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APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 
 1 
@emilly.lorenaa 
 APG 27 – Que cheiro é esse?
1) CONHECER OS AGENTES ETIOLÓGICOS, A EPIDEMIOLOGIA, OS 
MECANISMOS DE TRANSMISSÃO, OS FATORES DE RISCO, O 
QUADRO CLÍNICO, O DIAGNÓSTICO E AS COMPLICAÇÕES DAS 
ISTs QUE CAUSAM CORRIMENTO VAGINAL (TRICHOMONAS 
VAGINALIS, CANDIDA ALBICANS, GARDNERELLA VAGINALIS) 
E URETRAL (CHLAMYDIA TRACOMATIS, NEISSERIA 
GONORRHOEAE; MYCOPLASMA SP.) 
 CORRIMENTO VAGINAL 
 A vagina é um ecossistema dinâmico e complexo, sendo que o 
seu revestimento é composto por um epitélio escamoso sem 
queratina que, juntamente com a secreção, faz a 1ª linha de 
defesa contra infecções. 
 A secreção vaginal fisiológica é branca, inodora e viscosa, com 
cerca de 200 tipos diferentes de bactérias e 109 unidades 
bacterianas formadoras de unidades formadoras de colônias 
por grama de fluido vaginal. 
 A flora bacteriana normal é composta principalmente por 
lactobacilos, mas outros agentes potencialmente patogênicos 
podem estar presentes, principalmente quando ocorre 
desequilíbrio na flora vaginal. 
 Os lactobacilos convertem glicogênio em ácido láctico, que 
auxilia na manutenção do pH vaginal normal, que varia entre 
3,8 e 4,2. 
 Ao analisar a secreção no microscópio, observam-se 
lactobacilos e menos que 1 leucócito por campo e, 
eventualmente, algumas clue cells. 
 Cerca de 5 a 10% das mulheres apresentam mucorreia, 
definida como secreção vaginal acima do normal, e, ao exame 
especular, há ausência de inflamação vaginal e áreas de 
epitélio endocervical secretando muco claro e límpido. 
 TRICHOMONAS VAGINALIS 
 A tricomoníase é uma infecção sexualmente transmissível não 
viral mais comum no mundo. 
 De acordo com a OMS, existem aproximadamente 170 milhões 
de casos reportados anualmente em pessoas entre 15 e 49 
anos, a maioria (92%) em mulheres de países em 
desenvolvimento. 
 Estudos no Brasil referem prevalência que varia de 2,6% a 
20% no sexo feminino. 
 A tricomoníase possui alto poder infectante e pode ser 
identificada em 30 a 40% dos parceiros masculinos de 
pacientes infectadas, embora a infecção nos homens seja 
autolimitada e transitória = os homens são vetores 
assintomáticos. 
 A incidência depende de vários fatores como idade, atividade 
sexual, número de parceiros sexuais, sexo desprotegido, 
outras ISTs e condições socioeconômicas. 
 É causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis. 
 Possui 4 flagelos e uma 
membrana ondulante, 
responsável por sua grande 
mobilidade. 
 A transmissão é 
predominantemente sexual, 
embora raramente possam ocorrer outras formas, pois 
o parasita pode sobreviver fora de seu habitat por 
algumas horas em condições de umidade. 
 O período de incubação varia entre 4 a 28 dias. 
 A resposta imune celular ao Trichomonas vaginalis pode ser 
agressiva, com inflamação da mucosa da vagina e exocérvice 
em mulheres e da uretra em homens. 
 Ocorre intensa infiltração de leucócitos, incluindo os da 
linhagem TCD4, que são alvo do HIV (é importante cofator 
na transmissão e aquisição do HIV); 
 Ao penetrar na vagina, o parasita cobre-se com 
proteínas do hospedeiro, o que permite a evasão dos 
mecanismos de defesa locais. 
 Além disso, possui a capacidade de sobreviver no meio 
vaginal ácido, hostil, durante longos períodos de tempo, 
permanecendo firmemente ligado às células da mucosa 
vaginal. 
 No homem, infecta a uretra inferior, podendo atingir a 
próstata, vesícula seminal e epidídimo. 
 Na mulher, além da vagina e exocérvice, pode acometer 
a uretra, bexiga, glândulas de Skenne e Bartholin e 
endocérvix. 
 Após a infecção, o parasita raramente é eliminado, 
podendo permanecer indefinidamente no trato genital. 
 A infecção do trato genital feminino pelo protozoário não 
induz imunidade duradoura, sendo comuns as infecções 
recorrentes. 
 Nas mulheres, a tricomoníase pode variar desde portadoras 
assintomáticas (correspondendo a 1/3 e pode persistir por 
meses ou anos) até uma doença inflamatória grave a aguda. 
 Embora a maioria das pacientes não apresente sintomas, 
quando presentes, estes costumam ser mais exacerbados 
logo após o período menstrual, devido à elevação do pH vaginal 
 APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 
 2 
@emilly.lorenaa 
e a aquisição de ferro da Hb pelo parasita, o que aumenta sua 
virulência, ou durante a gravidez. 
 Os principais sinais e 
sintomas referidos são 
secreção vaginal 
abundante e bolhosa, de 
coloração amarelo-
esverdeada, prurido 
vulvar intenso e 
hiperemia/edema de vulva e vagina. 
 Menos frequentemente, podem surgir queixas de disuria, 
polaciuria e dor supra púbica. 
 Quando presente em gestantes, a infecção está 
associada à ruptura prematura de membranas e ao 
parto pré-termo. 
 Ao exame ginecológico, geralmente se observam hiperemia 
dos genitais externos e presença de corrimento espesso, de 
aspecto purulento, exteriorizando-se pela fenda vulvar. 
 Ao exame especular, verifica-se aumento do conteúdo vaginal, 
de coloração amarelada ou 
amarelo-esverdeada, por vezes 
acompanhado de pequenas 
bolhas. As paredes vaginais e a 
ectocérvice apresentam-se 
hiperemiadas, observando-se ocasionalmente o “colo uterino 
com aspecto de morango” (colpitis maculáreis), devido às 
pequenas sufusões hemorrágicas. 
 A medida do pH vaginal revela valores acima de 4,5 e o 
teste das aminas (whiff test) pode ser positivo devido à 
presença de germes anaeróbios associados à VB. 
 O método mais utilizado para o diagnóstico, devido ao baixo 
custo e à praticidade, é a bacterioscopia a fresco, colocando-
se em uma lâmina de vidro uma gota de conteúdo vaginal e 
uma gota de solução salina e observando-se ao microscópio, o 
parasita é identificado pela movimentação pendular (a 
mobilidade aumenta se a lâmina estiver aquecida). 
 A bacterioscopia com coloração pelo Gram também permite 
a identificação do parasita, nesse caso sem os movimentos, o 
que pode dificultar o reconhecimento. 
 A cultura, realizada em meio específico (Diamond) tem maior 
sensibilidade (75% a 96%) e especificidade de 100%, embora 
sejam necessários alguns dias para o resultado. E é 
recomendado quando há presença de sintomas, mas 
negatividade do exame a fresco. 
 O tratamento consiste em: 
 Metronidazol: 2g via oral em dose única OU 
 Tinidazol: 2g via oral em dose única. 
 CANDIDA ALBICANS 
 A candidíase vulvovaginal (CVV) caracteriza-se pela infecção 
vaginal e vulvar por espécies de cândida. 
 Estudos de prevalência indicam que a Candida sp. pode ser 
isolada no trato genital em aproximadamente 15-20% das 
mulheres assintomáticas saudáveis. 
 O gênero Candida é constituído por aproximadamente 
200 espécies de leveduras saprófitas, que habitam os 
mais diferentes tecidos e secreções do corpo humano. 
 Cerca de 75% das mulheres apresentarão pelo menos um 
episódio de vulvovaginite fúngica durante a menacme, sendo 
que 50% das mulheres infectadas irão apresentar um 
segundo evento e cerca de 5 a 8% irão apresentar infecções 
de repetição (4 ou +/ano). 
 As infecções causadas por cândida, e especialmente por 
Candida albicans, têm aumentado nas últimas duas décadas e 
representam um custo importante para a saúde. 
 Candida albicans é a espécie mais prevalente, 
responsável por 85% a 95% dos casos, isso ocorre 
porque apenas essa apresenta a capacidade de 
dimorfismo, ou seja, de alterar sua forma habitual para 
a forma de micélio, mais invasiva; 
 Candida glabrata e Candida tropicalis estão associadas a 
5% a 10% dos casos; 
 outras espécies como Candida krusei, Candida 
parapsilosis e Candida guilliermondii são raramente 
identificadas. 
 A candidíase vulvovaginal é extremamente importante pelos 
sintomas, que podem ser muito desagradáveis, por facilitar a 
aquisição/transmissão de outrasinfecções sexualmente 
transmissíveis (ISTs), inclusive o HIV, por comprometer a 
sexualidade e outros aspectos da vida da mulher, afetando 
negativamente a qualidade de vida. 
 O mecanismo que impede ou favorece a passagem da Candida 
albicans do estado de comensal para estado patogênico está 
relacionado à atuação do sistema imune do hospedeiro. 
 A colonização vaginal por fungos parece ser hormônio-
dependente, já que é rara na infância e pós-menopausa e 
frequente na idade reprodutiva ou em mulheres em uso de 
terapia hormonal. 
 Condições que alterem a concentração hormonal como 
gravidez e uso de contraceptivos de alta dosagem 
facilitam a proliferação dos fungos. 
 A ingestão de antibióticos atua no mesmo sentido, 
provavelmente por alterar a flora protetora lactobacilar 
 APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 
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@emilly.lorenaa 
 Quando o sistema imune não consegue inibir a proliferação 
dos fungos, ocorre a passagem do estado saprófita para o 
patogênico, com consequente aparecimento de sinais e 
sintomas. 
 A concentração de fungos associada aos sintomas é diferente 
para cada mulher, já que existem diferenças individuais de 
resposta imune. 
 Um dos componentes do sistema imune é a proteína 
lectina ligadora de manose, presente nos fluidos 
corporais e na secreção vaginal, possuindo a capacidade 
de reconhecer e ligar-se ao polissacarídeo manose que 
está presente na superfície dos microrganismos. 
 Tal ligação desencadeia a cascata do sistema 
complemento, levando à lise celular e à fagocitose. 
 Ou seja, a lectina ligadora de manose representa 
importante componente imune no combate às infecções 
fúngicas. Entretanto, um polimorfismo no gene que 
determina a secreção da mesma resulta em menor 
secreção e consequente diminuição nas concentrações 
dessa proteína, mulheres que possuem tal polimorfismo 
apresentam com maior frequência episódios de 
candidíase vulvovaginal recorrente. 
 O quadro clínico da vulvovaginite fúngica caracteriza-se por 
prurido, de intensidade variável, acompanhado por corrimento 
geralmente esbranquiçado (fluido ou com aspecto de “leite 
talhado”), dependendo da intensidade do processo 
inflamatório, pode haver queixa de desconforto, dor, disúria e 
dispareunia. 
 Ao exame ginecológico, é frequente observar hipermia vulvar, 
edema e fissuras. 
 O exame especular mostra hiperemia 
da mucosa vaginal e conteúdo vaginal 
esbranquiçado, em quantidade escassa, 
moderada ou abundante, de aspecto 
espesso ou flocular, aderido ou não às 
paredes vaginais. 
 O pH vaginal encontra-se geralmente 
abaixo de 4,5. O teste das aminas (whiff test) é negativo na 
candidíase. 
 A candidíase é classificada em: 
 COMPLICADA: refere-se à candidíase recorrente ou 
severa ou por espécies não albicans ou em mulheres com 
diabetes, condições que comprometam o sistema imune 
(por exemplo, infecção por HIV), debilitadas ou recebendo 
imunossupressores. Ocorre em aproximadamente 10-
20% das mulheres; 
 NÃO COMPLICADA: a candidíase que se apresenta em 
episódios esporádicos ou infrequentes, de intensidade 
leve ou moderada, cujo agente etiológico provavelmente 
é a Candida albicans e ocorre em mulheres não 
imunocomprometidas. 
 Sintomas alérgicos podem manifestar-se no trato genital por 
prurido e corrimento, sendo facilmente confundíveis com a 
candidíase. 
 O diagnóstico clínico deve sempre ser confirmado pela 
presença de fungos, que pode ser realizada por meio de: 
 Exame a fresco: realizado 
colocando-se em uma lâmina 
de vidro uma gota de conteúdo 
vaginal e uma gota de soro 
fisiológico ou hidróxido de 
potássio a 10% e observando-
se ao microscópio a presença de hifas ou esporos; 
 Possui sensibilidade em torno de 50-60%. 
 Bacterioscopia com coloração pelo método de Gram; 
 Cultura em meios específicos: permite a identificação do 
fungo, sua espécie e eventual realização do 
antifungigrama, recomendável nos casos recorrentes. 
 GARDNERELLA VAGINALIS 
 Entre mulheres em idade reprodutiva, a vaginose bacteriana 
(VB) é a principal causa de alterações da secreção. 
 No Brasil, dependendo da população estudada, a afecção 
é responsável por até 40% dos casos de queixas 
vaginais. 
 A VB é uma síndrome clínica polimicrobiana que ocorre pelo 
crescimento anormal de bactérias anaeróbias como 
Gardnerella vaginalis, Atopobium, Prevotella, Megasphaera, 
Leptotrichia, Sneathia, Bifidobacterium, Dialister e Clostridium, 
Peptostreptococcus, Mobiluncus, Bacteroides e Mycoplasma 
hominis 
 Essa proliferação geralmente está relacionada a um 
desequilíbrio na flora vaginal normal com redução ou ausência 
de lactobacilos = tem substituição da flora microbiana saudável 
por microbiota variável, composta por mistura de bactérias 
anaeróbias e facultativas. 
 A VB tem sido referida como a mais frequente afecção do 
trato genital inferior feminino, estando relacionada à ampla 
variedade de distúrbios do trato reprodutivo, tem prevalência 
3x mais elevada em mulheres inférteis do que férteis e é 
associada a 2x o risco de abortamento após fertilização in 
vitro. 
 APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 
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@emilly.lorenaa 
 Quando presente, no inicio da gestação, tem sido 
associada a aumento no risco de parto prematuro, 
aborto espontâneo, baixo peso ao nascer, aumento na 
morbidade neonatal e altas taxas de endometrite pós-
parto. 
 É ainda associada com infecção pelo HPV e lesões 
intraepiteliais cervicais, aumento nas taxas de infecções pós-
cirurgias ginecológicas e obstétricas e aumento em até 6x na 
taxa de aquisição do HIV. 
 Estudos demonstram associação da vaginose bacteriana com 
salpingite e infertilidade de causa tubária. 
 Os fatores de risco para VB são variados, incluindo raça 
negra, uso de duchas vaginais, tabagismo, menstruação, 
estresse crônico e comportamento sexuais, como elevado 
número de parceiros sexuais, sexo vaginal desprotegido, sexo 
anal receptivo antes do sexo vaginal e sexo com parceiro não 
circuncisado. 
 O quadro clínico caracteriza-se por corrimento de intensidade 
variável, acompanhado de odor vaginal fétido (“odor de peixe” 
ou amoniacal). Às vezes, a paciente refere apenas o odor, 
sendo o corrimento ausente. 
 O odor fétido piora com o intercurso sexual desprotegido 
e durante a menstruação, devido à volatização de aminas 
aromáticas (putrescina, cadaverina, dimetilamina) 
resultantes do metabolismo das bactérias anaeróbias 
pela alcalinidade do sêmen ou do sangue menstrual. 
 Cerca de 50-70% das mulheres com VB são 
assintomáticas. 
 Em até 15% dos casos, pode haver prurido e irritação 
vulvovaginal. 
 Ao exame ginecológico, o conteúdo vaginal apresenta-se 
homogêneo, em quantidade variável (geralmente escassa, mas 
pode ser moderada ou abundante) e com coloração 
geralmente esbranquiçada, branco-acinzentada ou amarelada. 
 Para o diagnóstico, foram propostos alguns critérios, incluindo 
achados clínicos e laboratoriais ou apenas dados 
microbiológicos. Os critérios mais conhecidos são: 
 AMSEL: requerem 3 dos 
4 itens a seguir: 
 Corrimento vaginal 
(leucorreia) branco-
acinzentado 
homogêneo aderente 
às paredes vaginais; 
 Medida do pH vaginal maior do que 4,5; 
 Teste das aminas (whiff test) positivo, ou seja, 
desprendimento de odor fétido após a adição de KOH 
10% a uma gota de conteúdo vaginal; 
 Presença de “células-
chave” (“clue cells”), que 
são células epiteliais 
recobertas por 
cocobacilos Gram 
variáveis na 
bacterioscopia. Exame a fresco (microscopia) = as 
células aderem à membrana celular, tornando seu 
contorno granuloso e impreciso. 
 NUGENT: baseia-se em elementos avaliados na 
bacterioscopia com coloração pelo método de Gram, 
particularmente os morfotipos de Lactobacillus, de 
Gardnerella vaginalis e de Mobiluncus sp. O resultadoda 
avaliação é traduzido em escores, assim considerados: 
 Escore de 0 a 3: padrão normal; 
 Escore de 4 a 6: flora vaginal intermediária; 
 Escore de 7 a 10 vaginose bacteriana 
 
 CORRIMENTO URETRAL 
 As uretrites são caracterizadas por inflamação e corrimento 
uretral. 
 Os agentes microbianos das uretrites podem ser transmitidos 
por relação sexual vaginal, anal e oral. 
 O corrimento uretral costuma ter aspecto de mucoide a 
purulento, com volume variável, estando associado a dor 
uretral (independentemente da micção), disúria, estrangúria 
(micção lenta e dolorosa), prurido uretral e eritema de meato 
uretral. 
 Entre os fatores associados às uretrites, foram encontrados: 
idade jovem, baixo nível socioeconômico, múltiplas parcerias ou 
 APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 
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@emilly.lorenaa 
nova parceria sexual, histórico de IST e uso irregular de 
preservativos. 
 Os agentes etiológicos mais frequentes das uretrites são 
Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. 
 CHLAMYDIA TRACOMATIS 
 A infecção por clamídia é 2-3x mais frequente do que a 
infecção pelo gonococo, sendo mais prevalente entre jovens 
ativos ≤ 24 anos. 
 A infecção por CT é a mais comum IST causada por 
bactéria em todo o mundo, superando a infecção 
gonocócica e a sífilis. 
 Cerca de 1-25% das mulheres podem estar infectadas. 
 A infecção por clamídia no homem é responsável por 
aproximadamente 50% dos casos de uretrite não gonocócica. 
 A transmissão ocorre pelo contato sexual (risco de 20% por 
ato), sendo o período de incubação, no homem, de 14 a 21 
dias. 
 A Chlamydia trachomatis é uma bactéria Gram-negativa, 
intracelular obrigatória com tropismo pelas células epiteliais 
colunares (conjuntiva, uretra, endocérvice, endométrio e 
tubas uterinas). 
 Parasita exclusivamente os seres humanos, sendo 
responsável por várias síndromes infecciosas (ocular, 
pulmonar, entérica, genital). 
 Há 17 sorotipos diferentes; L1, L2 e L3 são responsáveis 
pelo linfogranuloma venéreo (LGV), e os sorotipos D a K, 
pelas DSTs. 
 A infecção por C. trachomatis é frequentemente 
assintomática (70% dos casos) e pode causar morbidade em 
longo prazo, especialmente em mulheres assintomáticas. 
 Estima-se que dois terços das parceiras estáveis de 
homens com uretrite não gonocócica hospedem a C. 
trachomatis na endocérvice. 
 Estas podem reinfectar sua(s) parceria(s) sexual(ais)e 
desenvolver quadro de DIP se permanecerem sem 
tratamento. 
 Quanto às manifestações clínicas da cervicite clamidiana, elas 
são discretas e frequentemente passam despercebidas. 
 Quando apresenta quadro clínico, podem ocorrer: colo 
edemaciado (volume aumentado), hiperemiado, com mucorreia 
(eventualmente purulenta), friável (sangra fácil ao toque); 
acentuação do ectrópio (mácula rubra), dor no ato sexual e à 
mobilização do colo uterino ao exame ginecológico. 
 URETRITE (síndrome uretral): 15-25% das parceiras de 
homens infectados têm cultura uretral positiva. 
 Foi observado que 65% das mulheres com sintomas 
urinários e uroculturas negativas apresentavam 
infecções pela clamídia. 
 A síndrome de Rettig e Nelson consiste na 
persistência de corrimento de fluido seroso, disúria 
com ou sem infecção anal pela clamídia (sugestivo de 
uretrite) após tratamento de infecção pelo 
gonococo. 
 ENDOCERVICITE MUCOPURULENTA: 
 A endocérvice é o local mais comum de infecção da 
clamídia, e geralmente é assintomática. 
 Deve-se suspeitar do diagnóstico quando houver 
ectopia hipertrófica folicular periorificial com 
secreção mucopurulenta endocervical ou quando se 
obtiver 10 ou mais leucócitos polimorfonucleares por 
campo de imersão corado pelo Gram. 
 A utilização de técnica de PCR para o diagnóstico da clamídia 
em amostra de urina (primeira amostra) é o exame mais 
sensível e pode ser utilizado para a detecção da infecção. 
 A imunofluorescência indireta possibilita o diagnóstico quando 
os títulos forem superiores ou iguais a 1:64 para 
imunoglobulina G (IgG) e 1:6 para IgM ou houver aumento de 
4x em um intervalo de 2 semanas. 
 A cultura é o exame-padrão, sendo realizada em células de 
mamíferos (células de McCoy) a partir de amostra 
endocervical. Possui especificidade de 100% e sensibilidade de 
80 a 90%. 
 NEISSERIA GONORRHOEAE 
 A gonorreia é uma infecção cuja transmissão se dá pelo 
contato sexual, pelo canal do parto ou por fômites. 
 O risco de aquisição em uma única exposição é estimado em 
cerca de 20% para o homem e 80% para a mulher, e, na 
exposição contínua, 80% para o homem e 90% para a 
mulher. 
 A gonorreia apresenta prevalência muito menor que a 
Chlamydia, porém atinge cerca de 1-2% da população 
feminina. 
 Causa infecções não complicadas de mucosas, incluindo colo 
uterino, reto e garganta. 
 Quando não tratada, está associada com número considerável 
dos casos de doença inflamatória pélvica (DIP), infertilidade de 
causa tubária, gestação ectópica e dor pélvica crônica 
 Estudos demonstraram forte evidencia de que a infecção pelo 
gonococo facilita a transmissão do HIV. 
 APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 
 6 
@emilly.lorenaa 
 O rastreamento anual deve ser recomendado para mulheres 
com <25 anos ou para mulheres mais velhas com risco 
aumentado para ISTs. 
 A sua importância é significativa, pois pode acarretar 
sequelas, como infertilidade, gravidez ectópica, DIP, trabalho 
de parto prematuro ou prematuridade. 
 A Neisseria gonorrhoeae é uma bactéria diplococo gram-
negativo, aeróbio ou anaeróbio facultativo. Existem 4 subtipos, 
em que cada um tem sua infectividade diferente. 
 Infecta o epitélio colunar ou de transição (uretra, reto, 
endocérvice, faringe, conjuntiva, etc), podendo propagar-se 
por via hematogênica e, ainda, ser carregada pelo próprio 
espermatozoide. 
 O período de incubação é de 4-7 dias (ocasionalmente 24 
horas) no homem e variável na mulher. 
 PATOGÊNESE: N. gonorrhoeae adere às células das mucosas , 
mediadas pelo Pili/fímbrias, OPA (proteína de adesão da 
bactéria a célula) e outras proteínas de superfície. Ocorre a 
invasão, os microrganismos são pinocitados por células que os 
transportam da mucosa ao espaço subepitelial. A endotoxina 
prejudica a motilidade ciliar e contribui para a destruição ads 
células ciliares. O LOS (lipo- oligossacarídeos) causa danos 
celular e invasão da submucosa por neutrófilos, formação de 
abscessos e exsudação de material purulento = desencadeia 
intensa resposta inflamatória, com liberação de TNFα 
(recrutamento de leucócitos, inflamação e aparecimento de 
sintomas). Por fim, ocorre a disseminação do gonococo devido 
à incapacidade dos anticorpos e à falha do sistema. 
 
 Quanto ao quadro clínico: 
 É assintomática em 60-80% dos casos ou produz 
sintomas frustos que podem ser diagnosticados apenas 
quando ocorre alguma complicação. 
 Nos casos sintomáticos, ocorrem sinais e sintomas 
urogenitais: secreção endocervical mucopurulenta, dor 
pélvica, dispareunia, sangramento irregular, hiperemia 
vaginal, disúria, polaciúria, sinais e sintomas de acordo 
com o estágio da DIP) e 
sinais e sintomas 
extragenitais, estes de 
acordo com o tipo de 
infecção. 
 A cervicite pelo 
gonococo é 
caracterizada por 
secreção purulenta 
visível no canal cervical 
ou presente em swab 
endocervical, podendo 
estar associada à 
secreção vaginal 
anormal, ao 
sangramento fácil na manipulação do colo uterino, seja 
pelo coito, pela coleta de exame citológico ou até mesmo 
pela introdução do espéculo vaginal. 
 O diagnóstico deve incluir cultura da secreção endocervical 
para N. gonorrhoeae. 
 Como opção, pode ser realizado Gram da secreção 
cervical, revelando diplococos gram-negativos associados 
a leucócitos polimorfonucleares na infecção por N. 
gonorrhoeae (a sensibilidadeno homem é de 98% e não 
necessita de cultura, mas na mulher é de apenas 30-
60%, necessitando sempre de cultura). 
 Técnicas de biologia molecular também permitem o 
diagnóstico da infecção e a utilização de técnicas de teste 
de amplificação de ácido nucleico. 
 MYCOPLASMA SP 
 Os micoplasmas e os ureaplasma são bactérias cuja maioria 
das espécies é considerada apenas comensal para o ser 
humano. 
 Entretando, o Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum 
são conceituados como micoplasmas genitais patogênicos e 
são considerados também germes oportunistas, por 
causarem infecção em populações suscetíveis, principalmente 
em imunodeprimidos; 
 Esses patógenos estão associados a infecções urogenitais em 
humanos e a infecções respiratórias ou sistêmicas em 
neonatos. 
 Os micoplasmas podem ser entrados em até 8-41% em 
mulheres assintomáticas sexualmente ativas e estão 
claramente relacionados à atividade sexual e aos hormônios 
sexuais. 
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@emilly.lorenaa 
 É causa de abortamento habitual e esterilidade por alterações 
nos espermatozoides, e a colonização genital ocorre 
basicamente por meio da relação sexual. 
 Esses agentes etiológicos não possuem parede celular (β -
lactâmicos não são ativos) e são altamente pleomórficos, 
considerados como bactérias procarióticas gram-negativas. 
 São considerados parasitas de superfície, aderindo 
firmemente à mucosa do epitélio urogenital. 
 Quanto ao quadro clínico, em geral, as infecções determinam 
alterações respiratórias e urogenitais, afetando as mucosas 
e colonizando o epitélio. 
 Dispareunia, disúria, polaciúria, infecção urinária e genital; 
 Pode estar relacionada a casos de piúrias 
assépticas, cistites e cistite hemorrágica. 
 Algumas vezes, a sintomatologia sugere cistite, mas 
a urocultura é negativa. 
 Corrimento vaginal incaracterístico. 
 No exame clínico: 
 Descarga uretral de material com características 
purulentas; 
 Graus variados de cervicite. 
 A cultura possibilita diagnóstico definitivo, porém, poucos 
laboratórios realizam esse exame no mundo. 
 Micoplasmas podem ser habitantes normais do homem e 
da mulher em certas circunstâncias, mas titulação ≥ 103 
UTC/mL demonstra desequilíbrio da flora. Nos casos de 
infecção, geralmente o título é superior ou igual a 106 
UCC/mL. 
 Testes de biologia molecular (PCR) de material coletado em 
amostra de urina possuem grande potencial diagnóstico e 
podem ser utilizados no futuro. 
 Deve-se ter em mente que, como não há um teste padrão-
ouro, a infecção deve ser suspeitada em casos persistentes 
de cervicite e DIP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 FEBRASGO. Febrasgo - Tratado de Ginecologia. Rio de Janeiro: 
Grupo GEN, 2018. 
 PASSOS, Eduardo P. Rotinas em ginecologia. Porto Alegre 
Grupo A, 2017 
 Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção 
Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente 
Transmissíveis – IST [recurso eletrônico] / Ministério da 
Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de 
Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente 
Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2022. 211 p.

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