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NOÇÕES FUNDAMENTAIS - PRINCÍPIOS LIMITADORES DO PODER PUNITIVO ESTATAL INTRODUÇÃO: A vida em sociedade requer um complexo de normas que estabeleçam regras indispensáveis ao convívio entre os indivíduos que a compõe. O conjunto destas regras que regulam o poder punitivo do Estado por meio da tipificação de crimes e cominação de penas, dá-se o nome de Direito Penal. O direito penal, como ramo do direito público, visa à proteção dos bens jurídicos considerados fundamentais para a vida em sociedade, objetivando a manutenção da paz social, através da instituição de diversas garantias instituídas, limitando, assim, o poder punitivo do Estado. Essas garantias, denominadas PRINCÍPIOS, representam uma plataforma mínima que deve orientar a aplicação do direito penal, seja no plano abstrato ou no plano concreto, impondo limites ao poder estatal a fim de salvaguardar os indivíduos contra eventuais arbítrios. Dentre os princípios orientadores do Direito Penal, destacam-se: 1. Princípio da legalidade ou da reserva legal (princípio da intervenção legalizada). Art. 5º, XXXIX da CF e art. 1º do CP: Considerado a base de um sistema penal racional e justo, tal princípio tem origem na Carta Magna de 1215, estando positivado no art. 5º da CF, afirmando que: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal". Ressurge com a Revolução Burguesa, sob inspiração dos ideais do Marquês de Beccaria, a fim de evitar os abusos do poder absolutista. Corresponde à previsibilidade da possibilidade da intervenção do poder punitivo estatal, impondo, entretanto, limites a esta intervenção. Conseqüências do Princípio da legalidade: Proibição da retroatividade da lei penal: é constitucionalmente inadmissível a retroatividade da lei, pois a possibilidade de punibilidade não estava determinada legalmente antes do fato, salvo quando a lei posterior beneficiar o acusado. Proibição da criação de condutas típicas e penas pelos costumes: somente a lei pode criar/alterar os crimes e/ou as penas – lei em sentido estrito, (art. 59 do CF). Medida provisória – vedação expressa – art. 62, § 1º, I, “b" da CF. Proibição do emprego da analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar penas. No nosso sistema penal somente é permitida a analogia “in bonam partem", ou seja, quando favorecer o acusado. Proibição de incriminações vagas e indeterminadas. Princípio da taxatividade – definição precisa da conduta incriminada – o preceito deve ser determinado e especificado de modo que o cidadão visualize, claramente, a conduta a seguir e os limites do próprio comportamento. Por fim, há de se destacar que a maior parte de doutrina brasileira entende pela submissão das medidas de segurança ao princípio da legalidade. 2. Princípio da irretroatividade (art. 5º, XL da CF e art. 2º, parágrafo único, do CP): Princípio constitucional que preceitua ser a lei penal irretroativa, salvo quando beneficiar o réu, objetivando, desta forma, conceder ao acusado a segurança de ser julgado de acordo com a norma vigente à época da prática do fato. Quando a lei posterior deixa de considerar algum fato como criminoso, ocorrerá a abolitio criminis, que é uma causa extintiva de punibilidade, cessando os efeitos penais da Decisão condenatória. Os efeitos extrapenais, tais como a obrigação de reparar o dano, persistem. As leis temporárias ou excepcionais, conforme previsto no art. 3º do CP, possuem ULTRATIVIDADE, aplicando-se, incondicionalmente, aos fatos praticados durante sua vigência. 3. Princípio da responsabilidade pessoal, pessoalidade ou intranscendência da pena. Por ser a pena medida exclusivamente pessoal, não pode tal reprimenda, por expressa vedação constitucional, passar da pessoa do condenado, respondendo os herdeiros, dentro dos limites da herança transferida, apenas pela obrigação de reparar o dano e decretação de perdimento de bens (vide. Art. 5º, XLV da CF). A pena de multa, embora tenha natureza pecuniária, também se submete ao mencionado princípio, em virtude da natureza penal da mesma. 4. Princípio da individualização da pena: Art. 5º, XLVI da CF. A lei regulará a individualização da pena. Este artigo demonstra, ainda, as modalidades das penas que poderão ser aplicadas, sem prejuízo de outras que o legislador julgar conveniente, desde que respeitem as limitações constitucionais (privação ou restrição de liberdade, perda de bens, multa, prestação social alternativa, suspensão ou interdição de direitos).Tal princípio deverá ser observado tanto pelo legislador, quando da elaboração dos tipos penais, quanto pelo julgador, à luz dos ditames do art. 59 e 61 do CP. 5. Princípio da limitação das penas – humanidade – dignidade da pessoa humana: Objetiva impedir que o poder punitivo estatal aplique sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados. No caso da pena de morte, nosso ordenamento jurídico permite sua aplicação apenas em caso de guerra declarada, sendo executada nos termos do art. 56 do Código Penal Militar. O Art. 5º, XLVII da CF proíbe, ainda, penas cruéis, de trabalhos forçados, de banimento. 6. Princípio da intervenção mínima ou “ultima ratio": Tem por objetivo limitar o poder incriminador do Estado, indicando que a criminalização de uma conduta só é legítima se constituir meio necessário e indispensável para a proteção de um determinado bem jurídico. 7. Princípio da insignificância. Segundo este princípio, não serão alcançadas pelo tipo penal, e conseqüentemente não serão passíveis de reprimendas jurídico-penais, as ações insignificantes, que lesem de forma mínima o bem protegido pela norma penal, afirmando que o direito penal não de preocupa com bagatelas, ou seja, condutas materialmente atípicas.
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