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ELETROCARDIOGRAMA O eletrocardiograma representa a soma vetorial elétrica dos eventos elétricos de TODOS os miócitos cardíacos; a forma do potencial de ação de uma única fibra cardíaca é totalmente diferenciada no traçado eletrocardiográfico. As ondas identificadas no ECG são: P→ eventos elétricos da despolarização atrial; Q, R, S (complexo QRS)→ eventos elétricos da despolarização ventricular; T→ eventos elétricos da repolarização ventricular Ta→ eventos elétricos da repolarização atrial (NÃO VISIVEL), é uma onda de baixa voltagem, mascarada pelo complexo QRS; Eventualmente U→ repolarização dos músculos papilares. Willem Einthoven (1860-1927), médico holandês, é chamado de “pai da eletrocardiografia” por seus estudos nesta área. Formado em medicina em Utrecht (Holanda) foi professor de fisiologia na universidade de Leiden, onde desenvolveu o primeiro galvanômetro de corda que mensurava correntes elétricas de baixa voltagem e que possibilitou o registro da atividade elétrica cardíaca, o ECG. Recebeu o prêmio Nobel de Fisiologia- Medicina em 1924. Seu primeiro trabalho foi registro do ECG de 6 pessoas, nos anos de 1901-1902, comas convenções adotadas por ele e aceitas ate o dia de hoje. O primeiro galvanômetro de cordas desenvolvido por Einthoven pesava 270KG; o primeiro eletrocardiógrafo comercial foi produzido pela GE. Em 1908 publica um livro clinico com mais de 5000 casos de ECG e com as aplicações das principais doenças do coração. Supõem-se que escolheu as ondas eletrocardiogramas denominadas de PQRST, no meio do alfabeto, com a possibilidade de, no futuro, se descobrir outras ondas ir acrescentando-as na nomenclatura ou pela influência do método de Descartes. Nos primeiros registros de ECG, os voluntários mergulhavam seus pês e mãos em uma tina com água do mar para aumentar a condutibilidade elétrica; posteriormente foi substituído por eletrodos metálicos, construídos por prata/cloreto de prata e descartável. Na época criou o chamado “Triangulo de Einthoven”, um triangulo equilátero no centro do tórax, onde o coração (seria uma carga pontual) no centro deste triangulo, e as posições dos eletrodos dos braços (esquerdo e direito) e da perna esquerda fossem projetadas nestes vértices. O ECG mensura a diferença de potencial elétrico (ddp) entre dois eletrodos, um positivo e o outro negativo, instalados nos braços, pernas, e na região precordial. O local do posicionamento, e assim a ddp entre eles, é denominada DERIVAÇÃO ELETRICOCRADIOGRÁFICA. Quando uma onda elétrica que percorre o coração se dirige para o eletrodo positivo, teremos uma deflexão positiva do ECG. Se o movimento resultando de cargas pelo coração dirigir-se para o eletrodo negativo, o traçado se move para baixo. Pode medir, para importâncias clinicas, a duração dos eventos. O tempo e amplitude do ECG, são reguláveis. Em uma análise pode se ter uma noção de tempo da despolarização e repolarização através do intervalo PR e ST, respectivamente. → TRIANGULO DE EINTHOVEN Um triangulo hipotético criado ao redor do coração (considerado uma carga pontual, localizado no centro do triangulo) quando os eletrodos são colocados nos braços e na perna esquerda. Os lados do triangulo são numeradas correspondendo as três derivações, ou pares de eletrodos, usados para obter o registro. Cada par de eletrodos formam uma derivação. A derivação I, por exemplo, tem o eletrodo negativo colocado no braço direito e o eletrodo positivo no braço esquerdo. Um ECG registra uma derivação de cada vez. Um eletrodo se comporta como eletrodo positivo da derivação e o outro se comporta como o eletrodo negativo da derivação. O traçado do ECG mostra a soma dos potenciais elétricos gerados em todas as células do coração. Diferentes componentes do ECG refletem a despolarização dos átrios e dos ventrículos. Devido ao fato de a despolarização iniciar a contração muscular, os eventos elétricos (ondas) do ECG podem ser associados com a contração ou relaxamento. A contração atrial inicia durante a última parte da onda P e continua durante o segmento PR. A contração ventricular inicia logo após a onda Q e continua na onda T. Um ponto importante a se lembrar é que o ECG é uma “vista” elétrica de um objeto tridimensional. Este é um dos motivos pelos quais usamos diversas derivações para avaliar a função cardíaca. Num traçado eletrocardiográfico clássico de 12 derivações, considera-se 3 tipos de derivações, sendo eles: → DERIVAÇÕES BIPOLARES (ou periféricas): os eletrodos são colocados em braços e pernas; a perna direita recebe o eletrodo neutro (usado para retirar interferências). DI; DII; DIII DI= BD (-) BE (+) DII= BD (-) PE(+) DIII= BE (-) PE(+) → DERIVAÇÕES UNIPOLARES: permite mensurar o potencial elétrico de um único ponto, graças à utilização da central terminal de Wilson. aVR; aVL; aVF. (CTW= BD+ BE+ PE) aVR= BD (+) CTW (-) aVL= BE (+) CTW (-) aVF= PE (+) CTW (-) → DERIVAÇÕES PRÉ- CORDIAIS: os eletrodos são colocados sobre o pericárdio, mais próximo ao coração. V1; V2; V3; V4; V5; V6. V1; V2; V3; V4; V5; V6 (+) CTW (-) V1. 4º espaço intercostal, lado direito (margem direita do esterno- 2cm do lado direito do esterno) V2. 4º espaço intercostal lado esquerdo (margem esquerda do esterno- 2cm lado esquerdo do esterno) V3. Espaço intermediário de V2-V4 V4. 5º espaço intercostal, lado esquerdo (linha hemiclavicular) V5. Espaço intermediário de V4-V6 V6. 5º espaço intercostal, lado esquerdo (plano axilar medial) Obs. Pode haver outras derivações do lado direito (V2R, V3, etc) EIXO ELETRICO CARDIACO Esse círculo com os ângulos é a junção da projeção das derivações bipolares e unipolares. Com ele é possível determinar onde está o eixo elétrico do coração. Em função de cada uma das 6 derivações, vou ter vetor, e vou ver a direção do vetor. Foi padronizado por Einthoven o ponto com ângulo 0º e o ponto com o ângulo +90º. Se no ECG estiver marcado eixo elétrico cardíaco em +50º, o coração está em posição normal. *Se na derivação DI a onda maior (R) for positiva, significa que o eixo do coração está voltado do BD (-), para o BE (+). Se for negativo esta do BD (+) para o BE (-). Assim, o eixo anatômico do coração é definido, a partir de: DI: define se o eixo esta para a esquerda ou para a direita aVF: eixo para cima ou para baixo V1: ponta do coração mais anterior ou mais posterior (pode ser visto pelo V6, mas com leitura ao contrário).