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DIREITO EMPRESARIAL III- AV1

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DIREITO EMPRESARIAL III- QUESTÕES AVALIATIVAS
 Quanto à Falência e Recuperação, segundo a Lei nº 11.101/2005, analise as afirmativas a seguir. I. É competente para deferir a Recuperação Judicial ou decretar a Falência, o juízo do local do principal estabelecimento do devedor empresário ou sociedade empresária. II. Aplicam-se à sociedade de economia mista, mas não à empresa pública. III. Serão suspensas todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas em que se demandar quantia ilíquida. IV. Não são exigíveis do devedor as obrigações a título gratuito, as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor. Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s) e justifique sua resposta.
O inciso I é verdadeiro, pois é competente para deferir a Recuperação Judicial ou decretar a Falência, o juízo do local do principal estabelecimento do devedor empresário ou sociedade empresária, bem como está previsto no art. 3° da Lei 11.101/2005:
Art. 3º É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.
O inciso II é falso, pois de acordo com o art.2°, I, da Lei 11.101, a mesma lei não se aplica a empresa pública e sociedade de economia mista. Assim, a lei falimentar não se aplica a empresa pública e sociedade de economia mista porque envolve dinheiro público. O poder público é que vai ter que resolver os problemas de insolvência.
Art. 2º Esta Lei não se aplica a:
I – empresa pública e sociedade de economia mista;
O inciso III é falso, pois de acordo com o art.99, V da lei 11.101:
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações: V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1º e 2º do art. 6º desta Lei;
Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial implica: 
§ 1º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida.
§ 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8º desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em sentença.
Assim, como citado acima, a lei prevê que as ações que demandem quantias ilíquidas devam prosseguir no juízo que já estão sendo processadas (ou seja, elas não serão suspensas). A finalidade é possibilitar a formação de um título executivo para que o credor possa participar do concurso de credores e ser posteriormente habilitado no juízo da falência.
O inciso IV é verdadeiro, pois não são exigíveis do devedor as obrigações a título gratuito, as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor, bem como está previsto no art.5°, I e II da Lei 11.101.
Art. 5º Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência:
I – as obrigações a título gratuito;
II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor.
Relacione o princípio geral da solvabilidade das obrigações no direito brasileiro com o princípio da preservação da empresa, delineando os seus significados e explicando como eles interagem na formação do direito falimentar.
O direito falimentar é o conjunto de normas que regulam a falência em seus múltiplos aspectos, mas principalmente em relação à condição, responsabilidade e obrigação do falido, e aos direitos dos credores deste. Visto isso, se norteando pelo direito obrigacional temos que, o fim de cumprimento das obrigações leva a uma presunção de uma necessária solvabilidade do patrimônio do devedor, sendo preciso haver bens e direitos em valor suficiente para permitir o pagamento das obrigações, quando estiverem vencidas. 
Neste momento, surge o princípio geral da solvabilidade, principio este que consiste que para o adimplemento das obrigações de uma pessoa respondem todos os seus bens e créditos, ou seja, pressupõe que o patrimônio positivo (ativo) tenha capacidade econômica de suportar as obrigações constantes de seu patrimônio negativo (passivo), surgindo assim, a união dos artigos 391 e 91 do CC. Ademais, com o adimplemento das obrigações, mantém-se a “empresa de pé”, havendo assim, o princípio da preservação da empresa, que consiste em proteger o núcleo da atividade econômica e, portanto, da fonte produtora de serviços ou mercadorias, da sociedade empresária, refletindo diretamente em seu objeto social e direcionando-a, sempre, na busca do lucro. Dessa forma, é perceptível que a preservação da atividade econômica é o maior motor para que ocorra a manutenção da empresa, sendo assim possível que a empresa alcance a sua função social. É por isso que a preservação da empresa que deve sempre ser posta em primeiro lugar.
Por fim, estes dois princípios são de suma importância, sendo a base do direito societário. Tendo em vista que o que gera emprego é a atividade empresarial, a empresa deve a todo custo ser preservada, pois o princípio da preservação guia o comportamento dos sócios e administradores à frente da sociedade empresária, respeitando a boa-fé objetiva, traduzida pela lealdade entre as partes, irradiando a função social da sociedade. 
 O que quer dizer a expressão latina do "par conditio creditorum" no direito falimentar? Explique quais são os interesses existentes em um processo de recuperação/falência e o porquê de se haver a aplicação da noção latina acima.
O princípio par conditio creditorum ou princípio da igualdade entre credores é um princípio geral de Direito que determina que os credores de um devedor devem ser tratados de forma igual, sem prejuízo das diferenciações justificadas por razões objetivas, ou seja, é o princípio de tratamento dos credores em igualdade de condições. O processo de falência é uma execução coletiva, ou seja, um concurso de credores, na qual todos os seus direitos são arrecadados pelo Estado, que irá assumir a função de realiza-los em dinheiro, a fim de pagar todos os credores. Nesse viés, em um processo de falência, há um interesse público, em que certos créditos sejam satisfeitos preferencialmente, por sua natureza e o interesse de garantir que todos os credores, titulares de faculdades de mesma natureza, sejam tratados em igualdade de condições. Assim, o princípio par conditio creditorum deve ser aplicado, pelo fato de decorrer do princípio da isonomia, previsto na Constituição Federal, e, sendo norma de direito fundamental, estabelece a necessidade de tratar a todos com igualdade, vinculando o legislador, sob pena de ser considerada inconstitucional. Visto isso, o princípio exerce a sua primeira função estampada na proteção do direito de todos os credores e na divisão proporcional do resultado líquido da massa insolvente.

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