Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Patrícia Miranda- MEDICINA Demência Com o aumento da expectativa de vida, consequentemente, o envelhecimento da população, os casos de doenças da senilidade estão aumentando. Estima-se que existem 40 milhões de pacientes demenciados no mundo. Demência ou transtorno neurocognitivo maior é uma doença neurológica progressiva que cursa com alteração cognitiva persistente e leva a prejuízo funcional, interferindo nas atividades profissionais e sociais dos portadores, sem que haja alterações no nível de consciência. De acordo com a etiologia, podem ser reversíveis ou irreversíveis. Para estabelecer o diagnóstico de um transtorno neurocognitivo maior, é necessário que o paciente apresente declínio em pelo menos duas função da cognição (memória, linguagem, praxias, gnosis e funções executivas). Dessa forma, o declínio exclusivo da memória não é suficiente para estabelecer o diagnostico sindrômico de demência. Entre as alterações cognitivas do envelhecer e a demência existe o comprometimento cognitivo leve (CCL) ou transtorno neuro cognitivo menor, onde existe um déficit cognitivo leve sem alterações na funcionalidade. Ou seja, os pacientes apresentam um declínio cognitivo maior do que esperado pela idade, mas são independentes. Como a demência é uma doença progressiva, todos os pacientes que possuem diagnóstico de demência passaram pelo CCL, exceto, é claro, em quadros agudos como trauma cranioencefálico ou AVC. Ver adiante a diferença entre transtorno neurocognitivo leve e maior. TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS. Os transtornos neurocognitivos (TNCs) são delirium, seguido por síndromes de TNC maior, TNC leve e seus subtipos etiológicos. Os TNCs são únicos entre as categorias do DSM-5, na medida em que são síndromes para as quais a patologia subjacente, e com frequência também a etiologia, pode potencialmente se determinada. Delirium Perturbação da atenção (capacidade reduzida para direcionar, focalizar, manter e mudar a atenção) e da consciência (menor orientação para o ambiente). Patrícia Miranda- MEDICINA A perturbação se desenvolve em um período breve de tempo (normalmente de horas a poucos dias), representa uma mudança da atenção e da consciência basais e tende a oscilar quanto à gravidade ao longo de um dia. Perturbação adicional na cognição (p.ex: déficit de memória, desorientação, linguagem, capacidade visuoespacial ou percepção). Não são bem explicados por outro transtorno neurocognitivo preexistente. Há evidências a partir da história, do exame físico ou de achados laboratoriais de que a perturbação é uma consequência direta de outra condição médica, intoxicação ou abstinência de substância (devido a uma droga de abuso ou a um medicamento), de exposição a uma toxina ou de que ela se deva a múltiplas etiologias. - Em relação ao curso, em hospitais, o delirium costuma durar cerca de uma semana, embora, alguns sintomas normalmente persistam mesmo depois que as pessoas recebam alta. - Indivíduos com delirium podem rapidamente mudar entre os estados hiperativo e hipoativo. O estado hiperativo pode ser mais comum ou mais frequentemente reconhecido, em geral associado a efeitos colaterais de medicamentos e a abstinência de substância. O estado hipoativo pode mais ser mais frequente em adultos mais velhos. - Os indivíduos é facilmente distraído por estímulos irrelevantes. - A prevalência do delirium é muito alta entre idosos, variando conforme as características individuais, o local de atendimento e a sensibilidade do método de detecção. Sua prevalência na comunidade como um todo é baixa, mas aumentam com a idade. • CARACTERISTICAS DIAGNOSTICAS. A perturbação aparece durante um curto período de tempo, em geral de horas e alguns dias, com tendência a oscilar ao longo do dia, com piora ao entardecer e à noite, quando diminuem os estimulos externos de orientação. Há evidências a partir da história, do exame físico ou de achados laboratoriais de que a perturbação é uma consequência fisiológica de alguma condição médica subjacente, intoxicação ou abstinência de substância, uso de medicamento ou exposição a toxina ou de que é uma combinação desses fatores. A etiologia deve ser codificada conforme o subtipo etiologicamente apropriado ( intoxicação devido substância ou medicamento, abstinência de substância, outra condição medica e múltiplas etiologias). - Costuma ocorrer delirium no contexto de um TNC subjacente. A função cerebral prejudicada de pessoas com TNC leve e maior torna-as vulneráveis a delirium. Patrícia Miranda- MEDICINA - As perturbações perceptivas que acompanham o delirium incluem interpretações errôneas, ilusões ou alucinações; são perturbações comumente visuais, embora possam também ocorrer em outras modalidades, variando de simples e uniforme a altamente complexas. - Atenção/excitação normais, delirium e coma situam-se em um continuum, com o coma definido como ausência de qualquer resposta a estímulos verbais. A capacidade de avaliar a cognição para o diagnóstico de delirium depende de existir um nível de excitação suficiente para a resposta à estimulação verbal; assim, o delirium não deve ser diagnosticado no contexto de coma. - Muitos pacientes não comatosos têm nível de excitação diminuído. Os que mostram apenas reações mínimas a estímulos verbais são incapazes de colaborar em tentativas em testes padronizados ou mesmo em entrevistas. Essa incapacidade de colaboração deve ser classificada como desatenção grave. Estados de baixo excitação (de início agudo) devem ser reconhecidos como indicadores de desatenção grave e mudança cognitiva e, consequentemente, delirium. São clinicamente indistinguíveis de delirium diagnosticado com base em desatenção ou alteração cognitiva provocada por meio de testes cognitivos e entrevista. • CARACTERISTICAS ASSOCIADAS QUE APOIAM O DIAGNOSTICO. O delirium costuma estar associado a perturbação no sono-vigília. Essa perturbação pode incluir sonolência diurna agitação noturna, dificuldade para adormecer, sono excessivo durante o dia ou vigília durante a noite. Em alguns casos, pode ocorrer inversão total do sono-vigília noite- dia. Perturbações no sono-vigília são muito comuns no delirium, tendo sido propostas como um critério central para o diagnóstico. O indivíduos com delirium pode mostrar perturbações emocionais, como ansiedade, medo, depressão, irritabilidade, raiva, euforia e apatia. Pode haver mudanças rápidas e imprevisíveis de um estado emocional a outro. O estado emocional perturbado pode, ainda, ficar evidente ao chamar, gritar, amaldiçoar, murmurar, queixar-se ou produzir outros sons. Esses comportamentos são especialmente prevalentes à noite e sob condições em que falta estímulos ambientais. • DESENVOLVIMENTO E CURSO Ao mesmo tempo que a maioria dos indivíduos com delirium tem recuperação completa com ou sem tratamento, o reconhecimento e a intervenção precoces costumam reduzir sua duração. A condição pode progredir até estupor, coma, convulsões ou morte, em especial quando a causa subjacente continua sem tratamento. A mortalidade entre pessoas hospitalizadas com delirium é alta, e até 40% dos indivíduos com essa condição, sobretudo os com malignidades e outras doenças médicas subjacentes e significativas, morrem dentro de um ano após o diagnóstico. • MARCADORES DIAGNÓSTICOS. Patrícia Miranda- MEDICINA Além de achados laboratoriais característicos de condições médicas subjacentes (ou estados de intoxicação ou abstinência), costuma haver lentificação generalizada no eletroencefalograma, sendo ocasionalmente encontrada atividade rápida (p.ex.: em alguns casos de delirium devido a abstinência de álcool). No entanto, encefalogramas são suficientemente sensíveis e específicos para usos diagnósticos. • DELIRIUM ESPECIFICADO. Esta categoria aplica-se a apresentações em que sintomas característicosde delirium que causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo predominam, mas não satisfazem a todos os critérios para delirium ou qualquer transtorno na classe diagnóstica de transtornos neurocognitivos. A categoria outro delirium especificado é usada nas situações em que o clínico opta por comunicar a razão específica pela qual a apresentação não satisfaz os critérios de delirium ou qualquer outro transtorno neurocognitivo específico. Isso é feito por meio do registro de “outro delirium especificado”, seguido pela razão específica (p. ex., “síndrome de delirium atenuado”). • DELIRIUM NÃO ESPECIFICADO. Esta categoria aplica-se a apresentações em que sintomas característicos de delirium que causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo predominam, mas não satisfazem todos os critérios para delirium ou outro transtorno na classe diagnóstica de transtornos neurocognitivos. A categoria delirium não especificado é usada nas situações em que o clínico opta por não especificar a razão pela qual os critérios para delirium não são satisfeitos e inclui apresentações para as quais não há informações suficientes para que seja feito um diagnóstico mais específico (p. ex., em salas de emergência). Transtornos neurocognitivo maior Evidências de declínio cognitivo importante a partir de nível anterior de desempenho em um ou mais domínios cognitivos (atenção complexa, função executiva, aprendizagem e memória, linguagem, perceptomotor ou cognição social), com base em: - Preocupação do indivíduo, de um informante com conhecimento ou declínio de que há declínio significativo na função cognitiva. - Prejuízo substancial no desempenho cognitivo, de preferência documentado por teste neuropsicológico padronizados ou, em Patrícia Miranda- MEDICINA sua falta, por outra investigação clínica quantificada. Os déficits cognitivos interferem na independência em atividades da vida diária ( no mínimo necessita de assistência em atividades instrumentais complexas de vida diária, tais como pagamento de contras ou controle medicamentoso). Os déficits cognitivos não ocorrem exclusivamente no contexto de delirium. Os déficits cognitivos não são mais bem explicados por outro transtorno mental. - Pode estar associado a Alzheimer, Parkinson, Príon Transtorno neurocognitivo leve Evidências de declínio cognitivo pequeno a partir de nível anterior de desempenho em um ou mais domínios cognitivos (atenção complexa, função executiva, aprendizagem e memória, linguagem, perceptomotor ou cognição social) com base em: - Preocupação do indivíduo, de um informante com conhecimento ou do clínico de que ocorreu declínio na função cognitiva. - Prejuizo pequeno no desempenho cognitivo, de preferência documentado por teste neuropsicológico padronizado ou, em sua falta, outra avaliação quantificada. Os déficits cognitivos não interferem na capacidade de ser independente nas atividades cotidianas (i.e., estão preservadas atividades instrumentais complexas da vida diária, como pagar contas ou controlar medicamentos, mas pode haver necessidade de mais esforço, estratégias compensatórias ou acomodação). Os déficits cognitivos não ocorrem exclusivamente no contexto de delirium Os déficits cognitivos não são mais bem explicados por outro transtorno metal (p.ex: transtorno depressivo maior, esquizofrenia). - Pode estar associado a Alzheimer, Parkinson, Príon Patrícia Miranda- MEDICINA - A prevalência de TNC varia conforme a idade e o subtipo etiológico. As estimativas gerais de prevalência costumam estar disponíveis apenas para populações com mais idade. Entre indivíduos com mais de 60 anos, a prevalência aumenta gradativamente com a idade. - Transtornos neurocognitivos maiores e leves são organizados em subtipos basicamente conforme a entidade ou as entidades etiológicas/patológicas conhecidas ou supostas subjacentes ao declínio cognitivo. Esses subtipos são diferenciados com base em uma combinação de curso temporal, domínios característicos afetados e sintomas associados. Para alguns subtipos etiológicos, o diagnóstico depende muito da presença de uma entidade potencialmente causadora, como a doença de Parkinson ou de Huntington, ou uma lesão cerebral traumática ou um acidente vascular cerebral no período de tempo apropriado. Para outros subtipos etiológicos (em geral, as doenças degenerativas, como a de Alzheimer, a degeneração lobar frontotemporal e a com corpos de Lewy), o diagnóstico baseia-se principalmente nos sintomas cognitivos, comportamentais e funcionais. Em geral, diferenciar essas síndromes que carecem de uma entidade etiológica reconhecida de forma independente é mais fácil no contexto de uma TNC maior do que em um TNC leve, algumas vezes, porém, sintomas característicos e aspectos associados estão presentes também no nível leve. O que pode ocorrer? - Características psicóticas são comuns em especial no estágio leve a moderado de TNCs maiores devido à doença de Alzheimer, à doença com corpos de lewy e à degeneração lobar frontotemporal. - Paranoia e outro delírios são aspectos comuns - Podem ocorrer alucinações de qualquer tipo, embora as visuais sejam mais comuns nos TCNs do que nos transtornos depressivos, bipolar e psicótico. - Perturbação do humor podem ocorrer. No caso da depressão estará mais associada a pacientes com Parkinson e Alzheimer. Sintomas de humor são cada vez mais reconhecidos como uma característica significativa nos estágios iniciais de TNCs leves, de maneira que o reconhecimento clínico e a intervenção podem ser importantes. - Agitação é comum em uma ampla gama de TNCs, em especial no TNC maior com intensidade moderada a grave - Indivíduos com TNC podem se apresentar com uma variedade de sintomas comportamentais que constituem o foco do tratamento. Sono perturbado é um sintoma comum capaz de criar necessidade de atenção clínica, podendo incluir sintomas de insônia, hipersonia e perturbações no ritmo circadiano. Patrícia Miranda- MEDICINA • DESENVOLVIMENTO E CURSO. O curso do TNC varia ao longo de subtipos etiológicos, e essa variação pode ser útil no diagnostico diferencial. Alguns subtipos costumam ter inicio em um momento especifico e permamacem estáticos (ex: são aqueles relacionados a trauma cerebral ou AVC). Outros podem oscilar com o tempo ( Ainda que, ocorrendo isso, deve ser levada em conta a possibilidade de delirium sobreposto ao TNC). Os TNC devido a doenças degenerativas, como a doença de Alzheimer ou a degeneração lobar frontotemporal, costumam ser marcados por aparecimento insidioso e progressão gradativa, e o padrão de surgimento de déficits cognitivos e características associadas ajuda a diferencia-las. Nos idosos, os transtornos neurocognitivos costumam ocorrer em situações de doenças médicas, fragilidade e perda sensorial, que complicam o quadro clínico quanto ao diagnóstico e tratamento. Os transtornos neurocognitivos costumam ser de fácil identificação na juventude, embora, em alguns contextos, simulação e transtornos factícios possam preocupar. Bem mais tarde na vida, os sintomas cognitivos podem não preocupar ou não ser percebidos. É ainda nesse período que o TNC leve deve também ser diferenciado dos déficits mais simples associados ao “envelhecimento normal”, ainda que uma parte substancial do que é atribuído ao envelhecimento normal possa representar fases prodrômicas de vários TNCs. Além disso, fica cada vez mais difícil o reconhecimento de um TNC leve com o envelhecimento devido à crescente prevalência de doenças médicas e deficiências sensoriais. Há dificuldade também na distinção entre subtipos com o envelhecimento, uma vez quehá múltiplas fontes potenciais de declínio neurocognitivo. • FATORES DE RISCO E PROGNÓTICOS Os fatores de risco variam não apenas por subtipo etiológico como também pela idade de início entre os subtipos. Alguns se distribuem durante o ciclo de vida; outros ocorrem, exclusiva e basicamente, no período de vida mais tardio. Mesmo nos TNC do envelhecimento, a prevalência relativa varia com a idade; a doença de Alzheimer não é comum antes dos 60 anos, e sua IMPORTANTE! Quando há foco exclusivo em testes objetivos, pode não ser diagnosticado um transtorno em pessoas com bom funcionamento, cujo desempenho atualmente “normal” na verdade representa um declínio substancial em suas capacidades, ou pode uma doença ser diagnosticada de forma incorreta em indivíduos cujo desempenho atualmente “baixo” não representa uma mudança na comparação com seus dados iniciais ou resulta de fatores externos, como condições do teste ou doença passageira. Alternativamente, foco excessivo em sintomas subjetivos pode prejudicar o diagnóstico de doença em pessoas com insight pobre ou cujos informantes negam ou não conseguem perceber os sintomas ou, ainda, ser explicitamente sensível nas que se dizem preocupadas. Patrícia Miranda- MEDICINA prevalência aumenta gradativamente daí em diante, ao passo que a degeneração lobar frontotemporal em geral menos comum, surge mais cedo e representa uma fração cada vez menor de TNCs com o envelhecimento. • MARCADORES DIAGNOSTICOS Além da obtenção de uma história médica criteriosa, as avaliações neuropsicológicas são as principais medidas de diagnóstico de transtornos neurocognitivos, particularmente no nível leve, no qual as mudanças funcionais são mínimas, e os sintomas, mais sutis. O ideal seria que as pessoas fossem encaminhadas para teste formal neuropsicológico, que proporcionaria uma avaliação quantitativa de todos os domínios relevantes, auxiliando, então, no diagnóstico. Decorreriam orientações à família em relação a áreas em que a pessoa necessitaria de mais apoio, funcionando também como marco para declínio posterior ou resposta às terapias. Testes do estado mental breves mais globais podem ser úteis, embora possam ser insensíveis, em especial em relação a mudanças menores em um único domínio ou nos indivíduos com elevadas capacidades pré-mórbidas, e podem ser excessivamente sensíveis em indivíduos com baixas capacidades pré-mórbidas. Nas distinções entre subtipos etiológicos, outros marcadores diagnósticos podem desempenhar um papel, particularmente estudos de imagem neurológica, como imagem por ressonância magnética e tomografia por emissão de pósitrons. Além disso, marcadores específicos podem ser envolvidos na avaliação de subtipos específicos, podendo adquirir mais importância à medida que se acumulam mais resultados de pesquisas, conforme discutido nas seções específicas. Patrícia Miranda- MEDICINA Transtorno Neurocognitivo Maior ou Leve devido a Doença de Alzheimer São atendidos os critérios para transtorno neurocognitivo maior ou leve Há surgimento insidioso e progressão gradual de prejuízo em um ou mais domínios cognitivos (no caso de transtorno neurocognitivo maior, pelo menos dois domínios devem estar prejudicados). Critério C Para Transtorno neurocognitivo maior Provável doença de Alzheimer é diagnosticada se qualquer um dos seguintes está presente, caso contrário, deve ser diagnosticada possível doença de Alzheimer. 1. Evidências claras de declínio na memória e na aprendizagem e em pelo menos outro domínio cognitivo (com base em história detalhada ou testes neuropsicológicos em série). 2. Todas as três estão presentes: - Evidências claras de declínio na memória e na aprendizagem e em pelo menos outro domínio cognitivo. - Declínio constantemente progressivo e gradual na cognição, sem platôs prolongados. Para Transtorno neurocognitivo leve Provável: É diagnosticada se há evidência de alguma mutação genética causadora de doença de Alzheimer, constatada em teste genético ou história familiar. Possível: É diagnosticada se não há evidência de mutação genética causadora de doença de Alzheimer, de acordo com teste genético ou história familiar, com presença de todas as três a seguir: 1. Evidências claras de declínio na memória e na aprendizagem. 2. Declínio constantemente progressivo e gradual na cognição, sem platôs prolongados. 3. Ausência de evidências de etiologia mista (ausência de outra doença neurodegenerativa ou cerebrovascular ou de outra doença ou condição neurológica Patrícia Miranda- MEDICINA - Ausência de evidências de etiologia mista (ausência de outra doença neurodegenerativa ou cerebrovascular ou de outra doença ou condição neurológica, mental ou sistêmica provavelmente contribuindo para o declínio cognitivo). ou sistêmica provavelmente contribuindo para o declínio cognitivo) A perturbação não é mais bem explicada por doença cerebrovascular, outra doença neurodegenerativa, efeitos de uma substância ou outro transtorno mental, neurológico ou sistêmico. - Na fase leve do TNC, a doença de Alzheimer costuma se manifestar com prejuízo na memória e na aprendizagem, por vezes acompanhado de deficiências na função executiva. - Na fase maior do TNC, estão prejudicadas a capacidade visuoconstrutiva/ perceptomotora e a linguagem, particularmente quando o TNC é moderado a grave. A cognição social tende a ficar preservada até mais tarde no curso da doença. - É diagnosticada doença de Alzheimer provável em TNC maior e leve diante de evidência de um gene causador da doença de Alzheimer, seja por meio de teste genético, seja por história familiar dominante autossômica, junto de confirmação por necropsia ou teste genético em membro da família afetado - A prevalência de demência generalizada (TNC maior) aumenta rapidamente com o envelhecimento. A maior parte das pessoas com a doença de Alzheimer é composta de idosos, com múltiplas condições médicas capazes de complicar o diagnóstico e influenciar o curso clínico - Lesão cerebral traumática aumenta o risco de TNC maior ou leve devido à doença de Alzheimer. - A idade é o fator de risco mais poderoso para a doença de Alzheimer. A suscetibilidade genética ao polimorfismo da apolipoproteína E4 aumenta o risco e reduz a idade do início, especialmente em indivíduos homozigóticos. Também existem genes extremamente raros causadores da doença de Alzheimer. Indivíduos com a síndrome de Down (trissomia do 21) desenvolvem a doença de Alzheimer se chegam até a vida adulta intermediária. Múltiplos fatores de risco vasculares influenciam o risco da doença e podem agir aumentando a patologia cerebrovascular ou, ainda, provocando efeitos diretos na patologia da doença de Alzheimer. Patrícia Miranda- MEDICINA • CARACTERISTICAS QUE APOIAM O DIAGNOSTICO Em clínicas especializadas, cerca de 80% dos indivíduos com transtorno neurocognitivo maior devido à doença de Alzheimer apresentam manifestações comportamentais e psicológicas; essas características são também frequentes no estágio leve de prejuízo do transtorno neurocognitivo. Esses sintomas causam tanto sofrimento ou mais que as manifestações cognitivas, sendo, com frequência, a razão para a busca de cuidados de saúde. No estágio leve do transtorno neurocognitivo, ou no nível mais leve de transtorno neurocognitivo maior, costuma ser encontrada depressão e/ou apatia. Com transtorno neurocognitivo maior moderadamente grave, características psicóticas, irritabilidade, agitação, agressividade e perambulação são comuns. Mais tarde na doença, distúrbios na marcha, disfagia, incontinência, mioclonia e convulsões são observados. • DESENVOLVIMENTO E CURSO Transtorno neurocognitivo maior ou leve devido à doença de Alzheimer progride gradualmente, por vezes com platôs de curta duração, indo da demência grave à morte. A duraçãomédia da sobrevida após o diagnóstico situa-se por volta de 10 anos, refletindo mais a idade avançada da maioria dos indivíduos do que o curso da doença; há pessoas que conseguem viver com ela por até 20 anos. Indivíduos no estágio avançado acabam mudos e confinados ao leito. A morte costuma ser doença de Alzheimer, os prejuízos aumentam com o tempo, com o estado funcional, pouco a pouco, declinando, até que os sintomas cheguem ao limiar para o diagnostico de TNC maior. O surgimento de sintomas costuma ocorrer na oitava ou nona década devida; formas de início precoce encontradas na quinta e sextas décadas têm, frequentemente, relação com mutações causadoras conhecidas. Os sintomas e a patologia não apresentam grandes diferenças em idades distintas de aparecimento. Pessoas mais jovens, porém, têm mais probabilidade de sobreviver ao curso completo da doença, ao passo que pessoas com mais idade têm mais probabilidade de apresentar várias comorbidades médicas, que afetam o curso e o controle da doença. A complexidade diagnóstica é mais alta nos idosos devido à maior possibilidade de doença médica comórbida e patologia mista. • MARCADORES DIAGNOTICOS – Olhar o resumo de LPI Patrícia Miranda- MEDICINA Transtorno Neurocognitivo frontotemporal maior ou leve São atendidos os critérios para transtorno neurocognitivo maior ou leve A perturbação tem surgimento insidioso e progressão gradual Qualquer um dos seguintes 1. Variante comportamental a. Três ou mais dos sintomas comportamentais a seguir: - Desinibição comportamental - Apatia ou inércia - Perda de simpatia ou empatia - Comportamento perseverante, estereotipado ou compulsivo/ritualístico - Hiperatividade e mudanças na dieta. b. Declínio proeminente na cognição social e/ou nas capacidades executivas. 2. Variante linguística. a. Declínio proeminente na capacidade linguística, na forma de produção da fala, no encontro de palavras, na nomeação de objetos, na gramática ou na compreensão de palavras. Preservação relativa da aprendizagem e da memória e da função perceptora. A perturbação não é mais bem explicada por doença cerebrovascular, outra doença neurodegenerativa, efeitos de uma substância ou outro transtorno mental, neurológico ou sistêmico. - O transtorno neurocognitivo frontotemporal maior ou leve é causa comum de TNC (transtorno neurocognitivo) de surgimento precoce em pessoas com menos de 65 anos. Patrícia Miranda- MEDICINA - Indivíduos com TNC frontotemporal maior ou leve costumam estar na sexta década de vida, ainda que a idade do surgimento varie da terceira à nona década. A doença progride lentamente, com sobrevida média de 6 a 11 anos após o aparecimento dos sintomas e de 3 a 4 anos após o diagnóstico. A sobrevida é mais curta, e o declínio mais rápido, no TNC frontotemporal do que na doença de Alzheimer típica. • CARACTERISTICAS DIAGNOSTICAS Transtorno neurocognitivo frontotemporal maior ou leve compreende uma série de variantes sindrômicas, caracterizadas pelo desenvolvimento progressivo de mudança comportamental e de personalidade e/ou prejuízo na linguagem. A variante comportamental e três variantes linguísticas (semântica, agramatical/não fluente e logopênica) mostram padrões distintos de atrofia cerebral e alguma neuropatologia distintiva. Devem ser atendidos os critérios para a variante comportamental ou linguística para que seja feito o diagnóstico, mas muitas pessoas apresentam características de ambas. Indivíduos com a variante comportamental do TNC frontotemporal maior ou leve apresentam graus variados de apatia ou desinibição. Podem perder interesse na socialização, no autocuidado e nas responsabilidades pessoais ou evidenciar comportamentos socialmente inadequados. O insight está, em geral, prejudicado, o que costuma retardar a consulta médica. O primeiro encaminhamento costuma ser a um psiquiatra. Os indivíduos podem desenvolver mudanças no estilo social e nas crenças religiosas e políticas, com movimentos repetitivos, acumulação, mudanças no comportamento alimentar e hiperoralidade. Nos estágios posteriores, pode ocorrer perda de controle dos esfincteres. Declínio cognitivo é menos destacado, e testes formais podem mostrar relativamente poucas deficiências nos estágios iniciais. Os sintomas neurocognitivos comuns incluem falta de planejamento e organização, distratibilidade e julgamento insatisfatório. Deficiências na função executiva, como desempenho ruim em testes de flexibilidade mental, raciocínio abstrato e inibição de resposta estão presentes, embora aprendizagem e memória estejam relativamente poupadas, com as capacidades perceptomotoras quase sempre preservadas nos estágios iniciais. Indivíduos com a variante linguística do TNC frontotemporal maior ou leve apresentam afasia progressiva primária, com surgimento gradual, com três subtipos comumente descritos: variante semântica, variante agramatical/não fluente e variante logopênica, sendo que cada uma reúne características distintivas e neuropatologia correspondente. “Provável” é diferenciado de “possível” TNC frontotemporal pela presença de fatores genéticos etiológicos (p. ex., mutações na codificação genética para a proteína tau associada aos microtúbulos) ou pela presença de atrofia distintiva ou atividade reduzida nas regiões frontotemporais, em imagens estruturais ou funcionais. • MARCADORES DIAGNÓSTICOS Imagem por tomografia computadorizada (TC) ou por ressonância magnética estrutural (RMe) pode mostrar padrões distintos de atrofia. Na variante comportamental do TNC frontotemporal maior ou leve, os dois lobos (em especial os médio-frontais) e os lobos temporais anteriores estão atróficos. Na variante linguística semântica do TNC maior ou leve, o lobo intermediário, o inferior e o anterior estão bilateralmente atróficos, embora de forma assimétrica, com o lado Patrícia Miranda- MEDICINA esquerdo normalmente mais afetado. A variante linguística não fluente do TNC frontotemporal maior ou leve está associada a atrofia predominantemente insular-frontal posterior esquerda. A variante logopênica do TNC frontotemporal maior ou leve está associada a atrofia predominantemente parietal ou perisilviana posterior esquerda. Imagens funcionais demonstram hipoperfusão e/ou hipometabolismo cortical nas regiões cerebrais correspondentes, que podem estar presentes nos primeiros estágios na ausência de anormalidade estrutural. Biomarcadores de surgimento mais recente para a doença de Alzheimer (p. ex., níveis de tau e beta-amiloide do líquido cerebrospinal e imagem amiloide) podem ajudar no diagnóstico diferencial, mas a distinção da doença de Alzheimer pode continuar difícil (a variante logopênica costuma, na verdade, ser uma manifestação dessa doença). Nos casos familiares de TNC frontotemporal, a identificação de mutações genéticas pode ajudar a confirmar o diagnóstico. Mutações associadas ao TNC frontotemporal incluem os genes codificadores da proteína tau associada aos microtúbulos (MAPT) e à granulina (GRN), o gene C9ORF72, a proteína de resposta transativa de ligação ao DNA de 43 kDa (TDP-43 ou TARDBP), a proteína que contém valosina (valosin-containing protein – VCP), a proteína 2B modificadora da cromatina (CHMP2B) e a proteína fusionada no sarcoma (FUS). • CONSEQUÊNCIAS FUNCIONAIS DO TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO FRONTOTEMPORAL MAIOR OU LEVE. Devido à idade relativamente precoce do início do transtorno, este costuma afetar o local de trabalho e a vida familiar. Considerando-se o envolvimento da linguagem e/ou do comportamento, o funcionamento costuma ficar prejudicado de forma mais grave relativamente cedo no curso. Para indivíduos com a variante comportamental, antes do esclarecimento diagnóstico, pode ter ocorrido ruptura familiar significativa, envolvimento legal e problemas no local de trabalho devido a comportamentos socialmenteinadequados. O prejuízo funcional devido à mudança comportamental e à disfunção linguística, que pode incluir hiperoralidade, perambulação impulsiva e outros comportamentos desinibidos, pode ir muito além do resultante da perturbação cognitiva, ocasionando, por vezes, internação em casa de repouso ou institucionalização. Esses comportamentos podem ser gravemente disruptivos, mesmo em locais com estrutura de atendimento, sobretudo quando os indivíduos são de outro modo saudáveis, não fragilizados e estão livres de outras comorbidades médicas. Patrícia Miranda- MEDICINA Transtorno Neurocognitivo Maior ou leve com Corpos de Lewy São atendidos os critérios para o transtorno neurocognitivo maior ou leve. O transtorno tem surgimento insidioso e progressão gradual O transtorno atende a uma combinação de características diagnosticas centrais e sugestivas para provável ou possível transtorno neurocognitivo com corpos de lewy. Para provável transtorno: O indivíduo tem duas características centrais ou uma sugestiva com um ou mais dois aspectos principais Para possível transtorno: o indivíduo tem apenas uma característica central ou um ou mais aspectos sugestivos 1. Características diagnósticas centrais: a. Cognição oscilante, com variações acentuadas na atenção e no estado de alerta. b. Alucinações visuais recorrentes, bem formadas e detalhadas. c. Características espontâneas de parkinsonismo, com aparecimento subsequente ao desenvolvimento do declínio cognitivo 2.caracteristicas diagnosticas sugestivas. a. Atende a critérios de transtorno comportamental do sono do movimento rápido dos olhos (ou sono REM – rapid eye movement). b. Sensibilidade neuroléptica grave. A perturbação não é mais bem explicada por doença vascular cerebral, outra doença neurodegenerativa, efeitos de uma substância ou outro transtorno mental, neurológico ou sistêmico. Patrícia Miranda- MEDICINA • CARACTERISTICAS DIAGNOSTICAS Transtorno neurocognitivo maior ou leve com corpos de Lewy (TNCCL), no caso de TNC maior, corresponde à condição conhecida como demência com corpos de Lewy (DCL). O transtorno inclui não somente prejuízo progressivo (com as primeiras mudanças ocorrendo mais na atenção complexa e na função executiva do que na aprendizagem e na memória) como também alucinações visuais complexas recorrentes e sintomas concorrentes de transtorno comportamental do sono com movimento rápido dos olhos (REM) (que pode ser uma manifestação muito precoce), além de alucinações de outras modalidades sensoriais, depressão e delírios. Os sintomas oscilam em um padrão que pode se assemelhar a delirium, embora não possa ser encontrada uma causa subjacente. A apresentação variável dos sintomas de TNCCL reduz a probabilidade de todos os sintomas serem observados em uma consulta clínica breve, havendo necessidade de uma investigação completa das observações do cuidador. O uso de escalas de avaliação especificamente criadas para avaliar oscilações pode ajudar no diagnóstico. Outro aspecto central é o parkinsonismo espontâneo, que deve começar após o surgimento do declínio cognitivo; por convenção, são observados déficits cognitivos maiores, no mínimo, um ano antes dos sintomas motores. O parkinsonismo também deve ser diferenciado de sinais extrapiramidais induzidos por neurolépticos. É fundamental o diagnóstico preciso para um planejamento seguro do tratamento, uma vez que até 50% dos indivíduos com TNCCL têm sensibilidade grave a fármacos neurolépticos, e esses medicamentos devem ser usados com muita cautela no controle das manifestações psicóticas. O diagnóstico de TNCCL leve é apropriado para indivíduos que apresentam aspectos centrais ou sugestivos, em um estágio em que prejuízos cognitivos ou funcionais não têm gravidade suficiente para atenderem aos critérios de TNC maior. Da mesma forma que para todos os TNCs leves, porém, com frequência haverá evidências insuficientes que justifiquem qualquer etiologia isolada, sendo mais apropriado o uso de um diagnóstico não especificado. • DESENVOLVIMENTO CLÍNICO O TNCCL é um doença gradualmente progressiva, com surgimento insidioso. Há, porém, com frequência, uma história prodrômica de episódios de confusão (delirium) de surgimento agudo, comumente precipitados por doença ou cirurgia. A distinção entre TNCCL, em que os corpos de Lewy são basicamente de localização cortical, e TNC maior ou leve devido à doença de Parkinson, em que a patologia é basicamente nos gânglios da base, é a ordem em que aparecem os sintomas cognitivos e motores. Indivíduos com TNCCL têm quedas repetidas e síncope, além de episódios passageiros de perda de consciência sem explicação. Disfunção autonômica, como hipotensão ortostática e incontinência urinária, pode ser observada. São comuns alucinações auditivas e não visuais, da mesma forma que delírios sistematizados, identificação errônea delirante e depressão. Patrícia Miranda- MEDICINA No TNCCL, o declínio é manifestado cedo no curso da doença, pelo menos um ano antes do surgimento dos sintomas motores. O curso da doença pode ser caracterizado por platôs ocasionais, mas eventualmente há progressão, que vai da demência grave à morte. A duração média da sobrevida é de 5 a 7 anos nas séries clínicas. O aparecimento de sintomas costuma ser observado a partir da sexta até a nona década de vida, com a maior parte dos casos tendo o surgimento quando as pessoas afetadas estão na metade da sétima década de vida. • MARCADORES DIÁGNOSTICOS A doença neurodegenerativa subjacente é essencialmente uma sinucleinopatia em razão de duplicações errôneas e agregação da alfa-sinucleína. Testes cognitivos que vão além do uso de instrumentos breves para rastreio podem ser necessários para definir os déficits com clareza. Escalas avaliativas, criadas para medir oscilações, podem ser úteis. A condição associada de transtorno comportamental do sono REM pode ser diagnosticada por meio de um estudo formal do sono ou identificada por perguntas ao paciente ou a um informante sobre sintomas relevantes. Sensibilidade neuroléptica (desafio) não é indicada como marcador diagnóstico, mas, se ocorre, faz surgir a suspeita de TNCCL. Uma característica diagnóstica sugestiva é a baixa captação do transportador de dopamina estriatal em tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT), ou tomografia por emissão de pósitrons (PET). Outros marcadores clínicos potencialmente úteis incluem a conservação relativa de estruturas temporais médias em imagens por tomografia computadorizada/ressonância magnética do cérebro; a captação reduzida do transportador de dopamina estriatal nos exames de SPECT/PET; a baixa captação generalizada em SPECT/PET de perfusão, com atividade occipital reduzida; e a cintilografia do miocárdio MIBG anormal, sugerindo denervação simpática: atividade destacada com ondas lentas no eletrencefalograma, com ondas transientes no lobo temporal. • CONSEQUÊNCIAS FUNCIONAIS DO TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO MAIOR OU LEVE COM CORPOS DE LEWY. Pessoas com TNCCL estão mais prejudicas funcionalmente do que o esperado para seus déficits cognitivos quando comparadas a indivíduos com outras doenças degenerativas, como a doença de Alzheimer. Em grande parte, isso é consequência de prejuízos autonômicos e motores, causadores de problemas de higiene íntima, movimentação e ato alimentar. Distúrbios do sono e sintomas psiquiátricos proeminentes podem também ser parte das dificuldades funcionais. Assim, a qualidade de vida de indivíduos com esse transtorno costuma ser significativamente pior do que a daqueles com doença de Alzheimer. Patrícia Miranda- MEDICINA Transtorno Neurocognitivo Vascular Maior ou Leve São atendidos os critérios para transtorno neurocognitivo maior ou leve. Os aspectos clínicos são consistentes com uma etiologiavascular, conforme sugerido por um dos seguintes: 1. Surgimento de déficits cognitivos está temporariamente relacionado com um ou mais de um evento cerebrovascular. 2. Evidências de declínio são destacadas na atenção complexa (incluindo velocidade de processamento) e na função executiva frontal. Há evidências da presença de doença cerebrovascular a partir da história, do exame físico e/ou de neuroimagens consideradas suficientes para responder pelos déficits cognitivos. Os sintomas não são bem explicados por outra doença cerebral ou transtorno sistêmico. - Transtorno neurocognitivo maior ou leve é a segunda causa mais comum de TNC depois da doença de Alzheimer. A estatísticas de prevalência referente a demência vascular variam de 0,2% na faixa dos 65 a 70 anos até 16% em pessoas com 80 anos ou mais. Patrícia Miranda- MEDICINA • CARACTERISTICAS DIAGNOSTICAS A etiologia vascular pode variar de acidente vascular cerebral em grande vaso a doença microvascular; a apresentação é, assim, bastante heterogênea, derivada dos tipos de lesões vasculares e de sua extensão e localização. As lesões podem ser focais, multifocais ou difusas e ocorrer em várias combinações. Muitos indivíduos com TNC vascular maior ou leve apresentam infartos múltiplos, com um declínio agudo gradual ou flutuante na cognição, bem como períodos intervenientes de estabilidade e até mesmo alguma melhora. Outros podem ter surgimento gradual, com progressão lenta, rápido desenvolvimento de déficits, seguido de relativa estabilidade, ou outra apresentação complexa. Transtorno neurocognitivo vascular maior ou leve, com surgimento gradativo e progressão lenta, costuma ser decorrente de alguma doença dos pequenos vasos ou de lesões na substância branca, nos gânglios da base e/ou no tálamo. A progressão gradativa, nesses casos, costuma ser pontuada por eventos agudos, que deixam déficits neurológicos sutis. Os déficits cognitivos podem ser atribuídos a uma ruptura dos circuitos córtico-subcorticais, com possível influência na atenção complexa, em especial na velocidade do processamento de informações e na capacidade executiva. Certeza etiológica exige a demonstração de anormalidades na neuroimagem. A falta dessas neuroimagens pode resultar em imprecisão diagnóstica significativa pela omissão de infarto cerebral “silencioso” e lesões na substância branca. Se, entretanto, o prejuízo cognitivo está temporariamente associado a um ou mais acidentes vasculares cerebrais bem documentados, pode ser feito um diagnóstico provável na falta de neuroimagem. Evidências clínicas de doença cerebrovascular incluem a história documentada de acidente vascular cerebral, com declínio cognitivo temporariamente associado ao evento, ou sinais físicos consistentes com um acidente vascular cerebral (p. ex., hemiparesia, síndrome pseudobulbar, falha no campo visual). Evidências de neuroimagem (evidências de doença cerebrovascular em ressonância magnética ou tomografia computadorizada) englobam um ou mais dos seguintes: um ou mais grandes vasos infartados ou hemorrágicos, um único infarto ou hemorragia estrategicamente situada (p. ex., no giro angular, no tálamo, na porção anterior e basal do cérebro), dois ou mais infartos lacunares fora do tronco cerebral ou lesões extensas e confluentes da substância branca. Esta última, com frequência, é chamada de doença do vaso menor, ou mudanças isquêmicas subcorticais, em avaliações clínicas com neuroimagem. No TNC vascular leve, costuma ser suficiente a história de um só acidente vascular cerebral ou de doença extensa da substância branca. No TNC vascular maior, costumam ser necessários dois ou mais acidentes vasculares cerebrais, um acidente vascular cerebral estrategicamente situado ou uma combinação de doença da substância branca e uma ou mais lacunas. O transtorno não deve ser mais bem explicado por outro transtorno. Por exemplo, déficit proeminente de memória bem cedo no curso pode sugerir doença de Alzheimer; características parkinsonianas destacadas e precoces sugerem doença de Parkinson; e uma associação próxima entre o início e a depressão sugere depressão. • CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS QUE APOIAM O DIANÓSTICO A avaliação neurológica costuma revelar história de acidente vascular cerebral e/ou episódios isquêmicos transitórios, além de sinais indicativos de infartos cerebrais. Encontram-se também Patrícia Miranda- MEDICINA normalmente associadas mudanças de personalidade e humor, abulia, depressão e oscilação emocional. Desenvolvimento de sintomas depressivos de aparecimento tardio, acompanhados de desaceleração psicomotora e disfunção executiva, é uma apresentação comum entre idosos com doença isquêmica progressiva em pequenos vasos (“depressão vascular”). • DESENVOLVIMENTO E CURSO Pode ocorrer TNC maior ou leve em qualquer idade, ainda que a prevalência aumente exponencialmente após os 65 anos. Em pessoas idosas, patologias adicionais podem, em parte, ser as responsáveis pelos déficits neurocognitivos. O curso pode variar de início agudo com melhora parcial para declínio gradual a progressivo, com flutuações e platôs de duração variável. O TNC vascular subcortical puro maior ou leve pode ter um curso progressivo lento, que simula TNC maior ou leve devido à doença de Alzheimer. • MARCADORES DIAGNÓSTICOS. Neuroimagens estruturais, usando ressonância magnética ou TC, têm papel importante no processo diagnóstico. Não existem outros biomarcadores estabelecidos de TNC vascular maior ou leve. Transtorno neurocognitivo vascular maior ou leve costuma estar associado a déficits físicos, causadores de mais incapacidade. Patrícia Miranda- MEDICINA Exame psiquiátrico do paciente idoso A coleta da história psiquiátrica e o exame do estado mental de adultos idosos seguem o mesmo formato que para adultos mais jovens; no entanto, devido à alta prevalência de transtornos cognitivos em pessoas idosas, os psiquiatras precisam determinar se um paciente compreende a natureza e o propósito do exame. Quando um paciente é cognitivamente prejudicado, deve ser obtida uma história independente com um membro da família ou cuidador. O paciente deve, ainda, ser visto sozinho – mesmo em casos de clara evidência de prejuízo – para preservar a privacidade da relação médico-paciente e para identificar pensamentos suicidas ou ideação paranoide, os quais podem não ser expressos na presença de um parente ou enfermeiro. Quando for realizado o exame do paciente idoso, é importante lembrar que os idosos diferem entre si de forma marcante. A abordagem de exame deve levar em conta se se trata de uma pessoa de 75 anos saudável que recentemente se aposentou de uma segunda carreira ou se é uma pessoa frágil de 96 anos que acabou de perder o único parente vivo com a morte da filha cuidadora de 75 anos. • História psiquiátrica Uma história psiquiátrica completa inclui a identificação preliminar (nome, idade, sexo, estado civil), queixa principal, história da doença atual, história de doenças prévias, história pessoal e história familiar. Uma revisão das medicações (incluindo medicações sem prescrição) que o paciente está usando atualmente ou usou no passado recente também é importante. Pacientes com mais de 65 anos frequentemente têm queixas subjetivas de um pequeno comprometimento da memória, como o esquecimento de nomes das pessoas ou perda de objetos. Também podem ocorrer problemas cognitivos menores devido à ansiedade na situação de entrevista. Esses prejuízos associados à idade não são significativos; o termo esquecimento senescente benigno foi utilizado para descrevê-los. A história da infância e adolescência de um paciente pode fornecer informações sobre a organização da personalidade e dar pistas sobre estratégias de enfrentamento e mecanismos de defesa usados sob estresse. Uma história de dificuldade de aprendizagemou disfunção cerebral mínima é significativa. Os psiquiatras devem investigar sobre amigos, esportes, lazer, atividades sociais e trabalho. A história ocupacional deve incluir os sentimentos do paciente sobre trabalho, relações com os pares, problemas com autoridade e atitudes em relação à aposentadoria. O paciente também deve ser questionado sobre planos para o futuro. Quais são suas expectativas e seus medos? A história familiar deve incluir a descrição do paciente das atitudes dos seus pais e a adaptação deles à velhice e, se for indicado, as causas das suas mortes. A doença de Alzheimer é transmitida como um traço autossômico dominante em 10 a 30% dos filhos de pais com essa doença; depressão e dependência de álcool também ocorrem nas famílias. A situação social atual do paciente deve ser avaliada. Quem cuida do paciente? O paciente tem filhos? Quais são as características das relações pai-filho do paciente? Uma história financeira ajuda o psiquiatra a avaliar o papel das dificuldades econômicas na doença do paciente e a fazer recomendações realistas de tratamento. Patrícia Miranda- MEDICINA A história conjugal inclui uma descrição do cônjuge e as características do relacionamento. Se o paciente for viúvo ou viúva, o psiquiatra deve explorar como foi feito o luto. Se a perda do cônjuge ocorreu no ano anterior, o paciente está em alto risco de um evento físico ou psicológico adverso. A história sexual do paciente inclui atividade sexual, orientação, libido, masturbação, casos extraconjugais e sintomas sexuais (p. ex., impotência e anorgasmia). Os clínicos jovens podem ter que superar os próprios preconceitos em relação a tomar a história sexual: sexualidade é uma área de interesse para muitos pacientes geriátricos, que são receptivos à oportunidade de falarem sobre seus sentimentos e atitudes sexuais • EXAME DO ESTADO MENTAL O exame do estado mental oferece uma visão transversal de como o paciente pensa, sente e se comporta durante o exame. Com adultos idosos, um psiquiatra pode não conseguir se basear em um único exame para responder a todas as perguntas diagnósticas. Poderá ser necessário repetir os exames devido às alterações flutuantes na família do paciente. - Descrição geral. Uma descrição geral do paciente inclui aparência, psicomotricidade, atitude em relação ao examinador e atividade da fala. Perturbações motoras (p. ex., marcha arrastada, postura inclinada, movimentos circulares dos dedos, tremores e assimetria corporal) devem ser observadas. Movimentos involuntários da boca ou língua podem ser efeitos adversos de medicação fenotiazínica. Muitos pacientes deprimidos parecem ser lentos na fala e no movimento. A face semelhante a uma máscara Patrícia Miranda- MEDICINA ocorre na doença de Parkinson. A fala do paciente pode ser pressionada em estados agitados, maníacos e ansiosos. Lacrimejamento e choro franco ocorrem em transtornos depressivos e cognitivos, especialmente se o paciente se sente frustrado por não conseguir responder uma das perguntas do examinador. A presença de um aparelho auditivo ou outra indicação de que o paciente tem problemas de audição (p. ex., pedir que as perguntas sejam repetidas) deve ser observada. A atitude do paciente em relação ao examinador – cooperativo, desconfiado, reservado, insinuante – pode fornecer informações sobre possíveis reações transferenciais. Devido à transferência, os idosos podem reagir a médicos mais jovens como se estes fossem figuras parentais, apesar da diferença de idade. - Avaliação funcional: Pacientes com mais de 65 anos devem ser avaliados quanto a sua capacidade de manter a independência e de realizar atividades da vida diária, que incluem higiene pessoal, preparo das refeições, vestir-se, cuidados pessoais e alimentação. O grau de competência funcional em seus comportamentos diários é uma consideração importante na formulação de um plano de tratamento para esses pacientes. - Humor, sentimentos e afeto. Suicídio é a principal causa da morte de idosos, e uma avaliação da ideação suicida é essencial. Solidão é a razão mais comum citada por adultos idosos que consideram o suicídio. Sentimentos de solidão, inutilidade, impotência e falta de esperança são sintomas de depressão, o que implica um alto risco de suicídio. O examinador deve perguntar especificamente sobre pensamentos de suicídio: o paciente acha que a vida não vale mais a pena ser vivida? Acha que estaria melhor morto ou que, quando morto, não seria mais uma carga para os outros? Esses pensamentos – em especial quando associados a abuso de álcool, viver sozinho, morte recente do cônjuge, doença física e dor somática – indicam um alto risco de suicídio. Perturbações nos estados de humor, mais notadamente depressão e ansiedade, podem interferir no funcionamento da memória. Um humor eufórico ou expansivo pode indicar um episódio maníaco ou sinalizar um transtorno demencial. A disfunção do lobo frontal frequentemente produz witzelsucht, que é a tendência a fazer trocadilhos e piadas e depois rir deles em voz alta. O afeto do paciente pode ser indiferente, embotado, contido, superficial ou inapropriado, os quais podem indicar um transtorno depressivo, esquizofrenia ou disfunção cerebral. Esses afetos são achados anormais importantes, embora não sejam patognomônicos de um transtorno específico. Disfunção no lobo dominante causa disprosódia, incapacidade de expressar sentimentos emocionais por meio da entonação da fala. - Perturbações perceptuais. Alucinações e ilusões por parte de idosos podem ser fenômenos transitórios resultantes da diminuição da acuidade sensorial. O examinador deve observar se o paciente está confuso sobre o tempo ou o lugar durante o episódio alucinatório; uma confusão aponta para uma condição orgânica. É particularmente importante perguntar ao paciente sobre percepções corporais distorcidas. Como alucinações podem ser causadas por tumores cerebrais e outras patologias focais, podem ser indicados exames diagnósticos. Doenças cerebrais podem causar deficiência perceptiva; agnosia, a incapacidade de reconhecer e interpretar o significado de impressões sensoriais, está associada a doenças cerebrais orgânicas. O examinador deve observar o tipo de agnosia – a negação de doença (anosognosia), a negação de uma parte do corpo (atopognosia) ou a incapacidade de reconhecer objetos (agnosia visual) ou rostos (prosopagnosia). - Expressão da linguagem. A categoria de expressão da linguagem no exame do estado mental geriátrico abrange as afasias, que são transtornos da expressão da linguagem relacionados a lesões orgânicas do cérebro. Os mais bem descritos são a afasia não fluente, ou de Broca, afasia Patrícia Miranda- MEDICINA fluente, ou de Wernicke, e afasia global, uma combinação de afasias fluentes e não fluentes. Na afasia não fluente, ou de Broca, a compreensão do paciente permanece intacta, mas a capacidade de falar está prejudicada – ele não consegue pronunciar “metodista episcopal”. As palavras em geral são pronunciadas incorretamente, e a fala pode ser telegráfica. Um teste simples para afasia de Wernicke é apontar para alguns objetos comuns – como uma caneta ou lápis, uma maçaneta de porta e um interruptor de luz – e pedir que o paciente os nomeie. O paciente também pode não conseguir demonstrar o uso de objetos simples, como uma chave e um fósforo (apraxia ideomotora). - Funcionamento visuoespacial. Algum declínio na capacidade visuoespacial é normal com o envelhecimento. Pedir que o paciente copie figuras ou um desenho pode ser útil na avaliação da função. Deve ser realizada uma avaliação neuropsicológica quando o funcionamento visuoespacial estiver evidentemente prejudicado. - Pensamento. Os distúrbios no pensamento incluem neologismos, salada de palavras, circunstancialidade, afrouxamento das associações, fuga de ideias, associação com sons e bloqueio. A perda da capacidade de reconhecer a nuance dos significados (pensamentoabstrato) pode ser um sinal precoce de demência. O pensamento é, então, descrito como concreto ou literal. O conteúdo do pensamento deve ser examinado para fobias, obsessões, preocupações somáticas e compulsões. Ideias sobre suicídio ou homicídio devem ser discutidas. O examinador deve determinar se delírios estão presentes e como eles afetam a vida do paciente. Delírios podem estar presentes em pacientes de casas de repouso e podem ter sido uma razão para sua admissão. Ideias de referência ou de influência devem ser descritas. Pacientes com deficiência auditiva podem ser classificados de maneira errônea como paranoides ou desconfiados - Sensório e cognição. Sensório refere-se ao funcionamento dos sentidos especiais; cognição refere-se ao processamento de informações e ao intelecto. A investigação das duas áreas, conhecida como exame neuropsiquiátrico, consiste na avaliação do clínico e em uma bateria extensa de testes psicológicos. - CONSCIÊNCIA. Um indicador sensível da disfunção do cérebro é um estado alterado de consciência no qual o paciente parece não estar alerta, mostra flutuações nos níveis de consciência ou parece estar letárgico. Em casos severos, o paciente está sonolento ou em estado de torpor. - ORIENTAÇÃO. Deficiência de orientação no tempo, no espaço e para a pessoa está associada a transtornos cognitivos. Com frequência, é observado comprometimento cognitivo em transtornos do humor, transtornos de ansiedade, transtornos factícios, transtorno conversivo e transtornos da personalidade, especialmente durante períodos de severo estresse físico ou ambiental. O examinador deve testar a orientação no espaço pedindo que o paciente descreva sua localização atual. A orientação para a pessoa pode ser abordada de duas maneiras: o paciente sabe seu nome, e os enfermeiros e os médicos são identificados como tais? O tempo é testado ao ser perguntado ao paciente a data, ano, mês e dia da semana. Ele também deve ser questionado sobre a duração de tempo passado em um hospital, durante qual estação do ano isso ocorreu e como sabe esses fatos. É dado maior significado às dificuldades referentes à pessoa do que a dificuldades de tempo e espaço, e é dado mais significado à orientação no espaço do que à orientação no tempo. - MEMÓRIA. A memória em geral é avaliada em termos de memória imediata, recente e remota. A retenção imediata e a recordação são testadas dando ao paciente seis dígitos a serem repetidos avançando e retrocedendo. O examinador deve registrar o resultado da capacidade Patrícia Miranda- MEDICINA de lembrar-se do paciente. Pessoas sem memória prejudicada em geral conseguem lembrar seis dígitos avançando e cinco ou seis dígitos retrocedendo. O clínico deve ter conhecimento de que a capacidade de se sair bem em testes de abrangência de dígitos está prejudicada em pessoas extremamente ansiosas. A memória remota pode ser testada ao serem perguntados local e data de nascimento, nome da mãe antes de ela se casar e os nomes e datas de nascimento dos filhos do paciente. Nos transtornos cognitivos, a memória recente se deteriora primeiro, e sua avaliação pode ser realizada de várias maneiras. Alguns examinadores dão ao paciente os nomes de três itens no início da entrevista e pedem que ele se lembre deles mais tarde. Outros preferem contar uma história curta e pedir ao paciente que a repita literalmente. A memória do passado recente também pode ser testada perguntando ao paciente seu local de residência, incluindo o número da rua, o meio de transporte até o hospital e alguns eventos atuais. Se o indivíduo tiver um déficit de memória, como amnésia, deve ser realizada uma testagem detalhada para determinar se ela é retrógrada (perda da memória antes de um evento) ou anterógrada (perda da memória após o evento). A retenção e a recordação também podem ser testadas fazendo o paciente recontar uma história simples. Aqueles que confabulam inventam novo material ao recontar a história. - TAREFAS INTELECTUAIS, INFORMAÇÕES E INTELIGÊNCIA. Várias tarefas intelectuais podem ser apresentadas para estimar o acervo de conhecimentos gerais do paciente e seu funcionamento intelectual. Contagem e cálculos podem ser testados pedindo ao paciente que subtraia 7 de 100 e continue subtraindo 7 do resultado até que o número 2 seja atingido. O examinador registra as respostas como uma linha de base para testes futuros. Ele também pode pedir que o paciente faça uma contagem regressiva de 20 até 1 e registrar o tempo necessário para concluir o exercício. O acervo de conhecimentos gerais do paciente está relacionado à inteligência. Pode ser perguntado o nome do presidente do país, pedir que nomeie as três maiores cidades do país, que diga qual é a população do país e dê a distância entre duas grandes cidades. O examinador deve levar em conta o nível de instrução do paciente, status socioeconômico e experiência geral de vida na avaliação dos resultados de alguns desses testes. - LEITURA E ESCRITA. Pode ser importante que o clínico examine a leitura e a escrita do paciente para determinar se ele tem um déficit específico na fala. O examinador pode pedir a ele que leia uma história simples em voz alta ou escreva uma frase curta para testar um transtorno de leitura ou escrita. Deve ser observado se o indivíduo é destro ou canhoto. - JULGAMENTO. Julgamento é a capacidade de agir de maneira apropriada em várias situações. O paciente mostra julgamento prejudicado? O que ele faria se encontrasse um envelope endereçado e selado na rua? O que faria se sentisse cheiro de fumaça no teatro? Ele consegue discriminar? Qual é a diferença entre um anão e um menino? • AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA. Um exame neuropsicológico completo inclui uma bateria abrangente de testes que podem ser replicados por vários examinadores e podem ser repetidos ao longo do tempo para avaliar o curso de uma doença específica. O teste mais amplamente usado do funcionamento cognitivo atual é o Miniexame do Estado Mental (MEEM), que avalia orientação, atenção, cálculo, memória imediata e de curto prazo, linguagem e capacidade de seguir ordens simples. O MEEM é utilizado para detectar prejuízos, acompanhar o curso de uma doença e monitorar as respostas do paciente ao tratamento. Ele não é usado para fazer um diagnóstico formal. O escore máximo é 30. Idade e nível de instrução influenciam o desempenho cognitivo medido pelo MEEM. Patrícia Miranda- MEDICINA A avaliação das habilidades intelectuais é realizada com a Escala de Inteligência Wechsler para Adultos-Revisada (WAIS-R), que fornece escores de quociente de inteligência (QI) verbal, de execução e total. Os resultados de alguns testes, como os de vocabulário, se mantêm à medida que progride o envelhecimento; já os resultados de outros testes, como os das semelhanças e de substituição dígitosímbolo, não. A parte de execução na WAIS-R é um indicador mais sensível de dano cerebral do que a parte verbal. As funções visuoespaciais são sensíveis ao processo normal de envelhecimento. O Teste Guestáltico de Bender é um dos inúmeros instrumentos utilizados para testar as funções visuoespaciais; outro é a Bateria Halstead-Reitan, que é a bateria mais complexa dos testes que abrangem todo o espectro de processamento da informação e cognição. A depressão, mesmo na ausência de demência, com frequência prejudica o desempenho psicomotor, especialmente o funcionamento visuoespacial e a velocidade de desempenho motor. A Escala de Depressão Geriátrica é um instrumento de rastreamento útil que exclui queixas somáticas da sua lista de itens. A presença de queixas somáticas em uma escala de classificação tende a confundir o diagnóstico de um transtorno depressivo. - História medica: Os pacientes idosos têm problemas clínicos mais concomitantes, crônicos e múltiplos e tomam mais medicações do que os adultos jovens; muitas delas podem influenciar seu estado mental. A história médica inclui todas as doenças importantes,traumatismos, hospitalizações e intervenções de tratamento. O psiquiatra também deve estar alerta para doenças clínicas subjacentes. Infecções, distúrbios metabólicos e eletrolíticos e infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral podem ser manifestados inicialmente por sintomas psiquiátricos. Humor depressivo, delírios e alucinações podem preceder outros sintomas da doença de Parkinson em muitos meses. Do mesmo modo, um transtorno psiquiátrico também pode causar sintomas somáticos, como perda de peso, desnutrição e inanição por depressão severa. A revisão cuidadosa das medicações (incluindo aquelas de venda livre, laxativos, vitaminas, tônicos e loções) e até de substâncias recentemente descontinuadas é extremamente importante. Os efeitos das substâncias podem ser duradouros e induzir depressão (p. ex., anti- hipertensivos), prejuízo cognitivo (p. ex., sedativos), delirium (p. ex., anticolinérgicos) e convulsões (p. ex., neurolépticos). A revisão das medicações deve incluir detalhes suficientes para identificar o mau uso (superdosagem, subdose) e relacionar seu uso a dietas especiais. Também é importante uma história dietética; deficiências e excessos (p. ex., proteína, vitaminas) podem influenciar a função fisiológica e o estado mental. Patrícia Miranda- MEDICINA Analisando o caso DONA MARÍLIA agitada, xingando todos. Tenta agredir quem se aproxima. Ela é paciente antiga da USF e foi avaliada há dois meses pela drª Cecília que disse que os exames de sangue estavam normais, mas ficou preocupada com o resultado de uns testes que aplicou e por isso pediu uma tomografia cerebral. Na época estava com insônia, inquieta e com episódios de choro. Recebeu prescrição de uma medicação mas filha, em cuja casa ela estava ficando (ficou por 1 mês) optou por não dar o medicamento. Já na casa de outro filho teve piora da insônia e caiu duas vezes nas andanças noturnas. Já a encontraram no quintal dizendo estar esperando o trem. Há uma semana não quer tomar banho. Fala muito do passado e pergunta várias vezes se o marido, que faleceu há 15 anos, já chegou do trabalho. Acaba de comer e volta a pedir comida. Acha estão envenenando sua comida e que alguém colocou feitiço na caixa d’água da casa e por isso não quer tomar banho e nem beber água. doença de Alzheimer + delirium delirium- insônia, irritabilidade, alucinações. alzheimer: Há surgimento insidioso e progressão gradual de prejuízo em um ou mais domínios cognitivos. Dados apontam para transtorno neurocognitivo maior, pois ela esquece que já se alimentou, pergunta várias vezes do marido que já faleceu. O transtorno neurocognitivo maior é aquele em que as alterações causam efeitos negativos sobre a vida do paciente. Ele precisa de auxilio de pessoas Ela tem historico de doença de Alzheimer familiar? SR. DIRCEU Possivelmente o Sr Dirceu apresenta Delirium, devido as apresentações clinicas citadas no caso, como: Em relação ao curso, como apresentado no resumo acima, o delirium costuma durar cerca de uma semana, senhor Dirceu está em seu terceiro dia de sintomatologia. Ele apresenta inquietação e cochilos durante o dia. O Delirium pode estar associado a alternação de estado hipoativo e hierativo. Pode ter sido intensificado com uso de farmacos. Piora ao entardecer e à noite, quando diminuem os estimulos externos de orientação Reclama de insetos na parede: ilusões ou alucinações; são perturbações comumente visuais Cochilos durante o dia: O delirium pode incluir perturbação que causam sonolência diurna agitação noturna, dificuldade para adormecer, sono excessivo durante o dia ou vigília durante a noite. Em alguns casos, pode ocorrer inversão total do sono-vigília noite-dia. Perturbações no sono-vigília são muito comuns no delirium, tendo sido propostas como um critério central para o diagnóstico. Patrícia Miranda- MEDICINA Ao mesmo tempo que a maioria dos indivíduos com delirium tem recuperação completa com ou sem tratamento, o reconhecimento e a intervenção precoces costumam reduzir sua duração. A condição pode progredir até estupor, coma, convulsões ou morte, em especial quando a causa subjacente continua sem tratamento. A mortalidade entre pessoas hospitalizadas com delirium é alta, e até 40% dos indivíduos com essa condição, sobretudo os com malignidades e outras doenças médicas subjacentes e significativas, morrem dentro de um ano após o diagnóstico "No exame fisico apresentou atitude indiferente, sonolento, desorientado, desatento com lentificação psicomotora" Critério 1 e 2 para diagnostico de delirium, olhar a tabela.
Compartilhar