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@KATIELLEMASC I MEDICINA RESUMO DAS DOENÇAS TRICOMONÍASE A tricomoníase é causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, está relacionada com o corrimento vaginal amarelo esverdeado, é uma infecção sexualmente transmitida; o parasita consegue viver em determinadas áreas úmidas do corpo, como uretra, vagina e vulva. O período de incubação é desconhecido, mas um estudo in vitro sugeriu que na maioria dos casos esse período varia de 4 a 28 dias, é um protozoário unicelular com quatro flagelos que infectam principalmente o epitélio escamoso do trato gênito-urinário. Esses flagelos parecem gerar propulsão ao parasita. A infecção pode produzir inflamação local com os parasitas aderindo ao tecido da mucosa. O T. vaginalis infecta principalmente o epitélio escamoso do trato O T. vaginalis é transmitido através da relação sexual e pode sobreviver por mais de uma semana sob o prepúcio do homem sadio após o coito com mulher infectada. O homem é o vetor da doença: com a ejaculação, os tricomonas presentes na mucosa da uretra são levados à vagina pelo esperma. Apesar disso, a transmissão não-sexual teoricamente pode ocorrer em casos de duchas contaminadas, espéculos ou assento de vasos sanitários, segundo alguns autores. O organismo, não tendo a forma cística, é suscetível à dessecação e às altas temperaturas, mas pode viver, surpreendentemente, fora de seu hábitat por algumas horas, sob altas condições de umidade. O T. vaginalis pode viver durante três horas na urina coletada e seis horas no sêmen ejaculado Esse parasita tem capacidade de manter o glicogênio em reserva como forma de energia, pois o ambiente vaginal sofre modificações por variações de Ph, hormônios, menstruação e fornecimento de nutrientes. T.vaginales se alimenta de carboidratos, mas utiliza aminoácidos quando necessário, principalmente angina, treonina e leucina. O estabelecimento de T. vaginalis na vagina se inicia com o aumento do pH, já que o pH normal da vagina é ácido (3,8 a 4,5) e o organismo cresce em pH maior que 5. A elevação do pH vaginal na tricomoníase é evidente, com redução concomitante de Lactobacillus acidophilus e aumento na proporção de bactérias anaeróbias. As células cervicais e vaginais apoiam a aderência do parasita, sobrevivência e replicação no trato genital. Esse parasita desenvolve mecanismos de sobrevivência no ambiente vaginal como durante a menstruação, quando o ambiente sofre mudanças com migração de eritrócitos, presença de imunoglobulinas no soro, e modificações no Ph. O fluxo menstruação fornece nutrientes ao parasita como aumento do ferro na região, que é fundamental na regulação genética. Quatro proteínas (adesinas) têm sido identificadas como mediadoras da citoaderência: AP23, AP33, AP51 e AP65. A síntese dessas proteínas é regulada positivamente pela ligação Apg IST´s e Vaginose Apg IST´s e Vaginose @KATIELLEMASC I MEDICINA a células epiteliais e pelo ferro. A expressão de adesinas na superfície do parasito é alternada com a expressão de P270, uma proteína altamente imunogênica. Essa alternância na expressão parece ser um mecanismo utilizado pelo parasito para evadir o sistema imune. Outra classe de moléculas implicadas na adesão de T. vaginalis é representada por cisteína- proteinases, que são citotóxicas e hemolíticas e apresentam capacidade de degradar IgG, IgM e IgA presentes na vagina. O T. vaginalis ativa a via alternativa do complemento. O muco cervical é deficiente em complemento e o sangue menstrual representa a única fonte de complemento na vagina. Enquanto o número de organismos na vagina diminui durante a menstruação, os fatores de virulência mediados pelo ferro contribuem para a exacerbação dos sintomas neste período. O ferro contribui para a resistência ao complemento por regular a expressão de cisteína- proteinases, que degradam a porção C3 do complemento depositada sobre a superfície do organismo. Além disso, o T. vaginalis pode se auto-revestir de proteínas plasmáticas do hospedeiro. Esse revestimento impede que o sistema imune reconheça o parasito como estranho. EPIDEMIOLOGIA Estudos mostram uma prevalência significativa, cerca de 3% de tricomoníase em mulheres com idade entre 18 a 25 anos. Os índices de maior prevalência foram observados em mulheres de 28 a 40 anos, socialmente marginalizadas e com rendimento baixo. De acordo com estudos, 50 a 75% dos homens infectados por T. vaginalis são assintomáticos. No homem essa parasitose é mais prevalente na faixa etária de 25 a 39 anos, porém existem poucos estudos sobre a frequência desta doença em homens mais velhos. A tricomoníase pode acometer recém-nascidas durante a passagem pelo canal de parto de gestantes infectadas não tratadas, ou que desconheciam a infecção. Durante o parto, o epitélio da vagina da recém-nascida sofre ação de estrógenos maternos, podendo permitir a colonização do parasito, desaparecendo semanas após o parto tornando o trato genital relativamente resistente à invasão do T. vaginalis, dessa forma os bebês teriam condições de eliminar espontaneamente o parasito. As infecções são mais comuns entre as mulheres, com uma estimativa de 16 mulheres infectadas para cada dez homens. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Na mulher Em 25% a 50% das mulheres com tricomoníase o início é assintomático, podendo desencadear uma severa inflamação (vaginite) e torna-se sintomática dentro de seis meses, é uma doença de idade reprodutiva. Mulheres com vaginite aguda causada por T. vaginalis frequentemente têm corrimento devido a infiltração por leucócitos. A consistência do corrimento varia de acordo com a paciente, de fino e escasso a espesso e abundante. O sintoma clássico de corrimento amarelo, abundante, espumoso e mucopurulento ocorre em somente 20% dos casos. Há também odor vaginal anormal e prurido vulvar. A vagina e a cérvice podem ser edematosas e eritematosas, com erosão e pontos hemorrágicos na parede cervical conhecidos como colpitis macularis ou cérvice com aspecto de morango. Embora essa aparência seja altamente específica para tricomoníase, é vista somente em poucas mulheres (2% a 5%). Dor abdominal tem sido relatada entre muitas mulheres com tricomoníase e pode ser indicativa de infecção do trato urogenital superior. A severidade da tricomoníase pode também induzir estados citopatológicos de displasia/metaplasia, já que a infecção foi detectada freqüentemente (39%) em mulheres com neoplasia intra-epitelial cervical (CIN). @KATIELLEMASC I MEDICINA Na infecção crônica, os sintomas são leves, com secreção vaginal escassa. Essa forma é particularmente importante do ponto de vista epidemiológico, pois esses indivíduos são a maior fonte de transmissão do parasito. No homem Diferentemente da mulher, homens infectados pelo contato com parceira sexual infectada, por razão desconhecida podem ter somente infecção autolimitada. A tricomoníase em homens pode ser classificada em três grupos: estado assintomático; estado agudo, caracterizado por uretrite purulenta abundante; e doença assintomática leve, clinicamente indistinguível de outras causas de uretrite. No estado sintomático há escasso corrimento, disúria, prurido, ulceração peniana e sensação de queimação imediatamente após a relação sexual. Complicações são raras, mas podem incluir epididimite, infertilidade e prostatite. Muitos homens com idade entre 16 e 22 anos apresentaram-se positivos para tricomoníase quando submetidos a massagem prostática. A significância clínica da tricomoníase em homens parece ser controversa, visto que muitos homens infectados são assintomáticos. No entanto, foi observada inflamação uretral com uretrite não-gonocócica. O zinco é altamente tóxico para T. vaginalis, e é possível que muitos homens refratários a esta infecção tenha quantidadesconsideráveis deste metal no fluido prostático. FATORES DE RISCO Baixo nível socioeconômico Sexo desprotegido Múltiplos parceiros sexuais Uso abusivo de álcool e drogas Outras DST´s associadas Em um estudo realizado nos EUA foi evidenciado uma maior incidência em mulheres negras, quando comparados a mulheres brancas. COMPLICAÇÕES As complicações mais comuns decorrentes de tricomoníase não tratadas que acometem homens e mulheres são: prostatites, câncer de próstata e de útero, infertilidade, parto prematuro, além do favorecimento a infecção pelo HIV. A tricomoníase aumenta o risco de aquisição do HIV devido ao enfraquecimento da integridade da barreira epitelial, resposta imune celular local, gerando inflamação no epitélio vaginal e da uretra nos homens, também são recrutados o foco inflamatório de célula CD4 e macrófagos, os quais o HIV se liga ganhando acesso à corrente sanguínea. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de T. vaginalis é complicado, sendo 50% das mulheres e 75% dos homens assintomáticos. O diagnóstico não pode se basear na sintomatologia clínica pois os sintomas são semelhantes com outras DSTS o sinal clássico de tricomoníase é a sepse de morango ou Colpitis macularis que é verificado em apenas 2%, e o corrimento espumoso que acomete apenas 20% das mulheres infectadas. Assim, os exames laboratoriais são fundamentais para o diagnóstico de tricomoníase no diagnóstico de T. vaginalis pode ser usado a observação microscópica da secreção vaginal, que é um valioso meio por ser barato e de fácil execução. Alguns autores não aconselham o uso desse método, pois apesar de ser um método barato, possui sensibilidade baixa devido a perda da mobilidade do protozoário depois que é retirado da temperatura do corpo. O diagnóstico utilizando cultura de secreção é de simples interpretação e leva apenas alguns dias para identificação do parasito, período em que o paciente deve tomar medidas de precaução para não continuar transmitindo a infecção. O diagnóstico de T. vaginalis usando a técnica de reação em cadeia de polimerase PCR apresenta percentuais mais elevados comparados com outros métodos diagnósticos. Alguns testes já existentes com sensibilidade @KATIELLEMASC I MEDICINA e especificidade próximos a 100% não são rotineiramente utilizados por serem de alto custo. A tricomoníase é geralmente uma infecção assintomática sendo necessária a realização de exames laboratoriais para o diagnóstico para obter resultados fidedignos preferencialmente deve-se realizar a cultura de secreção o método de reação em cadeia polimerase que possui maior sensibilidade e especificidade. TRATAMENTO Os fármacos mais utilizados contra infecção por T. vaginalis são: Metronidazol Tinidazol Ornidazol, Carnidazol Secnidazol Flunidazol. T vaginalis é facilmente tratada com drogas baratas e disponíveis. O tratamento padrão para tricomoníase é 250 mg de metronidazol VO 3X ao dia durante 7 dias ou dose única de 2g. O mesmo tratamento deve ser realizado no parceiro sendo ou não sintomático, para prevenção de infecção. O tratamento adequado com metronidazol apresenta altas taxas de cura, o fracasso do tratamento deve-se a recusa do tratamento ou a reinfecção pelo parasita. CLAMIDIA A C. trachomatis é uma bactéria coco Gram-negativo. Com 18 sorotipos distintos, sendo que apenas dois são responsáveis por infecções do trato genital, os sorotipos D e K1. Dentro do organismo humano a clamídia sofre endocitose pela célula do hospedeiro e dentro da dela converte-se da forma inativa para forma metabolicamente ativa. Esse processo dificulta que a bactéria seja eliminada pelo sistema de defesa do indivíduo infectado. Essa bactéria é intracelular obrigatória, de modo que para sua sobrevivência depende do hospedeiro. Ela infecta células epiteliais e os sintomas refletem essa infecção, resultando em descarga mucopurulenta ou secreções. Os tecidos podem estar edemaciados e hiperemiados. A Chlamydia trachomatis, causada por infecções sexualmente transmissíveis e também pode ser transmitida por meio do contato sexual, pode ter transmissão vertical (infecção passada da mãe para o bebê durante a gestação). Nas mulheres afeta mais comumente o colo do útero, sendo a doença inflamatória pélvica (DIP) a complicação mais comum da infecção por C. trachomatis, contribuindo para o risco de gravidez ectópica futura e infertilidade. Nos homens, a C. trachomatis é uma causa comum de uretrite não gonocócica. @KATIELLEMASC I MEDICINA EPIDEMIOLOGIA Não existem dados epidemiológicos no Brasil sobre a clamídia, porque não é uma doença de notificação obrigatória. Mas dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC/2017) mostram que a maioria dos casos acontece em pessoas na faixa etária entre 15 e 24 anos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A maioria dos pacientes contaminados pela clamídia não apresentam sintomas distintivos, podendo ser facilmente confundidos com infecção urinária quando apresentados. Apenas 10% das mulheres e 30% dos homens apresentam sintomas sugestivos. Entretanto, mesmo que os sintomas não se apresentem, o paciente contaminado ainda é capaz de transmitir a doença. A infecção por clamídia na mulher A maioria dos casos é assintomático, mas os sintomas mais comuns são: Corrimento vaginal; Dor ao urinar; Prurido vaginal. Para o diagnóstico é fundamental se realizar exame específico de sorologia para detecção de imunoglobulinas (IgG e IgM). Quando o tratamento não é realizado, existe o risco de complicação com evolução para Doença Inflamatória Pélvica (DIP) e posterior infertilidade por obstrução tubária e/ou aderências pélvicas. A infecção por clamídia no homem No homem, a manifestação mais comum da infecção por clamídia é a uretrite, que pode aparecer em forma de disúria e corrimento uretral claro ou levemente esbranquiçado. Outras patologias que podem aparecer relacionadas ou em decorrência da infecção por clamídia são epididimite aguda, conjuntivite, prostatite crônica e síndrome de Reiter (um tipo de artrite crônica) . A infecção por clamídia também é um cofator relevante na transmissão do HIV. A presença da clamídia também afeta diretamente a fertilidade masculina FATORES DE RISCO O início precoce da atividade sexual Vários parceiros sexuais Ter tido mais que um parceiro sexual nos últimos 90 dias Não usar preservativo nas relações sexuais, Uso de contraceptivos hormonais orais por mulheres jovens Nuliparidade A idade inferior a 20 anos COMPLICAÇÕES Nas mulheres Formação de cicatrizes nas trompas de Falópio,infecção das trompas de Falópio (salpingite) Infecção da membrana que reveste a pelve e a cavidade abdominal (peritônio) Infecção na área ao redor do fígado A infecção pode subir pelo trato reprodutivo e pode infectar os tubos que conectam os ovários ao útero (trompas de Falópio). Essa infecção, chamada salpingite, causa dor intensa na região inferior do abdome. Em algumas mulheres, a infecção se dissemina para o revestimento da pelve e da cavidade abdominal (peritônio) causando peritonite. A peritonite causa dor mais intensa na região inferior do abdômen. As complicações incluem dor abdominal crônica e formação de cicatriz nas trompas de Falópio. A formação de cicatrizes causa infertilidade e gravidez ectópica. Nos homens https://origen.com.br/uretrite/ https://origen.com.br/epididimite/ https://origen.com.br/prostatite/ https://www.msdmanuals.com/pt/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-feminina/complica%C3%A7%C3%B5es-da-gravidez/gravidez-ect%C3%B3pica @KATIELLEMASC I MEDICINA Infecção do epidídimo Estreitamento (estenose) da uretra DIAGNÓSTICO Diante disso, o diagnóstico clínico é pouco sensível em tais casos, o que implica necessariamente a confirmação diagnóstica por métodos laboratoriais.Coloração pela técnica de Giemsa: detecta as densas inclusões citoplasmáticas granulosas, que são os efeitos citopáticos causados pela presença da CT. Citologia pela técnica de Papanicolaou: mostra as mesmas inclusões encontradas na coloração pelo Giemsa. O exame de Papanicolaou é de baixa sensibilidade e não deve ser usado como método de rastreio para a CT. Histopatologia: diante da presença de lesões inflamatórias crônicas e fibrocísticas com granulações e formação de folículos suspeita-se de infecção clamidiana. Nos casos de linfogranuloma venéreo, encontra-se formação de abscessos esteliformes e, ocasionalmente, células gigantes multinucleadas. Na cervicite mucopurulenta por CT, são encontrados folículos linfóides no estroma cervical ao exame histopatológico. Imunofluorescência direta: o uso de anticorpos poli/monoclonais conjugados com substâncias fluorescentes, como a fluoresceína, identifica componentes da membrana externa da clamídia. Métodos imunoenzimáticos: os testes EIA e ELISA permitem a pesquisa de CT em grande número de amostras. Têm menor sensibilidade que a cultura celular e os métodos de biologia molecular. TRATAMENTO O tratamento da infecção por clamídia é feito com antibióticos, sendo que pode ser escolhido algum dos esquemas terapêuticos abaixo: Azitromicina 500 mg, 2 comprimidos, via oral, em dose única; ou Doxiciclina 100 mg, via oral, 2 vezes ao dia, durante 7 dias (exceto em gestantes); ou Amoxicilina 500 mg, via oral, 3 vezes ao dia, durante 7 dias. GONORREIA . A gonorréia é uma doença infecciosa do trato urogenital, bacteriana, transmitida quase que exclusivamente por contato sexual ou perinatal (da mãe para o feto). Acomete primariamente as membranas mucosas do trato genital inferior e menos frequentemente aquelas do reto, orofaringe e conjuntiva. A N. gonorroheae primariamente infecta o epitélio colunar. A ligação ao epitélio mucoso, mediada em parte pelos pilli e pela proteína Opa, é seguida em 24-48 horas pela penetração do organismo entre e através das células epiteliais para chegar ao tecido submucoso. Há resposta vigorosa de polimorfonucleares, com descamação do epitélio, desenvolvimento de microabscessos submucosos e formação de exsudato. Lâminas coradas revelam grande número de gonococos dentro de poucos neutrófilos, enquanto a maioria das células não contêm organismos. A explicação para esse fenômeno pode envolver a estimulação ou a produção de receptores celulares do organismo para o gonococo após o contato inicial com este agente, que parece suficiente para estimular a fagocitose eficaz dos organismos adicionais. Além disso, alguns gonococos podem apresentar mecanismos de evasão contra a morte intracelular e continuam a multiplicar-se no interior das células do hospedeiro. Em infecções não tratadas, os macrófagos e linfócitos substituem gradualmente os polimorfonucleares. A infiltração mononuclear e linfocítica anormal persiste em tecidos por várias semanas após a negativação das culturas e a não identificação da N. gonorroheae na histologia. EPIDEMIOLOGIA Mais de 500 mil casos novos de gonorreia por ano no Brasil com prevalência de 15 a 49 anos. @KATIELLEMASC I MEDICINA A maioria dos casos é encontrada em homens, provavelmente por maior facilidade diagnóstica, já que 70% das mulheres infectadas permanecem assintomáticas. No Brasil, os estudos revelam-se escassos, tanto no que se refere a dados epidemiológicos quanto a dados de eficácia terapêutica e de resistência CAUSAS DA GONORREIA A gonorreia é causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. Essa bactéria é frequentemente passada de uma pessoa para outra durante o contato sexual, incluindo as relações sexuais orais, anais ou vaginais. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Decorrentes da inflamação dos epitélios uretrais e endocervicais Gonorreia no homem. A uretrite aguda representa a manifestação predominante no homem. O período de incubação é de 2 a 5 dias, podendo variar de 1 a 10 dias. Os principais sintomas incluem: Corrimento purulento uretral (de aspecto leitoso ou amarelado), o corrimento pode ser inicialmente mucoide, mas entre 1 a 2 dias torna-se purulento. Disúria (ardência ou dor ao urinar). Urgência para urinar. Inflamação na ponta do pênis, no orifício da uretra. Sintomas da gonorreia nas mulheres: Dor na relação sexual, coceira Esterilidade, gravidez ectópica Sangramento intermestrual Colo uterino inchado Na gravidez risco aumentado de aborto espontâneo, parto prematuro, conjuntivite gonocócica. FATORES DE RISCO Além da relação sexual, temos também os fatores de risco que podem aumentar a incidência da infecção. Os principais são: Pessoas mais jovens; Presença de novos parceiros sexuais; Relacionamento com um parceiro sexual que tem múltiplos parceiros simultâneos; Múltiplos parceiros sexuais; Ter outras infecções sexualmente transmissíveis Fatores associadas com risco aumentado de gonorreia incluem baixo nível socioeconômico, nível inferior de educação e residência urbana. COMPLICAÇÕES Quando não tratada, a gonorreia pode levar a complicações significativas, como: Infertilidade em mulheres A gonorreia não tratada pode se espalhar para o útero e para as trompas de falópio, causando doença inflamatória pélvica (DIP), o que pode resultar em cicatrizes das trompas, maior risco de complicações na gravidez e infertilidade. Infertilidade nos homens Os homens com gonorreia não tratada podem apresentar epididimite — inflamação de um pequeno tubo espiral na parte traseira dos testículos onde os ductos espermáticos estão localizados (epidídimo). A epididimite é tratável, mas quando isso não acontece, pode levar à infertilidade. Maior risco de HIV / AIDS Ter gonorreia torna a pessoa mais suscetível à infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), o vírus que leva à AIDS. As pessoas que têm gonorreia e HIV são capazes de transmitir as duas doenças mais prontamente aos seus parceiros. DIAGNÓSTICO https://www.mdsaude.com/nefrologia/infeccao-urinaria/dor-urinar/ https://fertilidade.org/glossario/infertilidade/ https://fertilidade.org/content/doenca-inflamatoria-pelvica https://fertilidade.org/glossario/gravidez/ https://fertilidade.org/glossario/infertilidade/ https://fertilidade.org/fatores-masculinos/ https://fertilidade.org/hiv-hepatite-b-e-hepatite-c-no-tratamento-da-infertilidade/ https://fertilidade.org/hiv-hepatite-b-e-hepatite-c-no-tratamento-da-infertilidade/ @KATIELLEMASC I MEDICINA O diagnóstico é geralmente feito através da análise do corrimento purulento. Uma pequena escova pode ser usada para colher material da uretra do homem ou do colo do útero na mulher. Se o diagnóstico não for possível através da análise do corrimento uretral, outra opção é através de um exame de urina chamado NAAT (teste de amplificação de ácido nucleico), em que se pesquisa diretamente o DNA da bactéria O isolamento por cultura representa o método diagnóstico padrão e sempre deve ser utilizado. Outros testes diagnósticos mostram-se inferiores, mas podem ser úteis quando o isolamento não é prático pela ausência de acesso a laboratório ou dificuldades no transporte do espécime. A amplificação do DNA pela reação em cadeia da polimerase (PCR) oferece sensibilidade comparável ou até mesmo superior a cultura, porém a experiência clínica revela-se limitada. TRATAMENTO Orientação sobre cuidados higiênicos Tratar o casal mais suspensão das relações sexuais Recomenda-se como terapia inicial um dos quatro esquemas terapêuticos alinhados abaixo: ceftriaxona 250mg intramuscular, cefixime 400mg VO, ciprofloxacina 500mg VO ou ofloxacina 400mg VO, sendo todos administrados em dose única CANDIDÍASE EPIDEMIOLOGIA Acredita-se que pelo menos 75% das mulheres tem pelo menos um episódio de infecção fúngica em sua vida e aproximadamente40 a 50% vivem um novo surto. Cinco por cento das mulheres apresentam episódios recorrentes devido a terapêutica efetiva tornar-se extremamente difícil nestes casos. A infecção afeta milhares de mulheres adultas. Depende da localização geográfica e do nível sócio-econômico, aproximadamente 44% das mulheres podem ter uma ou mais espécies de candida como constituinte da flora vaginal. A presença de um microorganismo não significa doença. AGENTE ETIOLÓGICO A candida é um fungo gram-positivo saprófita, que sob determinadas condições multiplica- se tornando-se patogênico. É um parasita oportunista existente em todo o mundo, no solo, em animais e vegetais, apresentando maior incidência nas regiões de clima quente e úmido, podendo também ser encontrado no homem sobretudo em pessoas obesas e naqueles que ingerem hidrato de carbono em excesso. Existe na boca e no intestino simbioticamente. Micro biologicamente é uma levedura vegetal desprovida de clorofila que se apresenta de duas formas: uma vegetante ou de crescimento: a hifa; e outra de reprodução: o esporo. Com o crescimento as hifas formam um conjunto de filamentos septados: o micélio. Seu mecanismo de reprodução é a esporulação ou brotamento. O sistema digestivo do homem e dos pássaros, constituem-se no principal reservatório de candida na natureza. Na maioria das vezes a espécie envolvida é a C. albicans (responsável por 80%), seguida por C. glabrata, sendo que C. tropicallis, C. pseudotropicallis, C. stellatoidea, C. krusei e C. quilwermond respondem por 1/3 dos casos. A via de transmissão frequentemente aceita é a via sexual, embora a contaminação a partir do trato gastrointestinal seja bastante comum.4 A susceptibilidade da paciente parece ser mais importante do que a atividade sexual, embora esta seja de grande importância A maioria dos casos de candidíase vulvovaginal provavelmente se origina de cepas endógenas de C. albicans que colonizam a vagina ou o trato gastrointestinal. Alguns homens, cuja parceira sexual tem candidíase vulvovaginal, desenvolvem dermatite sintomática do pênis causada por candida, reforçando a hipótese durante o coito. A colonização assintomática do trato genital masculino é quatro vezes mais frequente em parceiros de mulheres infectadas, e na maioria das vezes por cepas idênticas às isoladas no trato genital feminino. A secreção prostática parece funcionar como reservatório do fungo, sugerindo a transmissão sexual. Em mais de 85% dos casos e nos casos recidivantes esta @KATIELLEMASC I MEDICINA possibilidade deve ser considerada devido a presença de reservatórios genitais e extragenitais. A mucosa vaginal íntegra geralmente resiste a infecção, porém as leves lesões provocadas pelo coito podem contribuir para o aparecimento da doença. A candida produz enzimas proteolíticas, toxinas e fosfolipases que parecem contribuir para o aumento da virulência. O processo de germinação do fungo aumenta a colonização, facilitando a invasão dos tecidos. A candidose origina uma reação alérgica verdadeira e não um processo inflamatório, como até pouco tempo se imaginava. O início da doença manifesta e progressiva parece depender de alterações locais e sistêmicas, tais como: O ambiente hormonal específico leva a um aumento na disponibilidade de glicogênio no meio vaginal, tornando-o mais ácido e mais favorável à proliferação do fungo. Devido ao aumento do glicogênio, ocorre uma elevação do suprimento de açúcares utilizáveis, favorecendo o desenvolvimento dos fungos. Estudos mostram pregnanediol durante a gravidez favorece o desenvolvimento da C. albicans in vitro. Após o parto, a regressão do epitélio vaginal e o desaparecimento do glicogênio removem os fatores que favorecem o crescimento do fungo. Anticoncepcionais orais: estes medicamentos provocam um aumento na população do fungo, provavelmente pelos mesmos fatores que atuam na gravidez. A terapia antibiótica mostrou produzir nitidamente um aumento na incidência da candidíase local e sistêmica provavelmente pelo efeito supressivo sobre as bactérias sensíveis, permitindo deste modo a proliferação dos microorganismo resistentes inclusive a candida. Uso de corticóides: a corticoterapia leva a uma diminuição da resistência imunológica do paciente devido seus efeitos imunossupressores, facilitando a multiplicação do fungo e a instalação da doença. O uso de tal medicamento pode predispor à destruição da célula do hospedeiro pela estabilização da membrana lisossômica impedindo a liberação de enzimas catabolizadoras que habitualmente digerem os microorganismos. Doenças como hipogamaglobulinemias, hemopatias, estados carenciais, SIDA, etc. também predispõem o indivíduo a infecção provocada pela candida. FATORES DE RISCO Gravidez (aumento da concentração de glicogênio vaginal com consequente acidificação do meio de proliferação das leveduras). Na gestação a vulvovaginite tende a tornar-se mais exuberante, com aumento na taxa de infectividade, na susceptibilidade e na ocorrência, além da terapêutica ser menos efetiva. Uso de contraceptivos orais com altas dosagens de estrogênio ou terapia de reposição hormonal somente com estrogênio (aumento da concentração de glicogênio vaginal com consequente acidificação do meio e proliferação das leveduras); Diabetes mellitus descompensado (a glicosúria e o aumento da concentração de açúcar no conteúdo vaginal podem precipitar a candidose vaginal.), tireoidopatia, obesidade; Uso de DIU; Uso de antibióticos, (redução da flora= aumento da proliferação de leveduras), corticoides ou imunossupressores, o uso de antibióticos principalmente os de largo espectro é um motivo importante para levedura se multiplicar, seja no intestino seja na vagina por destruição da respectiva flora microbiana, excitando o desenvolvimento do fungo. Hábitos de higiene e vestuário inadequados (diminuem a ventilação e aumenta a umidade e calor local favorecendo a proliferação de leveduras); Contato com substâncias alérgenas e ou irritantes (ex: talco perfume e desodorante) Alterações na resposta imunológica, imunodeficiência, estresse, incluindo a infecção pelo HIV, candidíase vulvovaginal é considerada marcador de imunossupressão precoce no HIV sintomas de fase B doença. @KATIELLEMASC I MEDICINA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A candidíase vaginal apresenta um quadro clínico variável. É um problema frequente nas mulheres e que pode ser complicada com uretrite. O prurido vulvar é o sintoma mais manifesto entre as pacientes com candidíase vulvovaginal. Frequentemente o prurido é intenso, apesar dos sinais mínimos de infecção. Pode ocorrer algum alívio durante a menstruação, talvez em decorrência da alcalinidade do fluxo menstrual. O prurido determina hiperemia, maceração, escoriações e fissuras na região vulvar, às vezes só há rágades. Esses sintomas são consequentes à reação alérgica à toxina da levedura (candidina). Acentua-se durante a noite nos dias pré-menstruais. O corrimento é branco em placa aderente com aspecto em leite coalhado de consistência pouco fluida, em pouca quantidade, sendo mais comum na época da ovulação, sendo inodoro. Esse corrimento pode desencadear dermatite no períneo, podendo apresentar-se com aspecto eczematoso e invadir regiões adjacentes. Irritabilidade, dor vulvar, dispareunia, disúria e polaciúria são frequentes. Pode ocorrer ainda sensação nos genitais externos e sensação de peso no períneo. Se houver fermentação poderá ocorrer odor desagradável. Raramente pode haver cistite, pielite e acometimento da região anorretal. Os achados vaginais vulvares podem variar desde a completa normalidade até eritema vaginal, cervical e vulvar difuso. O exame ginecológico pode demonstrar ainda conteúdo vaginal anormal associado à colpite difusa. Observa-se com certa freqüência uma forma ulcerativadifusa, sendo que essa apresentação clínica pode levar à confusão com lesão herpética. O corrimento não raro recobre as formas labiais menores e o vestíbulo vaginal; congestão e edema nos genitais externos são observados principalmente nas mulheres diabéticas e obesas. Congestão intensa da vagina associada com múltiplas esbranquiçadas, as quais não se destacam facilmente da parede vaginal ou da cérvice uterina. A presença de fissuras superficiais na vulva e no períneo devem ser diferenciadas nas manifestações clínicas do herpes genital e outras causas de úlceras genitais. COMPLICAÇÕES Esofagite, endocardite ou infecção sistêmica, mais comum em imunodeprimidos, diabéticos ou portadores de doenças que ocasionam anemias graves com queda da resistência. DIAGNÓSTICO Ao exame ginecológico, observam-se hiperemia vulvar, edema e, eventualmente fissuras e escoriações; ao exame especular, verificam-se hiperemia da mucosa vaginal e presença de conteúdo vaginal esbranquiçado ou amarelado, em quantidade variável, de aspecto fluido, espesso ou flocular, podendo estar aderido às paredes vaginais. O pH vaginal encontra-se abaixo de 4,5. A presença de fungos é confirmada por meio de: 1) exame a fresco do conteúdo vaginal com hidróxido de potássio (KOH) a 10% ou soro fisiológico; 2) bacterioscopia com coloração pelo método de Gram; 3) Cultura em meios específicos. O exame a fresco possui sensibilidade em torno de 50% a 60%. A positividade do exame a fresco dispensa a continuidade da investigação. Entretanto, se tal exame for negativo e houver sintomas, está indicada a continuação do processo diagnóstico, com a bacterioscopia pelo Gram e cultura, particularmente nos casos recorrentes. TRATAMENTO Para o tratamento, consideram-se duas formas de candidíase: Candidíase não complicada: Ocorre esporadicamente, em intensidade leve ou moderada, agente é Candida albicans, em mulheres não comprometidas; O tratamento pode ser por via vaginal ou sistêmica, com eficácias semelhantes. @KATIELLEMASC I MEDICINA Entre os derivados imidazólicos, podem ser utilizados, por via local: fenticonazol (creme na concentração de 0,02 g/g, um aplicador ao deitar, durante sete dias, ou óvulo com 600 mg em dose única), clotrimazol (creme 10 mg/g por sete dias, ou comprimido vaginal 500 mg em dose única), miconazol (creme 20 mg/g por 14 dias), econazol (creme 10 mg/g por 14 dias), butaconazol (20 mg/g em dose única), terconazol (8 mg/g por cinco dias), tioconazol (20 mg/g por sete dias, ou óvulo 300 mg em dose única); entre os poliênicos, nistatina (creme vaginal 25.000 UI/g por 14 dias) na forma de creme vaginal. Para uso sistêmico: fluconazol (comprimido de 150 mg em dose única), cetoconazol (comprimidos de 200 mg, posologia dois comprimidos ‒ 400 mg, durante cinco dias); e itraconazol (cápsulas de 100 mg, uma cápsula pela manhã e outra à noite, por apenas um dia). Como efeitos colaterais, podem ocorrer náuseas, dores abdominais e cefaleia. Raramente ocorre elevação das enzimas hepáticas. Candidíase complicada: Recorrente ou severa ou por espécies não albicans ou em mulheres com diabetes, ou condições que comprometam o sistema imune, ou debilitadas ou recebendo imunossupressores. É importante confirmar a presença do fungo antes de iniciar o tratamento, visto que outras condições podem manifestar-se por sintomas semelhantes (vaginose citolítica, alergias, dermatopatias). Episódios isolados geralmente respondem aos esquemas anteriormente mencionados; entretanto, alguns especialistas recomendam tratamento tópico por 7 a 14 dias ou por VO (fluconazol 150 mg, total de três doses com intervalos de três dias). Após a remissão dos episódios agudos, podem ser utilizados esquemas de supressão com um comprimido de fluconazol (150 mg) uma vez por semana, durante seis meses (A). Outra opção são os tratamentos por via local, de maneira intermitente. Após o término do tratamento supressivo, aproximadamente 50% das mulheres permanecem livres dos episódios recorrentes. Para as manifestações severas como eritema extenso, edema, escoriações e fissuras, recomendam-se cursos prolongados de terapia, podendo ser utilizados medicamentos por via local, no período de 7 a 14 dias, ou fluconazol (150 mg) em duas doses, com intervalo de 72 horas. Não existem recomendações terapêuticas comprovadamente e eficazes para tratamento das espécies não albicans. VAGINOSE As vulvovaginites são definidas pela presença de um processo inflamatório que acomete o trato genital inferior, incluindo a vulva, paredes vaginais e epitélio escamoso estratificado do colo uterino (ectocérvice). Pode ser causada por diversas etiologias distintas, podendo ou não ter caráter infeccioso. Microbiota normal A microbiota vaginal normal, constituída majoritariamente por bacilos de Doderlein (Lactobacillus crispatus, Lactobacillus jensenii e Lactobacillus gasseri) exerce papel protetor da mucosa vaginal contra micro- oganismos patogênicos. Esses bacilos produzem ácido lático, mantendo o pH vaginal ácido e impedindo a proliferação de bactérias indesejáveis. São frequentemente encontrados na região genital feminina estafilococos coagulase negativo, estreptococos alfa e beta hemolítico, leveduras, enterobactérias e Enterococcus sp. Dentre as infecções do trato reprodutivo, destacam-se as vulvovaginites e vaginoses, processos nos quais o meio ambiente vaginal fisiológico, composto primordialmente por Lactobacillus, encontra-se alterado, assim, possibilitando a proliferação de outros microrganismos e podendo estar associado a processo inflamatório (vaginites) ou sem evidências de inflamação (vaginoses). As vulvovaginites e vaginoses representam as @KATIELLEMASC I MEDICINA queixas mais frequentes nos consultórios de ginecologia, sendo responsáveis por aproximadamente 40% dos motivos de consulta. Os sintomas são representados principalmente por corrimento vaginal, em quantidade, coloração e aspecto variáveis, associados a outros sintomas como odor desagradável, prurido, sensação de ardor e/ou queimação, disúria e dispareunia, a depender dos agentes etiológicos. Vaginose: pode ser classificada em bacteriana e citolítica. A vaginose bacteriana ocorre quando há o desequilíbrio da microbiota vaginal, caracterizado pela diminuição da microbiota normal e a proliferação anormal micro-organismos anaeróbios, como Gardnerella vaginalis, Mobiluncus sp, Prevotella sp, Porphyromonas sp e Bacteroides sp. A vaginose citolítica é causada pela proliferação exacerbada de Lactobacillus sp, pela redução extrema do pH vaginal e pela citólise. Os sintomas são semelhantes aos de candidíase, porém não é considerada uma infecção. Vaginite: é a inflamação, infecciosa ou não, da mucosa vaginal e pode ser classificada em candidíase, vaginite aeróbica e vaginite inflamatória descamativa. COMPLICAÇÕES Na ginecologia: risco aumentado para endometrite, salpingite, pelvíperitonite, celulite de cúpula vaginal, doença inflamatória pélvica. Na obstetrícia: risco aumentado de abortamento, prematuridade, ruptura prematura de membranas amnióticas, carioamniote, infecção pós cesariana. EPIDEMIOLOGIA Com relação ao perfil da mulher com vaginose bacteriana, observou-se maior ocorrência em jovens entre 10 e 19 anos (40%), negras (37,1%), viúvas (62,5%), com segundo grau incompleto (39,5%), heterossexuais (29,5%), com dois ou mais parceiros sexuais nos últimos 30 dias (50%) e nos últimos cinco anos (32,3%). REFERÊNCIAS: LIMA, Monaiza Oliveira; SAMPAIO, Mariana Gomes Vidal; DOS SANTOS, Bruno Souza. A importância do diagnóstico precoce da tricomoníase e as principais técnicas utilizadas na confirmação da doença. Revista Expressão Católica Saúde, v. 2, n. 2, p. 04-08, 2018. PASCOAL, Isabelle Lolli et al. Trichomonas vaginalis como Co-Fator na propagaçãodo HIV em mulheres: uma revisão de literatura. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 5, p. 52660-52673, 2021. MARQUES, Carlos AS; MENEZES, Maria Luiza B. Infecção genital por Chlamydia trachomatis e esterilidade. DST-J Bras Doenças Sex Transm, v. 17, n. 1, p. 66-70, 2005. VALLADÃO, Antonio Sérgio et al. Chlamydia trachomatis e suas implicações na reprodução humana. Revista do Instituto Adolfo Lutz, v. 70, n. 4, p. 457-462, 2011. DE KS ROCHA, Patrícia et al. Infecções Sexualmente Transmissíveis: Sensibilizando o Professor sobre Gonorreia, Hepatite B, Vírus do Papiloma Humano e Sífilis. Revista Interdisciplinar de Tecnologias e Educação, v. 5, n. 1, p. 11, 2019. CÔCO, Júlia Barbosa et al. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE CLAMÍDIA E GONORREIA NO BRASIL NOS ÚLTIMOS 5 ANOS: UMA REALIDADE SUBNOTIFICADA. The Brazilian Journal of Infectious Diseases, v. 25, p. 101314, 2021. DALL’ALBA, M. P.; JASKULSKI, M. R. Prevalência de vaginoses bacterianas causadas por Gardnerella vaginalis, em um laboratório de análises clínicas na cidade de Santo Expedito do Sul, RS. Rev Perspectiva, v. 38, p. 91-9, 2014. FERREIRA, Eduardo Vargas Fabbri et al. Vaginose bacteriana: fator de risco no parto prematuro. Cadernos da Medicina-UNIFESO, v. 2, n. 3, 2020. @KATIELLEMASC I MEDICINA Etiologia Fisiopatologia Manifestações clinicas Diagnóstico Tratamento Vaginose bacteriana As espécies mais frequentemente encontradas são Gardnerella, Atopobium, Prevotella, Megasphaera, Leptotrichia, Sneatia, Bifidobacterium , Dialister, Clostridium e Mycoplasmas. As bactérias associadas à VB alteram a resposta imune local, o que torna o meio vaginal imunossuprimido. Relaciona-se a diversos distúrbios do trato reprodutivo: maior prevalência em mulheres inférteis do que férteis, está associada a risco de abortamento após fertilização in vitro, infecções pelo HPV e neoplasias intraepiteliais cervicais, infecções após cirurgias ginecológicas, aumento da taxa de infecção pelo HIV, aumento da possibilidade de aquisição de agentes sexualmente transmissíveis, aumento do risco de infertilidade tubária; Os sintomas são corrimento de intensidade variável, acompanhado de odor vaginal fétido (“odor de peixe” ou amoniacal, que piora durante a menstruação. O odor ocorre devido à volatização de aminas aromáticas resultantes do metabolismo das bactérias anaeróbias em contato com a alcalinidade do sêmen ou do sangue menstrual. Ao exame especular, observa- se o conteúdo vaginal de aspecto homogêneo, em quantidade variável, com coloração esbranquiçada, branco-acinzentada ou amarelada Os critérios para diagnóstico da VB são os de Amsel e os de Nugent. O tratamento da VB visa eliminar os sintomas e restabelecer o equilíbrio da flora vaginal fisiológica.Podem ser utilizados Metronidazol 500 mg por via oral (VO) duas vezes ao dia durante sete dias; OU - Metronidazol gel 0,75% – 5g (um aplicador) intravaginal ao deitar durante cinco dias; OU - Clindamicina creme 2% intravaginal ao deitar durante sete dias. Alternativamente : - Tinidazol 2g por VO duas vezes ao dia, durante dois dias; OU - Tinidazol 1g VO uma vez ao dia, durante cinco dias; OU - Clindamicina 300 mg por VO a cada 12 horas, durante sete dias. Vaginose citolítica É causada pela excessiva proliferação de Lactobacillus, pela redução do pH vaginal e pela citólise, levando ao aparecimento de sintomas. Os fatores que determinam a proliferação excessiva de Lactobacillus não são conhecidos. Discute-se se o pH mais ácido facilitaria o desenvolvimento dos Lactobacillus ou se ocorreria o inverso. De qualquer maneira, o excesso lactobacilar aumenta o processo citolítico, cujos produtos são responsáveis pelo aparecimento de sintomas. Os sintomas são corrimento esbranquiçado e prurido de intensidades variáveis que piora no período pré-menstrual. Ardor, queimação, disúria e dispareunia podem estar associados. Ao exame clínico, observa-se o conteúdo vaginal aumentado, de aspecto flocular, fluido ou em grumos, aderente ou não às paredes vaginais. O pH encontra-se igual ou menor que 4.A bacterioscopia do conteúdo vaginal revela aumento excessivo de Lactobacillus, raros leucócitos, núcleos desnudos e restos celulares. Recomenda-se a utilização de medidas que, pelo menos temporariamente , alcalizem o meio vaginal, como o uso de duchas vaginais com bicarbonato de sódio, particularmente no período pré- menstrual @KATIELLEMASC I MEDICINA Vaginite inflamatór ia descamati va A etiologia é desconhecida; em alguns casos, têm sido identificados Streptococcus do grupo B e Escherichia coli, e o processo inflamatório é intenso. Existe a hipótese de que fatores imunológicos e de ciência de estrogênios contribuam para a afecção. Embora bactérias como Streptococcus do grupo B e Escherichia coli possam ser responsáveis pela estimulação do sistema imune com intensa resposta inflamatória, existem dúvidas se a afecção seria primariamente uma alteração do sistema imune, com infecção bacteriana secundária. A queixa, comumente de longa duração, é de corrimento profuso ou em moderada quantidade, acompanhado de desconforto acentuado, dispareunia, ardor. O exame ginecológico revela processo inflamatório, de intensidade variável, com eritema, podendo haver petéquias ou mesmo equimoses na mucosa do trato genital; a cérvice pode estar envolvida. Pela microscopia, observam-se aumento nos polimorfonucleares e nas células parabasais, ausência de Lactobacillus e presença de outras bactérias. De acordo estudos, existem 3 esquemas terapêuticos: clindamicina creme vaginal 2% – 5g, durante 21 dias; ou hidrocortisona 10% intravaginal durante duas a quatro semanas; ou creme combinando clindamicina e hidrocortisona. Vaginite aeróbica As mais frequentes Enterococcus faecalis, Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Streptococcus do grupo B), redução ou ausência de Lactobacillus e processo inflamatório de diferentes intensidades. Em reposta à população bacteriana presente, ocorre aumento na produção de citocinas em graus variados de processo in- amatório; também é questionado o papel do sistema imune local. Os sintomas são corrimento vaginal, por vezes com aspecto purulento e odor desagradável; dependendo do grau de inflamação, há queixa de disúria e dispareunia. Ao exame ginecológico, observa-se inflamação do vestíbulo; ao exame especular, hiperemia da mucosa vaginal e aumento do conteúdo vaginal, em graus variáveis. Por meio da microscopia do conteúdo vaginal são avaliadas a flora microbiana e a presença de leucócitos. A vaginite aeróbica é classificada em quatro graus, denominados de “graus lactobacilares”. Se houver predomínio de inflamação, utilizar hidrocortisona 10% por via vaginal; caso haja predomínio de atro a, usar estrogênios via vaginal; se houver excessivo número de bactérias, indica- se o uso de antibióticos; clindamicina 2% por via local.
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