Buscar

4 Direitos e Garantias Fundamentais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direitos e Garantias Fundamentais
	Direitos e Garantias Fundamentais
	· Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
· Direitos Sociais
· Nacionalidade
· Direitos Políticos
· Partidos Politicos
TEORIA GERAL 
GERAÇÕES: 
1ª Dimensão: Direitos de Liberdade – são individuais e oponíveis ao Estado; marcados pela subjetividade. São eles: os direitos as liberdades públicas, direitos políticos e civis.
· Fatos importantes: Magna Carta de 1215, Paz de Westfália (1648), Habeas Corpus act (1679), Bill of rights (1688), Declarações Americana (1776) e Francesa (1789). 
2ª Dimensão: Direitos de Igualdade – tanto formal quanto material, são os direitos: sociais, culturais, econômicos e coletivos. 	
· Fatos importantes: Constituição do México (1917); Constituição de Weimar (1919); Tratado de Versalhes (1919), Constituição Brasileira de 1934. 
3ª Dimensão: Direitos de Fraternidade – são direitos transindividuais que vão além do interesse do individuo, são concernentes a proteção do gênero humano. São eles: direito ao desenvolvimento, direito a paz (Bonavides classifica como 5ª dimensão), direito ao meio ambiente, propriedade (patrimônio comum da humanidade) e comunicação. 
4ª Dimensão (Norberto Bobbio): Decorrem dos avanços na engenharia genética e para Bonavides são direitos a democracia (direta), informação e pluralismo. 
5ª Dimensão (Bonavides): é o direito a paz como axioma da democracia participativa ou supremo direito da humanidade. 
CONCEITOS IMPORTANTES:
Direitos são bens e vantagens prescritos na norma constitucional. 
Garantias são os instrumentos através dos quais se assegura o exercício dos direitos. 
CARACTERÍSTICAS: 
· Historicidade: possuem caráter histórico. 
· Universalidade: destinam-se a todos os seres humanos. 
· Limitabilidade: não são absolutos.
· Concorrência: podem ser exercidos cumulativamente. 
· Irrenunciabilidade: pode não se usar, mas nunca renunciar.
· Inalienabilidade: são indisponíveis e não possuem caráter econômico. 
· Imprescritíveis: não se perde pelo não uso. 
ABRANGÊNCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS:
	Trata-se de um rol meramente exemplificativo, não se excluindo outros decorrentes do regime e princípios adotados ou tratados internacionais adotados.
Art. 5º, §3º - Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
APLICABILIDADE DAS NORMAS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: 
	Aplicação imediata significa que as normas constitucionais são dotadas de todos os meios e elementos necessários à sua pronta incidência aos fatos, situações, condutas ou comportamentos que elas regulam. A regra é que as normas definidoras de direitos e garantias individuais (direitos de 1ª dimensão) sejam de aplicabilidade imediata. 
	Por regra, as normas que consubstanciam os direitos fundamentais democráticos e individuais são de aplicabilidade imediata, enquanto as que definem os direitos sociais tendem a sê-lo também na Constituição vigente, mas algumas, especialmente as que mencionam uma lei integradora, são de eficácia limitada e aplicabilidade indireta. 
	Dois remédios para combater a “síndrome de inefetividade” das normas constitucionais de eficácia limitada, o STF tende a consolidar o entendimento de que, em se tratando de “Poder” omisso na elaboração de medida para tornar efetiva a norma constitucional, a ADO restringir-se-ia a um mero apelo, constituindo-o em mora, enquanto o MI, por seu turno, seria o importante instrumento de concretização dos direitos fundamentais, como vem sendo percebido na jurisprudência do STF.
Art. 5º, § 1º as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
TEORIA DOS QUATRO STATUS DE JELLINECK:
	Passivo
	O individuo é detentor de deveres perante o Estado.
	Negativo
	Por possuírem personalidade o homem possui uma margem de liberdade da ingerência do Estado. 
	Positivo
	O individuo tem direito de exigir do Estado uma prestação positiva.
	Ativo
	O individuo influi na formação da vontade do Estado.
EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS:
	A aplicação dos direitos fundamentais nas relações entre o particular e o Poder Público não se discute.
	A eficácia indireta ou mediata: os direitos fundamentais são aplicados de maneira reflexa, tanto em uma dimensão proibitiva e voltada para o legislador, que não poderá editar lei que viole direitos fundamentais, como, ainda, positiva, voltada para que o legislador implemente os direitos fundamentais, ponderando quais devam aplicar-se às relações privadas. 
	A eficácia direta ou imediata: alguns direitos fundamentais podem ser aplicados às relações privadas sem que haja a necessidade de “intermediação legislativa” para a sua concretização.
	Importante consequência da dimensão objetiva dos direitos fundamentais é a sua “eficácia irradiante” (Daniel Sarmento), seja para o Legislativo ao elaborar a lei, seja para a Administração Pública ao “governar”, seja para o Judiciário ao resolver eventuais conflitos.
	A teoria da aplicação direta dos direitos fundamentais às relações privadas (“eficácia horizontal”), especialmente diante de atividades privadas que tenham certo “caráter público”, por exemplo, em escolas (matrículas), clubes associativos, relações de trabalho etc.
	Diante de “colisão”, indispensável será a “ponderação de interesses” à luz da razoabilidade e da concordância prática ou harmonização. Não sendo possível a harmonização, o Judiciário terá de avaliar qual dos interesses deverá prevalecer.
DEVERES FUNDAMENTAIS:
	Diante da vida em sociedade, devemos pensar, também, a necessidade de serem observados os deveres, pois muitas vezes o direito de um indivíduo depende do dever do outro em não violar ou impedir a concretização do referido direito.
· Dever de efetivação dos direitos fundamentais;
· Deveres específicos do Estado diante dos indivíduos;
· Deveres de criminalização do Estado;
· Deveres do cidadão e da sociedade;
· Dever de exercícios de direitos de forma solidaria;
· Deveres implícitos.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
DIREITO À VIDA:
	O direito à vida, previsto de forma genérica no art. 5º, caput, abrange tanto o direito de não ser morto, de não ser privado da vida, portanto, o direito de continuar vivo, como também o direito de ter uma vida digna.
· Proibição da pena de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX.
· O direito a uma vida digna garante as necessidades vitais básicas do ser humano e proíbe qualquer tratamento indigno, como a tortura, penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis etc.
· ADI 3510 – Pesquisas com célula-tronco embrionária, nos termos da lei, não violam o direito à vida.
· ADPF 54 – Possibilidade de interrupção da gravidez nos casos de gestação de feto anencéfalo. 
· HC 124.306-DF - Interrupção voluntária da gestação no primeiro trimestre. 
DIREITO À IGUALDADE:
Art. 5º I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
	O art. 5º, caput, consagra serem todos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Deve-se, contudo, buscar não somente essa aparente igualdade formal (consagrada no liberalismo clássico), mas, principalmente, a igualdade material. Isso porque, no Estado social ativo e efetivador dos direitos humanos, imagina-se uma igualdade mais real perante os bens da vida, diversa daquela apenas formalizada em face da lei. Essa busca por uma igualdade substancial inspirada na lição secular de Aristóteles, devendo-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades.
· ADPF 186 – O STF considerou constitucional a política de cotas étnico-raciais para seleção de estudantes da Universidade de Brasília (UnB).
· ADC 41 -o STF, por unanimidade, julgou procedente o pedido para declarar a integral constitucionalidade da Lei n. 12.990/2014, fixando a seguinte tese de julgamento: “é constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública direta e indireta. É legítima a utilização, além da auto declaração, de critérios subsidiários de heteroidentificação, desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa.
· ADI 3330 - o STF julgou constitucional o PROUNI, como importante fator de inserção social e cumprimento do art. 205 da CF/88, que estatui ser a educação direito de todos e dever do Estado e da família. 
· ADC 19 - Declarou a constitucionalidade dos arts. 1º, 33 e 41 da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), tendo por fundamento o princípio da igualdade, bem como o combate ao desprezo às famílias, sendo considerada a mulher a sua célula básica.
· ADI 4424 – O STF deu interpretação conforme os arts. 12, I, e 16, ambos da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), declarar a natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão, pouco importando a extensão desta, praticado contra a mulher no ambiente doméstico.
· ADI 3324 – CONGENERIDADE: No caso de transferência de servidor público (qualquer esfera) é permitida a transferência obrigatória de a instituição de destino seja congênere à de origem, ou seja, de pública para pública ou de privada para privada. 
· Repercussão Geral nº 57: É constitucional a previsão legal que assegure, na hipótese de transferência ex officio de servidor, a matrícula em instituição pública, se inexistir instituição congênere à de origem (RE 601.580).
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
Art. 5º, II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
	No âmbito das relações particulares, pode-se fazer tudo o que a lei não proíbe, vigorando o princípio da autonomia da vontade, lembrando a possibilidade de ponderação desse valor com o da dignidade da pessoa humana e, assim, a aplicação horizontal dos direitos fundamentais nas relações entre particulares, conforme estudado. 
	Já no que tange à administração, esta só poderá fazer o que a lei permitir. Deve andar nos “trilhos da lei”, corroborando a máxima do direito inglês: rule of law, not of men. Trata-se do princípio da legalidade estrita, que, por seu turno, não é absoluto!
PROIBIÇÃO DE TORTURA: 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
· Tortura é crime inafiançável. 
· USO DE ALGEMAS: Súmula Vinculante 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
· Lei de Anistia (6.683/79) – ADP 153: não admitida a revisão jurisdicional da Lei da Anistia, sustentando ter sido “... uma decisão política assumida naquele momento”.
LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO: 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem.
	A Constituição assegurou a liberdade de manifestação do pensamento, vedando o anonimato. Caso durante a manifestação do pensamento se cause dano material, moral ou à imagem, assegura-se o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização.
	É uma verdadeira cláusula geral de liberdade de expressão nas suas diversas manifestações: 
· Liberdade de manifestação do pensamento (incluindo a liberdade de opinião); 
· Liberdade de expressão artística;
· Liberdade de ensino e pesquisa; 
· Liberdade de comunicação e de informação (liberdade de “imprensa”);
· Liberdade de expressão religiosa.
· Hate Speech: a análise do hate speech está relacionada à liberdade de expressão e às “manifestações de ódio, desprezo ou intolerância contra determinados grupos, motivadas por preconceitos ligados à etnia, religião, gênero, deficiência física ou mental e orientação sexual, dentre outros fatores”. O Brasil, inclusive o nosso STF, não adotou o entendimento de que a garantia da liberdade de expressão abrangeria o hate speech. Ou seja, muito embora a “posição de preferência”50 que o direito fundamental da liberdade de expressão adquire no Brasil (com o seu especial significado para um país que vivenciou atrocidades a direitos fundamentais durante a ditadura) assim como em outros países, a liberdade de expressão não é absoluta, encontrando restrições “voltadas ao combate do preconceito e da intolerância contra minorias estigmatizadas”.
· HC 82.424: “Liberdade de expressão. Garantia constitucional que não se tem como absoluta. Limites morais e jurídicos. O direito à livre expressão não pode abrigar, em sua abrangência, manifestações de conteúdo imoral que implicam ilicitude penal. 14. As liberdades públicas não são incondicionais, por isso devem ser exercidas de maneira harmônica, observados os limites definidos na própria Constituição Federal (CF, artigo 5.o, § 2.o, primeira parte). O preceito fundamental de liberdade de expressão não consagra o ‘direito à incitação ao racismo’, dado que um direito individual não pode constituir-se em salvaguarda de condutas ilícitas, como sucede com os delitos contra a honra. Prevalência dos princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade jurídica”.
· Delação Anônima: não ser possível a utilização da denúncia anônima, pura e simples, para a instauração de procedimento investigatório, por violar a vedação ao anonimato, prevista no art. 5º, IV.
· Marcha da Maconha - ADPF 187: considerou legítimo o movimento, encontrando respaldo nos direitos fundamentais de livre manifestação do pensamento (art. 5º, IV) e de reunião (art. 5º, XVI), assegurando, inclusive, o direito das minorias (função contramajoritária da Corte). “A mera proposta de descriminalização de determinado ilícito penal não se confundiria com ato de incitação à prática do crime, nem com o de apologia de fato criminoso”. Parâmetros: a reunião deve ser pacífica, sem armas, previamente noticiada às autoridades públicas quanto à data, ao horário, ao local e ao objetivo, e sem incitação à violência; não se pode admitir a incitação, incentivo ou estímulo ao consumo de entorpecentes na sua realização; naturalmente, não poderá haver consumo de entorpecentes na ocasião da manifestação ou evento público; nas manifestações, está proibida a participação de crianças e adolescentes.
· Tatuagem em concurso público: tema 838 da repercussão geral, fixou as seguintes teses: “(i) os requisitos do edital para o ingresso em cargo, emprego ou função pública devem ter por fundamento lei em sentido formal e material; (ii) os editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais” (RE 898.450).
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA, CRENÇA E CULTO: 
	Assegura-se a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta (como o serviço militar obrigatório, nos termos do art. 143, §§ 1º e 2º) e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.
· ADI 2.076-AC: a invocação da “proteção de Deus” não é norma de reprodução obrigatóriana Constituição Estadual. O preâmbulo não tem relevância jurídica, não tem força normativa, não cria direitos ou obrigações, não tem força obrigatória; serve, apenas, como norte interpre-tativo das normas constitucionais. Por essas características e, ainda, por ser o Estado brasileiro laico, podemos afirmar que a invocação à divindade não é de reprodução obrigatória nos preâmbulos das Constituições Estaduais e leis orgânicas do DF e dos Municípios. 
· ADO 26/MI4733: diante da existência de omissão normativa inconstitucional do Poder Legislativo da União, a Corte cientificou o Congresso Nacional, constituindo-o em mora formal e enquadrou a homofobia e a transfobia como crime de racismo.
· ADI 4439: o ensino religioso nas escolas públicas de ensino fundamental, que constituirá disciplina dos horários normais, poderá ter natureza confessional, na medida em que a sua matrícula é facultativa, nos termos do referido art. 210, § 1º, CF/88.
· RE 494.601 Sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana: “é constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa, permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana”.
LIBERDADE INTELECTUAL, ARTISTICA, CIENTIFICA OU DE COMUNICAÇÃO:
	É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. Veda-se a censura de natureza política, ideológica e artística (art. 220, § 2º), porém, apesar da liberdade de expressão acima garantida, lei federal deverá regular as diversões e os espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada.
· ADPF 130: o STF entendeu que a Lei de Imprensa não foi recepcionada pelo novo ordenamento, uma vez que marcada por aspectos não democrático.
· ADI 4.451 — “Lei Eleitoral sobre o Humor”: o STF entendeu que o art. 45, II e III, e §§ 4.o e 5.o da Lei n. 9.504/97 (Lei das Eleições) violam a liberdade de imprensa, visto que o humor pode ser considerado imprensa. Referidos dispositivos afrontam, também, a plena liberdade de informação jornalística, nos termos do art. 220, § 1.o, da CF/88. Ainda, a manifestação, mesmo que seja pelo humor, não pode ser restringida, já que ela instrumentaliza e permite o direito de crítica, de opinião.
· ADI 4815: inexigibilidade de autorização para publicação de biografia, mas não exclui o direito de resposta e indenização por dano moral. 
INVIOLABILIDADE DA INTIMIDADE, VIDA PRIVADA, HONRA E IMAGEM DAS PESSOAS: 
Art. 5º, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
· Sigilo Bancário: “o chamado sigilo fiscal (e, naturalmente, o mesmo deve ser entendido para o sigilo bancário, acrescente-se), nada mais é que um desdobramento do direito à intimidade e à vida privada” (HC 87.654).
· “O art. 6º da LC n. 105/2001 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal” (RE 601.314).
· O entendimento, tanto do STF como do STJ, no sentido de se reconhecer a licitude do “compartilhamento promovido pela Receita Federal dos dados bancários por ela obtidos a partir de permissivo legal, com a Polícia e com o Ministério Público, ao término do procedimento administrativo fiscal, quando verificada a prática, em tese, de infração pena”.
· STF tem sustentado que, em se tratando de contas públicas, ante os princípios da publicidade e da moralidade (art. 37, CF), a proteção do direito à intimidade/privacidade tem sido flexibilizada (MS 33.340).
· Possibilidade de quebra do sigilo bancário: o Poder Judiciário e as CPIs (federais, estaduais e distritais), que têm poderes de investigação próprios das autoridades judiciais (não incluindo aqui as CPIs municipais).
· Proibição de revista intima: 
· A Lei n. 13.271/2016, as empresas privadas, os órgãos e entidades da administração pública, direta e indireta, estão proibidos de adotar qualquer prática de revista íntima de suas funcionárias e de clientes do sexo feminino.
· Gravação Clandestina: A gravação clandestina feita por um dos interlocutores, apesar de alguns sustentarem violação à intimidade e à privacidade (art. 5º, X), tem sido assegurada pelo STF, devendo, naturalmente, a sua captura observar os princípios constitucionais e os limites da lei. 
INVIOLABILIDADE DOMICILIAR:
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
	“A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”; ou seja, sem o consentimento do morador só poderá nela penetrar: 
· Por determinação judicial:
· Somente durante o dia; 
· Em caso de flagrante delito, desastre, ou para prestar socorro: poderá penetrar sem o consentimento do morador, durante o dia ou à noite, não necessitando de determinação judicial.
O que deve ser entendido por dia ou noite? Conforme Alexandre de Moraes o melhor critério seria conjugar a definição de parte da doutrina (das 6 às 18h) ou segundo a posição de Celso de Mello, que utiliza um critério físico-astronômico: a aurora e o crepúsculo. 
Conceito de casa? ? Segundo a doutrina e a jurisprudência, “casa” abrange não só o domicílio, mas também o escritório, oficinas, garagens etc. (RT 467/385), ou, até, os quartos de hotéis.
“Para os fins da proteção jurídica a que se refere o art. 5.o, XI, da Constituição da República, o conceito normativo de ‘casa’ revela-se abrangente e, por estender-se a qualquer aposento de habitação coletiva, desde que ocupado (CP, art. 150, § 4.o, II), compreende, observada essa específica limitação espacial, os quartos de hotel (...)” (RHC 90.376). 
O STF, ao julgar o tema 280 da repercussão geral, firmou a seguinte tese: “a entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados” (RE 603.616). 
· Lei do Mosquito: De acordo com o art. 1º, § 1º, IV, da Lei n. 13.301/2016 (“Lei do Mosquito”), na situação de iminente perigo à saúde pública pela presença do mosquito transmissor do vírus da dengue, do vírus chikungunya e do vírus da zika, a autoridade máxima do Sistema Único de Saúde — SUS de âmbito federal, estadual, distrital e municipal fica autorizada a determinar e executar, dentre outras medidas necessárias ao controle das doenças causadas pelos referidos vírus, nos termos da Lei n. 8.080/90 e demais normas aplicáveis, enquanto perdurar a Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional — ESPIN, o ingresso forçado nos imóveis públicos e particulares. O legislador admite a referida medida, inclusive, se for o caso, com o auxílio de autoridade policial ou da Guarda Municipal (art. 3º, § 1º da lei), em apenas três situações específicas: abandono, ausência ou recusa de pessoa que possa permitir o acesso de agente público, regularmente designado e identificado, quando se mostre essencial para a contenção das doenças.
SIGILO DAS CORRESPONDÊNCIAS E DAS COMUNICAÇÕES:
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
	Além da proteçãoao sigilo da correspondência, há proteção ao sigilo de 3 formas de comunicações, com ressalva expressa apenas em relação a uma delas: Telegráfica — sem ressalva expressa; 
De dados — sem ressalva expressa; 
Telefônica — com ressalva expressa, exigindo ordem judicial e nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal (cf. Lei n. 9.296/96).
· Sigilo de correspondência: como regra, o sigilo de correspondência é inviolável, salvo nas hipóteses de decretação de estado de defesa e de sítio, quando poderá ser restringido (arts. 136, § 1.o, I, “b”, e 139, III).
· Sigilo das comunicações telegráficas: também inviolável, salvo nas hipóteses de decretação de estado de defesa e de sítio, que poderá ser restringido (arts. 136, § 1.o, I, “c”, e 139, III) ou em razão de eventual ponderação a ser feita no caso concreto.
· Sigilo bancário (comunicação de dados bancários): no tocante ao sigilo bancário, o art. 38 (parcialmente recepcionado) da Lei n. 4.595/64, que foi recepcionada pela CF/88 com status de lei complementar (art. 192, caput), permitia a quebra do sigilo bancário por: autorização judicial, determinação de CPI (art. 58, § 3.o), agentes fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados e autoridade fiscal, havendo interpretação no sentido de se admitir, também, por requisição do Ministério Público (art. 129, VI), para objeto de investigação criminal, entendimento esse superado pela jurisprudência do STF.
· Quebra de sigilo e MP: conforme estabelece a jurisprudência do STF, “o sigilo de informações necessárias para a preservação da intimidade é relativizado quando se está diante do interesse da sociedade de se conhecer o destino dos recursos públicos. Operações financeiras que envolvam recursos públicos não estão abrangidas pelo sigilo bancário a que alude a LC 105/2001, visto que as operações dessa espécie estão submetidas aos princípios da administração pública insculpidos no art. 37 da CF”.
· Sigilo fiscal (comunicação de dados): no tocante ao sigilo fiscal, faculta-se à administração tributária identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte (art. 145, § 1º). Assim, deve haver expressado individualização do investigado e do objeto da investigação e a indispensabilidade dos dados em poder da Receita Federal.
· Sigilo das comunicações telefônicas: a quebra será permitida nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer e para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Assim, o procedimento deverá seguir as regras traçadas pela Lei n. 9.296/96, sob pena de constituir prova obtida por meio ilícito (art. 5.o, LVI).
· Habeas corpus: “O habeas corpus é medida idônea para impugnar decisão judicial que autoriza a quebra de sigilos fiscal e bancário em procedimento criminal, haja vista a possibilidade destes resultarem em constrangimento à liberdade do investigado (...)” (AI 573.623).
· Comunicações em meios eletrônicos: a garantia constitucional da inviolabilidade abrange, naturalmente, as comunicações privadas também em meios eletrônicos, pela internet, pelos tradicionais e-mails ou ainda pelos meios de comunicações proporcionados pelas redes sociais, como direct message (DM), no Twitter, Instagram Direct, conversas privadas por meio de WhatsApp, Facebook etc.
LIBERDADE DE PROFISSÃO: 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
	Trata-se de norma constitucional de eficácia contida, podendo a legislação infraconstitucional limitar o seu alcance, fixando condições ou requisitos para o pleno exercício da profissão.
· Exame da Ordem: o art. 8º, IV, da Lei n. 8.906/94, exige a aprovação como um dos requisitos essenciais para que o bacharel em direito possa inscrever-se junto à OAB como advogado. O STF considerou constitucional essa exigência (RE 603.583). 
· Diploma de jornalista para o exercício da profissão: o STF derrubou esse requisito no RE 511.961.
· Exercício da profissão de músico: o STF entendeu inconstitucional a exigência de inscrição em conselho de fiscalização, deixando claro que essa necessidade apenas será razoável quando houver potencial lesivo na atividade.
LIBERDADE DE INFORMAÇÃO:
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. 
Súmula Vinculante 44: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.
	É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional. Trata-se do direito de informar e de ser informado. 
LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO:
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
	De acordo com o art. 5º, XV, é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. 
· Durante o estado de defesa, contudo, o decreto poderá estabelecer restrição ao direito de reunião, ainda que exercida no seio das associações.
· No caso estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, poderão ser tomadas contras as pessoas as medidas de obrigação de permanência em localidade determinada (art. 139, I); detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns (art. 139, II); suspensão da liberdade de reunião (art. 139, IV).
· Já na hipótese de declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira (hipóteses de decretação de estado de sítio – art. 137, II), a liberdade de locomoção também poderá ser restringida ou suspensa (art. 138, caput). A
· A garantia constitucional do habeas corpus que será concedido sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder (art. 5º, LXVIII). 
DIREITO DE REUNIÃO: 
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
	O direito de reunião está assegurado a todos, e, muito embora seja um direito pessoal, o seu exercício se dá de modo coletivo (havendo uma finalidade comum entre os participantes a atraí-los), devendo ser observados os seguintes requisitos constitucionais:
· Reunião pacifica
· Sem armas
· Locais abertos ao público
· Independe de autorização
· Não pode frustrar outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local
· Prévio aviso a autoridade competente. 
“Diz-me que liberdade de reunião e de manifestação praticas no teu país e dir-te-ei que democracia alcançaste”. António Francisco de Sousa, Liberdade de reunião e de manifestação no estado de direito, Direitos Fundamentais e Justiça, p. 28.
	Ainda que exercido no seio das associações, o direito de reunião poderá ser restringido na vigência de estado de defesa (art. 136, § 1.o, I, “a”) e a liberdade de reunião suspensa durante o estado de sítio (art. 139, IV).
A exigência constitucional de aviso prévio relativamente ao direito de reunião é satisfeita com a veiculação de informação que permita ao poder público zelar para que seu exercício se dê de forma pacífica ou para que não frustre outra reunião no mesmo local. STF. Plenário. RE 806339/SE, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 14/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 855) (Info 1003).
DIREITO DE ASSOCIAÇÃO: 
XVII - é plena a liberdade de associação para finslícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
	A liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar, é plena. Portanto, ninguém poderá ser compelido a associar-se e, uma vez associado, será livre, também, para decidir se permanece associado ou não. A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento. Têm elas autonomia para formular seus estatutos. A única forma de se dissolver compulsoriamente uma associação já constituída será mediante decisão judicial transitada em julgado, na hipótese de finalidade ilícita. Também a suspensão de suas atividades se dará por decisão judicial, não sendo necessário aguardar o trânsito em julgado; pode-se implementá-la por meio de provimentos antecipatórios ou cautelares.
	O Pleno do STF, apreciando o tema 499 da repercussão geral, por maioria, declarando a constitucionalidade do art. 2ºA da Lei n. 9.494/97, fixou a seguinte tese: “a eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação coletiva, de rito ordinário, ajuizada por associação civil na defesa de interesses dos associados, somente alcança os filiados, residentes no âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o fossem em momento anterior ou até a data da propositura da demanda, constantes da relação jurídica juntada à inicial do processo de conhecimento” (RE 612.043).
DIREITO DE PROPRIEDADE:
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
	Esse direito não é absoluto, visto que a propriedade poderá ser desapropriada por necessidade ou utilidade pública e, desde que esteja cumprindo a sua função social, será paga justa e prévia indenização em dinheiro (art. 5.o, XXIV). Por outro lado, caso a propriedade não esteja atendendo a sua função social, poderá haver a chamada desapropriação-sanção pelo Município com pagamentos em títulos da dívida pública (art. 182, § 4.o, III) ou com títulos da dívida agrária, pela União Federal, para fins de reforma agrária (art. 184), não abrangendo, nesta última hipótese de desapropriação para fins de reforma agrária, a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, e não tendo o seu proprietário outra, e a propriedade produtiva (art. 185, I e II).
	As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo, na forma da lei, serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º.
DIREITO DE HERANÇA E ESTATUTO SUCESSÓRIO: 
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus";
	A sucessão de estrangeiro domiciliado no Brasil reger-se-á, como é óbvio, pela lei brasileira (critério do jus domicilii). Contudo, se a lei nacional do de cujus estrangeiro, aqui domiciliado, for mais favorável ao cônjuge supérstite ou aos filhos brasileiros, aplicar-se-á aquele ordenamento jurídico (critério do jus patriae). De outro lado, não sendo, o de cujus, estrangeiro domiciliado no Brasil, nem o seu estatuto pessoal mais favorável ao cônjuge ou aos filhos brasileiros, reger-se-á a sucessão dos bens aqui localizados pelo direito brasi-leiro (critério do fórum rei sitae).
PROPRIEDADE INTELECTUAL:
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
DEFESA DO CONSUMIDOR:
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
· Art. 24: “Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (...) VIII — responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico”. 
· Art. 129: “São funções institucionais do Ministério Público: (...) III — promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”. 
· Art. 150, § 5.o: “A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços”.
· Art. 170: “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre-iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) V — defesa do consumidor”. 
· Art. 48 (ADCT): “O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor”.
DIREITO DE PETIÇÃO E CERTIDÃO:
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
	Registrado o pedido de certidão, e não atendido de forma ilegal ou por abuso de poder, o remédio cabível será o mandado de segurança. O direito de certidão não é absoluto, podendo ser negado em caso de o sigilo ser imprescindível à segurança da sociedade ou do Estado.
PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
	O princípio da inafastabilidade da jurisdição é também nominado direito de ação, ou princípio do livre acesso ao Judiciário, ou princípio da ubiquidade da justiça.
	“Enquanto o direito de ação é um direito público subjetivo, pessoal, portanto, salvo nos casos dos direitos difusos e coletivos, onde os titulares são indetermináveis e indeterminados, respectivamente, o direito de petição, por ser político, é impessoal, porque dirigido à autoridade para noticiar a existência de ilegalidade ou abuso de poder, solicitandoas providências cabíveis”.
· A concessão de benefícios previdenciários depende de requerimento do interessado, não se caracterizando ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS, ou se excedido o prazo legal para sua análise;
LIMITE À RETROATIVIDADE DA LEI:
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
· Direito adquirido: direito que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aquele cujo começo do exercício tenha termo prefixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem;
· Ao tratar da teoria do poder constituinte, não se poderá alegá-lo em face da manifestação do poder constituinte originário, uma vez que este é incondicionado e ilimitado juridicamente;
· Não se pode confundir “direito adquirido” com mera “expectativa de direito”.
· S. 654/STF: “a garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da Constituição da República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado”.
· Ato jurídico perfeito: ato já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou; 
· Súmula Vinculante 1: “ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfeito a decisão que, sem ponderar as circunstâncias do caso concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo constante de termo de adesão instituído pela Lei Complementar n. 110/2001”.
· Coisa julgada: decisão judicial de que não caiba mais recurso.
· O STF afastou a alegação de segurança jurídica (coisa julgada) para fazer valer o direito fundamental de que toda pessoa tem de conhecer as suas origens (“princípio” da busca da identidade genética), especialmente se, à época da decisão que se procura rescindir, não se pôde fazer o exame de DNA (RE 363.889).
PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL:
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
	O acusado tem o direito e a garantia constitucional de somente ser processado por um órgão independente do Estado, vedando-se, por consequência, a designação arbitrária, inclusive, de promotores ad hoc ou por encomenda. O STF aceitou a ideia de promotor natural no julgamento do HC 67.759 (leading case).
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL: 
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
· Não haverá juízo ou tribunal ad hoc, isto é, tribunal de exceção; 
· Todos têm o direito de submeter-se a julgamento (civil ou penal) por juiz competente, pré-constituído na forma da lei; 
· O juiz competente tem de ser imparcial.
· A criação do TPI, significa respeito à garantia do princípio do juiz natural, que possui duas dimensões: 
a) juiz previamente previsto em lei ou Constituição (juiz competente);
b) proibição de juízos ou tribunais de exceção, isto é, ad hoc.
TRIBUNAL PENAL INTERNACIOANAL:
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
	O “TPI” será uma instituição permanente, com jurisdição sobre as pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade com alcance internacional (fixados nos termos do Estatuto), e será complementar às jurisdições penais nacionais (art. 1.o do Estatuto). Consagra-se, dessa forma, o princípio da complementaridade, preservando-se o sistema jurídico interno, na medida em que o “TPI” só exercerá jurisdição em caso de incapacidade ou omissão dos Estado”.
	O art. 5º do Estatuto estabelece que o Tribunal terá competência para julgar os seguintes crimes: 
· De genocídio; 
· Contra a humanidade; 
· De guerra; 
· De agressão.
FEDERALIZAÇÃO DOS CRIMES CONTRA OS DIREITOS HUMANOS – Incidente de deslocamento de competência:
“Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) V-A — as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5.o deste artigo; (...) § 5.o Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal”.
	Segundo o STJ (na decisão proferida no IDC 2), o deslocamento da competência do juízo estadual para o federal vai depender do preenchimento dos seguintes pressupostos: 
· Existência de grave violação a direitos humanos; 
· Risco de responsabilização internacional decorrente do descumprimento de obrigações jurídicas assumidas em tratados internacionais; 
· Incapacidade das instâncias e autoridades locais em oferecer respostas efetivas.
	Perceba-se que isso acontecerá somente se o PGR, e exclusivamente ele, conseguir demonstrar que no âmbito Estadual ou Distrital está havendo descumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte e, por consequência, grave violação de direitos humanos.
	Foram considerados, pela ANPR, crimes contra direitos humanos os seguintes delitos: 
· Tortura; 
· Homicídio doloso praticado por agente de quaisquer dos entes federados no exercício de suas funções ou por grupo de extermínio; 
· Crimes praticados contra as comunidades indígenas ou seus integrantes; 
· Homicídio doloso, quando motivado por preconceito de origem, raça, sexo, opção sexual, cor, religião, opinião política, idade ou quaisquer outras formas de discriminação, ou quando decorrente de conflitos fundiários de natureza coletiva;
· Uso, intermediação e exploração de trabalho escravo ou de crianças.
TRIBUNAL DO JÚRI:
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
· Regra não absoluta, pois sempre que houver instituição de competência especial por prerrogativa de função no texto maior (CF/88), haverá afastamento da norma geral.
· Súmula Vinculante 45: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.
· Caso o crime doloso contra a vida tenha sido praticado em coautoria, tendo um dos réus foro por prerrogativa de função e o outro não, haverá separação dos processos; aquele que não tem a prerrogativa, certamente, deverá ser julgado pelo Tribunal do Júri.
LEGALIDADE E ANTERIORIDADE DA LEI PENAL:
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
· Os artigos consagram a irretroatividade da lei penal in pejus; e retroatividade da lei penal mais benéfica.
· Súmula Vinculante 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.
· A obrigatoriedade de imposição do regime inicial fechado, fora das regras do Código Penal, é inconstitucional por violar o princípio da individualização da pena.
· “É inconstitucional a fixação ex lege, com base no art. 2.o, § 1.o, da Lei 8.072/1990, do regime inicial fechado, devendo o julgador, quando da condenação, ater-se aos parâmetros previstos no artigo 33 do Código Penal”.
CRIMES INAFIANÇAVEIS E IMPRESCRITIVEIS OU INSUSCETIVEIS DE GRAÇA OU ANISTIA:
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidoscomo crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
· Discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais: será punida pela lei;
· Racismo: crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; 
· Crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia: tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo, prática da tortura e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
· Crime inafiançável e imprescritível: ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
· STF: As condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem expressões de racismo, compreendido este em sua dimensão social, ajustam-se, por identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos primários de incriminação definidos na Lei n. 7.716, de 08/01/1989, constituindo, também, na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o qualifica, por configurar motivo torpe. 
	Racismo e Ação de grupos armados
	Inafiançável e Imprescritível 
	Tráfico, Terrorismo, Tortura e Hediondos.
	Inafiançável e Insuscetível de graça ou anistia
PENAS:
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
· O art. 75 do CP prescreve que o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 anos.
· Lei de Abuso de Autoridade – art. 21 prescreve: “constitui crime manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento”. 
DIREITOS DOS PRESOS: 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
· Respeito à integridade física e moral
· RE 841.526: Pleno do STF firmou a seguinte tese: “em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no art. 5.o, XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte de detento”. Neste caso, deverá haver, naturalmente, a demonstração de nexo de causalidade entre o resultado morte e a omissão do Estado. 
· RE 592.581: “é lícito ao Judiciário impor à Administração Pública obrigação de fazer, consistente na promoção de medidas ou na execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais para dar efetividade ao postulado da dignidade da pessoa humana e assegurar aos detentos o respeito à sua integridade física e moral, nos termos do que preceitua o art. 5.o, XLIX, da Constituição Federal, não sendo oponível à decisão o argumento da reserva do possível nem o princípio da separação dos poderes”.
· RE 580.252: “considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6.o da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento”. 
· Presidiárias: garantia de condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;
· Comunicação imediata da prisão e o local onde se encontre: ao juiz competente, à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
· Informação ao preso de seus direitos: dentre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.
· Identificação dos responsáveis pela prisão e pelo interrogatório
EXTRADIÇÃO:
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
· A extradição é o processo oficial pelo qual um Estado solicita e obtém de outro a entrega de uma pessoa condenada ou suspeita da prática de uma infração criminal.
· Brasileiro Nato: não é extraditado.
· Brasileiro Naturalizado: 
· Crime comum: praticado antes da naturalização. 
· Tráfico de droga: comprovadamente antes ou depois da naturalização. 
· Estrangeiros: só não são extraditados por crime politico ou de opinião. 
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU NÃO CULPABILIDADE:
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
· Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Assim, nada mais natural que a inversão do ônus da prova, ou seja, a inocência é presumida, cabendo ao MP ou à parte acusadora (na hipótese de ação penal privada) provar a culpa.
PRISÃO: 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
· Regra geral, a prisão ou será em flagrante delito ou dependerá de ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente.
· Exceções: os casos definidos em lei de transgressão militar ou crime propriamente militar e a hipótese de determinação da prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida durante a vigência do estado de defesa. 
· A prisão por crime contra o Estado será comunicada imediatamente pelo executor da medida ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial. Não poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário.
· Prisão ilegal: será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; 
· Admissão pela lei de liberdade provisória, com ou sem fiança: ninguém será levado à prisão ou nela mantido;
· Prisão civil: não é admitida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel. 
· CUIDADO: em relação à prisão civil do depositário infiel o STF entendeu que não cabe mais a prisão do depositário infiel.
· Súmula Vinculante 25: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.
· A audiência de custódia (ou de apresentação) constitui direito público subjetivo, de caráter fundamental, assegurado por convenções internacionais de direitos humanos a que o Estado brasileiro aderiu, já incorporadas ao direito positivo interno (Convenção Americana de Direitos Humanos e Pacto Internacionalsobre Direitos Civis e Políticos). Traduz prerrogativa não suprimível assegurada a qualquer pessoa. Sua imprescindibilidade tem o beneplácito do magistério jurisprudencial (ADPF 347 MC) e do ordenamento positivo doméstico (Lei nº 13.964/2019 e Resolução 213/2015 do CNJ). STF. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 6/10/2020 (Info 994).
IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL: 
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; 
· O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, só se procedendo à identificação criminal se não tiver sido realizada a civil, ou em casos excepcionais, como a falta de apresentação do documento, rasuras, indícios de falsificação etc.
· De acordo com seu art. 3º da lei, apenas quando:
· O documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; 
· O documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; 
· O indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; 
· A identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa.
· Constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; 
· O estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.
AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA: 
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
	O STF, dando interpretação conforme a Constituição aos arts. 12, I, e 16 da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), estabeleceu que a ação penal para a apuração dos delitos de lesão corporal leve e culposa domésticos contra a mulher independem de representação da vítima. Trata-se, portanto, de ação penal pública incondicionada.
DEVIDO PROCESSO LEGAL, CONTRÁDITÓRIO E AMPLA DEFESA:
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
· Súmula Vinculante 3: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
· Súmula Vinculante 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
· Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
· Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.
· Súmula Vinculante 28: É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.
· HC 83.233: “o inquérito policial é peça meramente informativa, não suscetível de contraditório, e sua eventual irregularidade não é motivo para decretação de nulidade da ação penal”. 
· O interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real passa a ser a exceção podendo ser realizado pelo juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes e desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades: 
· Prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; 
· Viabilizar a participação do réu no referido ato processual quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; 
· Impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência; 
· Responder a gravíssima questão de ordem pública.
· Investigação criminal defensiva: o detetive particular pode colaborar com investigação policial em curso, desde que expressamente autorizado pelo contratante, ficando o aceite da colaboração a critério do delegado de polícia, que poderá admiti-la ou rejeitá-la a qualquer tempo.
· Ordem de apresentação das alegações finais – direito fundamental do contraditório e ampla defesa O STF, por maioria de votos, decidiu que “em ações penais com réus colaboradores e não colaboradores, é direito dos delatados apresentarem as alegações finais depois dos réus que firmaram acordo de colaboração.
· O princípio do devido processo legal tem duas facetas: 1) formal e 2) material. Esta segunda encontra fundamento nos arti-gos 5.o, inciso LV, e 3.o, inciso I, da Constituição Federal. Do devido processo legal substancial ou material são extraídos os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. 
PROVAS ILICITAS:
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
· As provas obtidas por meios ilícitos são inadmissíveis no processo. Desse princípio decorre também o de que as provas derivadas de provas obtidas por meios ilícitos também estarão maculadas pelo vício da ilicitude, sendo, portanto, inadmissíveis (teoria dos frutos da árvore envenenada).
PUBLICIDADE E MOTIVAÇÃO:
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
· O art. 93, IX, da CF/88, na redação estabelecida pela EC n. 45/2004, determina que “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”.
· O direito subjetivo das partes e advogados à intimidade somente estará garantido se não prejudicar o interesse público à informação.
· “Reveste-se de plena legitimidade jurídico-constitucional a utilização, pelo Poder Judiciário, da técnica da motivação ‘per relationem’, que se mostra compatível com o que dispõe o art. 93, IX, da Constituição da República. A remissão feita pelo magistrado — referindo-se, expressamente, aos fundamentos (de fato e/ou de direito) que deram suporte a anterior decisão (ou, então, a pareceres do Ministério Público, ou, ainda, a informações prestadas por órgão apontado como coator) — constitui meio apto a promover a formal incorporação, ao ato decisório, da motivação a que o juiz se reportou como razão de decidir”. 
ASSISTENCIA JURÍDICA INTEGRAL E GRATUITA:
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
· Esse direito e garantia fundamental instrumentaliza-se por meio da Defensoria Pública.
ERRO JUDICIÁRIO:
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
· O Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença. Prepondera o entendimento de que “o Estado não é civilmente responsável pelos atos do Poder Judiciário, senão nos casos expressamente declarados em lei” (STF, RDA 114/298; RT 150/363; RTJ 64/689). 
GRATUIDADE DE CERTIDÕES DE NASCIMENTO E ÓBITO:
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
· RE 842.846,no qual se fixou a seguinte tese: “o Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa”. 
· Ao considerar como ato necessário ao exercício da cidadania, estabeleceu serem gratuitos os assentos do registro civil de nascimento e o de óbito, bem como a primeira certidão respectiva.
GRATUIDADE DE HC E HD:
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.
CELERIDADE PROCESSUAL:
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
· EC n. 45/2004, ampliando os direitos e garantias fundamentais, estabeleceu, no art. 5.o, LXXVIII, que a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo a celeridade de sua tramitação. Trata-se, sem dúvida, de garantia não só restrita a brasileiros natos ou naturalizados e a estrangeiros residentes no País. 
· O art. 94 do Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003) estabelece que aos crimes previstos na referida Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei n. 9.099/95 (Juizados) e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.
· Sistema de justiça multiportas: meios alternativos, destacando-se a arbitragem, a mediação, a conciliação, a figura do ombudsman, a negociação, entre tantas outras.

Outros materiais