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Manual_de_Cuidados_Paliativos

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Textos de Apoio 
Centro Hospitalar do Porto – Unidade Hospital de Santo António 
Março 2011 | Versão 3 
MANUAL DE CUIDADOS 
PALIATIVOS 
Curso de Cuidados Paliativos em Medicina Interna 
 
MANUAL DE CUIDADOS PALIATIVOS Versão 3 Março de 2011 
 
 
C e n t r o H o s p i t a l a r P o r t o – H o s p i t a l S a n t o A n t ó n i o 
 
Página 2 
 
Nota introdutória 
Este manual partiu da iniciativa dos enfermeiros da 
Unidade D do Serviço de Medicina 1 do HSA que, em 2007, 
se dividiram em grupos de trabalho para estudar e 
implementar a avaliação e o tratamento de sintomas de 
acordo com os princípios de Cuidados Paliativos. Com o 
apoio do Director do Serviço de Medicina 1 – Dr. Nelson 
Rocha, estes grupos estenderam-se às duas unidades – A e 
D, e integraram médicos. 
Desde o início, colaboraram com o grupo de sintomas 
neuropsíquicos, a Drª Sara Moreira e a Drª Margarida 
Branco, psiquiatra e psicóloga do Serviço de Psiquiatria de 
Ligação. 
Para além da redacção do manual, os grupos de trabalho 
têm também participado, como formadores, nos Curso 
Básicos de Cuidados Paliativos efectuados no Centro de 
Formação do CHP. 
Nos primeiros cursos tivemos a preciosa colaboração da 
Dr.ª Edna Gonçalves, e das enfermeiras Cátia Ferreira e 
Catarina Simões do Serviço de Cuidados Paliativos do IPO. 
Esta última continua a colaborar connosco. 
Desde 2008, temos tido a colaboração da Drª Luísa Pires, e 
desde 2009 da Drª Margarida Pinheiro do Serviço Social. 
A partir de 2009 começamos a ter a participação da Drª 
Ana Margarida Regalado e da Enfª Carina Raposo da 
Consulta da Dor. 
Nesse mesmo ano também começamos a ter a colaboração 
da Drª Maria Menezes do Serviço de Nutrição. Em 2010 
passamos a ter a colaboração de mais duas nutricionistas: 
Drª Isabel Pinto (ULS Matosinhos) e a Drª Sónia Cabral 
(IPO Porto). 
Em 2007 e 2008 foram efectuados três cursos para 
médicos e enfermeiros do Serviço de Medicina 1. 
Em 2009 alargamos a formação a todos os Serviços do 
CHP. 
Temos vindo a reformular o manual e continuamos a 
contar com a ajuda dos novos formandos, para a sua 
melhoria. 
Não podemos terminar sem fazer uma referência ao Dr. 
Rui Carneiro, que foi um colaborador importante, quer na 
elaboração do manual, quer na implementação do curso, e 
do Enfº Nuno Marques, responsável pela execução final 
deste manual. 
Esperamos que este manual seja útil, não só para a 
formação, mas sobretudo para a prática clínica diária. 
 
O grupo coordenador, 
 
Elga Freire 
Júlia Alves 
 
MANUAL DE CUIDADOS PALIATIVOS Versão 3 Março de 2011 
 
 
C e n t r o H o s p i t a l a r P o r t o – H o s p i t a l S a n t o A n t ó n i o 
 
Página 3 
 
 
 
 
 
 
Coordenação: Drª Elga Freire, Enfª Júlia Alves 
 
Grupos de Trabalho (2007) 
Dor: Enfª Micaela Sores (Med 1D), Enfª Joana Alves 
(Med 1A), Dr. Vítor Lopes (Med 1D), Drª Luísa 
Carvalho (Med 1 A) 
Sintomas respiratórios: Enfº Nuno Marques (Med 
1D), Enfª Rosa Maria Barbosa (Med 1A), Drª 
Fabienne Gonçalves (Med 1A), Dr. Ricardo Meireles 
(Med 1D) 
Sintomas neuro-psiquicos: Enfª Inês Brás (Med 
1D), Enfº José Carlos (Med 1A), Dr. João Correia 
(Med 1A), Drª Carla Teixeira (Med 1D), Dra. Sara 
Moreira (Psiquiatria de ligação), Dra. Margarida 
Branco (Psiquiatria de ligação) 
Sintomas digestivos e nutrição/ hidratação: Enfª 
Diana Ferreira (Med 1D), Enfª Joana Mirra (Med 
1D), Enfª Júlia Alves, Enfª Odete Carneiro (Med 1A), 
Dr. Júlio Oliveira (Med 1D), Dr. João Neves (Med 
1A) 
Agonia: Dr. Rui Carneiro (Med 1 D), Enfº Pedro 
Pires (Med 1 A) 
Intervenção Social: Dra. Luísa Pires (Serviço Social)
Designação do Curso 
Curso Básico de Cuidados Paliativos 
Destinatários 
Médicos, Enfermeiros, Assistentes Sociais, 
Nutricionistas, Psicólogos, Farmacêuticos e 
Fisioterapeutas do Hospital de Santo António 
 Objectivos Gerais 
Contacto com metodologia de Medicina dirigida a 
Sintomas nos vários domínios dos princípios 
inerentes a Cuidados Paliativos (físico, psicológico, 
socio-familiar e ético). 
Objectivos específicos 
No final da sessão os formandos deverão ser capazes 
de: 
Saber os princípios dos cuidados paliativos; 
Fazer a avaliação dos sintomas; 
Comunicar com o doente terminal e seus familiare; 
Saber os critérios de doença terminal em doentes 
oncológicos e não oncológico; 
Reconhecer os principais mecanismos da dor e saber 
tratá-la; 
Identificar e tratar os principais sintomas 
respiratórios (dispneia, tosse, hemoptise, sufocação); 
Reconhecer e tratar os principais sintomas 
neuropsiquicos (delírio, confusão, insónia, ansiedade 
e depressão); 
Saber os princípios de nutrição e hidratação do 
doente terminal incluindo as indicações das sondas 
entéricas e da via subcutânea (hipodermoclise); 
Saber quais os fármacos que podem ser usados por 
via subcutânea; 
Reconhecer um doente em agonia e saber redefinir 
os objectivos terapêuticos; 
Saber quais os principais problemas éticos 
relacionados com as decisões em fim de vida. 
MANUAL DE CUIDADOS PALIATIVOS Versão 3 Março de 2011 
 
 
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Página 4 
Conteúdo 
Filosofia e Princípios dos Cuidados Paliativos ............................................................................................ 11 
Referências ................................................................................................................................ 13 
Princípios Gerais de Avaliação de Sintomas ............................................................................................... 14 
Introdução ....................................................................................................................................... 14 
Princípios gerais do controlo dos sintomas ..................................................................................... 15 
Referências ................................................................................................................................ 16 
A Dor ........................................................................................................................................................... 17 
Introdução ....................................................................................................................................... 17 
Avaliação da dor .............................................................................................................................. 17 
Medidas da intensidade da dor (unidimensionais) ......................................................................... 18 
Escala numérica ......................................................................................................................... 18 
Escala qualitativa ....................................................................................................................... 19 
Escala visual analógica ............................................................................................................... 19 
Escala das faces ......................................................................................................................... 19 
Medidas das múltiplas dimensões da dor ....................................................................................... 20 
Desenho da localização da dor .................................................................................................. 20 
Questionário de dor de Mcgill ................................................................................................... 20 
Conclusão ........................................................................................................................................ 21 
Bibliografia ................................................................................................................................. 22 
RECOMENDAÇÕES PARA O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA DOR ......................................... 23Cuidados Paliativos Não-oncológicos ......................................................................................................... 35 
Introdução ....................................................................................................................................... 35 
A complexidade sintomática ........................................................................................................... 36 
Estabelecer prognóstico não-oncológico ........................................................................................ 38 
Bibliografia ................................................................................................................................. 41 
MANUAL DE CUIDADOS PALIATIVOS Versão 3 Março de 2011 
 
 
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Página 5 
SINTOMAS RESPIRATÓRIOS ........................................................................................................................ 43 
Dispneia ........................................................................................................................................... 43 
Incidência ................................................................................................................................... 44 
Etiologia ..................................................................................................................................... 44 
Fisiopatologia ............................................................................................................................ 45 
TRATAMENTO ................................................................................................................................. 46 
Medidas não farmacológicas ..................................................................................................... 46 
Medidas farmacológicas ............................................................................................................ 46 
Tosse ............................................................................................................................................... 48 
Definição .................................................................................................................................... 48 
Incidência ................................................................................................................................... 49 
Fisiopatologia ............................................................................................................................ 49 
Etiologia ..................................................................................................................................... 49 
Tratamento ................................................................................................................................ 50 
Medidas não farmacológicas ..................................................................................................... 50 
Medidas farmacológicas ............................................................................................................ 50 
HEMOPTISES.................................................................................................................................... 51 
Definição .................................................................................................................................... 51 
Etiologia ..................................................................................................................................... 51 
Tratamento ................................................................................................................................ 52 
Medidas não farmacológicas ..................................................................................................... 52 
Medidas farmacológicas ............................................................................................................ 52 
Terapêutica farmacológica ........................................................................................................ 53 
Bibliografia ................................................................................................................................. 54 
SINTOMAS NEUROPSÍQUICOS .................................................................................................................... 55 
ANSIEDADE EM CUIDADOS PALIATIVOS.......................................................................................... 55 
Introdução ................................................................................................................................. 55 
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Página 6 
Diagnóstico ................................................................................................................................ 56 
Causas da Ansiedade ................................................................................................................. 56 
Diagnóstico Diferencial .............................................................................................................. 57 
Tratamento ................................................................................................................................ 57 
Bibliografia ................................................................................................................................. 60 
DEPRESSÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS ......................................................................................... 61 
Doença terminal/oncológica ..................................................................................................... 61 
Depressão .................................................................................................................................. 62 
Prevalência ................................................................................................................................ 62 
Etiologia ..................................................................................................................................... 63 
Sinais e Sintomas ....................................................................................................................... 64 
Outras perturbações de humor ................................................................................................. 64 
Consequências da depressão .................................................................................................... 65 
Dificuldades de diagnóstico de depressão em doentes paliativos ............................................ 65 
Diagnóstico de depressão.......................................................................................................... 66 
Rastreio da depressão ............................................................................................................... 67 
Tratamento não farmacológico ................................................................................................. 68 
Tratamento farmacológico ........................................................................................................ 68 
Avaliação do risco de suicídio .................................................................................................... 70 
Referencias Bibliográficas .......................................................................................................... 70 
INSÓNIA ........................................................................................................................................... 73 
Introdução ................................................................................................................................. 73 
Causas da insónia ......................................................................................................................73 
Critérios Gerais para o Diagnóstico de Insónia .......................................................................... 74 
Diagnóstico diferencial: ............................................................................................................. 74 
Tratamento ..................................................................................................................................... 76 
Bibliografia ................................................................................................................................. 78 
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Página 7 
DELIRIUM/CONFUSÃO .................................................................................................................... 82 
Definição .................................................................................................................................... 82 
Prevalência ................................................................................................................................ 82 
Etiologia ..................................................................................................................................... 82 
Etiopatogenia ............................................................................................................................ 83 
Diagnóstico ................................................................................................................................ 84 
Diagnóstico Diferencial .............................................................................................................. 84 
Tratamento ................................................................................................................................ 85 
Tratamento Farmacológico ....................................................................................................... 86 
Bibliografia ................................................................................................................................. 87 
Protocolo ......................................................................................................................................... 88 
DIAGNÓSTICO .................................................................................................................................. 89 
INTERVENÇÃO DE SUPORTE (não farmacológica) ........................................................................... 89 
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO .............................................................................................. 91 
SINTOMAS DIGESTIVOS .............................................................................................................................. 93 
NÁUSEAS/ VÓMITOS ....................................................................................................................... 93 
Introdução ................................................................................................................................. 93 
Fisiopatologia ............................................................................................................................ 93 
Identificar a etiologia – o caminho para o tratamento eficaz ................................................... 96 
Conclusão .................................................................................................................................. 98 
Referências Bibliográficas .......................................................................................................... 99 
Anorexia/Caquexia .......................................................................................................................... 99 
Introdução ................................................................................................................................. 99 
Fisiopatologia .......................................................................................................................... 100 
Diagnóstico .............................................................................................................................. 102 
Estratégias Terapêuticas .......................................................................................................... 102 
Referências bibliográficas ........................................................................................................ 105 
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Página 8 
OBSTIPAÇÃO .................................................................................................................................. 105 
Definição e prevalência ........................................................................................................... 105 
Fisiopatologia .......................................................................................................................... 105 
CUIDADOS ORAIS E XEROSTOMIA ................................................................................................. 112 
Principais problemas orais ....................................................................................................... 112 
Conceito ................................................................................................................................... 113 
Fisiopatologia .......................................................................................................................... 113 
Etiologia ................................................................................................................................... 114 
Avaliação diagnostica .............................................................................................................. 114 
Abordagem terapêutica ........................................................................................................... 115 
Infecções ....................................................................................................................................... 116 
Halitose ......................................................................................................................................... 119 
Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 120 
INTERVENÇÃO NUTRICIONAL EM CUIDADOS PALIATIVOS ....................................................................... 121 
Estabelecendo a necessidade de intervenção nutricional ...................................................... 121 
Intervenção nutricional no controlo de sintomas ................................................................... 122 
Cuidados Nutricionais – que opções? ...................................................................................... 124 
Bibliografia ............................................................................................................................... 125 
TERAPÊUTICA SUBCUTÂNEA NOS CUIDADOS PALIATIVOS....................................................................... 126 
Indicações ................................................................................................................................ 126 
Contra indicações .................................................................................................................... 127 
Beneficios ................................................................................................................................ 127 
Desvantagens .......................................................................................................................... 128 
Locais a utilizar ........................................................................................................................128 
Locais a evitar .......................................................................................................................... 129 
Técnica ..................................................................................................................................... 130 
Solutos e fármacos .................................................................................................................. 130 
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Página 9 
Conclusão ................................................................................................................................ 131 
Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 132 
INTERVENÇÃO SOCIAL EM CUIDADOS PALIATIVOS .................................................................................. 133 
Dimensão familiar, social, cultural e relacional ....................................................................... 133 
Equipas de saúde: a participação do serviço social ................................................................. 134 
Medidas de politica sócio institucional ................................................................................... 134 
A Sociedade Civil e a organização formal e informal de cuidados .......................................... 135 
Bibliografia ............................................................................................................................... 135 
AGONIA .................................................................................................................................................... 136 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 136 
CONCEITO ................................................................................................................................ 137 
PLANO TERAPÊUTICO .............................................................................................................. 138 
Modelo de Actuação Sintomática ........................................................................................... 138 
Medidas Gerais ........................................................................................................................ 140 
Cuidados da boca e lábios ....................................................................................................... 141 
Controlo de Sintomas .............................................................................................................. 143 
Dor ........................................................................................................................................... 143 
Agitação Psicomotora/Delirium Hiperactivo ........................................................................... 143 
Náusea e vómito ...................................................................................................................... 144 
Mioclonias/Convulsões............................................................................................................ 144 
Dispneia ................................................................................................................................... 145 
Estertor/Respiração ruidosa .................................................................................................... 145 
Retenção Urinária .................................................................................................................... 146 
Nutrição ................................................................................................................................... 146 
Desidratação ............................................................................................................................ 146 
Hemorragia e Sufocação .......................................................................................................... 147 
Apoio à família ......................................................................................................................... 147 
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Página 10 
Bibliografia ............................................................................................................................... 149 
PROPOSTAS PARA O SERVIÇO ................................................................................................. 149 
COMUNICAÇÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS ............................................................................................ 154 
A importância da Comunicação em Cuidados Paliativos ......................................................... 154 
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................... 155 
ESPIRITUALIDADE E CUIDADOS PALITIVOS ............................................................................................... 156 
Introdução ............................................................................................................................... 156 
Necessidades espirituais no final da vida ................................................................................ 158 
Avaliação das necessidades espirituais ................................................................................... 158 
Intervenção – qual o papel do médico? .................................................................................. 159 
Conclusão ................................................................................................................................ 160 
Bibliografia ............................................................................................................................... 160 
ASPECTOS ÉTICOS EM CUIDADOS PALIATIVOS ......................................................................................... 162 
Ética e cuidados paliativos ....................................................................................................... 162 
Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 164 
 
MANUAL DE CUIDADOS PALIATIVOS Versão 3 Março de 2011 
 
 
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Página 11 
FILOSOFIA E PRINCÍPIOS DOS CUIDADOS 
PALIATIVOS 
Objectivos Gerais 
Identificar os fundamentos universalistas da medicina paliativa. 
Objectivos Específicos 
Compreender o espectro de acção da medicina paliativa. 
 
O aumento da longevidade e das doenças crónicas e progressivas conduziram a um aumento significativo do 
número de doentes que não se curam. 
Em Portugal, a esperança média de vida era, em 2000/2001 e de acordo com a Direcção Geral de Saúde, de 76,9 
anos para o sexo masculino e de 80,3 anos para o feminino (1). 
O modelo da medicina curativa, agressiva, centrada no tratamento da doença não se coaduna com as necessidades 
daquele tipo de doentes. A morte passou a ser negada e encarada como derrota para muitos profissionais de 
saúde, como falhanço e frustração, e o treino dos profissionais sofreu, de algum modo uma desumanização, com 
menor enfoque nas questões relacionadas com a não cura (2). 
O movimento moderno dos cuidados paliativos, iniciado em Inglaterra na década de 60 por Cicely Sauders, e que 
posteriormente se foi alargando ao Canadá, Estados Unidos e mais recentemente à restante Europa, chama a 
atenção para o sofrimento dos doentes incuráveis, para a falta de respostas por parte dos serviços de saúde e para 
a especificidade dos cuidados que teriam que ser dispensados a estapopulação (3). 
Actualmente, a filosofia dos cuidados paliativos está largamente difundida e é hoje perspectivada como um direito 
humano, nomeadamente na Comunidade Europeia (4). No entanto, o acesso à prática rigorosa dos mesmos é ainda 
bastante assimétrico em todo o mundo, mesmo a nível europeu (2,5). 
Em 2002, a OMS (6) definiu os cuidados paliativos como uma abordagem que visa melhorar a qualidade de vida dos 
doentes que enfrentam problemas decorrentes de uma doença incurável, com prognóstico limitado, e/ou doença 
grave que ameaça a vida, e suas famílias, através da prevenção e alívio do sofrimento, com recurso à identificação 
MANUAL DE CUIDADOS PALIATIVOS Versão 3 Março de 2011 
 
 
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Página 12 
precoce, avaliação adequada e tratamento rigoroso dos problemas físicos, como a dor e dos psicossociais e 
espirituais. 
Esta definição é a adoptada pelo Programa Nacional de Cuidados Paliativos (PNCP) da Direcção Nacional de Saúde 
de 2004 (7). 
Os cuidados paliativos são prestados com base nas necessidades dos doentes e famílias e não com base no seu 
diagnóstico. Assim, estes cuidados dirigem-se, não só aos doentes com cancro avançado, mas também aos doentes 
com SIDA em estadio terminal, com insuficiências avançadas de órgão (cardíaca, respiratória, hepática, e renal), 
com doenças neurológicas degenerativas e com demências em estadio muito avançado (8, 8,9,10,11,12). 
Apesar das necessidades e preocupações de estas pessoas serem semelhantes, a evolução das diversas doenças e 
das suas fases terminais são diferentes. No caso do cancro a evolução é, geralmente, mais rápida (meses/semanas), 
nas outras situações não oncológicas pode ser mais prolongada (meses/anos), com agudizações das quais vão 
resultando perdas crescentes de funcionalidade (8,12,13). Estas diferenças não inviabilizam a aplicação dos 
princípios e práticas comuns mais importantes nos cuidados paliativos, sendo de considerar em cada caso algumas 
especificidades próprias, quer no manejo sintomático, quer na planificação dos recursos (14). 
Os instrumentos que viabilizam a aplicação dos cuidados paliativos são distribuídos por quatro áreas fundamentais: 
controlo dos sintomas, comunicação adequada, apoio à família e trabalho em equipa (5,8,15). Estas quatro 
vertentes devem ter igual importância, pois não é possível praticar cuidados paliativos de qualidade se alguma 
delas for subestimada. 
Os cuidados paliativos devem assentar numa intervenção interdisciplinar em que a pessoa doente e família são o 
centro gerador das decisões de uma equipa que idealmente integra médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes 
sociais e outros profissionais (8). 
Os cuidados paliativos não devem assumir-se como uma intervenção apenas em fim de linha, numa dicotomia 
entre eles e os cuidados curativos, mas sim como uma intervenção estruturada e rigorosa nas doenças crónicas e 
progressivas, nas que provocam grande sofrimento, podendo intervir desde o diagnóstico e assumindo uma 
dimensão cada vez maior à medida que as necessidades dos doentes assim o justificam (ver modelo de transição 
progressiva OMS 1996) (8). 
 Quanto à organização há grande diversidade de respostas que variam mesmo dentro de cada país e de cada região 
(16,17,18,19,20). Segundo Gomez Batiste (18) a resposta às necessidades dos diferentes grupos de doentes com 
doença grave e terminal passa pela criação de uma rede alargada e integrada de serviços, que abranja desde o 
domicílio aos cuidados em unidades de internamento específicas e em hospitais de agudos, passando pelas 
instituições de longa duração. O PNCP partilha desta opinião (7). 
De acordo com aquele programa e a Associação Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), nos diferentes âmbitos do 
sistema de saúde devem-se prestar acções básicas de apoio a doentes em fim de vida, de baixa complexidade e não 
integradas num trabalho multidisciplinar, as acções paliativas, consideradas distintas das práticas estruturadas, 
organizadas e específicas de cuidados paliativos (7,8). 
Também se recomenda a existência de serviços de referência, com equipas dedicadas especificamente a esta 
actividade, de apoio domiciliário, de internamento (unidades de cuidados paliativos) e equipes de apoio ou suporte 
em unidades hospitalares (7,8,20). 
Para além destes recursos específicos, é recomendada a formação e treino de todos os médicos e profissionais de 
saúde para prestar as medidas paliativas básicas, acções paliativas ou cuidados paliativos primários, segundo Von 
Guten (21). 
No nosso país, os serviços qualificados e devidamente organizados são escassos e insuficientes para as 
necessidades detectadas (7,8). Com base nos dados do INE de 2001, considera-se que anualmente carecem de 
cuidados paliativos 250 000 pessoas (8). 
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Os cuidados paliativos deverão ser parte integrante do sistema de saúde, promovendo uma intervenção técnica 
que requer formação e treino específico obrigatório por parte dos profissionais que os prestam (8). 
Partilhando desta opinião, apresentamos uma proposta de formação para os profissionais do Serviço de Medicina 
1, médicos e enfermeiros, para que possamos aumentar as acções paliativas aos nossos doentes, internados ou em 
ambulatório. 
REFERÊNCIAS 
- Portugal. Direcção Geral de Saúde. Elementos estatísticos – informação geral. Lisboa, Saúde 2001, Julho, 2004. 
- Clark D. Between hope and acceptance: the medicalisation of dying. BMJ 2002; 329:184-185. 
- Clark D. European palliative care in the longue durée. European J of Palliative Care. 2001; 8(3):92. 
- EURAG. Making palliative care a priority topic on the european health agenda. Graz, January, 2004. 
- Doyle D, Hanks GWC, Cherney N, Calman K, eds. Oxford Textbook of Palliative Medicine. 3th ed. London: Oxford 
University Press; 2004. 
- World Health Organization. National cancer control programmes: policies and managerial guidelines. 2nd Ed. Geneva: 
World Health Organization; 2002. 
- Direcção Geral de Saúde, 2004. Programa Nacional de Cuidados Paliativos – Circular normativa de 13.7 
- ANCP (Associação Nacional de Cuidados Paliativos). Recomendações para a organização de Serviços em Cuidados 
Paliativos. Março 2006. 
- SECPAL (Sociedad Española de Cuidados Paliativos). Guia de criterios de calidad em cuidados paliativos. Madrid: 
SECPAL, 2002. 
- Nacional consensus Project for quality palliative care: esencial elements and best practices, 2004. Available at: 
http://nationalconsensusproject.org. 
- Hughes JC, Robison L, Volicer L. Specialist palliative care in dementia. BMJ. 2005; 33057-58. 
- Davies E, Higginson I, ed. Palliative Care: the solid facts. Milan. World Health Organization; 2004. 
- Addington-Hall JM, Higginson IJ. Palliative care for non-cancer patients. New York, Oxford University Press 2001. 
- Barbosa A, Neto IG, ed. Manual de Cuidados Paliativos. Faculdade de Medicina de Lisboa 2006. 
- Twycross R. Cuidados paliativos. 2ª ed. Lisboa: Climepsi; 2003. 
- Bruera E, Sweeney C. Palliative care models: international perspective. J. of Palliative Medicine 2002; 5(2):319-327. 
- Centeno C. Palliative Care in Spain: an evolving model innovations in end-of-life care. J. of Palliative Medicine 2000; 
3(1):123-127. 
- Gomez-Batiste et al. Spain: the WHO demonstration project of palliative care implementation in Catalonia: results at 
10 years (1991 – 2001). J Pain Symtoms Manage 2002; 24(2): 239-244. 
- Gomez-Batiste et al. Organización de Servícios y Programas de Cuidados Paliativos. Aran Ediciones 2005. 
- IAHPC (International Association for Hospice and Palliative Care). http://www.hospicecare.com. 
- Von Gunten CF. Secundary and terciary palliative care in US hospitals. JAMA 2002;287:875-881. 
http://www.hospicecare.com/
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PRINCÍPIOS GERAIS DE AVALIAÇÃO DE 
SINTOMAS 
Objectivos Gerais 
Identificar os fundamentos universalistas da medicina paliativa. 
Objectivos Específicos 
Conhecer metodologia de avaliação do doente em cuidados paliativos. 
INTRODUÇÃO 
Os cuidados paliativos afirmam a vida, valorizam-na, e consideram a morte um fenómeno natural e, como tal, não a 
aceleram nem atrasam. O seu objectivo central é a redução do sofrimento dos doentes e famílias e a promoção da 
máxima qualidade de vida possível, apesar da doença (1,2). 
A qualidade de vida está relacionada com o grau de satisfação subjectiva que a pessoa sente da vida, e é 
influenciada por todas as dimensões da personalidade – física, psicológica, social e espiritual. Existe uma boa 
qualidade de vida quando as aspirações de um indivíduo são atingidas e preenchidas pela sua situação actual. 
Existe pouca qualidade de vida quando há grande divergência entre as aspirações e a situação actual. Para 
melhorar a qualidade de vida é necessário diminuir o afastamento entre as aspirações e a situação actual (2). 
 Os cuidados paliativos, enquanto intervenção no sofrimento associado à doença avançada e/ou grave e 
incapacitante, devem ser introduzidos tão precocemente quanto possível após o diagnóstico de uma doença 
crónica e, como tal, não se destinam apenas aos moribundos (1). 
Nos doentes terminais os objectivos terapêuticos estão centrados em (1,3): 
- Melhoria da qualidade de vida; 
- Promoção da dignidade e autonomia do doente e melhoria da adaptação emocional à situação; 
- Concepção activa da terapêutica, que nos leva a ultrapassar o não há nada a fazer; 
- Abordagem interdisciplinar e multidisciplinar. 
- Sendo que os cuidados paliativos têm como principal objectivo a resposta adequada às necessidades 
dos doentes, é importante conhecê-las. 
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Vários trabalhos abordam esta temática nomeadamente os de Singer e Steinnhauser (4,5). Em ambos os trabalhos 
o principal factor na Qualidade de vida dos doentes terminais é o controle adequado da dor e outros sintomas. 
Na doença avançada os sintomas: 
- Têm múltiplas dimensões (física, emocional, social e espiritual); 
- São frequentes e múltiplos (ver Quadro); 
- Têm causas multifactoriais; 
- Têm carácter evolutivo, geralmente com aumento da intensidade à medida que a doença progride. 
 
 
PRINCÍPIOS GERAIS DO CONTROLO DOS SINTOMAS 
Os princípios gerais do controlo dos sintomas são os seguintes (1,2): 
- Avaliar antes de tratar. Determinar a causa e o mecanismo fisiopatológico. Avaliar o impacto emocional 
e físico do sintoma, a sua intensidade e os factores que o condicionam; 
- Explicar as causas dos sintomas e o tratamento de forma acessível ao doente e familiares; 
- Perguntar, observar e antecipar, não esperar que o doente se queixe; 
- Adoptar uma estratégia terapêutica mista farmacológica e não farmacológica. Devem fixar-se prazos 
para o cumprimento de objectivos terapêuticos e adoptar uma estratégia de prevenção dos sintomas 
que possam vir a surgir (deixar prescrita terapêutica em SOS); 
- Monitorizar os sintomas utilizando escalas de pontuação ou escalas analógicas e registos adequados 
como o esquema corporal da dor, tabelas de frequência de sintomas, diários da dor ou de outros 
sintomas. Uma das escalas mais utilizadas é a Escala Numérica, pedindo ao doente que pontue os 
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sintomas de 0 a 10(máximo), como acontece na ESAS (Edmonton Symptom Assessment System) (ver 
Quadro). 
- Reavaliar regularmente as medidas terapêuticas, estabelecendo objectivos realistas com o doente. 
Devem estabelecer-se prioridades de acordo com os sintomas que mais incomodam o doente; 
- Cuidar dos detalhes, para optimizar o grau de controlo dos sintomas e minimizar os efeitos secundários 
da terapêutica. Deve incluir pormenores que diminuam a sensação de abandono por parte do doente e 
que promovam a sua dignidade e qualidade de vida. 
É essencial que toda a equipa de cuidados discuta e assuma os objectivos terapêuticos, nomeadamente naqueles 
sintomas que mais impacto têm sobre o doente. Os profissionais de enfermagem, pela sua maior proximidade do 
doente, têm um papel fundamental na monitorização dos sintomas. 
 
REFERÊNCIAS 
- Barbosa A, Neto IG, ed. Manual de Cuidados Paliativos. Faculdade de Medicina de Lisboa 2006. 
- Twycross R. Cuidados Paliativos. 2ª ed. Lisboa: Climepsi;2003. 
- Porta J, Gomez-Baptista X, Tuca A. Control de sintomas em pacientes com cáncer avanzado y terminal. Madrid: Aran 
ediciones;2004. 
- Singer Pa, Martin DK, Kelner M. Quality end of life care: patients`perspectives. JAMA 1999;281:163-168 
- Steinhauser KE et al. Factors considered important at the end of life by patients, family, physicians and others care 
providers. JAMA 2000;284:2476-2482. 
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A DOR 
Objectivos Gerais 
Compreender as múltiplas dimensões da dor e compreender traves mestras do plano terapêutico. 
Objectivos Específicos: 
- Relembrar a importância da dor (5º sinal vital); 
- Compreender a metodologia empregue no diagnóstico da dor; 
- Relembrar regras básicas na analgesia de acordo com a escala da OMS. 
INTRODUÇÃO 
Ao longo da evolução do homem, a dor esteve sempre envolta numa aura de misticismo. Ao longo dos anos, o 
homem tem utilizado todos os recursos imagináveis para evitar a dor e em último caso, minimiza-la. Nomes como 
Galeno, Da Vinci, Vesálio, Descartes, Darwin tentaram investigar esta sensação mas sem sucesso. Hoje temos noção 
do que é a dor, dos mecanismos que a provocam, mas não conseguimos ainda destrinçar a sua subjectividade. 
Em 1974 foi criada a International Association for the Study of Pain (ISSP) que surgiu da necessidade, de uma 
definição de dor e dos termos com ela relacionados, de modo a diminuir a confusão existente a nível internacional. 
Foi formada uma comissão composta por vários profissionais de saúde que 1979 apresentou o resultado do seu 
trabalho, tendo sido submetido à Organização Mundial de Saúde, onde se definia que a dor é uma “ experiência 
sensitiva e emocional desagradável associada ou relacionada a lesão real ou potencial dos tecidos. Cada indivíduo 
aprende a utilizar esse termo através das suas experiências anteriores” 
Esta definição diz-nos que a dor é uma experiência individual, influenciada por vários aspectos, nomeadamente 
fisiológicos, sensoriais, afectivos, cognitivos, comportamentais e sócio-culturais. Tudo isto transforma a dor num 
fenómeno multidimensional. 
AVALIAÇÃO DA DOR 
Por a dor ser uma experiência que engloba várias esferas de acção torna-se complexo realizar a sua avaliação. 
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A dor é constituída por quatro dimensões: 
- A descrição da dor, em que o doente localiza a dor, fala da sua intensidade, dos factores que aumentam 
ou diminuem a dor, da duração desta e se irradia ou não; 
- Os mecanismos que provocam a dor podem ser de origem patológica (lesão a nível dos nervos ou 
tecidos) ou funcional (cólica, cãibra); 
- A causa pode ser das mais variadas etiologias, nomeadamente oncológica, devido a tratamentos, 
doença crónica, úlceras; 
- Finalmente temos os factores não físicos como seja os factores culturais, sociais, psicológicos e 
espirituais. 
É essencial que toda a informaçãodada pelo doente não seja minimizada. A descrição do utente deve ser a 
principal forma de avaliação. Em doentes inconscientes o profissional de saúde deve recorrer a uma observação 
cuidadosa e estar desperto para identificar indícios de dor tais como choro, gemido, modificações visuais, 
alterações dos sinais vitais (taquicardia, hipertensão), sudorese, dilatação das pupilas, tremor, alterações 
momentâneas da fisionomia, entre outros. 
Existem vários instrumentos que permitem medir a dor. Estes podem abordar apenas uma única dimensão da dor - 
instrumentos unidimensionais ou podem ser instrumentos multidimensionais que tentam encerrar vários aspectos, 
sendo supostamente mais abrangentes e retratando melhor a dor. 
MEDIDAS DA INTENSIDADE DA DOR (UNIDIMENSIONAIS) 
Existem actualmente várias medidas de intensidade da dor nomeadamente as entrevistas, diários da dor, testes 
psicológicos e as escalas da dor. Tendo em consideração a nossa realidade iremos abordar as escalas. Existem 
várias e antes de optar por uma é necessário ter em atenção vários factores: nível de consciência do doente, a 
idade, o nível de literacia. 
ESCALA NUMÉRICA 
 
Este instrumento consiste numa régua dividida em 11 partes iguais, numeradas 
de 0 a 10. O doente deve definir a sua dor num valor tendo em consideração que 
0 significa não ter dor e 10 é a pior dor possível. Esta escala pode ser também 
utilizada de 0 a 100, aumentando a sua sensibilidade. 
Figura 1 Escala Numérica 
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ESCALA QUALITATIVA 
 
Na escala qualitativa é pedido ao doente que quantifique a sua dor utilizando os 
termos acima. Por ter um número limitado de classes a sua sensibilidade é 
diminuída. 
 ESCALA VISUAL ANALÓGICA 
 
A escala visual analógica consiste numa linha de 10 centímetros de 
comprimento onde numa extremidade esta gravado o termo sem dor e na 
outra a nomenclatura “pior dor possível”. O doente deve fazer um traço 
ou uma cruz perpendicular à linha. Posteriormente o profissional de saúde deve medir a distância entre o início da 
linha e a cruz dando assim um valor à dor do doente. 
Existem autores que referem que doentes com dor lombar tendem a ver a linha como a sua coluna, quando esta é 
colocada na vertical, e colocam o traço no local da sua dor. Apesar deste aspecto há uma crescente evidência da 
validade desta escala e sua fidedignidade. 
ESCALA DAS FACES 
 
Nesta escala o doente deve classificar a intensidade da dor de acordo com a face 
desenhada, tendo em atenção que a face de felicidade corresponde a não ter dor 
e a face de máxima tristeza corresponde à maior dor. Esta escala pode ser 
extrapolada para uma escala numérica, sendo que a primeira face corresponde a 0 e a ultima a 10. 
Nesta escala mede-se primeiro a intensidade da dor e em menor dimensão os componentes afectivos. Esta escala 
originalmente possuía faces com 2 cm mas foi aumentada para 4 cm para poder ser utilizada em doentes idosos. 
Possui boa fiabilidade e pode ser utilizada em doentes com demência leve e moderada. Tem ainda a vantagem de 
poder ser utilizada em doentes analfabetos e em crianças a partir dos três anos. 
Figura 1 Escala qualitativa 
Figura 2 Escala Visual Analógica 
Figura 3 Escala de Faces 
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MEDIDAS DAS MÚLTIPLAS DIMENSÕES DA DOR 
DESENHO DA LOCALIZAÇÃO DA DOR 
O doente dá-nos uma localização do local onde sente dor e como esta se distribui. 
 
 
 
QUESTIONÁRIO DE DOR DE MCGILL 
O questionário de dor de McGill, é provavelmente o método multidimensional mais conhecido. Este avalia a dor 
nas dimensões afectiva, sensorial e avaliativa e baseia-se nas palavras que os doentes seleccionam para descrever a 
sua dor. Neste questionário são registados a localização da dor, a sua intensidade e o seu comportamento através 
de 3 partes: índice de avaliação da dor, uma escala de descrição verbal e intensidade da dor presente. Este 
instrumento é muito fiável mas complexo e necessita de muito tempo para ser aplicado em doentes com idade 
avançada. 
Uma das suas limitações é que não dá dados quantitativos sobre a dor mas é válido para medir a gravidade da dor. 
Figura 4 Escala de Faces 
Figura 5 – Localização da dor 
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CONCLUSÃO 
Chegado ao fim deste trabalho pode-se concluir que não existe nenhum instrumento de mensuração da dor que 
seja totalmente fiável. Assim sendo, resta optar por aquele que melhor se adequa à nossa realidade. 
 Os instrumentos multidimensionais são impossíveis de utilizar numa base diária, uma vez que a sua aplicação 
demora bastante tempo. 
Ficamos então com os instrumentos unidimensionais, nos quais nos concentramos nas escalas. Todas as escalas 
têm vantagens e desvantagens. 
Figura 6 – Questionário de dor de Mcgill 
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Como a nossa população é bastante envelhecida, com níveis de literacia baixos consideramos que a escala das 
faces, será a mais viável. Tem como grande vantagem poder ser transformada, a nível de registo, em escala 
numérica. 
BIBLIOGRAFIA 
- Barbosa, A; Neto, I.G. – Manual de cuidados Paliativos. Faculdade Medicina Lisboa, 2006 
- Circular normativa nº 9 DGCG de 14/6/2003 – Direcção Geral de Saúde 
- Sousa, F.F.; Silva, J.A.- A métrica da dor: problemas teóricos e metodológicos. Revista DOR, 6, 2005 
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RECOMENDAÇÕES PARA O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA DOR 
 
Núcleo de Cuidados 
Paliativos da APMCG 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recomendações 
para o Tratamento 
Farmacológico da 
Dor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Março de 2007 
 
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1. Avaliar a dor 
 
- Qualidade 
- Factores temporais 
- Irradiação 
- Localização 
- Factores de agravamento e de alívio 
- Impacto no sono, na função e na qualidade de vida 
- Necessidade de doses de resgate para a dor irruptiva 
- Intensidade (0-10) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Escalas de avaliação da dor. 
 
- Tipo de dor 
 
Tipo de dor Subtipos Características Exemplos Tratamento 
 
Nociceptiva Somática constante, osteoartrose grave, AINE + Opióide 
 intermitente, em fracturas/metástases 
 moinha ou ósseas, infiltração dos 
 moedeira; tecidos moles 
 bem localizada 
 
 Visceral constante, que metástases intra- AINE + Opióide 
 aperta; abdominais, metástases 
 precariamente hepáticas, cancro no 
 localizada; pode ser pâncreas 
 referida 
 
 cólicas obstrução intestinal, Opióide + Anti- 
 cólica renal colinérgico ou AINE 
 
Neuropática Disestésica/ ardor constante radiculopatia por Opióide + 
 desaferenciação hiperalgesia ou compressão discal, Antidepressivo 
 alodínias, neuropatia diabética, tricíclico e/ou 
 ocasionalmente nevralgia pós-herpética, Anticonvulsivante 
 radiante neuropatia pós QT ou 
 RT 
 
 Lancinante Dor lancinante invasão do plexo Opióide+ 
 episódica. braquial ou do nervo Anticonvulsivante 
 Paroxismos tipo trigémio e/ou Antidepressivo 
 choque. tricíclico 
 
 
Tabela 1. Adaptado de: Pereira JL (2006). Gestão da dor oncológica. In Barbosa A, Neto I (ed.)Manual de Cuidados 
Paliativos,pp. 61-113. Lisboa: Núcleo de Cuidados Paliativos/ Centro de Bioética da Faculdade de Medicina da 
Universidade de Lisboa. 
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2. Antes de iniciar a terapêutica 
 
Regras gerais para o tratamento da dor 
 
- evitar a demora 
- pela boca: usar a via oral sempre que possível 
- pelo relógio: horário regular e não apenas doses em SOS 
- para o indivíduo: de acordo com as necessidades específicas de cada doente 
- prescrever doses extra para a dor irruptiva 
- abordagem de outros problemas: físicos, psicológicos, espirituais e sociais 
- pela escada: seguir a escada analgésica da OMS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
, bloqueios anestésicos 
 
 
 
 
Figura 2. Adaptado de: Pereira JL (2006). Gestão da dor oncológica. In Barbosa A, Neto I (ed.) Manual de Cuidados 
Paliativos, pp. 61-113. Lisboa: Núcleo de Cuidados Paliativos/ Centro de Bioética da Faculdade de Medicina da 
Universidade de Lisboa. 
 
Regras gerais para a utilização de opióides 
 
- abordar os receios e mitos (adicção, efeitos colaterais, perda de efeito, encurtam 
a vida, segurança) 
- começar com doses baixas e titular; os opióides utilizados nas doses 
apropriadas e titulados progressivamente raramente provocam depressão 
respiratória (atenção se a frequência respiratória for inferior a 10 ciclos/min.) 
- iniciar com opióides de libertação normal até ao controlo da dor 
- usar opióides de libertação retardada quando a dor estiver controlada 
- prevenir efeitos colaterais (náuseas e obstipação) 
- usar um tipo de opióide de cada vez (excepto com os transdérmicos) 
- ponderar o uso de adjuvantes 
- avaliar regularmente, cada dia, até ao controlo da dor 
 
Ensino do doente e família 
 
- Fornecer ao doente esquemas terapêuticos escritos contendo nome dos 
fármacos, dose, indicação, frequência das tomas e contacto do médico. 
- Explicar que as náuseas, sonolência e confusão iniciais são transitórios. 
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3. INÍCIO DA PRESCRIÇÃO COM OPIÓIDES FRACOS (2º degrau OMS) 
 
Tramadol 
 
Se o doente estava a fazer anteriormente um analgésico não opióide, poderá 
começar com: 
 
- tramadol de libertação normal 25 mg de 6/6h (1/2 cp LN Travex rapid® ou solução 
oral 10gotas=25 mg ou 2 bombadas de dispositivo doseador Tramal® =25 mg) ou 
 
- 1 comprimido de tramadol de libertação prolongada de 50 mg de 12/12 horas. 
 
Nota: 50 mg tramadol oral =10 mg morfina oral 
 
A dose de resgate (SOS) deverá ser prescrita em formulação de libertação normal 
iniciando com 25 a 50 mg podendo ser repetida passado uma hora e ajustando 
conforme o controlo da dor. 
Prevenir os efeitos colaterais como descrito para os opióides fortes adiante mencionados. 
 
A titulação é feita aumentando a dose em 25 a 50% cada 48h, se o doente 
necessita de mais de 2-3 doses de resgate por dia. 
A dose máxima recomendada é 400 mg por dia. 
 
Codeína e di-hidrocodeína 
 
A codeína existe em formulação de cáps., xarope (anti-tússico) ou comp. 
associada ao paracetamol e pode ser usada na dose de 30 a 60 mg de 6/6h a 4/4h 
até ao máximo de 240 mg/dia. 
A di-hidrocodeína existe em formulação de cp de libertação prolongada e pode ser 
usada na dose de 60 a 120 mg de 12/12h até ao máximo de 240 mg/dia. 
Prevenir os efeitos colaterais como descrito para os opióides fortes adiante mencionados. 
 
 
4. PRESCRIÇÃO DE OPIÓIDES FORTES (3º degrau OMS) 
 
a) INICIO COM MORFINA DE LIBERTAÇÃO NORMAL 
 
Para um rápido controlo da dor, recomenda-se o recurso a morfina com 4h de 
semi-vida (Sevredol®) de acordo com o fluxograma seguinte: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Dor moderada a severa não controlada 
 
 
 
Medicação prévia 
com opióides fracos 
do degrau 2? 
 
S 
 
Idoso, caquexia, 
insuficiência 
renal
‡
 ou DPOC? 
 
 
 
 
 
 
N 
 
Iniciar morfina oral 5 mg de 4-
4h
*
 mais 5 mg em SOS cada 1h
δ
 
 
S 
 
N 
 
Iniciar morfina oral 10 mg de 4-4h
*
 mais 10 mg em SOS cada 1h
δ
 
 
 
 
Prevenir os efeitos colaterais: 
-Vómitos: p.e. 10-20 mg metoclopramida ou domperidona 6-6h mais 10 mg SOS, 4-
5 dias ou 2 a 3 mg haloperidol à noite 3 a 5 dias 
-Obstipação: laxante osmótico e/ou estimulante, diário p.e. lactulose 15 a 30 ml, 1 a 3 x dia 
e/ou bisacodil 5 a 10 mg, 1 a 3 x dia, ou sene 2 comp ao deitar, enquanto utilizar opióide 
 
 
 
Reavaliar em 24-48h: -
dose total diária usada 
-efeitos colaterais 
-características e etiologia da dor 
 
 
Dor controlada? 
 
N S 
Aumentar 50% 
§
 cada 
24h Ponderar adjuvantes 
 
Calcular a dose total diária (DTD) e dar 
metade como morfina de libertação 
retardada de 12-12h mais 1/6 DTD em SOS 
como morfina de libertação normal 
 
Reavaliar periodicamente 
 
Figura 3. Início do tratamento com morfina de libertação normal. 
 
‡ - Em caso de insuficiência renal o intervalo recomendado é 6-6h ou 8-8h. Evitar 
morfina de libertação retardada. 
 
*- Para evitar que o doente acorde a meio da noite, a dose de libertação normal administrada à 
meia- noite pode ser duplicada. 
 
§- Se dor grave profundamente descontrolada podem justificar-se aumentos de dose de 
100% 
 
δ- Dose de resgate: em caso de dor irruptiva ou antes de realizar movimentos que 
agravem a dor deve prescrever-se morfina de libertação normal equivalente a 1/6 da 
dose total diária. Esta dose extra pode ser repetida de hora em hora até ao alívio da 
dor. 
 
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b) INICIO COM MORFINA DE LIBERTAÇÃO RETARDADA 
 
Com os comprimidos de acção retardada o controlo da dor pode fazer-se 
em 48 a 72 horas. Útil para doentes com dificuldade na adesão 
terapêutica a múltiplas tomas. 
Se anteriormente o doente estava a fazer um analgésico não opióide, 
poderá começar com 1 comprimido de morfina retard de 10 mg de 12/ 12 
horas. Prevenir os efeitos colaterais como descrito anteriormente no 
fluxograma. 
Se o doente estava medicado com um opióide fraco, inicia com morfina 
retard de 20-30 mg de 12/12 horas (consultar tabela de doses 
equianalgésicas). 
A titulação é feita aumentando a dose em 25 a 50% cada 48h, se o 
doente necessita de mais de 2-3 doses de resgate por dia. Sem dose 
máxima, apenas limitada pela tolerância aos efeitos colaterais 
individual. 
A dose de resgate (SOS) a prescrever é calculada conforme descrito 
anteriormente (1/6 da dose total diária). 
 
 
5. CONVERSÃO ENTRE OPIÓIDES 
 
Em todas as conversões entre opióides existe incerteza. É mais seguro 
errar por defeito assegurando que são disponibilizadas doses de resgate 
para a dor irruptiva. 
 
Princípio activo Via 
Doses equianalgésicas 
diárias 
 
Codeína, mg oral 120-240 
 
Tramadol, mg oral 100-150 300 400 
 
Morfina, mg oral 10-30 60 80 120 180 240 360 
 
Buprenorfina, µg/h TD 35 52,5 70 140 
 
Fentanil, µg/h TD 25 50 75 100 
 
 
Tabela 2. Adaptado: Watson M, Lucas C, Hoy A, Back I. Oxford Handbook of Palliative Care. Oxford 
University Press 2005. 
 
 
 
6. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE OPIÓIDES ALTERNATIVAS 
 
A via transdérmica é uma alternativa se o doente não consegue 
engolir. Pelo seu lento início de acção não estão indicados no rápido 
controle da dor. 
São úteis em doentes relutantes a tomar morfina, com má adesão à 
terapêutica ou com efeitos colaterais da morfina significativos. 
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7. FACTORES DE CONVERSÃO 
 
Se for necessário alterar o opióide ou a via de administração do 
mesmo poderão ser utilizados os seguintes factores de conversão, 
devendo sempre ser ajustada a dose individualmente. 
 
Fármacos 
Regra 
 
De…. Para… 
 
 
 
Codeína oral Morfina oral dividir por 10 
 
Tramadol oral Morfina oral dividir por 5 
 
Tramadol parentérico Morfina parentérica dividir por 10 
 
Tramadol oral Buprenorfina TD dividir por 5 
 
Morfina oral Morfina subcutânea dividir por 2 
 
Morfina oral Morfina endovenosa dividir por 3 
 
Morfina oral Fentanil TD 
dividir por 3 (dose de Fentanil 
inferior) 
 
Buprenorfina TD Fentanil TD dividir por 2 
 
Dose de resgate de morfina oral em doentes a fazer Fentanil TD dividir dose de Fentanil (µg/h) por 2 
 
 
Tabela 3. Factores de conversão de opióides. 
 
 
 
8. Redução e cessação da terapêutica opióide 
 
a) Se surgir intolerância aos efeitos colaterais do opióide e a dor 
estiver controlada, reduzir a dose em 50% cada 2 dias ou utilizar 
outro opióide em dose equivalente. 
 
b) Suspensão da morfina ou outro opióide (p.ex. dor 
controlada após radioterapia). 
 
- passar para ¼ da dose e manter 2 dias 
- reduzir 50% cada 2 dias até atingir a dose equivalente a 10 a 15 mg/dia 
- suspender ao fim de 2 dias 
 
 
 
 
 
 
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9. Adjuvantes 
 
Os adjuvantes podem ser úteis usados com opióides ou isoladamente conforme 
descrito na tabela 1. 
 
AINEs 
 
Os AINEs são úteis isoladamente (dor ligeira) ou como adjuvantes no 
tratamento da dor nocicetiva somática e visceral. 
 
É preferível usar AINEs de semi-vida curta e começar pelas doses mais 
baixas recomendadas aumentando-as cada 2-3 dias. Atingindo a dose 
máxima sem sucesso o tratamento deve ser suspenso. 
 
O diclofenac e o tenoxicam podem ser administrados por via subcutânea. 
 
Princípio activo Posologia Dose máxima 
 
Ibuprofeno 400 mg a 800mg 8/8h 2400 mg/dia 
 
Naproxeno 500 mg 12/12h a 8/8h 1500 mg/dia 
 
Diclofenac 50 mg 12/12h a 8/8h 150 mg/dia 
 75 mg 12/12h 
 
Celecoxib 100 a 200mg 12/12h ou 24/24h 400 mg/dia 
 
Tenoxicam 20mg 24/24h 20mg/dia 
 
 
Tabela 4. Exemplos de anti-inflamatórios não esteróides. 
 
CORTICÓIDES 
 
No tratamento da dor por compressão nervosa ou distensão da cápsula hepática 
a dose de corticóides varia entre os 4 e 8 mg/dia de dexametasona. Na 
hipertensão intracraneana a dose indicada é de 12 a 16 mg/dia. 
 
A dexametasona é de todos o que tem menor efeito mineralocortocóide. A dose 
inicial costuma ser alta (ex. 8 mg de dexametasona actuam em 1-3 dias) e depois 
reduz-se até à dose mínima eficaz. Se não forem eficazes em 5 dias ponderar a 
sua suspensão. 
 
O quadro seguinte apresenta as doses equipotentes dos corticóides. 
 
Corticóide Apresentações Dose (mg) 
 
Deflazacort Rosilan® comp 6 e 30 mg e sol. oral 22,75 mg/ml (1 gota = 1mg) 6 
 
Prednisolona Lepicortinolo® comp. 5 e 20 mg 5 
 
Metilprednisolona Medrol® comp. 4 e 16 mg 4 
 
Dexametasona Decadron® comp 0,5 mg 
*
 0,75 
 Oradexon® sol. injectável 4 mg/ml (pode ser dado por via oral ou SC)** 
 
Betametasona Celestone® comp 0,5 mg e sol. oral 0,5 mg/ml (30 gotas=1ml=0,5mg) 0,75 
 
 
Tabela 5. Doses equipotentes de corticosteróides. 
*- Temporariamente fora de comercialização à data de elaboração 
das recomendações **- Disponível apenas em farmácias 
hospitalares 
 
ANTIDEPRESSIVOS E ANTICONVULSIVANTES 
 
Devem ser titulados até obter o efeito ou atingir a dose máxima tolerada. Um 
teste adequado duraria 3-6 semanas com pelo menos 1-2 semanas na dose 
máxima tolerada. 
Classicamente os antidepressivos tricíclicos são usados como 1ª linha na dor 
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Princípio activo Dose Apresentações 
 
Carbamazepina Iniciar 100mg de 12-12h, aumentar 200 mg cada semana Tegretol® comp 200 mg, 400mg 
 Dose de manutenção: 400-600 mg 12-12h Tegretol® xarope 100mg/5ml 
 Reduzir em idosos ou insuf. renal. 
 Monitorizar leucograma e função hepática. 
 
Valproato de 200mg de 12-12 horas, aumentar 200 mg/dia cada 3 dias. Depakine®/Diplexil® comp 150, 
sódio Dose de manutenção: 500-1000mg 12-12h 200, 250, 300 mg, 500 mg 
 Dose máxima: 2500mg/dia Depakine®/Diplexil® xarope 
 40mg/ml e 200mg/ml 
 
Gabapentina Iniciar 300 mg/dia ao deitar; 2º dia 300 mg 12-12h; 3º dia Neurontin® 100mg, 300mg, 
 300 mg 8-8h. Aumentar 300 mg cada 2 a 3 dias até à dose 400mg, 600mg, 800mg 
 de 1800 mg/dia. 
 Reduzir em idosos ou insuf. renal 
 
Pregabalina Iniciar 75mg 12/12h. Aumentar após 3 dias para 150mg Lyrica® cápsulas 25, 50, 75, 150, 
 12/12h. Aumentar após 7 dias para 300mg 12/12h. Dose 200, 300mg 
 máxima: 300mg/dia 
 Reduzir em idosos ou insuf. renal 
 
Amitriptilina Iniciar 10mg (idosos) a 25mg ao deitar. Titular cada 5 dias. Tryptizol®/ADT® comp. 10 e 25mg 
 Dose máxima 50 a 75 mg/dia, em 2 doses diárias ou em Tryptizol® comp 50 mg 
 toma única ao deitar 
 
Nortriptilina Iniciar 25mg ao deitar. Titular cada 5 dias. Norterol® comp 25mg e 50mg 
 Dose máxima: 100mg/dia (idosos 50mg) de 8-8h. 
 
Tabela 6. Anti-convulsivantes e anti-depressivos tricíclicos. 
 
RELAXANTES MUSCULARES 
 
Os relaxantes musculares podem ser úteis na dor associada a espasmos 
musculares. 
 
Princípio Dose Apresentações 
activo 
 
Baclofeno 5 -10mg de 8/8h Lioresal® comp 10mg e 25mg 
 Dose máxima 100mg/dia 
 
Clonazepam 
Início 1 mg à noite, 4 noites. Titular até à dose 
de 
Rivotril® comp. 0,5 e 2 mg e sol. oral 
2,5 
 manutenção de 2-4mg 12-12h mg/ml 
 
Tizanidina 
Inicio 2 mg à noite. Aumentar 2 mg cada 3 
dias. Sirdalud® comp 2 mg LN 
 
Dose máxima 36mg/dia dividido em 3 tomas 
(ou 2 Sirdalud® MR comp 6mg LP 
 tomas se comp LP) 
 
Ciclobenzaprin
a Início 10 mg 8-8h. Dose máxima 60 mg/dia. Flexiban® comp 10mg 
 
Diazepam Iniciar 5mg ao deitar Valium®, Bialzepam®, Metamidol® 
 Dose máxima 30mg/dia dividida em 3 tomas Unisedil® comp 5mg, 10mg 
 
Tabela 7. Relaxantes musculares. 
 
 
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10. Fármacos usados no tratamento da dor 
 
Princípio 
activo Dose Apresentações Observações 
 
Paracetamol 
1g 8/8h ou 6/6h. 
Dose máxima: 4g/dia. comp, xarope, sup, ampolas ev 
 
Codeína 
30 a 60 mg 6/6h a 
4/4h. Codipront® 30 mg cáps 
 
Dose máxima: 240 
mg/dia. Codipront® xarope 30mg/15ml 
 
Di-
hidrocodeína 
60 mg 12-12h. Dose 
máxima: 240 mg/dia. Didor continus® 60,90 e 120 mg cp LP* 
 
Paracetamol 
+ 8/8h ou 12/12h. 
Comp 30 mg codeína+500 mg paracetamol Dol-U-
Ron 
Primeira linha no tratamento 
da dor 
Codeína 
Dose máxima: 8 
comp ou 4 sup./dia 
(240mg Forte® cáps; Dafalgan Codeína® crónica por osteoartrose. 
 
codeína+4g 
paracetamol). 
sup 60 mg codeína+1 g paracetamol Dol-U-Ron 
Forte® 
Prevenir obstipação e 
náuseas. 
 
Metamizol 0.5-1gr 4-6h 575 mg cáps Nolotil® Útil na dor em cólica. 
 Dose máxima 4 g/dia. 500 mg e 1000 mg sup Nolotil® 
 Ampolas 2000 mg/5 ml Nolotil® 
 
Tramadol 
25 a 100mg 8/8h, 
6/6h 50 mg cáps LN Tramal® 
Útil na dor neuropática e 
nociceptiva. 
 
Dose máxima 400 
mg/dia. 50 mg comp orodispersíveis Travex Rapid® 
 Gotas orais 100 mg/ml (20 gotas=50 mg) Tramal® 
50 mg de tramadol oral =10 
mg morfina 
 Sistema doseador (1 bomb=12,5 mg) Tramal® oral. 
 Sup 100 mg Tramal® 
100 mg de tramadol sc=10 mg 
morfina 
 Ampolas, 100 mg/2ml Tramal® sc 
 12/12h 50 mg cáps LP Travex®Menos obstipante que a 
codeína e 
 
100 mg cáps LP Tramal retard®, Travex®, 
Nobligan® morfina . 
 
150 mg cáps LP Tramal retard®, Travex®, 
Nobligan® 
 
200 mg cáps LP Tramal retard®, Travex®, 
Nobligan® 
Sem efeito na pressão dos 
ductos 
 biliares e pancreáticos. 
 24/24h 150 mg cáps LP Travex Long® 
 200 mg cáps LP Travex Long® Precaução: 
 300 mg cáps LP Travex Long® 
epilepsia, insuficiência renal e 
hepática 
 400 mg cáps LP Travex Long® 
 
Insuf. Renal: 50 a 100 mg LN 
cada 12h. 
Paracetamol 
+ 
Dose máxima 2 comp 
de 6/6h. 
325mg paracetamol+37,5mg tramadol. Zaldiar® 
comp 
Tramadol 
 
 
 
 
 
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Princípio Dose Apresentações Observações 
activo 
 
Morfina, 10 mg/1ml 
Morfina® solução 
injectável Braun Usar diluída (ex. uma amp em 9 ml SF) 
cloridrato Reduzir para ½ da dose oral. 
 
Morfina, 10 mg e 20 mg, 4/4h 
Comp. LN Sevredol® 
(podem ser Prescrever sempre laxantes. 
sulfato 
fraccionados e/ou 
moídos) Prescrever anti-emético pelo menos 5 dias. 
 
Evitar conduzir pelo menos 5 dias devido à 
sonolência. 
 
10, 30, 60, 100 mg, 
12/12h 
Comp. LP MST1®, 
MST3®, MST6®, Aumentar 25% a 50% cada dia até controlo. 
 MST10® 
Sem dose máxima (limitada pelos efeitos 
colaterais). 
 
(não podem ser 
fraccionados nem 
moídos) Insuf. Renal e hepática grave: 6-6h ou 8-8h. 
 
Cáps. LP Skenan® 
(podem ser abertas e Iniciar com doses baixas e titular. 
 
administradas por 
sonda naso-
gástrica)
*
 Mesmas doses por via rectal. 
Buprenorfina 
35µg/h; 52,5 µg/h e 70 
µg/h, de 
Sistema 
transdérmico 
Iniciar com 35 µg/h ou menos (os pensos podem 
ser cortados); 
TD 
96/96h (esquema na 
embalagem) Podem ser usados com outros opióides. 
 
Menos obstipante. Sem depressão respiratória 
nas doses 
 
Dose máxima 
recomendada 140 recomendadas. 
 µg/h. Insuf. Renal: Sem necessidade de ajuste. 
 
Insuf. Hepática: Ajuste se insuf. hepática grave 
com alterações da 
 coagulação. 
 
Buprenorfina 
Início 0,1 a 0,2 mg 
8/8h (sem 
0,2 mg comprimido 
sublingual, Buprex® 
Dose de resgate: iniciar com 0,1-0,2 SOS cada 
hora e titular até à 
SL adesivos) 
0,4 mg comprimido 
sublingual, Subutex® 
dose eficaz; Se mais de 3 SOS/dia aumentar a 
dose do penso TD. 
 Não ingerir os comprimidos. 
 
Dose máxima 
recomendada 3 
 mg/dia 
 
Fentanil TD 
25,50,75 e 100µg/h, 
de 72/72h 
sistema 
transdérmico 
Durogesic® Os pensos podem ser cortados. 
 Podem ser usados com outros opióides. 
 Insuf. Renal: reduzir 50% a75% 
 
Fentanil TM 
200 µg SOS . 
Friccionar durante 15 
sistema 
transmucoso oral 
Actiq® - só existe 
Dose de resgate: iniciar com 200 µg cada 15 a 20 
minutos e titular até 
 
minutos na mucosa 
oral. a nível hospitalar 
à dose eficaz. Se mais de 3 SOS/dia aumentar a 
dose do penso TD. 
 
Útil na dor irruptiva em utilizador de Fentanil 
transdérmico com 
 incapacidade para deglutir. 
 
 
 
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11. Bibliografia recomendada 
 
Direcção-geral da Saúde. Circular Normativa nº9/DGCG de 14/6/2003 A dor como 5º 
sinal vital. Lisboa. 2003. 
 
Gonçalves F. Controlo de sintomas no cancro avançado. Lisboa, Fundação 
Calouste Gulbenkian; 2002. 
 
Melo G. Guia de orientação geral de abordagem da dor crónica em cuidados paliativos. 
http://br.groups.yahoo.com/group/MGF_XXI/files/Documentos%20MGF/ (acedido em Abril 2006) 
 
Neto IG. Protocolo de tratamento da dor crónica oncológica da Unidade de 
Cuidados Paliativos do Hospital da Luz. Março de 2007 
 
Pereira JL (2006). Gestão da dor oncológica. In: Barbosa A, Neto I (ed.) Manual de 
Cuidados Paliativos, pp. 61-113. Lisboa: Núcleo de Cuidados Paliativos/ Centro de 
Bioética da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. 
 
Infarmed. Prontuário Terapêutico. http://www.infarmed.pt/prontuario/index.php (acedido em Março 
de 2007). 
 
Twycross R. Cuidados paliativos. Climepsi. 2003. 
 
Twycross R, Wilcock A, Charlesworth S Dickman A. Palliative drugs. 
http://www.palliativedrugs.com. (acedido em Março de 2007). 
 
Watson M, Lucas C, Hoy A, Back I. Oxford Handbook of Palliative Care. Oxford 
University Press, 2005. 
 
 
Agradecimentos 
 
O Núcleo de Cuidados Paliativos da APMCG agradece a colaboração e patrocínio 
científico da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos. 
 
 
Colaboraram na elaboração e revisão das recomendações: 
 
Dr.ª Edna Gonçalves 
Dr. Gonçalo Melo 
Dr.ª Isabel Costa 
Dr.ª Isabel Galriça Neto
 
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CUIDADOS PALIATIVOS NÃO-
ONCOLÓGICOS 
Objectivos Gerais 
Reconhecer a aplicabilidade da metodologia utilizada em Cuidados Paliativos na doença crónica não-
oncológica. 
Objectivos Específicos 
- Comparar a complexidade sintomática entre doentes oncológicos e não-oncológicos; 
- Reconhecer os aspectos dos cuidados médicos mais importantes para doentes familiares; 
- Compreender as dificuldades da prognosticação não-oncológica. 
INTRODUÇÃO 
A ideia de que os Cuidados Paliativos são dirigidos à doença oncológica maligna constituiu uma noção antiquada. 
Actualmente os princípios de equidade e justiça em Saúde impõem que todos os doentes considerados complexos 
(independentemente do diagnóstico) possam usufruir de uma equipa capaz de adaptar a sua metodologia às 
necessidades do utente. A atenção está, portanto, a voltar-se para desenvolvimento de serviços que respondam de 
forma estruturada à necessidades de controlo sintomático e de apoio psico-social de doentes com patologia não-
oncológica e respectivas famílias. 
Três grandes grupos de entraves têm estado na génese da não aplicação transversal da metodologia centrada no 
doente não-maligno: 
1. Desconhecimento da complexidade sintomática inerente; 
2. Dificuldade no estabelecimento de um prognóstico e mentalidade médica centrada no prognóstico; 
3. Falta de formação médica nos princípios farmacológicos (e não farmacológico), com interferência de 
mitos. 
Este texto visa sintetizar as principais noções da literatura contemporânea inerente a esta problemática. 
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A COMPLEXIDADE SINTOMÁTICA 
Actualmente, 90% da população apresenta uma morte não-súbita (isto é, têm um percurso terminal mais ou menos 
lento) e 25% morre de cancro (ou seja, por cada doente que morre de cancro, 3 morrem de patologia não 
maligna)
1,2
. Estes dados sugerem a magnitude epidemiológica do problema dos doentes terminais não-oncológicos; 
outros estudos garantem que doentes não-oncológicos apresentam o mesmo leque de sintomas que doentes com 
cancro, com intensidade que pode ser similar mas que se tendem a prolongar mais ao longo da sua trajectória de 
doença
1
. Existe ainda evidência clara de que doentes com patologia não-maligna avançada apresentam 
necessidades não satisfeitas ao longo do seu percurso
3
. 
Daí que as normas para provisão de Serviços Paliativos australianos
4
 advoga que se disponibilize meios técnicos e 
humanos que enquadre a necessidade de referenciação de cerca de 50% de doentes que se espera que morram 
por doença não-maligna, consultoria a 30% destes e cuidados sob responsabilidade directa de 10%. 
Um pequeno grupo de trabalhos retrospectivos e metanálises têm sido publicados nos últimos 10 anos, 
caracterizando os sintomas deste grupo de doentes, fornecendo ponto comparativo com doentes com cancro. A 
principal limitação na interpretação

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