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1 Farmacologia Renal – Diuréticos O volume de líquido corporal é estritamente regulado. Diversas condições clínicas resultam de anormalidades da composição de eletrólitos e volume de líquido. Existem (fisiologia) diversos mecanismos de regulação do volume de líquidos e composição de eletrólitos, para esse ajuste adequado existe alteração de tônus vascular, que permite uma perfusão tecidual adequada e, além disso, existem alterações nos processos renais de reabsorção e excreção de sódio – esse é um processo estritamente regulado. PRINCÍPIOS DA AÇÃO DIURÉTICA: De um modo geral pode-se considerar que os diuréticos aumentam a taxa de fluxo de urina – diurese. A reabsorção do sódio que acontece nas células tubulares, é extremamente importante, participando do controle do volume de líquido extracelular. Basicamente, os diuréticos causam uma inibição farmacológica dessa reabsorção de sódio. Eles podem atuar, dependendo da classe, em 4 segmentos do néfron e, de uma forma ou de outra, eles inibem farmacologicamente a reabsorção de sódio – promovendo uma natriurese (maior excreção de sódio). Ao fazerem essa natriurese, eles retiram a força propulsora para reabsorção de água. Então, vai ter uma maior excreção de sódio e, consequentemente, de água. Redução do volume de líquido extracelular. Menos sódio vai ser reabsorvido através dos túbulos renais → menor força propulsora osmótica p/ reabsorção de água em regiões do néfron permeáveis à água → menos água é reabsorvida → redução do volume de líquido extracelular → redução do teor de sódio e cloreto do organismo. Natriurese finita: Existem mecanismos compensatórios que o organismo lança mão, por exemplo, ativação do sistema nervoso autônomo simpático, ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, redução da natriurese de pressão, alteração na expressão de transportadores do epitélio renal – esses mecanismos compensatórios tentam trazer um novo equilíbrio. Como está ocorrendo uma maior excreção de sódio, o organismo tenta alterar a captação de sódio, para que um novo equilíbrio se estabeleça. Então, essa natriurese pode ser finita, por conta desses mecanismos compensatórios que acompanham essa maior excreção de sódio → fenômeno de freio. DIURÉTICOS – LOCAL DE AÇÃO DE FÁRMACOS: 4 locais de ação: • Túbulo proximal • Ramo ascendente espesso da alça de Henle • Túbulo distal • Ducto coletor Diuréticos de alça – atuam no ramo ascendente espesso da alça de Henle; Tiazídicos atuam no túbulo distal; antagonistas da aldosterona e inibidores do canal ENAC – atuam no ducto coletor; diuréticos osmóticos. TRANSPORTE NO TÚBULO CONTORCIDO PROXIMAL: O túbulo contorcido proximal absorve uma grande quantidade de sódio (cerca de 2/3), reabsorve uma grande porcentagem de bicarbonato, cloreto, glicose, aminoácidos etc. por meio de transportadores específicos. O bicarbonato encontra o ácido (H+), que está vindo por meio do transportador NHE3, a permeabilidade da membrana luminal ao bicarbonato é baixa – então, quando ele encontra um próton, existe uma isoforma da anidrase carbônica que está localizada no folheto externo da membrana luminal, que vai converter esse bicarbonato em água e CO2 – o CO2 por sua vez vai se difundir através da membrana luminal e vai para o citoplasma, lá ele vai sofrer ação de uma outra isoforma da enzima anidrase carbônica, que então vai converter em ácido carbônico, o qual se dissocia em H+ e bicarbonato. O H+ vai ser utilizado de novo pelo NHE3, enquanto esse bicarbonato vai ser co-transportado com o sódio, por meio de um transportador, para o interstício – vai ser reabsorvido. O resultado final disso é uma reabsorção de bicarbonato de sódio. *Importância da anidrase carbônica para permitir a reabsorção do bicarbonato no túbulo proximal. Inibidores da Anidrase Carbônica: Acetazolamida. Inibe as duas isoformas da anidrase carbônica (isoforma do folheto externo da membrana luminal e isoforma citoplasmática). 2 Farmacologia Renal – Diuréticos Inibindo a anidrase carbônica, não tem mais com eficiência esse processo de reabsorção do bicarbonato. Diminui a produção do CO2 → impede a geração do bicarbonato → redução da reabsorção do bicarbonato de sódio → maior excreção desse bicarbonato do filtrado na urina. *Isso acontece inicialmente. Consequentemente a água acompanha → eliminação de água também → diurese. À longo prazo → mecanismos compensatórios promovem um aumento da reabsorção de sódio, principalmente por segmentos mais distais do néfron. Uma das consequências da utilização desses diuréticos é o desenvolvimento de uma acidose metabólica (leve a moderada), acompanhada de um aumento do pH urinário – urina alcalinizada. Isso acontece, pois, vai ocorrer uma menor reabsorção de bicarbonato, e também, vai ocorrer uma menor secreção de prótons no túbulo proximal, além disso, no ducto coletor também existe a anidrase carbônica, então, vai ter uma inibição dessa anidrase carbônica também no ducto coletor – isso vai contribuir para a acidose metabólica. USOS CLÍNICOS: • Glaucoma – elevação da pressão intraocular, que pode estar relacionada tanto com uma produção aumentada de humor aquoso, quanto a uma obstrução ao efluxo. A secreção do humor aquoso através epitélio ciliar, depende em partes, da anidrase carbônica. Isso é importante para a secreção de cloreto de sódio no humor aquoso. À medida em que esses fármacos inibem a anidrase carbônica, eles reduzem a produção de humor aquoso, e, consequentemente, isso promove uma redução da pressão intraocular. • Alcalinização urinária – aumento da solubilidade do ácido úrico, da cistina, permitindo então, uma redução da formação de cálculos. Em urina mais ácida são mais insolúveis, então o aumento do pH urinário é capaz de aumentar a solubilidade tanto do ácido úrico como da cistina, impedindo a formação de cálculos. Entretanto, pode propiciar a formação de cálculos renais decorrentes de sais de cálcio. *Monitoração cuidadosa. • Alcalose metabólica – pode ser corrigida pelo uso desses fármacos. Em pacientes com IC e alcalose metabólica causada por diuréticos. EFEITOS ADVERSOS: →Acidose metabólica hiperclorêmica – decorre da redução crônica das reservas corporais de bicarbonato. *Equilíbrio ácido-base alterado. →Cálculos renais – sais de cálcio são relativamente insolúveis em pH alcalino. →Depleção de potássio (perda aumentada de potássio) – maior aporte de sódio ao ducto coletor; intensificação da secreção de potássio. TRANSPORTE NO RAMO ASCENDENTE ESPESSO DA ALÇA DE HENLE: *Diuréticos mais potentes. O ramo ascendente espesso faz parte do segmento diluidor, possui uma baixa quantidade de aquaporinas, tendo uma baixa permeabilidade à água. O fluido que sai do ramo delgado chega hipertônico ao ramo ascendente espesso e aqui tem-se um transporte de sódio e, amo mesmo tempo não ocorre a reabsorção concomitante de água, por isso esse local é considerado um segmento diluidor. No ramo ascendente espesso: cerca de 25% do sódio filtrado vai ser reabsorvido, transportador NKCC2 que faz o transporte de sódio, potássio e 2 cloretos – por meio desse transporte tem a entrada desses íons. Esse cloreto pode atravessar a membrana basolateral por meio de um canal específico do cloreto, quando ele faz isso, saindo desacompanhado por meio desse canal específico dele, ele pode causar uma despolarização da célula, então ocorre uma tentativa de repolarizar a célula. Isso acontece pela saída de 3 sódios pela Bomba de Na-K, entra 2 potássios e saem 3 sódios – isso compensa parcialmente essa despolarização causada pelo cloreto; o que causa uma repolarização adicional da célula é a saída do potássio, por meio do canal de potássio - ROMK. 3 Farmacologia Renal – Diuréticos A combinaçãode todos esses transportadores do ramo ascendente espesso, vai gerar um potencial positivo no lúmen e isso vai impulsionar a reabsorção paracelular de cátions, por ex. cálcio e magnésio, por meio de transportadores específicos localizados nas junções entre as células – importante para entender algumas das ações dos diuréticos de alça. Diuréticos de Alça – Alça de Henle: Atuam no ramo ascendente espesso da alça de Henle. Esses fármacos vão inibir de modo reversível e competitivo, o NKCC2 – vão impedir a atuação desse transportador, consequentemente reduzindo a reabsorção do sódio → redução da reabsorção de sódio. O sódio permanece no lúmen e isso vai causar, consequentemente, diurese. Sem a atuação desse transportador, vai afetar diretamente o potencial positivo que normalmente ocorre no lúmen – afeta a diferença de potencial transepitelial positivo. Esse potencial positivo é o que impulsionava a reabsorção paracelular de cálcio e magnésio. Como não tem a entrada do sódio, do potássio e de 2 cloretos, menos cloreto estará disponível para atravessar a membrana basolateral, então ele não despolariza a célula como aconteceria normalmente, e se a célula não está despolarizada, menos potássio entra e menos potássio então, vai sair por meio no canal ROMK – isso influencia diretamente no potencial transepitelial (fica menos positivo). Menor reabsorção paracelular de cátions → podendo gerar uma hipocalcemia e hipomagnesemia clinicamente significativas em pacientes que fazem utilização desses fármacos. Além disso, uma outra consequência importante, é que se bloquear a reabsorção de sódio na alça de Henle, vai ter um maior aporte distal de sódio, uma maior quantidade de sódio chegando no ducto coletor, gerando uma diurese mais significativa. MAIOR APORTE DISTAL DE SÓDIO: ENaC – canal de sódio: como existe um aporte aumentado de sódio porque o sódio deixou de ser reabsorvido lá na alça de Henle, ele chega em maior quantidade na célula principal do ducto coletor. Mais sódio chega no ENaC, mais sódio vai ser reabsorvido. Isso vai propiciar maior saída de potássio – maior secreção de potássio e de prótons. Podendo levar a uma hipopotassemia, porque o potássio vai ser excretado, reduzindo o potássio sérico e, consequentemente, uma alcalose metabólica porque terá uma maior excreção de ácido – mais ácido sendo eliminado, acarretando em alcalose metabólica. Como eles causam uma diurese mais potente, têm um efeito maior no volume de líquido extracelular – essa alcalose é chamada de alcalose com contração de volume. Esse efeito sobre o potássio sérico pode predispor determinados pacientes a arritmias. USOS CLÍNICOS: 4 Farmacologia Renal – Diuréticos • Edema – a inibição da reabsorção de sódio no ramo ascendente espesso da Alça de Henle causa uma diurese significativa, promovendo uma redução do volume intravascular, levando a um alívio de edemas (tanto pulmonar quanto periférico). Por ex. que acompanha a ICC. • Hiperpotassemia – maior excreção de potássio pelo maior aporte distal de sódio, levando a uma maior reabsorção de sódio pelo ENaC, e, consequentemente, uma maior secreção de potássio pelo ROMC, causando uma excreção aumentada de potássio – hipopotassemia. • Insuficiência renal aguda – promovem uma diurese significativa → aumentam o fluxo de urina, o débito urinário, podendo ser importantes para a manutenção do controle hídrico nos pacientes que têm uma redução da taxa de filtração glomerular, embora não se tenham evidências de que eles promovam alguma recuperação dessas células epiteliais tubulares ou que eles encurtem a duração da doença • Hipercalcemia – promovem uma excreção aumentada de cálcio e magnésio, então podem causar uma hipocalcemia. Situações de hiperparatireoidismo ou condições de malignidade. →Furosemida. EFEITOS ADVERSOS: • Hipovolemia – diurese significativa; • Hipotensão; • Hipocalemia/hipopotassemia; • Ototoxicidade – atuando na endolinfa alterando eletrólitos → evitar o uso concomitante com aminoglicosídeos que também são potencialmente ototóxicos; • Hiperuricemia – a hipovolemia que esses fármacos podem ocasionar, está relacionada com uma maior reabsorção de ácido úrico no túbulo proximal, podendo precipitar ataques de gota. TRANSPORTE NO TÚBULO CONTORCIDO DISTAL: →Tiazídicos. O túbulo contorcido distal também faz parte do segmento diluidor, diluindo o líquido tubular, pois ele tem uma baixa expressão de aquaporinas, então, uma baixa permeabilidade à água. No túbulo distal, tem o transportador NCC – que transporta sódio e cloreto. O sódio que chega (aproximadamente 10% da carga filtrada de sódio) é reabsorvido aqui no túbulo distal. Esse sódio chega e por meio do NCC é reabsorvido – entra na célula e deixa a célula por meio da bomba de Na-K. O cloreto sai por outras vias, envolvendo outros transportadores. No túbulo distal existe também a reabsorção de cálcio e magnésio, por meio do canal de cálcio TRPV5, esse cálcio vai ser reabsorvido e vai sair da célula depois tanto pela ATPase quando pelo transporte com o sódio. A reabsorção de magnésio ocorre possivelmente por meio de um outro tipo de canal. Diuréticos Tiazídicos: -Atuam no túbulo contorcido distal. Cerca de 10% do sódio filtrado é reabsorvido no túbulo distal. Os fármacos dessa classe, por ex. Hidroclorotiazida, inibem o transportador NCC, que transporta sódio e cloreto. O NCC sofre um antagonismo competitivo por esses fármacos – bloqueia o NCC e esse transporte de sódio e cloreto. O sódio e cloreto permanecem no lúmen, tendo uma maior excreção de sódio na urina e, consequentemente, de água – diurese. Os tiazídicos causam uma diurese mais leve pois, a maior parte do sódio já foi reabsorvida quando chega no túbulo distal. Em consequência disso, esses fármacos promovem uma redução mais leve do volume intravascular. Os tiazídicos são preferenciais para o tratamento da hipertensão – atuam como anti-hipertensivos. Além dessa diurese leve, esses fármacos também apresentam um efeito vasodilatador*, o que pode explicar a eficácia deles na hipertensão. Além disso, um outro efeito importante desses fármacos, é sobre a reabsorção de cálcio. O canal de cálcio TRPV5 é importante para a reabsorção do cálcio, os tiazídicos são capazes de aumentar a expressão desse TRPV5, facilitando/aumentando a reabsorção de cálcio pelas células do túbulo distal. Além de um possível aumento na expressão do TRPV5, eles também promovem um aumento da expressão do trocador sódio- cálcio → isso tudo facilita a reabsorção de cálcio. USOS CLÍNICOS: • Hipertensão – diurese menos significativa, com redução menos significativa do volume intravascular. Associado a um efeito vasodilatador. 5 Farmacologia Renal – Diuréticos • ICC →Menos eficazes do que os de alça porque a maior parte do sódio já foi reabsorvida quando chega no túbulo distal →Sinergismo entre os Tiazídicos e os diuréticos de alça EFEITOS COLATERAIS: • Redução da tolerância à glicose – isso pode ser devido a uma redução da secreção da insulina, ou até mesmo uma diminuição da sensibilidade periférica à insulina, como um aumento da resistência à insulina; • Hipocalemia; • Hiponatremia – pode estar relacionada com alguns mecanismos como aumento da sede ou elevação do ADH; • Alcalose metabólica; • Disfunção erétil; • Não devem ser adm. junto com fármacos que aumentam ou prolongam o intervalo QT – predispõem a Torsades de Pointes. Provavelmente por conta da hipopotassemia que eles podem causar*. TRANSPORTE NO SISTEMA DE TÚBULOS COLETORES: 2 tipos de células – célula principal e célula intercalada. Absorção de cerca de 2-5% do sódio filtrado. Existe um canal de sódio na célula principal (ENaC) – esse canal permite a entrada do sódio que está nolúmen para dentro da célula, isso causa uma diferença de potencial transepitelial, que vai favorecer a saída do potássio. Esse ENaC pode ser regulado pela aldosterona, atuando por meio de seu receptor, ela estimula a incorporação do ENaC na membrana luminal e também a expressão da bomba de Na-K. O sódio que entra por meio do ENaC, sai por meio da ATPase da Bomba de Na-K. Aporte de sódio no ducto coletor X secreção de potássio. Célula intercalada do tipo A: secreta H+, ao mesmo tempo que reabsorve bicarbonato. Célula do tipo B: secreta bicarbonato. *Efeito importante da anidrase carbônica nessas células. Diuréticos poupadores de Potássio: Potencial negativo decorrente da entrada de sódio pelo ENaC – esse potencial negativo tem duas consequências: uma maior reabsorção de cloreto via paracelular, e uma maior secreção de potássio. Quanto mais sódio entra, maior é a magnitude dessa diferença de potencial e, por isso, mais potássio é secretado. *Ação da Aldosterona. Atuação do ADH sobre o receptor V2 – via AMPc – promove a incorporação de aquaporinas que vão permitir uma maior reabsorção de água. Transporte de água no sistema de túbulos coletores – Papel do ADH. 6 Farmacologia Renal – Diuréticos COMO AGE A ALDOSTERONA? A aldosterona promove um aumento da reabsorção de sódio. No ducto coletor a aldosterona se liga ao seu receptor e ativa as proteínas induzidas pela aldosterona. Ela impede a degradação do ENaC e promove aumento da síntese de ENaC (novos canais de Na), ativa os canais de sódio da membrana – isso por si só já facilita a entrada do sódio; também ativa a sódio/potássio ATPase aumentando também a translocação da bomba de sódio para a membrana, sintetiza novas bombas de sódio, aumenta a produção de ATP, altera a permeabilidade das junções de adesão... o efeito final disso é justamente potencializar essa reabsorção do sódio, isso faz com que altere mais ainda o potencial transepitelial, favorecendo mais a saída de potássio e de prótons. A aldosterona promove um aumento da reabsorção de sódio e, consequentemente, de água. *Papel do antagonismo da aldosterona. Diuréticos que atuam no ducto coletor – Diuréticos poupadores de potássio: Promovem um aumento da reabsorção do potássio. Reduzem a excreção de potássio. 2 formas que os fármacos atuam no ducto coletor como poupadores de potássio: uma delas, é através do antagonismo da aldosterona (espironolactona, eplerenona) – impedem a ação da aldosterona/ligação ao seu receptor. Efeito reduzido na expressão da bomba de Na-K e também do ENaC – isso acarreta em uma menor reabsorção de sódio. O sódio não vai entrar e o potássio não vai sair. Por isso, tem-se o aumento do potássio sérico. Uma outra classe de poupadores de potássio, são os inibidores competitivos do ENaC (Amiloride, Triamterene) – inibem o ENaC. Enquanto a espironolactona inibe a aldosterona e, indiretamente, reduz o número de ENaCs disponíveis, esses fármacos, são antagonistas do ENaC, então, eles impedem que o sódio entre pelo ENaC. Por mais que exista ENaC disponível, eles estão bloqueados. ***O efeito de ambos é o mesmo – o sódio não vai entrar, havendo um aumento de sódio no túbulo, o potencial não vai ser significativo e o potássio não vai ser eliminado → redução da excreção do potássio – aumenta o potássio sérico (são poupadores de potássio). Diferente dos outros diuréticos, que causam hipopotassemia, esses diuréticos causam uma hiperpotassemia. EFEITOS COLATERAIS: Acidose metabólica hiperclorêmica – impede a saída do potássio – o potássio permanece no sangue – não vai ocorrer uma maior secreção de H+, então o efeito não vai ser mais de alcalose. Ginecomastia – os antagonistas da aldosterona também podem promover um antagonismo no receptor androgênico e isso pode então levar à ginecomastia. Natriurese/diurese leve – uma pequena quantidade de sódio é reabsorvida nessa porção do néfron → podem ser utilizados para tentar evitar a perda de potássio que acompanha por ex. o uso dos diuréticos tiazídicos, e, também, podem ser úteis em condições clínicas em que ocorre uma excreção excessiva de mineralocorticoides. Hiperpotassemia - (monitoramento sérico). Diuréticos osmóticos: Fármacos livremente filtrados no glomérulo e não são reabsorvidos – permanecem dentro do lúmen tubular. Permanecendo dentro do lúmen, eles exercem uma força osmótica. Essa força osmótica, impede a reabsorção de água → força contrária. A diurese que eles acarretam é em decorrência disso. Podem causar uma menor reabsorção de sódio porque eles podem reduzir o tempo de contato entre o líquido e o epitélio tubular. →Diurese hídrica. →Principal fármaco – Manitol. Atuam principalmente no túbulo proximal – onde tem uma importante reabsorção de água. A natriurese é de menor magnitude do que a diurese. 7 Farmacologia Renal – Diuréticos Pode levar a casos de hipernatremia – mais água é perdida e menos sódio é perdido. USOS TERAPÊUTICOS: • Redução da pressão intracraniana; • Redução da pressão intraocular; -Pelo efeito de redução do volume de líquido intracelular – afetam as forças de Starling. • Aumento do volume urinário – mantém o volume de urina através de uma maior excreção de água, preferencialmente à excreção de sódio. -Manutenção do volume de urina – impedir a anúria. EFEITOS ADVERSOS: • Expansão do volume extracelular (LEC) → agravamento da ICC; hiponatremia; • Desidratação, hipercalemia e hiponatremia. Quando utilizar diuréticos? ➢ Estados edematosos: Insuficiência cardíaca, insuficiência renal, cirrose hepática, edema idiopático. ➢ Estados não edematosos: Hipertensão, nefrolitíase, hipercalcemia, diabetes insípido. FARMACOLOGIA DA ICC – COMO AGEM OS FÁRMACOS? Redução do débito cardíaco → leva a um aumento compensatório de circuitos neuro-humorais, que estão envolvidos tanto com o aumento da descarga simpática – o que leva ao aumento da força de contração, aumento da frequência cardíaca; quanto um aumento da liberação da renina – ativando o sistema renina- angiotensina-aldosterona → aumentando angiotensina II – que tem um efeito vasoconstritor direto e atua no aumento da secreção de aldosterona, que aumenta a reabsorção de sódio. Aumento tanto de pré-carga, quanto de pós-carga e uma possível remodelação cardíaca – o que contribui para o agravamento da insuficiência cardíaca. Esse mecanismo compensatório tenta manter o débito cardíaco a curto prazo, a longo prazo existe um remodelamento cardíaco com piora progressiva da insuficiência cardíaca e formação de edema. -Os diuréticos atuam na retenção de sódio e água. Aldosterona leva a uma maior retenção de sódio e água que, no paciente com insuficiência cardíaca, faz com que ele trabalhe com um volume intravascular elevado e pressões de enchimento cardíaco elevadas, que tentam manter o débito cardíaco e que pode levar à piora da doença do paciente – remodelação cardíaca. Os diuréticos que reduzem a reabsorção de sódio vão reduzir essa retenção de sódio e água e reduzir as pressões de enchimento ventriculares, além daqueles que atuam sobre a aldosterona (antagonistas da aldosterona. 8 Farmacologia Renal – Diuréticos Paciente com insuficiência cardíaca → trabalha com um aumento do volume intravascular, numa tentativa de manter o débito cardíaco, com elevadas pressões de enchimento ventricular → o que, progressivamente, piora o débito cardíaco → promove uma continuidade da retenção de água e de sal → e, consequentemente, a formação de edema. Nesse sentido, os diuréticos de alça, reduzem a pré-carga → reduzindo a pré-carga, eles vão promover um alívio do edema e melhora do trabalho cardíaco. DIURÉTICOS NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA: Bloqueando a reabsorção de sódio, eles promovem natriurese e, consequentemente, diurese,reduzindo o volume intravascular (volume do líquido extracelular) – reduzindo pré-carga e diminuindo a pressão de enchimento ventricular. Entretanto, deve-se tomar cuidado pois, uma redução intensa do volume intravascular, pode ocasionar uma redução/piora do débito cardíaco – devem ser usados com cautela*! Além disso, pode haver uma tolerância aos diuréticos → natriurese finita, então pode ocorrer um aumento compensatório da reabsorção tubular renal de sódio. Esse maior aporte de sódio pode promover uma ativação da mácula densa, que libera adenosina, e, promove então, uma redução da taxa de filtração glomerular através do feedback, ou retroalimentação túbulo- glomerular. A adenosina faz constrição preferencial da arteríola aferente glomerular – isso reduz a taxa de filtração glomerular. Na insuficiência cardíaca, a própria redução do debito cardíaco que acompanha esse paciente, já pode reduzir a taxa de filtração glomerular. Essa redução adicional, pode ainda, exacerbar esse quadro de diminuída taxa de filtração glomerular – outra complicação da terapia diurética nos pacientes com insuficiência cardíaca. Além disso, possível hipopotassemia, por promoverem maior excreção de potássio e, possível alcalose metabólica. Uso dos diuréticos na Cirrose Hepática: Na cirrose pode ter uma retenção de sódio, o que justificaria o uso de diuréticos. 9 Farmacologia Renal – Diuréticos Diuréticos na Hipertensão: A pressão é regulada por 2 parâmetros principais → débito cardíaco e resistência periférica – sendo que o débito cardíaco é regulado pela frequência cardíaca e volume sistólico. O volume sistólico é regulado pela força de contração cardíaca e pré-carga. A pré-carga está diretamente relacionada ao volume intravascular e ao tônus venoso. O volume intravascular é diretamente relacionado com a retenção de sódio → maior retenção de sódio → maior volume intravascular → mais sangue chega ao coração → maior a pré-carga → isso afeta o volume sistólico, débito cardíaco e pressão arterial – pode ocorrer um aumento da pressão arterial, com aumento da pré-carga. Diuréticos agem justamente na retenção de sódio e água → reduz o volume intravascular → isso pode auxiliar no tratamento da hipertensão. *Lembrando que os Tiazídicos também têm um efeito vasodilatador, que auxilia no efeito anti- hipertensivo.
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