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Trabalho Final de Sociologia Rural

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO 
MEDICINA VETERINÁRIA 
SOCIOLOGIA RURAL 
 
 
DISCENTES: Allane Barros Cerqueira, Diovanna da Silva Pires, Marcos 
Daniel Rios Lima, Mayra Gonçalves Soares, Pedro Henrique Santos 
Aguiar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COMERCIALIZAÇÃO EM CADEIAS CURTAS NO MUNICÍPIO 
DE SANTA LUZIA DO PARUÁ-MA 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO LUÍS 
2021 
 
DISCENTES: Allane Barros Cerqueira, Diovanna da Silva Pires, Marcos 
Daniel Rios Lima, Mayra Gonçalves Soares, Pedro Henrique Santos 
Aguiar 
 
 
 
 
 
COMERCIALIZAÇÃO EM CADEIAS CURTAS NO MUNICÍPIO 
DE SANTA LUZIA DO PARUÁ-MA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO LUÍS 
2021 
Trabalho de pesquisa na disciplina de 
Sociologia Rural do curso de Medicina 
Veterinária da Universidade Estadual 
do Maranhão ministrada pelo professor 
Itaan Santos 
RESUMO 
 
 Os circuitos curtos de comercialização têm se tornado estratégico ao 
escoamento da produção agrícola gerando trabalho e renda à população local, além 
de fortalecer a relação entre os produtores/feirantes e os consumidores. Este trabalho 
de pesquisa trata do processo de formação, organização, socialização e coordenação 
de um destes canais – a feira livre de Santa Luzia do Paruá/MA– a partir de um estudo 
de caso, realizado com a colaboração, via entrevistas semiestruturadas, de atores 
sociais importantes, como produtores/feirantes e o Secretária de Agricultura. Focou-
se na etapa da comercialização em cadeia curta, aprofundando-se em seu conceito e 
de que forma, na prática, funciona no município escolhido a fim de entender a 
realidade dos benefícios e dificuldades envolvidas. Pode-se inferir que as relações 
estabelecidas ultrapassam as trocas mercantis, identificando-se sua importância na 
vida financeira dos implicados como a conquista de autonomia pelos produtores e a 
vantagem para a economia local quando se pensa na possibilidade de diminuição da 
importação caso tal atividade seja incentivada pelo poder público. 
 
Palavras-chave: Comercialização em Cadeias curtas, Cadeias Agroalimentares 
Curtas, Feiras livres, Consumo, Hortifrutigranjeiros. 
 
ABSTRACT 
 
 The short marketing circuits have become strategic to the outflow of agricultural 
production generating work and income to the local population, at the same time that 
it strengthens the relationship between farmers/sellers and consumers. This research 
work deals with the process of formation, organization, socialization, and coordination 
of one of these channels - the free fair of Santa Luzia do Paruá/MA - based on a case 
study, carried out with the collaboration, through semi-structured interviews, of 
important social actors, such as farmers/sellers of the fair and the Secretary of 
Agriculture. The focus was on the short supply chain commercialization stage, 
analyzing the depth of its concept and how, in practice, it works in the chosen city to 
understand the reality of the benefits and difficulties involved in the process. It can be 
deducted that the established relationships between farmers/sellers and costumers go 
beyond the commercial exchanges, we can also identify their importance in the 
financial lives of those involved as the achievement of autonomy by the farmers/sellers 
and the advantage for the local economy when it comes to the possibility of a decrease 
in imports if such activity were promoted by the government. 
 
Keywords: Short supply chain commercialization, Short circuits in agro-food, Free 
fairs, Consumption. Horticultural. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1 
1.1. Área de Estudo .............................................................................................. 2 
1.1.1. Localização .............................................................................................. 2 
1.1.2. Histórico ................................................................................................... 2 
1.1.3. Aspectos Ambientais e Geológicos ......................................................... 3 
1.1.4. Aspectos Socioeconômicos ..................................................................... 4 
2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 5 
2.1. Objetivo Geral ................................................................................................ 5 
2.2. Objetivos Específicos ..................................................................................... 5 
3. METODOLOGIA .................................................................................................. 6 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 7 
5. CONCLUSÃO .................................................................................................... 10 
6. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 12 
7. ANEXO ............................................................................................................... 14 
7.1. Questionário ................................................................................................. 14 
 
 
1 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 As cadeias curtas recebem esse termo justamente por conta da diminuição; 
encurtamento no processo de comercialização, as etapas são reduzidas e o produto 
realiza uma rota menor comparada às cadeias longas. As cadeias curtas são 
importantes para construir uma base de cooperação para o funcionamento econômico 
de mercados; comércios. A ligação começa com os produtores e consumidores, o 
objetivo da cadeia curta é melhorar a conexão de comercialização, havendo a venda 
direta, quanto maior for essa ligação melhor será para o mercado. Existe uma logística 
no conceito e aplicação das cadeias curtas, o produtor consegue aplicar um preço 
maior de venda, e o consumidor consegue comprar o produto por um preço menor, 
por conta da rápida comercialização por meio da cadeia curta. O benefício é mútuo 
para ambas as partes. (Schneider, 2017) 
 
 Com o crescimento do mercado as cadeias curtas tornaram-se uma ótima 
oportunidade para lidar melhor com a venda dos produtos, todo o processo da cadeia 
longa é subtraído nas cadeias curtas, ou seja, aquele pequeno produtor consegue 
comercializar seus produtos por meio de uma feira livre uma venda domicílio ou na 
beira da estrada, entre outros exemplos que podem ter proveito. As cadeias curtas 
melhoraram o sistema agroalimentar, os negócios da agricultura familiar, facilitando a 
venda, pois, quando um produto reduz sua distância até alcançar o consumidor os 
produtores conseguem uma venda mais vantajosa, o preço é um dos principais pontos 
que as cadeias curtas beneficiam, tal encurtamento no trajeto que o produto realiza 
consegue favorecer os produtores, além disso beneficia a questão social, por 
exemplo, existem muitas pessoas que produzem mas não conseguem vender seus 
produtos, por conta de veículos, falta de acessibilidade ao mercado ou até mesmo um 
número de consumidores reduzido, com as cadeias curtas esses produtores 
conseguem vender seus produtos, conquistando uma clientela mais “próxima” ao seu 
ponto de produção e comércio. Não se trata apenas de dinheiro e sim melhorias para 
a vida de muitos produtores, as cadeias curtas buscam aproximar e aprimorar essa 
relação entre produtores e consumidores. (Schneider, 2017). 
 
2 
 
1.1. Área de Estudo 
 
1.1.1. Localização 
 
 O município de Santa Luzia do Paruá (2° 37' 12'' S e 45° 46' 12'' W) está situado 
no oeste do estado do Maranhão, na microrregião do Pindaré, região do Alto Turi (fig. 
1). Distante 370 km de São Luís, a capital do Estado, o municípioconta com a BR 316 
como via de acesso. De acordo com o IBGE (2010), a cidade possui uma população 
de 22.644 habitantes sendo que 12.591 se concentram na área urbana e 10.053 
habitantes na área rural. A cidade compreende uma área de 897,14 km² e uma 
densidade demográfica de 25.92 hab/km². 
 
 
Figura 1 - Localização do município de Santa Luzia do Paruá - MA. 
 
1.1.2. Histórico 
 O município tem sua origem nos processos de colonização espontânea e 
dirigida na Amazônia maranhense no final da década de 1950, época em que os 
primeiros moradores migraram de outras regiões do Maranhão desbravando novas 
áreas de fronteias agrícolas. Um dos projetos estatais responsáveis pela vinda de 
grande número de migrantes foi o projeto de colonização do Alto Turi (PCAT), região 
que antes fazia parte das “terras livres” do Maranhão e que atualmente é formada por 
3 
 
seis municípios: Governador Newton Bello, Zé Doca, Araguanã, Nova Olinda do 
Maranhão, Santa Luzia do Paruá e Presidente Médici. Tal projeto foi desenvolvido em 
1964 e tem sua história associada aos planejamentos realizados pela 
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE em sua primeira fase 
de atuação, quando defendia a Colonização Dirigida no Estado do Maranhão como 
uma das alternativas para solucionar os problemas estruturais agrários e 
demográficos do Nordeste (MANHÃES, 1987). 
 
 A frente de expansão culminou com a abertura da BR-316, estrada que liga o 
Maranhão ao Pará, influenciando, dessa forma, o povoamento das regiões próximas 
aos rios da região. A partir de 1972 o projeto de colonização estatal passou a ser 
executado pela Companhia de Colonização do Nordeste (COLONE), subsidiária da 
SUDENE que ficou com a responsabilidade de prover assistência técnica articulada 
com os programas de educação, saúde, construção de estradas, desenvolvimento 
comunitário e de apoio às cooperativas, objetivando a melhoria da qualidade de vida 
dos colonos da região. 
 
 Antes de ser emancipada, Santa Luzia do Paruá era distrito de Turiaçu e 
somente em 30 de novembro de 1987, foi elevada à categoria de município pela Lei 
Estadual nº 4.827 (IBGE, 2021). 
 
1.1.3. Aspectos Ambientais e Geológicos 
 
Clima 
 A temperatura média anual varia entre 26 °C e 27 °C, com umidade relativa do 
ar anual entre 79% e 82% e a pluviosidade anual apresenta totais entre 2000 a 2400 
mm3. O clima da região é tropical semi-úmido (Aw) com um regime de chuvas que 
segue o padrão tropical o que inclui uma estação chuvosa entre os meses de janeiro 
a julho, seguida por uma estação de estiagem entre agosto e dezembro, com 
pluviosidade anual entre 1400 e 1800 mm3 (GEPLAN, 2002). 
 
Relevo e Vegetação 
4 
 
 O município encontra-se inserido na Amazônia Oriental no domínio 
geomorfológico Superfícies Aplainadas do Noroeste do Maranhão caracterizado pela 
presença de relevo arrasado por prolongados processos de denudação e 
aplainamento (DANTAS, 2013). O relevo é formado por solos drenados e de baixa 
fertilidade natural, predominando Plintossolos Argilúvicos distróficos típico de textura 
média a argilosa e relevo plano, abrúptico com textura arenosa, média ou argilosa 
com suave ondulado; e Argissolos Vermelho-Amarelos distróficos e plínticos com 
textura média a argilosa cascalhenta e relevo ondulado a suave ondulado (DANTAS, 
2013; IBGE, 2011). 
 
 A cidade é banhada pelo rio Paruá, um afluente do rio Turiaçu que forma a bacia 
hidrográfica da região. A cobertura vegetal da região é composta por Floresta 
Ombrófila densa de terras baixas como presença de espécies típicas do cerrado. 
Grande parte da vegetação nativa dessa região foi desmatada e os terrenos foram 
convertidos em pastagens para a execução da pecuária extensiva e as poucas áreas 
de regeneração desenvolveram áreas de mata secundária. A degradação também 
atinge matas ciliares, o que levou ao assoreamento de corpos d’água (DANTAS, 
2013). 
 
1.1.4. Aspectos Socioeconômicos 
 
 O município conta com PIB per capita (2018) de 8.526,12 R$ e o Índice de 
Desenvolvimento Humano Municipal em 2010 foi de 0,599. As principais atividades 
econômicas do município envolvem a pecuária, o extrativismo vegetal, a lavoura 
temporária e o comércio. As atividades econômicas agropecuárias estão detalhadas 
na tabela 1. 
 
Tabela 1 – Grupos de atividades agrícolas desenvolvidas no município de Santa Luzia do Paruá – 
MA. 
Atividade % 
Lavoura Temporária 40,58 
Lavoura Permanente 3,84 
Pecuária 49,94 
Horticultura e Floricultura 1,56 
5 
 
Produção Florestal 1,80 
Aquicultura 2,28 
Fonte: Censo Agropecuário 2017, IBGE. 
 
 De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, o município conta com 833 
estabelecimentos distribuídos em uma área média de 76,35 hectares e com 4,1 
pessoas ocupadas por estabelecimento. As atividades econômicas fundamentam-se 
quase que exclusivamente na produção agrícola, sendo que cerca de 81,27% da 
produção é da Agricultura Familiar. Na região predomina a agricultura temporária dos 
produtos de subsistência (arroz, milho, feijão e mandioca) e a prática da horticultura 
(maxixe, quiabo, abóbora, entre outros). O babaçu é o produto extrativista de maior 
valor econômico. 
 
 Na pecuária local destaca-se a criação de gado bovino de corte, havendo a 
exploração de leite e seus derivados. Existem também, no município, atividades 
econômicas voltadas para avicultura, suinocultura e piscicultura em menor escala. No 
entanto, a atividade que mais se destaca é a produção de mel de abelha, sendo que 
em 2016, o município chegou a produzir 387 toneladas, ficando em primeiro lugar na 
produção apícola do estado (IBGE, 2017). 
 
2. OBJETIVOS 
 
2.1. Objetivo Geral 
 Demonstrar uma visão geral sobre o funcionamento da comercialização de 
cadeias curtas em Santa Luzia do Paruá-MA e relatar seus benefícios e dificuldades 
nos aspectos econômicos, sociais e espaciais. 
 
2.2. Objetivos Específicos 
• Dar enfoque ao circuito curto de comercialização e cadeias agroalimentares 
curtas em Santa Luzia do Paruá. 
• Definição de circuitos curtos como feiras livres garantindo o contato entre 
produtor e consumidor focando na aproximação das relações e garantia de 
6 
 
confiança na qualidade dos seus produtos além da redução de custos dos 
mesmos. 
• Ressaltar a importância das cadeias curtas para garantir o escoamento da 
produção agrícola e para a segurança alimentar no país devido a diminuição 
do uso de agrotóxicos e derivados. 
• Destacar o papel fundamental dos circuitos curtos de comercialização na 
geração de trabalho e renda local evitando a chamada fuga de talentos. 
• Enfatizar a essencial participação dos circuitos curtos de comercialização na 
economia ajudando na diminuição de importação. 
 
3. METODOLOGIA 
 
 O presente estudo contou com o Secretário de Agricultura e produtores/feirantes 
implicados com a feira livre do município Santa Luzia do Paruá/MA a fim de analisar 
esta cadeia curta, que se dedica à comercialização de produtos hortifrutigranjeiros e 
de alguns produtos correlatos. A feira livre analisada nesta pesquisa é uma feira livre 
convencional localizada na praça do mercado municipal. Para subsidiar o 
delineamento do instrumento de coleta de dados foi realizada uma pesquisa na 
literatura através da ferramenta Google Acadêmico sobre os temas: Cadeias Curtas 
ou Circuitos Curtos de Comercialização, comercialização da produção da agricultura 
familiar e feiras livres. 
 
 As entrevistas semiestruturadas foram realizadas com os feirantes 
(produtores/feirantes), optou-se pela utilização de entrevistas abertas. Soma-se a isso 
o emprego da observação sistemática. A respeito dos procedimentos metodológicos 
é importante destacar que após a identificação da feira livre, realizou-se um primeiro 
contato com o público-alvo já estabelecidocom o objetivo de consultá-los a respeito 
de seu interesse e disponibilidade de participar da pesquisa, avaliando, neste sentido, 
a possibilidade do estudo, conforme concebido inicialmente. Seguido da afirmativa 
dos atores implicados, procedemos a realização das entrevistas com os 
produtores/feirantes e, sequencialmente, com o Secretário de Agricultura. Foram 
elaborados dois instrumentos, um questionário intuitivo voltado ao Secretário da 
agricultura realizado para esclarecer as respostas dos feirantes e outro direcionado 
7 
 
aos produtores/feirantes que continham 11 perguntas que foram concebidas utilizando 
por base nosso estudo da literatura mencionados anteriormente. 
 
 O questionário aplicado aos produtores/feirantes teve como objetivo 
compreender a formação e o funcionamento da feira livre, a cadeia dos produtos 
comercializados na feira, os sistemas de produção utilizados por cada produtor, as 
características das atividades desempenhadas, a caracterização dos produtos 
oferecidos nas bancas e a percepção do produtor/feirante sobre o perfil dos 
consumidores atuais da feira. Para a análise e interpretação dos dados obtidos, foram 
realizados sequencialmente os seguintes procedimentos: a) organização e 
preparação dos dados para a análise; b) realização de análise detalhada dos dados 
obtidos; c) descrição e interpretação dos dados. Nosso grupo manteve contato regular 
através da plataforma Google Meet durante todo o desenvolvimento do trabalho e, 
também, no aplicativo de mensagens Whatsapp. 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 Para o trabalho, foram entrevistadas 5 pessoas no dia 19 de junho de 2021 e 1 
pessoa no dia 25 de junho do mesmo ano. Francisca Ferreira Viana foi a primeira a 
ser entrevistada. Natural de Presidente Médici e tendo a feira como sua única 
atividade comercial, ela negou a existência de cooperativas que ajudem a sustentar 
sua atividade no comércio. Afirmou que não possui auxílio do governo em sua 
atividade comercial. Sobre a utilização de tecnologias no auxílio das atividades, a 
entrevistada afirmou que o seu trabalho é inteiramente braçal. Dentre as principais 
dificuldades apontadas para manter o seu comércio, a distância e a falta de transporte 
são as mais marcantes. Acerca do retorno financeiro, a entrevistada alegou que varia 
muito de acordo com o dia, mas que é o suficiente. Dentre seus principais produtos 
comercializados em cadeias curtas, estão o coco babaçu, pimenta, leite, óleo e sabão. 
Questionada se os produtos podem manter ou não os traços culturais regionais, a 
entrevistada afirmou que é possível, como os métodos de produção que são passados 
adiante. 
 
8 
 
 Maria dos Santos, próxima entrevistada também natural de Presidente Médici, 
negou a existência de auxílios do governo, apenas do sindicato na organização da 
própria feira. Ela afirmou que, dentre os seus produtos comercializados em cadeias 
curtas, o azeite é o mais lucrativo. Respondeu, também, que se sentia incentivada a 
permanecer na cidade, afirmando que ajuda muitas pessoas com seus produtos e que 
tira todo o seu sustento por meio da feira. 
 
 Júnior da Quadra Fortaleza, o terceiro entrevistado, negou a existência de 
auxílios governamentais e a posse de tecnologias que facilitasse as suas atividades. 
Dentre os seus principais produtos comercializados em cadeias curtas, estão a 
macaxeira, banana, limão e coco. Diante das dificuldades para manter o seu comércio, 
apontou a sobra de produtos perecíveis como a principal delas. Negou o uso de 
agrotóxicos e expressou opinião negativa a respeito da prática. Afirmou que os traços 
culturais/étnicos da região são mantidos durante a produção. Possui apenas essa 
atividade comercial e, sobre o retorno financeiro, alegou que o pouco é suficiente. 
O entrevistado afirma também que a boa qualidade de seus produtos é o que ajuda a 
construir uma clientela leal. Nega a existência de fiscalização dos produtos na feira. 
 
 Nivaldo Borges, natural de Santa Luzia, não recebe nenhum auxílio do governo, 
apenas do sindicato da própria feira. O quarto entrevistado não possui outra fonte de 
renda e nega o uso de tecnologias que o auxiliem na produção. Menciona uma 
capacitação realizada pela EMA (Associação Educação e Meio Ambiente) com o 
intuito de melhorar e apoiar as condições de trabalho e de produção dos integrantes 
da feira. Dentre seus principais produtos comercializados, estão a alface, couve-flor, 
cheiro verde, abóbora, maxixe, quiabo, macaxeira e pimenta de cheiro.O entrevistado 
enfatizou que a boa qualidade de seus produtos é crucial na construção uma clientela 
leal. Apontou que a falta de assistência técnica e problemas estruturais como as 
principais dificuldades para manter o seu comércio. Afirmou que se sente incentivado 
a permanecer no local devido ao relacionamento com os demais e a garantia de renda. 
Questionado sobre o uso ou não de agrotóxicos, o entrevistado não apoia 
completamente a prática, apenas quando for realmente necessária. Afirma também 
que, se não for realizada a rotação de cultura, o produtor não tem êxito sem o uso de 
agrotóxicos. 
9 
 
 Raimundo, conhecido também por Sr. Di, participa da feira faz um bom tempo. 
Ele mencionou o apoio da EMA, que prestavam auxílio no campo como capacitação, 
além do incentivo à produção. Afirmou que não possui nenhum tipo de auxílio do 
governo. Dentre os produtos que ele comercializa em cadeias curtas, estão o cheiro 
verde (mais rentável para ele), pimenta, coco, quiabo, melancia, feijão, frangos. Sr. Di 
acredita que o bom relacionamento entre o comerciante e o consumidor é peça chave 
para um ótimo comércio. Dentre as dificuldades para manter a comercialização, ele 
apontou defeitos estruturais no caminho para a feira, como estradas esburacadas e 
pontes quebradas. O entrevistado se sente incentivado, pois a comercialização 
nessas cadeias curtas já faz parte de sua rotina e, quando não comparece, se sente 
aborrecido. Questionado sobre o uso de agrotóxicos, se mostrou a favor da prática 
pois reduz consideravelmente o tempo e trabalho braçal. Afirma ainda que a qualidade 
dos produtos comercializados em cadeias é importante em todo o processo, desde a 
construção de uma clientela fiel até o bom retorno financeiro. Quando há sobras, ele 
revende para outros locais além da feira e afirmou que não existe fiscalização dos 
produtos. 
 
 Sr. Doda, o sexto entrevistado, explica sobre o funcionamento da Feira. Ela é 
um projeto do sindicato e existe a 5 anos. Ele explica que a feira trouxe várias 
melhorias de vida para o trabalhador rural, principalmente devido à comercialização 
de seus produtos diretamente com o consumidor. A feira é livre e a única regra é ter 
os alimentos higienizados. 
 
 O Secretário de Agricultura Flailson Almeida foi o último a ser entrevistado. De 
acordo com ele, o comércio dos produtos possui vários comerciantes, além da 
exportação de alimentos para regiões próximas. Os técnicos do sindicato auxiliam os 
feirantes e, além disso, a secretaria de agricultura faz o possível para melhorar o 
transporte e as condições de infraestrutura. 
 
 Todos os entrevistados negaram a existência de auxílio do governo e de 
tecnologias que ajudariam no processo de produção, sendo esse inteiramente braçal. 
Dentre as principais dificuldades e empecilhos apontados pelos comerciantes 
entrevistados, o retorno financeiro não tão favorável, a distância e a falta de transporte 
10 
 
são as mais marcantes. A maioria afirmou que é possível manter os traços culturais 
regionais nos produtos que são comercializados em cadeias curtas, como os métodos 
e costumes de produção que são passados adiante. Eles afirmaram, também, que se 
sentem incentivados a permanecer na cidade, pois não possuem outra fonte de renda, 
tirando todo o seu sustento por meio da comercialização de seus produtosna feira. 
 
 Os entrevistados explicaram também que a boa qualidade de seus produtos 
comercializados em cadeia curta é o que ajuda a construir uma clientela leal, 
desenvolvendo um bom relacionamento entre o comerciante e o consumidor. Dentre 
esses produtos comercializados, estão o coco babaçu, azeite, alface, cheiro verde, 
pimenta e frangos. Mencionaram o auxílio e capacitação que a EMA (Associação 
Educação e Meio Ambiente) forneceu aos comerciantes da feira, no intuito de 
melhorar as condições de trabalho dos integrantes da feira, além do incentivo à 
produção. Quanto ao uso de agrotóxico, houve opiniões bem distintas; A maioria 
afirmou que não utilizavam tal “veneno”, alegando que seus produtos são totalmente 
naturais. Já outra parte é a favor dessa prática, devido ao retorno financeiro e 
praticidade, uma vez que reduz consideravelmente o tempo e trabalho braçal exigidos. 
 
 Os comerciantes entrevistados alegaram não haver nenhum tipo de fiscalização 
dos produtos da feira, sendo a sua única regra ter os alimentos higienizados. Quanto 
as sobras, eles revendem para outros locais e regiões próximas. 
 
5. CONCLUSÃO 
 
 Este trabalho possibilitou o entendimento da importância das cadeiras curtas 
para o desenvolvimento econômico e social da população do município de Santa Luzia 
do Paruá e da sociedade em geral. Nessa perspectiva, a apuração das informações 
obtidas através das entrevistas realizadas permitiu a compreensão da necessidade 
da assistência de políticas públicas para a população que utiliza a feira livre para obter 
o seu sustento. Além disso, o estudo também permitiu o conhecimento da produção 
local e a rotina dos feirantes. 
 
11 
 
 Para realização desse estudo e compreensão das cadeiras curtas em Santa 
Luzia do Paruá, foram definidos objetivos gerais e específicos. Através dos 
questionários, foram obtidas respostas que auxiliaram na construção do trabalho e na 
elucidação dos tópicos principais que seriam abordados no trabalho, definidos através 
dos objetivos e que compreendiam desde a compreensão de como funcionavam as 
cadeias curtas à etapa final, relacionada ao último estágio da comercialização, 
abrangendo relações entre o comerciante e clientela, além da importância desse 
modelo de trabalho. 
 
 Além disso, foi observado a dificuldade que os feirantes enfrentavam em relação 
a utilização dos meios tecnológicos. No limiar do século XXI, a utilização de recursos 
digitais permite aos indivíduos realizarem seus trabalhos de maneira mais eficiente, 
diminuindo distâncias e facilitando a comercialização. Em contrapartida, o emprego 
das tecnologias nas feiras livres de Santa Luzia do Paruá é um recurso escasso, tendo 
como principal ferramenta de trabalho a mão de obra braçal. 
 
 Por fim, dada a importância das cadeias curtas para a construção de uma 
sociedade, infere-se a imprescindibilidade do amparo governamental para o 
desenvolvimento das feiras livres, suas etapas e seus representantes. Sendo assim, 
após analisar os relatos dos feirantes, conclui-se que a carência de políticas públicas 
contribui para um retorno econômico reduzido, contrapondo os benefícios que a 
comercialização em cadeias curtas oferece as pequenas sociedades. Além disso, 
observou-se a importância dessa atividade para a permanência dos entrevistados no 
município analisado, como também para a manutenção dos traços culturais regionais 
da população através dos produtos comercializados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
6. REFERÊNCIAS 
 
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13 
 
 
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SCHNEIDER, S. & FERRARI, D. L. (2015) Cadeias curtas, cooperação e produtos 
de qualidade na agricultura familiar: o Processo de Relocalização da Produção 
Agroalimentar em Santa Catarina. Organizações Rurais & Agroindustriais. V. 
17(1). 56-71. 
 
SILVA, M. N., CECCONELLO, S. T., ALTEMBURG, S., SILVA, F., & BECKER, C. 
(2017). A agricultura familiar e os circuitos curtos de comercialização de 
alimentos: estudo de caso da feira livre do município de Jaguarão, RS, Brasil. 
Revista Espacios, 38(47), 7. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
7. ANEXO 
7.1. Questionário 
1. Como o governo auxilia a manter comércio? 
2. Há organizações em cooperativas para que possam sustentar a atividade? 
3. Há a inserção de tecnologias e como elas facilitam o comércio? 
4. Quais são os principais produtos comercializados? De que forma acontece a 
construção de uma clientela leal? 
5. Quais as principais dificuldades e facilidades encontradas para manter o 
comércio? 
6. Para o mais novo: você se sente incentivado a permanecer em sua cidade ao 
conhecer histórias de cidadãos que tiram o seu sustento através do comércio 
de produção local? 
7. Opinião pessoal e financeira a respeito do uso de agrotóxicos nos produtos que 
consumimos? 
8. É possível manter traços culturais locais e/ou étnicos nos produtos? 
9. Você acha que a sua produção é uma atividade rentável? Ou você possui 
outra(s) fonte(s) de renda? Quais os principais meios de vendas mais 
rentáveis? (feiras, domicílios) 
10. Qual produto é melhor avaliado como lucrável para o comércio? (ex- carne, 
artesanais, grãos) A qualidade do produto é um fator importante? Por quê? 
11. Há algum tipo de fiscalização referente aos produtos? (origem, produção, 
cultivo)

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