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AMANDA FARIA 06/04/2021 – 3º PERÍODO Semiologia Cardiovascular VISÃO GERAL A semiotécnica do sistema cardiovascular está integrada com outros sistemas, como, por exemplo, o sistema respiratório. Para entender a semiologia desse sistema, é necessário ter conhecimentos fundamentais teóricos sobre a fisiologia, como o ciclo cardíaco, ritmo e entre outros. SISTEMA CARDIOVASCULAR O sistema cardiovascular se constitui pelo coração com um papel de bomba, bombeando o sangue através das artérias e veias para que ele atinja os diferentes tecidos e partes do corpo. É um sistema hidráulico fechado, com uma bomba central que tem energia mecânica suficiente que se transforma em energia hidráulica, proporcionando um fluxo sanguíneo para as grandes áreas teciduais e órgãos periféricos. Essa energia hidráulica precisa estar presente para que esse sangue retorne ao mesmo coração a fim de realizar um outro circuito hidráulico. Qualquer alteração em qualquer parte do sistema cardiovascular vai repercutir em todas as áreas por ser um sistema fechado. DISCUSSÃO DE CASO: IAM Um exemplo é um paciente que sofre um infarto agudo do miocárdio (necrose em uma parede muscular qualquer). Em caso hipotético a necrose ocorra na parede muscular do ventrículo esquerdo, ocorre uma repercussão a nível sistêmico com o comprometimento da oferta de sangue aos sistemas (diminuição da perfusão tecidual); ou também o comprometimento no fluxo que chega ao coração. Esse indivíduo perde força muscular, perdendo força de contração e, assim, diminuindo o volume sistólico/ volume ejetado para a aorta. Consequentemente, o volume residual (volume que sobra no ventrículo), ele aumenta. Aumentando esse volume residual, ocorrerá algumas alterações hemodinâmicas (a pressão dessa cavidade aumenta, aumentando também a pressão no átrio esquerdo e nas veias pulmonares, gerando aumento de pressão nos capilares pulmonares). CICLO CARDÍACO O ciclo cardíaco ocorre tanto no ventrículo esquerdo, quanto no direito e da mesma forma ocorre com a sístole atrial e diástole atrial. Para gerar toda a energia hidráulica que gera o movimento hemodinâmico e fluxo sanguíneo, são necessárias contrações e relaxamento, ou seja, mecanismos que gerem pressão, facilitando o livre fluxo sanguíneo para esse circuito hidráulico. Isso é feito no chamado ciclo cardíaco. Esse ciclo pode ser dividido em duas fases, que são a sístole ventricular e a diástole ventricular, que também são divididas em suas respectivas subfases. SÍSTOLE E DIÁSTOLE VENTRICULAR A sístole ventricular é a fase relacionada com a contração do ventrículo. Ela é subdividida em duas subfases, que são: 1. Contração isovolumétrica; 2. Ejeção rápida e lenta. A diástole ventricular está relacionada com o relaxamento do ventrículo e é subdividida em quatro subfases, que são: 1. Relaxamento isovolumétrico; 2. Enchimento rápido; 3. Diástase (enchimento lento); 4. Sístole atrial. AMANDA FARIA 06/04/2021 – 3º PERÍODO CONTRAÇÃO ISOVOLUMÉTRICA A contração isovolumétrica é o período entre o início da sístole e a abertura das válvulas semilunares (válvula aórtica e válvula pulmonar). É o momento em que o ventrículo está cheio de sangue e precisa ejetar esse sangue na cavidade a nível periférico. Nessa etapa da contração isovolumétrica, o ventrículo começa a se contrair, mas não ocorre nenhum tipo de alteração do volume. O objetivo único é aumentar rapidamente a pressão ventricular, é necessária uma pressão enorme para levar esse sangue pelo corpo. O ventrículo se contrai, há um aumento da pressão intraventricular e o volume permanece constante. EJEÇÃO RÁPIDA E LENTA A ejeção rápida e lenta ocorre a partir do momento em que há a abertura das válvulas semilunares devido ao aumento de pressão dentro do ventrículo (a pressão no ventrículo está maior do que a pressão na artéria/veia). Ejeção Rápida: Inicialmente há uma ejeção rápida, que é uma ejeção precoce. Com essa ejeção rápida, há um aumento rápido das pressões ventricular (essa pressão aumenta porque ao mesmo tempo que há a perda de volume, há a contração ventricular) e aórtica (essa pressão aumenta porque recebe um grande volume de sangue). É necessário o aumento da pressão ventricular para evitar que o fluxo pare, uma vez que se não houvesse força de contração suficiente, não seria aumentada a pressão ventricular, consequentemente, o volume ejetado seria menor e as pressões rapidamente se igualaria entre ventrículo e aorta e o fluxo pararia. Todo o volume no ventrículo que está em uma pressão enorme é ejetado de uma forma rápida, sendo assim o volume ventricular diminui abruptamente, ocorrendo também um aumento do fluxo aórtico. Aumento rápido das pressões ventriculares e aórtica, volume ventricular diminui e há um aumento do fluxo sanguíneo aórtico. Ejeção Lenta: Posteriormente, ocorre a ejeção lenta. Há um momento que o volume de sangue do ventrículo vai diminuindo e mesmo que haja contração ventricular suficiente, o fluxo sanguíneo vai diminuindo porque o volume de sangue diminui. Sendo assim, a pressão aórtica diminui, porque o volume de sangue que chega nela diminui durante essa fase tardia e todo o volume que ela recebeu inicialmente na fase de ejeção rápida já se encontra na periferia. Pressão aórtica diminui e o fluxo sanguíneo ventricular ejetado diminui. RELAXAMENTO ISOVOLUMÉTRICO O relaxamento isovolumétrico faz parte da diástole, a qual possui o objetivo de relaxar e receber mais sangue para que ocorra novamente a sístole. Essa fase de relaxamento isovolumétrico compreende o período a partir do fechamento das válvulas semilunares até a abertura das válvulas atrioventriculares. Esse relaxamento possui o objetivo de diminuir a pressão intraventricular abruptamente com o intuito de receber maior quantidade de sangue. Não há variação de volume, pois as válvulas estão todas fechadas. Esse volume que está presente no ventrículo é o volume chamado de volume residual (volume sistólico final), ou seja, volume presente após a sístole e antes da diástole. ENCHIMENTO RÁPIDO Quando se diminui a pressão, há uma abertura das válvulas atrioventriculares, que são as válvulas mitral e tricúspide. Nesse momento, o átrio está repleto de sangue para ser ejetado no ventrículo e, quando, a pressão cai e as válvulas se abrem, ocorre um enchimento rápido. AMANDA FARIA 06/04/2021 – 3º PERÍODO A pressão está tão grande no átrio que quando as válvulas se abrem, há um enchimento rápido. Esse enchimento rápido é a principal parte do volume ventricular, ou seja, de todo o volume que será ejetado na sístole, o responsável é a fase de enchimento rápido. Qualquer alteração nessas válvulas ou problemas atriais, pode acarretar alterações no volume sistólico. Responsável pela maior parte do volume ventricular e pressão ventricular menor que a atrial. DIÁSTASE (ENCHIMENTO LENTO) Após a etapa do enchimento rápido, ocorre a fase do enchimento lento, também chamada de diástase. Nesse momento, as pressões dentro do átrio e do ventrículo vão aumentando e se equiparando, apesar da pressão do átrio estar aumentada. Consequentemente, o volume de sangue do átrio diminui, assim como a pressão do átrio diminui. Nesse momento a pressão intraventricular vai aumentando. Enchimento ventricular lento. Fase que ainda há ejeção, mas de uma forma mais lenta que a anterior. SÍSTOLE ATRIAL A sístole atrial se inicia quando a pressão dentro do átrio começa a se equiparar com a pressão do ventrículo, e se isso ocorrer, há uma parada de fluxo. Nesse momento da fase final, oátrio ainda possui volume a ser ejetado, mas por alteração passiva ele não consegue, sendo assim, para completar o volume diastólico do ventrículo, o átrio se contrai vigorosamente, o chamado kicking atrial. Completa o enchimento ventricular. Ao se contrair, ele consegue aumentar sua pressão, ficando com uma pressão maior que a pressão ventricular e é completado o enchimento ventricular. Cerca de 20% do débito cardíaco, ou seja, 20% do volume que será ofertado a nível tecidual é decorrente dessa fase. DISCUSSÃO DE CASO: ARRITIMIA DE FIBRILAÇÃO ATRIAL Há situações em que há um comprometimento da contração atrial, como na arritmia de fibrilação atrial, em que o átrio não contrai, ele fibrila (realiza contrações mínimas). Sendo assim, ele não gera energia mecânica e o paciente certamente possui um comprometimento do enchimento ventricular e vai ter um comprometimento do volume sistólico. Faz-se necessário um bom funcionamento do átrio. DISCUSSÃO DE CASO: INSUFICIÊNCIA MITRAL A insuficiência mitral é a incapacidade da válvula mitral de se fechar, o que pode ser causado por alguma doença. A válvula mitral é uma válvula atrioventricular responsável pela primeira bulha, com isso, ela possui influência direta nas etapas do ciclo cardíaco, como na contração isovolumétrica e ejeção rápida e lenta. Na contração isovolumétrica, uma vez que a válvula mitral permanece aberta, durante essa fase de contração isovolumétrica, o fluxo sanguíneo pode retornar do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo. O funcionamento correto seria: o ventrículo se contrai, o sangue permanece com o mesmo volume dentro dele e ao se ter um aumento de pressão, as válvulas semilunares abrem e o sangue vai para a artéria aorta. Contudo, como a válvula mitral não se fecha, o sangue pode retornar ao átrio. AMANDA FARIA 06/04/2021 – 3º PERÍODO O volume do ventrículo esquerdo regurgita parcialmente para o átrio esquerdo e, consequentemente, influencia na ejeção da sístole. Na etapa de ejeção rápida e lenta da sístole, o volume que será ejetado pela válvula semilunar é bem menor, pois parte dele foi regurgitado para o átrio. Devido a esses fatores, o átrio passa a ter uma sobrecarga de volume muito grande e começa a aumentar o seu tamanho. SEMIOTÉCNICA CARDÍACA Algumas questões são importantes em ter em ente durante um exame físico. • O que examinamos? O paciente, sendo nesse caso, exame do seu aparelho cardiovascular (precórdio e aparelho vascular). • Por que examinamos? • Como examinamos? Inspeção, palpação e ausculta. • O que utilizamos? A tecnologia utilizada para um bom exame físico são os sentidos: visão, (inspeção), audição (ausculta e percussão), tato (palpação) e olfato (ex: melena, vômitos percaloides, cetoacidose diabética). • O que buscamos? Há busca na inspeção, na palpação e na ausculta. “Ensine o aluno a observar.” “Não usem suas mãos somente para palpar seus pacientes. Usem-nas, também, para confortá-los.” – W. Osler INSPEÇÃO A busca na inspeção está relacionada com a forma física inerente ao paciente e os possíveis achados. Avalia-se, entre outros aspectos, o tipo de tórax, por exemplo. TÓRAX EM TONEL Um paciente que possui o diâmetro anteroposterior do tórax aumentado, que é recorrente na enfisema pulmonar, pode ter uma influência direta no exame do aparelho cardiovascular, uma vez que com esse tórax aumentado, a ausculta se torna prejudicada. Quanto maior distância entre o estetoscópio e o coração, maior é a perda das ondas sonoras e, consequentemente, a intensidade do som é diminuída, os ruídos e as bulhas podem estar hipofonéticas. Esse som hipofonético não é devido a uma alteração cardíaca e, sim, devido a uma alteração na parede torácica, evidenciada na inspeção, que foi provocado por um problema pulmonar. CICATRIZES As cicatrizes vistas na inspeção devem ter uma correlação com o contexto clínico para que possam ser um marcador de algo considerável no exame do precórdio. Um exemplo é a uma cicatriz na região esternal, presente em um doente que possui uma dor torácica, ou seja, há uma correlação clínica (não teria correlação caso o paciente apenas se queixasse de infecção urinária, por exemplo). Uma cicatriz no tórax, principalmente região esternal, indica que já houve uma cirurgia prévia provavelmente cardíaca. No exemplo do paciente que possui dor no peito e a cicatriz, essa dor no peito pode indicar um infarto agudo no miocárdio, sendo a hipótese ainda mais fortalecida com a presença da cicatriz, a qual pode indicar que já houve uma revascularização naquela área, ou seja, uma ponte de safena. Indivíduos com ponte de safena pode apresentar infarto agudo do miocárdio. TURGÊNCIA JUGULAR A veia jugular pode estar ingurgitada, indicando que há muito sangue em seu interior. Ela realiza o retorno venoso do corpo (cabeça e pescoço) para o átrio direito. AMANDA FARIA 06/04/2021 – 3º PERÍODO Em posição ortostática ou com o pescoço levantado, essa veia jugular deveria fisiologicamente estar mais vazia. Contudo, na condição da turgência jugular, há um indicativo de sangue que está represado, ou seja, há algo que está impedindo o retorno venoso. No caso de um paciente infartado com a apresentação de uma turgência jugular, a turgência reflete essa sobrecarga do aparelho cardiovascular, neste caso refere que há a disfunção de alguma câmara. CIANOSE Algumas alterações sistêmicas estão fora do contexto cardiovascular, como a cianose de extremidades. A cianose refere a uma falta de oxigenação. No exemplo em questão do infarto (com achado de cicatriz e turgência jugular), a cianose é um outro achado devido a uma diminuição de perfusão tecidual. Esse perfusão tecidual foi diminuída devido à perda do inotropismo e volume sistólico, gerando uma dificuldade de ejetar o volume necessário devido ao infarto. LESÕES CORRELACIONADAS COM DCV Existem algumas lesões que se correlacionam com doenças cardiovasculares, como o xantelasma, que traduzem os sinais de dislipidemias. O xantelasma é um depósito de gordura no tecido celular subcutâneo que pode ser encontrado no cotovelo, na orelha, nos olhos etc. Essa lesão não possui uma repercussão dramática, porém ela é importante no contexto clínico, uma vez que dislipidemia é um outro fator de risco para doença aterosclerótica coronariana. DISCUSSÃO DE CASO: INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) E TURGÊNCIA JUGULAR No infarto, o volume sistólico cai e há uma perda do inotropismo e, consequentemente, o volume residual do ventrículo esquerdo, aumentando a pressão dentro do ventrículo esquerdo. Isso repercute retrogadamente, por ser um ciclo fechado, também no átrio esquerdo que também sofre variação de pressão, a pressão dentro do átrio aumenta e ele não consegue se esvaziar de maneira correta para dentro do ventrículo, aumentando o volume residual, além da pressão. Esse aumento de pressão no átrio esquerdo repercute retrogadamente para as veias pulmonares, repercutindo na artéria pulmonar, no ventrículo direito, no átrio direito, na veia cava superior e, consequentemente há a turgência jugular. REFERÊNCIAS PARA PALPAÇÃO E AUSCULTA Algumas localizações são necessárias como referência para a realização da palpação e ausculta. Elas são dimensionadas pela latitude e longitude, que são linhas e espaços que delimitam esses pontos de referência. AMANDA FARIA 06/04/2021 – 3º PERÍODO LINHAS As linhas utilizadas são: 1. Linha Paraesternal Direita (LPED):é uma linha paralela à parede torácica imediatamente a borda esternal; 2. Linha Paraesternal Esquerda (LPEE): equidistante à linha LPED, também presenta na borda do esterno; 3. Linha Hemiclavicular Esquerda (LHCE): corta o ponto médio à clavícula e desce paralelamente à parede torácica. ESPAÇOS INTERCOSTAIS Reconhecer os espaços intercostais é fundamental para o exame físico. Os espaços intercostais são os espaços entre a costela e o espaço correspondente é o relacionado com a costela inferior. Para fazer a palpação do 2º espaço intercostal, deve-se achar o ângulo de Louis (fica presente entre o manúbio esternal e o corpo esternal). A 2º costela se encontra lateralmente ao ângulo de Louis e, abaixo dela, está o 2º espaço intercostal. A palpação das costelas se inicia com a segunda costela que está ao lado do ângulo de Louis, uma vez que a primeira costela não é palpável por estar abaixo da clavícula. Logo em seguida do 2º espaço, está outra protuberância óssea, que é a 3º costela e abaixo dela está o 3º espaço e por assim segue. ICTUS CORDIS O ictus cordis (ponta do coração) está localizado na interseção da linha hemiclavicular esquerda com o 5º espaço intercostal. A ponta do coração equivale ao ventrículo esquerdo, ou seja, o icuts cordis evidencia esta área. Em um paciente magro, é possível notar um batimento nesse 5º espaço intercostal em que está o ictus cordis. Ao deitar na cama, dá pra notar um bartimento neste local. Se for notado que o ictus cordis está voltado para a linha axilar anterior, pode-se suspeitar que o ventrículo esquerdo está aumentado, pois o ictus está desviado. PALPAÇÃO As áreas de palpação são o pulso arterial e a região precordial. Em todos os pulsos se avalia os seguintes pontos: 1. Ritmo: é a cadência com que a sístole é feita, o ritmo pode ser regular ou irregular; 2. Frequência: possui relação com o número de vezes por minuto que há pulso; 3. Amplitude: variação com o movimento respiratório, ela pode ser maior ou menor. No momento da inspiração ela é maior devido ao aumento do retorno venoso que aumenta a pressão de pulso; 4. Simetria: é a relação da amplitude em ambos os lados; 5. Frêmito: sensação tátil do sopro; 6. Tipos de pulso: características de alguns tipos. Um paciente com hipovolemia ou hemorragia, possuem uma pressão de pulso diminuída (pulso filiforme), quase não é possível pegá-lo de forma adequada. A frequência cardíaca e frequência de pulso são diferentes, porém normalmente há uma correlação. Quando é pedido a medida da frequência cardíaca, deve-se ser feita na ausculta do precórdio porque há algumas doenças que alteram a frequência cardíaca em relação à frequência de pulso, as chamadas de dissociação pulso-precordio. Um exemplo são algumas arritmias cardíacas que as vezes proporcionam sístoles ineficazes. Quando se sente a artéria batendo na mão, isso corresponde à sístole, é o momento imediatamente depois. Sendo assim, em pacientes sem alteração alguma, há de fato uma correlação da frequência de pulso com a frequência cardíaca porque as sístoles estão sendo eficazes para produzir pressão de pulso. AMANDA FARIA 06/04/2021 – 3º PERÍODO Porém, existem situações em que alguma parte da frequência e ritmo cardíaco produzem uma frequência maior e dentro dessa frequência maior, não promove uma pressão de pulso suficiente, ela não é sentida no pulso arterial, como no caso das sístoles nas arritmias, em que passa despercebidas a fase posterior à sístole. Consequentemente, a frequência de pulso é menor que a frequência cardíaca. Principalmente em prova de residência, ao pedir frequência cardíaca é para auscultar com o estetoscópio, porém no pronto socorro se for necessário, utiliza-se a frequência de pulso para aferir a frequência cardíaca. PULSOS ARTERIAIS A palpação dos pulsos arteriais deve ocorrer bilateralmente a fim de evidenciar se há uma diferenciação de pulso. Uma condição que pode ser vista é ter um bom pulso no pulso radial direito, porém não ter um bom pulso no esquerdo. Isso pode ocorrer por alteração de modo mais periférico, ou seja, podendo ser uma obstrução de uma artéria à esquerda. Isso não condiz com uma alteração do ventrículo esquerdo, pois se fosse, causaria uma diminuição da palpação bilateralmente, pois a distribuição de sangue ocorre de forma equivalente no lado esquerdo e no lado direito. Pulso Radial: O pulso arterial mais comum de se palpar é o pulso radial. Uma das técnicas para palpá-lo é em garra (com o dedo polegar abaixo da face dorsal e o dedo médio e indicador na fossa radial) ou apalpar apenas com o dedo médio e indicador. A pressão usada para palpar esse pulso é medida da seguinte forma: apalpa fracamente o pulso, aumenta a pressão e vai diminuindo tal pressão e ao encontrar o maior pulso, se encontra a pressão ideal para a palpação. PULSO CAROTÍDEO O pulso carotídeo é palpado na região de altura da cartilagem tireoide, lateralização no bordo clavicular do músculo esternocleidomastoide. A importância desse pulso é que na sua ausência é um sinal direto deparada cardiorrespiratória. Além disso, esse pulso deve ser palpado a fim de pesquisar algumas situações. A palpação é sucessiva e não simultânea, isto quer dizer, não se palpa ao mesmo tempo a carótida esquerda e a direita, principalmente em pacientes idosos, pois há risco de diminuição da perfusão sanguínea e fluxo cerebral e o individuo pode sincopar. Outro ponto a ser considerado é realizar a ausculta inicialmente, antes da palpação, a fim de não interferir no que é auscultado. Por exemplo, pode se auscultar um sopro que foi causado pela palpação. PULSO FEMORAL Os pulsos femorais também devem ser apalpados bilateralmente. Um exemplo de situação com correlação no pulso femoral é um paciente que relata dor na perna ao andar e palidez, voltando o rubor ao parar de andar. A AMANDA FARIA 06/04/2021 – 3º PERÍODO importância do pulso femoral nesse caso é devido a uma obstrução arterial, sendo que o paciente sente dor ao andar, pois não há um adequado fluxo sanguíneo para o músculo. A dor serve para limitar o movimento do indivíduo e a perna fica pálida às custas de diminuição de perfusão. Essa dor melhora com a parada do movimento uma vez que diminui o consumo de oxigênio e melhora a perfusão. Ao observar esse pulso femoral diminuído e/ou ao ver a presença do frêmito (sensação tátil de sopro), pode indicar uma obstrução arterial, que deve ser tratada com o intuito de evitar a perda do membro. PULSO POPLÍTEO Ademais, o pulso poplíteo também é um local que pode ser palpado. Pode ser um ponto de referência para ponto de obstrução, por exemplo, se houver pulso no pulso poplíteo e não houver no pulso pedioso, sabe-se que a obstrução está para baixo do pulso poplíteo. PULSO PEDIOSO No pulso pedioso, se o individuo não possuir nenhuma obstrução e se esse pulso estiver bem palpável, esse débito cardíaco é muito satisfatório. Isso é importante para a prática clínica. Se o pulso pedioso estiver diminuído, sinal que o débito cardíaco está diminuído também. PULSO TIBIAL POSTERIOR O pulso tibial posterior possui como ponto de referência o maléolo medial. Lateralmente ao maléolo, está a palpação do pulso tibial posterior. PULSO AÓRTICO RENAL O pulso aórtico e renal é outro local que se palpa e existem casos que se pode dar diagnóstico de lesões pelo pulso renal. Verifica-se se há alguma dilatação aórtica ou algum frêmito aórtico. REGIÃO PRECODIAL A regiãoprecordial também é palpada durante o exame. Ela é onde está localizado, projetado, o coração na parede torácica. Nessa área se palpa as relações das bulhas cardíacas com a parede torácica. FOCOS É utilizado as linhas e espaços intercostais para delimitar as áreas de palpação e ausculta, denominadas focos. AMANDA FARIA 06/04/2021 – 3º PERÍODO 1. Foco Aórtico: localizado no 2º espaço intercostal, na linha paraesternal direita. Possui uma relação com a válvula aórtica, apesar dela não se encontrar neste local. A relação é a projeção dessa válvula com a as alterações que ela faz para este local, os ruídos e alterações palpáveis se projetam para essa região; 2. Foco Pulmonar: ponto equidistante ao foco aórtico, ou seja, presente também no 2º espaço intercostal esquerdo, na linha paraesternal esquerda (LPEE). Mostra uma relação direta com a válvula pulmonar; 3. Foco Mitral: localizado na linha hemiclavicular esquerda (LHCE) no 5º espaço intercostal esquerdo. Local correspondente ao ictus cordis; 4. Foco Tricúspide: presenta na base do apêndice xifoide, na base maior que há relação com a costela. Está um pouco desviado para a esquerda, respeitando a linha paraesternal esquerda (LPEE); 5. Foco Aórtico Acessório: presente no 3º espaço intercostal na linha paraesternal esquerda (LPEE). Foco aórtico: 2º espaço – LPED Foco pulmonar: 2º espaço – LPEE Foco mitral: 5º espaço – LHCE Foco tricúspide: apêndice xifoide Foco Aórtico Acessório: 3º espaço - LPEE VENTRÍCULO DIREITO O ventrículo direito também é possível de ser palpado, uma vez que ele é mais anteriorizado na parede torácica do que o ventrículo esquerdo. Ele pode ser palpado no 3º, 4º e 5º espaço intercostal próximo à linha paraesternal esquerda. ICTUS DE VD O ictus de VD normalmente não é palpável e se localiza repousado no diafragma, ele pode ser palpado quando esse VD cresce muito, sendo palpado na região epigástrica. FÚRCULA ESTERNAL A fúrcula esternal é outra área que se palpa. Normalmente não é palpável, assim como o ictus de VD, porém se ela estiver palpável traduz algumas lesões, principalmente um vaso aumentado. O arco aórtico é um vaso que se estiver alterado reflete na palpação da fúrcula esternal. Ectasia da aorta,aumento da aorta comum em pacientes hipertensos que não controlam a doença. AMANDA FARIA 06/04/2021 – 3º PERÍODO ICTUS CORDIS Nessa região precordial em relação ao ictus cordis, analisa-se alguns pontos, tais como: 1. Frequência: número de vezes em que há pulso por minuto; 2. Ritmo: cadência da sístole; 3. Bulhas Cardíacas: o primeiro movimento sentido no ictus é a primeira bulha cardíaca e a parte não sentida é a segunda bulha; 4. Amplitude: propulsivo ou não; 5. Tamanho: polpas digitais; 6. Localizações: basear no espaço intercostais e linhas; 7. Mobilidade: se é móvel ou imóvel (normalmente é móvel); 8. Frêmitos: sensação tátil do som. TÉCNICAS DE PALPAÇÃO Uma das técnicas de palpação é colocando as polpas digitais nos espaços intercostais. Outra maneira é apalpando com a região tenar do punho apalpando esses mesmos espaços ou apalpar com os punhos cerrados. Além desses, há também a técnica de palpação do ictus de VD situado abaixo do apêndice xifoide, ocorrendo com a palpa da mão aberta, apalpando com as pontas dos dedos. Palpa a parede abdominal e realiza o movimento de gaveta, pois o VD está abaixo o apêndice xifoide. Ademais, o ictus cordis possui a sua própria técnica de palpação. O paciente se encontra em decúbito dorsal, sendo a palpação feita no 5º espaço intercostal na linha hemiclavicular. Interessante palpar com o tronco lateralizado (movimento lateral esquerdo), uma vez que o ictus realiza movimentos dentro do tórax. Em um paciente com um ictus cordis propulsivo, ou seja, aumentado, indica que o ventrículo esquerdo desse doente está aumentado, tendo uma sobrecarga de volume. Isso pode ser um achado no caso visto anteriormente do paciente infartado, uma vez que o infartado perde massa ventricular esquerda, diminuiu o volume sistólico, aumentando o volume residual, tendo uma sobrecarga de volume e, consequentemente, há um ictus propulsivo que corrobora o achado de infarto. AUSCULTA A ausculta pode ser feita em certas posições, algumas delas que podem ser adotadas são: decúbito dorsal (a); sentado (b); decúbito lateral esquerdo (c); ou com os braços debruçados na maca/mesa. Deve-se escolher uma das posições para analisar a ausculta e a mais comum utilizada no setor de emergência é a posição de decúbito dorsal. É difícil que um paciente crítico fique em outra posição. Essa forma de posição com os braços debruçados é utilizada principalmente quando não há uma ausculta clara ou a ausculta está diminuída, como no paciente com tórax em tonel. Essa posição tende a fazer com que o coração se desvie mais próximo à parede anterior do tórax facilitando a percepção dos sons produzidos. AMANDA FARIA 06/04/2021 – 3º PERÍODO Os focos de ausculta são os mesmos focos observados na palpação. Esses focos não mostra a localização precisa das válvulas e, sim, a propagação do som nessas áreas, é onde o som fica mais audível. Na ausculta ocorre a verificação dos seguintes aspectos: 1. Buchas cardíacas (1ª e 2ª bulhas); 2. Bulhas cardíacas acessórias (3ª e 4ª bulhas patológicas); 3. Sopros sistólicos e diastólicos; 4. Ritmo; 5. Atrito pericárdico; 6. Estalidos; 7. Clicks. BULHAS CARDÍACAS Na ausculta busca-se as bulhas cardíacas, tanto a 1ª e 2ª bulha, quanto as acessórias, que são a 3ª e 4ª bulha. As bulhas podem ser classificadas de acordo com a intensidade do som, sendo elas normofonética (som normal), hiperfonética (som aumentado) e hipofonética (som diminuído). Nem sempre isso traduz uma alteração cardiológica, como por exemplo no paciente com tórax em tonel, o qual apresenta bulhas hipofonéticas. Elas podem ser hiperfonéticas em casos de pacientes com sobrecarga de pressão nas cavidades, em que o fechamento das válvulas leva ao aumento da pressão interventricular e leva ao aumento da reverberação, como se as válvulas fechassem com mais força, gerando um som maior (uma hiperfonese da bulha). B1 – PRIMEIRA BULHA CARDÍACA A 1ª bulha cardíaca (B1) corresponde à reverberação do fechamento das válvulas átrio-ventriculares (mitral e tricúspide). As válvulas por si só não fazem barulho, o som é advindo da reverberação de sangue, essa reverberação possui um comportamento que dará origem a ondas sonoras perceptíveis no estetoscópio. Representação pela onomatopéia: TUM Ela possui uma correspondência temporal com a sístole, uma vez que a sístole começa imediatamente após o som (o sangue entra no ventrículo, as válvulas se fecham, ocorre o som e o ventrículo passará a contrair). É um ruido que ocorre antes mesmo da contração isovolumétrica. Ela possui dois componentes, um que é relacionado à válvula mitral e outro componente que é responsável à válvula tricúspide. O ouvido humano consegue perceber apenas um ruido, ele percebe a frequência do som na união desses dois sons. As válvulas cardíacas se fecham de maneira assíncrona, primeiro a mitral e depois a tricúspide. B2 – SEGUNDA BULHA CARDÍACA A 2ª bulha cardíaca (B2) ela corresponde à reverberação do fechamento das válvulas semilunares (aórtica e pulmonar). Assim como na B1, não é o fechamento das válvulas que dá o som e, sim, a reverberação do sangue. AMANDA FARIA 06/04/2021 – 3º PERÍODO Representação pelaonomatopéia: TA Elas correspondem temporalmente ao início da diástole, uma vez que milissegundos após o som da 2ª bulha se inicia a diástole. As válvulas se fecham e imediatamente após inicia-se a diástole (as válvulas estão abertas para o sangue ir do ventrículo para os vasos, elas se fecham e inicia a diástole). Ela também apresenta um componente aórtico e pulmonar, que são percebidos pelo ouvido humano como um só. As válvulas cardíacas se fecham de maneira assíncrona, primeiro a aórtica e depois a pulmonar. B3 – TERCEIRA BULHA CARDÍACA A 3ª bulha cardíaca (B3) é uma bulha acessória, sendo nesse caso avaliada como patológica. A B3 corresponde à reverberação da vibração da parede ventricular durante a fase de enchimento rápido, quando há sobrecarga de volume nesse ventrículo. Momento de enchimento rápido em que o ventrículo está cheio de sangue, ou seja, possui um volume residual, como por exemplo, no paciente infartado em que há diminuição do volume sistólico e aumento do volume residual. O som se dá quando o volume sai do átrio para o ventrículo e bate com o volume residual, fazendo vibrar a parede ventricular. Representação pela onomatopéia: TA A B3 ocorre na fase inicial da diástole (1/3 inicial) na fase de enchimento rápido. Por isso ela é chamada de ruído protodiastólico, ou seja, próximo à diástole. Na presença da 3ª bulha, o som visto é TUM-TA-TA, sendo o primeiro TA, a 2ª bulha e o segundo TA, a 3ª bulha. Essa 3ª bulha é vista quando há um déficit ventricular, ou seja, o ventrículo não consegue esvaziar completamente, como exemplo em um paciente infartado. Esse déficit ventricular impede uma ejeção eficiente, resultando num volume residual aumentado e, consequentemente, quando entra o volume do átrio, há esse choque e ocorre a reverberação do som, resultando na 3ª bulha patológica. B4 – QUARTA BULHA CARDÍACA A 4ª bulha cardíaca (B4) corresponde à reverberação da coluna de sangue em consequência à sua rápida desaceleração na fase de contração atrial quando há sobrecarga de pressão. Ela ocorre na fase final da diástole (terço distal da diástole – 1/3), na sístole atrial, por isso é chamada de ruído telediastólico ou pré sistólico, pois ocorre no fim da diástole e anteriormente à sístole, estando mais próxima do início da sístole do que do início da diástole. Representação pela onomatopéia: TU A B4 está em situação em que o ventrículo está com uma pressão enorme, sendo assim, na sístole atrial, o átrio teria teoricamente que dar um empurrão maior. Essa pressão muito maior que o átrio exerce sobre uma pressão contrária a ele se choca com a pressão aumentada do ventrículo, dando origem à reverberação da 4ª bulha cardíaca. Quando há a presença de B4 o som é representado por: TU-TUM-TA, sendo o primeiro TU a B4, um som mais seco, estando ainda na fase da diástole e logo em seguida as válvulas vão se fechar para dar o TUM. Essa sobrecarga de pressão pode ser vista em um paciente hipertenso que não se cuida, gerando uma pressão muito grande dentro do ventrículo. AMANDA FARIA 06/04/2021 – 3º PERÍODO DISCUSSÃO DE CASO: HIPERTENSÃO ARTERIAL E B4 A hipertensão arterial possui relação com o débito cardíaco e resistência vascular periférica. Um paciente com hipertensão não controlada é continuamente exposto a altos níveis de pressão, tendo a sua resistência vascular periférica aumentada. Essa resistência vascular é caracterizada pelo fluxo aórtico e quando ela está aumentada é quando a vasculatura periférica está com a luz diminuída. Sabendo que qualquer alteração de pressão e volume dentro do circuito cardiovascular repercute retrogradamente porque é um circuito hidráulico fechado, essa pressão é aumentada também no ventrículo, uma vez que ao diminuir a resistência na aorta, aumenta a pressão e o ventrículo também aumenta sua pressão, pois ele precisa exercer uma força de contração maior para poder vencer essa resistência na aorta. Por ser uma doença crônica, com o passar do tempo, o ventrículo ganha massa muscular, aumentando sua parede muscular, para poder exercer uma força de contração maior. Ocorre uma hipertrofia para dentro do coração, é a hipertrofia concêntrica. Essa hipertrofia ocorre para dentro do coração a fim de diminuir a área intraventricular, uma vez que ao diminuir o tamanho da câmara, diminui o volume dela e com um volume menor, há um aumento na pressão. Com esse aumento de massa muscular e aumento de pressão, é possível vencer a resistência e pressão aumentada na aorta. REVISÃO DAS BULHAS As bulhas são duas principais, B1 e B2, e são duas acessórias, B3 e B4. 1. B1: fechamento das válvulas atrioventriculares para o início da sístole (contração e ejeção do volume que entrou no ventrículo); 2. B2: fechamento das válvulas semilunares para o início da diástole (início novamente do relaxamento e enchimento do ventrículo); 3. B3: choque do volume sistólico com o volume residual no 1/3 inicial da diástole (enchimento rápido); 4. B4: choque de pressão elevada do ventrículo com pressão elevada do átrio sendo pré- sistólica e telediastólica, pois ocorre na fase de sístole atrial. SOPRO O sopro também é analisado na ausculta. O sopro é quando há um ruído causado pelo turbilhonamento do sangue. Ele pode ser turbilhonado tanto nas artérias, quanto nas válvulas cardíacas. Se houver qualquer obstrução arterial ou uma valvulopatia cardíaca, ou seja, qualquer situação que altere o fluxo sanguíneo, pode causar um sopro. Um sopro também pode ser produzido quando a viscosidade sanguínea é diminuída. A viscosidade diminui quando há diminuição das hemácias, o fluxo deixa de ser laminar, passando a ter um turbilhonamento dentro do próprio vaso. Da mesma forma, a viscosidade pode ser diminuída ao aumentar o volume do sangue do paciente, por exemplo dando muito soro. AMANDA FARIA 06/04/2021 – 3º PERÍODO CLASSIFICAÇÃO DO SOPRO O sopro pode ser classificado das seguintes maneiras: 1. Sistólico ou Diastólico: dependendo do momento do sopro, se é na sístole ou diástole; 2. Aórtico, Mitral, Pulmonar ou Tricuspídeo: dependendo da válvula em que ocorre; 3. Ejeção ou Regurgitação: ejeção é quando o som se produz pelo caminho correto do sangue (fluxo normal do sangue, como no sopro da válvula mitral); 4. Irradiação: o sopro aórtico irradia para o pescoço e o sopro mitral irradia para a axila e dorso; 5. Intensidade: sendo classificado por cruzes (1+ a 6+). SOPRO DIASTÓLICO Um sopro na válvula mitral (átrio-ventricular), que causa uma dificuldade nela abrir, irá gerar um sopro no início da diástole devido ao turbilhonamento do sangue. A válvula mitral deve estar aberta na diástole para jogar sangue do átrio para o ventrículo e se ela possui dificuldade para abrir, ela gera um sopro diastólico. DISCUSSÃO DE CASO: SOPRO, ATEROSCLEROSE, INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) E AVE O sopro é um turbilhonamento no sangue em uma região. Quando há um fluxo sanguíneo laminar (fluxo dentro do vaso com a parte liquida passando pela periferia e a parte sólida – células e plaquetas – no meio do vaso), qualquer alteração causa perda da característica laminar, gerando um sopro na ausculta. Sangue perde característica de fluxo laminar para fluxo turbilhonado. A aterosclerose é uma das causas mais comuns de turbilhamento e ao ser auscultado um sopro na carótida devido a esta placa, pode indicar que também há aterosclerose na placa coronária, que é a causa do infarto agudo do miocárdio.Ao encontrar um sopro na carótida, pode evitar que o indivíduo fique acamado, melhorando sua qualidade de vida, evitando uma repercussão futura. Isso ocorre porque a carótida irriga o SNC e tendo uma obstrução desse fluxo, esse indivíduo pode apresentar um acidente vascular encefálico (AVE) e evoluir com sequela motora. OUTROS ASPECTOS DA AUSCULTA Além das bulhas e do sopro, outros aspectos são vistos na ausculta, tais como o ritmo, atrito pericárdico, estalidos e clicks. RITMO O ritmo é a cadência em que acontece o ciclo cardíaco, cadência da sístole e da diástole. ATRITO PERICÁRDICO O atrito pericárdico é um som causado semelhante a uma porta rangendo visto na ausculta. Sabe-se que o coração é envolto por uma serosa, que é o pericárdio, o qual possui o folheto visceral (mais justaposto ao coração) e o folheto parietal (mais externo), entre tais folhetos há um líquido em pequena quantidade que é o líquido pericárdico, um líquido viscoso, que permite deslizamento dos folhetos. Contudo, em situações em que há inflamações nesses folhetos, eles se edemasiam e começam a atritar, como característica de uma porta rangendo. O atrito pericárdico quando presente indica algum processo inflamatório desses folhetos do pericárdio, como a pericardite. O desaparecimento desse atrito pericárdico pode indicar melhora, mas também pode indicar uma piora. AMANDA FARIA 06/04/2021 – 3º PERÍODO ESTALIDOS E CLICKS As bulhas eram provocadas pelo fechamento das válvulas, já os estalidos são provocados pela abertura das válvulas que estão doentes, como as válvulas mitral e tricúspide com estenose (dificuldade na abertura). Esse estalido é audível no foco mitral e tricúspide, sendo um ruído breve e estalante imediatamente após B2. A febre reumática é provocada por uma bactéria que é o estreptococos, a qual pode causar uma lesão nas válvulas cardíacas, causar uma inflamação crônica nas válvulas, o que leva a um espessamento valvar. Com isso, quando elas se abrem, provocam um estalido. As válvulas que provocam estalidos e clicks são válvulas doentes. Já os clicks, eles possuem relação com a abertura das válvulas aórtica e pulmonar fibrosadas. Geralmente um paciente que troca uma válvula aórtica por uma válvula metálica, essa válvula metálica produz um som metálico, dando para ouvir um click de abertura. Esse click é audível no foco aórtico e pulmonar, ocorrendo imediatamente após B1. Ele é visto em casos de estenose aórtica e estenose pulmonar. Estalido: abertura de mitral e tricúspide. Click: abertura de aórtica e pulmonar. DISCUSSÃO DE CASO: PERICARDITE E HIPOFONESE A melhora pode ser dada devido a prescrição de antibiótico e regressão do processo inflamatório, reduzindo o atrito. Porém, pode se diminuir o atrito indicando também uma piora, uma vez que qualquer processo inflamatório contínuo gera um líquido (pus), o qual nesse caso será depositado nesse espaço do pericárdio, sumindo o atrito, uma vez que os folhetos irão se separar com 0 aumento de líquido. Apesar de não ter atrito, há outro dado que indica a piora, que é a hipofonese das bulhas, ou seja, o som se diminui causando um abafamento das bulhas, pois há um líquido entre o estetoscópio e o coração e o som não se propaga bem em meio aquoso. PACIENTE 1 O Sr. Valdomiro, portador de hipertensão arterial sistêmica de longa data com tratamento irregular. O que esperaríamos encontrar no exame físico do aparelho cardiovascular nesse paciente? (Ausculta) Espera-se encontrar durante a ausculta a 4ª bulha cardíaca (TU-TUM-TA). AMANDA FARIA 06/04/2021 – 3º PERÍODO Uma vez que ele não trata a hipertensão, há uma sobrecarga de pressão no vaso aorta, que gera uma sobrecarga de pressão no ventrículo, pois ele precisa de maior contração para ejetar o sangue, por isso ocorre a hipertrofia do ventrículo e essa hipertrofia auxilia no aumento de pressão (diminui a área e aumenta a pressão). Essa pressão aumentada serve para ser capaz de sobrepor a pressão do vaso. Consequentemente, o átrio também tem sua pressão aumentada para ser capaz de se sobrepor à pressão do ventrículo e ai que se faz presente a B4, no choque de ambas as pressões, som seco do encontro da pressão do átrio com o ventrículo. #Quais são as outras alterações? PACIENTE 2 O Sr. Fred traz consigo o seguinte eletrocardiograma. O que esperaríamos encontrar no exame físico do aparelho cardiovascular neste paciente? O complexo que traduz a despolarização ventricular é o complexo QRS. Cada despolarização ventricular guarda uma relação com a sístole e com o tempo o ritmo cardíaco desse paciente está irregular, uma vez que entre duas sístoles tem momentos diferentes de intervalo. Esse eletro não tem onda P, que é despolarização atrial. Além disso, ele é hipertenso. #Sendo assim, nesse ritmo irregular espera-se encontrar #Se houver sobrecarga de pressão espera-se encontrar B4, porém esse doente não vai ter ou não? E por quê? PACIENTE 3 O Sr. Vanderlei tem um misterioso desaparecimento do atrito pericárdico. Será que melhorou ou piorou? O que esperaríamos encontrar no exame físico do aparelho cardiovascular neste paciente? (Ausculta) Para saber se houve uma melhora ou piora deve-se investigar se foi administrado antibiótico para tratar a inflamação, sendo o responsável da melhora. Porém, sem a administração de um antibiótico e sendo percebido uma hipofonese das bulhas cardíacas, há indicativo de piora dessa inflamação no pericárdio, apesar do desaparecimento do atrito. Esse desaparecimento na piora ocorre, pois há um aumento de líquido entre os folhetos, líquido esse causado pela progressão da inflamação, o qual além de diminuir o atrito, causa hipofonese nas bulhas, pois o som não é tão audível no meio aquoso. #Como vai estar o pulso desse doente?
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