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1º TEN PM GEOVALDO 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 2 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 1º TENENTE PM GEOVALDO 74 ANOS DE RECLUSÃO REGIME FECHADO Instituto Penal Paulo Sarasate – IPPS – Visando a proteção de pessoas envolvidas, alguns nomes constantes desta obra, foram alterados, porém, os fatos não foram mudados, conforme os autos de condenação. Autor Pastor Geovaldo Barroso Capa: Autor Ceará–Brasil – 1997 – – Especialidade de Jesus – Transformar tragédias e derrotas em vitórias! 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 3 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado SUMÁRIO Introdução 06 Prefácio 07 Capítulo 1 Na contramão do senso comum 11 Capítulo 2 Prisão temporária (A Casa Caiu) 30 Capítulo 3 Fuga (IPPS) 74 Capítulo 4 Arrependimento (O Plano de Deus) 104 Capítulo 5 Caminho da Recuperação 121 Capítulo 6 O Plano de Deus (Chamado) 124 Capítulo 7 Satanás (Mentiroso e Enganador) 133 Capítulo 8 Prisão (Jaula Voraz) 148 Capítulo 9 Interno IPPS (Dia a dia na prisão) 151 Capítulo 10 Enfim – Liberdade 170 Palavra de Fé 179 Mensagem 181 Autor 184 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 4 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado DEDICATÓRIA Ao verdadeiro amor Mozarilma Maurício Barroso, esposa, por todo o tempo de carinho e compreensão, na passagem do zelo e amor que sempre trouxe ao meu coração, como verdadeira busca, a fim de glorificar o nome de Deus, através da Palavra de Deus. Por ser fiel e autêntica nas palavras de conforto que me fortaleceu na presença de Deus, a fim de não parar diante de momentos tão difíceis. E, ainda por haver colocado em nossas vidas o amado filho Lucas. “Quem encontra uma esposa acha uma coisa boa; e alcança o favor do Senhor”. (Provérbios 18.22) 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 5 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado AGRADECIMENTO Ao autor e consumador da vida Ao Único Deus vivo e verdadeiro o qual é Onipotente, Onisciente e Onipresente: Ele é o Todo Poderoso Deus, o Deus Eterno – Àquele que subsiste por Si mesmo e o que era, e o que é e o que ainda está por vir. Que é absoluto e Unicamente inabalável. Sendo o resplendor de toda a glória, é Ele o autor de nossas vidas; Obrigado, ó Senhor, pela excelência do dom de salvação, quando Tu ó Deus, se revelou através do Teu amado Filho, o Senhor Jesus Cristo! Ao Senhor, o Deus que planta a verdadeira semente do amor, como vínculo da perfeição entre Deus e o homem; é quem ainda ensina o verdadeiro dom do amor àqueles que não compreendem essa união; por isso, é que, os nossos pensamentos, as nossas vidas e o nosso futuro, tudo entregamos diante do altar de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Pela oportunidade da escolha mais perfeita, sendo a única que não se faz; mas, a que nos é revelada para anunciar o Teu reino aos pobres e cegos, oprimidos e sofredores e ainda aos perdidos em cadeias, porque. Tu, ó Senhor, somente – Tu, ó Senhor! Liberta o que era cativo para ser liberto! “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”. (João 8.32,36) 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 6 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado INTRODUÇÃO Jesus o caminho e a verdade e a vida Hoje, podemos compreender e interpretar que a palavra do Senhor transforma e cura, salva e liberta, assim, somos propriedades vivas da Palavra de Deus. De certa forma, vários são os fundamentos que podem gerar os benefícios da liberdade material dentro de qualquer tipo de prisão. Pouco importa para alguns saber qual o tipo de prisão que se está vivendo, quer seja material ou espiritual. Por outro lado, há apenas um firme fundamento que está voltado para dentro da fé cristã de nossos antepassados. Mas, existe ainda uma base, a pregação da Palavra de Deus, que, invadindo e domando o coração de diversos povos do passado e do presente, vem revelando a verdadeira libertação e o inconfundível sinal de que o reino de Deus está próximo. “E dizendo: Arrependei–vos, porque é chegado o reino dos céus”. (Mateus 3.2) Pelo que, não para de crescer e de ser manifesto o seu Poder ao seu povo, o que coloca o “poder” de satanás diretamente em declínio, através das muitas vidas que se rendem à governabilidade de Deus, passando a desfrutar de uma nova vida abundante em Cristo Jesus. 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 7 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado PREFÁCIO Amor e Carinho Filho primogênito de uma pequena família. Nascido aos 08/06/1962, na Cidade de Fortaleza, Estado do Ceará. Proveniente de uma família de classe média baixa desfrutou duma infância como qualquer criança de sua época. Dos pais, recebera amor e carinho, como herança de uma infância bem vivida em Fortaleza. Em 1981, aos 19 anos, já finaliza seus estudos em um colégio da capital cearense. Em 1983, foi aprovado em concurso público para o Curso de Formações de Oficiais da Polícia Militar do Estado do Ceará (CFO). Finalmente, por volta das 16h00 horas, do dia 21/12/1985, naquela sexta–feira, o sol já se declinava e os convidados se faziam presentes ao evento, declaração de aspirantes 1985. No palanque encontravam–se diversas autoridades civis e militares, e eclesiásticas, as quais contemplariam ao espetáculo, denominado: “Declaração de Aspirantes a Oficiais – Turma Governador Gonzaga Mota–1985”. Então, às 17h00, soava os primeiros acordes pela da Banda de Música da Polícia Militar do Estado do Ceará, e cantavam: “Corporação, pujante e valorosa que lutou sempre, e sempre lutará...”. Por outro lado, declarado Aspirante a Oficial no ano de 1985, e agora já no ano de 1986, foi promovido ao posto de 2º Tenente PM, e antes da década de 90, no ano de 1989, fora promovido ao posto de 1º Tenente PM. Portanto, caminhava com sua alma 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 8 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado abalada pelos distúrbios da opressão espiritual, sendo ainda vitimado por misteriosos ataques de isolamento, e quando vitimado pelo alcoolismo nem mesmo pensava em reconstruir o que já havia sido destruído; mas, a passos longos, avançava para sua autodestruição espiritual, moral e profissional. Assim, longe de tudo e de todos, poderia melhor preparar uma falsa cobertura para o seu passado que, somado ao presente catastrófico, dava–lhe a ideia de um futuro incerto; passando o tempo, pelo tempo, também começou a se tornar um péssimo profissional e, como escravo da prostituição e do alcoolismo, caiu no declínio moral, espiritual e social; não é difícil entender que toda esta situação ocorreu porque estava ele tentando reaver no presente uma saída para o sofrimento do passado, assim, era notório que as próprias migalhas do seu passado lhe empurravam para uma espécie de autopunição sem misericórdia, a onde era (acusador, juiz e carrasco) de si mesmo, como se não chegasse a um final. Diante desses fatos, a cada instante vivido se tornava mais desastroso que o anterior e tudo fazia menos sentido a cada etapa que se tornava mais íntimo do álcool, conforme citado em (Provérbios 23.29–35). O alcoolismo lhe transformou no que não sonhou ser jamais nalgum dia em sua vida. Também lhe abriu cicatrizes com marcas profundas no seu caráter e na sua alma, quando muitas vezes chegou a ser vítima de sua própria falta de controle emocional e, verdadeiramente, seu coração foi moldado por uma máscara interior, o que lhe dificultava receber qualquer ajuda, porque, aprendeu a viver sob uma falsa aparência, conforme se lê em “Abstende–vos de toda a aparência do mal”. (Tiago 6.3) 1º Tenente PM GeovaldoBarroso 9 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado De certa forma, ante ao primeiro gole, uma alegria nostálgica; ante ao segundo, uma espécie de alegria letárgica, parecendo que não mais se conhecia. Na verdade, esquecia-se de que havia uma vida e que era muito preciosa a ponto de não a perder em vão. Através da senda de um conjunto de irresponsabilidades praticadas (subconsciente) e marcadas por todos os episódios conflitantes anteriores nada disso simbolizavam como sinal de advertência, mas o início de uma série de atos de indisciplina que mais e mais se fazia agravar sua situação profissional e social – espiritual e moral, direcionando lhe para o primeiro dos passos à senda da obscuridade, isto é, à sua futura falência profissional e moral, pois, espiritualmente, já era vazio e sem forma. “E a terra era sem forma e vazia”. (Gênesis 1.2a) Com referência aos atos da indisciplina profissional e pessoal começaram a aparecer com uma maior intensidade; surgindo um após outro, foram se somando em agravantes em sua ficha pessoal; enfim, uma carreira marcada por erros sem volta, visto que, nada aprendia com os erros anteriores. “Jesus, porém, respondendo, disse–lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus”. (Mateus 22.29) Na verdade, estava totalmente cego e, certamente que, subtraído pela falta de visão, era traído pela controvertida vida vivida. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte”. (Provérbios 14.12) 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 10 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado Tais fatos lhe transformaram em motivo de vergonha e rejeição do oficialato e de outros comandados, o que lhe seria como oportunidade perdida, além do registro de punições disciplinares. Esses fatos foram gerados pela perda da decência, da disciplina e da ordem em sua carreira militar, E mais uma vez, era nocauteado pelo alcoolismo. Finalmente, em março de 1991, surgiu uma última transferência em sua carreira, como oficial, para a Cidade de Fortaleza, Estado do Ceará. A verdade é que tendo em vista os fatos nenhum Comandante de Unidade Subunidade da Capital ou de outras cidades do Estado aceita o referido oficial subalterno para trabalhar já que sua última transferência seria para a 5ª Sede BPM sediado em Fortaleza em este Capital motivada por atos de indisciplina. Criando uma analogia com todos os fatos, anteriores, tais como: o desamparo pelo descontrole dos vícios, a total falta de prudência, a perda da credibilidade perante aos seus pares e subordinados, registrou–se pela comprovada perda da autoestima do jovem oficial. Marca de uma senda contraditória, através da contramão do senso comum que o levou a percorrer caminhos de enganos diversos. Portanto, com a alma e o corpo totalmente debilitados, seu espírito era vazio e sem forma (Gênesis 1.1–2), e não aceitou melhor caminho ao seu tempo, a fim de que lhe fosse revelado uma aparente saída, contra a nuvem de tempestade que se lhe levantava em desfavor. Fortaleza–CE, em 18 de junho de 1997 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 11 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado CAPÍTULO – 01 Na Contramão do Senso Comum Ano 1991. A Cidade é Fortaleza, Estado do Ceará, durante este período, iniciou seus trabalhos no Quartel do 6º BPM, unidade subordinada ao CPC (Comando de Policiamento da Capital), sediada na área oeste da cidade, no Conjunto Esperança. Neste local, por várias ocasiões, quando de oficial de policiamento, assistia diversas cenas de violência urbana e não tomava providência. Estava havendo um declínio social e moral na vida do jovem oficial. Transcorriam lhe constantes modificações de sua conduta moral e profissional e tais modificações seriam comparadas, como: “Uma pedra quando lançada n’água faz produzir círculos concêntricos cada vez maiores: diante tal comparação, fica claro que, enquanto na água se vê o ponto de partida e as ondulações que se ligam entre si”. Portanto, na delinquência, nem sempre se descobre resposta à tendência criminosa; se, nas mentes, por desvios de personalidade; se, junto aos membros, para buscar provar maior superioridade ou através dos sentidos, pela herança direcional ante ao que, se abortados ou nauseados pela própria sociedade e isolados, sem devida oportunidade. Dessa forma, dava–se o início de um sistema ilustrativo por alternativa da sua própria personalidade já há muito tempo controvertida. 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 12 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado Por volta do mês de outubro, do mesmo ano, recebeu um convite para patrocinar segurança particular de instalações privadas nos seguintes clubes dançantes dessa Capital: O primeiro em Aquiraz (CE), e o segundo em Caucaia (CE). Nessa empreitada o mesmo era o agente principal controlador da portaria e principais entradas de acesso em ambos os recintos. Através deste episódio, sentiu ser o momento de fechar aquele tipo de negócio o qual era paralelo à função pública. Destarte, não sendo flagrado, ainda assim, foi transferido para a 1ª Cia/5º BPM. Ano 1992. Naquela Subunidade, o oficial chegava ali como subalterno mais antigo por hierarquia. À época, a Companhia era localizada na área leste da Cidade de Fortaleza–CE, no bairro da Aldeota. Conhecido como setor nobre de policiamento, tanto a pé, a cavalo, como motorizado. Certo de que ao chegar àquela companhia como subcomandante sua voz seria ouvida, passou a levantar todos os problemas ali existentes, dentre os quais foram vistos, como: Falta de efetivo, armamento e munição inoperantes, viaturas operacionais e administrativas em total estado de sucateamento; pelo que, feitos os levantamentos foram encaminhados ao conhecimento do Comandante da Companhia que, depois de lido o relatório, respondeu: “Na verdade, a gente se vira com o que tem”. Usou como resposta apenas uma duplicidade verbal, sem, contudo, oferecer nenhuma saída objetiva. Portanto, todo seu empenho no trabalho, até então, não havia sido reconhecido, porém, no primeiro serviço de Supervisor da “Área 01”, passou a ser orientado por motoristas e patrulheiros das viaturas, onde, não obstante, era contumaz assistir os policiais 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 13 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado repetirem: “Tenente deixa isso para lá! Vamos se dá de bem com o que temos na área, porque a área é rica! ”. Pelo que, o Tenente Geovaldo respondeu: Negativo! Deixe de conversa fiada, siga em frente motorista! O oficial, às vezes, não se calava, porém, mais tarde, diante de uma grande trama de vários policiais corruptos e viciados na camuflada delinquência não punitiva pela corporação e que, sobretudo, agora, operava sob seu comando não teve autoridade suficiente para coibir tais ações, pelo que, indiretamente passou a fazer parte de toda aquela sujeira. O tenente Geovaldo adentrava em um mundo que não lhe pertencia, ‘o mundo fascista da rebeldia e da falta de governabilidade’, pois, o regulamento disciplinar da corporação, não mais fazia efeito sobre a sua vida, enfim, a sujeição ao crime passou a gritar mais alto. “Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que tomaram conselho, mas não de mim, que se cobriram com uma cobertura, mas não do meu Espírito, para acrescentarem pecado a pecado”. (Isaías 30.1) Determinada manhã de sábado, foi convidado a passar em um posto de combustíveis, localizado na Avenida Santos Dumont, ali, houve o seguinte diálogo: “Este é o Tenente de quem lhe havia falado. Ele é quem comanda toda essa área, fique na boa, pois, é um nosso chapa, está ligado! ”. Diante de todo aquele episódio o Oficial ficou totalmente atônito. E para surpresa do mesmo, retornava o gerente do posto, trazendo 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 14 74 Anosde Reclusão – Regime Fechado uma caixa contendo latas de óleo lubrificantes, estopa, cera de polimento e um vale para trinta (30) litros de combustível. Posteriormente, tomou conhecimento de que o gerente daquele posto de combustível era viciado em entorpecentes. Aquele teatro foi como uma estúpida entrada rumo à porta larga do seu declínio. Crendo que buscou agradar ou se deixou conduzir pelos falsos elogios “chefe, o senhor é peixe mesmo e todos dizem que o senhor é cabeça de gelo”. Entre seus pares, perdeu a prática e o êxito proibitivo de tal prática delituosa à sua frente, quando passou a ser o principal agente corrupto e corruptor, assim, foi testado, e sucumbiu à tentação da propina do gerente do posto. “Se alguém pensa ser alguma coisa, não sendo nada, engana–se a si mesmo”. (Gálatas 6.3) De igual modo, ele ficou semelhante a eles na (ganância, arrogância, prostituição, alcoolismo, orgia, e etc.) e, em todas as coisas semelhantes a estas, que não trazem benefício algum aos homens de bem, tornou–se, pois, em um homem de índole atormentada, pervertida e aberta ao mal. Em princípio, foi este o ponto de partida para sua delinquência irresponsável, partindo da execução do trabalho, tornou–se um autêntico camaleão, que usava arma, viatura e uniforme da corporação, enfim, parecia–lhe tudo muito fácil; porém, todas as facilidades apenas lhe atraíram a um grande e apertado laço. “Há um caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim conduz à morte”. (Provérbios 16.25) 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 15 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado Por outro lado, a partir do dia 12/05/1992, deu–se o início de uma série de pequenos delitos, para mais tarde, pesados assaltos, homicídio, extorsão mediante sequestro, e roubo de carro, lesão corporal e acusação de estupro. O leitor pode indagar: Por que a orla marítima? – Por se tratar de um local com maior frequência e ajuntamento público, área turística e vasta em orgias noturnas diversas. Naquele ambiente de trabalho, juntamente com outros “policiais militares”, não se distinguia policiais e bandidos: mas, duplicidade de disfarces, onde foram efetuados diversos flagrantes; às vezes, executados ardilosamente, o oficial, induzia– os a cederem aos mais diversos tipos de chantagens, com o intuito de não se tornarem figuras públicas diante da escravidão de cada uma delas, tais como: Pessoas importantes que promoviam bacanais com travestis no interior dos próprios veículos, não indiferente a outros que, durante o dia macho, à noite deitavam como se fossem fêmeas e da sedução e corrupção de menores, e etc. Desta feita, como agente da lei, o oficial PM estava ali, exatamente falhando à frente das fragilidades alheias, pelo que, tornou–se corrupto e potencial corruptor, além disso, um conivente criminoso. A Fase Camaleônica Máscara (O Crime não Compensa!) Em maio de 1992, quando comandava a RP 502, um antigo patrulheiro disse: "Tenente, conheço um cara que pode preparar umas paradas da pesada”. Mais uma vez acontecia um novo teste com o Oficial. Porém, nessa ocasião, ele falhou de novo, pois, ficou totalmente mudo e estático de entendimento, senão, fora do 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 16 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado senso comum da realidade. Mas, diante da indagação do soldado surgiu a seguinte pergunta: – Onde é o (QTH) do cara da pesada? (Tenente Geovaldo). Quando tudo ficou acertado, como se em uma típica ação criminosa, o Tenente Geovaldo, sequer desconfiava, mas já estava apoiando um primeiro crime em sua própria área de policiamento: – Naquela mesma noite ocorreu o que poderia ser chamado de ação criminosa, onde, antes mesmo de acontecer já havia em sua mente uma acusação de erro por sua conivência delituosa. No dia seguinte, um homem veio tratar com o oficial no GPM (Grupamento Policial Militar) da Praia do Futuro. Na verdade, quando o assaltante lhe fazia relato do ocorrido, quase sacou da sua arma e deu–lhe voz de prisão, porém, ficou apenas no pensamento o “quase” do oficial. Dali em diante, era o Tenente Geovaldo tanto pior quanto aquele bandido que havia cometido tais atos delinquentes. Depois de alguns meses, começou também a praticar aquelas empreitadas noturnas, aonde de tudo se fazia acontecer; portanto, no teatro e palco das operações criminosas, o oficial, atuava como agente principal das investidas delituosas, conforme anunciou os diversos meios de comunicação de massa, à época. Crimes Praticados (Maio de 1992) O 1º Tenente PM Geovaldo, já havia quase se tornado um homem sem escrúpulos. Pois, como comandante da RP 502, “fiscalizava” o policiamento desde as 20h10min, pelo que, por volta das 23h00, todos os locais eram ermos e às escuras. Então, fazia a ronda pela orla marítima, mas, sem nenhuma ocorrência que lhe interessasse, 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 17 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado então, nada mais lhe importava, senão, procurar vítimas não esclarecidas e desavisadas que se perdiam na prostituição noturna no interior de seus veículos sob os raros momentos de prazer. Diante dessa situação, por várias ocasiões eles ficavam a certa distância a toda e qualquer ocorrência localizada na área em questão; o certo é que, de forma rápida faziam a abordagem e não lhes importava qual fosse a tipificação da ocorrência. 1º Assalto (O Crime não Compensa!) No dia 17/05/1992, o grupo avistou um veículo com um casal no seu interior; foi uma ação rápida para em seguida ser anunciado o assalto e determinando que as vítimas colocassem seus pertences sobre o capuz do carro. Assim, casal e veículo eram depois conduzidos para um local ermo e afastados, em seguida, o veículo era depenado e as vítimas trancadas no (porta malas) do veículo. Nesse intervalo, a viatura RP 502, na qual era feito o policiamento da Área 01, pelo oficial, ficava oculta. O motorista que cumpria ordem superior aguardava passivamente em local pré-estabelecido. Assim, o grupo, agia e saia do local, como se nada houvesse acontecido; onde o restante do trabalho transcorria normalmente, até o amanhecer do dia, para rendição do turno seguinte. Depois de toda essa empreitada criminosa, a vida do oficial PM nunca mais seria a mesma, tornou-se um constante questionamento sob a forma de tortura psicológica, sem nenhuma aparente resposta. 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 18 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado Nessa mesma manhã, do dia 18/05/1992, quando chegava a sua residência, era indagado por sua mãe: – Meu filho está tudo bem com você? (Genitora) – Mãe está tudo às mil maravilhas! (Tenente Geovaldo) Aquela senhora inclinou-se bem próximo onde ele estava assentado e dirigiu–lhe um olhar com ar de preocupação. Aquela atitude foi um gesto de interrogação da mãe, porém, inútil. Porque, não lhe houve coragem para falar o que estava acontecendo. O Tenente Geovaldo havia se tornado um homem amargo, pensativo e ardiloso sabia que estava vivendo um dilema, como quem trafegava pela contramão do senso comum de uma via paralela à própria vida já contraditória. Portanto, não lhe restava nenhuma força para parar, visto que, até pensava consigo mesmo: Talvez uma típica reação de alerta pela contramão do senso comum contra os bons costumes já corrompidos, senão: jamais voltarei a praticar tais coisas! 2º Assalto (O Crime não Compensa!) Em 12/06/1992, ainda pela madrugada avistou-se um veículo defronte a um luxuoso bloco de apartamentos. A patrulha da RP 502 observou que havia um casal no interior no veículo. Algum tempo depois os ocupantes do veículo por falta de prudência pensaram estar seguros no local, relaxaram e pelo descaso, tornaram-se presas fáceis para o assalto. Por volta das 2h00 da manhã, ooficial PM e seus comparsas, depois de haver colocado a VTR 502 em local seguro e oculto, 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 19 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado longe de suspeitas, trocaram suas vestes, isto é, tirou-se o fardamento militar, e partiram para mais uma abordagem ao crime: o teatro operacional do crime já estava formado. Desta feita, as vítimas, como já tinham sido abordadas anteriormente, foram elas colocadas dentro da porta–malas do veículo, como de costume foram conduzidas para um local afastado e ermo nos morros da Praia do Futuro. Então, vem o anúncio: é um assalto! Ninguém se mexa! (Tenente Geovaldo). Momentos de silêncio e de muita tensão! Por favor, não faça nada conosco: pode levar tudo o que quiserem! (Vítima) Na manhã seguinte, chegou–se ao final da escala de serviço, por outro lado, mais tarde, noutro turno aquela patrulha criminosa se preparava para a próxima ação. 3º Assalto (O Crime não Compensa!) Dia 17/06/1992, mais uma vez escalado como Oficial Supervisor da Área 01, o Tenente Geovaldo comandava a RP 502, juntamente com os comparsas na escala noturna. Naquela noite, por volta das 22h00, o Oficial patrulhava a orla marítima da Praia do Futuro, cumprindo escala COPOM. De fato, a patrulha rondava normalmente pela extensão da praia e ao longo de suas barracas e como não havia nenhum evento, tudo parecia calmo, também não receberam nenhuma chamada do Centro de Operações Policiais Militares (COPOM). Diante do silêncio, o coração do Tenente Geovaldo se encheu de malícia, como se necessário fosse praticar qualquer ato maligno, 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 20 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado pois, o “mal em sua essência é ardiloso”, esse é um tipo de silêncio que ninguém percebe (sintomas) até que já esteja instalado (enlaçado), para que seja consumado (praticado). “O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem. Porque do coração procedem aos maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias”. (Mateus 15.11,19) Diante de tais fatos, por volta das 22h40min, observou–se a presença de um veículo estacionado a ermo. Na oportunidade, a RP 502, ficava as ocultas por entre a escuridão das barracas de praia e, a pé, seguiam pelas laterais das barracas. A quadrilha se posicionava para mais uma ação criminosa; e audaciosamente visualizavam as vítimas desatentas ante ao perigo local, e como de costume, o anúncio do assalto, sendo surrupiadas vítimas e veículo. Por volta de 1h50min, do dia 18 de junho de 1992, o oficial aciona o rádio de comunicação da viatura a RP 502 (...) HTG, COPOM – Câmbio! (Tenente Geovaldo) COPM na escuta, adiante... HTG! (Op. Copom) Tem algum S–13 na área! (Ocorrência) (Tenente Geovaldo) Negativo. Negativo! Área está S–33 (tranquila)! (Op. Copom) Até aquele momento da “Transmissão – VTR – COPOM”, era o Oficial da Área 01, RP 502, pela 1ª Cia do 5º BPM; depois de encerrada a transmissão, continuou como um audacioso camaleão até o dia raiar, pelo que, mergulharia na profundidade do crime. Através da complexidade humana não se entendia o sentido das 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 21 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado suas ações tresloucadas, tampouco ele, deteria sua impulsividade, à trajetória criminosa que havia contaminado sua mente e seu corpo. De repente, como em todas as ações, a gangue vê um veículo quase escondido entre as árvores; e a certa distância eles se aproximam para anunciar outra ação criminosa. Por outro lado, o que aconteceu ao certo? Ninguém sabia o que estava para acontecer! Mas, tratava–se de uma insuportável reação química. A situação era que, o oficial ficou fora do ar ou, que, procurasse a posição do veículo, como se não mais estivesse no local; depois, estava lá, novamente! Assustado, o oficial mexia–se todo, o sangue fervilhava por entre suas veias temporais, cada nervo do seu corpo se contorcia de forma descomunal. Mas o olhar da cobiça para o veículo lhe saltitava mais que o fervilhar sanguíneo, como se tudo combinasse ao clamor repetitivo dos atos anteriores. Então, numa última investida o grupo parte para cima das vítimas e anunciou o assalto: – Atenção! Ninguém se mexe. É um assalto! (Tenente Geovaldo) Num ato de desespero alguém exclama: – Leve tudo! (Vítima) O que vocês querem? – Pediu para descer do veículo. E repetiu: deixa a gente ir embora, por favor! (Vítima) Foi nesse momento, quando a arma em poder do oficial disparou, acidentalmente, e atingiu uma das vítimas à altura da coxa direita; ali, a quadrilha perdia o controle da situação; e assim, colocou as 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 22 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado vítimas no banco traseiro do veículo e seguiram para o morro da Praia do Futuro. No trajeto uma das vítimas perguntou o seguinte: – Tenente, você hoje é polícia ou é bandido? (Alan) De súbito, um silêncio mórbido! E os comparsas trocaram olhares entre si, com expressões faciais de total assombro, onde ficou claro e evidente que, o grupo, fora reconhecido. Pela perda do controle da situação e mesmo ainda que ocultados pelas sombrias elevações da Praia do Futuro, buscavam oportunidade, não de um lugar qualquer, mas identificar o local apropriado! “Abstende–vos de toda a aparência do mal”. (1 Tessalonicenses 5.22) Porque a essência do mal (aparência) estava na mente do oficial, até então, se tornava um homicida naquela noite. Mas antes de entrar no mérito dos acontecimentos daquela noite acompanhe o exemplo duma aparente e profunda contradição e busca que fez a diferença: “Certo rapaz de dezessete anos foi a um culto, certo dia, por conselho dum vendedor de sapatos quo o havia levado a Cristo e lhe contara da necessidade de conhecer melhor o Salvador que acabava de aceitar. Após o período de louvor o pregador disse: Abramos a Bíblia agora em “Medita estas coisas; ocupa–te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos”. (1 Timóteo 4.15) O jovem convertido abriu na primeira página da Bíblia que seu amigo lhe dera, e começou a folheá–la por Gênesis, Êxodo, Deuteronômio e Josué, e vários outros livros, sem encontrar o Livro anunciado. Voltou ao índice, e viu que o livro de (1 Timóteo) encontrava–se na página 325. Quando abriu nesse número encontrou o livro de Josué. Olhou 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 23 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado novamente no índice, e percebeu que a Bíblia tinha duas grandes divisões, e que (1 Timóteo) achava–se na segunda parte. Quando, afinal encontrou o texto, o pastor já havia terminado o sermão. Desnecessário é dizer que ele estava envergonhado e um pouco confuso”. Será que o leitor já se sentiu assim? Não fique desanimado. A maioria dos novos crentes começa desse modo. Apesar daquele início tão pouco auspicioso, aquele jovem sentiu um grande desejo de melhor conhecer a Bíblia. “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (João 8.32) Anos depois, ele se tornou um famoso pregador, que levou a Cristo um milhão de pessoas. No fim de sua vida, fundou um instituto bíblico que ainda hoje prepara cerca de 1.200 jovens todos os anos, na Palavra de Deus. O nome daquele jovem, à época, era Dwight L. Moody. Poucos homens igualaram a contribuição de Moody para a cristandade. Mas ele próprio nunca teria realizado o que realizou se não houvesse se disposto a estudar a Palavra de Deus. Embora não saibamos que método ele utilizou para estudar a Bíblia, sabemos que não recebeu um treinamento em escola bíblica; a maior parte de seus conhecimentos ele adquiriu por si mesmo. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele quenele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (João 3.16) Nosso sucesso ou fracasso na vida cristã depende da quantidade de conhecimento bíblico que armazenamos em nossa mente, com 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 24 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado regularidade e de nossa obediência às suas verdades. É certo que uma pessoa pode ir para o céu sabendo pouco mais que um verso bíblico. “A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação”. (Romanos 10.9,10) Porquanto, o maravilhoso dom de Deus, que é a salvação, é tão gratuito, onde, tudo o que precisamos fazer é recebê–lo em nossos corações, pela fé. “Mas, a todos quantos o receberam, deu–lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome”. (João 1.12) Mas se desejarmos ser crentes felizes e vitoriosos, teremos que nos alimentar regularmente da Palavra de Deus, e isso requer aplicação de nossa parte. Quanto mais nos dedicarmos a isso mais rápido será o crescimento na vida espiritual; depois descobriremos que vale muito mais a pena o preço da obediência a pagar se igualado ao da desobedência. Jesus enunciou a fórmula do sucesso pessoal, quando afirmou. “Ora, se sabeis estas cousas, bem–aventurados sois se as praticardes”. (João 13.17) A felicidade, portanto, resulta em conhecer qual é a boa e a perfeita vontade de Deus, a qual é revelada através da Sua Palavra, a Bíblia, bem como em obedecê–la. O problema de muitos cristãos é que não se aplicam ao estudo dos princípios 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 25 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado bíblicos, e por isso, não sabem o que Deus espera deles. Não é de se admirar que não recebam todas as bênçãos da vida cristã. “Bendito seja Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo o qual nos abençou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo Jesus”. (Efésios 1.3) Certo do que devia fazer, o oficial chamou seu comparsa policial e lhe anunciou: Vamos sumir com eles! (Tenente Geovaldo) Em contrapartida, enquanto eles trocavam idéias a respeito dos jovens, o comparsa ainda contra argumentava: “Chefe deixa esses caras prá lá e vamos embora daqui o mais rápido possíve”. (Soldado) Nesse momento, já não mais ouvia nada do que ele falava e avançando na direção de um dos jovens, o qual se encontrava à beira da estrada, próximo a uma margem lhe perguntou seu nome? (Tenente Geovaldo); Ele, portanto, com uma voz trêmula disse seu nome, Gonzaga. (Vítima) Quando finalizado aquele último diálogo, o oficial virou–se e lhe apontou a arma de forma sombria e, diante da ação desesperada, o jovem ainda tentou correr, sendo parado, através de um disparo mortal. Depois de resolvida a trajetória final de toda aquela senda criminosa, ouviu–se na noite o eco do disparo de arma de fogo. O outro garoto que estava a uma distância de dez passos questionou a ação do tenente Geovaldo: – O que houve Tenente? (Alan) – Nada que você possa mais resolver! (Tenente Geovaldo) 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 26 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado Quando, enfim, o jovem percebeu que seu colega estava sem vida, isto é, caído ao solo, entrou em completo desespero, pois, ele sabia que daquele pesadelo, talvez, não mais acordaria. Não se sabe o por que, mas por pouco, muito pouco mesmo, aquele rapaz, não perdeu também a sua vida naquela noite sombria. De qualquer forma, Ele, praticamente não entendia o que estava acontecendo, mas, ainda assim caiu sobre aquela areia fria e pela forma covarde como o oficial acionou o gatilho da arma na tentativa de tirar a vida de mais um inocente; porém, apenas a mão de Deus que desviou aquele projétil por melimetros do coração daquele jovem. Consequentemente, sem haver se conformado, passou a confrontar o soldado para se deslocar até ao corpo do segundo jovem caído ao solo (Alan), para também acionar o gatilho de sua arma, o que seria o tiro de misericórida! Certamente que houve mais um disparo naquela noite. Pelo que, cumprindo ordem superior, o cúmplice retornou e após efetuar o disparo o soldado acenou a cabeça afirmando que já era! E daquele local fugiram como se tivesse deixado um cemitério, onde, usaram o próprio carro das vítimas para fuga, pelo que, depois foi abandonado nas proximidades ao Clube dos Oficiais da Polícia Militar (COPM). Não Há Crime Perfeito Ainda na mesma madrugada de 18/06/1992, para o oficial, não haveria de ser igual como às outras investidas, pois, como agente da lei vivia numa duplicidade de vida. Qual seria a explicação 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 27 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado para tantas ações delituosas e, por fim, o que havia de errado? Qual seria o final para o oficial? Acompanhando os Fatos Ainda sobre a última vítima que foi alvejada à bala pelo oficial, o qual sua perversidade não chegou a alcançá–lo na sua totalidade, isto é, na empreitada criminosa julgou–se que o mesmo estivesse morto e que a vida de crimes do Tenente Geovaldo e de sua quadrilha poderia ficar completamente e encoberta pela morte de ambos. Por outro lado, o rapaz que se fingiu de morto, conseguiu tripudiar os agentes homicidas. Conseguiu ainda reunindo todas as forças possiveis que lhe restava a lutar contra a morte, quando se arrastou até ás margens da avenida Santos Dumont; pelo que, ali, foi socorrido por um transeunte que o conduziu até o hospital mais próximo, onde ficou constatado que a vítima sofreu disparo de arma de fogo sendo alvejada no braço esquerdo à altura do peito. Enquanto ainda ele estava no hospital por ser de família nobre e influente rapidamente se deu início à notificação do ocorrido aos familiares. Também, presente estava toda as polícias (Militar, Civil, Corpo de Bombeiros, Forense e Defesa Civil), bem como um batalhão de repórteres da imprensa (falada, escrita e televisiva), onde a vítima, com muito esforço passou a esclarecer os fatos da lesão sofrida. Naquela noite, aconteceu um milagre na vida daquele rapaz! Como, pois, escapou da morte? Humanamente seria impossível, pois, a sua morte havia sido arquitetada por um 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 28 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado Oficial da Polícia Militar, o “Tenente Geovaldo”. Sem sombra de dúvidas que toda aquela trajetória irresponsável ficou marcada em sua memória, como sinal de que Deus ainda tem um plano para sua vida. Das Buscas O dia já se aproximava e as buscas não paravam. E por volta das 4h25min, o local estava já completamente repleto de curiosos, na manhã do dia 18/06/1992. O suposto teatro do crime, segundo todo o relato fornecido pela própria vítima “sobrevivente”, o qual ainda muito abalado devido ao eminente perigo que enfrentou, porém, ainda falou à Polícia: “Todo o local é muito escuro. Não me lembro ao certo! E o aceso é muito difícil”. (Alan) Por outro lado, Policiais Civis e Militares, Corpo de Bombeiros e Perícia do Instituto de Medicina Legal, todos compromissados, empenhavam–se pelo cumprimento do dever e adentravam ao matagal no sentido de localizar e proceder com o exame de necropsia o corpo do jovem, a fim de que fosse atestada, preliminarmente, a causa mortis. Em se tratando dos morros que circundam a Praia do Futuro, verdadeiramente, se tornava muito difícil o acesso a qualquer local, apontado como suspeito. Portanto, ficou entendido haver uma área cercada de acidentes geográficos e desprovida de iluminação pública, o que a tornou extensamente isolada e desguarnecida de segurança. Revelou–se ainda, como sendo uma área erma e bastante propícia para desova e ocultação de cadáveres.Diante os fatos, e a Polícia Militar já a par da complexidade dos indícios entre si e de outros misteriosos 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 29 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado assaltos ocorridos na mesma circunscrição e tendo em vista tais características começou a caçada policial. “O modus operandus idênticos, apontava, então, para o início das diligências policiais. Os fatos eram confusos e sempre conduziam a nada. Mais formavam um labirinto como num jogo sem saída; neste caso, o autor dos delitos que, até o momento era desconhecido, ludibriou as polícias. Entretanto, diante das constantes denúncias em várias delegacias plantonistas espalhadas pela cidade, além da denúncia da própria vítima sobrevivente que identificou e apontou um Tenente PM, como o autor material e intelectual dos delitos que ocorreram naquela área, bem como, do que fora vítima o seu jovem amigo. Diante de todos esses fatos relatados, tanto a Polícia Militar, como a Polícia Civil, já haviam chegado a seguinte conclusão: O nosso homem é esse Tenente seguramos ele, e todo o esquema estará derrubado”. De acordo com esta declaração, um esquema de monitoramento foi criado e por volta das 10h00 da manhã, da sexta-feira, no bairro Edson Queiroz, mais precisamente na vizinhança daquela manhã; quando um contato telefônico para o COPOM (Centro de Operações Militares) era o oficial suspeito procurando informações sobre o estado de saúde do jovem que havia sobrevivido a um roubo na praia do futuro, foi então que a Polícia não teve mais dúvidas e partiu para efetuar o que seria a prisão do agente da força policial. 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 30 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado CAPÍTULO – 02 Prisão Temporária (A Casa Caiu!) No dia 18/06/1992, por volta das 8h00 da manhã, no Quartel do 5º BPM, movido por um grande sentimento de culpa, talvez não mais se importando com nada ao seu redor, nem mesmo quanto ao que havia de acontecer pelo ocorrido. Como de costume, mais uma vez, assumia o serviço de Oficial de Policiamento da Área 01; pelo que, qualquer assunção e transmissão dava–se pelo CPC (Comando de Policiamento da Capital). Nessa mesma manhã, não muito diferente, ainda no pátio interno daquela Unidade de Militar, onde é feita toda a passagem de policiamento operacional da Capital (Fortaleza, Estado do Ceará), o 1º Tenente PM Geovaldo, quando para outros oficiais e praças, não mais era sinônimo de força policial, isto é, guardião da lei, porém, o antônimo da incompetência de compostura e de integridade podemos ler em (Gálatas 6. 3,7–8), ou seja, um autêntico cameleão uniformizado! As paredes do orgulho são perigosas como jogos, torna-se uma espécie de curva inacessível e imóvel, onde o homem tenta ser mais sábio do que a visão errada, o que apenas o direciona para uma armadilha. No entanto, o oficial tentou ser sábio por sua própria conta, mas não imaginava que estava prestes a enterrar sua vida em um jogo de roleta russa. Por volta das 10h00 da manhã do mesmo dia, após 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 31 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado passagem do serviço, da confirmação do CPC e COPOM, a RP 502, comandada pelo oficial juntamente com seu motorista, atuava pela Área 01 da 1º Cia/ 5º BPM. Como se nada houvesse acontecido o Tenente se encontrava junto à uma cabine telefônica, quando em dado momento, através de uma manobra perfeita, uma VTR do Comando do CPC, fechou a viatura RP 502, a qual era ocupada e comandada pelo Tenente Geovaldo que recebeu voz de prisão, numa operação muito rápida. E quando cercado foi pelos oficiais superiores daquela composição, abriram o verbo em tom enérgico e partiram para cima do oficial deliquente. Tenente, nem tente esboçar qualquer reação, porque você está preso! Não há mais saída, a não ser se entregar. (Coronel Duran) – Já está tudo derrubado, a casa caiu! (Major Gerdal) O então comandante do CPC, arregala os olhos com expressão de assombro. Mas, pela comprovação dos fatos, e ali, sem questionar já interrogava o acusado: – E aí tenente como é que fica? Quem são os outros? – Melhor abrir logo o jogo agora, pois, toda a casa já foi derrubada; vai ou não abrir logo o jogo? (Coronel Demitre) – Não sei de nada do que estão falando! (Tenente Geovaldo) Aqueles oficiais não estavam para brincadeira não! Todos de arma em punho, inclusive o próprio Comandante do CPC, igualmente apontava a arma para o oficial agora detido. Desarmado e dominado, foi conduzido ao gabinete do Comando do CPC/ 5º BPM. Ali, foi determinado que lhe fosse tirado o seu uniforme e foi conduzido à Delegacia de Furtos e Roubos de 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 32 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado Veículos (DRFV) da Capital. Na chagada à delegacia um batalhão de repórteres e fotógrafos à caça de notícias, bem como a imprensa de modo geral. E perante o titular daquela especializada e do Comandante Geral da PMCE,1 foi submetido ao seu primeiro interrogatório, e permaneceu a disposição numa ante–sala com vários outros indivíduos para reconhecimento pelas supostas vítimas. Depois de apurado parte do procedimento foi autuado em flagrante delito por infrigência em vários artigos do Código Penal Militar (CPM). Em seguida, o oficial foi colocado em um dos xadrezes daquela delegacia de policia civil. Portanto, permaneceu ali, por mais de quatorze horas no interior do xadrez daquela especializada, dali, foi retirado por causa da revolta de outros presos contra a vida do oficial naquela cela, pelo que, se entendeu não poder mantê–lo ali; e a 1h30min, daquela madrugada, sob forte escolta policial militar, o oficial foi transferido para o antigo CFAP (Centro de Aperfeiçoamento de Praças)2, onde, ali, permanceu como preso provisório, até ser transferido para uma penitenciária estadual. 1 Maio de 1992. Assume o Comando Geral da Polícia Militar do Ceará, o Cel. PM Francisco Hamilton R. Barroso, em substituição ao Cel. PM José Danilo Tomás. 2 Por outro lado, hoje, nas antigas instalações do CFAP, funciona um colégio da Polícia Militar. Hoje, com as suas instalações desativadas, o antigo Instituto Penal Paulo Sarasate-IPPS – funciona como depósito de remoção e descarga veicular do Estado. 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 33 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado “Quanto ao ímpio, as suas próprias iniquidades o prenderão, e pelas cordas do seu pecado será detido”. (Provérbios 5.22) “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para luz par que suas obras não sejam reprovadas”. (João 3.20) (TRANSCRIÇÃO VIII PARTE, TÓP. Nº 6, LIVRO COORD. POLICIAMENTO DA CAPITAL DATADO DE 19/06/1992) “Por volta de 01h00 da manhã do dia 19/06/1992, chegou a esta Unidade Escola conduzido pelo Sr. Maj. PM Rock e acompanhado pelo Sr. Coronel PM Demitre, Chefe do Estado Maior da PMCE, o 1º TEN PM Geovaldo, o qual foi colocado nas dependências do xadrez que recebeu a denominação de Prisão Especial de Oficial”. (Cópia do Livro do Oficial Coordenador de Policiamento da Capital). Recolhido ao CFAP O CFAP, ficava localizado na Avenida Antônio Bezerra, e na madrugada do dia 19/06/1992, por volta das 2h00 da manhã, era colocado no interior de um pequeno xadrez, medindo 6m2. Naquele reduzido espaço, infelizmente, ficaria recluso por um período de tempo que, sequer ele mesmo saberia o final. O certo é que, ele caiu em uma grande armadilha, e o laço era tão forte e apertado que nem ele mesmo sabia quando se desataria o nó. Por outro lado, em menos de 24h, tudo havia se desmoronado em sua vida. À época, com apenas 30 anos de idade, mas com o seu semblante totalmente decaído, pareceu–lhe haver 40 anos. 1º Tenente PM Geovaldo Barroso34 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado Enfim, só agora, demonstrava o perfil dum homem parcialmente destruído. Portanto, agora como recluso em uma diminuta cela entendeu que mais parecia como um daqueles animais de zoológico onde se ajuntava público para observar seu perfil ou para julgar sua selvageria. Se esse olhar era uma busca para compreender ou julgar, não importava a ação dos curiosos, pois, agora, era mesmo uma situação de desprezo total. No local da prisão, havia a seguinte inscrição: (Prisão Especial de Oficial), a distância permitida era de apenas (6) seis metros, como se fosse uma fera enjaulada. Não era apropriado tal tratamento, pois, um homem havia errado, mas, não se corrige um desvio de caráter, impondo isolamento pela complexidade das ações. O Estado não pode ser “corretivo e vingativo” ao mesmo tempo, no sentido de promover interesse maior que punitivo. Diante das condições subumanas pelas quais atravessou, o Tenente Geovaldo viveu o pão que amassou, encarou humilhações por suas ações, por aqueles que, antes se proclamaram “amigos”. Portanto, sem direito a banho de sol, telefonemas e visitas de conhecidos, foi–lhe apenas autorizado pelo Juiz da Auditoria Militar Estadual, a visita de sua genitora, por um período não superior 60 minutos. Passados dois meses, apareceu lhe um então advogado que lhe aconselhou da seguinte forma: 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 35 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado Tenente, só há uma saída possível para sua liberdade! (Advogado) – Vamos trabalhar na hipótese que você ficará louco! (Dizia o brilhante advogado) A partir daquele dia por orientação daquele advogado, passou a fazer seu teatro, tal como: “... refeição era no chão da cela, permanecia de cuecas parte do dia, não se barbeava mais, e nem cortava o cabelo”. Na verdade, se não era louco quase enlouqueceu de solidão (distanciamento das pessoas) por causa do conselho adotado como estratégia por aquele advogado. Na cela especial de oficial, as paredes apresentavam infiltrações, além de formigas de madeira que se espalhavam pelos batedores da porta, onde dava acesso ao banheiro; acima do xadrez, havia uma caixa d’água de onde se motivava parte das infiltrações pelas paredes do ambiente que se chamava “Xadrez Especial” para oficial. No CFAP, deu início ao ponto de partida para do que seria sua perda da liberdade, bem como o sustentáculo da sua cama já estava armada. Pela mesma situação, em virtude do isolamento, da fraqueza da alma e das constantes decepções dos seus próprios pensamentos acusatórios poderia tomar decisões vulneráveis à tentação, sob a forma reclusa passou a desconfiar de tudo e de todos. Porquanto, sempre se via envolvido por algum tipo de problema psicológico, como falta de segurança por trás de uma máscara chamada desconfiança ele falava e respondia para consigo mesmo. 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 36 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado “É melhor ser traído por haver desconfiado que nunca ter sido traído por não ter confiado”. Era mais uma espécie de saída vulgar a preço de filosofia barata, como autocrítica numa desculpa muito mais pelo reflexo do peso da culpa, buscando talvez ainda conviver sem pensar na muralha de erros contraditórios vividos. Esses pensamentos, juntamente com a citação parafraseada acima exposta não lhe aconselhou em nada, mas, somados entre si, mais pareciam formar uma enorme confusão dentro de si mesmo, às vezes, se interligava a nenhuma aparente solução, mas em certas ocasiões, pensava em suicídio, como numa saída para todos os seus problemas que, sequer ainda nem havia começado. O Suicídio propriamente dito era quando ele mesmo simulava todas as situações e divagava pela sua mente, a fim de criar coragem para tal ato de covardia. Por outro lado, a voz suicida era–lhe de tal forma, como autopunição ou auto Piedade, onde diante dos fatos, não mais sentia o desejo de receber ninguém, inclusive passando a afrontar as pessoas com repugnante deselegância e falta de respeito. Tornava–se uma espécie de ser instintivo, ainda que não fosse seu desejo, fora da compreensão e do seu próprio entendimento, era o que lhe acontecia. “E como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus, os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém”. (Romanos 1.28) É admissível dizer que alguém está isento da necessidade de amigos ou familiares que possam ajudar a extrair de si tais vozes 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 37 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado da culpa e da miséria autopunitiva. Nesse período, vários evangélicos surgiam à porta da cela ocupada pelo ainda oficial, 1º Tenente PM Geovaldo, designada como prisão especial de oficial. Difícil esquecer quando buscava afastar os curiosos para bem distante da porta da cela, jogava urina ou citava palavras indecorosas, pois, não queria ouvir nada, quanto mais discurso de crente à frente do xadrez! Havia uma insistência por parte dos evangélicos em ver e trocar palavras com o oficial, senão, que “Jesus tinha um plano para sua vida, e etc.”. Mas, como poderia esse Jesus que não era nem conhecido por ele poder fazer alguma coisa pela sua vida, se a sua vida já estava totalmente liquidada: Ele, pois, pensava consigo mesmo. De repente, por constante insistência dos evangélicos, o Sargento comandante da guarda de serviço do dia, chegou à porta do xadrez e perguntou: – Tenente Geovaldo, o que fazer dos evangélicos? Insistem em falar com o Senhor! (Comandante da guarda) –Dispensa. Manda embora! (Tenente Geovaldo) Mais uma vez o Sargento retornou e disse: Tenente eles deixaram esses folhetos para o senhor ler. (Comandante da guarda) – Joga tudo na lata do lixo. (Tenente Geovaldo) A vida do tenente Geovaldo era resumida apenas naquela diminuta cela. Era muito pequena e como rotina diária, acordava às 6h00 da manhã, devido ao barulho que fazia o toque do corneteiro de dia, à Unidade Escola, às 5h00. Se manhã, tarde, noite ou madrugada, eram bastante longos, pelo que, procurava fazer de tudo para vencer o tempo e o isolamento, que são 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 38 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado inimigos cruéis para qualquer preso. Não se podia esquecer que sua condição era de recluso, e ali, tornou–se viciado em cigarros. Assim, os conhecidos que fumavam, passaram a ser seus provedores do vício, pois, criam que fumar passava o tempo. Portanto, toda a ocupação do oficial, à época, embora fosse pintar e tomar café, almoçar e jantar ou qualquer outra atividade cotidiana, necessário era haver um cigarro, para mais e mais ainda ascender ao crescente domínio do vício. Com o passar do tempo, havia já uma diferença, não mais se sentia o mesmo desgraçado e inferiorizado, como antes e passou a receber visitas diversas, menos uma, a dos evangélicos! Não conhecia a Deus, não sabia quem Ele era, ainda que chamasse por Ele para o dia de visita chegar naquele xadrez. Portanto, mesmo com aquele tempo finalizado chegava o período da solidão; então, mergulhava na pintura, no cigarro e na bebida alcoólica que entrava de forma clandestina. Na verdade, não conseguia dormir à noite, pois passava a noite em claro, e dormia durante parte do dia, de certa forma, entre as poucas horas que conseguia fechar os olhos havia a rara oportunidade de não sonhar, onde vislumbrava que estava em liberdade e viajava pelo que não lhe era possível fazer, afinal de contas, contentava–se pela ilusão de sua mente, como parte dum passado contraditório. Diante do Tribunal Militar No dia 02 de agosto de 1992, foi retirado da cela às 8h00 da manhã. Fazia já cinco meses, na prisão do CFAP; ainda com boa 1º Tenente PM GeovaldoBarroso 39 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado aparência, apesar de haver adquirido uma cor pálida, barbeou–se depois de dois meses, quando, também, seu cabelo foi cortado. Ficou com boa aparência, vestiu a farda de passeio (Uniforme 3º B), dava a si mesmo um toque de elegância à sua presença. Havia um forte esquema policial montado para sua segurança, inclusive de oficiais que estavam um tanto quanto assustados. Então, colocaram–lhe as algemas. Dentro de alguns instantes, seria citado por violação ao código Penal Militar; pouco tempo depois, estavam todos juntos, o acusado e as vítimas na Sala de Audiências (Antessala de espera) da Auditoria Militar do Estado do Ceará. O advogado, Dr. José Aurélio de Oliveira, veio à presença de seu cliente, Tenente Geovaldo, cumprimenta–o e diz: “Não se preocupe! Não há qualquer prova nos autos contra você, tenho certeza de que, hoje, sairemos vencedores”. Naquele instante por uma fração de segundos o oficial sorriu timidamente pela palavra (seremos); como se o próprio advogado comparecesse perante aquela Corte Militar, como culpado em substituição à sua sentença. Às vezes, o oficial chegava a pensar consigo mesmo: “Advogados, claro que nem todos! Mas alguns ganham a causa perdida, outros perdem a causa ganha. Mas o cliente, recebe os pêsames da sentença e fica no vermelho”. Por uma porta larga à direita começam a surgir, um após outros seis homens: O Magistrado, M D Juiz Auditor da Auditoria Militar do Estado do Ceará, Gerson Breno Marinho, acompanhado de cinco oficiais que comporia o Conselho 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 40 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado Especial de Justiça, que julgaria os rumos da vida do Tenente Geovaldo. Portanto, na cadeira central ficava sentado o presidente, à sua direita, e à sua esquerda, ficavam seus assessores. Na Sala – Silencio: De repente, todos de pé! O conselho que julgaria sua vida em vida sentou–se, e todos fizeram o mesmo de imediato. Aquele conselho fixava os olhos no oficial, como um vivo morto, já bem morto. Naquele salão, deu–se início a uma série de debates com total imparcialidade (quem acredita nisso?). As testemunhas de acusação, pessoas diferentes que o Tenente jamais havia visto. Tudo parecia já haver um desfecho, embora ele não pudesse acreditar que aquele conselho antes, jamais havia condenado oficiais da ativa e sequer da reserva, mas faria diante de todos os membros componentes daquela assistência reunida e somada ao apoio do sensacionalismo da imprensa escrita, falada e televisiva de que, o Tenente Geovaldo era culpado. O represente do Ministério Público Militar é o Dr. Neymar Lamak, promotor Auditor Militar, nada como uma ótima oportunidade de sair do marasmo em grande estilo; Grande caso, publicidade gratuita, onde, ainda seria substituído pelo promotor assistente da acusação, Dr. José Marcus Carrero. Tudo era muito perfeito, havia uma fatia do bolo para todos. Na verdade, o Tenente Geovaldo era o cardápio principal, o clamor público e bom tempero ao mesmo tempo, uma refeição conveniente para todos que faziam parte do conjunto teatral daquele circo. O promotor, além de ser o acusador oficial, nada tinha de humano, ainda havia um assistente da mesma linhagem: de certa forma para quem nalgum dia, havia um pouco de imagem pública, agora, estava o 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 41 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado acusado nas mãos deles. Portanto, este promotor tendo a lei e todas as ferramentas em suas mãos, é quem manejava a balança e fez sempre o possível para que se inclinasse para seu o lado. Aquele promotor, como peça número um da acusação por parte do Estado, senão, seu representante legal, brevemente engoliria o oficial acusado, para um dos depósitos humanos, (PRISÃO ESTADUAL), à época, o Instituto Penal Paulo Sarasate – IPPS. Com seus olhos de abutre e como que se abaixasse um pouco sua cabeça, observou–se que suas pálpebras, tiravam olhares intensos para a pessoa do acusado, de todos os seus ângulos. O conteúdo da acusação, a cada parte de leitura fortificava o peso das acusações: por um instante, inclinou–se um pouco sobre o acusado, talvez para melhor o dominar pelo terror. Naquela postura e, diante de tal olhar, diferente da anterior, fosse como se ele estivesse falando: “É meu camarada se você pensa que pode escapar, está muito enganado. Não dá para você entender seu cretino e miserável que as minhas mãos são como tesouras, essas mesmas mãos serão manuseadas para lhe triturar em pedaços e, vão permanecer bem implantadas em sua alma. E, não temendo ninguém, temido sou por todos os advogados e visto nesta promotoria como perigoso em palavras e gestos, é por nunca deixar escapar pilantras como você. Não quero saber se você é ou não culpado, não importa! Quero apenas usar tudo que existe contra você; sua vida, sua conduta disciplinar, promiscuidade, vícios, enfim, pintarei seu retrato junto à sociedade tão repelente que os membros desse Conselho de Justiça, farão você desaparecer da sociedade”. Até parece que, à época, o oficial o ouvia falar nitidamente em seus sonhos, pelo que, em parte, sentiu–se quase impressionado por tanta expressão de ódio, este era, portanto, o diagnóstico do então oficial réu, sobre aquele promotor e seus pensamentos, 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 42 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado como sendo um enorme devorador de vidas e que sussurrava: “Deixe que eu o conduza acusado, e acima de tudo se entregue, não resista, pois o levarei direto para a morte”. Na Sala de Interrogatórios: Auditoria Militar Estadual Era 10h00 da manhã e os debates foram abertos. Perante o oficial acusado, um magistrado, com fome de poder: Oficiais da Corporação que mais parecem um grupo de abutres, também presente se fazia o promotor titular e o assistente de acusação, ambos agressivos, onde não mediriam esforços para utilizar todo tipo de poder e inteligência autoritária, a fim de convencer o Conselho Especial de Justiça (abutres fardados), bem como o público presente de que o Tenente Geovaldo era culpado, e que a sentença não poderia ser outra, senão a condenação, e como prêmio de consolação, um apartamento na Prisão estadual de segurança máxima, para o condenado (IPPS). 1ª Condenação (O Crime não Compensa!) O Advogado Dr. José Aurélio Oliveira, procura ainda fazer sua defesa, mas, no momento, percebeu que não estava à altura do ministério público militar. Apenas um renomado advogado em fórum militar poderia com pleno conhecimento em Jurisprudência Penal Militar replicar o réu de tais acusações por alguns instantes. Infelizmente, tal episódio durou muito pouco e a habilidade do promotor militar superou a situação. Além do mais, ele promoveu um show de fatos ilustrados pela cópia dos autos, para o Conselho Militar. 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 43 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado Cheio de orgulho diante da forma verbal de tratamento plenário, pela impressionante representação do Ministério Público, nada mais eram que peças colaboradoras. Por volta das 14h00 horas, finalizou o que mais parecia uma partida de xadrez. O Dr. José Aurélio Oliveira, defensor do acusado, já se encontrava em “xeque–mate”, isto é, agora, já se sabia da primeira condenação do acusado. A sociedade fortalezense, representada pela Promotoria da Auditoria Militar do Estado do Ceará, os Promotores Neymar Lamak e José Marcus Carrero, eliminava uma vida de 30 anos. Sem qualquer piedade ou constrangimento da plateia, na sala de audiências da Auditoria Militar; mas parecia um teatro, onde a crítica como de costume ao final, soa a sentença sob uma voz firme e fria do Presidente do Conselho Especial de Justiça: Acusado: Levante–se! (Presidente CEJ): Então, o acusadose levantou. (Tenente Geovaldo) No recinto imperava um silêncio jamais ouvido. É então, que, o coração do tenente Geovaldo, o (réu), bate de forma acelerada, em total descompasso. Os membros do conselho olharam para o acusado por alguns instantes, antes da leitura da sentença e logo abaixam suas cabeças, parecia estar ciente da batida do martelo, de repente, uma forte voz! Acusado: Já que os membros desta Corte da Justiça Militar Estadual, o considera culpado de todas as acusações menos uma a de estupro, você está sentenciado à pena de 40 anos de reclusão; sendo que, 20 anos pelo homicídio de Gonzaga... 08 anos pela tentativa de homicídio contra Alan... E 12 anos pelos roubos de três veículos. O acusado tem alguma coisa a alegar? (Disse o presidente) 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 44 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado Nada foi alegado pelo acusado para aquele conselho, permaneceu em silêncio, porém, apenas apoiou–se mais forte à lateral da mesa do banco do réu. Depois de alguns instantes na sala, ouviu–se a voz do Presidente do Conselho de Justiça Militar: Capitão! Conduza o condenado sob a escolta armada para seu local de origem. (Juiz Auditor) Agora, já sentenciado, desceu as escadas do antigo Edifício do Fórum Clóvis Beviláqua, antes, defronte à (Praça da Sé), escoltado por um forte aparato policial chegava ao térreo do prédio. Todas as viaturas da escolta já estavam posicionadas para conduzir o preso. Não havia nenhuma divisão interna. Todos se sentavam juntos no banco traseiro, o acusado, juntamente com mais quatro policiais da escolta: o capitão, comandante da escolta deu a ordem de comando ao motorista: Destino – “CFAP”. Retorno ao CFAP No CFAP, o comandante da escolta, Capitão Clinton Machado, fez a entrega do condenado ao Oficial de Dia, o qual passou em livro o registro da sua chegada àquela Unidade Militar. Antes da saída da escolta para surpresa do acusado, um graduado da escolta achegou–se até a porta do xadrez e apertando–lhe a mão disse: – Tenente Geovaldo tenha fé em Deus! Naquele momento, o tenente Geovaldo, era questionado pelo Oficial de Dia, o qual lhe perguntou: – Qual foi a sentença que o conselho de justiça tinha lhe aplicado? (Oficial de Dia) – Quarenta (40) anos (respondeu o tenente Geovaldo) 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 45 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado Não é possível, acho que todos estavam loucos! Disse o Oficial de Dia: Mas, quando olhou em volta dos policiais e via seus semblantes, a dúvida já desaparecia por completo. O jovem Oficial de Dia, o qual é evangélico acompanhava atentamente a situação do Tenente Geovaldo, sempre lhe anunciava as boas novas da Palavra de Deus. E, naquele dia, ordenou gentilmente a retirada das algemas e o acompanhou até a porta do xadrez ocupado pelo tenente Geovaldo, já havia mais de cinco meses, trancado. O Oficial de Dia, insistiu em dizer que a sentença era exorbitante em seu entendimento e acreditava que isso iria muito além da aplicação da própria justiça humana! O oficial de Dia, ainda complementou com palavras de fortalecimento, quando ele mesmo fechava a porta do xadrez: mandarei trazer alguma coisa para você se alimentar, mas tenha coragem, pois, ainda existe uma saída, creia que nem tudo está perdido. O tenente Geovaldo, simplesmente agradeceu às boas palavras do oficial amigo. Alguns instantes depois, o tenente Geovaldo da lateral esquerda da sua cela começou a ouvir passos que se aproximavam da porta do xadrez, aonde ele se encontrava recolhido. O que está acontecendo? (Perguntou tenente Geovaldo). Não é nada não senhor! Mas que perguntou, trata–se apenas de um lembrete do que rolou como comentário no corpo da guarda a respeito do seu caso, isto é, que o crime não compensa! (Sentinela) O certo é que, o tenente Geovaldo passou a repensar naquelas palavras e deduziu que todos os oficiais e praças estavam achando 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 46 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado que por tal condenação ele poderia tentar o próprio suicídio. Por outro lado, a partir daquele momento o tenente Geovaldo decidiu já mesmo condenado numa primeira sentença de prisão, viver e lutar contra tudo e conta toda a situação, e disse: “A partir de amanhã começarei a viver, mesmo que ainda contra toda esperança de saída deste buraco, mas, buscarei viver pela minha vida”. Na manhã seguinte após o café matinal, o tenente entendeu que deveria apelar de sua sentença para uma instância superior, mas dizia ainda para consigo mesmo! “Quanto tempo talvez deva perder com tal decisão – Um ano, dois ou dez? ”, e ainda continuava a pensar... “E para quê, para receber uma diminuição de 40 anos, para 39 anos! ”. Naquela pequena cela, às vezes, sem ainda entender a gravidade da situação, é que ele começou a caminhar em volta do pequeno espaço entre si, para, vez por outra, se abater e caiu na (real), ou melhor, dizendo: Que significava o fim da linha! Ah, foi então que, aos poucos ele descobriu não se tratar de um sonho, mas de uma dura realidade, onde existia portão de ferro à sua frente com cadeado de bronze, e começou a pensar! “Acredito que causei sofrimento para muitas pessoas, minha mãe, toda sua angústia e a cruz que ora vem carregando por minha causa”. De agora em diante, se acometia e delirava diante de pensamentos, tais como: “Sou um condenado e ainda que oficial de polícia, de fato, o sou, mas de direito comprometido, bem 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 47 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado perdido e sem direção”. Por outro lado, para quem ele era inocente? Apenas para sua mãe que tanto nele acreditou! Na verdade, ele já sabia não se iludir, afirmando ser inocente, pois, boa parte de todos iriam rir, foram quarenta anos de condenação confirmada por instância superior, e alegar inocência? Seria ridículo! Mas o Tenente Geovaldo, ainda pensava consigo mesmo! “Melhor é se calar, sabendo que não sendo visto não seria lembrado por ninguém! ” 2ª Condenação (O Crime não Compensa!) Mais uma vez estava preparado um forte aparato policial, onde pela segunda vez se sentaria no banco dos réus, para mais um julgamento que se iniciaria às 9h00 daquela manhã, na Sala de Audiências da Corte da Justiça Militar do Estado do Ceará. No Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP) chegava uma escolta formada por quatro viaturas e mais de vinte policias militares. O comandante, bastante apreensivo passou a emitir ordens soltas, diante do escoltado, o “tenente Geovaldo, o qual já estava algemado”, como se temessem algum imprevisto. No Fórum Clóvis Beviláqua, havia já uma grande multidão de manifestantes (alunos de entidades estudantis de Fortaleza, grupos feministas, acadêmicos de direito e autoridades diversas). Enfim, presente toda a assistência na Sala de Audiências, novamente, o Tenente Geovaldo sentou no banco dos réus, desta feita para responder por um assalto ocorrido no dia 17 de maio de 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 48 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 1992. Nada havia a favor do réu, senão, as muitas testemunhas de acusação. Não era difícil entender que pelo rumo dos depoimentos não poderia mais uma vez escapar da condenação diante dos autos. Então, ele se lembrou das palavras do Promotor. “É meu camarada, você pensa que pode escapar, está enganado. Não dá para entender seu cretino e miserável que as minhas mãos são como tesouras, elas vão triturar você todinho em pedaços. E se não temo a ninguém, temido sou de todos os advogados e visto como promotor perigoso e não deixo escapar pilantras da sua estirpe”. Entrou o magistrado, os juízes do Conselho, a promotoria e membros da assistência. Era 10h00 da manhã do dia 13 de novembro de1992. Começava então mais um julgamento. O advogado de defesa aproximou–se do seu cliente e disse: “Não se preocupe, pois, nesse julgamento, as provas dos autos estão todas lhe favorecendo”. Nesse ínterim, o acusado, tenente Geovaldo, sabendo do desastroso resultado da primeira condenação refletiu consigo mesmo! “Mas que provas estariam ao meu favor? Se todo o sistema gira contra mim e não a favor! ” Mais tarde, por volta das 15h00 horas, os membros do conselho retornaram à Sala de Audiências, onde mais uma vez, seria lida a sentença. Ali, naquele salão, a sentença de condenação imposta ao tenente Geovaldo, já era conhecida. Então, ouviu–se a voz do presidente daquele Conselho Especial de Justiça o (Juiz Auditor), onde já havia condenado o réu uma primeira vez, e agora, o fazia culpado pela segunda vez. 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 49 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado Acusado: Levante–se! (Adiantou o presidente do conselho). E, estando o Tenente Geovaldo em pé, todos os membros do Conselho, novamente fitaram os olhos nele, antes mesmo da sentença condenatória ser pronunciada. Acusado! Já que os membros dessa Corte Especial de Justiça, representando o Estado e a sociedade, o considerou culpado de todas as acusações, portanto, é condenado à pena de 13 anos de reclusão... Sendo que, 07 anos pelo assalto e 06 anos pelo estupro3. Acusado! Tem alguma coisa a dizer? (Juiz Auditor). O réu permaneceu em silêncio absoluto diante daquele Conselho, pois, compreendeu que estava perdido, isto é, estava arruinado. Que saída haveria para ele? Na verdade, ele não sabia como tudo aquilo terminaria. 3ª Condenação (O Crime não Compensa!) Dia 22 de novembro de 1992, por volta das 10h00 da manhã, novamente cercado sob uma forte escolta militar, mais uma vez, era conduzido ao Fórum Clóvis Beviláqua, antes, localizado 3 TJCE, Gabinete Desembargador Raimundo Hélio de Paiva Castro. Revisão Criminal nº 97042086 de Fortaleza; Requerente: Francisco Geovaldo de Souza Barroso. Requerido: Justiça Pública, Relator Raimundo Hélio de Paiva Castro. O laudo do IML não encontrou sinais de violência no corpo da vítima, portanto, a vítima após 25 dias, apresentou laudo clínica particular com sinais de violência. Portanto o apelante foi condenado mesmo contra a prova dos autos, “alegando que tudo foi robustamente comprovado, pela palavra da vítima e demais elementos probatórios”. Além disso, foi negado provimento a presente ação revisional, por inexistirem circunstâncias que autorizem a pró revise reforma da decisão condenatória, Fortaleza, em 21/10/1998. 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 50 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado próximo à Praça da Sé, onde, funcionavam as antigas instalações da Auditoria Militar do Estadual. Estava tudo preparado, para o que seria o último julgamento. No banco dos réus, na Sala de Audiências, deu–se início ao teatro, onde advogados, promotores, juízes e assistência, enfim, estava armado o palanque para mais um espetáculo. Promotoria e defesa, lado a lado desafiavam–se, e atento a tudo estava o Conselho. O réu (tenente Geovaldo), já com duas condenações transitadas em julgado, somava-lhe 53 anos de reclusão e já não mais acreditava em nada a seu favor, portanto, ele era o alvo da metralhadora giratória daquele Conselho Especial de Justiça, e para ele era certo não escapar quando toda a fase da instrução criminal chegasse ao seu final. Finalizados todos os debates da promotoria, dos advogados (acusação e defesa), dar–se–ia por encerrado o que seria mais um fuzilamento do acusado. De certa forma, o réu, antes, 1º Tenente Geovaldo, já não mais suportava a montagem daquele teatro e, até agradecia a Deus, porque, não mais assistiria ao oportunismo de auditores, promotores, advogados e outros. Era 13h00 horas, um a um entrava na sala, não havia sinceridade em nenhum dos semblantes, mas, apenas hipocrisia. Portanto, ouviu–se por uma última vez a voz do Presidente do Conselho de Justiça Militar (a voz das más notícias). Acusado – Levante–se! (Juiz Auditor). Estando em pé o réu (o mesmo procurava manter sua calma, mas não podia esconder o ar de nervosismo, perante aquela Corte Especial de Justiça Militar). 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 51 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado Acusado! Já que os membros desta Corte Especial de Justiça, o considera culpado de todas as acusações menos uma a de sequestro é (julgado) e condenado à pena de 21 anos de reclusão. Acusado! Alguma coisa a declarar em seu favor? (CEJ)4. O réu, o tenente Geovaldo, agora, com três condenações manteve sua boca fechada, e não declarou nada a seu favor. Visto que, na totalidade das penas impostas, ao então, 1º Tenente PM Geovaldo, estas já lhe somavam 74 longos anos que lhe seriam arrancados na prisão. De certa forma, não buscou entender como tal sentença podia ser um instrumento de regeneração social (correção humana). Dessa forma, o tenente Geovaldo, deixou a sala do fórum, como quase que sufocado, com tanto tempo de prisão para cumprir. Portanto, no percurso de saída daquela Corte Estadual da Justiça Militar, ajuntou–se uma grande multidão do que antes era a assistência na Sala de Audiência, visto que, tentava espancar o oficial em poder da escolta, como forma de protesto e repúdio social, pelo que a multidão foi contida pela escolta militar. Do Conselho de Justificação Recluso, ainda em um Xadrez do CFAP, agora, no primeiro semestre de 1993, recebeu das mãos do Capitão PM Paulo, uma cópia da intimação do que seria o início do Conselho de Justificação, onde haveria de prestar depoimento acerca dos fatos que deu origem à sua prisão preventiva. 4 Conselho Especial de Justiça (quando se pronunciava o Presidente do Conselho). 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 52 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado Perante o Conselho de Justificação à frente estava o então Comandante do CFAP, Coronel PM Murilo, como relator o Major PM Richard e, como escrivão, o Capitão PM Paulo. Na presença de todos os oficiais integrantes desse conselho, ficou ciente pelo que estava a responder, bem como de todas as acusações que pesavam sobre sua pessoa, dentre as quais, denúncias do Ministério Público Militar, como: (homicídio, tentativa de homicídio, extorsão mediante sequestro, assaltos, estupro, insubordinação, roubo de veículo). Pelo que, estando ele ciente de todas as acusações, o Estado, sendo representado por aquele Conselho de Oficiais, sustentava todas as acusações contra o acusado, o ainda (1º TEN PM Geovaldo) e, assim, o Conselho de Justificação, deu início aos trabalhos de interrogatórios... Conselho: Tenente Geovaldo, qual o seu nome completo? Réu: Francisco Geovaldo de Souza Barroso. Conselho: Qual a sua filiação? Réu: Frivaldo de Paula Barroso e Maria Adélia de Souza Barroso. Conselho: Onde nasceu e qual é a sua idade? Réu: Fortaleza (CE), 30 anos de idade. Conselho: Quando ingressou na corporação? Réu: Em 03 de Março de 1993. Conselho: Na sua família há alguém que é louco ou tem sintomas de loucura? Réu: Afirma não ter conhecimento de fatos dessa natureza. Por outro lado, várias foram as perguntas daquele conselho impostas ao acusado (tenente Geovaldo), quando submetido à investigação, porém, interpretou–se que, tal conselho, investigava ou discutia a questão da sanidade mental do oficial. 1º Tenente PM Geovaldo Barroso 53 74 Anos de Reclusão – Regime Fechado O certo é que, sobre aquele conselho pairou dúvidas da sanidade mental do acusado, pareceu ao conselho ainda não acreditar como um oficial poderia colocar toda sua vida, sua carreira promissora e sua notável aptidão a profissão na lata do lixo, cometendo
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