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Cessão de direitos hereditários


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Cessão de direitos hereditários 
 
A cessão de direito hereditários é um contrato bilateral, translativo, gratuito ou oneroso e 
aleatório, que um herdeiro realiza com uma pessoa, tendo por objeto a totalidade ou uma 
quota da herança, do qual é titular. 
Salvo restrição imposta pelo autor da herança (por meio de uma cláusula de 
inalienabilidade, que deve ser expressa na declaração de última vontade), podem ser 
cedidos os direitos hereditários, a título gratuito ou oneroso, no todo ou em parte, depois 
de aberta a sucessão e antes de promovida a partilha. 
O objeto da cessão é somente o direito sobre o patrimônio que se transmitiu por quota da 
morte. Trata-se de uma transmissão de direitos econômicos, patrimoniais. 
Tratando-se de um negócio jurídico com aptidão para transferir a titularidade sobre 
determinados bens, a cessão de direitos hereditários configura verdadeiramente, um justo 
título, habilitando o cessionário à aquisição da propriedade quando do trânsito em julgado 
da partilha. 
• CC- art. 1794 - Direito de preferência: De acordo 
com o texto legal, se um coerdeiro pretende vender seu 
quinhão hereditário, obrigatoriamente, tem de ofertar 
primeiramente aos demais coerdeiros, sobe pena de 
ineficácia. - Trata-se de um direito de preferência entre o 
coerdeiros nas cessões onerosas de herança promovida 
por demais condôminos de herança aberta com a morte do 
seu titular. A herança é um condomínio entre coerdeiros, 
que passam pela regra da transmissão automática de 
saisine, e se tratando de um patrimônio de cunho familiar, 
é natural que os herdeiros familiares devam ter 
preferência sobre terceiros sobre a fração ideal da 
herança. 
 
• Art. 1795 - os coerdeiros preteridos podem requer 
adjudicação compulsória de cota hereditária cedida 
onerosamente, depositando, para tanto o valor do negócio 
celebrado, tanto por tanto (nas mesmas condições 
oferecidas pelo terceiro), no prazo decadencial de 180 
dias. 
*A adjudicação compulsória se dará por meio de uma 
ação de preferência; A decisão desconstitui a eficácia do 
negócio entre as partes, transferindo a titularidade da 
fração ideal hereditária ao prejudicado. 
Requisitos para a cessão de Direitos Hereditários 
IMPORTANTE: caso não seja 
respeitado o direito de preferência, 
o negócio jurídico não será nulo ou 
anulável, trata-se de uma mera 
ineficácia relativa do contrato 
quanto aos demais coerdeiros, que 
forma prejudicados pelo 
coerdeiro-cedente que alienou 
onerosamente sua quota, sem 
respeitar a preempção dos outros 
na mesma qualidade. Por isso, os 
coerdeiros que foram 
prejudicados, podem reclamar em 
juízo, a respeito da preferência, 
depositando o valor do negócio 
celebrado, tanto por tanto, e 
adquirindo, forçosamente, a 
porção hereditária negociada. 
O negócio jurídico da cessão 
hereditária tem que ter forma 
solene, necessariamente. 
 
O negócio cessionário tem de ser 
celebrado por escritura pública (ou 
por termo judicial nos autos do 
inventário)- CC. Art. 1793 
 
• Requisito temporal: a cessão da herança tem de ser realizada no lapso temporal 
compreendido entre a abertura da sucessão e a partilha do patrimônio transmitido, 
em juízo ou em cartório. 
• Requisito subjetivo: o cedente (alienante) precisa ter capacidade jurídica 
• Requisito Objetivo: em face da indivisibilidade e universalidade da herança, o 
objeto de sua cessão tem de ser uma universalidade de bens, não podendo incidir 
sobre os bens certos e determinados. 
 
Efeitos da cessão de Direitos hereditários: 
O efeito jurídico elementar da cessão de direitos hereditários é a transferência para o 
cessionário dos direitos patrimoniais do cedente, abrangendo a posse e a propriedade dos 
bens, bem como as ações defensivas correspondentes. O cessionário passa a ocupar o 
lugar do herdeiro cedente, no todo ou em parte. 
Aceitação de herança 
Em razão da regra de transmissão imediata (CC art. 1784), uma vez por aberta a sucessão, 
com a morte do titular , transfere-se automaticamente o patrimônio do falecido, por força 
da lei, para seus herdeiros. 
Esta transmissão automática independe de qualquer manifestação volitiva dos herdeiros, 
estabelecendo um condomínio forçado que somente será dissolvido com a partilha, 
chama-se devolução hereditária. 
A aceitação de herança ou adição de herança é um ato jurídico unilateral, através do qual 
o herdeiro (testamentário ou legítimo) revela o desejo de receber herança que lhe já foi 
transmitida automaticamente por força da lei. A aceitação não colide com o princípio de 
saisine A aceitação é o ato pelo qual o titular de um direito hereditário que já lhe foi 
transmitido (e adquirido) quando a abertura as sucessão confirma a intenção de recolher 
a herança, consolidando os direitos hereditários. 
Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao 
herdeiro, desde a abertura da sucessão. 
Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro 
renuncia à herança. 
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração 
escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da 
qualidade de herdeiro. 
§ 1o Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do 
finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda 
provisória. 
§ 2o Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da 
herança, aos demais co-herdeiros. 
 
 
Renúncia da herança 
O exercício do Direito de suceder não é obrigatório. Ninguém pode ser compelido a 
aceitar a transmissão automática das relações patrimoniais do falecido, sendo possível o 
repúdio à herança transmitida por parte sucessível. 
A Renuncia surge como um ato jurídico em sentido estrito, unilateral, pelo qual o herdeiro 
declara não aceitar o patrimônio do falecido, repudiando a transmissão automática que a 
lei operava em seu favor, abrindo mão de sua titularidade. Enfim, é a rejeição ao 
recebimento de uma herança. 
A renúncia é um ato de vontade através do qual o herdeiro recusa a vocação sucessória. 
O ato de renúncia da herança deve ser sempre expresso, através de instrumento público 
ou termo judicial. 
 
Efeitos da renúncia 
Na sucessão legítima, a parte da herança que o herdeiro renunciou é acrescida a parte dos 
demais herdeiros. 
Ninguém pode suceder, representando herdeiro que renunciou a herança. Caso não hajam 
outros herdeiros, ou se os demais herdeiros também renunciaram a herança, poderão os 
filhos virem a sucessão. Por exemplo: se o único filho ou todos os filhos renunciarem a 
herança, extingue-se esta classe e passa-se a seguinte (netos). 
Quando o herdeiro prejudicar seus credores, renunciando a herança, estes poderão com 
autorização do juiz aceitá-la em nome do renunciante. 
Os atos de aceitação ou de renúncia de herança são irrevogáveis. 
 Código Civil - artigos 1.804 a 1.813. 
Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da 
mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subsequente. 
 
Indignidade e deserção 
Consiste na exclusão do herdeiro ou legatário no âmbito sucessório, privando o 
recebimento, a partir de um juízo de razoabilidade e de justiça distributiva 
O código civil estabelece a indignidade para o âmbito da sucessão em geral e deserdação 
no campo da sucessão testamentária 
Se faz necessário um reconhecimento judicial: deve ser respeitado o devido processo legal 
para que o herdeiro ou legatário seja privado do recebimento da herança ou legado 
Por se tratar se uma sanção civil, com graves efeito jurídicos, somente com a prolação 
de sentença de uma decisão judicial em ação específica, com objeto delimitado, será 
possível reconhecer a indignidade ou a deserdação. 
 
É necessária a propositura da ação para a desconstituição do recebimento do patrimônio.Não é bastante a condenação criminal (para a indignidade) ou a lavratura de testamento 
(para a deserdação) - o procedimento é comum ordinário 
Tem prazo decadencial de 4 anos computados a partir da abertura da sucessão. 
Efeitos jurídicos: O efeito jurídico para ambos os casos é a exclusão do indigno ou 
deserdado da sucessão com efeitos retroativos à data da abertura da sucessão, passando a 
ser tratado como se morto fosse, tornando ineficaz a sua vocação sucessória por conta da 
punição que lhe foi aplicada, decorrente de seu comportamento ignóbil contra o autor da 
herança. 
 
INDIGNIDADE: 
Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: 
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou 
tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, 
ascendente ou descendente; 
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou 
incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; 
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da 
herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. 
É necessária a propositura de uma ação civil de indignidade para a desconstituição do 
direito do patrimônio transmitido automaticamente para o sucessor; não basta apenas a 
condenação criminal, deverá ter uma ação própria e esta devera ser proposta no prazo de 
4 anos a partir da abertura da sucessão. 
 
Reabilitação do indigno (perdão do ofendido) 
Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será 
admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou 
em outro ato autêntico. 
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em 
testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, 
pode suceder no limite da disposição testamentária. 
É um ato exclusivo do autor da herança, em razão de seu caráter personalíssimo, obstando 
a eficácia da indignidade reconhecida. Por meio do perdão, impõe-se uma trava ao 
reconhecimento da indignidade, garantindo o recebimento a herança.