, a ética cristã reconhece a pena de morte como um instrumento que pode ser usado pela 
autoridade constituída para combater e punir o mal, conforme a própria Bíblia ensina. Mas a necessidade 
ou a eficácia de se utilizar a pena de morte como meio para isso não é unanimidade entre os cristãos. 
Muitos, inclusive, posicionam-se de forma contrária, por entender que Deus é o Senhor da vida e da 
morte e que, mesmo criminosos são alvos do amor de Deus e merecem ser vistos como “o nosso 
próximo”, sendo que por eles devemos também zelar. 
 
 
SUSTENTABILIDADE 
 
A ética cristã entende que toda vida na terra é criação divina e compete aos seres humanos conservá-la. 
Buscar a preservação e utilização adequada dos recursos naturais é uma manifestação do amor a Deus, 
às outras criaturas e à própria criação. No reconhecimento do Criador, a ética cristã desperta para a 
responsabilidade e o compromisso com a criação como preciosa dádiva de Deus, pois a Bíblia diz que 
tudo que Deus criou é bom. Sendo assim, passa-se a buscar o uso conveniente da criação para sustento 
de toda a vida, o equilíbrio entre o uso e o abuso, um ser humano consciente de sua relação com o 
Criador e assim administrador das dádivas divinas, esforçando-se no controle da maldade e cobiça 
humana que é a grande ameaça ao mundo abençoado por Deus. 
A sustentabilidade só é possível se mudar a forma de ser, pensar e agir do ser humano. Por isso, a 
utilização correta dos recursos naturais e o combate ao desperdício e à destruição do meio ambiente, 
para o cristão, não dependem de políticas públicas apenas, mas inicia pela mudança consciente de seus 
próprios hábitos e práticas, pois se sente corresponsável pela criação como consequência do amor e 
perdão recebidos do próprio Deus Criador. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INFOGRÁFICO 
 
 
 
 
 
 
 
Coordenação e Revisão Pedagógica: Claudiane Ramos Furtado 
Design: Luiz Specht 
Diagramação: Marcelo Ferreira / Lucas Dias Luiz 
Ilustrações: Rogério Lopes 
Revisão ortográfica: Ane Arduin 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
CORTELLA, Mário Sérgio. Qual é tua obra? São Paulo: Vozes, 2015. 
FORELL, George. Ética da decisão. São Leopoldo: Sinodal, 1988. 
MEILAENDER, Gilbert. Bioética: um guia para os cristãos. São Paulo: Vida Nova, 1997. 
NEDEL, José. Ética aplicada – pontos e contrapontos. São Leopoldo: Ed. UNISINOS, 2004. 
GOLDIM, José Roberto (Org.). Bioética & Espiritualidade. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007. 
WARTH, Martim Carlos. A ética de cada dia. Canoas: Ed. ULBRA, 2002. 
WESTPHAL, Euler Carlos. Bioética. São Leopoldo: Sinodal, 2006. 
VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. 
 
 
 CRÉDITOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Produzido por Núcleo de Audiovisual e Tecnologias Educacionais (NATE) - ULBRA EAD 
Universidade Luterana do Brasil 
Todos os direitos reservados.

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