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747-Texto Artigo-2952-1-10-20160705

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>>Atas	
  CIAIQ2016	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  >>Investigação	
  Qualitativa	
  em	
  Saúde//Investigación	
  Cualitativa	
  en	
  Salud//Volume	
  2	
  
	
  
	
  
 
 
145	
  
Sistematização	
  da	
  Assistência	
  de	
  Enfermagem:	
  Dialética	
  entre	
  o	
  Real	
  e	
  o	
  
Ideal	
  
Mirelle	
  Inácio	
  Soares1,	
  Silvia	
  Helena	
  Henriques	
  Camelo1,	
  Zélia	
  Marilda	
  Rodrigues	
  Resck2,	
  
Beatriz	
  Regina	
  da	
  Silva1,	
  Gilberto	
  dos	
  Reis	
  Machado1,	
  Laura	
  Andrian	
  Leal1	
  
	
  
1	
  Escola	
  de	
  Enfermagem	
  de	
  Ribeirão	
  Preto	
  da	
  Universidade	
  de	
  São	
  Paulo,	
  Brasil.	
  mirelle_soares83@usp.br,	
  
shcamelo@eerp.usp.br,	
  reginagava@yahoo.com.br,	
  brito.machado@bol.com.br,	
  lauraleal4@hotmail.com	
  
2	
  Escola	
  de	
  Enfermagem	
  da	
  Universidade	
  Federal	
  de	
  Alfenas-­‐MG,	
  Brasil.	
  zelia.resck@unifal-­‐mg.edu.br	
  
Resumo.	
  Objetivou-­‐se	
  conhecer	
  a	
  dicotomia	
  entre	
  a	
  teoria	
  e	
  a	
  prática	
  da	
  Sistematização	
  da	
  Assistência	
  de	
  
Enfermagem	
   (SAE)	
   na	
   práxis	
   profissional	
   do	
   enfermeiro,	
   bem	
   como	
   compreender	
   o	
   papel	
   dos	
   centros	
  
formadores	
   no	
   ensino-­‐aprendizagem	
   da	
   mesma.	
   Estudo	
   qualitativo,	
   fundamentado	
   na	
   Hermenêutica-­‐
Dialética,	
  constituindo-­‐se	
  de	
  32	
  enfermeiros	
  utilizando	
  a	
  técnica	
  de	
  grupo	
  focal.	
  O	
  material	
  foi	
  transcrito	
  na	
  
íntegra	
  e	
  por	
  meio	
  de	
  análise	
  de	
  conteúdo	
   foram	
  extraídas	
  duas	
  categorias	
  “Dicotomia	
  entre	
  a	
   teoria	
  e	
  a	
  
prática	
   da	
   SAE	
   na	
   práxis	
   profissional	
   e	
   Os	
   centros	
   formadores	
   e	
   o	
   ensino-­‐aprendizagem	
   da	
   SAE”.	
   Os	
  
resultados	
  mostraram	
  que	
  ainda	
  há	
  um	
  discrepante	
  distanciamento	
  entre	
  a	
  teoria	
  e	
  a	
  prática	
  da	
  SAE.	
  Assim,	
  
para	
  romper	
  essa	
  dicotomia,	
  os	
  enfermeiros	
  deverão	
  sempre	
  buscar	
  o	
  sucesso	
  da	
  operacionalização	
  da	
  SAE.	
  
Palavras-­‐chave:	
  Hospitais,	
  Enfermeiros,	
  Processos	
  de	
  Enfermagem,	
  Universidades,	
  Teoria	
  de	
  Enfermagem.	
  
Systematization	
  of	
  nursing	
  care:	
  Dialectic	
  between	
  the	
  Real	
  and	
  the	
  Ideal	
  
Abstract.	
   This	
   study	
   aimed	
   to	
   know	
   the	
   dichotomy	
   between	
   theory	
   and	
   practice	
   of	
   Systematization	
   of	
  
Nursing	
  Assistance	
  (SNA)	
  in	
  professional	
  nursing	
  praxis,	
  and	
  to	
  understand	
  the	
  role	
  of	
  training	
  centers	
  in	
  the	
  
teaching	
  and	
  learning	
  of	
  it.	
  A	
  qualitative	
  study,	
  based	
  on	
  hermeneutics-­‐dialectics,	
  consists	
  of	
  32	
  nurses	
  and	
  
uses	
   the	
   focus	
   group	
   technique.	
   The	
   material	
   was	
   fully	
   transcribed	
   and	
   with	
   the	
   content	
   analysis	
   were	
  
extracted	
   two	
   categories	
   “dichotomy	
   between	
   theory	
   and	
   practice	
   of	
   SAE	
   in	
   professional	
   praxis	
   and	
   the	
  
training	
  centers	
  and	
  the	
  teaching	
  and	
  learning	
  of	
  SNA”.	
  The	
  results	
  showed	
  that	
  there	
  is	
  a	
  discrepancy	
  gap	
  
between	
  the	
  theory	
  and	
  practice	
  of	
  SNA.	
  So,	
  to	
  break	
  this	
  dichotomy,	
  nurses	
  should	
  always	
  seek	
  success	
  in	
  
the	
  implementation	
  of	
  the	
  SNA.	
  
Keywords:	
  Hospitals,	
  Nurses,	
  Nursing	
  processes,	
  Universities.	
  Nursing	
  Theory.	
  
1	
  Introdução	
  
A	
  organização	
  hospitalar	
  é	
  uma	
  das	
  mais	
  complexas	
  dos	
  serviços	
  de	
  saúde	
  devido	
  à	
  coexistência	
  de	
  
inúmeros	
  processos	
  assistenciais	
  e	
  administrativos,	
  das	
  diversas	
  linhas	
  de	
  produção	
  simultânea	
  e	
  da	
  
fragmentação	
  dos	
  processos	
  de	
  decisão	
  assistencial	
  com	
  a	
  presença	
  de	
  uma	
  equipe	
  multiprofissional	
  
com	
  elevado	
  grau	
  de	
  autonomia	
  (Osmo,	
  2012).	
  
É	
   importante	
   ressaltar	
   que	
   o	
   enfermeiro	
   gerencia	
   o	
   cuidado	
   quando	
   o	
   planeja,	
   prevê	
   e	
   provê	
  
recursos,	
  capacita	
  sua	
  equipe,	
  educa	
  seu	
  usuário,	
  interage	
  com	
  outros	
  profissionais	
  e	
  ocupa	
  espaços	
  
para	
   conseguir	
   concretizar	
   melhorias	
   na	
   assistência,	
   sendo	
   fundamental	
   que	
   se	
   aproprie	
   da	
  
Sistematização	
   da	
   Assistência	
   de	
   Enfermagem	
   (SAE)	
   para	
   transformar	
   o	
   processo	
   de	
   cuidar	
   no	
  
sentido	
  de	
  obter	
  os	
  melhores	
  resultados	
  para	
  a	
  assistência	
  (Torres,	
  Silvino,	
  Christovam,	
  Andrade,	
  &	
  
Fuly,	
  2011).	
  
Todavia,	
   há	
   que	
   se	
   destacar	
   que	
   para	
   a	
   efetivação	
   da	
   SAE,	
   desafios	
   devem	
   ser	
   enfrentados	
   pelos	
  
enfermeiros,	
   sendo	
   estes	
   profissionais	
   responsáveis	
   pela	
   sua	
   implementação	
   no	
   cotidiano	
   de	
  
trabalho.	
  Contudo,	
  a	
   SAE	
  demanda	
  aos	
  enfermeiros	
   conhecimentos	
  específicos	
  na	
   condução	
  deste	
  
>>Atas	
  CIAIQ2016	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  >>Investigação	
  Qualitativa	
  em	
  Saúde//Investigación	
  Cualitativa	
  en	
  Salud//Volume	
  2	
  
	
  
	
  
 
 
146	
  
processo,	
   além	
   de	
   prever	
   a	
   participação	
   de	
   toda	
   equipe	
   de	
   enfermagem	
   para	
   que	
   a	
   mesma	
   se	
  
concretize.	
  	
  
Pensando	
  nisso,	
  na	
  tentativa	
  de	
  facilitar	
  a	
  operacionalização	
  da	
  SAE,	
  muitas	
  vezes,	
  o	
  enfermeiro	
  faz	
  a	
  
opção	
  pela	
  forma	
  fragmentada	
  de	
  trabalho.	
  Apesar	
  disso,	
  esse	
  trabalho	
  embora	
  sistematizado,	
  ainda	
  
permanece	
   em	
   falta	
   com	
   a	
   prática	
   assistencial,	
   estando	
  mais	
   presente	
   no	
   cenário	
   ideal,	
   ou	
   seja,	
  
aquele	
  esperado	
  para	
  a	
  garantia	
  da	
  excelência	
  da	
  qualidade	
  da	
  assistência	
  norteado	
  pelos	
  modelos	
  
gerenciais	
   e	
   assistenciais	
   fundamentados	
   nas	
   teorias	
   administrativas,	
   do	
   que	
   no	
   fazer	
   real	
   do	
  
cotidiano	
  no	
  cenário	
  hospitalar	
  (Soares,	
  Resck,	
  Terra,	
  &	
  Camelo,	
  2015).	
  
Assim,	
  preocupados	
  em	
  aprofundar	
  sobre	
  os	
  desafios	
  que	
  permeiam	
  o	
  processo	
  de	
  implantação	
  da	
  
SAE	
   para	
   o	
   gerenciamento	
   do	
   cuidado	
   de	
   enfermagem	
   no	
   cenário	
   das	
   instituições	
   hospitalares,	
  
apresentamos	
   os	
   seguintes	
   questionamentos:	
   “Quais	
   os	
   obstáculos	
   enfrentados	
   pelos	
   enfermeiros	
  
na	
   implementação	
  da	
  SAE	
  na	
  práxis	
  profissional?	
  Como	
  se	
  dá	
  o	
  ensino-­‐aprendizagem	
  da	
  SAE	
  pelos	
  
centros	
  formadores?”	
  
Acerca	
   da	
   relevância	
   desse	
   assunto,	
   justifica-­‐se	
   este	
   estudo	
   com	
   o	
   intuito	
   de	
   contribuir	
   para	
   a	
  
reflexão	
  dos	
  enfermeiros	
  e	
  dos	
  centros	
  formadores	
  sobre	
  a	
  necessidade	
  de	
  romper	
  a	
  dicotomia	
  entre	
  
o	
  que	
  é	
  preconizado	
  e	
  o	
  que	
  é	
  realizado	
  no	
  cotidiano	
  da	
  enfermagem	
  sobre	
  aimplementação	
  da	
  SAE,	
  
visto	
   que	
   essa	
   ferramenta	
   apresenta-­‐se	
   como	
   respaldo	
   legal	
   da	
   profissão	
   para	
   somar	
   e	
   avigorar	
   a	
  
autonomia	
  do	
  profissional.	
  
Nesse	
  contexto,	
  o	
  objetivo	
  do	
  estudo	
  foi	
  conhecer	
  a	
  dicotomia	
  entre	
  a	
  teoria	
  e	
  a	
  prática	
  da	
  SAE	
  na	
  
práxis	
  profissional	
  do	
  enfermeiro,	
  bem	
  como	
  compreender	
  o	
  papel	
  dos	
  centros	
   formadores	
  no	
  seu	
  
ensino-­‐aprendizagem.	
  
2	
  Métodos	
  
Trata-­‐se	
  de	
  um	
  estudo	
  de	
  abordagem	
  qualitativa,	
  ancorado	
  no	
  referencial	
   teórico-­‐metodológico	
  da	
  
Hermenêutica-­‐Dialética.	
  
A	
  abordagem	
  qualitativa	
  é	
  o	
  que	
  se	
  aplica	
  ao	
  estudo	
  da	
  história,	
  das	
  relações,	
  das	
  representações,	
  
das	
   crenças,	
   das	
   percepções	
   e	
   das	
   opiniões,	
   produtos	
   das	
   interpretações	
   que	
   os	
   seres	
   humanos	
  
fazem	
   a	
   respeito	
   de	
   como	
   vivem,	
   constroem	
   seus	
   elementos	
   e	
   a	
   si	
   mesmos,	
   sentem	
   e	
   pensam	
  
(Minayo,	
  2010).	
  
A	
   Hermenêutica-­‐Dialética	
   é	
   considerada	
   um	
   referencial	
   metodológico	
   de	
   pesquisa	
   de	
   natureza	
  
empírica,	
   onde	
   revela	
   uma	
   crença	
   no	
   processo	
   de	
   movimento	
   que	
   existe	
   permanentemente	
   na	
  
sociedade,	
  bem	
  como	
  na	
  edificação	
  histórica	
  e	
  na	
  capacidade	
  de	
  transformação	
  e	
  de	
  superação	
  das	
  
contradições	
  por	
  meio	
  da	
  práxis	
  (Silva	
  &	
  Sena,	
  2003).	
  
O	
   campo	
   de	
   desenvolvimento	
   desta	
   investigação	
   foi	
   o	
   cenário	
   de	
   atuação	
   de	
   enfermeiros,	
  
constituído	
  de	
   três	
  Hospitais	
  de	
  um	
  município	
  do	
  Sul	
  de	
  Minas	
  Gerais,	
   sendo	
  dois	
  públicos,	
  dentre	
  
esses	
   um	
  de	
   ensino	
   e	
   um	
  privado.	
   Foram	
   convidados	
   a	
   participar	
   da	
   pesquisa	
   85	
   enfermeiros	
   das	
  
referidas	
   instituições,	
   sendo	
   os	
   convites	
   efetuados	
   mediante	
   carta,	
   via	
   telefônica	
   e	
   eletrônica.	
  
Destes,	
  participaram	
  da	
  pesquisa	
  32	
  enfermeiros.	
  
A	
   coleta	
  do	
  material	
   empírico	
  ocorreu	
  do	
  mês	
  de	
  dezembro	
  de	
  2012	
  a	
   fevereiro	
  de	
  2013,	
  na	
  qual	
  
utilizou	
   a	
   técnica	
   de	
   grupo	
   focal	
   com	
   o	
   auxílio	
   de	
   gravadores	
   digitais.	
   Foram	
   realizados	
   seis	
  
encontros,	
   onde	
   calhou	
   um	
   grupo	
   focal	
   com	
   quatro	
   enfermeiros	
   no	
   hospital	
   privado,	
   dois	
   grupos	
  
focais	
  no	
  hospital	
  público,	
  sendo	
  que	
  os	
  dois	
  grupos	
  realizados,	
  ambos	
  foram	
  constituídos	
  por	
  sete	
  
enfermeiros,	
   e	
   três	
   grupos	
   focais	
   no	
   hospital	
   público	
   de	
   ensino,	
   sendo	
   que	
   o	
   primeiro	
   grupo	
   foi	
  
constituído	
   por	
   cinco	
   enfermeiros,	
   o	
   segundo	
   por	
   quatro	
   enfermeiros	
   e	
   o	
   terceiro	
   por	
   cinco	
  
enfermeiros.	
  	
  
>>Atas	
  CIAIQ2016	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  >>Investigação	
  Qualitativa	
  em	
  Saúde//Investigación	
  Cualitativa	
  en	
  Salud//Volume	
  2	
  
	
  
	
  
 
 
147	
  
Vale	
   ressaltar	
  que	
  os	
   grupos	
   focais	
   foram	
  organizados	
  de	
  acordo	
   com	
  os	
  períodos	
  de	
   trabalho,	
  ou	
  
seja,	
  plantão	
  da	
  manhã,	
   tarde	
  e	
  noite.	
  O	
  critério	
  de	
   inclusão	
  utilizado	
  foi	
  a	
  disponibilidade	
  de	
  cada	
  
enfermeiro	
  para	
  participar	
  dos	
  grupos	
  focais	
  e	
  os	
  critérios	
  de	
  exclusão	
  foram	
  de	
  no	
  ato	
  da	
  pesquisa	
  
os	
   enfermeiros	
   estarem	
   em	
   situação	
   de	
   licença	
   médica,	
   maternidade	
   ou	
   férias.	
   Os	
   participantes	
  
pertencentes	
  a	
  cada	
  grupo	
  focal	
  foram	
  identificados	
  pela	
  letra	
  “E”	
  e	
  receberam	
  uma	
  numeração	
  em	
  
algarismo	
   arábico	
   sequencial,	
   garantindo-­‐se,	
   assim,	
   o	
   anonimato	
   das	
   falas.	
   Desse	
   modo,	
   foram	
  
referenciados	
  de	
  E1	
  a	
  E32.	
  
Para	
   a	
   análise	
   dos	
   dados	
   utilizou-­‐se	
   a	
   técnica	
   de	
   análise	
   de	
   conteúdo	
   referenciada	
   por	
   Minayo	
  
(2010),	
   constituindo-­‐se	
   de	
   três	
   fases:	
   a	
   pré-­‐análise,	
   a	
   exploração	
   do	
  material	
   e	
   o	
   tratamento	
   dos	
  
resultados.	
  	
  
Este	
  estudo	
  foi	
  aprovado	
  pelo	
  Comitê	
  de	
  Ética	
  em	
  Pesquisa	
  (CEP)	
  da	
  Universidade	
  Federal	
  de	
  Alfenas	
  
(Unifal-­‐MG)	
   com	
   CAAE	
   08899312.8.0000.5142.	
   Assim,	
   os	
   enfermeiros	
   assinaram	
   o	
   Termo	
   de	
  
Consentimento	
  Livre	
  e	
  Esclarecido	
  (TCLE),	
  conforme	
  preconiza	
  a	
  Resolução	
  do	
  Conselho	
  Nacional	
  de	
  
Saúde	
  (CNS)	
  nº	
  466/12	
  (2012).	
  
3	
  Resultados	
  
3.1	
  Caracterização	
  dos	
  participantes	
  
Os	
  participantes	
  do	
  estudo	
  foram	
  32	
  enfermeiros	
  responsáveis	
  por	
  unidades	
  ou	
  setores	
  hospitalares	
  
de	
  pequena,	
  média	
  e	
  alta	
  complexidade.	
  Dentre	
  esses,	
  predominou	
  o	
  sexo	
  feminino	
  (81,25%),	
  o	
  que	
  
corrobora	
   aos	
   aspectos	
   sócios	
   históricos	
   da	
   profissão.	
   A	
   faixa	
   etária	
   ficou	
   entre	
   25	
   a	
   45	
   anos,	
  
revelando	
  uma	
  população	
  jovem	
  ocupando	
  atividades	
  gerenciais	
  na	
  instituição.	
  Em	
  relação	
  ao	
  tempo	
  
de	
  formação	
  acadêmica,	
  os	
  participantes	
  do	
  estudo	
  apresentavam	
  entre	
  um	
  a	
  20	
  anos	
  de	
  formados,	
  
sendo	
   que	
   10	
   foram	
   técnicos	
   de	
   enfermagem	
   antes	
   de	
   concluírem	
   a	
   Graduação	
   em	
   Enfermagem	
  
(31,25%);	
   duas	
   enfermeiras	
   possuem	
  mais	
   de	
  20	
   anos	
  de	
   formadas	
   (6,25%);	
   sete	
  mais	
   de	
  10	
   anos	
  
(21,875%)	
  e,	
  o	
  restante,	
  23,	
  entre	
  um	
  e	
  10	
  anos	
  de	
  formados	
  (71,875%).	
  Vale	
  destacar	
  que	
  68,75%	
  
dos	
  enfermeiros	
  foram	
  certificados	
  por	
  instituições	
  privadas.	
  
Quanto	
  ao	
  grau	
  de	
  escolaridade,	
  os	
  dados	
  mostraram	
  que	
  todos	
  os	
  profissionais	
  possuíam	
  algum	
  tipo	
  
de	
   Pós-­‐Graduação	
   Lato	
   Sensu	
   (100%)	
   e	
   somente	
   uma	
   enfermeira	
   possuía	
   Pós-­‐Graduação	
   Stricto	
  
Sensu	
  (3,125%),	
  ou	
  seja,	
  mestrado	
  acadêmico.	
  	
  
A	
   análise	
   dos	
   discursos	
   dos	
   entrevistados	
   permitiu	
   reflexões	
   sobre	
   suas	
   percepções	
   em	
   relação	
   a	
  
dicotomia	
  entre	
  a	
  teoria	
  e	
  a	
  prática	
  da	
  SAE,	
  as	
  quais	
  permitiram	
  identificar	
  duas	
  categorias.	
  
Na	
  categoria	
  1,	
  Dicotomia	
  entre	
  a	
  teoria	
  e	
  a	
  prática	
  da	
  SAE	
  na	
  práxis	
  profissional,	
  os	
  enfermeiros	
  do	
  
nosso	
  estudo	
  consideram	
  que	
  há	
  um	
  descompasso	
  entre	
  a	
  teoria	
  e	
  a	
  prática,	
  sendo	
  observado	
  nos	
  
seus	
   discursos	
   dificuldades	
   para	
   implantar	
   a	
   SAE	
   durante	
   a	
   prestação	
   do	
   cuidado	
   na	
   sua	
   práxis	
  
profissional:	
  
[...]	
   na	
   faculdade,	
   a	
   gente	
   aprende	
   a	
   sistematização	
   de	
   enfermagem	
   inteira,	
   infelizmente,	
  
aqui	
  hoje	
  agente	
  não	
  consegue	
  colocar	
  em	
  prática	
  isso	
  ainda	
  [...]	
  (E12)	
  
[...]	
  a	
  gente	
  faz	
  um	
  pouco	
  dessa	
  sistematização,	
  pelo	
  o	
  que	
  eu	
  conheço	
  a	
  SAE,	
  a	
  gente	
  aqui	
  
faz	
   um	
  pouco	
  de	
   forma	
   informal,	
   não	
   faz	
   sistematizado,	
   não	
   vê	
   resultado,	
   não	
  acrescenta,	
  
não	
  tira.	
  (E16)	
  
>>Atas	
  CIAIQ2016	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  >>Investigação	
  Qualitativa	
  em	
  Saúde//Investigación	
  Cualitativa	
  en	
  Salud//Volume	
  2	
  
	
  
	
  
 
 
148	
  
Os	
   depoimentos	
   demonstram	
   reconhecimento	
   dos	
   profissionais	
   pela	
   necessidade	
   da	
   prática	
   de	
  
enfermagem	
   sistematizada,	
   porém,	
   há	
   que	
   se	
   destacarem	
   fatores	
   intervenientes	
   desta	
   prática.	
  
Algumas	
  vezes,	
  estes	
  profissionais	
  deixam	
  de	
  levantar	
  os	
  diagnósticos	
  de	
  enfermagem	
  do	
  paciente	
  e	
  
de	
  planejar	
  os	
  cuidados,	
  ficando	
  a	
  assistência	
  limitada	
  a	
  ações	
  isoladas	
  no	
  decorrer	
  de	
  suas	
  tarefas.	
  
[...]	
   eu	
   saí	
   com	
  uma	
   formação	
   para	
   assistencial,	
   porque	
   se	
  me	
   colocasse	
   na	
   assistência	
   eu	
  
daria	
   muito	
   bem	
   [...]	
   se	
   eu	
   pegar	
   um	
   paciente	
   para	
   cuidar,	
   cuido	
   muito	
   bem	
   dentro	
   das	
  
técnicas,	
  o	
  que	
  precisa	
  ser	
  feito	
  [...]	
  (E19)	
  
[...]	
  eu	
  me	
  formei	
  muito	
  técnica,	
  eu	
  não	
  tinha	
  essa	
  noção	
  de	
  estar	
  atenta	
  a	
  um	
  exame,	
  estar	
  
atenta	
  se	
  ele	
  é	
  um	
  paciente	
  contaminado	
  [...]	
  (E27)	
  
Nessa	
   perspectiva,	
   a	
   visão	
   dos	
   enfermeiros	
   sobre	
   a	
   SAE	
   esteve	
   relacionada	
   principalmente	
   a	
   algo	
  
difícil	
  e	
  complexo,	
  dependente	
  de	
  múltiplos	
  fatores,	
  desde	
  os	
  estruturais	
  e	
  financeiros,	
  com	
  aqueles	
  
relacionados	
  com	
  o	
  compromisso	
  de	
  toda	
  a	
  equipe	
  envolvida	
  no	
  processo,	
  até	
  fatores	
  associados	
  a	
  
recursos	
  humanos.	
  
[...]	
  Por	
  contrapartida,	
  eu	
  vejo	
  que	
  nós	
  temos	
  um	
  problema	
  de	
  recursos	
  humanos,	
  porque	
  às	
  
vezes,	
  eles	
  não	
  reconhecem	
  a	
  real	
  necessidade	
  de	
  você	
  pedir	
  um	
  funcionário	
  a	
  mais	
  [...]	
  (E1)	
  
[...]	
  O	
  que	
  acontece	
   também,	
  às	
   vezes,	
   é	
   quando	
  o	
  número	
  do	
   colaborador	
   também	
  não	
  é	
  
suficiente,	
   aí	
   o	
   enfermeiro	
   acaba	
   fazendo	
   a	
   função	
   do	
   colaborador	
   e	
   ele	
   não	
   consegue	
   de	
  
jeito	
  nenhum	
  fazer	
  uma	
  sistematização	
  [...]	
  (E14)	
  
Contudo,	
   apreende-­‐se	
   também	
   pelos	
   depoimentos	
   dos	
   enfermeiros	
   que	
   mesmo	
   com	
   a	
   Lei	
   do	
  
Exercício Profissional	
  preconizada	
  desde	
  a	
  década	
  de	
  1980,	
  ainda,	
  para	
  eles,	
  é	
  quase	
  que	
  recente	
  a	
  
normatização	
  da	
  SAE,	
  como	
  descrito	
  abaixo:	
  
[...]	
   quando	
   eu	
   fiz	
   faculdade,	
   a	
   gente	
   não	
   trabalhava	
   sistematização	
   assim,	
   a	
   gente	
   falava	
  
processo	
  de	
  enfermagem,	
  então	
  eu	
  vim	
  a	
  aprender	
  isso,	
  reforçar	
  esse	
  aprendizado	
  bem	
  mais	
  
tarde.	
  (E4)	
  
[...]	
   quando	
   eu	
   formei,	
   não	
   via	
   sistematização	
   [...]	
   a	
   gente	
   fazia	
   aleatoriamente,	
   só	
   não	
  
estava	
  implantado.	
  (E28)	
  
Nesse	
  sentido,	
  os	
  enfermeiros	
  vão	
  para	
  a	
  práxis	
  trabalhadora	
  e,	
  algumas	
  vezes,	
  se	
  perde,	
  tendo	
  em	
  
vista	
   que,	
   na	
   formação,	
   pontos	
   fundamentais	
   da	
   teoria	
   em	
   junção	
   com	
   a	
   prática	
   passaram	
  
despercebidos	
  como,	
  por	
  exemplo,	
  a	
  questão	
  do	
  planejamento	
  do	
  cuidado	
  que	
  é	
  um	
  dos	
  aspectos	
  
fundamentais	
  do	
  processo	
  de	
  sistematização	
  da	
  assistência.	
  
Acho	
  que	
  a	
  questão	
  de	
  planejamento	
  é	
  uma	
  questão	
  muito	
  séria	
  que	
  a	
  gente	
  não	
  sabe,	
  não	
  
sai	
  com	
  essa	
  questão	
  de	
  planejamento,	
  a	
  gente	
  não	
  sabe	
  planejar	
  [...]	
  Então,	
  isso	
  faz	
  parte	
  do	
  
nosso	
   hoje,	
   os	
   enfermeiros	
   hoje,	
   eles	
   não	
   têm	
   essa	
   formação,	
   eles	
   não	
   têm	
   essa	
   visão	
   [...]	
  
(E19)	
  
>>Atas	
  CIAIQ2016	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  >>Investigação	
  Qualitativa	
  em	
  Saúde//Investigación	
  Cualitativa	
  en	
  Salud//Volume	
  2	
  
	
  
	
  
 
 
149	
  
Já	
  na	
  categoria	
  2,	
  os	
  centros	
  formadores	
  e	
  o	
  ensino-­‐aprendizagem	
  da	
  SAE,	
  a	
  dicotomia	
  entre	
  o	
  que	
  se	
  
aprende	
  nas	
  universidades	
  durante	
  a	
   formação	
  acadêmica	
  e	
  o	
  que	
   se	
  vivencia	
  na	
  prática	
   tem	
  sido	
  
muito	
  discutida	
  na	
  enfermagem	
  e	
  é	
  percebida	
  pelos	
  enfermeiros	
  como	
  um	
  choque	
  de	
  realidades.	
  
[...]	
  A	
  academia	
  vai	
   lá	
  com	
  o	
  acadêmico	
  de	
  enfermagem,	
  ele	
  assume	
  um	
  paciente	
  e	
  ele	
  fica	
  
com	
  aquele	
  paciente	
  ali	
  o	
  tempo	
  todo	
  [...]	
  não	
  está	
  errado	
  [...]	
  só	
  que	
  quando	
  ele	
  chega	
  na	
  
realidade	
  do	
  serviço	
  de	
  saúde,	
  ele	
  leva	
  um	
  choque	
  muito	
  grande,	
  porque	
  ele	
  vê	
  que	
  não	
  é	
  só	
  
aquilo.	
  E	
  a	
  questão	
  da	
  sistematização	
  também	
  na	
  faculdade	
  ela	
  é	
  uma	
  beleza,	
  ela	
  é	
  só	
  para	
  
aquilo.	
  (E3)	
  
Os	
  enfermeiros	
  destacam	
  que	
  os	
  docentes,	
  algumas	
  vezes,	
  exigem	
  dos	
  alunos	
  a	
   implementação	
  da	
  
SAE	
   quando	
   estão	
   atuando	
   diretamente	
   nas	
   práticas	
   hospitalares,	
   influenciando	
   positivamente	
   no	
  
processo	
  de	
  ensino-­‐aprendizagem	
  desta	
  ferramenta:	
  
[...]	
   porque	
   na	
   faculdade	
   as	
   pessoas,	
   como	
   nós	
   enfermeiros,	
   às	
   vezes,	
   a	
   gente	
   pegava	
   um	
  
paciente	
  e	
  o	
  professor	
  pedia	
  para	
  a	
  gente	
  listar	
  dez	
  diagnósticos	
  [...]	
  (E3)	
  
Ainda,	
  no	
  que	
  diz	
   respeito	
  a	
   formação	
  acadêmica	
  dos	
  enfermeiros,	
  há	
  que	
  se	
  aprimorar	
  atividades	
  
relacionadas	
  a	
  SAE,	
  no	
  sentido	
  de	
  estimular	
  a	
  sua	
  execução	
  no	
  processo	
  assistencial.	
  Os	
  enfermeiros 
reconhecem	
  a	
  importância	
  do	
  uso	
  da	
  SAE	
  como	
  um	
  instrumento	
  para	
  o	
  planejamento	
  e	
  organização	
  
da	
   assistência,	
   porém,	
   revelam	
   confusões	
   no	
   que	
   tange	
   ao	
   ensino-­‐aprendizagem	
   das	
   etapas	
   do	
  
Processo	
   de	
   Enfermagem	
   (PE),	
   em	
   que	
   se	
   demonstra	
   uma	
   fragmentação	
   clara	
   entre	
   a	
   teoria	
   e	
   a	
  
prática.	
  
Nesse	
   sentido,	
  os	
   relatos	
  dos	
  enfermeiros	
  permitem	
  dizer	
  que,	
  embora	
   tiveram	
  a	
   teoria	
  durante	
  a	
  
sua	
  formação,	
  os	
  centros	
  formadores	
  ainda	
  oferecem	
  poucas	
  oportunidades	
  de	
  colocá-­‐la	
  em	
  prática,	
  
sendo	
  isto	
  considerado	
  também	
  um	
  de	
  seus	
  papéis.[...]	
   teoricamente,	
  a	
  gente	
   tem	
  muito,	
  mas	
  pôr	
  na	
  prática,	
  passar	
  aquilo	
  para	
  o	
  dia-­‐a-­‐dia	
  é	
  
muito	
   difícil,	
   eu	
   não	
   consigo	
   [...]	
   passar	
   o	
   que	
   eu	
   aprendi	
   teoricamente	
   da	
   sistematização	
  
para	
  a	
  prática	
  [...]	
  (E18)	
  
[...]	
   a	
   dificuldade	
   é	
   exatamente	
   essa,	
   é	
   operacionalizar,	
   você	
   detém	
   o	
   conhecimento,	
   mas	
  
você	
   chega,	
   você	
   não	
   sabe	
   [...]	
   porque	
   está	
   desvinculado,	
   não	
   está	
   articulado,	
   acho	
   tentar	
  
articular	
  melhor	
  isso	
  lá	
  na	
  prática	
  [...]	
  (E23)	
  
Pensando	
  nisso,	
  as	
  universidades	
  devem	
  utilizar	
  metodologias	
  de	
  ensino	
  onde	
  o	
  discente,	
  ao	
  mesmo	
  
tempo	
   que	
   visualiza	
   a	
   teoria,	
   a	
   vivencia	
   na	
   prática,	
   conformando	
   os	
   saberes	
   gerenciais,	
   o	
   que	
   foi	
  
relatado	
  por	
  alguns	
  enfermeiros	
  deste	
  estudo.	
  	
  
[...]	
   é	
   aquela	
   coisa	
   de	
   ir	
   para	
   comunidade	
   logo	
   no	
   primeiro	
   ano,	
   de	
   estar	
   vivenciando	
   a	
  
realidade	
  ali	
  mesmo	
  das	
  pessoas	
  [...]	
  tem	
  que	
  ser	
  muito	
  próxima,	
  teoria	
  e	
  prática.	
  (E23)	
  
[...]	
  quando	
  você	
  vivencia,	
  aí	
  você	
  consegue	
  ligar	
  a	
  teoria,	
  enxergar	
  aquilo	
  que	
  você	
  via	
  lá	
  na	
  
faculdade,	
   lá	
   no	
   quadro,	
   no	
   slide	
   e	
   tudo,	
   mas	
   quando	
   você	
   só	
   está	
   lá	
   no	
   slide,	
   você	
   não	
  
consegue	
  ter	
  uma	
  visão	
  daquilo	
  na	
  real.	
  (E24)	
  
>>Atas	
  CIAIQ2016	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  >>Investigação	
  Qualitativa	
  em	
  Saúde//Investigación	
  Cualitativa	
  en	
  Salud//Volume	
  2	
  
	
  
	
  
 
 
150	
  
Assim,	
   considerando	
   que	
   um	
   dos	
   processos	
   de	
   trabalho	
   do	
   enfermeiro	
   é	
   o	
   gerenciar	
   e	
   que	
   este	
  
profissional	
   historicamente	
   tem	
   assumido	
   cargos	
   de	
   coordenação	
   e/ou	
   atividades	
   gerenciais	
   em	
  
serviços	
  de	
   saúde,	
   torna-­‐se	
   relevante	
  que	
  as	
   instituições,	
   inclusive	
  de	
  ensino,	
   instrumentalize	
   seus	
  
alunos	
  para	
  implementar	
  a	
  SAE.	
  
4	
  Discussão	
  
As	
   constantes	
   demandas	
   sociais	
   e	
   as	
   transformações	
   no	
  mundo	
   do	
   trabalho	
   exigem	
   permanentes	
  
revisões	
  nos	
  modos	
  de	
  operar,	
   com	
  evidência	
  para	
  o	
  ensino	
  superior.	
   Superar	
  a	
  dicotomia	
  entre	
  a	
  
teoria	
  e	
  a	
  prática	
  continua	
  sendo	
  um	
  grande	
  desafio	
  para	
  os	
  órgãos	
  formadores	
  e	
  para	
  as	
  instituições	
  
hospitalares	
  (Silva,	
  Rozendo,	
  Brito,	
  &	
  Costa,	
  2012).	
  
Na	
   expectativa	
   de	
   compreender	
   as	
   vivências	
   pelos	
   enfermeiros	
   a	
   respeito	
   da	
   SAE,	
   observa-­‐se	
   que	
  
existe	
  certo	
  distanciamento	
  entre	
  a	
  teoria	
  e	
  a	
  prática	
  de	
  enfermagem.	
  A	
  partir	
  dessa	
  premissa,	
  ainda	
  
persiste	
  a	
  prática	
  fragmentada	
  entre	
  o	
  ato	
  de	
  gerenciar/assistir,	
  embora	
  ambos	
  sejam	
  reconhecidos	
  
como	
  fundamentais	
  para	
  o	
  desenvolvimento	
  da	
  prática	
  efetiva	
  do	
  enfermeiro,	
  bem	
  como	
  para	
  a	
  sua	
  
visibilidade	
  profissional.	
  Mais	
  do	
  que	
   isso,	
  ambos	
  são	
  essenciais	
  para	
  o	
  exercício	
   legal	
  da	
  profissão	
  
que	
  pretende	
  cumprir	
  seu	
  papel,	
  ou	
  seja,	
  uma	
  enfermagem	
  defensora	
  dos	
  direitos	
  do	
  paciente	
  e	
  sua	
  
aliada	
  na	
  luta	
  por	
  serviços	
  e	
  práticas	
  de	
  saúde	
  de	
  qualidade	
  e	
  acessível	
  a	
  todos	
  (Montezeli	
  &	
  Peres,	
  
2009).	
  
No	
  entanto,	
  a	
  dificuldade	
  para	
  implantação	
  da	
  SAE	
  pode	
  estar	
  relacionada	
  a	
  diversos	
  fatores,	
  sendo	
  
que	
   o	
   primeiro	
   contato	
   com	
  este	
   instrumento	
   deve	
   acontecer	
   na	
   academia,	
   ou	
   seja,	
   na	
   formação	
  
profissional	
   do	
   enfermeiro,	
   para	
   que	
   diante	
   da	
   realidade	
   dos	
   serviços,	
   possa	
   utilizá-­‐la	
   de	
   forma	
  
acertada	
  e	
  eficaz.	
  	
  
Em	
  outra	
  perspectiva,	
  a	
  formação	
  acadêmica	
  dos	
  enfermeiros,	
  muitas	
  vezes,	
  contribui	
  para	
  que	
  estes	
  
não	
   busquem	
   nem	
   apliquem	
   a	
   SAE	
   de	
   forma	
   constante	
   no	
   planejamento	
   e	
   organização	
   do	
   seu	
  
trabalho,	
   uma	
   vez	
   que,	
   pesquisas	
   revelam	
   que	
   durante	
   as	
   aulas	
   práticas,	
   pode-­‐se	
   perceber	
  
preocupação	
   maior,	
   tanto	
   por	
   alguns	
   docentes,	
   quanto	
   pela	
   maioria	
   dos	
   alunos,	
   em	
   adquirir	
  
habilidades	
  técnicas	
  (Andrade	
  &	
  Vieira,	
  2005).	
  	
  
Assim,	
  esses	
  apontamentos	
  mostram	
  preocupação	
  dos	
  enfermeiros,	
  ao	
  se	
  pretenderem	
  confrontar	
  o	
  
saber	
  adquirido	
  e	
  sua	
  aplicação	
  na	
  vivência	
  no	
  seu	
  cotidiano	
  profissional.	
  Sobre	
  este	
  assunto,	
  alude-­‐
se	
  que	
  nem	
   sempre	
  é	
  possível	
   concretizar	
   o	
   saber	
   adquirido	
  na	
   assistência,	
   visto	
  que	
   a	
   academia,	
  
muitas	
   vezes,	
   se	
   coloca	
   distante	
   da	
   realidade	
   dos	
   serviços	
   de	
   saúde,	
   não	
   considerando	
  problemas	
  
organizacionais,	
  estruturais	
  e	
  outros	
  para	
  a	
  implantação	
  da	
  SAE.	
  
Este	
   fato	
   deve	
   gerar	
   inseguranças	
   e	
   descrédito	
   nos	
   futuros	
   profissionais,	
   principalmente,	
   quando	
  
situações	
  de	
  ensino	
  situam-­‐se	
  no	
  nível	
  do	
   ideal	
   sistematizado,	
  enquanto	
  os	
   serviços	
  mostram	
  uma	
  
demanda	
   diversa,	
   complexa	
   que	
   necessita	
   da	
   aprendizagem	
   de	
   ferramentas	
   específicas	
   para	
   uma	
  
prática	
  concreta	
  e	
  eficaz.	
  No	
  entanto,	
  é	
  notório	
  enfatizar	
  que	
  o	
  déficit	
  de	
  recursos	
  humanos,	
  neste	
  
estudo,	
  é	
  destacado	
  como	
  uma	
  das	
  dificuldades	
  dos	
  enfermeiros	
  na	
  implantação	
  da	
  SAE,	
  implicando	
  
na	
  qualidade	
  da	
  assistência	
  de	
  enfermagem	
  prestada.	
  
Sendo	
  assim,	
  o	
  enfermeiro	
  precisa	
  desenvolver	
  conhecimentos	
  e	
  habilidades	
  na	
  execução	
  das	
  ações,	
  
utilizando-­‐se	
  de	
  meios	
  e	
  instrumentos	
  como	
  a	
  observação,	
  a	
  comunicação,	
  a	
  aplicação	
  e	
  os	
  princípios	
  
científicos,	
   bem	
   como	
   desenvolver	
   destreza	
   manual,	
   planejamento,	
   avaliação	
   e	
   estimular	
   o	
  
compromisso	
  e	
  o	
  envolvimento	
  da	
  equipe	
  para	
  a	
  prática	
  profissional	
   (Kroger,	
  Bianchini,	
  Oliveira,	
  &	
  
Santos,	
  2010).	
  
Diante	
   disso,	
   considerando	
   que	
   o	
   aprendizado	
   é	
   o	
   alicerce	
   necessário	
   para	
   a	
   implantação	
   da	
   SAE	
  
diante	
  da	
  complexidade	
  do	
  processo	
  e	
  do	
  contexto	
  de	
  atuação	
  hospitalar,	
  o	
  mesmo	
  deve	
  constituir	
  o	
  
>>Atas	
  CIAIQ2016	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  >>Investigação	
  Qualitativa	
  em	
  Saúde//InvestigaciónCualitativa	
  en	
  Salud//Volume	
  2	
  
	
  
	
  
 
 
151	
  
primeiro	
  ponto	
  a	
  ser	
  valorizado	
  e	
  ser	
  o	
  foco	
  do	
  investimento	
  institucional	
  e	
  pessoal	
  (Silva	
  &	
  Moreira,	
  
2011).	
  
É	
   importante	
   relatar	
   que,	
   apesar	
   das	
   exigências	
   legais	
   para	
   a	
   implantação	
  da	
   SAE	
  e	
  das	
   tentativas	
  
realizadas	
   pelos	
   enfermeiros,	
   ainda	
   são	
   incipientes	
   as	
   experiências	
   de	
   sucesso	
   sobre	
   esse	
  
instrumento	
   de	
   trabalho.	
   Os	
   enfermeiros	
   reconhecem	
   um	
   saber	
   insuficiente	
   de	
  modelos	
   teóricos,	
  
dificuldade	
  para	
  implantação	
  da	
  SAE	
  na	
  realidade	
  dos	
  serviços	
  desde	
  a	
  formação	
  acadêmica,	
  além	
  da	
  
grande	
  demanda	
  de	
  serviços	
  burocráticos.	
  
Nesse	
   sentido,	
   os	
   centros	
   formadores	
   devem	
   comprometer-­‐se	
   com	
   a	
   formação	
   profissional,	
  
adequando	
   os	
   planos	
   de	
   ensino	
   à	
   realidade	
   a	
   ser	
   aplicada	
   e	
   estabelecendo	
   diretrizes	
   capazes	
   de	
  
articular	
   à	
   teoria	
   com	
   a	
   prática.	
   A	
   dicotomia	
   entre	
   o	
   que	
   se	
   aprende	
   na	
   escola	
   e	
   o	
   que	
   se	
   faz	
   na	
  
prática	
  é	
  foco	
  de	
  muitas	
  discussões	
  na	
  enfermagem.	
  Nesse	
  aspecto,	
  a	
  implementação	
  da	
  SAE	
  é	
  uma	
  
delas	
  (Venturini,	
  Matsuda,	
  &	
  Waidman,	
  2009).	
  	
  
Vale	
   ressaltar	
  que	
  as	
   instituições	
   formadoras	
   cumprem	
  com	
  o	
   seu	
  papel	
  de	
  passar	
   conhecimentos	
  
para	
  os	
  futuros	
  profissionais,	
  cabendo	
  às	
  mesmas	
  uma	
  parcela	
  considerável	
  de	
  compromisso	
  quanto	
  
ao	
  preparo	
  do	
  enfermeiro	
  numa	
  abordagem	
  científica,	
  organizada	
  e	
  sistematizada.	
  Porém,	
  barreiras	
  
são	
   encontradas	
   nessa	
   trajetória,	
   tais	
   como	
   as	
   realidades	
   institucionais,	
   em	
   que	
   não	
   se	
   utilizam	
  
metodologias	
   assistenciais,	
   dificultando	
   o	
   desempenho	
   didático	
   bem	
   como,	
   o	
   despreparo	
   dos	
  
docentes,	
   uma	
   vez	
   que	
   a	
   maioria	
   destes	
   durante	
   sua	
   formação,	
   não	
   teve	
   oportunidade	
   de	
  
desenvolver	
  habilidades	
  para	
  a	
  SAE	
  (Andrade	
  &	
  Vieira,	
  2005).	
  	
  
Destarte,	
   a	
   necessidade	
   de	
   novos	
   enfoques	
   para	
   a	
   produção	
   do	
   conhecimento	
   científico	
   e	
   da	
  
intervenção	
  prática	
   da	
   SAE	
   com	
  o	
  objetivo	
   de	
   vislumbrar	
   o	
   ser	
   humano	
   como	
  um	
   ser	
   integral	
   por	
  
meio	
  da	
  interdisciplinaridade	
  no	
  trabalho	
  em	
  saúde	
  só	
  foi	
  intensificada	
  a	
  partir	
  da	
  década	
  de	
  80	
  com	
  
o	
  conceito	
  ampliado	
  de	
  saúde	
  (Souza	
  &	
  Souza,	
  2009).	
  
Na	
  formação	
  acadêmica,	
  apesar	
  de	
  obter	
  conhecimentos	
  acerca	
  do	
  processo	
  gerencial,	
  o	
  enfermeiro	
  
ainda	
   vivencia	
   conflitos	
   e	
   inseguranças	
   no	
   decorrer	
   da	
   sua	
   atuação	
   ocupacional,	
   sobretudo	
   no	
  
contexto	
  da	
   SAE.	
   Isso	
   se	
  dá	
  pelo	
   fato	
  de	
  esse	
  profissional	
   ao	
   incorporar	
   funções	
   gerenciais	
   ao	
   seu	
  
trabalho,	
  que,	
  somando-­‐se	
  às	
  demais	
  atribuições,	
  gera	
  uma	
  dicotomia	
  entre	
  o	
  que	
  se	
  espera	
  dele,	
  na	
  
visão	
  dos	
  teóricos	
  de	
  enfermagem	
  e	
  o	
  que	
  se	
  verifica	
  em	
  seu	
  cotidiano	
  nas	
  instituições	
  hospitalares	
  
(Nóbrega,	
  Matos,	
  Silva,	
  &	
  Jorge,	
  2008).	
  
Contudo,	
   entre	
   as	
   diversas	
   situações	
   conflitantes,	
   como	
  o	
   desencontro	
   entre	
   os	
   pensamentos	
   dos	
  
profissionais	
  enfermeiros	
  envolvidos	
  na	
  assistência	
  acerca	
  da	
  SAE,	
  um	
  dos	
  fatores	
  principais	
  ligados	
  a	
  
essa	
   fragmentação	
   entre	
   a	
   teoria	
   e	
   a	
   prática,	
   corresponde	
   às	
   falhas	
   apontadas	
   no	
   processo	
   de	
  
formação	
   do	
   enfermeiro,	
   contribuindo	
   para	
   convicções	
   comuns	
   dessa	
   temática	
   como	
   mais	
   um	
  
trabalho	
  que	
  não	
  funciona.	
  Essa	
  reflexão	
  fortalece	
  a	
  necessidade	
  de	
  o	
  enfermeiro	
  adquirir,	
  ao	
  longo	
  
de	
   sua	
   formação,	
   a	
   visão	
   do	
   todo,	
   realizando	
   o	
   planejamento	
   na	
   gerência	
   da	
   assistência,	
  
compreendendo	
  que	
  a	
  SAE	
  é	
  um	
   instrumento	
  assistencial	
  para	
   realizar	
   suas	
  ações,	
  desde	
  o	
  pensar	
  
estratégico	
   na	
   sua	
   implantação,	
   envolvendo	
   conhecimento	
   teórico	
   e	
   habilidade	
   prática	
   (Silva	
   &	
  
Moreira,	
  2010;	
  Gomes	
  &	
  Brito,	
  2012).	
  	
  
Para	
   tanto,	
   o	
   futuro	
   profissional	
   enfermeiro	
   necessita,	
   durante	
   a	
   sua	
   formação,	
   de	
   ser	
   capaz	
   de	
  
planejar,	
   organizar	
   e	
   desenvolver	
   ações	
   de	
   modo	
   a	
   suprir	
   as	
   necessidades	
   do	
   paciente	
   com	
  
resolubilidade	
  (Benito	
  &	
  Finatto,	
  2010).	
  Nesse	
  sentido,	
  a	
  maioria	
  dos	
  profissionais	
  reconhece	
  a	
  SAE	
  
como	
  estratégia	
  desenvolvida	
  pela	
  enfermagem	
  na	
  aplicação	
  de	
  seus	
  conhecimentos	
  na	
  assistência	
  
ao	
  paciente.	
  Entretanto,	
  não	
  basta	
  reconhecê-­‐la	
  com	
  um	
  método	
  sistemático	
  e	
  prático	
  na	
  aplicação	
  
dessa	
  assistência,	
  é	
  necessário	
  que	
  haja	
  envolvimento	
  maior	
  da	
  equipe	
  no	
  processo	
  de	
  implantação	
  
da	
  mesma,	
   conhecendo	
   seus	
   princípios,	
   passo	
   a	
   passo	
   e,	
   principalmente	
   sabendo	
   como	
   cada	
   um	
  
destes	
   deve	
   ser	
   executado	
   no	
   cotidiano	
   do	
   processo	
   de	
   trabalho	
   (Amante,	
   Rossetto,	
  &	
   Schneider,	
  
2009).	
  
>>Atas	
  CIAIQ2016	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  >>Investigação	
  Qualitativa	
  em	
  Saúde//Investigación	
  Cualitativa	
  en	
  Salud//Volume	
  2	
  
	
  
	
  
 
 
152	
  
5	
  Conclusões	
  	
  
Acredita-­‐se	
  que	
  com	
  o	
   fluxo	
  dos	
  depoimentos	
  apreendidos	
  peregrinou	
  para	
  vislumbrar	
  os	
  cenários	
  
do	
  cotidiano	
  do	
  enfermeiro	
  em	
  que	
  ainda	
  ocorre	
  uma	
  fragmentação	
  no	
  seu	
  processo	
  de	
  trabalho,	
  no	
  
qual	
   este	
   profissional,	
   por	
   diversos	
   motivos,	
   não	
   concretiza	
   a	
   sistematização	
   da	
   assistência	
   de	
  
enfermagem	
  (SAE)	
  de	
  forma	
  individualizada.	
  
Nesse	
  contexto,	
  vale	
  ressaltar	
  que,	
  por	
  meio	
  dos	
  grupos	
  focais,	
  foram	
  pontuadas	
  várias	
  situações	
  em	
  
que,	
   às	
   vezes,	
   o	
   profissional	
   deixa	
   de	
   implementar	
   a	
   SAE,	
   em	
   função	
   do	
   que	
   lhe	
   é	
   imposto	
   na	
  
instituição	
  diante	
  das	
  mudanças	
  e	
  transformações	
  globais.	
  
É	
   notório	
   enfatizar	
   que	
   pela	
   percepção	
   dos	
   enfermeiros	
   participantes	
   deste	
   estudo,	
   ainda	
   há	
   um	
  
discrepante	
  distanciamento	
  entre	
  a	
  teoria	
  e	
  a	
  prática,	
  em	
  que	
  os	
  profissionais	
  pontuaram	
  em	
  vários	
  
momentos	
   que	
   a	
   academia	
   ensina	
   parcialmente	
   o	
   discente	
   a	
   sistematizar	
   o	
   cuidado,	
   porém,	
   a	
  
realidade	
   dos	
   serviços	
   de	
   saúde	
   e	
   os	
   recursos,o	
   impedem	
   de	
   implementar	
   diversas	
   ações	
   que	
  
concretize	
  esta	
  realidade.	
  
Faz-­‐se	
   necessário	
   que	
   os	
   centros	
   formadores	
   reavaliem	
   o	
   modo	
   como	
   vêm	
   transmitindo	
   os	
  
conhecimentos	
  aos	
  alunos,	
  e	
  a	
  utilização	
  de	
  metodologias	
  ativas	
  que	
  provoquem	
  o	
  estímulo	
  destes	
  
profissionais	
  para	
  colocar	
  em	
  prática	
  suas	
  funções	
  de	
  acordo	
  com	
  o	
  que	
  está	
  previsto	
  na	
   legislação	
  
desta	
  profissão.	
  
Diante	
   desses	
   entraves,	
   seria	
   necessária	
   propostas	
   de	
   superação	
   tanto	
   dos	
   centros	
   formadores	
  
quanto	
  das	
  instituições	
  hospitalares	
  para	
  estar	
  promovendo	
  constantemente	
  o	
  desenvolvimento	
  dos	
  
profissionais.	
   Assim,	
   construindo	
   e	
   reconstruindo	
   seus	
   saberes,	
   os	
   enfermeiros	
   sejam	
   capazes	
   de	
  
transformar	
  a	
  profissão	
  frente	
  a	
  seus	
  pensamentos	
  críticos	
  e	
  reflexivos.	
  
Neste	
   contexto,	
   as	
   instituições	
   hospitalares	
   devem	
  propor	
   estratégias	
   de	
   educação	
  permanente,	
   a	
  
fim	
  de	
  melhorar	
  o	
  desempenho	
  dos	
  enfermeiros	
  em	
  relação	
  a	
  SAE,	
  tais	
  como:	
  dinâmicas	
  e	
  oficinas	
  de	
  
grupos;	
  elaboração	
  de	
  protocolos,	
  grupos	
  de	
  estudos,	
  dentre	
  outras,	
  para	
  despertar	
  o	
  interesse	
  e	
  a	
  
motivação	
  de	
  seu	
  capital	
  humano.	
  	
  
Acredita-­‐se	
   que	
   este	
   estudo	
   seja	
   de	
   grande	
   relevância	
   para	
   que	
   os	
   enfermeiros	
   e	
   organizações	
  
estejam	
  atentos	
  quanto	
  aos	
  conhecimentos	
  e	
  habilidades	
  necessários	
  para	
  a	
  implementação	
  da	
  SAE,	
  
uma	
   vez	
   que	
   a	
   fim	
  de	
   romper	
   a	
   dicotomia	
   entre	
   a	
   teoria	
   e	
   a	
   prática,	
   os	
   profissionais	
   enfermeiros	
  
deverão	
   ir	
   sempre	
   em	
   busca	
   do	
   sucesso	
   da	
   operacionalização	
   da	
   SAE	
   por	
   meio	
   de	
   seu	
  
autodesenvolvimento	
  e/ou	
  do	
  investimento	
  da	
  instituição	
  em	
  que	
  está	
  inserido.	
  
Nessa	
   perspectiva,	
   as	
   pessoas	
   serão	
   valorizadas	
   pela	
   organização	
   na	
  medida	
   em	
   que	
   contribuirão	
  
efetivamente	
  para	
  o	
  seu	
  crescimento,	
  bem	
  como	
  a	
  organização	
  será	
  valorizada	
  pelas	
  pessoas,	
  uma	
  
vez	
  que	
  lhes	
  estarão	
  oferecendo	
  condições	
  concretas	
  para	
  o	
  seu	
  aprimoramento.	
  Contudo,	
  observa-­‐
se	
  que	
  esta	
  pesquisa	
  possui	
  uma	
  limitação	
  que	
  se	
  refere	
  a	
  categoria	
  profissional	
  participante,	
  pois	
  a	
  
mesma	
   optou	
   por	
   abordar	
   somente	
   o	
   enfermeiro	
   de	
   instituição	
   hospitalar,	
   acreditando	
   que	
   estes	
  
poderiam	
   ter	
   a	
   visão	
   ampliada	
   acerca	
   da	
   SAE,	
   não	
   sendo	
   contemplados	
   outros	
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