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PUNIBILIDADE E CAUSAS DE EXTINÇÃO Punibilidade: É a possibilidade juridica de o Estado aplicar a sanção penal ao sujeito ativo da infração penal. Art. 107 CP. Rol exemplificativo. Súm. 554 STF. Atacam a pretensão punitiva e a pretensão executória. Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. Causas que atacam a pretensão punitiva: extinguem os efeitos penais primários e secundários (não gera reincidencia e a senteça não pode ser usada como titulo executivo no juizo civil). Causas que atacam a pretensão executória: extinguem apenas a sanção penal, não atinge os efeitos secundários. Obs: Abolitio criminis e Anistia não extinguem os efeitos secundários. Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão. Obs1: A extinção da punibilidade do delito antecedente NÃO gera efeito sobre o crime acessório. Espécies: 1. Morte: · Princípio da intranscedência (inclusive pena de multa). · A reparação do dano civil vai até os limites da herança. · Após o trânsito em julgado não extingue os efeitos secundários. · Causa personalíssima. · Deve ser provada com a certidão de óbito. Se a certidão for falsa desconstitui a sentença. 2. Anistia: lei ordinária editada pelo Congresso Nacional. É aplicada a FATOS, e não a pessoas. · Lei com efeitos retroativos. · Exclui todos os efeitos penais. · Persistem os efeitos civis. · Anistia Própria – antes do TJ. · Anistia Imprópria – depois do TJ. · NÃO CABE ANISTIA PARA CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS (TTT). 3. GRAÇA: indulto individual. Aplica-se a pessoas específicas. Ato privativo de Presidente da República por meio de Decreto (passível de delegação). · Extingue apenas o efeito primário. · Deve haver provocação da parte intreressada. · NÃO CABE ANISTIA PARA CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS (TTT). 4. Indulto: é coletivo. Refere-se a pessoas. . Ato privativo de Presidente da República por meio de Decreto (passível de delegação). · Extingue apenas o efeito primário. · Não depende de provocação da parte intreressada. · Medida discricionária do PR. · NÃO CABE ANISTIA PARA CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS (TTT). · Súm. 631 STJ. · Súm. 535 STJ. 5. Abolitio Criminis: nova lei que retira a tipicidade do crime. · Extingue o os efeitos primários e secundários, menos os extrapenais. 6. Prescrição: perda da pretensão punitiva ou executória devido a inércia do Estado. 7. Decadência: perda do direito de queixa ou de representação. Decorre da inércia do ofendido. 8. Perempção: ocorre nos crimes de ação penal privada. É a perda de interesse do querelante. Art. 60 CPP. É a inércia do querelante. Não cabe na ação penal privada subsidiária da pública. · Não prosseguir o andamento por 30 dias. · O CADI não prosseguir na ação penal no prazo de 60 dias. · Não comparecer injustificadamente · Não requerer a condenação das alegações finais. · PJ extinta sem sucessor. 9. Renúncia do direito de queixa e Perdão do ofendido: · Só cabe nos crimes de ação privada (disponibilidade da ação penal privada). · Renúncia – Expressa ou Tácita. Ato unilateral antes do inicio da ação penal. · Obs: No JECRIM a composição civil dos danos acarreta a renúncia do direito de queixa. · É indivisivel. A todos se estende. · Art. 104 CP. · Perdão: art. 105 e 106 CP. · Deve ser aceito pelo réu. · Ato bilateral. · Indivisivel = a todos aproveita. · Não prejudica o direito dos outros ofendidos. · Do recebimento da queixa até antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. · 3 dias para o querelado aceitar. · O silêncio = aceitação. 10. Retratação: apenas nos casos em que a lei prevê expressamente. · Art. 143 CP. Calúnia e Difamação. · Art. 342, §2º. Falsa pericia. 11. Perdão Judicial: o juiz reconhece o crime e declara o perdão judicial. Deve estar previsto na lei. · Atua na pretensão punitiva. · Não gera reincidência ou maus antecedentes. · Ato exclusivo do juiz. · Direito subjetivo do réu. · Art. 120 CP. Súm. 18 STJ. A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório. 12. PRESCRIÇÃO: perda do direito de punir do Estado em razão do decurso do tempo. · NJ: causa extintiva da punibilidade. · Atua sobre a pretensão punitiva (direito do Estado impor pena) e sobre a pretensão executória (direito do estado executar a pena que foi imposta). · Fundamento: segurança jurídica e sanção à morosidade estatal. · Matéria de ordem pública e material. Pode ser reconhecida de ofício. Contagem do prazo prescricional: · Art. 10 CP. · São improrrogáveis. Imprescritibilidade: · Racismo (art. 5º, xlii, CF) · Ação de grupos armados (art. 5º, xliv, CF). · Obs1: Injúria racial – entendimento do STJ também é imprescritível (Aresp 734.236). · Obs2: Crimes contra a humanidade (estaturo de roma). · O STF não reconhece essa hipótese de imprescritibilidade. Espécies: · Prescrição da pretensão punitiva. · Obsta a persecução penal (qualquer fase). · Impede todos os efeitos da condenação (principal, secundários e extrapenais). · Juízo competente: instância em que se encontra a ação penal. · Finaliza com o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. · Prescrição da pretenção executória. · A partir do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. · Subsiste a condenação, mas impede a execução. · Extingue apenas o efeito principal. · Juízo competente: juízo da execução. PPP – prescrição da pretensão punitiva: Propriamente dita (ordinária): tempo entre a data do delito e o trânsito em julgado. · Regula pelo MÁXIMO da pena privativa de liberdade cominada ao crime. · Precisa levar em consideração as causas de diminuição e aumento de pena. · Se as causas de aumento forem variáveis: aplico o maior aumento possível para o cálculo do prazo prescricional · Se as causas de diminuição forem variáveis: aplico a menor diminuição possível para o cálculo do prazo prescricional; · Se forem concorrentes causas de aumento de pena e de diminuição da pena, o juiz deve aplicar primeiro aquela e depois esta. · · Multa: art. 114. · Art. 115 – Redução dos prazos: · Tempo do crime: menor de 21 anos. · Data da sentença: maior de 70 anos. · Termo Inicial – art. 111: · Aplicação da teoria do resultado (consumação). · Leva-se em consideração a data mais antiga no caso de dúvida. · Exceções: · Tentativa – dia em que cessou a consumação. · Crimes permanentes – cessa a permanência do delito. STF: crime sequestro não prescrebe enquanto nã for encotrada a pessoa ou corpo. · Crimes habituais (reiteração delitiva) – conta a partir do último ato. · Crimes de bigamia e falsificação – conta a partir do conhecimento. · Crime contra dignidade sexual de criança e adolescente – conta a partir de quando a vítima completa 18 anos, salvo se já houver sido proposta a ação penal. · Causas Interruptivas (zera o prazo) – art. 117 (rol taxativo): · PPP – incisos (I a IV). · Recebimento da denúncia ou queixa. · Súm. 709 STF. Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela. · Se o recebimento da denúncia ou queixa se deu por juízo absolutamente incompetente não haverá a interrupção da prescrição. · Se o ato de recebimento da denúncia vier a ser anulado por qualquer motivo, não haverá a interrupção da prescrição. · Pronúncia. · Decisão confirmatória da pronúncia.· Súmula 191 do STJ: A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime. · Publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis. · Sentença absolutória imprópria não interrompe a prescrição. · No caso da sentença, a interrupção da prescrição ocorre com a entrega em mãos do escrivão, que lavrará nos autos o respectivo termo (art. 389), ou, no caso de acórdão, na data da sessão de julgamento pelo Tribunal competente, independentemente da data de sua publicação. · Diante de sentença condenatória e, posteriormente, acórdão confirmatório da condenação, este serve como marco interruptivo? Há jurisprudência nos dois sentidos: · Pela interrupção: STF, AgReg no RE com Agravo 1.188/699/ES, j. em 29/03/19 • · Pela não interrupção: STF, RE 1.202.790 Agr/GO, j. em 28/06/2019. STJ, Edcl no AgRg, no AREsp 1.203.442/SP, j. em 01/10/2019. · “Nos termos do inciso IV do artigo 117 do Código Penal, o acórdão condenatório sempre interrompe a prescrição, inclusive quando confirmatório da sentença de 1º grau, seja mantendo, reduzindo ou aumentando a pena anteriormente imposta.” STF. Plenário. HC 176473/RR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/04/2020. · Causas Impeditivas (impede o inicio da contagem do prazo) e Suspensivas (o prazo volta a correr) – art. 116: · Enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; · Enquanto o agente cumpre pena no exterior; · Na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; · Enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. · Suspensão condicional do processo (art. 89, §6º, Lei 9.099: “Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.”); · Art. 366, CPP: Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. · Art. 368, CPP: Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento. · Crimes tributários: parcelamento do débito (Lei 9.430/96); · Acordo de leniência – crimes contra a ordem econômica (lei 12.529/11). Prescrição da pretensão punitiva superveniente, intercorrente ou subsequente: · Ocorre entre a sentença condenatória recorrível e a sentença condenatória transitada em julgado. · Leva em consideração a pena aplicada no caso concreto. · Depende do trânsito em julgado para a acusação (não interposição de recurso ou improvimento do recurso). · Ocorre entre a sentença recorrível a a sentença condenatória transitada em julgado. · Termo Inicial: publicação da sentença condenatória recorrível. · O cálculo é feito com base na pena concreta. · Súmula 146, STF: A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não há recurso da acusação. · Competência: tribunal ou juiz. Prescrição da pretensão punitiva retroativa: · É espécie de prescrição da pretensão punitiva. · Depende do trânsito em julgado para a acusação, que pode ocorrer: 1) pela não interposição de recurso; 2) pelo improvimento do recurso. · Ocorre entre a sentença recorrível e o oferecimento da denúncia ou queixa (art. 110, §1º, CP), mas tem como marco interruptivo o recebimento da denúncia ou da queixa · Termo inicial: publicação da sentença condenatória contando para trás. · O cálculo dessa prescrição é feita com base na pena concreta. · Súmula 146, STF: A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não há recurso da acusação. · Competência para decreta-la: Tribunal ou o próprio juízo de 1ª instância PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA: · Art. 110. · PPE – considera a pena aplicada em concreto. · Verifica pelo art. 109 CP. · O prazo prescricional aumenta + 1∕3 se reincidente. · Obs: Súm. 604 STF – SUPERADA! · Súm. 220 STJ. A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva. Prescrição no caso de evasão ou revogação do livramento condicional: · Art. 113 CP. · Considera o restante da pena. · Pena cumprida é pena extinta. Termo Inicial da PPE: · Art. 112. · Do dia em que trânsita em julgada para a acusação. · Da revogação do sursi ou do livramento condicional. · Do dia em que se interrompe a execução. Causas interruptivas da PPE: · Art. 117, V e VI. · Inicio ou Continuação do cumprimento da pena. · Reincidência. · O novo crime deve ter o trânsito em julgado. · Interrompe no dia da prática do crime. Causa impeditiva: · Art. 116, p.u. · Enquanto não cessar a condenação anterior. PRESCRIÇÃO VIRTUAL (PROJETADA OU ANTECIPADA): · Súmula 438, STJ. É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal. Observações finais: · Aplica-se as PRD o mesmo prazo prescricional das PPL. · Prescrição das medidas de segurança: a sentença absolutória imprópria, aplica-se a PPP regula pela pena máxima. A PPE também é regulada pela pena máxima em abstrato. · Imputável: pena aplicada em concreto. · Inimputável: PPE pena máxima aplicada em abstrato. · Art. 118 · Art. 119 Concurso de Crimes. · Súmula 497, STF: Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação. · Os prazos são contados em cada crime nos casos de concurso material. · Concurso formal e Crime continuado não computada o aumento, apenas a pena máxima isolada. · Art. 114 Multa. · 2 anos se for a única. · Prazo da prescrição da PPL se fou alternativa ou cumulada. · Súmula 415, STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada. · Art. 366 CPP. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. · o STJ entendeu que o inadimplemento da pena de multa obstaria a extinção da punibilidade do apenado. Vejamos: PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. 1. ADI n. 3.150/DF. MULTA. NATUREZA DE SANÇÃO PENAL. 2. DECLARAÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. EFEITO VINCULANTE. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. NECESSÁRIO O PAGAMENTO DA MULTA. 3. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI n. 3.150/DF, declarou que, à luz do preceito estabelecido pelo art. 5º, XLVI, da Constituição Federal, a multa, ao lado da privação de liberdade e de outras restrições - perda de bens, prestação social alternativa e suspensão ou interdição de direitos -, é espécie de pena aplicável em retribuição e em prevenção à prática de crimes, não perdendo ela sua natureza de sanção penal. 2. Dessarte, as declarações de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade são dotadas de eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário. Assim, não se pode mais declarar a extinção da punibilidade pelo cumprimento integral da pena privativa de liberdade quando pendente o pagamento da multa criminal. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1850903/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 28/04/2020, DJe 30/04/2020) · “(...) A falsidade ideológica é crime formal e instantâneo, cujos efeitos podem vir a se protrair no tempo. A despeito dos efeitos que possam, ou não, vir a gerar, ela se consuma no momento em que é praticada a conduta. Precedentes. (...) 3. Diante desse contexto, o termo inicial da contagem do prazo da prescrição da pretensão punitiva é o momento da consumação do delito, e não da eventual reiteração de seus efeitos.”(RvCr 5.233/DF, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/05/2020, DJe 25/05/2020).
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