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FACULDADE CATÓLICA PAULISTA AP2 – RELATÓRIO CRÍTICO DE LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL Curso: Licenciatura em História Disciplina: Políticas Educacionais Docente: Profª Tutora Amanda Santos Discente: Andréa Vidal Tomé da Silva Rio de Janeiro/EAD 2021 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------------- 3 2 DESENVOLVIMENTO ------------------------------------------------------------------------------ 3 2.1 Dos Fatos ------------------------------------------------------------------------------------------ 3 2.2 Legislação Educacional -------------------------------------------------------------------------- 4 3 CONCLUSÃO ------------------------------------------------------------------------------------------5 4 BIBLIOGRAFIA ---------------------------------------------------------------------------------------7 1. INTRODUÇÃO Tendo em vista as questões propostas na Atividade Prática da disciplina de Políticas Educacionais da Faculdade Católica Paulista – UCA, Curso de Licenciatura em História, este relatório tem por objetivo analisar o Balanço Extraoficial divulgado pela Prefeitura da Cidade “Fantasia”, bem como apresentar um posicionamento crítico-reflexivo com relação aos entendimentos da referida prefeitura sobre o cenário da educação naquele município. Com relação a metodologia empregada neste relatório, faremos uso da pesquisa bibliográfica em documentos institucionais com relação a temática em questão (Legislação Educacional) disponíveis em sites de instituições governamentais e não-governamentais, materiais impressos (livros), dentre outros. Por ultimo, faremos o comparativo entre o material obtido na pesquisa bibliográfica com as afirmações contidas no Balanço Extraoficial da prefeitura de Fantasia para chegarmos a uma conclusão acerca dos entendimentos destacados. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Dos Fatos Em 2017, a Prefeitura da cidade “Fantasia” divulgou um balanço extraoficial sobre o cenário da educação no município e seus entendimentos sobre as situações vivenciadas. Alguns resultados são demonstrados a seguir: A pré-escola garante apenas 70% da necessidade municipal, contudo como a prioridade nacional é a alfabetização a partir do Ensino Fundamental, a prefeitura justifica que ainda está melhor do que muitos municípios do país. Os professores passaram por uma formação acerca da Lei Nº13.010/2014, a qual veda qualquer castigo físico para as crianças e adolescentes. Dessa forma, foram instruídos a estabelecer novas formas de diálogos e a promover a cultura da não violência. Contudo, algumas crianças demonstraram viver uma realidade diferente em casa, sendo vítimas de maus tratos. Em face disso, o formador disse que os professores não se preocupassem, visto que suas responsabilidades estavam limitadas ao que acontecia no ambiente escolar. 2.2 Legislação Educacional A Constituição da República Federativa do Brasil (1988), em seu Artigo 205 do que trata a Educação no Brasil afirma que a educação é direito de todos e dever não somente do Estado mas também da família e que esta deverá ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade. No Artigo 206, incisos I e VII, a Constituição discorre acerca dos princípios em que o ensino deverá ser ministrado, destacando que deverão ser assegurados a igualdade de condições de acesso e permanência nas escolas e o padrão de qualidade deste ensino. A Constituição (1988) afirma ainda que: Art. 208 O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (…) IV – educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (...) § 2o O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente. (…) Art. 211 § 2o Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. (…) (Grifo meu) Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a: I – erradicação do analfabetismo; II – universalização do atendimento escolar; III – melhoria da qualidade do ensino. (BRASIL, 1988, Senado Federal. compilado até a Emenda Constitucional no 105/2019. p.109-111) O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA(Lei Nº8069), sancionado em 13 de Julho de 1990, corrobora com a Constituição na medida em que afirma no Capítilo IV, Art. 54 inciso IV que é dever do Estado assegurar a criança e ao adolescente atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016) e em seu § 2º que o não oferecimento do Ensino Obrigatório ou ainda a oferta irregular importará em responsabilidade da autoridade competente. Este estatuto destaca ainda, no Art.56 que: Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: I – maus-tratos envolvendo seus alunos; II – reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares; III – elevados níveis de repetência. (CEDECA. Estatuto da Criança e do Adolescente. Versão atualizada 2020, p.51). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (Lei Nº9394/96), estabelece no seu Art.4 que o Estado deve garantir a educação básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade organizada em pré-escola, ensino fundamental e médio e que caso o Poder Público seja negligente no cumprimento do disposto poderá a ele ser imputado o Crime de Responsabilidade. Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo. § 2o Em todas as esferas administrativas, o Poder Público assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório, nos termos deste artigo, contemplando em seguida os demais níveis e modalidades de ensino, conforme as prioridades constitucionais e legais. § 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, na hipótese do § 2o do art. 208 da Constituição Federal, sendo gratuita e de rito sumário a ação judicial correspondente. § 4º Comprovada a negligência da autoridade competente para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela ser imputada por crime de responsabilidade. O Plano Nacional de Educação – PNE (2014) é mais uma forma de assegurar uma educação escolar de qualidade para todos através da construção e do acompanhamento de planos estaduais e municipais, visando a orientação de políticas públicas que garantam aos cidadãos o acesso as instituições escolares. 3. CONCLUSÃO Diante dos fatos analisados através deste relatório pudemos concluir que a Prefeitura da cidade Fantasia demonstrou falta de conhecimento técnico em seu parecer, podendo inclusive ser acionada judicialmente por suas afirmativas em seu Balanço extraoficial. Tal prefeitura relata que a pré-escola no referido municipío garante apenas 70% da necessidade municipal e em seguida numa tentativa de esquivar-se da responsabilidade afirma que a prioridade nacional, ouseja, o foco seria a alfabetização a partir do Ensino Fundamental o que denota, ou uma total falta de interesse em reconhecer o problema e viabilizar soluções ou um total desconhecimento da Lei, afinal, a Legislação Educacional é bem clara com relação a esta temática. Tanto a Constituição Federal em seu Art. 208, inciso IV e no Art. 211 § 2, quanto a LDB Lei Nº9394/96, no seu Art.4 e no Art. 5, § 4º deixam extremamente claro que é atribuição do município garantir a educação básica obrigatória e gratuita na pré-escola e ainda que em caso de comprovação da negligência desta autoridade para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá a ela ser imputado crime de responsabilidade. Outro ponto que pode incorrer na penalização jurídica tanto da Prefeitura quanto dos profissionais de Educação é com relação aos alunos que informaram sofrer maus tratos em suas casas, visto que de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) Art.56 é responsabilidade da Escola informar ao Conselho Tutelar a ocorrência, ou mesmo a suspeita em caso de maus tratos sofridos pelos alunos sob pena de cometer crime de responsabilidade ou ainda responder por negligência e/ou omissão. 4. BIBLIOGRAFIA BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil : texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, compilado até a Emenda Constitucional no 105/2019. – Brasília :Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2020. 397 p. ISBN: 978-85-528-0062-0 ____. LDB : Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. – 4. ed. – Brasília, DF : Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2020. 59 p. ISBN: 978-65-5676-021-6 ____. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Plano Nacional de Educação PNE 2014-2024 : Linha de Base. – Brasília, DF : Inep, 2015. 404 p. ISBN 978- 85-7863-046-1 CEDECA. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal nº8069 de 13 de Julho de 1990. Versão Atualizada 2020. Disponível em www.cedecarj.org.br. Acesso em 11 de Maio de 2021
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