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ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA URINÁRIO E REPRODUTOR O sistema urinário é composto de órgãos que regulam a composição química e o volume do sangue, por isso, excreta principalmente água e resíduos nitrogenados. Por fornecer uma abertura ao ambiente externo, o sistema urinário é suscetível às infecções dos contatos externos. Sendo assim, o sistema urinário é composto por dois rins, dois ureteres, uma bexiga urinária, e uma uretra. Os resíduos, chamados de urina, são coletados do sangue à medida que ele circula pelos rins, que através dos ureteres chegam ate a bexiga, no qual, são armazenadas (mecanismos fisiológicos impedem o fluxo reverso da urina nos rins → esse mecanismo ajuda a defender os rins das infecções do trato urinário superior) ❖ A urina normal tem algumas propriedades antimicrobianas, além disso, o fluxo urinário, durante a excreção da urina também tende a remover microrganismos potencialmente infeccioso. O sistema reprodutor compartilha vários de seus órgãos com o sistema urinário. Assim, sua função é produzir gametas para propagar as espécies e, nas fêmeas, das suporte para garantir o desenvolvimento embrionário e do feto. Também possui aberturas para o ambiente externo, sendo assim, está propenso a desenvolver infecções. O sistema reprodutor feminino é constituído por dois ovários, duas tubas uterinas (falópio), o útero (incluindo o colo uterino), a vagina e genitália externa (inclui clitóris, os lábios e as glândulas que produzem uma secreção de lubrificação durante a copula). O sistema reprodutor masculino consisti em dois testículos, um sistema de ductos (epidídimo, o ducto deferente, o ducto ejaculatório e a uretra), glândulas acessórias e o pênis. MICROBIOTA NORMAL DOS SISTEMA URINARIO E REPRODUTIVO A urina normal é estéril, contudo, pode se tornar contaminada com a microbiota da pele próxima ao final de sua passagem pela uretra. Deste modo, a urina coletada diretamente da bexiga tem um menor número de micróbios contaminados que a urina eliminada normalmente. Na vagina temos, predominantemente, os lactobacilos, no qual, produzem ácido lático, que mantém o pH ácido da vagina (inibi o crescimento de outros microrganismos, a maior parte produz peróxido de hidrogênio, que inibi o crescimento de bactérias). ❖ O estrógeno promove o crescimento dos lactobacilos pelo aumento da produção de glicogênio pelas células epiteliais da vagina (glicogênio é decomposto em glicose, que os lactobacilos metabolizam em ácido Láctico). Outras bactérias, como os estreptococos, vários anaeróbios e algumas gram-negativas, também são encontradas na vagina → Cândida albicans faz parte da microbiota normal das mulheres, sendo a maioria assintomáticos. ❖ Na gravidez e menopausa, devido à baixa do estrógeno, frequentemente são associadas a altas taxas de infecções no trato urinário. A uretra masculina normalmente é estéril, exceto por contaminação microbiana à abertura externa. DOENÇAS DO SISTEMA URINÁRIO O sistema urinário normalmente possui poucos micróbios, mas está sujeito a infecções oportunistas. Quase todas as infecções tem origem bacteriana, embora possa ocorrer infecções ocasionadas por parasitos esquistossomos, protozoários e fungos. DOENÇAS BACTERIANAS DO SISTEMA URINÁRIO As infecções do sistema urinário são iniciadas mais frequentemente por uma inflamação na uretra, chamada de uretrite. → infecção na bexiga, denomina-se de cistite → infecção dos ureteres, denomina-se de ureterite. O perigo mais significativo da infecção é que podem migrar para os ureteres, ate os rins, desenvolvendo a pielonefrite (ocasionalmente, os rins são afetados por infecções bacterianas sistêmicas, como a leptospirose). As infecções bacterianas que acometem o sistema urinário, normalmente, são ocasionadas por micróbios que penetram no sistema por fontes externas. Devido à proximidade dos anus com a abertura urinaria, as bactérias intestinais predominam nas infecções do sistema urinário. → A maioria das infecções são causadas pela bactéria Escherichia coli. → infecções por pseudomonas, devido a resistência natural aos antibióticos, são especialmente problemáticas. CISTITE A cistite consiste em uma inflamação comum da bexiga em mulheres. Os sintomas incluem disuria (dificuldade, dor e urgência para urinar) e piuria (presença de 10 ou mais células brancas por milímetro cúbico em uma amostra de urina). A uretra feminina, por ser menor e mais perto dos anus, desenvolvem infecções oito vezes mais que os homens. Em ambos os gêneros, a maioria dos casos acontece pela infecção do E.coli. Outra bactéria frequente é o Staphylococcus saprophyticus coagulase negativa. DIAGNÓSTICO: como regra geral, uma amostra de urina com mais de 100 unidade formadoras de colônia (UFC) por ml de patógenos potenciais. Deve incluir também um teste de urina positivo para Leucócitos esterase (LE), enzima produzida pelos neutrófilos- que indica infecção ativa. TRATAMENTO: fármaco trimetoprim- sulfametoxazol reverte os casos de cistite rapidamente. Os antibióticos fluoroquinolona ou ampicilina são usados em caso de resistência à antimicrobianos. PIELONEFRITE Em casos não tratados (25% das vezes), a cistite evolui para pielonefrite, no qual, consiste na inflamação de um ou ambos os rins. No sexo feminino as infecções do trato urinário inferior são uma complicação frequente. O agente evolvido em 75% dos casos é E.coli. A pielonefrite geralmente resulta em bacteremia. Se a pielonefrite se tornar crônica, formam-se cicatrizes nos rins, o que prejudica significativamente o seu funcionamento. DIAGNÓSTICO: culturas sanguíneas e uma coloração de Gram da urina para identificar a presença de bactérias. Uma amostra de urina contendo mais de 10.000 UFC/ml e um teste de LE positivo indicam pielonefrite. TRATAMENTO: Administração IV, de longo prazo, de um antibiótico de amplo espectro, como uma cefalosporina de segunda ou terceira geração. LEPTOSPIROSE A leptospirose é principalmente uma doença de animais domésticos ou silvestres, mas pode ser transmitida aos seres humanos, podendo provocar doenças renais ou hepáticas severas. O agente causador é a espiroqueta Leptospira interrogans. A Leptospira tem a forma espiral extremamente fina, enrolada tão firmemente que é quase imperceptível em uma visualização em microscópio de campo escuro. Além disso, ela se cora fracamente e é difícil de ser visualizada em microscópio óptico normal. Em todo o mundo, a leptospirose é provavelmente a zoonose mais comum, sendo endêmica em ambientes tropicais, inclusive no Estado do Havaí. Os humanos são infectados através do contato com a agua contaminada com urina, proveniente de lagos de agua doce ou riachos, solo, ou algumas vezes pelo contado com tecido animal. Normalmente, o patógeno penetra abrasões na pele ou nas membranas mucosas. Quando ingerido, ele penetra pela mucosa do Trato digestório superior. Após um período de incubação de 1 a 2 semanas, dores de cabeça e musculares, calafrios e febre aparece, abruptamente. Muitos dias depois, os sintomas agudos desaparecem e a temperatura retorna ao normal. Alguns dias, entretanto, um segundo episodio de febre pode ocorrer. As leptospiroses são observadas no interior de células não fagocíticas dos pacientes infectados. Ainda é incerto como os patógenos penetram as células hospedeiras, contudo, eles utilizam esse mecanismo como fator de dispersão para os órgãos-alvo e para a evasão do sistema imune, sendo assim, a resposta imune é atrasada tempo suficiente para a população de bactérias no sangue e nos tecidos alcance números enormes (1 ou 2 semanas). Em pequenos números de casos, os rinse fígado tornam-se gravemente infectados (doença de Weil). DIAGNÓSTICO: teste sorológico que é complicado e, normalmente, feito em laboratórios centrais de referência. Muitos testes rápidos estão disponíveis para diagnostico preliminar. Além disso, o diagnostico pode ser realizado por amostragem de sangue, urina ou outros fluidos para o microrganismo ou seu DNA. TRATAMENTO: é recomendado o antibiótico Doxiciclina (uma tetraciclina), contudo, a administração do medicamento em estágios tardios é frequentemente insatisfatória, pois as reações imunes são responsáveis pelas patogêneses nesse estágio. DOENÇAS DOS SISTEMA REPRODUTIVO Os micróbios que causam infecções do sistema reprodutivo normalmente são muito sensíveis ao estresse ambiental e requerem contato íntimo para a transmissão. DOENÇAS BACTERIANAS DO SISTEMA REPRODUTIVO A maioria das doenças do sistema reprodutivo transmissíveis por atividade sexual tem sido chamada de doença sexualmente transmissíveis (DSTs). contudo, nos últimos anos houve a tendencia de mudar essa terminologia para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), pois o conceito doença implica em sinais e sintomas óbvios. Assim, como muitos indivíduos não apresentam sinais e sintomas aparentes, o termo ISTs parece mais apropriado. Mais de 30 bactérias, vírus ou infecções parasitarias têm sido identificados como sexualmente transmissíveis. Muitas dessas infecções podem ser tratadas com sucesso com antibióticos e podem ser basicamente prevenidas com o uso de preservativos. GONORREIA É uma IST provocada pelo diplococo gram- negativo Neisseria gonorrhoeae. Para infectar, o gonococo precisa se ligar através das fimbrias das células mucosas da parede epitelial. O patógeno invade os espaços que separam as células epiteliais colunares, as quais são encontradas na área orofaríngea, nos olhos, no reto, na uretra na abertura do colo uterino e a área externa genital das mulheres pré- puberais. A invasão desencadeia uma inflamação e, quando os leucócitos se movem para a área inflamada, o pus característico se forma. Em homens, uma única exposição não protegida resulta em infecções com gonorreia 20 a 35% das vezes. As mulheres tornam-se infectadas em 60 a 90% das vezes com uma única exposição. Os homens tornam-se cientes da existência de uma infecção gonorreica pela dor ao urinar e pela descarga de material contendo pus pela uretra (a maioria sentem os sintomas em menos de uma semana). Uma complicação comum é a uretrite, embora ela ocorra mais em decorrência de coinfecção com Chalamydia. Uma complicação rara é a epididimite, uma infecção do epidídimo. Normalmente de ocorrência unilateral, essa condição dolorosa resulta da infecção ascendentes ao longo da uretra e do ducto deferente. Em mulheres, a doença é mais traiçoeira, somente o colo uterino, que contem células epiteliais colunares, é infectado (as paredes da vagina são compostas por células epiteliais escamosas estratificadas, que não são colonizadas), sendo assim, poucas mulheres percebem a infecção. Posteriormente, com o decorrer da doença, pode ocorrer dor abdominal a complicações, como a doença inflamatória pélvica. → Em ambos os sexos, a gonorreia não tratada pode se disseminar e se tornar uma doença sistêmica grave. As complicações podem incluir articulações (mais comuns são o pulso, joelho e tornozelo), o coração (endocardite gonorreica), as meninges (meningite gonorreica), os olhos, faringe ou outras partes do corpo. A artrite gonorreica, causa crescimento do gonococo nos fluidos das articulações, ocorre em aproximadamente 1% dos casos da gonorreia. → se a mãe estiver infectada com gonorreia, os olhos do bebe dela podem se tornar infectados à medida que ele passa pelo canal do parto → oftalmia neonatal, pode causar em cegueira. As infecções gonorreicas podem ser adquiridas em qualquer momento do contato sexual (as gonorreias faríngeas e anal não são raras). Os sintomas da gonorreia faríngea frequentemente lembram dor de garganta séptica comum. Já a gonorreia anal pode ser dolorosa e acompanhada de descargas de pus. Na maioria dos casos, entretanto, os sintomas são limitados à coceira. → nas mulheres, o uso de contraceptivos orais frequentemente substitui o preservativo e os espermicidas, que ajudam a prevenir a transmissão da doença. → não há imunidade adaptativa efetiva contra a gonorreia (o gonococo exibe uma extraordinária variabilidade antigênica). DIAGNOSTICO: em homens, é diagnosticado pelo achado de gonococos em esfregaço corado de pus da uretra. O diplococo gram-negativo típico no interior de leucócitos fagocíticos é facilmente identificável. A coloração Gram de exsudato não é tão confiável para as mulheres. Em geral, uma cultura é coletada do colo uterino e cultivado em meios especiais. Os gonococo é muito sensível as influencias ambientais fora do corpo. Esse microrganismo requer meio de transporte especial para manter sua viabilidade por intervalos curtos antes de ser cultivados. O diagnostico de gonorreia tem sido auxiliado pelo desenvolvimento de um teste de ELISA que detecta N. gonorrhoeae no pus uretral ou em esfregaço cervicais, em cerca de 3h com alta exatidão. Esse e outros testes rápidos utilizam anticorpos monoclonais contra antígeno de superfície dos gonococos. Testes de amplificação de ácido nucleico são muito precisos em identificar isolados clínicos de casos suspeitos. TRATAMENTO: Para a gonorreia que afeta os tecidos cervicais, uretrais ou retais, a recomendação atual é, inicialmente, utilizar as cefalosporinas, como a ceftriaxona ou o cefixime (também recomendado para casos de infecção faríngea). Fluoroquinolona não são recomendados devido ao desenvolvimento rápido de resistência a elas. A menos que uma coinfecção com Chlamydia trachomatis seja descartada, o paciente também deve ser tratado por esse organismo. Deve tratar parceiros sexuais de pacientes, a fim de diminuir o risco de reinfecção e a incidência de ISTs em geral. URETRITE NÃO GONOCÓCICA (UNG) A UNG, também conhecida como uretrite inespecífica (UI), refere-se a qualquer inflamação da uretra que não seja causada por Neisseria gonorrhoeae. Os sintomas incluem dor ao urinar e uma descarga aquosa. Chlamydia trachomatis Chlamydia trachomatis é o patógeno mais comum associado à UNG. Muitas pessoas acometidas pela gonorreia sofrem, de coinfecção por C. trachomatis, que infecta as mesmas células epiteliais colunares que o gonococo. C. trachomatis, também é responsável pelas ISTs linfogranuloma venéreo e tracoma. Em mulheres é responsável por muitos casos de doenças inflamatórias pélvicas, além de infecções oculares e pneumonias em lactentes nascidos de mães infectadas. Infecções clamídias genitais também estão associadas com alto risco de câncer cervical. → uma vez que os sintomas frequentes são leves em homens, e as mulheres normalmente são assintomáticas, muitos casos de UNG permanecem não tratados. Com isso, embora não seja comum, as complicações podem ser bastante graves. Homens → podem desenvolver inflamação no epidídimo Mulheres → inflamação das tubas uterinas, no qual pode causar cicatrizes, levando a esterilidade da mulher. → outra bactéria associada a UNG é a Ureaplasma urealyticum, pertencente ao grupo dos micoplasmas (bactérias sem parede celular). Nesse grupo também temos o Mycoplasma hominis, habitante da vagina normal, causando infecções de forma oportunista na tuba uterina. DIAGNÓSTICO: a cultura é o meio mais confiável, contudo requer métodos de cultivo especializados (leva de 24 a 72h e nem sempre está disponível de maneira conveniente). Atualmente, existem diversos testes novos não baseados em cultura,no qual, muitos deles amplificam e detectam as sequencias de DNA e RNA do microrganismo (são rápidos e muitos sensíveis, contudo são caros feito por laboratórios especializados). Testes de urina podem ser realizados, mas a sensibilidade é menor que o teste de esfregaços. Recomenda-se fazer triagem de rotina para a infecção em mulheres sexualmente ativas com 25 anos ou mais. Assim como em pessoas sexualmente ativas e com múltiplos parceiros. TRATAMENTO: antibióticos do tipo tetraciclina, como a doxiciclina, ou antibióticos macrolídeos, como a azitromicina. DOENÇA INFLAMATÓRIA PELVICA (DIP) A DIP é um termo coletivo que se refere a qualquer infecção bacteriana extensa dos órgãos pélvicos femininos, particularmente o útero, o colo do útero, as tubas uterinas ou os ovários. Complicações da DIP por levar a infertilidade ou dor crônicas. → A DIP é considerada uma infecção polimicrobiana, ou seja, diversos patógenos diferentes podem ser a causa, incluindo coinfecções. → Os micróbios mais comuns são N. gonorrhoeae e a C. trachomatis. O começo da DIP clamidial é relativamente mais insidioso, como poucos sintomas inflamatórios inicias, que a N. gonorrhoeae → a infecção clamidial causa mais dano à tuba uterina. A bactéria pode liga-se as células espermáticas e se transportada por elas ate as tubas uterinas. Mulheres que fazem uso de barreias contraceptivas tem baixa taxa de DIP. →A infecção das tubas uterinas, ou salpingite¸ é a forma mais severa de DIP, podendo resultar em cicatrizações que bloqueiam a passagem dos óvulos do ovário até o útero, causando esterilidade. Além disso, a tuba uterina bloqueada, pode levar a implantação do ovo fertilizado na tuba, gerando a gravidez ectópica, sendo potencialmente letal (leva a ruptura da tuba, causando hemorragias). imagem de uma Salpingite. DIAGNÓSTICO: depende muito dos sinais e sintomas, em combinação com indicações laboratoriais de gonorreia e infecção clamidial do colo do útero. TRATAMENTO: administração simultânea de doxiciclina e cefoxitina. SÍFILIS o agente causador da sífilis é o espiroqueta gram-negativa, Treponema pallidum, no qual, não tem as enzimas necessárias para produzir muitas moléculas complexas, assim, utiliza muitos componentes do hospedeiro necessários a vida. → o organismo perde a infectividade fora do hospedeiro mamífero em pouco tempo. T. pallidum não tem fatores de virulência evidentes como toxinas, porem produz diversas lipoproteínas que induzem uma resposta imune inflamatória. Assim, quase imediatamente após a infecção, o organismo entra na corrente sanguínea e invade profundamente os tecidos, cruzando facilmente as junções entre as células. Ele tem uma mobilidade do tipo saca-rolha, o que permite “nadar” rapidamente nos fluidos gelatinosos teciduais. O T. pallidum são responsáveis por determinar doenças cutâneas endêmicas de regiões tropicais, como a bouba; não são transmissíveis sexualmente, mas há evidencias de uma provável associação histórica com a sífilis. →A sífilis é transmissível por contato sexual de quaisquer tipos, por infecção sifilítica da área genital, ou de outras partes do corpo. → período de incubação é de 3 semanas, mas pode variar de 2 semanas a muitos meses. A doença progride, ocorrendo muitos estágios de reconhecimento ESTÁGIO PRIMÁRIO DA SIFILIS: o sinal inicial é um cancro, ou ulcera, pequeno, de base endurecida, que aparece no local da infecção de 10 a 90 dias após a exposição (3 semana, em média). O cancro é indolor, e um exsudato seroso forma-se no centro, sendo um fluido altamente infeccioso. O exame de microscopia escura mostra muitas espiroquetas. Em uma semana a lesão desaparece e os sintomas não causam nenhum desconforto. Durante esse estágio, a bactéria entra na corrente sanguínea e no sistema linfáticos, que as distribuem para o corpo. ESTAGIO SECUNDÁRIO: semanas após o primeiro estágio, caracteriza, principalmente, por uma erupção cutânea de aparência variável. A erupção é amplamente distribuída na pele e membranas mucosas, sendo especialmente visível nas palmas das mãos e nas solas dos pés; possui muitas espiroquetas e são muito infecciosas (as erupções se dá pela resposta inflamatória aos imunocomplexos circulantes que se alojam em várias partes do corpo). Perdas de tufos de cabelos, mal-estar e febre branda, também estão são presentes nesse estágio. Os sintomas desaparecem dentro de 3 meses (é uma doença sutil). → A transmissão sexual acontece nos dois primeiros estágios PERÍODO LATENTE: os sintomas somem com ou sem tratamento, entrando na fase latente. Após 2 a 4 anos, a doença passa a não ser contagiosa, exceto pela transmissão materno-fetal. A maioria dos casos não progride da fase latente, mesmo sem tratamento. ESTÁGIO TERCIÁRIO: após a primeira e a segunda fase, o individuo pode entrar na fase latente sem tratamento. Assim, em casos não tratados, a doença pode evoluir para a fase três (ocorre depois de muitos anos de período latente). T. pallidum tem uma camada externa de lipídeos que estimula uma resposta imune pouco efetiva, principalmente por reações de complemento destruidoras de células. Contudo, a maioria dos sintomas dessa fase, deve as reações imunes do corpo às espiroquetas sobreviventes. Ela pode ser caracterizada pelos tecidos afetados ou pelo tipo de lesão. → a Sífilis gomatosa é caraterizada por gomas (inflamação progressiva que aprece como massas de tecidos com aspecto emborrachado em diversos órgãos). → a Sífilis cardiovascular é mais severa e caracteriza-se pelo enfraquecimento da aorta (hoje é raro). → a neurossífilis afeta parte do SNC, no qual o resultado pode variar amplamente em sinais e sintomas (o paciente pode sofrer com alterações de personalidade, sinais de demências, dentre outros). SÍFILIS CONGÊNITA: mais perigosa, caracterizada pela transmissão através da placenta para o feto. Acontece, normalmente durante a fase latente, e desenvolve problemas mentais e outros sintomas neurológicos, como consequência mais grave nas crianças. O tratamento nos dois primeiros trimestres, com antibióticos, pode evitar a transmissão. DIAGNÓSTICO: o diagnostico é complexo, pois cada fase tem suas exigências. Fase 1ª: teste microscópicos em campo escuro, através das espiroquetas presentes nas lesões. Com a mesma finalidade, também pode realizar o teste de anticorpos fluorescente direto (AFD- TP). Fase 2ª: teste sorológico não treponêmicos, não quais detectam anticorpos do tipo reagina (resposta ao material lipídico que se forma no organismo, em resposta a infecção pelas espiroquetas). Também é utilizado o teste rápido de reagina plasmática. Outros testes que são realizados são treponêmicos, com base em ensaios imunoenzimaticos (EIA), realizado em laboratórios, e oferece uma triagem de alto processamento. Somente testes do tipo treponêmico são utilizados comotestes confirmatórios. Um exemplo é o teste de absorção de anticorpo treponêmico fluorescente, ou teste FTA-ABS, um teste de anticorpo fluorescente indireto. TRATAMENTO: o antibiótico normalmente utilizado é a penicilina benzatina, possui ação prolongada que permanece efetiva em ate 2 semanas no corpo. Para pessoas sensíveis a penicilina, muitos outros antibióticos, como azitromicina, a doxiciclina e a tetraciclina, também tem provados efetivos. LINFOGRANULOMA VENÉREO (LGV) A LGV é causada pelo agente Chlamydia trachomatis, nos quais, são invasivos e tendem a invadir o tecido linfoide. Os microrganismos invadem o sistema linfático, assim a região dos linfonodos torna-se aumentada e dolorosa, podendo causar também, supuração (descarga de pus). Esse bloqueio algumas vezes leva a um aumento de volume maciço da genitália externanos homens. Em mulheres, o envolvimento dos linfonodos da região retal pode levar ao estreitamento do reto. Nesse caso pode ser necessário uma intervenção cirúrgica. DIAGNOSTICO: testes sanguíneos para a presença de anticorpos contra os sorovares de C. trachomatis. Teste de cultura também pode ser realizado, mas nem todo laboratório realiza. TRATAMENTO: antibiótico doxiciclina. CANCROIDE (CANCRO MOLE) No cancroide, uma ulceração dolorosa e edemaciada que se forma sobre a genitália envolve uma infecção dos linfonodos adjacentes. Os linfonodos infectados na virilha algumas vezes ulceram e secretam pus na superfície da pele. Essas lesões são um fator importante na transmissão do HIV. A lesões podem ocorrer, também, na língua e nos lábios. O agente causador é o Haemophilus ducreyi, um bacilo gram-negativo que pode ser isolado de exsudato das lesões. DIAGNOSTICO: sintomas e cultivo da bactéria TRATAMENTO: antibióticos, como a azitromicina ou ceftriaxona. VAGINOSE BACTERIANA É causada, normalmente, pela presença da Gardnerella vaginalis. Acredita-se que as vaginoses bacterianas sejam precipitadas por alguns eventos que reduzem o número de bactérias Lactobacillus vaginais, que, normalmente, produzem peróxido de hidrogênio. G. vaginalis, proliferem-se, produzindo aminas que contribuem para aumentar o pH ainda mais. → não há a mesma condição correspondente nos homens, mas a G. vaginalis com frequência esta presente em suas uretras. DIAGNOSTICO: tem como base o pH vaginal, o odor de peixe e a observação microscopia de células-alvo na descarga vaginal (Papanicolau). TRATAMENTO: é feito principalmente por metronidazol, antimicrobiano que erradica os anaeróbicos essenciais a doença, mas que permite os lactobacilos normais repovoem a vagina. DOENÇAS VIRAIS DO SISTEMA REPRODUTIVO As doenças virais são de difícil tratamento, representando um problema crescente de saúde. HERPES GENITAL É uma IST muito divulgada, causada pelo vírus Herpes simples tipo 2. O herpes simples tipo 1 é o principal agente causador do herpes labial, ou febre bolhosa, mas também pode causar herpes genital. As lesões de herpes genital aparecem após um período de incubação de até uma semana e causam uma sensação de queimação. Tanto em homens quanto em mulheres, a micção pode ser dolorosa e o ato de caminhar é muito desconfortável; até mesmo as roupas irritam os pacientes. Normalmente, as vesículas cicatrizam em algumas semanas. As vesículas contêm fluidos infecciosos, mas muitas vezes a doença é transmissível quando não há sintoma ou lesão aparente. O sêmen pode conter o vírus. Os preservativos podem não fornecer proteção, pois as vesículas nas mulheres normalmente estão na genitália externa (raramente no colo do útero ou no interior da vagina), e as vesículas nos homens podem estar na base do pênis. → os homens tem mais recorrência que as mulheres. DIAGNOSTICO: pode ser feito pelo isolamento do vírus a partir das vesículas. O teste PCR tem comprovado ser mais sensível e potencialmente mais rápido. Caso não haja lesões, um teste sorológico pode identificar infecções do tipo HSV. TRATAMENTO: não há cura para a herpes. Os fármacos antivirais aciclovir, fanciclovir e valaciclovir são recomendados para o tratamento. Eles são razoavelmente efetivos em aliviar os sintomas de um primeiro episódio; há certo alívio da dor e cicatrização levemente mais rápida. → HERPES NEONATAL: A herpes neonatal é uma consideração séria para as mulheres em idade fértil. O vírus pode atravessar a barreira placentária e afetar o feto, causando aborto espontâneo ou danos fetais graves VERRUGAS GENITAIS As verrugas são doenças infecciosas causada por vírus conhecido como papilomavírus. Muitos papilomavírus têm predileção pelo crescimento não na pele, mas sim nas membranas mucosas que revestem órgãos, como trato respiratório, boca, ânus e genitália. Estas verrugas genitais (ou condiloma acuminado) são normalmente transmissíveis sexualmente e são um problema crescente. Existem mais de 60 tipos de papilomavírus humano (HPV, de human papillomaviruses), e determinados sorotipos tendem a estar associados a certos tipos de verrugas genitais. As lesões penianas são planas e consideravelmente inaparentes, importante fator na transmissão do homem para a mulher. O período de incubação normalmente é de poucas semanas a meses. Verrugas genitais visíveis são mais frequentemente causadas pelos sorotipos 6 e 11. Esses sorotipos raramente causam câncer, o que é a maior preocupação dessas infecções (sendo os mais comuns o 16 e o 18, porem tem prevalência relativamente baixa). Canceres orais, anal e peniano também são atribuídos a infecções pelo HPV. → duas vacinas foram licenciadas por serem efetivas contra os tipos de HPV, mais comumente associados ao câncer. São elas recomendadas para adolescentes de 11-12 anos. TRATAMENTOS: as verrugas podem ser tratadas, mas não curadas. Assim, os métodos disponíveis utilizados para o tratamento de verrugas são dois géis aplicáveis pelo paciente, podofilox e imiquimode. DOENÇAS FÚNGICAS DO SISTEMA IMUNE CANDIDÍASE A candidíase é causa por fungos leveduriformes do gênero Candida. A Candida albicans é a mais comum, causando 85-90% dos casos. As infecções por outras espécies como Candida glabrata são mais resistentes aos antifúngicos e pode ser crônica ou recorrente. A C. albicans frequentemente cresce sobre as membranas mucosas da boca, trato intestinal e do trato urogenital. As infecções normalmente são resultado do supercrescimento de microrganismos oportunistas, quando a competição da microbiota normal é suprimida pelo uso de antibióticos ou outros fatores. É responsável pela UNG em homens e de candidíase vulvovaginal em mulheres. As lesões da candidíase vulvovaginal lembram as da candidíase oral, porém produzem mais irritação: coceira intensa, uma descarga espessa, coalhada e amarela, com cheiro leveduriforme ou sem odor. As condições predisponentes incluem o uso de contraceptivos orais e a gestação, que causa um aumento do glicogênio na vagina, além disso, os hormônios e a diabetes descompensadas, também são fatores predisponentes. DIAGNOSTICO: identificação microscópica do fungo em raspados das lesões e por isolamento do fungo em cultura. TRATAMENTO: aplicação tópica de antifúngicos de venda livre, como clotrimazol miconazol. Outro tratamento é o uso de uma dose única de fluconazol via oral. DOENÇAS PARASITÁRIAS DO SISTEMA REPRODUTIVO TRICOMONÍASE A tricomoníase é causado pelo protozoário anaeróbico Trichomonas vaginalis, no qual é um habitante normal da vagina em mulheres, e da uretra em muitos homens. É geralmente transmissível sexualmente. Se a acidez normal da vagina é perturbada, o protozoário pode crescer excessivamente em relação à população microbiana normal da mucosa genital e causar a tricomoníase. → a infecção é frequentemente acompanhada por uma coinfecção por gonorreia. O corpo acumula leucócitos no local da infecção em resposta a infecção pelo protozoário. Assim, a descarga é abundante, de coloração amarela- esverdeada, e caracterizada por um odor desagradável, seguido de coceira e irritação. → é uma doença notificável. DIAGNOSTICO: exame microscópico e a identificação dos organismos na descarga. Também podem ser isolados e cultivados em laboratórios. Além disso, atualmente, testes rápidos com uso de sondas de DNA e anticorpos monoclonais estão disponíveis. TRATAMENTO: via oral com metronidazol, administrados em ambos os parceiros sexuais.
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