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DEMÊNCIAS COMUNS AOS IDOSOS

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INSTITUTO DE ENSINO JOSÉ RODRIGUES
GABRIELLE CORRÊA RAMOS
DEMÊNCIAS COMUNS AOS IDOSOS 
VOLTA REDONDA 
2021
1. INTRODUÇÃO 
De acordo com a projeção divulgada pelo IBGE em 2018, a população brasileira está em trajetória de envelhecimento e até 2060 o percentual de pessoas com mais de 65 anos passará dos atuais 9,2% para 25,5%, ou seja, um em cada quatro brasileiros será idoso. Tendo em vista este panorama, fica evidente que à medida que a sociedade envelhece, os problemas associados à saúde dos idosos geram mais desafios e ficam cada vez mais presentes no cotidiano do profissional de enfermagem. Nesse viés, esse trabalho vem com o intuito de abordar e debater acerca de três patologias mentais típicas dos idosos: Demência Frontotemporal, Doença de Huntington e Demência Corporal Lewy.
2. DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL
A demência frontotemporal é o segundo tipo mais comum de demência – e ela afeta inclusive pessoas com menos de 65 anos. Atinge o lado comportamental do cérebro do cérebro humano, causando no enfermo desinibição, impulsividade e até depravação, sintomas curiosos a ponto de dificilmente serem associados a uma doença. 
 2.1 CAUSA
Ocorre devido a degeneração de um ou de ambos os lobos frontais e temporais do cérebro humano, regiões essas responsáveis pelo lado comportamental. 
Lobos Frontais
Os lobos frontais, esquerdo e direito, regulam o humor, comportamento, julgamento e autocontrole. A existência de lesões nestes lobos, leva a alterações da personalidade e comportamento, modificação da forma como a pessoa se sente e expressa as emoções e, também, à perda da capacidade de julgamento.
Lobos Temporais
Os lobos temporais, esquerdo e direito, estão envolvidos na organização dos inputs sensoriais, por exemplo, aquilo que se ouve ou vê. A existência de lesões nestes lobos pode levar à dificuldade na colocação de palavras e imagens em categorias.
2.2 SINTOMAS 
Pode-se citar como sintomas dessa enfermidade: 
Depravação
O enfermo desenvolve uma conduta sexual inadequada, podendo até cometer abusos criminosos. 
Impulsividade
Faz gastos inadequados, sendo uma vítima fácil de golpes financeiros e xinga com muita frequência.
Desinibição
Esse paciente quase não fica constrangido e se sente próximo de estranhos já no primeiro contato.
Obsessão
O indivíduo adota hábitos sem sentido, como por exemplo, o de só comer em dada hora e da mesma forma.
Dificuldade de julgar emoções
Torna-se incapaz de notar o tom de uma conversa e agir de acordo com a situação. 
2.3 DIAGNÓSTICO 
Por possuir sintomas incomuns, é uma doença de difícil diagnostico e detectá-la no início é crucial para evitar as implicações sociais e tentar retarda seus avanços no cérebro. Nesse viés, é comum a utilização da avaliação médica e a tomografia computadorizada ou imagem por ressonância magnética a fim de detectar essa demência. 
2.4 TRATAMENTO 
Infelizmente, ainda não existe cura ou tratamento disponível para a DFT. Mas é possível controlar algumas de suas manifestações, como impulsividade e agressividade, com remédios específicos. 
3. DOENÇA DE HUNTINGTON
A Doença de Huntington (DH) é uma doença neurodegenerativa hereditária e autossômica dominante que geralmente se manifesta em adultos entre os 30 e os 40 anos de idade. O problema atinge cerca de dez a quinze casos para cada 100 mil habitantes mundialmente com exceção das áreas ao redor do lago Maracaibo na Venezuela e na Escócia, onde a doença ocorre numa frequência até 50 vezes maior. Qualquer descendente de um paciente acometido tem 50% de chance de herdar a mesma doença em algum momento da vida.
3.1 CAUSA
A causa da Doença de Huntington se dá devido a uma mutação genética em sequência repetitiva de trinucleotídeos CAG, presente no gene IT15, chamado também de gene da huntingtina, localizado no cromossomo 4. Quando maior o número de repetições, menor a idade de início da doença.
3.2 SINTOMAS 
Os sintomas se instalam gradativamente por alterações das funções cognitivas executivas, ou seja, habilidades cognitivas necessárias para controlar pensamentos, emoções e ações, que incluem manifestações comportamentais como alteração do humor, ansiedade, agressividade, alterações no equilíbrio, falta de coordenação motora, lentidão anormal de movimentos, dificuldade de articulação da praia, dificuldade de engolir, ou seja, fazer a deglutição de alimentos ou de líquidos, alterações da velocidade e harmonia dos movimentos oculares, apatia e, às vezes, mudanças de personalidade. Geralmente, esses sintomas são os responsáveis por denunciar a doença, que evoluem para grandes perdes cognitivas cada vez mais graves até desenvolver demência. Além disso, os pacientes com DH apresentam visível atrofia de alguns núcleos cerebrais inicialmente e depois de todo o encéfalo.
3.3 DIAGNOSTICO
O diagnóstico da doença de Huntington baseia-se nos sinais e sintomas típicos mais o histórico familiar positivo e é confirmado por testes genéticos que medem o número de repetições CAG. A neuroimagem também ajuda a identificar a atrofia caudada e muitas vezes algumas atrofias corticais frontais predominantes.
3.4 TRATAMENTO 
Não existe um tratamento neuroprotetor capaz de impedir ou diminuir a progressão dos sintomas da DH. O tratamento do paciente geralmente requer o apoio de múltiplos profissionais e remédios indicados para cada sintoma individualmente.
4. DEMÊNCIA DE CORPOS DE LEWY
A Demência de Corpos de Lewy é uma forma comum de demência e que partilha muitas similaridades com a Doença de Alzheimer. É causada pela degeneração e morte das células nervosas do cérebro. 
4.1 CAUSA 
Os corpos de Lewy foram nomeados pelo Dr. Friederich Lewy, um neurologista alemão que em 1912 descobriu depósitos anormais de proteínas que perturbam o funcionamento normal do cérebro em pessoas com doença de Parkinson. Esses depósitos anormais agora são chamados de “corpos de Lewy”.
Os corpos de Lewy são feitos de uma proteína chamada alfa-sinucleína. No cérebro saudável, a alfa-sinucleína desempenha uma série de papéis importantes nos neurônios (células nervosas) no cérebro, especialmente nas sinapses, onde as células do cérebro se comunicam. Na demência corporal de Lewy, a alfa-sinucleína se forma em aglomerados dentro dos neurônios, começando em áreas do cérebro que controlam aspectos da memória e do movimento. Esse processo faz com que os neurônios funcionem menos efetivamente e, eventualmente, morram. As atividades de certas substâncias químicas cerebrais também são afetadas. O resultado é um dano generalizado a regiões cerebrais específicas e um declínio nas habilidades afetadas por essas regiões cerebrais.
Atualmente, ainda não existe uma causa conhecida para a Demência de Corpos de Lewy e não foram identificados quaisquer fatores de risco. Também, não existe qualquer evidência de que a Demência de Corpos de Lewy seja uma doença hereditária.
4.2 SINTOMAS
Demência 
Perda severa de habilidades de pensamento que interfere na capacidade de uma pessoa de realizar atividades diárias. A demência é um sintoma primário na LBD e geralmente inclui problemas com atenção, habilidades visuais e espaciais (julgando distância e profundidade ou identificação incorreta de objetos), planejamento, multitarefa, resolução de problemas e raciocínio. Ao contrário da demência de Alzheimer, os problemas de memória podem não ser evidentes no início, mas geralmente surgem à medida que a LBD progride. Pode incluir, também, mudanças de humor e comportamento, falta de julgamento, perda de iniciativa, confusão sobre tempo e local e dificuldade com a linguagem e os números.
Flutuações cognitivas 
Alterações imprevisíveis na concentração, atenção, atenção e vigília, dia após dia, e às vezes ao longo do dia. Uma pessoa com LBD pode olhar para o espaço por períodos de tempo, parecer sonolenta e letárgica ou dormir por várias horas durante o dia, apesar de dormir o suficiente na noite anterior. Seu fluxo de idéias pode ser desorganizado, pouco claro ou ilógico às vezes. Apessoa pode parecer melhor um dia, depois pior no dia seguinte. Essas flutuações cognitivas são comuns na LBD e podem ajudar a distingui-la da doença de Alzheimer.
Alucinações 
Alucinações visuais – vendo coisas que não estão presentes – ocorrem em até 80% das pessoas com LBD, geralmente no início. Eles são tipicamente realistas e detalhados, como imagens de crianças ou animais. Alucinações não visuais, como ouvir ou cheirar coisas que não estão presentes, são menos comuns que as visuais, mas também podem ocorrer. 
4.3 DIAGNÓSTICO 
Este tipo de Demência é diagnosticado pela realização de uma história detalhada do padrão de sintomas e pela exclusão de outras causas, tais como a Demência Vascular e a Doença de Alzheimer. Um exame imagiológico pode revelar uma degeneração cerebral, mas os corpos de Lewy só podem ser identificados pela análise do tecido cerebral, após a morte.
Essa enfermidade é semelhante à Doença de Alzheimer de várias formas, e no passado foi difícil distinguir as duas. Só recentemente foi aceite como uma doença distinta das outras Demências. Desse modo, pode ocorrer sozinha ou simultaneamente com a Doença de Alzheimer ou Demência Vascular e pode ser difícil distingui-la da Doença de Parkinson, sendo que algumas pessoas com Doença de Parkinson desenvolvem uma Demência semelhante à de Corpos de Lewy.
4.4 TRATAMENTO 
Atualmente não existe cura para a Demência de Corpos de Lewy. Nesse viés, sintomas como a depressão e as alucinações podem ser reduzidos pela medicação. Existem, também, evidências recentes de que os fármacos inibidores da colinesterase podem ser uma boa ajuda para algumas pessoas com esta doença.
As pessoas com Demência de Corpos de Lewy são muito sensíveis aos efeitos secundários dos medicamentos neurolépticos (medicamentos antipsicóticos). É essencial que todas as medicações sejam supervisionadas por um especialista para evitar estes efeitos secundários severos.
Existe associações que fornecem apoio, informação, educação e aconselhamento para pessoas afetadas por Demência. Este apoio pode fazer uma diferença positiva para lidar com a doença.
5. CONCLUSÃO
É inegável, portanto, a necessidade de que os profissionais de saúde entendam e conheçam essas doenças e seus tratamentos atuais, uma vez que é seu papel ajudar e auxiliar no tratamento desses idosos, seja através da administração de medicamentos, seja pelos cuidados prestados ao doente. 
6. REFERENCIA 
ALZHEIMER PORTUGAL. Demência de Corpos de Lewy. Disponível em: < https://alzheimerportugal.org/pt/text-0-9-39-37-demencia-de-corpos-de-lewy#:~:text=Corpos%20de%20Lewy%3F-,A%20Dem%C3%AAncia%20de%20Corpos%20de%20Lewy%20%C3%A9%20causada%20pela%20degenera%C3%A7%C3%A3o,a%20morte%20das%20c%C3%A9 >. Acesso em: 18/03/2021.
FERNANDO. O Que É Demência Corporal Lewy? Vovó Nilva, 23 de setembro de 2019. Disponível em: < https://vovonilva.com.br/o-que-e-demencia-corporal-lewy/ />. Acesso em: 18/03/2021.
LISBOA, Silvia. Demência frontotemporal: a doença da gafe. Veja Saúde, 11 de Julho de 2017. Disponível em: < https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/a-doenca-da-gafe/ >. Acesso em: 17/03/2021.
MUITOS SOMOS RAROS. Doença de Huntington. Disponível em: <https://muitossomosraros.com.br/doencas-raras/geneticas/deficiencia-intelectual/doenca-de-huntington/>. Acesso em: 18/03/2021.
VICTOR E. ORTEGA, MD, PhD, Center for Genomics and Personalized Medicine Research, Wake Forest School of Medicine; Frank Genese, DO, Wake Forest School of Medicine. Demência frontotemporal. Manual MSD: Versão Saúde para a Família, Agosto 2019. Disponível em: < https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal-e-dos-nervos/delirium-e-dem%C3%AAncia/ >. Acesso em: 18/03/2021. 
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