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História Econômica Ascensão, crises e questionamentos do capitalismo A transição do feudalismo para o capitalismo e o desenvolvimento capitalista a partir da Revolução Industrial, é a temática desse módulo intitulado de “Ascensão, crises e questionamentos do capitalismo”. A primeira parte de nossos estudos, buscaremos tratar os fatores envolvidos na transição histórica entre o feudalismo e o capitalismo, mencionando o mercantilismo e as principais condições de superação do feudalismo e da instauração do capitalismo. No segundo momento, abordaremos a ascensão do capitalismo europeu, considerando a sua consolidação; as suas principais características e os seus problemas; suas crises; os questionamentos levantados pelos movimentos reacionários; e as tendências e preocupações do capitalismo contemporâneo. Ao final, pretendemos que você tenha uma boa percepção a respeito dos potenciais e fragilidades desse sistema socioeconômico e tenha condições de desenvolver uma senso crítico a respeito das propostas políticas, econômicas, sociais e culturais em torno do assunto. Imagem disponível em: https://i.ytimg.com/vi/tmZ0GmE-wFg/hqdefault.jpg Geralmente, em história, se dá ênfase na transição ocorrida entre feudalismo e capitalismo na Europa Ocidental, pois é justamente por meio dessa região e desse processo que o restante do mundo seria impactado pelo capitalismo, especialmente a partir da expansão imperialista e, posteriormente, com a globalização. O colapso do feudalismo e os principais fundamentos para o advento do capitalismo tem, em certa medida, o papel desempenhado pelos pequenos produtores feudais, que segundo Dobb (2004) contribuem para o declínio do regime feudal, particularmente, quando passaram a ter um pouco mais de emancipação da exploração feudal, talvez numa transição da renda-trabalho para renda-dinheiro. Desse cenário surgiu a possibilidade de obter para si – não mais para o senhor – uma produção excedente e o início do acúmulo de capital, que, por sua vez, deu condições para uma embrionária, mas visível, hierarquização de classes no modo de produção servil. Essa nova situação passou fomentar a apropriação do trabalho assalariado, que culminaria – depois de um longo tempo, chegando há séculos – nas relações burguesas de produção. https://i.ytimg.com/vi/tmZ0GmE-wFg/hqdefault.jpg Imagem disponível em: http://3.bp.blogspot.com/-BxPBnNMUTww/UnFkUZLLp_I/AAAAAAAARrc/ydCKcReGjo8/s1600/cidades-centros-de-producao-artesanal-e-comercio.jpg As cidades estabelecidas, de fato, cooperam para o advento do capitalismo da Europa Ocidental, a final, os aglomerados urbanos são mercados relevantes ao capitalismo. Mas, mais do que as aglomerações, o que mais importa ao capitalismo, e à burguesia, é a capacidade do mercado de produção de mercadorias, ou seja, a sua dinâmica produtiva que desenvolve uma importante e crucial divisão social. É por isso, que para alguns estudiosos, como Pierre Vilar (1975), não existe capitalismo propriamente dito nas cidades do período feudal, já que em suas configurações não estava consolidada a separação entre os meios de produção e o produtor. Segundo o autor, até se pode falar em produção industrial na Idade Média, porém, “obtida de forma artesanal e corporativa, em que o mestre artesão compromete seu capital e trabalho, e alimenta em sua casa os companheiros e aprendizes, de maneira que as relações sociais não se reduzem a laços apenas de dinheiro” (Ibid. p.36). Portanto, as aglomerações urbanas medievais, mesmo em seu período mais tardio, apenas deram condições para que as estruturas do capitalismo viessem a existir, mas não podem ser consideradas estruturas nitidamente burguesas capitalistas, como as verificadas no século XIX. http://3.bp.blogspot.com/-BxPBnNMUTww/UnFkUZLLp_I/AAAAAAAARrc/ydCKcReGjo8/s1600/cidades-centros-de-producao-artesanal-e-comercio.jpg Imagem disponível em: https://www.estudofacil.com.br/wp-content/uploads/2015/01/revolucao-industrial-no-brasil.jpg Dentre os fatores de destaque do final da transição do feudalismo para o capitalismo, estão o controle do capital mercantil sobre a produção industrial, em que os mercadores financiavam as matérias-primas e os meios de produção têxtil, estabelecendo as manufaturas e a divisão do trabalho; a formação dos Estados nacionais, que estimularam ainda mais o acúmulo de capital, por meio da criação de instituições financeiras e do estabelecimento das alfândegas, que tributavam a comercialização com outros países; e o avanço das forças produtivas, tanto na indústria, quanto na agricultura. A Revolução Industrial caracteriza-se como o fato histórico que inaugurou o capitalismo no mundo, a partir da Europa Ocidental, mais especificamente durante a segunda metade do século XVIII, na Inglaterra; até meados do século XIX, no restante dessa região e nos Estados Unidos da América; e daí por diante, ainda em avanço pelo mundo. https://www.estudofacil.com.br/wp-content/uploads/2015/01/revolucao-industrial-no-brasil.jpg Imagem disponível em: http://4.bp.blogspot.com/-ZqdbKWbUgJI/VsxRMh9_RvI/AAAAAAAABMc/XgLZMnqp92I/s1600/ID%2B-%2BCapital.jpg Um dos primeiros problemas do capitalismo – e aquele que se tornaria um dos seus grandes gargalos –, deve-se à condição socioeconômica do proletariado. A industrialização, ao mesmo tempo em que abarrotou os cofres dos burgueses industriais e enriqueceu o Estado, também produziu uma baixa qualidade de vida, principalmente para os trabalhadores da indústria, que tinham graves problemas de moradia, de saúde e jornadas de trabalho quase desumanas. Dessa condição, muito cedo começaram as movimentações de combate aos problemas trazidos pela industrialização e pela urbanização desordenada. Dentre as heranças do capitalismo, podemos destacar o antagonismo entre o meio rural e urbano; a laicidade da sociedade; o crescimento das desigualdades sociais dentro dos países e entre países mais desenvolvidos e subdesenvolvidos; a crescente reivindicação pela democracia e por direitos humanos e trabalhistas; maior influência econômico-financeira sobre a política; avanços tecnológicos com impactos sociais; aumento dos impasses ambientais; maior acesso aos bens de consumo; aumento das crises de âmbito nacional e internacional, incluindo o desemprego, inflação, etc. http://4.bp.blogspot.com/-ZqdbKWbUgJI/VsxRMh9_RvI/AAAAAAAABMc/XgLZMnqp92I/s1600/ID%2B-%2BCapital.jpg REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRAUDEL, Fernand. 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