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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO MEDICINA VETERINÁRIA SOCIOLOGIA RURAL DISCENTES: Allane Barros Cerqueira, Diovanna da Silva Pires, Marcos Daniel Rios Lima, Mayra Gonçalves Soares, Pedro Henrique Santos Aguiar COMERCIALIZAÇÃO EM CADEIAS CURTAS NO MUNICÍPIO DE SANTA LUZIA DO PARUÁ-MA SÃO LUÍS 2021 DISCENTES: Allane Barros Cerqueira, Diovanna da Silva Pires, Marcos Daniel Rios Lima, Mayra Gonçalves Soares, Pedro Henrique Santos Aguiar COMERCIALIZAÇÃO EM CADEIAS CURTAS NO MUNICÍPIO DE SANTA LUZIA DO PARUÁ-MA SÃO LUÍS 2021 Trabalho de pesquisa na disciplina de Sociologia Rural do curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Maranhão ministrada pelo professor Itaan Santos RESUMO Os circuitos curtos de comercialização têm se tornado estratégico ao escoamento da produção agrícola gerando trabalho e renda à população local, além de fortalecer a relação entre os produtores/feirantes e os consumidores. Este trabalho de pesquisa trata do processo de formação, organização, socialização e coordenação de um destes canais – a feira livre de Santa Luzia do Paruá/MA– a partir de um estudo de caso, realizado com a colaboração, via entrevistas semiestruturadas, de atores sociais importantes, como produtores/feirantes e o Secretária de Agricultura. Focou- se na etapa da comercialização em cadeia curta, aprofundando-se em seu conceito e de que forma, na prática, funciona no município escolhido a fim de entender a realidade dos benefícios e dificuldades envolvidas. Pode-se inferir que as relações estabelecidas ultrapassam as trocas mercantis, identificando-se sua importância na vida financeira dos implicados como a conquista de autonomia pelos produtores e a vantagem para a economia local quando se pensa na possibilidade de diminuição da importação caso tal atividade seja incentivada pelo poder público. Palavras-chave: Comercialização em Cadeias curtas, Cadeias Agroalimentares Curtas, Feiras livres, Consumo, Hortifrutigranjeiros. ABSTRACT The short marketing circuits have become strategic to the outflow of agricultural production generating work and income to the local population, at the same time that it strengthens the relationship between farmers/sellers and consumers. This research work deals with the process of formation, organization, socialization, and coordination of one of these channels - the free fair of Santa Luzia do Paruá/MA - based on a case study, carried out with the collaboration, through semi-structured interviews, of important social actors, such as farmers/sellers of the fair and the Secretary of Agriculture. The focus was on the short supply chain commercialization stage, analyzing the depth of its concept and how, in practice, it works in the chosen city to understand the reality of the benefits and difficulties involved in the process. It can be deducted that the established relationships between farmers/sellers and costumers go beyond the commercial exchanges, we can also identify their importance in the financial lives of those involved as the achievement of autonomy by the farmers/sellers and the advantage for the local economy when it comes to the possibility of a decrease in imports if such activity were promoted by the government. Keywords: Short supply chain commercialization, Short circuits in agro-food, Free fairs, Consumption. Horticultural. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1 1.1. Área de Estudo .............................................................................................. 2 1.1.1. Localização .............................................................................................. 2 1.1.2. Histórico ................................................................................................... 2 1.1.3. Aspectos Ambientais e Geológicos ......................................................... 3 1.1.4. Aspectos Socioeconômicos ..................................................................... 4 2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 5 2.1. Objetivo Geral ................................................................................................ 5 2.2. Objetivos Específicos ..................................................................................... 5 3. METODOLOGIA .................................................................................................. 6 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 7 5. CONCLUSÃO .................................................................................................... 10 6. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 12 7. ANEXO ............................................................................................................... 14 7.1. Questionário ................................................................................................. 14 1 1. INTRODUÇÃO As cadeias curtas recebem esse termo justamente por conta da diminuição; encurtamento no processo de comercialização, as etapas são reduzidas e o produto realiza uma rota menor comparada às cadeias longas. As cadeias curtas são importantes para construir uma base de cooperação para o funcionamento econômico de mercados; comércios. A ligação começa com os produtores e consumidores, o objetivo da cadeia curta é melhorar a conexão de comercialização, havendo a venda direta, quanto maior for essa ligação melhor será para o mercado. Existe uma logística no conceito e aplicação das cadeias curtas, o produtor consegue aplicar um preço maior de venda, e o consumidor consegue comprar o produto por um preço menor, por conta da rápida comercialização por meio da cadeia curta. O benefício é mútuo para ambas as partes. (Schneider, 2017) Com o crescimento do mercado as cadeias curtas tornaram-se uma ótima oportunidade para lidar melhor com a venda dos produtos, todo o processo da cadeia longa é subtraído nas cadeias curtas, ou seja, aquele pequeno produtor consegue comercializar seus produtos por meio de uma feira livre uma venda domicílio ou na beira da estrada, entre outros exemplos que podem ter proveito. As cadeias curtas melhoraram o sistema agroalimentar, os negócios da agricultura familiar, facilitando a venda, pois, quando um produto reduz sua distância até alcançar o consumidor os produtores conseguem uma venda mais vantajosa, o preço é um dos principais pontos que as cadeias curtas beneficiam, tal encurtamento no trajeto que o produto realiza consegue favorecer os produtores, além disso beneficia a questão social, por exemplo, existem muitas pessoas que produzem mas não conseguem vender seus produtos, por conta de veículos, falta de acessibilidade ao mercado ou até mesmo um número de consumidores reduzido, com as cadeias curtas esses produtores conseguem vender seus produtos, conquistando uma clientela mais “próxima” ao seu ponto de produção e comércio. Não se trata apenas de dinheiro e sim melhorias para a vida de muitos produtores, as cadeias curtas buscam aproximar e aprimorar essa relação entre produtores e consumidores. (Schneider, 2017). 2 1.1. Área de Estudo 1.1.1. Localização O município de Santa Luzia do Paruá (2° 37' 12'' S e 45° 46' 12'' W) está situado no oeste do estado do Maranhão, na microrregião do Pindaré, região do Alto Turi (fig. 1). Distante 370 km de São Luís, a capital do Estado, o municípioconta com a BR 316 como via de acesso. De acordo com o IBGE (2010), a cidade possui uma população de 22.644 habitantes sendo que 12.591 se concentram na área urbana e 10.053 habitantes na área rural. A cidade compreende uma área de 897,14 km² e uma densidade demográfica de 25.92 hab/km². Figura 1 - Localização do município de Santa Luzia do Paruá - MA. 1.1.2. Histórico O município tem sua origem nos processos de colonização espontânea e dirigida na Amazônia maranhense no final da década de 1950, época em que os primeiros moradores migraram de outras regiões do Maranhão desbravando novas áreas de fronteias agrícolas. Um dos projetos estatais responsáveis pela vinda de grande número de migrantes foi o projeto de colonização do Alto Turi (PCAT), região que antes fazia parte das “terras livres” do Maranhão e que atualmente é formada por 3 seis municípios: Governador Newton Bello, Zé Doca, Araguanã, Nova Olinda do Maranhão, Santa Luzia do Paruá e Presidente Médici. Tal projeto foi desenvolvido em 1964 e tem sua história associada aos planejamentos realizados pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE em sua primeira fase de atuação, quando defendia a Colonização Dirigida no Estado do Maranhão como uma das alternativas para solucionar os problemas estruturais agrários e demográficos do Nordeste (MANHÃES, 1987). A frente de expansão culminou com a abertura da BR-316, estrada que liga o Maranhão ao Pará, influenciando, dessa forma, o povoamento das regiões próximas aos rios da região. A partir de 1972 o projeto de colonização estatal passou a ser executado pela Companhia de Colonização do Nordeste (COLONE), subsidiária da SUDENE que ficou com a responsabilidade de prover assistência técnica articulada com os programas de educação, saúde, construção de estradas, desenvolvimento comunitário e de apoio às cooperativas, objetivando a melhoria da qualidade de vida dos colonos da região. Antes de ser emancipada, Santa Luzia do Paruá era distrito de Turiaçu e somente em 30 de novembro de 1987, foi elevada à categoria de município pela Lei Estadual nº 4.827 (IBGE, 2021). 1.1.3. Aspectos Ambientais e Geológicos Clima A temperatura média anual varia entre 26 °C e 27 °C, com umidade relativa do ar anual entre 79% e 82% e a pluviosidade anual apresenta totais entre 2000 a 2400 mm3. O clima da região é tropical semi-úmido (Aw) com um regime de chuvas que segue o padrão tropical o que inclui uma estação chuvosa entre os meses de janeiro a julho, seguida por uma estação de estiagem entre agosto e dezembro, com pluviosidade anual entre 1400 e 1800 mm3 (GEPLAN, 2002). Relevo e Vegetação 4 O município encontra-se inserido na Amazônia Oriental no domínio geomorfológico Superfícies Aplainadas do Noroeste do Maranhão caracterizado pela presença de relevo arrasado por prolongados processos de denudação e aplainamento (DANTAS, 2013). O relevo é formado por solos drenados e de baixa fertilidade natural, predominando Plintossolos Argilúvicos distróficos típico de textura média a argilosa e relevo plano, abrúptico com textura arenosa, média ou argilosa com suave ondulado; e Argissolos Vermelho-Amarelos distróficos e plínticos com textura média a argilosa cascalhenta e relevo ondulado a suave ondulado (DANTAS, 2013; IBGE, 2011). A cidade é banhada pelo rio Paruá, um afluente do rio Turiaçu que forma a bacia hidrográfica da região. A cobertura vegetal da região é composta por Floresta Ombrófila densa de terras baixas como presença de espécies típicas do cerrado. Grande parte da vegetação nativa dessa região foi desmatada e os terrenos foram convertidos em pastagens para a execução da pecuária extensiva e as poucas áreas de regeneração desenvolveram áreas de mata secundária. A degradação também atinge matas ciliares, o que levou ao assoreamento de corpos d’água (DANTAS, 2013). 1.1.4. Aspectos Socioeconômicos O município conta com PIB per capita (2018) de 8.526,12 R$ e o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal em 2010 foi de 0,599. As principais atividades econômicas do município envolvem a pecuária, o extrativismo vegetal, a lavoura temporária e o comércio. As atividades econômicas agropecuárias estão detalhadas na tabela 1. Tabela 1 – Grupos de atividades agrícolas desenvolvidas no município de Santa Luzia do Paruá – MA. Atividade % Lavoura Temporária 40,58 Lavoura Permanente 3,84 Pecuária 49,94 Horticultura e Floricultura 1,56 5 Produção Florestal 1,80 Aquicultura 2,28 Fonte: Censo Agropecuário 2017, IBGE. De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, o município conta com 833 estabelecimentos distribuídos em uma área média de 76,35 hectares e com 4,1 pessoas ocupadas por estabelecimento. As atividades econômicas fundamentam-se quase que exclusivamente na produção agrícola, sendo que cerca de 81,27% da produção é da Agricultura Familiar. Na região predomina a agricultura temporária dos produtos de subsistência (arroz, milho, feijão e mandioca) e a prática da horticultura (maxixe, quiabo, abóbora, entre outros). O babaçu é o produto extrativista de maior valor econômico. Na pecuária local destaca-se a criação de gado bovino de corte, havendo a exploração de leite e seus derivados. Existem também, no município, atividades econômicas voltadas para avicultura, suinocultura e piscicultura em menor escala. No entanto, a atividade que mais se destaca é a produção de mel de abelha, sendo que em 2016, o município chegou a produzir 387 toneladas, ficando em primeiro lugar na produção apícola do estado (IBGE, 2017). 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral Demonstrar uma visão geral sobre o funcionamento da comercialização de cadeias curtas em Santa Luzia do Paruá-MA e relatar seus benefícios e dificuldades nos aspectos econômicos, sociais e espaciais. 2.2. Objetivos Específicos • Dar enfoque ao circuito curto de comercialização e cadeias agroalimentares curtas em Santa Luzia do Paruá. • Definição de circuitos curtos como feiras livres garantindo o contato entre produtor e consumidor focando na aproximação das relações e garantia de 6 confiança na qualidade dos seus produtos além da redução de custos dos mesmos. • Ressaltar a importância das cadeias curtas para garantir o escoamento da produção agrícola e para a segurança alimentar no país devido a diminuição do uso de agrotóxicos e derivados. • Destacar o papel fundamental dos circuitos curtos de comercialização na geração de trabalho e renda local evitando a chamada fuga de talentos. • Enfatizar a essencial participação dos circuitos curtos de comercialização na economia ajudando na diminuição de importação. 3. METODOLOGIA O presente estudo contou com o Secretário de Agricultura e produtores/feirantes implicados com a feira livre do município Santa Luzia do Paruá/MA a fim de analisar esta cadeia curta, que se dedica à comercialização de produtos hortifrutigranjeiros e de alguns produtos correlatos. A feira livre analisada nesta pesquisa é uma feira livre convencional localizada na praça do mercado municipal. Para subsidiar o delineamento do instrumento de coleta de dados foi realizada uma pesquisa na literatura através da ferramenta Google Acadêmico sobre os temas: Cadeias Curtas ou Circuitos Curtos de Comercialização, comercialização da produção da agricultura familiar e feiras livres. As entrevistas semiestruturadas foram realizadas com os feirantes (produtores/feirantes), optou-se pela utilização de entrevistas abertas. Soma-se a isso o emprego da observação sistemática. A respeito dos procedimentos metodológicos é importante destacar que após a identificação da feira livre, realizou-se um primeiro contato com o público-alvo já estabelecidocom o objetivo de consultá-los a respeito de seu interesse e disponibilidade de participar da pesquisa, avaliando, neste sentido, a possibilidade do estudo, conforme concebido inicialmente. Seguido da afirmativa dos atores implicados, procedemos a realização das entrevistas com os produtores/feirantes e, sequencialmente, com o Secretário de Agricultura. Foram elaborados dois instrumentos, um questionário intuitivo voltado ao Secretário da agricultura realizado para esclarecer as respostas dos feirantes e outro direcionado 7 aos produtores/feirantes que continham 11 perguntas que foram concebidas utilizando por base nosso estudo da literatura mencionados anteriormente. O questionário aplicado aos produtores/feirantes teve como objetivo compreender a formação e o funcionamento da feira livre, a cadeia dos produtos comercializados na feira, os sistemas de produção utilizados por cada produtor, as características das atividades desempenhadas, a caracterização dos produtos oferecidos nas bancas e a percepção do produtor/feirante sobre o perfil dos consumidores atuais da feira. Para a análise e interpretação dos dados obtidos, foram realizados sequencialmente os seguintes procedimentos: a) organização e preparação dos dados para a análise; b) realização de análise detalhada dos dados obtidos; c) descrição e interpretação dos dados. Nosso grupo manteve contato regular através da plataforma Google Meet durante todo o desenvolvimento do trabalho e, também, no aplicativo de mensagens Whatsapp. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para o trabalho, foram entrevistadas 5 pessoas no dia 19 de junho de 2021 e 1 pessoa no dia 25 de junho do mesmo ano. Francisca Ferreira Viana foi a primeira a ser entrevistada. Natural de Presidente Médici e tendo a feira como sua única atividade comercial, ela negou a existência de cooperativas que ajudem a sustentar sua atividade no comércio. Afirmou que não possui auxílio do governo em sua atividade comercial. Sobre a utilização de tecnologias no auxílio das atividades, a entrevistada afirmou que o seu trabalho é inteiramente braçal. Dentre as principais dificuldades apontadas para manter o seu comércio, a distância e a falta de transporte são as mais marcantes. Acerca do retorno financeiro, a entrevistada alegou que varia muito de acordo com o dia, mas que é o suficiente. Dentre seus principais produtos comercializados em cadeias curtas, estão o coco babaçu, pimenta, leite, óleo e sabão. Questionada se os produtos podem manter ou não os traços culturais regionais, a entrevistada afirmou que é possível, como os métodos de produção que são passados adiante. 8 Maria dos Santos, próxima entrevistada também natural de Presidente Médici, negou a existência de auxílios do governo, apenas do sindicato na organização da própria feira. Ela afirmou que, dentre os seus produtos comercializados em cadeias curtas, o azeite é o mais lucrativo. Respondeu, também, que se sentia incentivada a permanecer na cidade, afirmando que ajuda muitas pessoas com seus produtos e que tira todo o seu sustento por meio da feira. Júnior da Quadra Fortaleza, o terceiro entrevistado, negou a existência de auxílios governamentais e a posse de tecnologias que facilitasse as suas atividades. Dentre os seus principais produtos comercializados em cadeias curtas, estão a macaxeira, banana, limão e coco. Diante das dificuldades para manter o seu comércio, apontou a sobra de produtos perecíveis como a principal delas. Negou o uso de agrotóxicos e expressou opinião negativa a respeito da prática. Afirmou que os traços culturais/étnicos da região são mantidos durante a produção. Possui apenas essa atividade comercial e, sobre o retorno financeiro, alegou que o pouco é suficiente. O entrevistado afirma também que a boa qualidade de seus produtos é o que ajuda a construir uma clientela leal. Nega a existência de fiscalização dos produtos na feira. Nivaldo Borges, natural de Santa Luzia, não recebe nenhum auxílio do governo, apenas do sindicato da própria feira. O quarto entrevistado não possui outra fonte de renda e nega o uso de tecnologias que o auxiliem na produção. Menciona uma capacitação realizada pela EMA (Associação Educação e Meio Ambiente) com o intuito de melhorar e apoiar as condições de trabalho e de produção dos integrantes da feira. Dentre seus principais produtos comercializados, estão a alface, couve-flor, cheiro verde, abóbora, maxixe, quiabo, macaxeira e pimenta de cheiro.O entrevistado enfatizou que a boa qualidade de seus produtos é crucial na construção uma clientela leal. Apontou que a falta de assistência técnica e problemas estruturais como as principais dificuldades para manter o seu comércio. Afirmou que se sente incentivado a permanecer no local devido ao relacionamento com os demais e a garantia de renda. Questionado sobre o uso ou não de agrotóxicos, o entrevistado não apoia completamente a prática, apenas quando for realmente necessária. Afirma também que, se não for realizada a rotação de cultura, o produtor não tem êxito sem o uso de agrotóxicos. 9 Raimundo, conhecido também por Sr. Di, participa da feira faz um bom tempo. Ele mencionou o apoio da EMA, que prestavam auxílio no campo como capacitação, além do incentivo à produção. Afirmou que não possui nenhum tipo de auxílio do governo. Dentre os produtos que ele comercializa em cadeias curtas, estão o cheiro verde (mais rentável para ele), pimenta, coco, quiabo, melancia, feijão, frangos. Sr. Di acredita que o bom relacionamento entre o comerciante e o consumidor é peça chave para um ótimo comércio. Dentre as dificuldades para manter a comercialização, ele apontou defeitos estruturais no caminho para a feira, como estradas esburacadas e pontes quebradas. O entrevistado se sente incentivado, pois a comercialização nessas cadeias curtas já faz parte de sua rotina e, quando não comparece, se sente aborrecido. Questionado sobre o uso de agrotóxicos, se mostrou a favor da prática pois reduz consideravelmente o tempo e trabalho braçal. Afirma ainda que a qualidade dos produtos comercializados em cadeias é importante em todo o processo, desde a construção de uma clientela fiel até o bom retorno financeiro. Quando há sobras, ele revende para outros locais além da feira e afirmou que não existe fiscalização dos produtos. Sr. Doda, o sexto entrevistado, explica sobre o funcionamento da Feira. Ela é um projeto do sindicato e existe a 5 anos. Ele explica que a feira trouxe várias melhorias de vida para o trabalhador rural, principalmente devido à comercialização de seus produtos diretamente com o consumidor. A feira é livre e a única regra é ter os alimentos higienizados. O Secretário de Agricultura Flailson Almeida foi o último a ser entrevistado. De acordo com ele, o comércio dos produtos possui vários comerciantes, além da exportação de alimentos para regiões próximas. Os técnicos do sindicato auxiliam os feirantes e, além disso, a secretaria de agricultura faz o possível para melhorar o transporte e as condições de infraestrutura. Todos os entrevistados negaram a existência de auxílio do governo e de tecnologias que ajudariam no processo de produção, sendo esse inteiramente braçal. Dentre as principais dificuldades e empecilhos apontados pelos comerciantes entrevistados, o retorno financeiro não tão favorável, a distância e a falta de transporte 10 são as mais marcantes. A maioria afirmou que é possível manter os traços culturais regionais nos produtos que são comercializados em cadeias curtas, como os métodos e costumes de produção que são passados adiante. Eles afirmaram, também, que se sentem incentivados a permanecer na cidade, pois não possuem outra fonte de renda, tirando todo o seu sustento por meio da comercialização de seus produtosna feira. Os entrevistados explicaram também que a boa qualidade de seus produtos comercializados em cadeia curta é o que ajuda a construir uma clientela leal, desenvolvendo um bom relacionamento entre o comerciante e o consumidor. Dentre esses produtos comercializados, estão o coco babaçu, azeite, alface, cheiro verde, pimenta e frangos. Mencionaram o auxílio e capacitação que a EMA (Associação Educação e Meio Ambiente) forneceu aos comerciantes da feira, no intuito de melhorar as condições de trabalho dos integrantes da feira, além do incentivo à produção. Quanto ao uso de agrotóxico, houve opiniões bem distintas; A maioria afirmou que não utilizavam tal “veneno”, alegando que seus produtos são totalmente naturais. Já outra parte é a favor dessa prática, devido ao retorno financeiro e praticidade, uma vez que reduz consideravelmente o tempo e trabalho braçal exigidos. Os comerciantes entrevistados alegaram não haver nenhum tipo de fiscalização dos produtos da feira, sendo a sua única regra ter os alimentos higienizados. Quanto as sobras, eles revendem para outros locais e regiões próximas. 5. CONCLUSÃO Este trabalho possibilitou o entendimento da importância das cadeiras curtas para o desenvolvimento econômico e social da população do município de Santa Luzia do Paruá e da sociedade em geral. Nessa perspectiva, a apuração das informações obtidas através das entrevistas realizadas permitiu a compreensão da necessidade da assistência de políticas públicas para a população que utiliza a feira livre para obter o seu sustento. Além disso, o estudo também permitiu o conhecimento da produção local e a rotina dos feirantes. 11 Para realização desse estudo e compreensão das cadeiras curtas em Santa Luzia do Paruá, foram definidos objetivos gerais e específicos. Através dos questionários, foram obtidas respostas que auxiliaram na construção do trabalho e na elucidação dos tópicos principais que seriam abordados no trabalho, definidos através dos objetivos e que compreendiam desde a compreensão de como funcionavam as cadeias curtas à etapa final, relacionada ao último estágio da comercialização, abrangendo relações entre o comerciante e clientela, além da importância desse modelo de trabalho. Além disso, foi observado a dificuldade que os feirantes enfrentavam em relação a utilização dos meios tecnológicos. No limiar do século XXI, a utilização de recursos digitais permite aos indivíduos realizarem seus trabalhos de maneira mais eficiente, diminuindo distâncias e facilitando a comercialização. Em contrapartida, o emprego das tecnologias nas feiras livres de Santa Luzia do Paruá é um recurso escasso, tendo como principal ferramenta de trabalho a mão de obra braçal. Por fim, dada a importância das cadeias curtas para a construção de uma sociedade, infere-se a imprescindibilidade do amparo governamental para o desenvolvimento das feiras livres, suas etapas e seus representantes. Sendo assim, após analisar os relatos dos feirantes, conclui-se que a carência de políticas públicas contribui para um retorno econômico reduzido, contrapondo os benefícios que a comercialização em cadeias curtas oferece as pequenas sociedades. Além disso, observou-se a importância dessa atividade para a permanência dos entrevistados no município analisado, como também para a manutenção dos traços culturais regionais da população através dos produtos comercializados. 12 6. REFERÊNCIAS DANTAS, M.E.; SHINZATO; E.; BANDEIRA, I.C.N.; VARGAS, L.; RENK, J.F.C. 2013. Compartimentação geomorfológica do Estado do Maranhão. In: BANDEIRA, I.C.N. (ed.) Geodiversidade do Estado do Maranhão. CPRM – Serviço Geológico do Brasil, Teresina. FERRARI, D. L. (2011) Cadeias Agroalimentares Curtas: a Construção Social de Mercados de Qualidade pelos Agricultores Familiares em Santa Catarina. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Rural) – Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. GEPLAN/UEMA. Gerência de Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Laboratório de Geoprocessamento. (2002) Atlas do Maranhão. UEMA. São Luís: GEPLAN. GODOY, W. I. (2005) As feiras-livres de Pelotas: Estudo sobre a dimensão sócio- econômica de um sistema local de comercialização. Tese (Doutorado em Agronomia) – Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Santa Luzia do Paruá/Ma. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ma/santa-luzia-do-parua/panorama. Acesso em: 10 de julho de 2021. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. (2011). Mapa Pedológico do Maranhão, 1ª Edição, Disponível em: https://geoftp.ibge.gov.br/informacoes_ambientais/pedologia/ mapas/unidades_da_federacao/ma_pedologia.pdf. Acesso em 10 de julho de 2021. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário, 2017. Disponível em: https://mapasinterativos.ibge.gov.br/agrocompara. Acesso em: 16 de julho de 2020. https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ma/santa-luzia-do-parua/panorama https://geoftp.ibge.gov.br/informacoes_ambientais/pedologia/%20mapas/unidades_da_federacao/ma_pedologia.pdf https://geoftp.ibge.gov.br/informacoes_ambientais/pedologia/%20mapas/unidades_da_federacao/ma_pedologia.pdf https://mapasinterativos.ibge.gov.br/agrocompara 13 KIYOTA, N. & GOMES, M. A. O. (1999) Agricultura familiar e suas estratégias de comercialização: Um estudo de caso do município de Capanema, Região Sudoeste do Paraná. Organizações Rurais & Agroindustriais. v.1 (2). 43-54. SCHNEIDER, S. & FERRARI, D. L. (2015) Cadeias curtas, cooperação e produtos de qualidade na agricultura familiar: o Processo de Relocalização da Produção Agroalimentar em Santa Catarina. Organizações Rurais & Agroindustriais. V. 17(1). 56-71. SILVA, M. N., CECCONELLO, S. T., ALTEMBURG, S., SILVA, F., & BECKER, C. (2017). A agricultura familiar e os circuitos curtos de comercialização de alimentos: estudo de caso da feira livre do município de Jaguarão, RS, Brasil. Revista Espacios, 38(47), 7. 14 7. ANEXO 7.1. Questionário 1. Como o governo auxilia a manter comércio? 2. Há organizações em cooperativas para que possam sustentar a atividade? 3. Há a inserção de tecnologias e como elas facilitam o comércio? 4. Quais são os principais produtos comercializados? De que forma acontece a construção de uma clientela leal? 5. Quais as principais dificuldades e facilidades encontradas para manter o comércio? 6. Para o mais novo: você se sente incentivado a permanecer em sua cidade ao conhecer histórias de cidadãos que tiram o seu sustento através do comércio de produção local? 7. Opinião pessoal e financeira a respeito do uso de agrotóxicos nos produtos que consumimos? 8. É possível manter traços culturais locais e/ou étnicos nos produtos? 9. Você acha que a sua produção é uma atividade rentável? Ou você possui outra(s) fonte(s) de renda? Quais os principais meios de vendas mais rentáveis? (feiras, domicílios) 10. Qual produto é melhor avaliado como lucrável para o comércio? (ex- carne, artesanais, grãos) A qualidade do produto é um fator importante? Por quê? 11. Há algum tipo de fiscalização referente aos produtos? (origem, produção, cultivo)
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