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1º-TENENTE-PM-GEOVALDO-74-ANOS-DE-RECLUSÃO

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1º TEN PM GEOVALDO 
 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
2 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
 
 
 
1º TENENTE PM GEOVALDO 
74 ANOS DE RECLUSÃO 
 
REGIME FECHADO 
Instituto Penal Paulo Sarasate 
– IPPS – 
 
Visando a proteção de pessoas envolvidas, alguns nomes 
constantes desta obra, foram alterados, porém, os fatos 
não foram mudados, conforme os autos de condenação. 
 
Autor 
Pastor Geovaldo Barroso 
 
Capa: Autor 
 
Ceará–Brasil 
– 1997 – 
 
 
– Especialidade de Jesus – 
Transformar tragédias e derrotas em vitórias! 
 
 
 
 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
3 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
SUMÁRIO 
 
Introdução 06 
Prefácio 07 
 
Capítulo 1 
Na contramão do senso comum 11 
Capítulo 2 
Prisão temporária (A Casa Caiu) 30 
Capítulo 3 
Fuga (IPPS) 74 
Capítulo 4 
Arrependimento (O Plano de Deus) 104 
Capítulo 5 
Caminho da Recuperação 121 
Capítulo 6 
O Plano de Deus (Chamado) 124 
Capítulo 7 
Satanás (Mentiroso e Enganador) 133 
Capítulo 8 
Prisão (Jaula Voraz) 148 
Capítulo 9 
Interno IPPS (Dia a dia na prisão) 151 
Capítulo 10 
Enfim – Liberdade 170 
 
Palavra de Fé 179 
Mensagem 181 
Autor 184 
 
 
 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
4 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
DEDICATÓRIA 
 
Ao verdadeiro amor 
 
Mozarilma Maurício Barroso, esposa, por todo o tempo de 
carinho e compreensão, na passagem do zelo e amor que sempre 
trouxe ao meu coração, como verdadeira busca, a fim de glorificar 
o nome de Deus, através da Palavra de Deus. 
 
Por ser fiel e autêntica nas palavras de conforto que me fortaleceu 
na presença de Deus, a fim de não parar diante de momentos tão 
difíceis. E, ainda por haver colocado em nossas vidas o amado 
filho Lucas. 
 
“Quem encontra uma esposa acha uma coisa boa; e alcança o 
favor do Senhor”. (Provérbios 18.22) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
5 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
AGRADECIMENTO 
 
Ao autor e consumador da vida 
 
Ao Único Deus vivo e verdadeiro o qual é Onipotente, Onisciente 
e Onipresente: Ele é o Todo Poderoso Deus, o Deus Eterno – 
Àquele que subsiste por Si mesmo e o que era, e o que é e o que 
ainda está por vir. 
 
Que é absoluto e Unicamente inabalável. Sendo o resplendor de 
toda a glória, é Ele o autor de nossas vidas; Obrigado, ó Senhor, 
pela excelência do dom de salvação, quando Tu ó Deus, se 
revelou através do Teu amado Filho, o Senhor Jesus Cristo! 
 
Ao Senhor, o Deus que planta a verdadeira semente do amor, 
como vínculo da perfeição entre Deus e o homem; é quem ainda 
ensina o verdadeiro dom do amor àqueles que não compreendem 
essa união; por isso, é que, os nossos pensamentos, as nossas 
vidas e o nosso futuro, tudo entregamos diante do altar de nosso 
Senhor e Salvador Jesus Cristo. 
 
Pela oportunidade da escolha mais perfeita, sendo a única que não 
se faz; mas, a que nos é revelada para anunciar o Teu reino aos 
pobres e cegos, oprimidos e sofredores e ainda aos perdidos em 
cadeias, porque. Tu, ó Senhor, somente – Tu, ó Senhor! Liberta o 
que era cativo para ser liberto! 
 
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Se, pois, o 
Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”. (João 8.32,36) 
 
 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
6 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
INTRODUÇÃO 
 
Jesus o caminho e a verdade e a vida 
 
Hoje, podemos compreender e interpretar que a palavra do 
Senhor transforma e cura, salva e liberta, assim, somos 
propriedades vivas da Palavra de Deus. 
 
De certa forma, vários são os fundamentos que podem gerar os 
benefícios da liberdade material dentro de qualquer tipo de prisão. 
Pouco importa para alguns saber qual o tipo de prisão que se está 
vivendo, quer seja material ou espiritual. 
 
Por outro lado, há apenas um firme fundamento que está voltado 
para dentro da fé cristã de nossos antepassados. Mas, existe ainda 
uma base, a pregação da Palavra de Deus, que, invadindo e 
domando o coração de diversos povos do passado e do presente, 
vem revelando a verdadeira libertação e o inconfundível sinal de 
que o reino de Deus está próximo. 
 
“E dizendo: Arrependei–vos, porque é chegado o reino dos 
céus”. (Mateus 3.2) 
 
Pelo que, não para de crescer e de ser manifesto o seu Poder ao 
seu povo, o que coloca o “poder” de satanás diretamente em 
declínio, através das muitas vidas que se rendem à 
governabilidade de Deus, passando a desfrutar de uma nova vida 
abundante em Cristo Jesus. 
 
 
 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
7 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
PREFÁCIO 
 
Amor e Carinho 
 
Filho primogênito de uma pequena família. Nascido aos 
08/06/1962, na Cidade de Fortaleza, Estado do Ceará. 
Proveniente de uma família de classe média baixa desfrutou duma 
infância como qualquer criança de sua época. Dos pais, recebera 
amor e carinho, como herança de uma infância bem vivida em 
Fortaleza. Em 1981, aos 19 anos, já finaliza seus estudos em um 
colégio da capital cearense. 
 
Em 1983, foi aprovado em concurso público para o Curso de 
Formações de Oficiais da Polícia Militar do Estado do Ceará 
(CFO). Finalmente, por volta das 16h00 horas, do dia 
21/12/1985, naquela sexta–feira, o sol já se declinava e os 
convidados se faziam presentes ao evento, declaração de 
aspirantes 1985. 
 
No palanque encontravam–se diversas autoridades civis e 
militares, e eclesiásticas, as quais contemplariam ao espetáculo, 
denominado: “Declaração de Aspirantes a Oficiais – Turma 
Governador Gonzaga Mota–1985”. Então, às 17h00, soava os 
primeiros acordes pela da Banda de Música da Polícia Militar do 
Estado do Ceará, e cantavam: “Corporação, pujante e valorosa 
que lutou sempre, e sempre lutará...”. 
 
Por outro lado, declarado Aspirante a Oficial no ano de 1985, e 
agora já no ano de 1986, foi promovido ao posto de 2º Tenente 
PM, e antes da década de 90, no ano de 1989, fora promovido ao 
posto de 1º Tenente PM. Portanto, caminhava com sua alma 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
8 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
abalada pelos distúrbios da opressão espiritual, sendo ainda 
vitimado por misteriosos ataques de isolamento, e quando 
vitimado pelo alcoolismo nem mesmo pensava em reconstruir o 
que já havia sido destruído; mas, a passos longos, avançava para 
sua autodestruição espiritual, moral e profissional. 
 
Assim, longe de tudo e de todos, poderia melhor preparar uma 
falsa cobertura para o seu passado que, somado ao presente 
catastrófico, dava–lhe a ideia de um futuro incerto; passando o 
tempo, pelo tempo, também começou a se tornar um péssimo 
profissional e, como escravo da prostituição e do alcoolismo, caiu 
no declínio moral, espiritual e social; não é difícil entender que 
toda esta situação ocorreu porque estava ele tentando reaver no 
presente uma saída para o sofrimento do passado, assim, era 
notório que as próprias migalhas do seu passado lhe empurravam 
para uma espécie de autopunição sem misericórdia, a onde era 
(acusador, juiz e carrasco) de si mesmo, como se não chegasse a 
um final. 
 
Diante desses fatos, a cada instante vivido se tornava mais 
desastroso que o anterior e tudo fazia menos sentido a cada etapa 
que se tornava mais íntimo do álcool, conforme citado em 
(Provérbios 23.29–35). O alcoolismo lhe transformou no que não 
sonhou ser jamais nalgum dia em sua vida. 
 
Também lhe abriu cicatrizes com marcas profundas no seu caráter 
e na sua alma, quando muitas vezes chegou a ser vítima de sua 
própria falta de controle emocional e, verdadeiramente, seu 
coração foi moldado por uma máscara interior, o que lhe 
dificultava receber qualquer ajuda, porque, aprendeu a viver sob 
uma falsa aparência, conforme se lê em “Abstende–vos de toda a 
aparência do mal”. (Tiago 6.3) 
1º Tenente PM GeovaldoBarroso 
9 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
De certa forma, ante ao primeiro gole, uma alegria nostálgica; 
ante ao segundo, uma espécie de alegria letárgica, parecendo que 
não mais se conhecia. Na verdade, esquecia-se de que havia uma 
vida e que era muito preciosa a ponto de não a perder em vão. 
 
Através da senda de um conjunto de irresponsabilidades 
praticadas (subconsciente) e marcadas por todos os episódios 
conflitantes anteriores nada disso simbolizavam como sinal de 
advertência, mas o início de uma série de atos de indisciplina que 
mais e mais se fazia agravar sua situação profissional e social – 
espiritual e moral, direcionando lhe para o primeiro dos passos à 
senda da obscuridade, isto é, à sua futura falência profissional e 
moral, pois, espiritualmente, já era vazio e sem forma. 
 
“E a terra era sem forma e vazia”. (Gênesis 1.2a) 
 
Com referência aos atos da indisciplina profissional e pessoal 
começaram a aparecer com uma maior intensidade; surgindo um 
após outro, foram se somando em agravantes em sua ficha 
pessoal; enfim, uma carreira marcada por erros sem volta, visto 
que, nada aprendia com os erros anteriores. 
 
“Jesus, porém, respondendo, disse–lhes: Errais, não conhecendo 
as Escrituras, nem o poder de Deus”. (Mateus 22.29) 
 
Na verdade, estava totalmente cego e, certamente que, subtraído 
pela falta de visão, era traído pela controvertida vida vivida. 
 
“Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele 
são os caminhos da morte”. (Provérbios 14.12) 
 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
10 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
Tais fatos lhe transformaram em motivo de vergonha e rejeição 
do oficialato e de outros comandados, o que lhe seria como 
oportunidade perdida, além do registro de punições disciplinares. 
Esses fatos foram gerados pela perda da decência, da disciplina e 
da ordem em sua carreira militar, E mais uma vez, era nocauteado 
pelo alcoolismo. Finalmente, em março de 1991, surgiu uma 
última transferência em sua carreira, como oficial, para a Cidade 
de Fortaleza, Estado do Ceará. 
 
A verdade é que tendo em vista os fatos nenhum Comandante de 
Unidade Subunidade da Capital ou de outras cidades do Estado 
aceita o referido oficial subalterno para trabalhar já que sua última 
transferência seria para a 5ª Sede BPM sediado em Fortaleza em 
este Capital motivada por atos de indisciplina. 
 
Criando uma analogia com todos os fatos, anteriores, tais como: 
o desamparo pelo descontrole dos vícios, a total falta de 
prudência, a perda da credibilidade perante aos seus pares e 
subordinados, registrou–se pela comprovada perda da autoestima 
do jovem oficial. Marca de uma senda contraditória, através da 
contramão do senso comum que o levou a percorrer caminhos de 
enganos diversos. Portanto, com a alma e o corpo totalmente 
debilitados, seu espírito era vazio e sem forma (Gênesis 1.1–2), e 
não aceitou melhor caminho ao seu tempo, a fim de que lhe fosse 
revelado uma aparente saída, contra a nuvem de tempestade que 
se lhe levantava em desfavor. 
 
Fortaleza–CE, em 18 de junho de 1997 
 
 
 
 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
11 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
CAPÍTULO – 01 
 
Na Contramão do Senso Comum 
 
Ano 1991. A Cidade é Fortaleza, Estado do Ceará, durante este 
período, iniciou seus trabalhos no Quartel do 6º BPM, unidade 
subordinada ao CPC (Comando de Policiamento da Capital), 
sediada na área oeste da cidade, no Conjunto Esperança. 
 
Neste local, por várias ocasiões, quando de oficial de 
policiamento, assistia diversas cenas de violência urbana e não 
tomava providência. 
 
Estava havendo um declínio social e moral na vida do jovem 
oficial. Transcorriam lhe constantes modificações de sua conduta 
moral e profissional e tais modificações seriam comparadas, 
como: 
 
“Uma pedra quando lançada n’água faz produzir círculos 
concêntricos cada vez maiores: diante tal comparação, fica claro 
que, enquanto na água se vê o ponto de partida e as ondulações 
que se ligam entre si”. 
 
Portanto, na delinquência, nem sempre se descobre resposta à 
tendência criminosa; se, nas mentes, por desvios de 
personalidade; se, junto aos membros, para buscar provar maior 
superioridade ou através dos sentidos, pela herança direcional 
ante ao que, se abortados ou nauseados pela própria sociedade e 
isolados, sem devida oportunidade. Dessa forma, dava–se o início 
de um sistema ilustrativo por alternativa da sua própria 
personalidade já há muito tempo controvertida. 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
12 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
Por volta do mês de outubro, do mesmo ano, recebeu um convite 
para patrocinar segurança particular de instalações privadas nos 
seguintes clubes dançantes dessa Capital: O primeiro em Aquiraz 
(CE), e o segundo em Caucaia (CE). 
 
Nessa empreitada o mesmo era o agente principal controlador da 
portaria e principais entradas de acesso em ambos os recintos. 
Através deste episódio, sentiu ser o momento de fechar aquele 
tipo de negócio o qual era paralelo à função pública. Destarte, não 
sendo flagrado, ainda assim, foi transferido para a 1ª Cia/5º BPM. 
 
Ano 1992. Naquela Subunidade, o oficial chegava ali como 
subalterno mais antigo por hierarquia. À época, a Companhia era 
localizada na área leste da Cidade de Fortaleza–CE, no bairro da 
Aldeota. Conhecido como setor nobre de policiamento, tanto a 
pé, a cavalo, como motorizado. 
 
Certo de que ao chegar àquela companhia como subcomandante 
sua voz seria ouvida, passou a levantar todos os problemas ali 
existentes, dentre os quais foram vistos, como: Falta de efetivo, 
armamento e munição inoperantes, viaturas operacionais e 
administrativas em total estado de sucateamento; pelo que, feitos 
os levantamentos foram encaminhados ao conhecimento do 
Comandante da Companhia que, depois de lido o relatório, 
respondeu: “Na verdade, a gente se vira com o que tem”. Usou 
como resposta apenas uma duplicidade verbal, sem, contudo, 
oferecer nenhuma saída objetiva. 
 
Portanto, todo seu empenho no trabalho, até então, não havia sido 
reconhecido, porém, no primeiro serviço de Supervisor da “Área 
01”, passou a ser orientado por motoristas e patrulheiros das 
viaturas, onde, não obstante, era contumaz assistir os policiais 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
13 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
repetirem: “Tenente deixa isso para lá! Vamos se dá de bem com 
o que temos na área, porque a área é rica! ”. 
 
Pelo que, o Tenente Geovaldo respondeu: Negativo! Deixe de 
conversa fiada, siga em frente motorista! O oficial, às vezes, não 
se calava, porém, mais tarde, diante de uma grande trama de 
vários policiais corruptos e viciados na camuflada delinquência 
não punitiva pela corporação e que, sobretudo, agora, operava sob 
seu comando não teve autoridade suficiente para coibir tais ações, 
pelo que, indiretamente passou a fazer parte de toda aquela 
sujeira. 
 
O tenente Geovaldo adentrava em um mundo que não lhe 
pertencia, ‘o mundo fascista da rebeldia e da falta de 
governabilidade’, pois, o regulamento disciplinar da corporação, 
não mais fazia efeito sobre a sua vida, enfim, a sujeição ao crime 
passou a gritar mais alto. 
 
“Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que tomaram conselho, mas 
não de mim, que se cobriram com uma cobertura, mas não do 
meu Espírito, para acrescentarem pecado a pecado”. (Isaías 
30.1) 
 
Determinada manhã de sábado, foi convidado a passar em um 
posto de combustíveis, localizado na Avenida Santos Dumont, 
ali, houve o seguinte diálogo: “Este é o Tenente de quem lhe 
havia falado. Ele é quem comanda toda essa área, fique na boa, 
pois, é um nosso chapa, está ligado! ”. 
 
Diante de todo aquele episódio o Oficial ficou totalmente atônito. 
E para surpresa do mesmo, retornava o gerente do posto, trazendo 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
14 
74 Anosde Reclusão – Regime Fechado 
 
uma caixa contendo latas de óleo lubrificantes, estopa, cera de 
polimento e um vale para trinta (30) litros de combustível. 
 
Posteriormente, tomou conhecimento de que o gerente daquele 
posto de combustível era viciado em entorpecentes. 
 
Aquele teatro foi como uma estúpida entrada rumo à porta larga 
do seu declínio. Crendo que buscou agradar ou se deixou 
conduzir pelos falsos elogios “chefe, o senhor é peixe mesmo e 
todos dizem que o senhor é cabeça de gelo”. 
 
Entre seus pares, perdeu a prática e o êxito proibitivo de tal prática 
delituosa à sua frente, quando passou a ser o principal agente 
corrupto e corruptor, assim, foi testado, e sucumbiu à tentação da 
propina do gerente do posto. 
 
“Se alguém pensa ser alguma coisa, não sendo nada, engana–se 
a si mesmo”. (Gálatas 6.3) 
 
De igual modo, ele ficou semelhante a eles na (ganância, 
arrogância, prostituição, alcoolismo, orgia, e etc.) e, em todas as 
coisas semelhantes a estas, que não trazem benefício algum aos 
homens de bem, tornou–se, pois, em um homem de índole 
atormentada, pervertida e aberta ao mal. Em princípio, foi este o 
ponto de partida para sua delinquência irresponsável, partindo da 
execução do trabalho, tornou–se um autêntico camaleão, que 
usava arma, viatura e uniforme da corporação, enfim, parecia–lhe 
tudo muito fácil; porém, todas as facilidades apenas lhe atraíram 
a um grande e apertado laço. 
 
“Há um caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim 
conduz à morte”. (Provérbios 16.25) 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
15 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
Por outro lado, a partir do dia 12/05/1992, deu–se o início de uma 
série de pequenos delitos, para mais tarde, pesados assaltos, 
homicídio, extorsão mediante sequestro, e roubo de carro, lesão 
corporal e acusação de estupro. 
 
O leitor pode indagar: Por que a orla marítima? – Por se tratar de 
um local com maior frequência e ajuntamento público, área 
turística e vasta em orgias noturnas diversas. 
 
Naquele ambiente de trabalho, juntamente com outros “policiais 
militares”, não se distinguia policiais e bandidos: mas, 
duplicidade de disfarces, onde foram efetuados diversos 
flagrantes; às vezes, executados ardilosamente, o oficial, induzia–
os a cederem aos mais diversos tipos de chantagens, com o intuito 
de não se tornarem figuras públicas diante da escravidão de cada 
uma delas, tais como: Pessoas importantes que promoviam 
bacanais com travestis no interior dos próprios veículos, não 
indiferente a outros que, durante o dia macho, à noite deitavam 
como se fossem fêmeas e da sedução e corrupção de menores, e 
etc. Desta feita, como agente da lei, o oficial PM estava ali, 
exatamente falhando à frente das fragilidades alheias, pelo que, 
tornou–se corrupto e potencial corruptor, além disso, um 
conivente criminoso. 
 
A Fase Camaleônica 
Máscara (O Crime não Compensa!) 
 
Em maio de 1992, quando comandava a RP 502, um antigo 
patrulheiro disse: "Tenente, conheço um cara que pode preparar 
umas paradas da pesada”. Mais uma vez acontecia um novo teste 
com o Oficial. Porém, nessa ocasião, ele falhou de novo, pois, 
ficou totalmente mudo e estático de entendimento, senão, fora do 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
16 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
senso comum da realidade. Mas, diante da indagação do soldado 
surgiu a seguinte pergunta: 
– Onde é o (QTH) do cara da pesada? (Tenente Geovaldo). 
Quando tudo ficou acertado, como se em uma típica ação 
criminosa, o Tenente Geovaldo, sequer desconfiava, mas já 
estava apoiando um primeiro crime em sua própria área de 
policiamento: 
– Naquela mesma noite ocorreu o que poderia ser chamado de 
ação criminosa, onde, antes mesmo de acontecer já havia em sua 
mente uma acusação de erro por sua conivência delituosa. 
 
No dia seguinte, um homem veio tratar com o oficial no GPM 
(Grupamento Policial Militar) da Praia do Futuro. Na verdade, 
quando o assaltante lhe fazia relato do ocorrido, quase sacou da 
sua arma e deu–lhe voz de prisão, porém, ficou apenas no 
pensamento o “quase” do oficial. Dali em diante, era o Tenente 
Geovaldo tanto pior quanto aquele bandido que havia cometido 
tais atos delinquentes. 
 
Depois de alguns meses, começou também a praticar aquelas 
empreitadas noturnas, aonde de tudo se fazia acontecer; portanto, 
no teatro e palco das operações criminosas, o oficial, atuava como 
agente principal das investidas delituosas, conforme anunciou os 
diversos meios de comunicação de massa, à época. 
 
Crimes Praticados (Maio de 1992) 
 
O 1º Tenente PM Geovaldo, já havia quase se tornado um homem 
sem escrúpulos. Pois, como comandante da RP 502, “fiscalizava” 
o policiamento desde as 20h10min, pelo que, por volta das 23h00, 
todos os locais eram ermos e às escuras. Então, fazia a ronda pela 
orla marítima, mas, sem nenhuma ocorrência que lhe interessasse, 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
17 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
então, nada mais lhe importava, senão, procurar vítimas não 
esclarecidas e desavisadas que se perdiam na prostituição noturna 
no interior de seus veículos sob os raros momentos de prazer. 
 
Diante dessa situação, por várias ocasiões eles ficavam a certa 
distância a toda e qualquer ocorrência localizada na área em 
questão; o certo é que, de forma rápida faziam a abordagem e não 
lhes importava qual fosse a tipificação da ocorrência. 
 
1º Assalto (O Crime não Compensa!) 
 
No dia 17/05/1992, o grupo avistou um veículo com um casal no 
seu interior; foi uma ação rápida para em seguida ser anunciado 
o assalto e determinando que as vítimas colocassem seus 
pertences sobre o capuz do carro. 
 
Assim, casal e veículo eram depois conduzidos para um local 
ermo e afastados, em seguida, o veículo era depenado e as vítimas 
trancadas no (porta malas) do veículo. 
 
Nesse intervalo, a viatura RP 502, na qual era feito o policiamento 
da Área 01, pelo oficial, ficava oculta. 
 
O motorista que cumpria ordem superior aguardava passivamente 
em local pré-estabelecido. 
 
Assim, o grupo, agia e saia do local, como se nada houvesse 
acontecido; onde o restante do trabalho transcorria normalmente, 
até o amanhecer do dia, para rendição do turno seguinte. Depois 
de toda essa empreitada criminosa, a vida do oficial PM nunca 
mais seria a mesma, tornou-se um constante questionamento sob 
a forma de tortura psicológica, sem nenhuma aparente resposta. 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
18 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
Nessa mesma manhã, do dia 18/05/1992, quando chegava a sua 
residência, era indagado por sua mãe: 
– Meu filho está tudo bem com você? (Genitora) 
– Mãe está tudo às mil maravilhas! (Tenente Geovaldo) 
 
Aquela senhora inclinou-se bem próximo onde ele estava 
assentado e dirigiu–lhe um olhar com ar de preocupação. 
 
Aquela atitude foi um gesto de interrogação da mãe, porém, 
inútil. Porque, não lhe houve coragem para falar o que estava 
acontecendo. O Tenente Geovaldo havia se tornado um homem 
amargo, pensativo e ardiloso sabia que estava vivendo um dilema, 
como quem trafegava pela contramão do senso comum de uma 
via paralela à própria vida já contraditória. 
 
Portanto, não lhe restava nenhuma força para parar, visto que, até 
pensava consigo mesmo: Talvez uma típica reação de alerta pela 
contramão do senso comum contra os bons costumes já 
corrompidos, senão: jamais voltarei a praticar tais coisas! 
 
2º Assalto (O Crime não Compensa!) 
 
Em 12/06/1992, ainda pela madrugada avistou-se um veículo 
defronte a um luxuoso bloco de apartamentos. A patrulha da RP 
502 observou que havia um casal no interior no veículo. 
 
Algum tempo depois os ocupantes do veículo por falta de 
prudência pensaram estar seguros no local, relaxaram e pelo 
descaso, tornaram-se presas fáceis para o assalto. 
 
Por volta das 2h00 da manhã, ooficial PM e seus comparsas, 
depois de haver colocado a VTR 502 em local seguro e oculto, 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
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74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
longe de suspeitas, trocaram suas vestes, isto é, tirou-se o 
fardamento militar, e partiram para mais uma abordagem ao 
crime: o teatro operacional do crime já estava formado. 
 
Desta feita, as vítimas, como já tinham sido abordadas 
anteriormente, foram elas colocadas dentro da porta–malas do 
veículo, como de costume foram conduzidas para um local 
afastado e ermo nos morros da Praia do Futuro. Então, vem o 
anúncio: é um assalto! Ninguém se mexa! (Tenente Geovaldo). 
Momentos de silêncio e de muita tensão! Por favor, não faça nada 
conosco: pode levar tudo o que quiserem! (Vítima) 
 
Na manhã seguinte, chegou–se ao final da escala de serviço, por 
outro lado, mais tarde, noutro turno aquela patrulha criminosa se 
preparava para a próxima ação. 
 
3º Assalto (O Crime não Compensa!) 
 
Dia 17/06/1992, mais uma vez escalado como Oficial Supervisor 
da Área 01, o Tenente Geovaldo comandava a RP 502, 
juntamente com os comparsas na escala noturna. 
 
Naquela noite, por volta das 22h00, o Oficial patrulhava a orla 
marítima da Praia do Futuro, cumprindo escala COPOM. 
 
De fato, a patrulha rondava normalmente pela extensão da praia 
e ao longo de suas barracas e como não havia nenhum evento, 
tudo parecia calmo, também não receberam nenhuma chamada 
do Centro de Operações Policiais Militares (COPOM). 
 
Diante do silêncio, o coração do Tenente Geovaldo se encheu de 
malícia, como se necessário fosse praticar qualquer ato maligno, 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
20 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
pois, o “mal em sua essência é ardiloso”, esse é um tipo de 
silêncio que ninguém percebe (sintomas) até que já esteja 
instalado (enlaçado), para que seja consumado (praticado). 
 
“O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o 
que sai da boca, isso é o que contamina o homem. Porque do 
coração procedem aos maus pensamentos, mortes, adultérios, 
fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias”. (Mateus 
15.11,19) 
 
Diante de tais fatos, por volta das 22h40min, observou–se a 
presença de um veículo estacionado a ermo. Na oportunidade, a 
RP 502, ficava as ocultas por entre a escuridão das barracas de 
praia e, a pé, seguiam pelas laterais das barracas. 
 
A quadrilha se posicionava para mais uma ação criminosa; e 
audaciosamente visualizavam as vítimas desatentas ante ao 
perigo local, e como de costume, o anúncio do assalto, sendo 
surrupiadas vítimas e veículo. 
 
Por volta de 1h50min, do dia 18 de junho de 1992, o oficial aciona 
o rádio de comunicação da viatura a RP 502 (...) 
HTG, COPOM – Câmbio! (Tenente Geovaldo) 
COPM na escuta, adiante... HTG! (Op. Copom) 
Tem algum S–13 na área! (Ocorrência) (Tenente Geovaldo) 
Negativo. Negativo! Área está S–33 (tranquila)! (Op. Copom) 
 
Até aquele momento da “Transmissão – VTR – COPOM”, era o 
Oficial da Área 01, RP 502, pela 1ª Cia do 5º BPM; depois de 
encerrada a transmissão, continuou como um audacioso camaleão 
até o dia raiar, pelo que, mergulharia na profundidade do crime. 
Através da complexidade humana não se entendia o sentido das 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
21 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
suas ações tresloucadas, tampouco ele, deteria sua impulsividade, 
à trajetória criminosa que havia contaminado sua mente e seu 
corpo. 
 
De repente, como em todas as ações, a gangue vê um veículo 
quase escondido entre as árvores; e a certa distância eles se 
aproximam para anunciar outra ação criminosa. 
 
Por outro lado, o que aconteceu ao certo? Ninguém sabia o que 
estava para acontecer! Mas, tratava–se de uma insuportável 
reação química. 
 
A situação era que, o oficial ficou fora do ar ou, que, procurasse 
a posição do veículo, como se não mais estivesse no local; depois, 
estava lá, novamente! Assustado, o oficial mexia–se todo, o 
sangue fervilhava por entre suas veias temporais, cada nervo do 
seu corpo se contorcia de forma descomunal. 
 
Mas o olhar da cobiça para o veículo lhe saltitava mais que o 
fervilhar sanguíneo, como se tudo combinasse ao clamor 
repetitivo dos atos anteriores. Então, numa última investida o 
grupo parte para cima das vítimas e anunciou o assalto: 
– Atenção! Ninguém se mexe. É um assalto! (Tenente Geovaldo) 
Num ato de desespero alguém exclama: 
– Leve tudo! (Vítima) O que vocês querem? 
– Pediu para descer do veículo. E repetiu: deixa a gente ir embora, 
por favor! (Vítima) 
 
Foi nesse momento, quando a arma em poder do oficial disparou, 
acidentalmente, e atingiu uma das vítimas à altura da coxa direita; 
ali, a quadrilha perdia o controle da situação; e assim, colocou as 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
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74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
vítimas no banco traseiro do veículo e seguiram para o morro da 
Praia do Futuro. No trajeto uma das vítimas perguntou o seguinte: 
– Tenente, você hoje é polícia ou é bandido? (Alan) 
 
De súbito, um silêncio mórbido! E os comparsas trocaram olhares 
entre si, com expressões faciais de total assombro, onde ficou 
claro e evidente que, o grupo, fora reconhecido. 
 
Pela perda do controle da situação e mesmo ainda que ocultados 
pelas sombrias elevações da Praia do Futuro, buscavam 
oportunidade, não de um lugar qualquer, mas identificar o local 
apropriado! 
 
“Abstende–vos de toda a aparência do mal”. (1 Tessalonicenses 
5.22) 
 
Porque a essência do mal (aparência) estava na mente do oficial, 
até então, se tornava um homicida naquela noite. Mas antes de 
entrar no mérito dos acontecimentos daquela noite acompanhe o 
exemplo duma aparente e profunda contradição e busca que fez a 
diferença: “Certo rapaz de dezessete anos foi a um culto, certo 
dia, por conselho dum vendedor de sapatos quo o havia levado a 
Cristo e lhe contara da necessidade de conhecer melhor o 
Salvador que acabava de aceitar. Após o período de louvor o 
pregador disse: Abramos a Bíblia agora em “Medita estas 
coisas; ocupa–te nelas, para que o teu aproveitamento seja 
manifesto a todos”. (1 Timóteo 4.15) O jovem convertido abriu 
na primeira página da Bíblia que seu amigo lhe dera, e começou 
a folheá–la por Gênesis, Êxodo, Deuteronômio e Josué, e vários 
outros livros, sem encontrar o Livro anunciado. Voltou ao índice, 
e viu que o livro de (1 Timóteo) encontrava–se na página 325. 
Quando abriu nesse número encontrou o livro de Josué. Olhou 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
23 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
novamente no índice, e percebeu que a Bíblia tinha duas grandes 
divisões, e que (1 Timóteo) achava–se na segunda parte. Quando, 
afinal encontrou o texto, o pastor já havia terminado o sermão. 
Desnecessário é dizer que ele estava envergonhado e um pouco 
confuso”. 
 
Será que o leitor já se sentiu assim? Não fique desanimado. A 
maioria dos novos crentes começa desse modo. Apesar daquele 
início tão pouco auspicioso, aquele jovem sentiu um grande 
desejo de melhor conhecer a Bíblia. 
 
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (João 
8.32) 
 
Anos depois, ele se tornou um famoso pregador, que levou a 
Cristo um milhão de pessoas. No fim de sua vida, fundou um 
instituto bíblico que ainda hoje prepara cerca de 1.200 jovens 
todos os anos, na Palavra de Deus. O nome daquele jovem, à 
época, era Dwight L. Moody. Poucos homens igualaram a 
contribuição de Moody para a cristandade. Mas ele próprio nunca 
teria realizado o que realizou se não houvesse se disposto a 
estudar a Palavra de Deus. Embora não saibamos que método ele 
utilizou para estudar a Bíblia, sabemos que não recebeu um 
treinamento em escola bíblica; a maior parte de seus 
conhecimentos ele adquiriu por si mesmo. 
 
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho 
unigênito, para que todo aquele quenele crê não pereça, mas 
tenha a vida eterna”. (João 3.16) 
 
Nosso sucesso ou fracasso na vida cristã depende da quantidade 
de conhecimento bíblico que armazenamos em nossa mente, com 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
24 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
regularidade e de nossa obediência às suas verdades. É certo que 
uma pessoa pode ir para o céu sabendo pouco mais que um verso 
bíblico. 
 
“A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em 
teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, 
serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com 
a boca se faz confissão para a salvação”. (Romanos 10.9,10) 
 
Porquanto, o maravilhoso dom de Deus, que é a salvação, é tão 
gratuito, onde, tudo o que precisamos fazer é recebê–lo em nossos 
corações, pela fé. 
 
“Mas, a todos quantos o receberam, deu–lhes o poder de serem 
feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome”. (João 1.12) 
 
Mas se desejarmos ser crentes felizes e vitoriosos, teremos que 
nos alimentar regularmente da Palavra de Deus, e isso requer 
aplicação de nossa parte. Quanto mais nos dedicarmos a isso mais 
rápido será o crescimento na vida espiritual; depois 
descobriremos que vale muito mais a pena o preço da obediência 
a pagar se igualado ao da desobedência. Jesus enunciou a fórmula 
do sucesso pessoal, quando afirmou. 
 
“Ora, se sabeis estas cousas, bem–aventurados sois se as 
praticardes”. (João 13.17) 
 
A felicidade, portanto, resulta em conhecer qual é a boa e a 
perfeita vontade de Deus, a qual é revelada através da Sua 
Palavra, a Bíblia, bem como em obedecê–la. O problema de 
muitos cristãos é que não se aplicam ao estudo dos princípios 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
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74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
bíblicos, e por isso, não sabem o que Deus espera deles. Não é de 
se admirar que não recebam todas as bênçãos da vida cristã. 
 
“Bendito seja Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo o qual nos 
abençou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes 
em Cristo Jesus”. (Efésios 1.3) 
 
Certo do que devia fazer, o oficial chamou seu comparsa policial 
e lhe anunciou: Vamos sumir com eles! (Tenente Geovaldo) 
 
Em contrapartida, enquanto eles trocavam idéias a respeito dos 
jovens, o comparsa ainda contra argumentava: “Chefe deixa esses 
caras prá lá e vamos embora daqui o mais rápido possíve”. 
(Soldado) 
 
Nesse momento, já não mais ouvia nada do que ele falava e 
avançando na direção de um dos jovens, o qual se encontrava à 
beira da estrada, próximo a uma margem lhe perguntou seu 
nome? (Tenente Geovaldo); Ele, portanto, com uma voz trêmula 
disse seu nome, Gonzaga. (Vítima) 
 
Quando finalizado aquele último diálogo, o oficial virou–se e lhe 
apontou a arma de forma sombria e, diante da ação desesperada, 
o jovem ainda tentou correr, sendo parado, através de um disparo 
mortal. Depois de resolvida a trajetória final de toda aquela senda 
criminosa, ouviu–se na noite o eco do disparo de arma de fogo. 
 
O outro garoto que estava a uma distância de dez passos 
questionou a ação do tenente Geovaldo: 
– O que houve Tenente? (Alan) 
– Nada que você possa mais resolver! (Tenente Geovaldo) 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
26 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
Quando, enfim, o jovem percebeu que seu colega estava sem 
vida, isto é, caído ao solo, entrou em completo desespero, pois, 
ele sabia que daquele pesadelo, talvez, não mais acordaria. Não 
se sabe o por que, mas por pouco, muito pouco mesmo, aquele 
rapaz, não perdeu também a sua vida naquela noite sombria. 
 
De qualquer forma, Ele, praticamente não entendia o que estava 
acontecendo, mas, ainda assim caiu sobre aquela areia fria e pela 
forma covarde como o oficial acionou o gatilho da arma na 
tentativa de tirar a vida de mais um inocente; porém, apenas a 
mão de Deus que desviou aquele projétil por melimetros do 
coração daquele jovem. 
 
Consequentemente, sem haver se conformado, passou a 
confrontar o soldado para se deslocar até ao corpo do segundo 
jovem caído ao solo (Alan), para também acionar o gatilho de sua 
arma, o que seria o tiro de misericórida! 
 
Certamente que houve mais um disparo naquela noite. Pelo que, 
cumprindo ordem superior, o cúmplice retornou e após efetuar o 
disparo o soldado acenou a cabeça afirmando que já era! E 
daquele local fugiram como se tivesse deixado um cemitério, 
onde, usaram o próprio carro das vítimas para fuga, pelo que, 
depois foi abandonado nas proximidades ao Clube dos Oficiais 
da Polícia Militar (COPM). 
 
Não Há Crime Perfeito 
 
Ainda na mesma madrugada de 18/06/1992, para o oficial, não 
haveria de ser igual como às outras investidas, pois, como agente 
da lei vivia numa duplicidade de vida. Qual seria a explicação 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
27 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
para tantas ações delituosas e, por fim, o que havia de errado? 
Qual seria o final para o oficial? 
 
Acompanhando os Fatos 
 
Ainda sobre a última vítima que foi alvejada à bala pelo oficial, o 
qual sua perversidade não chegou a alcançá–lo na sua totalidade, 
isto é, na empreitada criminosa julgou–se que o mesmo estivesse 
morto e que a vida de crimes do Tenente Geovaldo e de sua 
quadrilha poderia ficar completamente e encoberta pela morte de 
ambos. 
 
Por outro lado, o rapaz que se fingiu de morto, conseguiu 
tripudiar os agentes homicidas. Conseguiu ainda reunindo todas 
as forças possiveis que lhe restava a lutar contra a morte, quando 
se arrastou até ás margens da avenida Santos Dumont; pelo que, 
ali, foi socorrido por um transeunte que o conduziu até o hospital 
mais próximo, onde ficou constatado que a vítima sofreu disparo 
de arma de fogo sendo alvejada no braço esquerdo à altura do 
peito. 
 
Enquanto ainda ele estava no hospital por ser de família nobre e 
influente rapidamente se deu início à notificação do ocorrido aos 
familiares. 
 
Também, presente estava toda as polícias (Militar, Civil, Corpo 
de Bombeiros, Forense e Defesa Civil), bem como um batalhão 
de repórteres da imprensa (falada, escrita e televisiva), onde a 
vítima, com muito esforço passou a esclarecer os fatos da lesão 
sofrida. Naquela noite, aconteceu um milagre na vida daquele 
rapaz! Como, pois, escapou da morte? Humanamente seria 
impossível, pois, a sua morte havia sido arquitetada por um 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
28 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
Oficial da Polícia Militar, o “Tenente Geovaldo”. Sem sombra de 
dúvidas que toda aquela trajetória irresponsável ficou marcada 
em sua memória, como sinal de que Deus ainda tem um plano 
para sua vida. 
 
Das Buscas 
 
O dia já se aproximava e as buscas não paravam. E por volta das 
4h25min, o local estava já completamente repleto de curiosos, na 
manhã do dia 18/06/1992. O suposto teatro do crime, segundo 
todo o relato fornecido pela própria vítima “sobrevivente”, o qual 
ainda muito abalado devido ao eminente perigo que enfrentou, 
porém, ainda falou à Polícia: “Todo o local é muito escuro. Não 
me lembro ao certo! E o aceso é muito difícil”. (Alan) 
 
Por outro lado, Policiais Civis e Militares, Corpo de Bombeiros e 
Perícia do Instituto de Medicina Legal, todos compromissados, 
empenhavam–se pelo cumprimento do dever e adentravam ao 
matagal no sentido de localizar e proceder com o exame de 
necropsia o corpo do jovem, a fim de que fosse atestada, 
preliminarmente, a causa mortis. 
 
Em se tratando dos morros que circundam a Praia do Futuro, 
verdadeiramente, se tornava muito difícil o acesso a qualquer 
local, apontado como suspeito. 
 
Portanto, ficou entendido haver uma área cercada de acidentes 
geográficos e desprovida de iluminação pública, o que a tornou 
extensamente isolada e desguarnecida de segurança. Revelou–se 
ainda, como sendo uma área erma e bastante propícia para desova 
e ocultação de cadáveres.Diante os fatos, e a Polícia Militar já a 
par da complexidade dos indícios entre si e de outros misteriosos 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
29 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
assaltos ocorridos na mesma circunscrição e tendo em vista tais 
características começou a caçada policial. 
 
“O modus operandus idênticos, apontava, então, para o início 
das diligências policiais. Os fatos eram confusos e sempre 
conduziam a nada. Mais formavam um labirinto como num jogo 
sem saída; neste caso, o autor dos delitos que, até o momento era 
desconhecido, ludibriou as polícias. Entretanto, diante das 
constantes denúncias em várias delegacias plantonistas 
espalhadas pela cidade, além da denúncia da própria vítima 
sobrevivente que identificou e apontou um Tenente PM, como o 
autor material e intelectual dos delitos que ocorreram naquela 
área, bem como, do que fora vítima o seu jovem amigo. Diante 
de todos esses fatos relatados, tanto a Polícia Militar, como a 
Polícia Civil, já haviam chegado a seguinte conclusão: O nosso 
homem é esse Tenente seguramos ele, e todo o esquema estará 
derrubado”. 
 
De acordo com esta declaração, um esquema de monitoramento 
foi criado e por volta das 10h00 da manhã, da sexta-feira, no 
bairro Edson Queiroz, mais precisamente na vizinhança daquela 
manhã; quando um contato telefônico para o COPOM (Centro de 
Operações Militares) era o oficial suspeito procurando 
informações sobre o estado de saúde do jovem que havia 
sobrevivido a um roubo na praia do futuro, foi então que a Polícia 
não teve mais dúvidas e partiu para efetuar o que seria a prisão do 
agente da força policial. 
 
 
 
 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
30 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
CAPÍTULO – 02 
 
Prisão Temporária (A Casa Caiu!) 
 
No dia 18/06/1992, por volta das 8h00 da manhã, no Quartel do 
5º BPM, movido por um grande sentimento de culpa, talvez não 
mais se importando com nada ao seu redor, nem mesmo quanto 
ao que havia de acontecer pelo ocorrido. 
 
Como de costume, mais uma vez, assumia o serviço de Oficial de 
Policiamento da Área 01; pelo que, qualquer assunção e 
transmissão dava–se pelo CPC (Comando de Policiamento da 
Capital). 
 
Nessa mesma manhã, não muito diferente, ainda no pátio interno 
daquela Unidade de Militar, onde é feita toda a passagem de 
policiamento operacional da Capital (Fortaleza, Estado do 
Ceará), o 1º Tenente PM Geovaldo, quando para outros oficiais 
e praças, não mais era sinônimo de força policial, isto é, guardião 
da lei, porém, o antônimo da incompetência de compostura e de 
integridade podemos ler em (Gálatas 6. 3,7–8), ou seja, um 
autêntico cameleão uniformizado! 
 
As paredes do orgulho são perigosas como jogos, torna-se uma 
espécie de curva inacessível e imóvel, onde o homem tenta ser 
mais sábio do que a visão errada, o que apenas o direciona para 
uma armadilha. 
 
No entanto, o oficial tentou ser sábio por sua própria conta, mas 
não imaginava que estava prestes a enterrar sua vida em um jogo 
de roleta russa. Por volta das 10h00 da manhã do mesmo dia, após 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
31 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
passagem do serviço, da confirmação do CPC e COPOM, a RP 
502, comandada pelo oficial juntamente com seu motorista, 
atuava pela Área 01 da 1º Cia/ 5º BPM. Como se nada houvesse 
acontecido o Tenente se encontrava junto à uma cabine 
telefônica, quando em dado momento, através de uma manobra 
perfeita, uma VTR do Comando do CPC, fechou a viatura RP 
502, a qual era ocupada e comandada pelo Tenente Geovaldo que 
recebeu voz de prisão, numa operação muito rápida. 
 
E quando cercado foi pelos oficiais superiores daquela 
composição, abriram o verbo em tom enérgico e partiram para 
cima do oficial deliquente. 
 
Tenente, nem tente esboçar qualquer reação, porque você está 
preso! Não há mais saída, a não ser se entregar. (Coronel Duran) 
– Já está tudo derrubado, a casa caiu! (Major Gerdal) 
 
O então comandante do CPC, arregala os olhos com expressão de 
assombro. Mas, pela comprovação dos fatos, e ali, sem questionar 
já interrogava o acusado: 
– E aí tenente como é que fica? Quem são os outros? 
– Melhor abrir logo o jogo agora, pois, toda a casa já foi 
derrubada; vai ou não abrir logo o jogo? (Coronel Demitre) 
– Não sei de nada do que estão falando! (Tenente Geovaldo) 
 
Aqueles oficiais não estavam para brincadeira não! Todos de 
arma em punho, inclusive o próprio Comandante do CPC, 
igualmente apontava a arma para o oficial agora detido. 
 
Desarmado e dominado, foi conduzido ao gabinete do Comando 
do CPC/ 5º BPM. Ali, foi determinado que lhe fosse tirado o seu 
uniforme e foi conduzido à Delegacia de Furtos e Roubos de 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
32 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
Veículos (DRFV) da Capital. Na chagada à delegacia um batalhão 
de repórteres e fotógrafos à caça de notícias, bem como a 
imprensa de modo geral. 
 
E perante o titular daquela especializada e do Comandante Geral 
da PMCE,1 foi submetido ao seu primeiro interrogatório, e 
permaneceu a disposição numa ante–sala com vários outros 
indivíduos para reconhecimento pelas supostas vítimas. 
 
Depois de apurado parte do procedimento foi autuado em 
flagrante delito por infrigência em vários artigos do Código Penal 
Militar (CPM). Em seguida, o oficial foi colocado em um dos 
xadrezes daquela delegacia de policia civil. 
 
Portanto, permaneceu ali, por mais de quatorze horas no interior 
do xadrez daquela especializada, dali, foi retirado por causa da 
revolta de outros presos contra a vida do oficial naquela cela, pelo 
que, se entendeu não poder mantê–lo ali; e a 1h30min, daquela 
madrugada, sob forte escolta policial militar, o oficial foi 
transferido para o antigo CFAP (Centro de Aperfeiçoamento de 
Praças)2, onde, ali, permanceu como preso provisório, até ser 
transferido para uma penitenciária estadual. 
 
 
1 Maio de 1992. Assume o Comando Geral da Polícia Militar do Ceará, o Cel. 
PM Francisco Hamilton R. Barroso, em substituição ao Cel. PM José Danilo 
Tomás. 
2 Por outro lado, hoje, nas antigas instalações do CFAP, funciona um colégio 
da Polícia Militar. 
Hoje, com as suas instalações desativadas, o antigo Instituto Penal Paulo 
Sarasate-IPPS – funciona como depósito de remoção e descarga veicular do 
Estado. 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
33 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
“Quanto ao ímpio, as suas próprias iniquidades o prenderão, e 
pelas cordas do seu pecado será detido”. (Provérbios 5.22) 
 
“Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para 
luz par que suas obras não sejam reprovadas”. (João 3.20) 
 
(TRANSCRIÇÃO VIII PARTE, TÓP. Nº 6, LIVRO 
COORD. POLICIAMENTO DA CAPITAL 
 DATADO DE 19/06/1992) 
 
 “Por volta de 01h00 da manhã do dia 19/06/1992, chegou a esta 
Unidade Escola conduzido pelo Sr. Maj. PM Rock e 
acompanhado pelo Sr. Coronel PM Demitre, Chefe do Estado 
Maior da PMCE, o 1º TEN PM Geovaldo, o qual foi colocado nas 
dependências do xadrez que recebeu a denominação de Prisão 
Especial de Oficial”. (Cópia do Livro do Oficial Coordenador de 
Policiamento da Capital). 
 
Recolhido ao CFAP 
 
O CFAP, ficava localizado na Avenida Antônio Bezerra, e na 
madrugada do dia 19/06/1992, por volta das 2h00 da manhã, era 
colocado no interior de um pequeno xadrez, medindo 6m2. 
 
Naquele reduzido espaço, infelizmente, ficaria recluso por um 
período de tempo que, sequer ele mesmo saberia o final. 
 
O certo é que, ele caiu em uma grande armadilha, e o laço era tão 
forte e apertado que nem ele mesmo sabia quando se desataria o 
nó. Por outro lado, em menos de 24h, tudo havia se desmoronado 
em sua vida. À época, com apenas 30 anos de idade, mas com o 
seu semblante totalmente decaído, pareceu–lhe haver 40 anos. 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso34 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
Enfim, só agora, demonstrava o perfil dum homem parcialmente 
destruído. 
 
Portanto, agora como recluso em uma diminuta cela entendeu que 
mais parecia como um daqueles animais de zoológico onde se 
ajuntava público para observar seu perfil ou para julgar sua 
selvageria. Se esse olhar era uma busca para compreender ou 
julgar, não importava a ação dos curiosos, pois, agora, era mesmo 
uma situação de desprezo total. 
 
No local da prisão, havia a seguinte inscrição: (Prisão Especial 
de Oficial), a distância permitida era de apenas (6) seis metros, 
como se fosse uma fera enjaulada. Não era apropriado tal 
tratamento, pois, um homem havia errado, mas, não se corrige um 
desvio de caráter, impondo isolamento pela complexidade das 
ações. 
 
O Estado não pode ser “corretivo e vingativo” ao mesmo tempo, 
no sentido de promover interesse maior que punitivo. 
 
Diante das condições subumanas pelas quais atravessou, o 
Tenente Geovaldo viveu o pão que amassou, encarou 
humilhações por suas ações, por aqueles que, antes se 
proclamaram “amigos”. 
 
Portanto, sem direito a banho de sol, telefonemas e visitas de 
conhecidos, foi–lhe apenas autorizado pelo Juiz da Auditoria 
Militar Estadual, a visita de sua genitora, por um período não 
superior 60 minutos. 
 
Passados dois meses, apareceu lhe um então advogado que lhe 
aconselhou da seguinte forma: 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
35 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
Tenente, só há uma saída possível para sua liberdade! (Advogado) 
– Vamos trabalhar na hipótese que você ficará louco! (Dizia o 
brilhante advogado) 
 
A partir daquele dia por orientação daquele advogado, passou a 
fazer seu teatro, tal como: “... refeição era no chão da cela, 
permanecia de cuecas parte do dia, não se barbeava mais, e nem 
cortava o cabelo”. 
 
Na verdade, se não era louco quase enlouqueceu de solidão 
(distanciamento das pessoas) por causa do conselho adotado 
como estratégia por aquele advogado. 
 
Na cela especial de oficial, as paredes apresentavam infiltrações, 
além de formigas de madeira que se espalhavam pelos batedores 
da porta, onde dava acesso ao banheiro; acima do xadrez, havia 
uma caixa d’água de onde se motivava parte das infiltrações pelas 
paredes do ambiente que se chamava “Xadrez Especial” para 
oficial. 
 
No CFAP, deu início ao ponto de partida para do que seria sua 
perda da liberdade, bem como o sustentáculo da sua cama já 
estava armada. Pela mesma situação, em virtude do isolamento, 
da fraqueza da alma e das constantes decepções dos seus próprios 
pensamentos acusatórios poderia tomar decisões vulneráveis à 
tentação, sob a forma reclusa passou a desconfiar de tudo e de 
todos. 
 
Porquanto, sempre se via envolvido por algum tipo de problema 
psicológico, como falta de segurança por trás de uma máscara 
chamada desconfiança ele falava e respondia para consigo 
mesmo. 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
36 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
“É melhor ser traído por haver desconfiado que nunca ter sido 
traído por não ter confiado”. 
 
Era mais uma espécie de saída vulgar a preço de filosofia barata, 
como autocrítica numa desculpa muito mais pelo reflexo do peso 
da culpa, buscando talvez ainda conviver sem pensar na muralha 
de erros contraditórios vividos. 
 
Esses pensamentos, juntamente com a citação parafraseada acima 
exposta não lhe aconselhou em nada, mas, somados entre si, mais 
pareciam formar uma enorme confusão dentro de si mesmo, às 
vezes, se interligava a nenhuma aparente solução, mas em certas 
ocasiões, pensava em suicídio, como numa saída para todos os 
seus problemas que, sequer ainda nem havia começado. O 
Suicídio propriamente dito era quando ele mesmo simulava todas 
as situações e divagava pela sua mente, a fim de criar coragem 
para tal ato de covardia. 
 
Por outro lado, a voz suicida era–lhe de tal forma, como 
autopunição ou auto Piedade, onde diante dos fatos, não mais 
sentia o desejo de receber ninguém, inclusive passando a afrontar 
as pessoas com repugnante deselegância e falta de respeito. 
Tornava–se uma espécie de ser instintivo, ainda que não fosse seu 
desejo, fora da compreensão e do seu próprio entendimento, era 
o que lhe acontecia. 
 
“E como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, 
assim Deus, os entregou a um sentimento perverso, para fazerem 
coisas que não convém”. (Romanos 1.28) 
 
É admissível dizer que alguém está isento da necessidade de 
amigos ou familiares que possam ajudar a extrair de si tais vozes 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
37 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
da culpa e da miséria autopunitiva. Nesse período, vários 
evangélicos surgiam à porta da cela ocupada pelo ainda oficial, 
1º Tenente PM Geovaldo, designada como prisão especial de 
oficial. 
 
Difícil esquecer quando buscava afastar os curiosos para bem 
distante da porta da cela, jogava urina ou citava palavras 
indecorosas, pois, não queria ouvir nada, quanto mais discurso de 
crente à frente do xadrez! Havia uma insistência por parte dos 
evangélicos em ver e trocar palavras com o oficial, senão, que 
“Jesus tinha um plano para sua vida, e etc.”. 
 
Mas, como poderia esse Jesus que não era nem conhecido por ele 
poder fazer alguma coisa pela sua vida, se a sua vida já estava 
totalmente liquidada: Ele, pois, pensava consigo mesmo. 
 
De repente, por constante insistência dos evangélicos, o Sargento 
comandante da guarda de serviço do dia, chegou à porta do xadrez 
e perguntou: 
– Tenente Geovaldo, o que fazer dos evangélicos? Insistem em 
falar com o Senhor! (Comandante da guarda) 
–Dispensa. Manda embora! (Tenente Geovaldo) 
Mais uma vez o Sargento retornou e disse: Tenente eles deixaram 
esses folhetos para o senhor ler. (Comandante da guarda) 
– Joga tudo na lata do lixo. (Tenente Geovaldo) 
 
A vida do tenente Geovaldo era resumida apenas naquela 
diminuta cela. Era muito pequena e como rotina diária, acordava 
às 6h00 da manhã, devido ao barulho que fazia o toque do 
corneteiro de dia, à Unidade Escola, às 5h00. Se manhã, tarde, 
noite ou madrugada, eram bastante longos, pelo que, procurava 
fazer de tudo para vencer o tempo e o isolamento, que são 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
38 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
inimigos cruéis para qualquer preso. Não se podia esquecer que 
sua condição era de recluso, e ali, tornou–se viciado em cigarros. 
Assim, os conhecidos que fumavam, passaram a ser seus 
provedores do vício, pois, criam que fumar passava o tempo. 
 
Portanto, toda a ocupação do oficial, à época, embora fosse pintar 
e tomar café, almoçar e jantar ou qualquer outra atividade 
cotidiana, necessário era haver um cigarro, para mais e mais ainda 
ascender ao crescente domínio do vício. 
 
Com o passar do tempo, havia já uma diferença, não mais se 
sentia o mesmo desgraçado e inferiorizado, como antes e passou 
a receber visitas diversas, menos uma, a dos evangélicos! Não 
conhecia a Deus, não sabia quem Ele era, ainda que chamasse por 
Ele para o dia de visita chegar naquele xadrez. 
 
Portanto, mesmo com aquele tempo finalizado chegava o período 
da solidão; então, mergulhava na pintura, no cigarro e na bebida 
alcoólica que entrava de forma clandestina. 
 
Na verdade, não conseguia dormir à noite, pois passava a noite 
em claro, e dormia durante parte do dia, de certa forma, entre as 
poucas horas que conseguia fechar os olhos havia a rara 
oportunidade de não sonhar, onde vislumbrava que estava em 
liberdade e viajava pelo que não lhe era possível fazer, afinal de 
contas, contentava–se pela ilusão de sua mente, como parte dum 
passado contraditório. 
 
Diante do Tribunal Militar 
 
No dia 02 de agosto de 1992, foi retirado da cela às 8h00 da 
manhã. Fazia já cinco meses, na prisão do CFAP; ainda com boa 
1º Tenente PM GeovaldoBarroso 
39 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
aparência, apesar de haver adquirido uma cor pálida, barbeou–se 
depois de dois meses, quando, também, seu cabelo foi cortado. 
Ficou com boa aparência, vestiu a farda de passeio (Uniforme 3º 
B), dava a si mesmo um toque de elegância à sua presença. 
 
Havia um forte esquema policial montado para sua segurança, 
inclusive de oficiais que estavam um tanto quanto assustados. 
Então, colocaram–lhe as algemas. Dentro de alguns instantes, 
seria citado por violação ao código Penal Militar; pouco tempo 
depois, estavam todos juntos, o acusado e as vítimas na Sala de 
Audiências (Antessala de espera) da Auditoria Militar do Estado 
do Ceará. 
 
O advogado, Dr. José Aurélio de Oliveira, veio à presença de seu 
cliente, Tenente Geovaldo, cumprimenta–o e diz: “Não se 
preocupe! Não há qualquer prova nos autos contra você, tenho 
certeza de que, hoje, sairemos vencedores”. 
 
Naquele instante por uma fração de segundos o oficial sorriu 
timidamente pela palavra (seremos); como se o próprio advogado 
comparecesse perante aquela Corte Militar, como culpado em 
substituição à sua sentença. 
 
Às vezes, o oficial chegava a pensar consigo mesmo: 
“Advogados, claro que nem todos! Mas alguns ganham a causa 
perdida, outros perdem a causa ganha. Mas o cliente, recebe os 
pêsames da sentença e fica no vermelho”. 
 
Por uma porta larga à direita começam a surgir, um após outros 
seis homens: O Magistrado, M D Juiz Auditor da Auditoria 
Militar do Estado do Ceará, Gerson Breno Marinho, 
acompanhado de cinco oficiais que comporia o Conselho 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
40 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
Especial de Justiça, que julgaria os rumos da vida do Tenente 
Geovaldo. Portanto, na cadeira central ficava sentado o 
presidente, à sua direita, e à sua esquerda, ficavam seus 
assessores. 
 
Na Sala – Silencio: De repente, todos de pé! 
 
O conselho que julgaria sua vida em vida sentou–se, e todos 
fizeram o mesmo de imediato. Aquele conselho fixava os olhos 
no oficial, como um vivo morto, já bem morto. 
 
Naquele salão, deu–se início a uma série de debates com total 
imparcialidade (quem acredita nisso?). As testemunhas de 
acusação, pessoas diferentes que o Tenente jamais havia visto. 
Tudo parecia já haver um desfecho, embora ele não pudesse 
acreditar que aquele conselho antes, jamais havia condenado 
oficiais da ativa e sequer da reserva, mas faria diante de todos os 
membros componentes daquela assistência reunida e somada ao 
apoio do sensacionalismo da imprensa escrita, falada e televisiva 
de que, o Tenente Geovaldo era culpado. O represente do 
Ministério Público Militar é o Dr. Neymar Lamak, promotor 
Auditor Militar, nada como uma ótima oportunidade de sair do 
marasmo em grande estilo; Grande caso, publicidade gratuita, 
onde, ainda seria substituído pelo promotor assistente da 
acusação, Dr. José Marcus Carrero. Tudo era muito perfeito, 
havia uma fatia do bolo para todos. Na verdade, o Tenente 
Geovaldo era o cardápio principal, o clamor público e bom 
tempero ao mesmo tempo, uma refeição conveniente para todos 
que faziam parte do conjunto teatral daquele circo. O promotor, 
além de ser o acusador oficial, nada tinha de humano, ainda havia 
um assistente da mesma linhagem: de certa forma para quem 
nalgum dia, havia um pouco de imagem pública, agora, estava o 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
41 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
acusado nas mãos deles. Portanto, este promotor tendo a lei e 
todas as ferramentas em suas mãos, é quem manejava a balança e 
fez sempre o possível para que se inclinasse para seu o lado. 
Aquele promotor, como peça número um da acusação por parte 
do Estado, senão, seu representante legal, brevemente engoliria o 
oficial acusado, para um dos depósitos humanos, (PRISÃO 
ESTADUAL), à época, o Instituto Penal Paulo Sarasate – IPPS. 
Com seus olhos de abutre e como que se abaixasse um pouco sua 
cabeça, observou–se que suas pálpebras, tiravam olhares intensos 
para a pessoa do acusado, de todos os seus ângulos. O conteúdo 
da acusação, a cada parte de leitura fortificava o peso das 
acusações: por um instante, inclinou–se um pouco sobre o 
acusado, talvez para melhor o dominar pelo terror. Naquela 
postura e, diante de tal olhar, diferente da anterior, fosse como se 
ele estivesse falando: “É meu camarada se você pensa que pode 
escapar, está muito enganado. Não dá para você entender seu 
cretino e miserável que as minhas mãos são como tesouras, essas 
mesmas mãos serão manuseadas para lhe triturar em pedaços e, 
vão permanecer bem implantadas em sua alma. E, não temendo 
ninguém, temido sou por todos os advogados e visto nesta 
promotoria como perigoso em palavras e gestos, é por nunca 
deixar escapar pilantras como você. Não quero saber se você é 
ou não culpado, não importa! Quero apenas usar tudo que existe 
contra você; sua vida, sua conduta disciplinar, promiscuidade, 
vícios, enfim, pintarei seu retrato junto à sociedade tão repelente 
que os membros desse Conselho de Justiça, farão você 
desaparecer da sociedade”. 
 
Até parece que, à época, o oficial o ouvia falar nitidamente em 
seus sonhos, pelo que, em parte, sentiu–se quase impressionado 
por tanta expressão de ódio, este era, portanto, o diagnóstico do 
então oficial réu, sobre aquele promotor e seus pensamentos, 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
42 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
como sendo um enorme devorador de vidas e que sussurrava: 
“Deixe que eu o conduza acusado, e acima de tudo se entregue, 
não resista, pois o levarei direto para a morte”. 
 
Na Sala de Interrogatórios: Auditoria Militar Estadual 
 
Era 10h00 da manhã e os debates foram abertos. Perante o oficial 
acusado, um magistrado, com fome de poder: Oficiais da 
Corporação que mais parecem um grupo de abutres, também 
presente se fazia o promotor titular e o assistente de acusação, 
ambos agressivos, onde não mediriam esforços para utilizar todo 
tipo de poder e inteligência autoritária, a fim de convencer o 
Conselho Especial de Justiça (abutres fardados), bem como o 
público presente de que o Tenente Geovaldo era culpado, e que a 
sentença não poderia ser outra, senão a condenação, e como 
prêmio de consolação, um apartamento na Prisão estadual de 
segurança máxima, para o condenado (IPPS). 
 
1ª Condenação (O Crime não Compensa!) 
 
O Advogado Dr. José Aurélio Oliveira, procura ainda fazer sua 
defesa, mas, no momento, percebeu que não estava à altura do 
ministério público militar. 
 
Apenas um renomado advogado em fórum militar poderia com 
pleno conhecimento em Jurisprudência Penal Militar replicar o 
réu de tais acusações por alguns instantes. 
 
Infelizmente, tal episódio durou muito pouco e a habilidade do 
promotor militar superou a situação. Além do mais, ele promoveu 
um show de fatos ilustrados pela cópia dos autos, para o Conselho 
Militar. 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
43 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
Cheio de orgulho diante da forma verbal de tratamento plenário, 
pela impressionante representação do Ministério Público, nada 
mais eram que peças colaboradoras. 
 
Por volta das 14h00 horas, finalizou o que mais parecia uma 
partida de xadrez. O Dr. José Aurélio Oliveira, defensor do 
acusado, já se encontrava em “xeque–mate”, isto é, agora, já se 
sabia da primeira condenação do acusado. A sociedade 
fortalezense, representada pela Promotoria da Auditoria Militar 
do Estado do Ceará, os Promotores Neymar Lamak e José Marcus 
Carrero, eliminava uma vida de 30 anos. Sem qualquer piedade 
ou constrangimento da plateia, na sala de audiências da Auditoria 
Militar; mas parecia um teatro, onde a crítica como de costume 
ao final, soa a sentença sob uma voz firme e fria do Presidente do 
Conselho Especial de Justiça: Acusado: Levante–se! (Presidente 
CEJ): Então, o acusadose levantou. (Tenente Geovaldo) 
 
No recinto imperava um silêncio jamais ouvido. É então, que, o 
coração do tenente Geovaldo, o (réu), bate de forma acelerada, 
em total descompasso. Os membros do conselho olharam para o 
acusado por alguns instantes, antes da leitura da sentença e logo 
abaixam suas cabeças, parecia estar ciente da batida do martelo, 
de repente, uma forte voz! 
 
Acusado: Já que os membros desta Corte da Justiça Militar 
Estadual, o considera culpado de todas as acusações menos uma 
a de estupro, você está sentenciado à pena de 40 anos de reclusão; 
sendo que, 20 anos pelo homicídio de Gonzaga... 08 anos pela 
tentativa de homicídio contra Alan... E 12 anos pelos roubos de 
três veículos. 
 
O acusado tem alguma coisa a alegar? (Disse o presidente) 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
44 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
Nada foi alegado pelo acusado para aquele conselho, permaneceu 
em silêncio, porém, apenas apoiou–se mais forte à lateral da mesa 
do banco do réu. Depois de alguns instantes na sala, ouviu–se a 
voz do Presidente do Conselho de Justiça Militar: Capitão! 
Conduza o condenado sob a escolta armada para seu local de 
origem. (Juiz Auditor) 
 
Agora, já sentenciado, desceu as escadas do antigo Edifício do 
Fórum Clóvis Beviláqua, antes, defronte à (Praça da Sé), 
escoltado por um forte aparato policial chegava ao térreo do 
prédio. Todas as viaturas da escolta já estavam posicionadas para 
conduzir o preso. Não havia nenhuma divisão interna. Todos se 
sentavam juntos no banco traseiro, o acusado, juntamente com 
mais quatro policiais da escolta: o capitão, comandante da escolta 
deu a ordem de comando ao motorista: Destino – “CFAP”. 
 
Retorno ao CFAP 
 
No CFAP, o comandante da escolta, Capitão Clinton Machado, 
fez a entrega do condenado ao Oficial de Dia, o qual passou em 
livro o registro da sua chegada àquela Unidade Militar. 
 
Antes da saída da escolta para surpresa do acusado, um graduado 
da escolta achegou–se até a porta do xadrez e apertando–lhe a 
mão disse: 
– Tenente Geovaldo tenha fé em Deus! 
Naquele momento, o tenente Geovaldo, era questionado pelo 
Oficial de Dia, o qual lhe perguntou: 
– Qual foi a sentença que o conselho de justiça tinha lhe aplicado? 
(Oficial de Dia) 
– Quarenta (40) anos (respondeu o tenente Geovaldo) 
 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
45 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
Não é possível, acho que todos estavam loucos! Disse o Oficial 
de Dia: Mas, quando olhou em volta dos policiais e via seus 
semblantes, a dúvida já desaparecia por completo. 
 
O jovem Oficial de Dia, o qual é evangélico acompanhava 
atentamente a situação do Tenente Geovaldo, sempre lhe 
anunciava as boas novas da Palavra de Deus. E, naquele dia, 
ordenou gentilmente a retirada das algemas e o acompanhou até 
a porta do xadrez ocupado pelo tenente Geovaldo, já havia mais 
de cinco meses, trancado. 
 
O Oficial de Dia, insistiu em dizer que a sentença era exorbitante 
em seu entendimento e acreditava que isso iria muito além da 
aplicação da própria justiça humana! 
 
O oficial de Dia, ainda complementou com palavras de 
fortalecimento, quando ele mesmo fechava a porta do xadrez: 
mandarei trazer alguma coisa para você se alimentar, mas tenha 
coragem, pois, ainda existe uma saída, creia que nem tudo está 
perdido. O tenente Geovaldo, simplesmente agradeceu às boas 
palavras do oficial amigo. Alguns instantes depois, o tenente 
Geovaldo da lateral esquerda da sua cela começou a ouvir passos 
que se aproximavam da porta do xadrez, aonde ele se encontrava 
recolhido. O que está acontecendo? (Perguntou tenente 
Geovaldo). Não é nada não senhor! 
 
Mas que perguntou, trata–se apenas de um lembrete do que rolou 
como comentário no corpo da guarda a respeito do seu caso, isto 
é, que o crime não compensa! (Sentinela) 
 
O certo é que, o tenente Geovaldo passou a repensar naquelas 
palavras e deduziu que todos os oficiais e praças estavam achando 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
46 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
que por tal condenação ele poderia tentar o próprio suicídio. Por 
outro lado, a partir daquele momento o tenente Geovaldo decidiu 
já mesmo condenado numa primeira sentença de prisão, viver e 
lutar contra tudo e conta toda a situação, e disse: “A partir de 
amanhã começarei a viver, mesmo que ainda contra toda 
esperança de saída deste buraco, mas, buscarei viver pela minha 
vida”. 
 
Na manhã seguinte após o café matinal, o tenente entendeu que 
deveria apelar de sua sentença para uma instância superior, mas 
dizia ainda para consigo mesmo! 
 
“Quanto tempo talvez deva perder com tal decisão – Um ano, 
dois ou dez? ”, e ainda continuava a pensar... “E para quê, para 
receber uma diminuição de 40 anos, para 39 anos! ”. 
 
Naquela pequena cela, às vezes, sem ainda entender a gravidade 
da situação, é que ele começou a caminhar em volta do pequeno 
espaço entre si, para, vez por outra, se abater e caiu na (real), ou 
melhor, dizendo: Que significava o fim da linha! Ah, foi então 
que, aos poucos ele descobriu não se tratar de um sonho, mas de 
uma dura realidade, onde existia portão de ferro à sua frente com 
cadeado de bronze, e começou a pensar! 
 
“Acredito que causei sofrimento para muitas pessoas, minha 
mãe, toda sua angústia e a cruz que ora vem carregando por 
minha causa”. 
 
De agora em diante, se acometia e delirava diante de 
pensamentos, tais como: “Sou um condenado e ainda que oficial 
de polícia, de fato, o sou, mas de direito comprometido, bem 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
47 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
perdido e sem direção”. Por outro lado, para quem ele era 
inocente? Apenas para sua mãe que tanto nele acreditou! 
 
Na verdade, ele já sabia não se iludir, afirmando ser inocente, 
pois, boa parte de todos iriam rir, foram quarenta anos de 
condenação confirmada por instância superior, e alegar 
inocência? Seria ridículo! Mas o Tenente Geovaldo, ainda 
pensava consigo mesmo! 
 
“Melhor é se calar, sabendo que não sendo visto não seria 
lembrado por ninguém! ” 
 
2ª Condenação (O Crime não Compensa!) 
 
Mais uma vez estava preparado um forte aparato policial, onde 
pela segunda vez se sentaria no banco dos réus, para mais um 
julgamento que se iniciaria às 9h00 daquela manhã, na Sala de 
Audiências da Corte da Justiça Militar do Estado do Ceará. 
 
No Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP) 
chegava uma escolta formada por quatro viaturas e mais de vinte 
policias militares. O comandante, bastante apreensivo passou a 
emitir ordens soltas, diante do escoltado, o “tenente Geovaldo, o 
qual já estava algemado”, como se temessem algum imprevisto. 
 
No Fórum Clóvis Beviláqua, havia já uma grande multidão de 
manifestantes (alunos de entidades estudantis de Fortaleza, 
grupos feministas, acadêmicos de direito e autoridades diversas). 
 
Enfim, presente toda a assistência na Sala de Audiências, 
novamente, o Tenente Geovaldo sentou no banco dos réus, desta 
feita para responder por um assalto ocorrido no dia 17 de maio de 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
48 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
1992. Nada havia a favor do réu, senão, as muitas testemunhas de 
acusação. Não era difícil entender que pelo rumo dos 
depoimentos não poderia mais uma vez escapar da condenação 
diante dos autos. Então, ele se lembrou das palavras do Promotor. 
 
“É meu camarada, você pensa que pode escapar, está enganado. 
Não dá para entender seu cretino e miserável que as minhas 
mãos são como tesouras, elas vão triturar você todinho em 
pedaços. E se não temo a ninguém, temido sou de todos os 
advogados e visto como promotor perigoso e não deixo escapar 
pilantras da sua estirpe”. 
 
Entrou o magistrado, os juízes do Conselho, a promotoria e 
membros da assistência. Era 10h00 da manhã do dia 13 de 
novembro de1992. Começava então mais um julgamento. O 
advogado de defesa aproximou–se do seu cliente e disse: “Não se 
preocupe, pois, nesse julgamento, as provas dos autos estão todas 
lhe favorecendo”. Nesse ínterim, o acusado, tenente Geovaldo, 
sabendo do desastroso resultado da primeira condenação refletiu 
consigo mesmo! 
 
“Mas que provas estariam ao meu favor? Se todo o sistema gira 
contra mim e não a favor! ” 
 
Mais tarde, por volta das 15h00 horas, os membros do conselho 
retornaram à Sala de Audiências, onde mais uma vez, seria lida a 
sentença. Ali, naquele salão, a sentença de condenação imposta 
ao tenente Geovaldo, já era conhecida. 
 
Então, ouviu–se a voz do presidente daquele Conselho Especial 
de Justiça o (Juiz Auditor), onde já havia condenado o réu uma 
primeira vez, e agora, o fazia culpado pela segunda vez. 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
49 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
Acusado: Levante–se! (Adiantou o presidente do conselho). E, 
estando o Tenente Geovaldo em pé, todos os membros do 
Conselho, novamente fitaram os olhos nele, antes mesmo da 
sentença condenatória ser pronunciada. 
 
Acusado! Já que os membros dessa Corte Especial de Justiça, 
representando o Estado e a sociedade, o considerou culpado de 
todas as acusações, portanto, é condenado à pena de 13 anos de 
reclusão... Sendo que, 07 anos pelo assalto e 06 anos pelo 
estupro3. 
 
Acusado! Tem alguma coisa a dizer? (Juiz Auditor). O réu 
permaneceu em silêncio absoluto diante daquele Conselho, pois, 
compreendeu que estava perdido, isto é, estava arruinado. Que 
saída haveria para ele? Na verdade, ele não sabia como tudo 
aquilo terminaria. 
 
3ª Condenação (O Crime não Compensa!) 
 
Dia 22 de novembro de 1992, por volta das 10h00 da manhã, 
novamente cercado sob uma forte escolta militar, mais uma vez, 
era conduzido ao Fórum Clóvis Beviláqua, antes, localizado 
 
3 TJCE, Gabinete Desembargador Raimundo Hélio de Paiva Castro. Revisão 
Criminal nº 97042086 de Fortaleza; Requerente: Francisco Geovaldo de Souza 
Barroso. Requerido: Justiça Pública, Relator Raimundo Hélio de Paiva Castro. 
O laudo do IML não encontrou sinais de violência no corpo da vítima, 
portanto, a vítima após 25 dias, apresentou laudo clínica particular com sinais 
de violência. Portanto o apelante foi condenado mesmo contra a prova dos 
autos, “alegando que tudo foi robustamente comprovado, pela palavra da 
vítima e demais elementos probatórios”. Além disso, foi negado provimento 
a presente ação revisional, por inexistirem circunstâncias que autorizem a pró 
revise reforma da decisão condenatória, Fortaleza, em 21/10/1998. 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
50 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
próximo à Praça da Sé, onde, funcionavam as antigas instalações 
da Auditoria Militar do Estadual. 
 
Estava tudo preparado, para o que seria o último julgamento. No 
banco dos réus, na Sala de Audiências, deu–se início ao teatro, 
onde advogados, promotores, juízes e assistência, enfim, estava 
armado o palanque para mais um espetáculo. 
 
Promotoria e defesa, lado a lado desafiavam–se, e atento a tudo 
estava o Conselho. O réu (tenente Geovaldo), já com duas 
condenações transitadas em julgado, somava-lhe 53 anos de 
reclusão e já não mais acreditava em nada a seu favor, portanto, 
ele era o alvo da metralhadora giratória daquele Conselho 
Especial de Justiça, e para ele era certo não escapar quando toda 
a fase da instrução criminal chegasse ao seu final. Finalizados 
todos os debates da promotoria, dos advogados (acusação e 
defesa), dar–se–ia por encerrado o que seria mais um fuzilamento 
do acusado. 
 
De certa forma, o réu, antes, 1º Tenente Geovaldo, já não mais 
suportava a montagem daquele teatro e, até agradecia a Deus, 
porque, não mais assistiria ao oportunismo de auditores, 
promotores, advogados e outros. Era 13h00 horas, um a um 
entrava na sala, não havia sinceridade em nenhum dos 
semblantes, mas, apenas hipocrisia. Portanto, ouviu–se por uma 
última vez a voz do Presidente do Conselho de Justiça Militar (a 
voz das más notícias). 
 
Acusado – Levante–se! (Juiz Auditor). 
Estando em pé o réu (o mesmo procurava manter sua calma, mas 
não podia esconder o ar de nervosismo, perante aquela Corte 
Especial de Justiça Militar). 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
51 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
Acusado! Já que os membros desta Corte Especial de Justiça, o 
considera culpado de todas as acusações menos uma a de 
sequestro é (julgado) e condenado à pena de 21 anos de reclusão. 
 
Acusado! Alguma coisa a declarar em seu favor? (CEJ)4. 
O réu, o tenente Geovaldo, agora, com três condenações manteve 
sua boca fechada, e não declarou nada a seu favor. 
 
Visto que, na totalidade das penas impostas, ao então, 1º Tenente 
PM Geovaldo, estas já lhe somavam 74 longos anos que lhe 
seriam arrancados na prisão. De certa forma, não buscou entender 
como tal sentença podia ser um instrumento de regeneração social 
(correção humana). Dessa forma, o tenente Geovaldo, deixou a 
sala do fórum, como quase que sufocado, com tanto tempo de 
prisão para cumprir. 
 
Portanto, no percurso de saída daquela Corte Estadual da Justiça 
Militar, ajuntou–se uma grande multidão do que antes era a 
assistência na Sala de Audiência, visto que, tentava espancar o 
oficial em poder da escolta, como forma de protesto e repúdio 
social, pelo que a multidão foi contida pela escolta militar. 
 
Do Conselho de Justificação 
 
Recluso, ainda em um Xadrez do CFAP, agora, no primeiro 
semestre de 1993, recebeu das mãos do Capitão PM Paulo, uma 
cópia da intimação do que seria o início do Conselho de 
Justificação, onde haveria de prestar depoimento acerca dos fatos 
que deu origem à sua prisão preventiva. 
 
4 Conselho Especial de Justiça (quando se pronunciava o Presidente do 
Conselho). 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
52 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
Perante o Conselho de Justificação à frente estava o então 
Comandante do CFAP, Coronel PM Murilo, como relator o 
Major PM Richard e, como escrivão, o Capitão PM Paulo. 
 
Na presença de todos os oficiais integrantes desse conselho, ficou 
ciente pelo que estava a responder, bem como de todas as 
acusações que pesavam sobre sua pessoa, dentre as quais, 
denúncias do Ministério Público Militar, como: (homicídio, 
tentativa de homicídio, extorsão mediante sequestro, assaltos, 
estupro, insubordinação, roubo de veículo). 
 
Pelo que, estando ele ciente de todas as acusações, o Estado, 
sendo representado por aquele Conselho de Oficiais, sustentava 
todas as acusações contra o acusado, o ainda (1º TEN PM 
Geovaldo) e, assim, o Conselho de Justificação, deu início aos 
trabalhos de interrogatórios... 
Conselho: Tenente Geovaldo, qual o seu nome completo? 
Réu: Francisco Geovaldo de Souza Barroso. 
Conselho: Qual a sua filiação? 
Réu: Frivaldo de Paula Barroso e Maria Adélia de Souza Barroso. 
Conselho: Onde nasceu e qual é a sua idade? 
Réu: Fortaleza (CE), 30 anos de idade. 
Conselho: Quando ingressou na corporação? 
Réu: Em 03 de Março de 1993. 
Conselho: Na sua família há alguém que é louco ou tem sintomas 
de loucura? 
Réu: Afirma não ter conhecimento de fatos dessa natureza. 
Por outro lado, várias foram as perguntas daquele conselho 
impostas ao acusado (tenente Geovaldo), quando submetido à 
investigação, porém, interpretou–se que, tal conselho, 
investigava ou discutia a questão da sanidade mental do oficial. 
 
1º Tenente PM Geovaldo Barroso 
53 
74 Anos de Reclusão – Regime Fechado 
 
O certo é que, sobre aquele conselho pairou dúvidas da sanidade 
mental do acusado, pareceu ao conselho ainda não acreditar como 
um oficial poderia colocar toda sua vida, sua carreira promissora 
e sua notável aptidão a profissão na lata do lixo, cometendo

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