Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE GAMA FILHO DANUSA REGINA ALVES DA SILVA TREINAMENTO FUNCIONAL: QUALIDADE DE VIDA PARA POPULAÇÃO IDOSA Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Faculdade de Educação da Universidade Gama Filho como requisito do Curso de Pós-graduação lato sensu Treinamento Funcional. Orientadores: Professor MS. Alexandre Evangelista e Professor Esp. Alexandre Correa Rocha SÃO PAULO 2012 RESUMO Este estudo investiga através de uma revisão literária o treinamento funcional como ferramenta para a qualidade de vida na população idosa. Com alto índice de estimativa de vida, aumentou-se o numero de indivíduos nesta faixa etária, e também a preocupação com a qualidade de vida neste período, eles necessitam de mais atenção e exercícios adaptados que respeitem as dificuldades e limitações dos indivíduos, voltados para as funções diárias e que sejam estimulantes, assim prevenido-os das quedas e riscos das doenças crônicas degenerativas. A qualidade de vida é aferida através do bem estar físico, cognitivo, psicológico, emocional e o relacionamento pessoal, sendo assim o fator principal para sua existência. O treinamento funcional é uma proposta de treinamento voltado para as funções do individuo, sendo trabalhados movimentos multiplanares e de diversas ações musculares (excêntrica, concêntrica e isométrica). O objetivo geral deste estudo e conhecer a proposta do treinamento funcional, sua aplicabilidade e eficácia para a população de idosos. Os objetivos específicos são: diminuir os riscos das doenças crônicas degenerativas, com isso reduzir o índice de quedas e melhorar da qualidade de vida. Os procedimentos utilizados nesta pesquisa e sua metodologia utilizada é a de revisão de literatura com caráter exploratório, os tópicos abordados são: idosos, envelhecimento, qualidade de vida, índice de quedas em idosos, treinamento funcional e doenças crônico degenerativa. Esta pesquisa concluiu que não adianta ter quantidade de vida, fator gerado cronologicamente, se não tivermos o qualitativo, ou seja, a qualidade de vida sendo assim vários estudos comprovam que o treinamento funcional é um método eficiente para qualidade de vida em idosos, e este método tem sido aconselhado por inúmeros autores. Nenhum dos estudos revisados se mostrou prejudicial aos idosos. Palavras-chave: Treinamento Funcional. Idoso. Qualidade de vida. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .........................................................................01. 1.1Objetivos ..................................................................................04. 1.2. Objetivo Geral .........................................................................04. 1.3. Objetivos Específicos .......................................................04. 1.4. Metodologia da Pesquisa .....................................................04. 2. TREINAMENTO FUNCIONAL .............................................05. 2.1 . Histórico do Treinamento Funcional ....................................05. 2.2 . Metodologia .........................................................................06. 3. QUALIDADE DE VIDA ......................................................08. 3.1 . Definição e Conceito de qualidade de vida ...........................08. 4. ENVELHECIMENTO ..............................................................09. 4.1 . Dados Epidemiológicos .......................................................09. 4.2 . Conseqüências do Envelhecimento ....................................10. 4.2.1 Doenças Crônicas degenerativas ....................................11. 4.2.2 Osteoporose e Sarcopenia .............................................11. 4.2.3 Índice de Quedas ............................................................12. 5. EFEITOS DO TREINAMENTO FUNCIONAL ..................14. 5.1. Treinamento Funcional e Índice de quedas ..................14. 5. 2. Treinamento Funcional e Idoso ....................................15. 5. 3. Treinamento Funcional e Qualidade de Vida ..................15. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................16. REFERÊNCIA .........................................................................17. 1. INTRODUÇÃO Considera-se idoso uma pessoa da terceira idade, sendo que em países desenvolvidos cronologicamente é classificado idoso, pessoas com mais de 65 anos e nos países em desenvolvimento maiores de 60 anos, classificação realizada pela Organização Mundial da Saúde. (GUIA DA PESSOA IDOSA, 2010) O envelhecimento no Brasil nos anos 60 era de 3 milhões, onde que passou em 1975 para 7 milhões e em 2002 para 14 milhões (um aumento de 500 % em 40 anos) com a tendência de em 2020 alcançará o número de 32 milhões de idosos. (CADERNO DE SAÚDE PÚBLICA, 2003) Segundo IBGE (2012), a estrutura etária brasileira em 2008, que para cada grupo de 100 crianças de 0 a 14 anos existem 24,7 idosos de 65 anos ou mais, e que em 2050 para cada 100 crianças de 0 a 14 anos existirão 172,7 idosos, e que também a expectativa de vida de um brasileiro ao nasce será em média 81 anos em 2050, devido os avanços da medicina e condições gerais de vida da população. Para SILVA (2005) a idade cronológica é uma classificação adotada frequentemente nas discussões sobre o envelhecimento, porém temos que considerar também as idades biológica, social e psicológica que não necessariamente são iguais a cronológica. E para que possamos compreender as variadas dimensões da velhice, devemos analisar a diferença entre as mesmas. De acordo com NÓBREGA (1999) nos aspectos da fisiologia, o envelhecimento causa um declínio progressivo em todos os processos fisiológicos. Entre estes processos estão às alterações no sistema músculo esquelético, onde que há uma redução de 30 e 40% da força máxima muscular em idosos com aproximadamente 60 anos, que indica uma perda de força de 6% por década dos 35 aos 50 anos de idade e, a partir daí, 10% por década. Redução também na massa óssea, sendo mais frequente em mulheres e quando se apresentam em níveis mais agudos, é caracterizada a osteoporose, que ocasionalmente tende a fraturas. Uma das causas mais frequentes do envelhecimento é a alteração natural da cartilagem articular que, juntamente com lesões, ocasionam no decorrer da vida diversas degenerações que acarretam a diminuição da função locomotora e da flexibilidade, com tendência de maior risco de lesões. Segundo OKUMA (1998) vários estudos evidenciaram que a degeneração provocada pelo envelhecimento é minimizada pela a prática de atividade física, ajudando o idoso manter uma qualidade de vida mais ativa. A prática de atividade física estimula várias funções essenciais do organismo, como a do aparelho locomotor, que é importante no desempenho das atividades diárias e pelo grau de independência e autonomia do idoso. Também responsável pelo tratamento e controle de doenças crônico-degenerativas (como diabetes, hipertensão, osteoporose). Para MICHAEL et., al. (2005) o treinamento funcional pode ser para um idoso desafiador e benéfico melhorando a sua mobilidade e o seu funcionamento físico. Os indivíduos idosos que realizaram o treinamento funcional obtiveram uma melhora significativa com relação às atividades realizadas no dia a dia (AVDs e AIVDs). (VIEIRA, 2009) De acordo com LEAL et., al. (2009) relacionando resultados de um grupo controle e um grupo de treinamento funcional, observou-se que o grupo de treinamento funcional apresentou melhores resultados em relação ao grupo controle, e de que o treinamento funcional melhora a qualidade de vida de idosos. Fatores principais que afetam a qualidade de vida dos idosos: condição de saúde, função física, energia e vitalidade, função cognitiva e emocional, satisfação de vida e sensação de bem-estar, funçãosexual e social, recreação e condição econômica. (SPIRDUSO, 2005) O envelhecimento ideal é o resultado do bem-estar psicológico que sofre interferências de diversos fatores como a de sistemas de apoio social, tipos de personalidade, características genéticas, sendo fatores positivos ou negativos, construído aspectos como a de otimismo, motivação, felicidade auto-estima, vigor, auto-eficácia e depressão. Sendo ela a principal causa de incapacidade ou de morte prematura entre adultos neste século. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE). Os motivos que levaram a escolher o Treinamento funcional objeto de estudo foram: 1) com o envelhecimento o idoso é acometido por diversas alterações no sistema musculoesquelético como consequência a redução da capacidade funcional ocasionando a dependência no seu dia a dia sendo agravante no tratamento de doenças crônico-degenerativas como a Osteoporose e Sarcopenia; 2) Altos índices de queda e fraturas em idosos; 3) Crescimento do envelhecimento e a busca da qualidade de vida neste período. 1.1. Objetivos 1.2. Objetivo Geral - Investigar e conhecer a proposta do Treinamento Funcional sua aplicabilidade e eficácia para a população idosa. 1.3. Objetivo Específico - Promover a qualidade de Vida - Diminuir o Índice de Quedas - Reduzir os riscos das Doenças Crônicas Degenerativas. 1.4. METODOLOGIA DA PESQUISA A metodologia utilizada é a de revisão de literatura com caráter exploratório, com investigação e análise do banco de dados Scielo, Revistas Eletrônicas, Livros Impressos, Pubmed, Google Acadêmico, Bibliotecas Eletrônicas, artigos da Organização Mundial da Saúde. Os tópicos abordados são: idosos, envelhecimento, qualidade de vida, índice de quedas em idosos, treinamento funcional e doenças crônicas degenerativa. 2. TREINAMENTO FUNCIONAL Segundo CHECK, (2007) o movimento funcional nasceu a partir do momento que se teve a necessidade da sobrevivência no mundo, sendo que cada uma das formas de vida diferentes antes do surgimento do hominídeo, evidenciando que todo e qualquer movimento que resulta na fuga de predadores, absorção e entrega de nutrientes e eliminação de resíduos, está sob o resultado da vontade de poder que trouxe todas as espécies. Concluindo que estes movimentos são movimentos funcionais, sendo o exercício da vida, assim, o exercício, verdadeiramente funcional. CAMPOS E NETO, (2004) o treinamento funcional é um programa de exercícios através da atividade física visa melhorar a capacidade funcional, preparando para as atividade do dia a dia, estimulando o corpo humano, em reabilitações de lesões músculo-esqueléticas e esportes. Treino - sm (der regressiva de treinar) 1 Ato ou efeito de treinar. 2. Exercício ou conjunto de exercícios praticados por um atleta ou conjunto de atletas como preparo físico ou com o fim de apurar suas habilidades (MICHAELIS, 2009) Funcional - adj. (lat. functione + al 3) 1 Relativo às funções vitais. 2. Em cuja execução ou fabricação si procura atender, os antes de tudo, à função. (MICHAELIS, 2009) 2.1. Histórico do Treinamento Funcional Para CAMPOS E NETO (2004) a origem do treinamento funcional foi em 1970, através das buscas de especialistas das ciências do exercício em melhorar o rendimento dos esportistas, descobriu-se os exercícios funcionais específicos para cada esporte. Muitos destes exercícios despertaram o desenvolvimento da propriocepção (coordenação intramuscular, articular e tendínea provocada pelo desequilíbrio), com isso melhora a capacidade funcional do dia a dia (caminhar, correr, subir escadas) e melhora do gesto motor do esporte. De acordo com EVANGELISTA E MONTEIRO, (2010) através dos profissionais da área de reabilitação e fisioterapeutas, foram os primeiros a utilizar exercícios que imitavam ações motoras que os pacientes faziam no seu dia a dia, durante a sessão, tendo em vista o mais rápido retorno a sua vida normal após uma cirurgia ou lesão, através disso nasceu o treinamento funcional. 2.2. Metodologia Segundo D’ELIA, 2005 o treinamento Funcional não visa somente músculos, mas através de movimentos multiplanares e multi-articulares e com participação da propriocepção, surgindo o conjunto dos segmentos corporais e entre qualidades físicas. Resultando movimentos mais eficientes através de aspectos distintos: - Transferência de Treinamento: quanto mais específicos forem os exercícios em comparação à atividade exercida, maior será a transferência dos ganhos do treino para a atividade a ser praticada. - Estabilização: para que o individuo aprenda a reagir, o treinamento funcional usa quantidades controladas de instabilidade, facilitando a recuperação da estabilidade. A o treinamento funcional através da instabilidade estimula o sistema proprioceptivo e a capacidade de reação, assim estimulando e recrutando os músculos estabilizadores e neutralizadores do joelho, tornozelo, quadril, e principalmente os estabilizadores da coluna vertebral. - Desenvolvimento dos padrões de movimentos primários: O cérebro tem a capacidade de armazenar vários movimentos-chave que são facilmente acessados e modificados quando realizamos movimentos de mesma amplitude e velocidade. O treinamento funcional tem alguns movimentos que são primários para a sobrevivência humana e sua performance esportiva, sendo sete movimentos: agachar, levantar, abaixar, avançar, empurrar, puxar e girar. Eles são adaptados conforme a necessidade do individuo e a atividade a ser realizada. - Desenvolvimento dos fundamentos de movimentos básicos: Através dos movimentos básicos, qualquer tipo de movimento complexo pode ser executado, a partir do conhecimento dos quatro movimentos básicos, são eles: habilidades de locomoção (andar, correr e pular, que possui deslocamento do corpo de um lugar para outro), habilidades não-locomotoras ou de estabilidade (equilibrar-se, torcer, virar e balançar, movimentos que não possui ou tem pouco deslocamento), habilidades de manipulação (podem ser propulsores, arremessar, chutar ou receptivos, como agarrar, usando as mãos e os pés para o controle de objetos) e consciência de movimento (para executar uma tarefa necessariamente ela percebe e responde às informações sensoriais, para a realização da mesma). O resultado do conjunto dos movimentos básicos são os movimentos complexos que utilizamos em atividades diárias ou esportivas. - Desenvolvimento da consciência corporal: o treinamento funcional desenvolve vários aspectos da consciência corporal, sendo o aprendizado controle de movimentação e conhecimento do individuo referente a partes do próprio corpo. - Desenvolvimento das habilidades biomotoras fundamentais: o treinamento funcional desenvolve as habilidades de acordo com o grau de participação de cada uma delas no esporte ou atividade específica e de acordo com a fase de treinamento. Uma habilidade raramente domina um exercício; na maioria das vezes, o movimento é produto da combinação de duas ou mais habilidades sendo elas: o desenvolvimento da força, do equilíbrio, da resistência, da coordenação, da flexibilidade e da velocidade é imprescindível. - Aprimoramento da postura: o treinamento funcional exercita tanto a postura estática (posição em que o movimento começa e termina) quanto à postura dinâmica (capacidade do corpo de manter o eixo de rotação durante todo o movimento). Este aprimoramento da postura é primordial para o equilíbrio e a qualidade de movimento. - Uso de atividades com os pés no chão: Esses exercícios são mais parecidos com os movimentos que executamos nos esportes e nas atividades diárias. O treinamento funcional utiliza constantemente movimentos de cadeia cinética fechada, são exercícios que começam com os pés ou as mãos aplicandoforça contra o chão, possibilitando a aplicação de uma força maior do que nos exercícios de cadeia aberta, trabalhando todo o sistema neuromuscular e a habilidade do corpo de estabilizar as articulações ao longo do movimento. - Exercícios multi-articulares: A transferência de ganhos para as atividades específicas se dá ao treinamento funcional trabalhar desenvolvendo a capacidade de estabilização e coordenação intramuscular necessária para que tenha eficiência nos movimentos. - Exercícios multiplanares: o treinamento funcional trabalha o corpo nos três planos: sagital, coronal/frontal, transversal, utilizando exercícios com os pés no chão e movimentos multi-articulares, que necessitamos muito para a realização dos esportes e na vida diária. - Desenvolvimento da sinergia muscular: Somente os exercícios que envolvem todo o corpo na sua execução trabalham a sinergia muscular; uma vez que eles requerem alguns músculos para controlar o movimento ao mesmo tempo em que outros exercem a força. a sinergia ocorre quando vários músculos trabalham juntos para conseguir uma ação coordenada das articulações. 3. QUALIDADE DE VIDA “Vou considerar como qualidade de vida boa ou excelente aquela que ofereça um mínimo de condições para que os indivíduos nela inseridos possam desenvolver o máximo de suas potencialidades, sejam estas: viver, sentir ou amar, trabalhar, produzindo bens e serviços, fazendo ciência ou artes. Falta o esforço de fazer da noção um conceito e torná-lo operativo”. (NETO, 1994) 3.1. Definição e Conceito de qualidade de vida A qualidade de vida com valores subjetivos é conceituada através da percepção dos indivíduos sobre sua situação na vida, referente ao contexto da cultural e sistemas de valores, com perspectivas que variam individualmente em relação a suas preocupações e aos seus objetivos. (WHOQOL-100, 1996) A qualidade de vida funcional é definida como funcionamento normal do organismo, relacionando assim o funcionamento físico, mental, emocional e social. Sendo ele multidimensional referindo-se a saúde, expectativa de vida e causas de morte. bem-estar, que avaliando assim os aspectos positivos e satisfação com a vida. (HRQOL, 2010). 4. ENVELHECIMENTO O termo envelhecimento é usado para se referir a um processo ou conjunto de processos que ocorrem em organismos vivos, e que com o passar do tempo levam a uma perda de adaptabilidade, deficiência funcional, e finalmente, à morte. O envelhecimento é uma extensão lógica dos processos fisiológicos do crescimento e desenvolvimento, começando com o nascimento e terminando com a morte. (SPIDURSO, 2005) Definir envelhecimento é algo muito complexo, biologicamente é considerado um processo que ocorre durante toda a vida. Existem vários conceitos de envelhecimento, variando de acordo com a visão social, econômica e principalmente com a independência e qualidade de vida do idoso. (SAÚDE EM CASA, 2006) 4.1. Dados Epidemiológicos O Brasil passará da 16ª para a 6ª posição mundial até 2025, em termos de número absoluto de indivíduos com 60 anos ou mais, algo que está profundamente relacionado às alterações sanitárias, sociais e políticas. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006) Dados do IBGE (2002) mostram que os indivíduos idosos apresentam mais problemas de saúde em relação à população em geral, e que em 1999, dos 86,5 milhões de pessoas que referiram ter consultado um médico nos últimos 12 meses, 73,2% tinham mais de 65 anos, sendo que esse grupo, no ano anterior, apresentou 14,8 internações por 100 pessoas, resultando o maior coeficiente de internação hospitalar. E 53,3% dos idosos apresentaram algum problema de saúde, e 23,1% tinham alguma doença crônica. Segundo CHAIMOWICZ, (1997) o Brasil está com a população mais envelhecida, predominantemente com agravos crônicos, substituindo a população jovem, que possuía como maior incidência as doenças infecciosas. O processo de transição demográfica e epidemiológica tem uma relação direta, sendo que, os grupos mais jovens tendenciosamente são beneficiados pela queda inicial da mortalidade, que se concentra seletivamente entre as doenças infecciosas. Este grupo passa a conviver com fatores de risco para doenças crônico-degenerativas. 4.2 Conseqüências do Envelhecimento Para SPIDURSO, (2005) temos dois tipos de envelhecimento, o primeiro é o processo de envelhecimento (sevenescência) que são as mudanças relacionadas e geradas pela própria idade, sem interferência do ambiente ou doenças. O segundo é processo de envelhecer (senilidade) refere-se a sintomas clínicos e inclui os efeitos do ambiente e das doenças. Ambos são diferentes, porém eles se interagem entre si, sendo assim fatores ambientais podem agravar os processos básicos do envelhecimento aumentando o risco a doenças e estresse. Para SINGH (2004) as alterações fisiológicas que são normalmente observadas em populações de envelhecimento estão quase que freqüentemente ligadas às alterações relacionadas ao desuso. Os efeitos do envelhecimento acometem as capacidades funcionais, vários sistemas do corpo humano e órgãos que são essenciais para saúde do idoso. Alterações relacionadas ao envelhecimento e ao desuso, referente à diminuição: -Massa muscular; -Capacidade aeróbica máxima e submáxima; -Velocidade de condução nervosa da contratilidade cardíaca; -Força, potência, resistência e velocidade de contração; -Função mitocondrial; -Freqüência cardíaca máxima, volume sistólico e débito cardíaco, comprometimento endotelial relaxamento e variabilidade da freqüência cardíaca reduzida; -Propriocepção e equilíbrio eficiente; -Estabilidade, elasticidade dos tecidos, e encurtamento e enfraquecimento dos tendões; -Massa óssea, força e densidade; Referente ao aumento: - Rigidez arterial, do miocárdio, sistólica e diastólica. - Gordura corporal total, massa de gordura visceral, e intramuscular acúmulo de lipídios. De acordo com ROSSI, (2008) o pico de massa óssea ocorre aos 35 anos, a partir deste período a reabsorção aumenta e taxa de formação se torna estável, logo após ocorre a osteopenia fisiológica que é a perda progressiva de massa óssea. A osteoporose é o resultado da falta do freio estrogênico que libera os osteoclastos, principalmente nas mulheres pós-menopausada e no Idoso. 4.2.1 Doenças Crônicas degenerativas 4.2.2 Osteoporose e Sarcopenia Para NETO et., al.(2002) a caracterização da diminuição da densidade óssea se dá pelo distúrbio osteometabólico que representa a osteoporose, com debilitação da micro arquitetura óssea, ocasionando a fragilidade esquelética e do risco de fraturas. Devido à contração muscular executada na atividade física, ocasiona a deformação que é interpretada pelo osso com um incentivo à formação óssea. Uma das principais maneiras de evitar a osteoporose é aumentando a massa óssea na infância e na adolescência. No entanto o idoso deve evitar e prevenir as quedas, pois é uma das principais ocorrências da osteoporose. Os exercícios, neste período, têm como objetivo preservar ou reestruturar as capacidades funcionais, melhora do equilíbrio, do padrão da marcha, das reações de defesa e da propriocepção de uma maneira geral, contribuindo para uma melhor qualidade de vida sem a necessidade da dependência no seu dia a dia. Segundo ROSSI, (2008) muitos fatores ocasionam a sarcopenia sendo eles genéticos condições ambientais, problemas comportamentais, as alterações no metabolismo do músculo, alterações endócrinas e fatores nutricionais e mitocondriais. O nível de sarcopenia não é igual para diferentes músculos e varia entre os indivíduos. O declino muscular é diferente entre membros superiores e inferiores, devido a sua maior importância para o equilíbrio, a ortostase e a marcha dos idosos. A perda da função é ocasionada devida musculatura esquelética do idosoproduzir menos força e desenvolve suas funções mecânicas com mais lentidão: diminuição do estimulo muscular e da união mioneural; há contração continua um relaxamento lento e aumento da fadiga; a diminuição da força muscular na cintura pélvica e nos extensores dos quadris resultando na dificuldade para a impulsão e o levantar-se; e a diminuição da força da mão e do tríceps torna mais difícil o eventual uso de bengalas. Estes efeitos podem ser minimizados e até revertidos com o condicionamento físico. A prevenção das deficiências musculares relacionadas à idade podem ser realizadas através de exercícios mantidos ao longo dos anos. Para a prevenção da diabetes tipo dois e melhora da capacidade funcional são indicado os exercícios aeróbicos, e os exercícios de resistência aumentam a massa muscular no idoso de ambos os sexos, minimizando, e mesmo revertendo, a síndrome de fragilidade física presente nos mais longevos. Sendo assim, toda forma de exercícios físicos regulares, principalmente os de resistência progressiva, melhoram a qualidade de vida através do grau de independência a serem vividos. 4.2.3 Índice de Quedas Segundo a OMS, (2007) pessoas com mais de 65 anos de idade aproximadamente 28% a 35% sofrem quedas a cada ano, aumentando o índice para 32% a 42% em pessoas com mais de 70 anos. O individuo quanto mais idoso, maior será o nível de fragilidade, conseqüentemente será maior a freqüência das quedas. Cerca de 30% a 50% dos Idosos que vivem em casas de repouso caem com maior freqüência, mais dos que os que vivem na comunidade, sendo que aproximadamente, a cada ano, 40% deles têm quedas recorrentes. A incidência das quedas parece variar também entre os diferentes países. Um estudo realizado na região do Sudeste Asiático revelou que na China 6% a 31% dos adultos mais velhos caem a cada ano, enquanto outro estudo, realizado no Japão, mostrou que o índice, é de 20%. Um estudo realizado na região das Américas (Latina e região do Caribe) identificou que a proporção de adultos mais velhos que sofrem quedas, por ano, varia de 21,6% em Barbados para 34% no Chile. Somente no estado de São Paulo em 2008, cerca de 10 mil idosos foram internados devido a fraturas de fêmur em decorrência de uma queda, segundo levantamento da Secretaria de Estado da Saúde. Uma vez ao ano cerca de 30% dos três milhões de idosos sofrem de quedas. Os maiores de 60 anos estão expostos mesmo dentro de casa. Para os mais velhos, nenhum local é 100% seguro, mas há cuidados que podem ser tomados para evitar acidentes. Neste caso, vale a máxima de que prevenir é o melhor remédio. Em 2008, mais de 20 mil idosos foram internados no Estado de São Paulo em decorrência de quedas. Um estudo indicador aponta que 43% das quedas de idosos ocorrem dentro de suas próprias casas. O estudo foi feito com 108 idosos freqüentadores do Instituto Paulista de Geriatria e Gerontologia (IPGG), na capital paulista. Do total de idosos entrevistados, 63% apresentaram mais de um episódio de queda. Pesquisa da Secretaria aponta que cerca de nove mil idosos são internados por ano no Estado de São Paulo devido a fraturas de fêmur em decorrência de uma queda. A estimativa é de que ao menos 30% dos idosos paulistas acima dos 60 anos sofrem quedas ao menos uma vez por ano. (SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2009, 2010, 2011) Segundo NETO et. al., (2002) para os maiores de 65 anos as quedas constituem a principal causa de morte acidental. A taxa de mortalidade é maior entre os homens, porém as mulheres têm maiores índices de quedas em relação ao mesmo. Sendo que cada quatro pessoas que morrem após uma queda, três são idosas. Os índices de fraturas indicam que 10% das torções de fêmur acontecem com a queda subseqüentemente e 90% das fraturas de quadril na osteoporose em virtude de quedas. 5. EFEITOS DO TREINAMENTO FUNCIONAL De acordo CAMPOS E NETO (2004) o treinamento funcional promove o condicionamento físico e saudável resultando em variados benefícios: - Melhora do equilíbrio estático e dinâmico - Melhoria do equilíbrio muscular; - Melhoria da postura; - Tem efeito positivo na saúde da coluna vertebral (maior estabilidade); - Aumento da eficiência dos movimentos; - Melhora no desempenho atlético; - Diminuição da incidência de lesão; Em vista dos argumentos apresentados o treinamento funcional abrange exercícios que geram um desenvolvimento total do corpo humano, preparando-o de maneira segura e eficiente para os mais diferentes desafios de qualquer esporte, atividade física ou ocupacional e os movimentos da vida diária. Atenta-se que a menor capacidade de trabalho muscular é um dos primeiros sinais da velhice, afetando em última instância a capacidade laboral, a atividade motora e a adaptabilidade ao ambiente. Os exercícios, melhorando a função muscular, reduzem a freqüência de quedas, contribuindo assim para a manutenção da independência e de uma melhor qualidade de vida para os idosos. (ROSSI, 2008) 5.1. Treinamento Funcional e Índice de quedas De acordo com COSTA et., al., (2009), foram avaliados 26 indivíduos com idade entre 68 e 79 anos que realizaram 10 sessões de exercícios multisensoriais, dispostos em forma de circuito contendo 13 estações de treinamento, avaliou-se e conclui que o programa de exercícios multisensoriais promoveu a melhora significativa do equilíbrio e houve também a redução expressiva no risco de quedas, o risco de queda era de 19,23% no pró-teste (que corresponde a um IPQ de alto risco de queda), e no pós-teste baixou para nenhum caso. 5.2. Treinamento Funcional e Idoso Segundo o estudo de BRANQUINHO, et. al., (2010) com a investigação de 20 indivíduos idosos com idade média entre 60 a 70 anos de idade, analisou os exercícios realizados base estável e instável para o equilíbrio no treinamento funcional, constatou-se que em poucas semanas houve uma melhora significativa na reorganização motora das funções fisiológicas dos idosos em base instável e conclui-se que os idosos obtiveram, com a aplicação do exercício em base estável comparado com o realizado na base instável, uma melhora no equilíbrio dos idosos. De acordo com LUSTOSA et. al., (2010) estudo realizado com duração de dois meses com 7 idosas voluntárias com idade média de 64 a 88 anos, que avaliou as AIVD e no equilíbrio unipodálico, indicou que houve melhoras significativas nos resultados referente à capacidade de realizar as AIVD e tendo como tendência à melhora do equilíbrio estático unipodálico, analisados antes e após o programa treinamento funcional. 5.3. Treinamento Funcional e Qualidade de Vida Leal et. al. (2009) aplicou um protocolo de treinamento funcional dividindo as amostras em dois grupos: (GTF = Grupo de Treinamento Funcional e GC = Grupo Controle). O grupo GTF realizou 12 (doze) semanas de treino, onde foram realizados a cada semana, uma seqüência de 20 exercícios Já o grupo GC continuou a realizar as atividades (recreativas vivências corporais e aulas esporádicas de alongamento). Ao final das semanas de treino foram observadas no grupo GTF, segundo os autores do estudo, uma melhora importante no controle neuromotor, no equilíbrio corporal e na autonomia funcional o que indica melhor desempenho nas AVD’s e conseqüentemente na qualidade de vida. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos estudos realizados neste trabalho, pudemos comprovar que o tema qualidade de vida para população idosa é abordada com ênfase nas melhoras que o treinamento funcional possibilita nesta faixa etária. Apesar de não ser um conteúdo ainda muito difundido pelas políticas publicas como uma forma de prevenção e melhora na saúde, é um tema a ser tratado na mesma intensidade, pois nele estão expressas diferentes formas de contribuição para mais um estágio da vida que requer cuidados especiais,de cunho especifico para que minimize os riscos das doenças crônicas degenerativas que acometem tanto a população idosa em nosso país. A comprovação de que o sujeito idoso, suas capacidades motoras, estruturas musculares, fisiológicas e psicológicas estão em aparente declínio, os exercícios oferecidos pelo treinamento funcional possibilita a melhora não só destas estruturas, mas também o torna uma individuo mais independente. No nosso modo de entender, muitas das discussões apresentadas neste trabalho servem para mostrar que o idoso e as atividades que exerce no seu dia- dia deve ser explorado como uma forma de corrigir e melhorar posturas utilizadas erroneamente para que haja uma melhor qualidade de vida dimuindo os riscos de quedas e suas implicações. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, C. G. S; BAPTISTA, C. A. S; BORGES, S. F; CARVALHO, T; et. al. Posicionamento Oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia: Atividade física e Saúde no Idoso, Revista Brasileira de Medicina do Esporte; v.5, nº 6, p. 207- 210. Nov/Dez., 1999 BRUM, L. L; Trabalho de conclusão de curso de Educação Física da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde. – Treinamento Funcional em Idosos Freqüentadores de um posto médico de guarnição de Dourados/MS: Comparação dos exercícios em base estável e instável para o equilíbrio. Disponível em: acessado em 31/01/2012 CADERNO DE SAÚDE PÚBLICA, Rio de Janeiro, 19 (3): 700-701, mai-jun, 2003 CAMPOS, M. A; NETO, B. C; Treinamento funcional resistido: para melhoria da capacidade funcional e reabilitação de lesões músculo-esqueléticas. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. CHECK, P; Functional Trainning: What, When, Why, how and where to do it by Paul Check Disponível em: acessado em 30/01/2012 Journal of Strength and Conditioning Research, Circuit for Older Adults. n.19 nº.3, 647-651, 2005. COSTA, J. N. A; GONÇALVES, C.D; RODRIGUES, G. B. A; PAULA, A. P; PEREIRA, M. M; SAFONS, M. P. Exercícios multisensoriais no equilíbrio e na prevenção de quedas em idosos. Revista Digital –Buenos Aires – Ano 14 – nº 135 – Agosto de 2009.Disponível em: acessado em 31/01/2012 D´ELIA, R.; D´ELIA, L. Treinamento funcional: 6º treinamento de professores e instrutores. São Paulo: SESC - Serviço Social do Comércio, 2005. Apostila. DICIONARIO MICHAELIS. Treino - Funcional (2009). Disponível em: acessado 30/01/2012 EVANGELISTA, A. L; MONTEIRO, A. G; Treinamento Funcional: Uma abordagem prática. São Paulo: Phorte p.13 – 20, 2010 GUIA DA PESSOA IDOSA: DICAS E DIREITOS, Rio de Janeiro: 2ª Ed., p.9, 2010 Health-Related Quality of Life and Well-Being – (HRQoL) – 2010 Disponível em: acessado em 30/01/2012 IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Perfil dos idosos responsáveis pelos domicílios no Brasil: 2000. Rio de Janeiro; 2002. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: , acessado em 15 de Janeiro de 2012. OKUMA, S. S; O IDOSO E A ATIVIDADE FÍSICA; 4ª Ed. Editora papirus (1998) Coleção Vivaidade pág. 51 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAUDE, Relatório Global sobre Prevenção de Quedas na velhice, 2007 página 01-02. Disponível em: acessado em 31/01/2012. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, Segundo Encontro Mundial sobre Envelhecimento, Madri, Espanha, Abril 2002. Disponível em: acessado em 30/01/2012 LEAL SMO, BORGES EGS, FONSECA MA, ALVES JUNIOR ED, CADER S, DANTAS EHM. Efeitos Do Treinamento Funcional Na Autonomia Funcional, Equilíbrio E Qualidade De Vida De Idosas. Revista Brasileira Ciências e Movimento, v. 3, n. 17, p.61-69, 2009 LUSTOSA, L. P., OLIVEIRA, L, A., SANTOS, L. S; GUEDES R. C; PARENTONI A. N. PEREIRA L, S, M; Efeito de um programa de treinamento funcional no equilíbrio postural de idosas da comunidade. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.17, n.2, p.153, abr/jun.2010. MICHAEL, A; WHITEHURST, B. L. JOHNSON, C. M. PARKER, L. E. BROWN, AND ALLISON M. F. The Benefits Of A Functional Exercise. 2005 MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. NETO, P. A. M; SOARES, A; URBANETZ, A. A, Consenso brasileiro de osteoporose 2002. Revista Brasileira de Reumatologia. v. 42 nº. 6, 343-353,2002 NETO, R; 2º Congresso de Epidemiologia, 1994. ROSSI, E; Envelhecimento do sistema osteoarticular, Revista Einstein; n.6, p.7– 12, 2008. SAÚDE EM CASA: Atenção a saúde do idoso, Belo Horizonte: 1ª Ed. 2006 SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DE SÃO PAULO. Noticias, 2011 – Junho – 43% das quedas de idosos ocorrem dentro de casa.Notícias, 2009 – Junho 10 mil idosos fraturam o fêmur anualmente em razão de quedas. Disponível em: acessado 20/01/2012 SINGH, M, A, F; Clinics Geriatric Medice 20 p.202-205, (2004) SILVA, M.C; Processo De Envelhecimento No Brasil: Desafios E Perspectivas Disponível em : Textos Envelhecimento v.8 n.1 Rio de Janeiro 2005 acessado: 15/01/2012 SPIRDUSO W.W; Dimensões físicas do envelhecimento Barueri-SP: Manole pág.32, 2005. The WHOQOL Group. The World Health Organization Quality of Life assessment (Whoqol): Introduction, Administration, Scoring And Generic Version Of The Assessmen. Disponível em: acessado em 30/01/2012 VIERA, B. G; Treinamento funcional X Musculação na melhora da capacidade funcional em idosos. III Congresso de Ciência do Desporto e II Simpósio Internacional Ciência do Desporto Brasil Disponível em: . Campinas. Acessado em 27/01/2012
Compartilhar