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1 Semiologia Geral | Stephany Galvão SINAIS E SINTOMAS CARDINAIS: São sinais e sintomas muito importantes que, normalmente, estão relacionados ao Sistema Cardiovascular (SCV). DOR TORÁCICA: está envolvida em varias patologias, inclusive aquelas não relacionadas ao SCV. As fibras sensoriais constituídas de terminações livres, que estão no tecido conjuntivo cardíaco e na adventícia dos vasos sanguíneos, são responsáveis pelo estímulo doloroso. Os estímulos dolorosos originados em qualquer camada do coração (miocárdio, endocárdio e, em menor proporção, pericárdio), na adventícia dos vasos coronarianos e aorta passam pelo plexo cardíaco, penetram pelos 4 ou 5 nervos simpáticos torácicos superiores e vão aos gânglios espinais correspondentes. - Dor torácica típica: relacionada com o SCV pode ser: Dor isquêmica miocárdica; Dor na pericardite aguda; Dor na dissecção aguda da aorta; - Dor torácica atípica: decorrente de outras disfunções; PALPITAÇÕES: batimentos cardíacos perceptíveis; DISPNÉIA: sensação de cansaço; EDEMA; SINCOPE: desmaio; CIANOSE: coloração azulada das extremidades ou de regiões mais centrais do corpo; HEMOPTSE: escarro com sangue vivo; TOSSE; - Esses sintomas torácicos podem ter diversas etiologias, uma vez que no tórax há diversos órgãos e estruturas que compartilham da mesma inervação, como: Esôfago; Bronuios fontes; Traqueia; Mediastino; Aorta; Tecido mamário; Costelas; Cartilagens das articulações; DOR TORÁCICA: O tórax possui diversas estruturas que podem simular a dor da afecção no sistema cardiovascular. E a dor torácica pode ser de etiologia cardiovascular, não- cardíaca ou psicogênica; ORIGEM CARDIOVASCULAR: Angina pectoris: dor relacionada à isquemia miocárdica de fundo coronariano (pode ser por obstrução, tortuosidade, fluxo lento, ponte miocárdica); Infarto agudo do miocárdio: geralmente ocorre por obstrução de coronária, mas pode também ser por espasmo coronário; Dissecção da aorta; Prolapso de válvula mitral: vem acompanhado de dor fina aos esforços e estresses; Miocardite: inflamação com infecção, geralmente viral, do coração; ORIGEM NÃO-CARDÍACA: Parede torácica: ex herpes zoster; Trato digestivo: esôfago, estomago; Pulmão e mediastino: tumores de pulmão, infecções respiratórias (pneumonia, tuberculose); PSICOGÊNICA: Síndrome de Da Costa DOR TORÁCICA POR CARDIOPATIA ISQUÊMICA: Características clássicas: Urente (queimação) ou constrictiva (aperto, peso); 2 Semiologia Geral | Stephany Galvão Precordial com irradiação para face medial membro superior esquerdo e 4o e 5o quirodáctilos (dedos); Geralmente um paciente com dor isquêmica do miocárdio se apresente pálido, sudoreico e taquicárdico; OBS: Qual a diferença de dor retroesternal e precordial? Toda dor retroesternal é precordial, mas nem toda dor precordial é retroesternal. A dor retroesternal é atrás do esterno, já a precordial é mais ampla (envolve toda a área que inclui o coração, como a região esquerda do peito); OBS: Angina ou infarto? Ambos são processos isquêmicos, ou seja, resultantes de uma má oxigenação para determinada parte do miocárdio. No entanto, a angina é decorrente de uma obstrução parcial da coronária, enquanto que o infarto é decorrente de uma oclusão total (o tecido não recebe nenhum aporte sanguíneo e começa a entrar em necrose); Características clínicas da isquêmica miocárdica: Desequilíbrio entre a oferta (baixa) e consumo (alto) de O2 estímulo de terminações nervosas simpáticas da adventícia das artérias coronarianas e músculos, causando a DOR; Localização: geralmente retroesternal ou precordial (à esquerda ou à direita da linha esternal); Irradiação: a irradiação da dor está relacionada com sua intensidade (quanto mais intensa, maior a probabilidade de se irradiar). A dor isquêmica pode ter diversas irradiações: Para os pavilhões auriculares, maxilar inferior, nuca, região cervical, membros superiores, ombros, região epigástrica (geralmente por isquemia da parte de baixo do coração - coronária direita) e região interescapulovertebral. A irradiação mais típica é para a face interna do braço esquerdo. Também é comum para o 4º e 5º quirodáctilo (dedos); Essas dores podem ser irradiações de uma dor precordial ou simplesmente começar nessa localidade; Carácter: constrição (aperto) aperto, opressão, peso, queimação, ardência, sufocação; Sinal de Levine: sugestivo de insuficiência coronariana aguda: o paciente com dor isquêmica miocárdica coloca a mão no peito esquerdo e aperta; Alguns pacientes relatam uma sensação de aperto na garganta, como se estivessem sendo estrangulados. Tal sensação pode ser percebida nas áreas de irradiação da dor, como, por exemplo, impressão de aperto, como o de um bracelete muito justo no braço. Mais raramente, a dor isquêmica pode adquirir o caráter de queimação, ardência, formigamento, facada ou desconforto A causa mais comum de isquemia miocárdica é a aterosclerose coronária (doença arterial coronariana); outra causa importante é a estenose aórtica. OBS: Normalmente, quando ocorre o infarto, a obstrução já não é parcial - como na angina - é algo total. 3 Semiologia Geral | Stephany Galvão Não só obstrução causa isquemia! O mecanismo de espasmo também pode gerar isquemia. Angina de Prinzmetal: é causada por um espasmo focal de uma artéria coronária, levando a isquemia miocárdica grave. O uso de cocaína, por exemplo, pode causar infarto sem lesão vascular, uma vez que provoca espasmo sustentado da coronária. Ponte miocárdica: quando o indivíduo nasce com um feixe de músculo cardíaco que, ao invés de passar por baixo da coronária, passa por cima dela! Em situações de estresse, de esforço aumenta a força do coração e o feixe pode comprimir e fechar o vaso coronariano temporariamente, causando dor. Normalmente, não provoca infarto porque há o relaxamento depois, mas pode causar. Pessoas que nasceram com as coronárias bem tortuosas possuem um fluxo mais lento, o que também pode gerar dor. O tempo ouro para realizar uma angioplastia primária (colocar um cateter, um stent e abrir o vaso) é de 90 minutos para evitar as sequelas da isquemia isso no caso de oclusões 100%, ou seja, infartos agudos dos miocárdio (supra de ST); Na imagem acima, na Angiotomografia de Coronárias, nota-se uma obstrução da Artéria coronária Direita, logo no inicio esse paciente precisou fazer uma angioplastia e colocar stent; OBS: trombolíticos só são usados em infartos com supra de ST, porque é um trombo de fibrina; já infartos sem supra de ST são por trombos de plaqueta e não respondem a trombolítico; Intensidade: varia de acordo com o grau de comprometimento miocárdico; Leve: quando o paciente a sente, mas não se fixa nela, relatando como uma sensação de peso ou desconforto, relativamente bem tolerada. Moderada: quando o paciente se sente bastante incomodado, agravando mais ainda com os exercícios físicos. Intensa: é aquela que inflige grande sofrimento, obrigando a ficar o mais quieto possível, uma vez que a dor piora a partir de quaisquer movimentos ou pequenos esforços. Nesses casos, acompanhada de sudorese, palidez, angústia e sensação de morte iminente. Duração: Fugaz (rápida); Pode aliviar com repouso ou nitrato (alivia em 3 a 4 minutos) no caso das anginas, porque se for infarto (ou seja, oclusão total da artéria) não é suficiente para aliviar; Angina Instável ou IAM: surge em repouso, dura mais de vinte minutos, acompanha-se de sudoresefria profunda, náusea ou vomito, mesmo que em localização atípica; geralmente a angina dura<20 min e o IAM >20 min. Não está associada à esforços físicos; Angina estável: a dor tem duração curta, em geral de 2 a 3 min, raramente ultrapassando 10 min, e é estreitamente relacionada com esforço físico. Isso porque sua origem é apenas hipóxia miocárdica, sem alteração necrobiótica (“cardiologista já sabe que existe a obstrução, mas que não precisa desobstruir, é tratada com medicações -como estatinas, antiagregante plaquetário, vasodilatadores, anti-hipertensivos, etc-”); nesses casos o paciente tem uma obstrução <70% de alguma das coronárias só 4 Semiologia Geral | Stephany Galvão trata de forma cirúrgica quando a oclusão é >70%; OBS: A duração da dor não é elemento semiótico suficiente para se fazer o diagnóstico diferencial entre angina instável e infarto agudo do miocárdio. Quando o paciente possui uma dor súbita, a diferenciação ocorre pela dosagem de enzimas cardíacas, que estão alteradas no infarto. Já na angina instável, essas enzimas não estarão alteradas ou se apresentarão pouco alteradas haja vista que não houve lesão, o vaso não está completamente obstruído. No caso de um paciente que possuía uma angina estável, a qual aparecia quando o indivíduo fazia esforço para subir até o 3º andar e, com o tempo, passa a aparecer quando o paciente sobe para o 2º andar, é considerada uma instabilização da angina estável, ou seja, houve progressão da lesão! Fatores desencadeantes/agravantes: A dor da angina do peito típica ocorre na maioria dos casos após esforço físico, mas pode ser desencadeada por todas as condições que aumentam o trabalho cardíaco, tais como emoções, taquicardia, frio, refeição copiosa. No infarto do miocárdio, contudo, a dor pode ter início quando o paciente está em repouso. Fatores atenuantes: O alívio da dor pela interrupção do esforço é uma das características fundamentais de angina do peito clássica (angina estável). Além disso, a dor pode ser atenuada pelo uso de vasodilatadores. Efeito dos vasodilatadores coronários: avaliar o tempo para desaparecimento da dor pelo uso de nitrato por via sublingual. Na angina a dor desaparece 3 ou 4 min após; Se levar mais tempo (5 ou 10 min), provavelmente não se trata de angina estável, podendo ser a forma instável da angina. A dor do infarto persiste ou melhora muito pouco com os nitratos. ATENÇÃO! Não se pode esquecer de que um terço dos pacientes apresenta dor atípica, mas, nesses casos, quase sempre está presente alguma manifestação clínica que levanta a suspeita de angina ou de infarto do miocárdio, tais como a irradiação da dor, relação com esforço físico, sudorese. Precordialgia intensa, acompanhada de náuseas, vômitos e sudorese, sugere infarto agudo do miocárdio. OBS: Diagnóstico diferencial da dor retroesternal e precordial causada por isquemia miocárdica: Dor torácica que surge com as mudanças de decúbito ou movimentos do pescoço e do tórax origina-se na coluna cervical ou dorsal; Dor que se agrava com a tosse é provocada por pericardite, pleurite ou compressão de uma raiz nervosa; Dor retroesternal que ocorre após vômitos intensos é causada por laceração da mucosa da junção esofagogástrica. Dor retroesternal durante a deglutição é causada por espasmo esofágico ou esofagite. OBS: Isquemia miocárdica é diferente de miocardiopatia isquêmica! Miocardiopatia isquêmica: O paciente tem uma isquemia de longa data ou até não seja de longo tempo, mas que já danificou o miocárdio, ou seja, ele é um miocardiopata, que sofreu lesão pela isquemia; Nem toda isquemia deixa sequelas no miocárdio. Existem pessoas que tiveram um infarto, uma angina, que foi tratada a tempo e não deixou sequelas no miocárdio. Porém, em grande parte dos casos de isquemia miocárdica, há o desenvolvimento de uma miocardiopatia isquêmica. DOR PERICÁRDICA Localização: retroesternal, junto à borda esternal esquerda, irradiando-se para pescoço e costas; Característica: Constrictiva ou queimação; Pode ter grande intensidade; Costuma ser contínua, durando várias horas; Não se relaciona com exercícios, agrava-se com a respiração (principalmente inspiração, pois aumenta o retorno venoso), com o decúbito e com a deglutição (diferente do infarto – exceto o não se relacionar com exercícios físicos, pois ambos não se relacionam); 5 Semiologia Geral | Stephany Galvão Posição de prece maometana (genupeitoral) alivia: inclinar o tórax para frente (diferente do infarto); Possíveis causas: pericardite constrictiva e outros tipos de pericardites agudas; Mecanismo da dor: atrito entre os folhetos do pericárdio com estimulação das terminações nervosas ou uma grande e rápida distensão do saco pericárdico por líquido. É provável que a irritação das estruturas vizinhas – pleura mediastinal, por exemplo – também participe do mecanismo da dor da pericardite. Aumento ou engrossamento da consistência do líquido localizado entre o coração e o pericárdio, que existe apenas para garantir o deslizamento dentro do saco pericárdico - Inflamação do pericárdio. DOR DE ORIGEM AÓRTICA: - Aneurismas geralmente não provocam dor, pois é só a dilatação do vaso; - Aneurisma dissecante ou dissecção aórtica: Definição de dissecção aórtica: a camada média da aorta “rasga” longitudinalmente, formando um saco cheio de sangue que comprime a luz verdadeira do lúmen da aorta; quanto mais ela se rasga, mais dói; A depender de onde a aorta foi dilacerada, tem- se duas classificações: a de DeBakey e a de Stanford -DeBakey tipo I: dissecção em toda a aorta; -DeBakey tipo II: dissecção na aorta ascendente; -DeBakey tipo III: dissecção na aorte descendente IIIA quando é só a aorta torácica; tipo IIIB quando é na aorta torácica e abdominal; -Stanford tipo A: em toda a aorta; -Stanford tipo B: na aorta torácica Dor de início súbito e forte intensidade; Carácter lancinante (rasgando); Localização principal: retroesternal ou face anterior do tórax, podendo ser dorsal (interescapular) ou migratória; Irradiação: ombros, pescoço e abdome (conforme progressão); Manifestações associadas: distúrbios de consciência, choque ou acidente vascular encefálico; Sopro de insuficiência aórtica, assimetria de pulsos: as vezes, quando a dissecção atinge a válvula, pode causar um sopro de insuficiência aórtica, uma vez que, dissecando a válvula, ela fica totalmente sem contato de uma cúspide para outra, perdendo sua função de válvula (insuficiência). OBS: Na dissecção aórtica que vai progredindo (linha de dissecção) até chegar ao abdômen, pode causar insuficiência renal aguda, pois as renais saem da aorta abdominal, as quais também podem ser dissecadas, impedindo a chegada de sangue aos rins e causando insuficiência. Durante a crise dolorosa o paciente fica inquieto – deita-se, levanta-se, revira na cama, adota posturas estranhas, comprime o tórax contra a cama ou a parede, tentando obter alívio. O principal diagnóstico diferencial é com o infarto agudo do miocárdio! Importância: Na ausência de correção cirúrgica (necessita de forma imediata), a dissecção 6 Semiologia Geral | Stephany Galvão aguda tipo A (inicia lá em cima) tem mortalidade de 1-2% por hora durante as primeiras 24-48 horas de apresentação, e, se não tratada, até 50% dos pacientes irão a óbito em uma semana. DOR TORÁCICA NÃO CARDÍACA: PAREDE TORÁCICA: Osteocondrite (Sindrome de Tietze): comprometimento da articulação esterno- costal, muito comum em idosos; A síndrome se caracteriza quando essa inflamção é so um lado e em um só segmento; Distensão e inflamação muscular; Compressão radicular (espondiloartrose,hérnia); Herpes-zoster: infecção viral que acomete as raízes nervosas; Fratura de costela ou outro; Doença de Mondor: flebite; APARALHO DIGESTIVO: Esôfago: hérnia hiatal, espasmo, esofagite, refluxo, laceração (Sindrome de Mallory-Weiss – laceração de esôfago por vômitos excessivos); Neoplasia de esôfago, estomago, cólon; Distensão digestiva, litíase biliar, colecistite; Doença péptica, pancreatite; PULMÃO E MEDIASTINO: Pneumotórax; Embolia e infarto pulmonar; Pneumonia; Hipertensão pulmonar; Neoplasias de pulmão; Mediastinite; Penumomediastino (ar do mediastino); PSICOGENICAS: Depressão e ansiedade; Síndrome do pânico; Psicose de origem cardíaca; PALPITAÇÕES: Definição: é a percepção incômoda dos batimentos cardíacos; As palpitações pode ser taqui ou bradicárdicas; Características de inicio e término: surgem sem uma causa específica, do nada; - Quando iniciam e terminam abruptamente, estão relacionados a arritmias. Ex: Taquicardia paroxística supraventricular (TPSV); Taquicardias ventriculares (TV); Fibrilação atrial paroxística (FAP): relacionado a embolias; Extrasístoles (ES); - Quando iniciam gradualmente: taquicardias sinusais (TS); Cronologia: quando iniciaram essas palpitações? Na infância: TPSV; Na adolescência: TPSV, TV da síndrome do QT longo congênito; DISPNEIA: Classificação: de acordo com a intensidade dos fatores desencadeadores e sua evolução: Dispneia aos grandes esforços: correr, subir vários lances de escada fisiológico; Dispneia aos médios esforços: andar apressadamente no plano, subir um lance de escada; Dispneia aos pequenos esforços: banhar-se, caminhar pequenas distancias no plano grave; Dispneia aos mínimos esforços: falar, pentear- se grave; Dispneia em repouso grave; Perguntar ao paciente: “A atividade que hoje esta causando dispneia, causava anteriormente?” Tipo de dispneia: Dispnéia Paroxística Noturna: - Paciente acorda de noite com falta de ar; - Geralmente é por congestão pulmonar; - Pode surgir com 2 a 5 horas de decúbito: nas mais graves o individuo não aguenta nem ficar em decúbito; - Há uma redução da estase venosa reabsorção do liquido para o espaço intravascular aumento da volemia e da pressão venosa congestão venocapilar pulmonar; 7 Semiologia Geral | Stephany Galvão Dispnéia de decúbito: - ORTOPNÉIA: típico da insuficiência cardíaca; o paciente não consegue ficar deitado, então ele fica em repouso com a cabeceira elevada ou sentado utilizando a musculatura acessória; - TREPOPNÉIA: capacidade de respirar melhor quando em determinada posição (geralmente virando para o lado lesado); ex: pericardite e derrame pleural; Dispnéia em repouso: evolução insatisfatória do quadro anterior; EDEMA: Características clínicas: o edema pode ser decorrente tanto da insuficiência ventricular esquerda, como direita Insuficiência ventricular esquerda: não bombeia o sangue para a aorta represa sangue nele reflui para átrio E refluir para veias pulmonares extravasamento de sangue nos alvéolos e edema pulmonar. - Predominam os sinais e sintomas respiratórios, com progressiva dispneia, estertores crepitantes de bases pulmonares, derrame pleural iniciando à direita. - Pode evoluir para Insuficiência ventricular direita; Insuficiência ventricular direita pode ser um tromboembolismo pulmonar ou por um infarto; o VD recebe todo o sangue drenado do corpo, então se ele esta insuficiente e não consegue bombear o sangue que chega nele para a artéria pulmonar, ele represa sangue no AD e nas vv cavas a v. cava inferior leva esse sangue represado para o fígado e MMII hepatomegalia e edema de MMII; Além disso, a represa de sangue na v. cava superior causa turgência jugular; - Predominam os sinais e sintomas periféricos com edema de membros inferiores portural vespertino que ascende progressivamente e torna-se diuturno (prolongado); SÍNCOPE Definição: perda súbita da consciência com perda do tônus postural e recuperação espontânea após alguns minutos; Lipotímia: “pré-sincope”; individuo não perde a consciência; Mecanismo da síncope de origem cardiovascular: perfusão momentaneamente inadequada do tecido cerebral durante a redução rápida do débito cardíaco ou da resistência periférica; É um dos principais sinais de descompensação em pacientes com estenose aórtica; Diagnóstico etiológico: é orientado pelos sintomas concomitantes; ex: estenose aórtica (síncope, dor precordial, FC normal), BAV (FC baixa), etc... Exemplos de causas cardíacas: Bradiarritmias: disfunção do nó sinusal, bloqueios AV (quando é total: necessidade de marca-passo); Taquiarritmias; TPSV, FAP, TVP; - ao diminuir o fluxo cerebral, causam isquemia cerebral manifestada por tonturas, lipotimia, paralisias focais e transitórias e confusão mental; Cardiopatia isquêmica: IAM; Cardiopatia orovalvar: estenose aórtica; - baixo débito cardíaco e desvio do sangue para os músculos esqueléticos. Nesses casos a síncope frequentemente está relacionada com exercício físico. Cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva (causa genética, causam morte súbita); Defeitos de marca-passos; Hipertensão pulmonar primária; Pericardiopatias: tamponamento; Cardiopatias congênitas; Mixoma atrial; Trombose de prótese valvar aórtica; Exemplos de causas extracardíacas: Hipotensão postural (imaturidade dos barorreceptores); Hipoglicemia Reação vasovagal (aumento do tônus vagal, induzindo à bradicardia quando na verdade deveria estar aumentando à FC) Tromboembolia pulmonar Disautonomias neurodegenerativas (do SNA); Hemorragia subaracnoide; Trombose carotídea; Hiperventilação/Síndrome do pânico/Histeria; 8 Semiologia Geral | Stephany Galvão CIANOSE: Definição: coloração azulada das extremidas e/ou da pele em regiões centrais; Características clínicas: consequente à saturação arterial de oxigênio inferior a 85%, o que corresponde a concentração de hemoglobina reduzida (que não está ligada a O2) nos capilares superior a 5 g/dl (valor absoluto). O indivíduo anêmico demora mais a apresentar os sintomas da cianose, justamente pela sua quantidade reduzida de hemoglobina; Etiologia: Origem central: dessaturação de sangue nos pulmões ou no próprio coração; dessaturação do sangue arterial, anormalidades estruturais ou de quantidade da hemoglobina; Origem periférica: origem na periferia por alterações localizadas ou generalizadas; satural arterial normal, fluxo sanguíneo local diminuído; Mista: a insuficiência cardíaca por exemplo, pode provocar vasoconstricção das extremidades (porque o DC é diminuído, então é uma tentativa de suprir O2 para os órgãos centrais); mas esse mesmo paciente pode também ter alguma congestão pulmonar por insuficiência ventricular esquerda, gerando a cianose central; TOSSE: Características clínicas: Consequente à congestão pulmonar; Geralmente é seca; Expectoração clara, branca ou rósea, espumosa surge com agravamento do quadro; Eventualmente com expectoração hemoptoica; Se consequente à arritmias, aneurisma de arco aórtico, também é seca; OUTROS SINTOMAS: FADIGA: Cansaço; Decorre da má perfusão tecidual ou alterações eletrolíticas (potássio, cálcio, magnésio baixos); ROUQUIDÃO: Compressão do nervo laríngeo recorrente. Por grande aneurisma de arco aórtico, dilatação de artéria pulmonar, ou grande dilatação de átrio esquerdo (Sindrome de Ortner); CLAUDICAÇÃO: Dor isquêmica em membros inferiores com atividade muscular; Alivia com o repouso; Decorrente da má perfusão tecidualou alterações eletrolíticas (potássio, cálcio, magnésio baixos); Piora com fumo: para cada cigarro fumado, diminui a circulação de MMII por 30 minutos; SÍNDROME OU FENOMENO DE RAYNAUD: Precipitação pelo frio nas extremidades, acompanhado de alterações da motricidade vascular; Episódios reversíveis de vasoespasmos de extremidades. A delimitação de fases vai de acordo com a situação do fluxo. A interrupção do fluxo pelo espasmo causa a primeira fase, a palidez ou isquemia, que gera consequentemente uma diminuição da oxigenação, o que leva à segunda fase, a cianose, que é seguida pelo retorno do sangue, causando a fase de ruborização. Acomete principalmente pessoas que possuem doenças do tecido conjuntivo (lúpus eritematoso, esclerodermia, etc); - exposição ao frio ou após situação de estresse intenso, 20/30% em mulheres; HEMOPTISE: O escarro de sangue vivo pode acontecer no Infarto pulmonar, estenose mitral e outras; Escarro rosado: ocorre no edema agudo de pulmão 9 Semiologia Geral | Stephany Galvão CICLO CARDÍACO: São as alterações elétricas e mecânicas durante um único batimento cardíaco, ou seja, durante uma sístole e uma diástole; As alterações elétricas precedem as alterações mecânicas: 1. Nó sinoatrial dispara despolarização dos átrios: Na excitação cardíaca, quando o nodo sinoatrial dispara, os feixes de Bachmann vão para o átrio esquerdo e os feixes internodais para o nodo AV, despolarizando os dois átrios. Ou seja, houve a entrada sódio pelos canais de Na+ e a saída de K+ e Cl--, tornando o meio interno positivo e o externo negativo, criando um potencial de ação. Assim, a despolarização atrial leva à uma contração dos átrios. No ECG, esse evento é relatado pela onda P; 2. Retardo no nó atrioventricular (AV) tempo em que os átrios enchem os ventrículos; 3. Despolarização ventricular; SÍSTOLE: - Parte de um coração relaxado, ou seja, quando todo o coração está relaxado ele entra em sístole; - A sístole é dividida em três momentos: Pré-ejeção: inicia por uma contração isovolumétrica, ou seja, o miocárdio enrijece mas sem alteração de volume em seu interior (as paredes contraem mas não ocorre a ejeção do sangue de dentro dos ventrículos); O primeiro passo é fechar as valvas mitral e tricúspide. Com os ventrículos cheios de sangue, as valvas pulmonar e aórtica também devem estar fechadas. Se durante a diástole não havia estímulo elétrico nos ventrículos, agora que eles estão cheios e as quatro valvas fechadas, há passagem de impulso elétrico fazendo com que o músculo se contraia (enrijecendo-o, aumentando a tensão dentro da cavidade, mas ainda sem encurtar as fibras). Desse modo, pelo fato das valvas estarem bloqueadas, ainda não há variação de volume. A partir dessa fase, o ventrículo passa a encurtar as fibras do seu músculo, diminuindo seu tamanho e seguindo para a fase de ejeção; essa contração isovolumétrica permite a abertura da válvula aórtica e o fechamento da mitral; Ejeção: I. Ejeção rápida: assim que o ventrículo contrai, libera cerca de 70% do seu volume de ejeção aberturas das valvas aórtica e pulmonar; II. Ejeção lenta: liberação dos 30% restantes do volume de ejeção; 10 Semiologia Geral | Stephany Galvão - Lembrando que o ventrículo esquerdo não se esvazia por completo: depois da sístole, fica um pequeno volume de sangue restante (VOLUME SISTOLICO FINAL), correspondendo a cerca de 30-50mL; - As alterações de volume são iguais (entre os ventrículos E e D), so muda as alterações de pressão: o lado E exerce uma pressão muito maior que o D; DIÁSTOLE: - Relaxamento do coração, que ocorre em 4 etapas: I. Relaxamento isovolumétrico: o coração “pós- sístole” começa a relaxar sua musculatura, porém sem alteração do volume de sangue dentro dele suficiente para abrir a alva mitral e fechar a valva aórtica; II. Enchimento rápido: quando as paredes estão relaxando e que há a abertura da valva mitral e fechamento da aórtica, o sangue dos átrios vai para os ventrículos nessa fase rápida ocorre 70% do enchimento ventricular, que é assim que a valva mitral abre; III. Enchimento lento: 15-20% do enchimento ventricular, um pouquinho de tempo da valva mitral ter aberto; IV. Contração atrial: contribui para encher em torno de 10-15% do ventrículo; O ciclo cardíaco é uma sequência temporal de contração e relaxamento, podendo se traduzir em fenômenos elétricos (possibilitando a realização dos eletrocardiogramas), na pressão dentro das câmaras cardíacas e em fenômenos auscultatórios; Lembrando que quando o átrio se contrai, o ventrículo relaxa e vice-versa; EXCITAÇÃO CARDÍACA: As propriedades intrínsecas do coração estão relacionadas com a capacidade de se excitar e conduzir esse impulso, contraindo e relaxando as paredes musculares; 1. O nó sinusal, que está na parede superior e posterior do AD (próximo à desembocadura da veia cava superior), tem células chamadas de “P cells” ou “células pálidas” que tem a capacidade de iniciar seu próprio pulso (o nó SA tem em torno de 60-100bpm), sofrendo influencia do n. vago (retarda) e do sistema nervoso autônomo (simpático acelera); - O mecanismo em que esse nó se “autoestimula” é denominado de “Despolarização diastólica espontânea”. - Quando ele inicia seu impulso, despolariza os átrios: o átrio esquerdo através do feixe de Bachmann e o átrio direito pelas fibras intermodais; - Na superfície da pele, esse estímulo é captado como a onda P no ECG: parte ascendente é AD e parte descendente AE; 2. Depois que esse estímulo chega no nó atrioventricular (AV), ele sofre um “atraso”: é captado na pele como o segmento PR não tem nenhuma atividade elétrica nesse período; ocorre para que de tempo dos átrios contraírem enquanto os ventrículos estão relaxados; 3. O impulso é transmitido para os ramos ventriculares e feixe de Hiss, despolarizando os dois ventrículos onda QRS; além disso, nesse mesmo período esta ocorrendo a repolarização atrial (acaba sendo ofuscada pela despolarização ventricular); 4. Repolarização ventricular onda T; 11 Semiologia Geral | Stephany Galvão - ATENÇÃO: segmento ST espaço de tempo entre a despolarização ventricular e repolarização ventricular. É o segmento que se altera mais nitidamente nos infartos; FÓRMULAS IMPORTANTES: DC = FC X VS - É a quantidade de sangue que o coração lança na circulação a cada minuto; - Seu valor é de 5 a 8 L por min; - O Débito Cardíaco (DC) é diretamente proporcional ao Volume Sistólico (VS) e à Frequência Cardíaca (FC); - Um paciente com insuficiência cardíaca tem o VS diminuído, pois o coração não tem força para tentar compensar o DC, o SN aumenta a FC; - Já no caso de BAV total, a FC diminui aumento da contração cardíaca para aumentar o VS e tentar manter equilibrado o DC; PA = DC X RP PA = FC X VS X RP - A Pressão Arterial é diretamente proporcional ao DC e À Resistencia Vascular Periférica (RP); - A RP é influenciada principalmente pelas arteríolas e metarteríolas: quanto maior o diâmetro, menor a resistência e vice-versa; - A RP é inversamente proporcional à quarta potencia do raio vascular; - A análise dessa fórmula permite a compreensão de muitos aspectos relacionados à hipertensão arterial: para reduzir a PA de um paciente, pode-se usar um medicamento que diminua a FC, como um β-bloqueador; pode-se, da mesma forma, fazer uso de uma droga que reduza o volume sistólico, como um diurético, bem como, empregar um vasodilatador que diminuirá a RVP; PAM= (PS = 2 X PD)/3 ou PD + 1/3 (PS – PD) - A Pressão Arterial Média (PAM) é calculada baseando- se no fato de que a diástole dura mais tempo que a sístole (diástole equivale a 2/3 e a sístole ao 1/3restante); - PAM é mais importante porque ela é quem determina a velocidade do fluxo sanguíneo no circuito sistêmico; - Pressão de pulso: Pressão sistólica (PS) – Pressão diastólica (PD); - PAM normal: 70-110 mmHg - PAM <70 = hipotensão; PAM >110 = hipertensão CURVAS DE PRESSÃO: Pressões nos ventrículos >>> pressões nos átrios; A pressão nas câmaras esquerdas é em torno de quatro vezes maior quando comparada às cavidades direitas. Então, se houver um orifício no septo ventricular - uma CIV (comunicação interventricular), por exemplo - entre uma câmara D e uma E, o sangue se deslocará da E para D; EXAME FÍSICO CARDIOVASCULAR: FOCOS CARDÍACOS São pontos de ausculta cardíaca e estão relacionados com as valvas correspondentes: Foco aórtico valva aórtica; é justoesternal (ao lado do esterno), no segundo espaço intercostal (EIC) D; à direita do ângulo de Louis; Foco pulmonar valva pulmonar; justaesternal, no segundo EIC E; à esquerda do ângulo de Louis; Foco tricúspide valva tricúspide; na base do esterno, no 5-6o EIC esquerdo; Foco mitral valva mitral; na linha hemiclavicular no 5o EIC E (no homem está abaixo do mamilo); Foco aórtico acessório: 3o EIC E, junto ao esterno, logo abaixo do foco pulmonar quase que exclusivos de sopros diastólicos de insuficiência aórtica; OBS: os focos não correspondem à posição das valvas; mas foram assim denominados por serem as regiões em que se escutam melhor sopros dessas valvas. OBS: os focos de base (aórtico, aórtico acessório e pulmonar) são melhor audíveis com o paciente sentado. Já os focos de ponta (mitral e tricúspide) são melhor audíveis com o paciente deitado. 12 Semiologia Geral | Stephany Galvão OBS: Ângulo de Louis é a região entre o manúbrio e corpo do esterno marca a segunda cartilagem costal, ou seja, imediatamente abaixo dele é o 2o EIC; INSPEÇÃO: Durante a inspeção, é muito importante avaliar como o paciente chega até o médico; - Por exemplo: quando um paciente de 50-60 anos entra na emergência com o sinal de Levine, dor no peito, sudorese profusa e mal-estar, o médico já deve suspeitar que ele tem uma doença de origem cardíaca; - O sinal de Levine é uma atitude que o indivíduo se coloca por estar sentindo uma dor em aperto na região do peito (coloca a mão espalmada sobre o precórdio). A dor do infarto, em geral, “se espalha”, não é pontual; a) Começa analisando a atitude do paciente; b) Analisar forma do tórax: pode estar em forma de barril, carinático, escavado, etc; assimetrias, se um lado expande mais do que o outro, etc; c) Ictus cordis; d) Analisar paciente sentado e deitado tangencialmente ver se ocorrem retrações ou levantamentos do tórax; e) Ver se tem pulsações anormais; Alterações que podem ser encontradas na inspeção de um paciente com endocardite infecciosa: Petéquias: ocorre por vasodilatação dos capilares; Nódulos de Osher: lesões autoimunes que são minúsculos nódulos dolorosos, situados nas polpas digitais, cuja causa principal é a endocardite infecciosa; Lesões de Janeway: machas avermelhadas na palma da mão e na planta do pé; também decorrente de microtrombos; presente na endocardite infecciosa, em vasculites e fenômenos embólicos; Splinter hemorragias: hemorragias em “lascas” (parecendo lascas de madeira), nas extremidades dos dedos. Manchas de Roth: mancha avermelhada com centro esbranquiçado que ocorre no fundo do olho (visto na fundoscopia); Durante a inspeção geral é de suma importância a detecção de síndromes: Síndrome de Down: pode apresentar: Comunicação inter-atrial (CIA); Comunicação inter-ventricular (CIV); 13 Semiologia Geral | Stephany Galvão Persistência do canal arterial (PCA); Características da síndrome: o Nariz em sela; o Hipertelorismo: maior distancia entre os olhos; o Epicanto: “olho puxado” para dentro o Macroglossia; o Pele simiesca, etc; Síndrome de Marfan: MMSS maiores que o tronco e MMII, extremidades grandes, crescimento exagerado, podendo apresentar: Regurgitação aórtica; Regurgitação mitral; Prolapso da valva mitralo (PVM); Carcaterísticas: o Sinal do polegar: se solicita uma adução de polegar e flexão dos dedos (fechar a mão com o polegar dentro). Considera-se positivo quando a falange distal do polegar ultrapassa a região palmar; o Sinal de Walker-Murdoch: se solicita ao paciente que segure o punho com a mão contralateral. Se o dedo mínimo e o polegar conseguirem se unir, o teste é considerado positivo; Outras alterações a se analisar na inspeção: Xantomas tendinosos e xantelasma: são depósitos subcutâneos de substâncias lipídicas que falam a favor de hipercolesterolemia; Baqueteamento digital (hipocratismo digital): dedos em baquetas de tambor e unhas em vidro de relógio, sendo sugestivo para hipertensão pulmonar primária, DPOC ou uma doença cardíaca crônica; Edema: sua presença é bastante relevante na inspeção. Se começa a suspeitar de doença cardiovascular quando é ascendente, bilateral, frio, mole, com formação de cacifo (sinal de Godet). Pode também ocorrer anasarca nos casos de IC (insuficiência cardíaca) muito grave; lembrando que o sinal de godet também serve para diferencia o edema mole do edema duro (presente na filariose, por exemplo); OBS: paciente com IC e congestão pulmonar, tem uma pressão hidrostática aumentada, o que justifica o edema de MMII; Cicatrizes: sugestivo de que o indivíduo passou por cirurgia cardíaca, pode ser tanto próxima ao esterno quanto na face medial da perna - cicatriz da ponte de safena, por exemplo; 14 Semiologia Geral | Stephany Galvão Turgência jugular: tal sinal fala a favor do aumento da pressão nas câmaras direitas do coração, sendo sinal de insuficiência direita; A cava superior recebe sangue da subclávia, da jugular interna e da jugular externa antes de desembocar no AD. Se ocorrer um estreitamento/compressão da jugular e o sangue não conseguir descer livremente para a cava, que pode ser por alguma obstrução, por tamponamento, por uma grande pressão no AD ou até mesmo porque o VD está ineficiente. Neste último caso, o VD não consegue bombear o sangue de maneira eficiente para a artéria pulmonar e ocorre regurgitação e acúmulo de sangue, ocasionando turgência; - Nesses pacientes, faz-se a medida da pressão do pulso venoso jugular: 1. Coloca o paciente inclinado 45 graus; 2. Coloca uma regra perpendicular ao manúbrio esternal; 3. No final da turgência jugular coloca outra régua ou espátula; 4. Vê quantos centímetros deu entre uma regra e outra e soma com 5cm (distancia entre o átrio D e o esterno); até 10cm essa medida é normal; se maior que 10, significa alta pressão de pulso jugular e indica dificuldade no retorno venoso; - Nesses pacientes, quanto maior a pressão de pulso jugular, maior a estase sanguínea isso acontece por dificuldade do sangue descer da jugular para a v. cava superior e para o coração (muito comum na insuficiência cardíaca); ICTUS CORDIS: batimento da ponta do coração, que da pra ser verificado com as polpas digitais; o Local: ele é visto no quinto EIC (espaço intercostal), equivalente ao foco mitral, na linha hemiclavicular; o Extensão: o normal do ictus cordis é que o examinador sinta o batimento da ponta do coração em no máximo duas polpas digitais; se sentir em mais dedos, é sinal de crescimento do ventrículo esquerdo; - O ictus cordis pode estar presente ou ausente; - Para examinar, pede para o paciente deitar em decúbito lateral esquerdo; - O ictuscordis pode estar no mesmo local, mas ser hiperdinâmico e maior, ou seja, à palpação, o ictus se mostra mais propulsivo. Isso pode ocorrer com pacientes que tenham hipertrofia ventricular esquerda concêntrica (musculo cresce para dentro) ou hipertensão arterial; - Indivíduos com hipertrofia ventricular esquerda excêntrica (musculo cresce para fora), insuficiência cardíaca ou aórtica tendem a ter um crescimento do coração e a ponta do coração - que deveria estar no foco mitral - se desloca, acompanhando o aumento volumétrico do órgão (como representado na figura abaixo) pode desviar o ictus para o 6o espaço intercostal na linha axilar anterior; 15 Semiologia Geral | Stephany Galvão OBS: só existe ictus cordis de VE batimentos na região mesocárdica (levantamento sistólico do VD) não é ictus! Presente quando ocorre aumento ou hipertrofia do VD. Geralmente também é no 5o EIC, mas na região mesocárdica; PALPAÇÃO: FREMITO CARDIOVASCULAR: - É a sensação tátil das vibrações produzidas no coração ou nos vasos. Correspondem aos sopros (frêmito catário) só acontece em sopros mais intensos; - No exame físico: coloca a palpa da mão nos focos de ausculta; - Características do frêmito: Localização: em qual foco? Situação no ciclo cardíaco (sístole ou diástole?) palpa o pulso carotídeo do paciente e, se o frêmito acompanhar o pulso, é sistólico. Se não, é diastólico; Intensidade: + a 4+ PULSO ARTERIAL: - É uma onda de pressão dependente da ejeção ventricular, e é percebido como uma expansão da parede arterial síncrona com o batimento cardíaco; o Pulso carotídeo; o Radial e ulnar; o Femoral; o Popliteo; o Tibial posterior; o Pedioso; - Analisa os pulsos de forma crânio-caudal; - Sempre analisar bilateral: comprara e buscar assimetrias; - Analisar: Ritmicidade; Simetria; Amplitude; Frequência; - Alterações do pulso: o Pulso em martelo d‟água (célere) na insuficiência aórtica: pulso muito amplo, propulsivo (devido ao alto volume dastólico); o Pulso alternante na insuficiência cardíaca: ora ele é maior, ora menor; o Pulso parvus et tardus na estenosa aórtica: pulso baixo, fraco e tarde; o Pulso bisferens na associação de estenose e insuficiência aórtica; o Pulso arrítimico na fibrilação atrial; o Pulso paradoxal: tamponamento cardíaco; AUSCULTA É uma das partes mais importantes do exame físico cardiovascular; Regras básicas para uma boa ausculta cardíaca: 1. Esteja seguro dos mecanismos de formação das bulhas cardíacas; 2. Preocupe-se, INICIALMENTE, com a 1a e 2a bulhas: 3. A primeira bulha (B1) coincide com o ICTUS CORDIS e com o pulso carotídeo. Corresponde ao fechamento das valvas atrioventriculares (mitral e tricúspide) e tem um timbre mais grave e duração maior que B2 (“TUM”); sístole ventricular; OBS: Todos nós temos 4 bulhas cardíacas, sendo duas delas (B1 e B2) mais facilmente audíveis. B3 e B4 costumam ser audíveis em pacientes patológicos (mas também há casos em que são audíveis em pacientes sem nenhuma patologia); 4. A segunda bulha (B2) é mais aguda e mais curta que B1 (“TÁ”). Corresponde ao fechamento das valvas ventrículoatriais (aórtica e pulmonar); diástole ventricular; O “TUM-TA” são ruídos de curta duração. Entre a primeira bulha (fechamento das valvas mitral e tricúspide) e a segunda bulha (fechamento das valvas 16 Semiologia Geral | Stephany Galvão aórtica e pulmonar) tem-se a sístole. Entre B2 e B1 tem- se a diástole; 5. O desdobramento de B2 é imitado por um “TLÁ”: - Geralmente, as valvas mitral e tricúspide se fecham quase que ao mesmo tempo, não havendo distinção de sons (TUM). Da mesma forma, as valvas aórtica e pulmonar se fecham também quase que ao mesmo tempo, não havendo distinção de sons (TA). Se por algum motivo alguma dessas valvas se fecharem em momentos diferentes (a mitral se fechando depois da tricúspide ou a pulmonar antes da aórtica, por exemplo), tem-se um DESDOBRAMENTO. - Ou seja, o desdobramento de uma bulha é decorrente de uma diferença de tempo maior do que o normal fazendo com o que o som de fechamento das valvas não seja mais unido, mas sim desdobrado. - Do ponto de vista semiológico, o desdobramento da segunda bulha acaba sendo mais importante, pois até 50% dos casos de desdobramento de primeira bulha costumam não ser patológicos. Quando esse desdobramento de primeira bulha é muito evidente (TRUM), o paciente pode apresentar um Bloqueio de Ramo D. 6. TODO o precórdio deve ser auscultado: auscultar não só os focos cardíacos, mas também todo o resto do precórdio e regiões adjacentes, pois os sopros podem irradiar; Isso ajuda não só no diagnóstico, como também no delineamento do prognóstico do paciente. 7. Após a atenção nas bulhas (depois de distinguir o TUM-TA), avaliar a presença de SOPROS e outros ruídos; FOCOS DE AUSCULTA: - Além dos focos de ausculta cardíaca (aórtico, aórtico acessório, pulmonar, mitral e tricúspide), outras regiões do tórax também devem ser auscultadas: TODO O PRECÓRDIO; ENDOÁPEX ou MESOCÁRDIO: “triangulo” formato entre os focos aórtico acessório, tricúspide e mitral; BORDA ESTERNAL IDREITA (BED): região entre área aórtica e 5o EIC; BORDA ESTERNAL ESQUERDA (BEE): região entre o foco pulmonar e o foco tricúspide; REGIÕES SUPRA E INFRACLAVICULAR D/E; REGIÃO INTER-ESCAPULO-VERTEBRAL (DORSO); REGIÃO AXILAR ESQUERDA; PESCOÇO (laterais E e D); POSICIONAMENTO DO PACIENTE: a. Decúbito dorsal: padrão; ideal para auscultar os focos de ponta (aórtico e tricúspide); b. Sentado: ideal para auscultar os focos de base (pulmonar, aórtico e aórtico acessório); c. Decúbito lateral esquerdo (Posição de Pachon): pede para o paciente se deitar do lado E e colocar a mão esquerda debaixo da cabeça (levanta as mamas, no caso das mulheres); o ictus cordis e valva mitral ficam mais facilmente perceptíveis nessa posição, além do coração ficar mais perto da parede torácica; sons que são melhor audíveis nessa posição: - Ruflar diastólico: som semelhante ao bater de asas de um pássaro abrindo voo; indicativo de estenose mitral. - B3 e B4; OBS: em ruídos graves (de baixa frequência) usa-se a campanula (parte afundada e menor) do estetoscópio; esses ruídos são: Ruflar diastólico; B3; B4; 17 Semiologia Geral | Stephany Galvão d. Em pé (manobra de Harvey): paciente fica em pé, com o tórax fletido. Essa posição permite uma maior aproximação do coração com a parede torácica. Ajuda a auscultar bulhas hipofonéticas, como o sopro da insuficiência aórtica; BULHAS CARDÍACAS: São vibrações de curta duração (TUM-TA), que ocorrem a determinados intervalos do ciclo cardíaco (delimitam a sístole e diástole), produzidas pelo impacto da corrente sanguínea nas diversas estruturas cardíacas e dos grandes vasos; ou seja, são sons decorrentes do fechamento das valvas; Normalmente ocorrem 4 ruídos, mas apenas 2 são audíveis: - B1: o fechamento das valvas atrioventriculares (mitral e tricúspide) coloca em vibração os componentes valvares e o sangue, que dá origem ao primeiro ruído cardíaco. Sístole. TUM -B2: é constituído por dois componentes temporalmente distintos - o primeiro depende do fechamento mais precoce da valva aórtica (A2) relativamente ao da valva pulmonar (P2), ao qual se associa o segundo componente. Diástole. TA Componentes e características das bulhas: - B1: M1T1 há um componente mitral (M1) e um componente tricúspide (T1) na primeira bulha cardíaca; - B2: A2P2 há um componente aórtico (A2) e um componente pulmonar (P2) na segunda bulha cardíaca; em algumas situações A2 e P2 se separam, como: Intensidade das bulhas:- Normofonéticas: bulhas de intensidade normal; - Hipofonéticas: bulhas de intensidade mais baixa que o normal; - Hiperfonéticas: bulhas de intensidade mais alta do que o normal; Situações que aumentam a intensidade de B1: HIPERFONESE DE B1 as valvas mitral e tricúspide estão “fechando mais rápido” Contratilidade aumentada: exercício físico, corrida; Estenose mitral: a pressão no AE e no VE está alta e os folhetos da valva ficam mais tensionados, causando um deslocamento mais veloz do fechamento e hiperfonese de B1; Mixoma: geralmente se localizam no AE; Intervalo PR curto; Taquicardia sinusal; Estados hiperdinâmicos; Medicamentos; Diâmetro anteroposterior do tórax reduzido; Síndrome do dorso reto; Espessura da parede torácica reduzida; Pessoas magras; HIPOFONESE DE B1: Contratilidade reduzida; Infarto do miocárdio: força de contração menor; Insuficiência mitral; Insuficiência aórtica; 18 Semiologia Geral | Stephany Galvão Intervalo PR longo; Bloqueio de ramo esquerdo; Diâmetro anteroposterior aumentado; Cifose; Idosos; Obesos; Pericardite; Derrame pericárdico; HIPERFONESE DE B2: AÓRTICO: Hipertensão arterial (a pressão na aorta está alta, fazendo com que a valva aórtica feche com mais vigor); Estado hiperdinâmico; Exercício físico; Ansiedade; Diâmetro torácico reduzido; PULMONAR: Hipertensão pulmonar (artéria pulmonar com pressão alta faz com que a valva pulmonar feche mais intensamente); CIA (comunicação inter-atrial); Dilatação da artéria pulmonar; HIPOFONESE DE B2: AÓRTICO: Hipotensão arterial; Estenose aórtica: nesses casos os folhetos da válvula estão calcificados, estenosados, não conseguindo se mover direito e fechar na velocidade adequada; Insuficiência aórtica; Aumento do diâmetro torácico; Infarto do miocárdio; PULMONAR: Estenose pulmonar; Calcificação da valva pulmonar; ATENÇÃO! - A intensidade mantém relação direta com a velocidade de elevação da pressão ventricular, e com a distância percorrida pelos folhetos da valva mitral desde o momento do início da contração ventricular até o fechamento valvar; por outro lado, uma relação inversa é verificada com o grau de rigidez dos folhetos valvares. - B1 mais intensa que a B2 em focos Ao e Pulmonar – sugere hipofonese de B2 ou hiperfonese de B1. - A intensidade da segunda bulha cardíaca também depende de um conjunto variado de fatores, incluindo: os níveis de pressão arterial em território sistêmico ou pulmonar, a velocidade de variação da pressão arterial na diástole, o grau de fibrose e espessamento das valvas semilunares, a posição espacial relativa dos vasos da base do coração em relação à parede, bem como de fatores que facilitem, ou prejudiquem, a transmissão do som através da parede torácica. - Importante lembrar: ao avaliar clinicamente a intensidade do segundo ruído, que o componente pulmonar tem sua ausculta mais restrita ao foco pulmonar, enquanto o componente aórtico tem uma distribuição auscultatória mais ampla. DESDOBRAMENTO DAS BULHAS: O normal é que as valvas aórtica e pulmonar, mitral e tricúspide fechem ao mesmo tempo, gerando um só som (TUM-TA); Quando o paciente inspira, chega mais sangue no coração, pois o retorno venoso aumenta, pois: - Na inspiração, a expansão torácica aumenta e a pressão intratorácica diminui; nesse movimento, o diafragma “retifica” e faz maior pressão sobre as veias abdominais, aumentando o retorno venoso para o coração; 50% dos indivíduos têm B1 desdobrado, sem significado patológico (discreto assincronismo dos ventrículos). Se desdobramento muito amplo, pensar em BRD. 19 Semiologia Geral | Stephany Galvão Durante a inspiração (diminuição da pressão intratorácica), podemos ter o desdobramento fisiológico da segunda bulha: - Na inspiração, há a diminuição da pressão intratorácica e consequentemente um maior enchimento do AD e VD; - O VD terá que fazer uma maior força de contração para expulsar esse sangue “em excesso” para a artéria pulmonar, aumentando o tempo de fechamento da valva pulmonar (a valva demora mais para fechar pois está passando mais sangue); - No lado E, a inspiração não vai influenciar (valva aórtica continua fechando no seu devido tempo); - Esse fenômeno causa um distanciamento do tempo de fechamento das valvas pulmonar (que demora mais) e aórtica; - Ou seja, a valva pulmonar demora mais para fechar, gerando dois sons: um do fechamento da valva aórtica e outro da valva pulmonar TUM-TLÁ. Como a inspiração influencia no lado E do coração? - A diminuição da pressão intratorácica permite o aumento da capacidade de armazenamento de sangue nas veias e capilares pulmonares; - Se esses vasos tem maior capacidade de armazenar sangue, elas não vão encher com a mesma velocidade o AE; - Dessa forma, não há aumento do enchimento do AE e VE, podendo até diminuir o enchimento; - A contração do VE não se prolonga ou está ligeiramente encurtada; - Os componentes mitral e aórtico ocorrem no mesmo tempo ou ligeiramente mais cedo; - Por isso tem o desdobramento em B2, pois o componente aórtico continua fechando no mesmo tempo, mas no componente pulmonar tem um retardo; Alterações na expiração: NO LADO DIREITO: - Aumento da pressão intratorácica, diminuindo o gradiente de pressão entre as porções extra e intratorácicas das grandes veias; - Durante a expiração, o VD não enche mais do que o habitual, encurtando o período de contração da valva pulmonar e os componentes aórtico e pulmonar ficam juntos NÃO GERA DESDOBRAMENTO DE BULHA; NO LADO ESQUERDO; Diminuição da pressão intratorácica Maior enchimento do VD Alongamento do período de contração do VD Retardo do componente tricúspide e pulmonar DESDOBRAMENTO DE B2 20 Semiologia Geral | Stephany Galvão - O aumento da pressão intratorácica diminui o armazenamento de sangue nas veias e capilares pulmonares, havendo um aumento do enchimento do AE e VE; - Prolongamento mínimo da contração do VE, porem os componentes mitral e aórtico ocorrem no mesmo tempo ou ligeiramente mais cedo, não gerando desdobramento de bulha; Desdobramento paradoxal de B2: - Nesse caso, o desdobramento de B2 ocorre na expiração e, durante a inspiração, o desdobramento deixa de existir; INPIRAÇÃO: TUM-TA; EXPIRAÇÃO: TUM-TLA; - Exemplo: BRE (Bloqueio de ramo esquerdo) - Nesse caso (BRE), o ventrículo demora mais para se contrair, pois há um “delay” na transmissão do impulso; então quando o sangue passa do AE para o VE, ele fica ali esperando o VE contrair (pois há um atraso nessa região); - Então se tem um atraso no fechamento da valva aórtica, porque o VE demora em se contrair e o sangue demora em passar; - Na inspiração o desdobramento deixa de existir porque o atraso fisiológico do fechamento da valva pulmonar coincide com o atraso patológico do fechamento da valva aórtica; - Essa situação ocorre em todos os casos que, por algum motivo, há um atraso do fechamento da valva aórtica (como uma estenosa de valva aórtica, por exemplo); Desdobramento amplo e variável de B2: - É amplo (duradouro) e variável (muda de intensidade); NA INSPIRAÇÃO: TUM-TÁ-LÁ NA EXPIRAÇÃO: TUM-TLÁ - O protótipo dessa situação é o Bloqueio do Ramo Direito; NA EXPIRAÇÃO: 1. Como o impulso demora para ser transmitido para o VD, o VE contrai primeiro, então a valva aórtica fecha no seu tempo normal; 2. Porém a valva pulmonar demora mais para fechar decorrente do atraso da transmissão; NA INPIRAÇÃO: 1. Além do atraso da condução, o VD está recebendo mais sangue;então além do atraso fisiológico que ela vai ter por causa do maior volume de sangue, ela tem um acrescimento do atraso patológico, pois está demorando para o VD contrair; 2. Enquanto isso, o VE contrai e a valva aórtica fecha no tempo normal; Ou seja: na expiração tem-se o desdobramento e na inspiração tem uma intensificação desse desdobramento; Desdobramento fixo de B2: - Presente na comunicação interatrial; - É o mesmo desdobramento na inspiração e expiração: EXPIRAÇÃO: TUM-TLÁ INSPIRAÇÃO: TUM-TLÁ COMUNICAÇÃO INTERATRIAL: CIA - Quando o paciente tem uma fenda, uma comunicação, entre os átrios D e E; - O sangue geralmente passa do lado E para o lado D, pois a pressão atrial E é maior do que a pressão atrial D; 21 Semiologia Geral | Stephany Galvão em algumas situações, esse sangue pode passar do AD para o AE; - Quando a CIA não é tratada, ela vai gerar um hiperfluxo no leito capilar pulmonar, gerando hipertensão pulmonar que com o tempo pode aumentar a pressão no AD, e nesse caso em vez do sangue passar do AE para o AD, será o caminho inverso; SINAL DE GRAVIDADE; - Se tem passagem de sangue do AE para o AD, o AD recebe mais sangue, o VD consequentemente também recebe mais sangue e valva pulmonar vai demorar mais tempo para fechar; - Então na EXPIRAÇÃO, a valva pulmonar demora mais tempo para fechar do que a valva aórtica; TUM-TLA - Na INSPIRAÇÃO aumenta a quantidade de sangue que chega no AD, aumento a pressão dentro dele e tornando mais difícil a passagem de sangue do AE para o AD; dessa forma, o atraso da valva pulmonar fisiológico não é intensificado e é mantido o som TUM-TLÁ, pois a valva aórtica fecha no seu devido tempo; Comunicação interatrial atraso no fechamento da valva pulmonar na inspiração ocorre aumento no retorno venoso e maior tempo de ejeção do VD (fisiológico) na expiração, o volume do VD se mantém alto (o shunt AE-AD é que mantém esse volume do VD alto) DESDOBRAMENTO FIXO (igual na inspiração e expiração); B3: B3 (terceira bulha): surge em corações que, por algum motivo, estão dilatados, ou seja, quando o coração está dilatado, ele tende a contrair menos (insuficiente), diminuindo o volume de ejeção. Assim, mais sangue fica acumulado nas paredes do VE, que com o tempo vai dilatando e ficando “mole” (para conseguir armazenar esse sangue “em excesso”): - Essa dilatação do VE é chamada de Hipertrofia Excêntrica. A implicância disso é que, quando a valva mitral abre durante a diástole e o sangue no AE é “jorrado” no VE (fase de enchimento rápido), esse sangue bate nas paredes do VE, que estão hipertrofiadas, e gera um som: B3; B3 (terceira bulha): origina-se das vibrações da parede ventricular durante enchimento ventricular rápido. É um marcador de disfunção sistólica do VE (déficit de contração); Os sons destas bulhas podem ser representados da seguinte forma: Primeira – TUM Segunda – TA Terceira – TU 22 Semiologia Geral | Stephany Galvão “TUM ----------- TÁ --TU--------- TUM ----------- TÁ” B3 ocorre na segunda fase do ciclo cardíaco (no início da diástole) RUÍDO PROTODIASTÓLICO B4: B4 (quarta bulha) ocorre no final da diástole (na fase de contração atrial) quando, por algum motivo, essa contração atrial é muito evidente (mais forte); B4 ocorre devido à desaceleração do fluxo sanguíneo mobilizado pela contração atrial de encontro à massa sanguínea existente no interior do ventrículo, ou seja: em situações como HIPERTROFIA CONCENTRICA, em que o VE está do mesmo tamanho, porém a parede do miocárdio está hipertrofiada, diminuindo o diâmetro do VE e dificultando a passagem de sangue do AE para o VE o AE tem que fazer uma força bem maior para conseguir vencer a resistência e jogar o sangue no VE, então a contração atrial é muito mais vigorosa, gerando uma quarta bulha; - RITMO DE GALOPE – galopar de um cavalo (B3) TU-TUM---TA------TU-TUM----TA Por ser uma bulhe que vem imediatamente antes da sístole, de chamado de “Reforço pré-sistólico”. Ex.: miocardiopatia hipertrófica, HAS, insuficiência coronária e Estenose aórtica. B3 – CORAÇÕES MOLES B4 – CORAÇÕES DUROS Ruído de baixa frequência (campânula) na PROTODIÁSTOLE Ocorre no fim da diástole (pré-sistole) Produzido pelas vibrações da parede ventricular Mais raramente presente em pacientes normais Pode ser auscultado em pessoas normais (crianças e adultos jovens) Decorrente da desaceleração do fluxo sanguíneo mobilizado pela contração atrial Hipertrofia excêntrica Hipertrofia concêntrica TUM-TA-TU TU-TUM-TA OBS: não é comum, mas alguns pacientes podem ter B3 sem ser decorrente de algo patológico, e isso é mais frequente em crianças e jovens; OBS: Ritmo de galope atrial presença de B3 e B4 juntos; Ritmo de soma: B1 + B2 + B3 + B4 ATENÇÃO! Arritimia em que o paciente não apresenta B4: Fibrilação Atrial já que BA aparece na ultima fase da diástole (na contração atrial), se o paciente tem FA (o átrio não contrai devidamente), o paciente não tem B4; “Quem tem fibrilação atrial, não tem B4ATRIO” DIAGNÓSTICO DIFERECIAL: SOPROS: 23 Semiologia Geral | Stephany Galvão Depois de identificar as bulhas (B1 e B2), você deve buscar se há algum som entre B1 e B2 (sopro sistólico) ou entre B2 e B1 (sopro diastólico); Definição: fluxo sanguíneo que causa vibração dentro das câmaras cardíacas produzindo um sopro; - Em geral, o fluxo sanguíneo é laminar. Toda vez que ele deixa de ser laminar e passa a ser turbulento, um som é gerado esse som é audível como o sopro; Características dos sopros: INTENSIDADE: escala de Levine (1+ a 6+) 1+/6+: sopro com dificuldade de ser auscultado; tem que fazer manobras para facilitar auscultar; não irradia; 2+/6+: sopro audível por todos, fácil de reconhecer, porém baixo; claro, benigno, suave, não irradia; 3+/6+: sopro de fácil reconhecimento, porém sem frêmito cardiovascular; irradia; 4+/6+: sopro de fácil reconhecimento, com frêmito cardiovascular; irradia; 5+/6+: sopro intenso, que só encostando levemente o estetoscópio já consegue ouvir; 6+/6+: sopro intenso, audível sem estetoscópio; FREQUÊNCIA: Agudo: altas frequências; altos gradientes pressóricos; Grave: baixa frequência; baixos gradientes pressóricos B3. B4 e ruflar diastólico; TIMBRE: Suave, rude (estenose aórtica), musical, aspirativo (insuficiência aórtica), ruflar (estenose mitral), etc; LOCALIZAÇÃO: Focos e proximidades; IRRADIAÇÃO: importante verificar se o sofro irradia para algum lugar, ex: Sopro no foco mitral que irradia para região infraxilar e dorso é indicativo de insuficiência mitral grave (Sopro circular de Miguel Couto); Sopro no foco aórtico que se irradia para o pescoço é indicativo de estenose aórtica; Situação no ciclo cardíaco: - Os sopros podem ser sistólicos ou diastólicos, mas ele pode ser caracterizado de acordo com seu aparecimento entre as bulhas: SOPROS SISTÓLICOS: a. Entre B1 e B2 e ocorrendo durante todo o tempo: Holosistólico; b. Logo depois de B1, no início da sístole: protosistólico; c. No meio de B1 e B2: mesositólico; d. No final da sístole (logo antes de B2): Telesistólico; SOPROS DIASTÓLICOS: a. Entre B1 e B2 e ocorrendo durante todo o tempo: Holodiastólico; b. Logo depois de B1, no início da sístole: protodiastólico; c. No meio de B1 e B2: mesodiastólico; d. No final da sístole (logo antes de B2): Telediastólico; Características pontuais: a. SS (sopro sistólico) de ejeção: estenose de valvas aórtica ou pulmonar; b. SS de regurgitação: quando o sopro é gerado pelo retorno de sangue de uma câmara para outra;c. SD (sopro diastólico) do tipo “ruflar”: estenose mitral; d. SD do tipo “aspirativo”: ventrículo esquerdo “suga” o sangue da aorta (insuficiência aórtica); 24 Semiologia Geral | Stephany Galvão e. Sopros contínuos; Sopros famosos: a. Sopro de Austin Flint: o jato da regurgitação aórtica bate sobre os folhetos da valva mitral e a impede de abrir; b. Sopro de Graham Steel (HAP) – protodiastólico da IPulm c. Sopro de Carey Coombs (DR) d. Sopro de Gibson (PCA) – contínuo, em maquinaria e. Sopro de Roger (CIV) – sistólico, de regurgitação, até dorso f. Sopro de Still (inocente) – protossistólico, vibratório, em foco pulmonar; OBS: Insuficiência pulmonar (sopro de Graham-Steel ou sopro por hipertensão pulmonar). Acontece quando se estabelece a regurgitação pulmonar. Ocorre após P2 hiperfonético, é decrescendo, de alta freqüência, mas pode ser em plateau. Tem epicentro em foco pulmonar sendo geralmente localizado e com pouca irradiação. Do mesmo modo como a insuficiência aórtica, é melhor audível com o paciente sentado e inclinado para frente, porém o sopro da insuficiência pulmonar torna-se mais intenso com a inspiração (Manobra de Rivero Carvallo). Manobras que facilitam a percepção dos sopros: Manobra de Pachon: decúbito lateral esquerdo; ruflar diastólico, B3 e B4; Acocoramento Súbito ( Prompt Squatting ): aumento do retorno venoso (sopors do lado D do coração ficam mais audíveis); Manobra de Valsava: pede para o paciente soprar a própria mão por 15 segundos ininterruptos (aumenta pressão intra-torácica) e o paciente tem uma diminuição da chegada de sangue no coração todos os sopros diminuem, com exceção: cardiopatia hipertrófica assimétrica obstrutiva e o prolapso da valva mitral; Manobra de Rivero-Carvallo: inspiração profunda forçada aumenta retorno venoso, mesma coisa do acocoramento; muito usado para diferenciar sopro sistólico de mitral ou tricúspide (se o paciente inspirar e aumentar o sopro na valva tricúspide, é porque o problema está nela|); Manobra de Muller Posição de Harvey Classificação dos sopros: INOCENTES: mesossistólico (no meio da sístole), audível só no precórdio (não irradia), sem frêmito, mais frequentes em crianças; não costume ter significado patológico; OBS: Só se rotula um sopro como “inocente” após ADEQUADO exame clínico e, muitas vezes, investigação com métodos diagnósticos complementares. SOPROS CONTÍNUOS: Acontece tanto na sístole, quanto na diástole; Causa principal: persistência do canal arterial; Também chamado de “MAQUINARIA” (parece o som do trem maria-fumaça); ATRITO PERICÁRDICO: Audível na mesossitole e meso/telediástole com som parecido com um “ranger”, “arranhar”, “crepitar”; Mias audível na região paraesternal esquerda; É muito variável; MECANISMO DO SOPRO: ❖ Ao auscultar um sopro, você deve identifica-lo como sendo SISTÓLICO ou DIASTÓLICO: SISTÓLICO: “Shun-ta”; coincide com pulso carotídeo DIASTÓLICO: “Tum-sha”; SOPROS SISTÓLICOS: 1. Em focos de base (aórtico e pulmonar): estenose 2. Em focos de ponta (mitral e tricúspide): insuficiência SOPROS DIASTÓLICOS: 1. Em focos de base (aórtico e pulmonar): insuficiência 2. Em focos de ponta (mitral e tricúspide): estenose EXPLICAÇÃO: 25 Semiologia Geral | Stephany Galvão Sopros sistólicos: Quando o coração sofre a sístole, as valvas aórtica e pulmonar devem abrir e as valvas mitral e tricúspide devem fechar; Caso as valvas aórtica/pulmonar estejam estenosadas, o sangue passa com dificuldade, gerando um sopro (porque insuficiência dessas valvas na sístole não gera sopro? Porque elas já estão abertas, então não influencia); Caso as valvas mitral e tricúspide estejam insuficientes, elas não vão fechar direito e o sangue sofre refluxo, gerando um sopro (estenose dessas valvas na sístole não gera som porque de todo jeito elas já devem estar fechadas, então não interfere em nada); Sopros diastólicos: Quando o coração sofre diástole, as valvas mitral/tricúspide abrem e as aórtica/pulmonar fecham; Caso as valvas aórtica/pulmonar estejam insuficientes, o sangue sofre refluxo, gerando um sopro; caso elas estejam estenosadas não gera som porque de todo jeito eles deveriam estar fechadas, então não interfere; Caso as valvas mitral/tricúspide estejam estenosadas, pouco sangue passa do átrio para o ventrículo, gerando sopro; caso elas estejam insuficientes, na diástole não gera som porque elas estariam abertas de todo jeito, então não interfere; AUSCULTA CARDÍACA NO EXAME FÍSICO: 1. Regularidade das bulhas: regular ou irregular? 2. Quantos tempos: 2 (tum-ta), 3 (tum-ta-tu) ou 4 (tu-tum-ta)? 3. Fonese das bulhas: hipofonético, normofonético ou hiperfonético? 4. FC 5. Tem sopros, cliques e estralidos? 6. PA RCR (ritmo cardíaco regular), em 2T (em 2 tempos), BCNF (bulhas cardíacas normofonéticas), FC=70bpm, S/ S, C e Est (sem sopro, cliques e estralidos), PA=120/80 mmHg; PRINCIPAIS DOENÇAS CARDÍACAS: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: ❖ Definição: condição multifatorial caracterizada por elevação SUSTENTADA dos níveis pressóricos; ❖ Associa-se à morte súbita, AVC, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, doença arterial periférica e doença renal crônica. ❖ No Brasil, atinge 32,5% dos indivíduos adultos e mais de 60% dos idosos, contribuindo com 50% das mortes por doenças cardiovasculares. ❖ A hipertensão arterial é fator de risco para todas as manifestações clínicas da ateroesclerose. Fatores de risco não modificáveis: sexo, raça, genética, idade. Modificáveis: sal, álcool, sedentarismo, obesidade, estresse. ❖ Tabagismo só agudamente, mas é FR adicional. ❖ A contribuição de fatores genéticos para a gênese da HAS está bem estabelecida na população. Porém, não existem, até o momento, variantes genéticas que possam ser utilizadas para predizer o risco individual de desenvolver HAS. ❖ Doença crônica não transmissível definida por elevados níveis pressóricos em que os benefícios do tratamento (não medicamentoso e/ ou medicamentoso) superam os riscos. ❖ Condição multifatorial (dependente de fatores genéticos/epigenéticos, ambientais e sociais), caracterizada por elevação persistente da pressão arterial (PA), ou seja, PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica MACETE: 1. Ausculta todos os focos e identifica as bulhas B1 e B2; 2. Procura sopro e identifica se é diastólico ou sistólico: shun-ta ou ta- shun? na dúvida, palpa o pulso carotídeo: se o sopro acompanhar o pulso, é sistólico. 3. Depois de identificar se é sistólico ou diastólico, analisa em qual foco esta auscultando: base ou ponta? LEMBRANDO: foco aórtico acessório é quase exclusivo da insuficiência aórtica Geraldo’s tese: sopro fácil de auscultar 80% de chance de ser aórtico ou mitral; 26 Semiologia Geral | Stephany Galvão (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, medida com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti- hipertensiva. ❖ Condição frequentemente assintomática e que costuma evoluir com alterações estruturais e/ou funcionais em órgãos-alvo, como coração, cérebro, rins e vasos. ❖ Principal fator de risco modificável com associação independente, linear e contínua para doenças cardiovasculares, doença renal crônica e morte prematura. ❖ Associa-se a fatores de risco metabólicos para as doenças dos sistemas cardiocirculatório e renal, como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose, e diabetes melito. ❖ A HAS lesiona, a longo prazo, importantes órgãos-alvo: cérebro, coração, rins e vasos; CARDIOPATIA: hipertrofia ventricular esquerda, disfunção ventricular; DISFUNÇÃO RENAL: perda de proteínas na urina, insuficiência renal. VASCULOPATIA: formação de placas ateromatosas nos vasos, acidente vascular cerebral, doença arterial periférica, doença coronariana. OBS: É fundamental ressaltar que a HA é FR modificável para declínio cognitivo, demência e perda de funcionalidade. 2017 Hypertension Guidelines, AHA: 130/80mmHg. Normal : quando PAS < 120mmHg + PAD < 80mmHg; Elevada quando PAS estiver entre 120 e 129mmHg Hipertensão Estágio 1 – Quando PAS estiver entre 130 e 139mmHg ou PAD entre 80-89mmHg Hipertensão Estágio 2 – Quando PAS estiver acima ou igual a 140mmHg ou PAD acima ou igual a 90mmHg Brasil: Normal : quando PAS ≤ 120mmHg + PAD ≤80mmHg; Pré-hipertensão: 121-139 x 81-89mmHg Hipertensão Estágio 1 – Quando PAS estiver acima ou igual a 140mmHg ou PAD acima ou igual a 90mmHg; FISIOPATOLOGIA: O coração bombeia 4 a 6 litros de sangue por minuto (débito cardíaco). A "resistência" ao fluxo sanguíneo recebe o nome de resistência vascular periférica (normal é 13 no repouso e 9 aos esforços); A pressão arterial é o que mantém o sangue circulando no organismo. DIGANÓSTICO: O diagnóstico é estabelecido através de MAIS DE UMA medida da pressão arterial, em MAIS DE UMA ocasião; Evita-se a prescrição de medicamentos desnecessários ou mesmo prejudicial ao paciente; Programas de triagem para HA são recomendados. Todos os adultos (≥ 18 anos) devem ter a PA no consultório medida e 27 Semiologia Geral | Stephany Galvão registrada em seu prontuário médico e estar cientes da PA. Atentar para a TÉCNICA CORRETA da aferição: EXEMPLOS: medidas e modos corretos de aferição ERROS COMUNS: Tamanho do manguito; Calibração do esfigmomanometro; Posição do estetoscópio; OUTRAS FORMAS DE DIGANOSTICAR HAS: Além da medida em consultório, pode requisitar ao paciente a realização do MAPA (monitorização ambulatorial da PA de 24h); Automedida da PA (AMPA); Monitorização residencial da PA (MRPA); A diretriz recomenda a aferição em casa (em vez de ser no consultório) pois o paciente pode ter “hipertensão do avental branco”, ou seja, ficar nervoso ao ir em uma consulta e acabar sendo diagnosticado com HAS sem ser; assim como também existe o contrário (hipertensão mascarada); CLASSIFICAÇÃO DA HAS: ❖ PRIMÁRIA OU ESSENCIAL: Hipertensão que geralmente acontece na 4/5a década de vida; Tem um forte componente genético, mas também é influenciada por fatores ambientais: ingestão elevada de sal, obesidade, álcool e sedentarismo; OBS: A maioria desse risco genético é transmitido de forma poligênica, ou seja, através da contribuição de centenas de variações de DNA que, em conjunto, aumentam o risco de desenvolvimento do fenótipo hipertensivo, após interação com fatores ambientais. ❖ SECUNDÁRIA: gerada por um problema ou situação específica; é decorrente d euma doença prévia; Doença renal crônica; Hipertensão renovascular; Coarctação de aorta; HAS induzida por medicamentos; Síndrome da apneia obstrutiva do sono; Hiperaldosteronismo primário; Feocromocitoma; Síndrome de Cushing; Hipo- e hipertireoidismo; Hiperparatireoidismo; Acromegalia ONDE A SEMIOLOGIA ENTRA? - Muitas vezes as hipertensões secundárias são ricas em dados semiológicos, como por exemplo: o Coarctação da aorta: condição em que há um estreitamento da aorta descendente torácica 28 Semiologia Geral | Stephany Galvão proximal (logo depois de enviar o ramo subclávio), gerando aumento da pressão na parte superior do paciente e, nos pulsos, está normal: - Achado clínico: Pulsos em femorais ausentes ou de amplitude diminuída, PA diminuída em membros inferiores, mas aumentada em ambos MMSS; o Síndrome da apnéia obstrutiva do sono: Ronco, sonolência diurna. o Doença renal crônica: Edema, anorexia, fadiga, creatinina e ureia elevadas, alterações do sedimento urinário; o Doença renovascular: Sopro abdominal (artéria renal), EAP súbito, alteração da função renal por medicamentos que bloqueiam o SRAA; o Síndrome de Cushing: hiperplasia, adenoma e excesso de produção de ACTH; - Ganho de peso, diminuição da libido, fadiga, hisurtismo, amenorreia, “fácies em lua cheia”, “giba dorsal”, estrias purpúreas, obesidade central. o Feocromocitoma: HA paroxística, cefaleia, sudorese e palpitações. o Hipotireoidismo: Fadiga, ganho de peso, perda de cabelo, fraqueza muscular. o Hipertireoidismo: Intolerância ao calor, perda de peso, tremores, palpitações, exoftalmia, hipertermia, taquicardia. o Hiperparatireoidismo: Litíase urinária, osteoporose, depressão, letargia, fraqueza ou espasmos musculares, sede, poliúria. o HAS induzida por medicamentos: dado da anamnese; TRATAMENTO: Medicamentoso; Não medicamentoso: mudança de estilo de vida diminuir ingesta de sal, dieta equilibrada, exercício físico, etc; OBS: o tabagismo não é fator de risco DIRETO para HAS, no entanto é um grande FR de doenças cardiovasculares; INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: ❖ Definição: - SÍNDROME em que o coração torna-se INCAPAZ de OFERTAR oxigênio e nutrientes aos tecidos, para atender suas necessidades metabólicas. - A insuficiência cardíaca acontece quando o coração é INCAPAZ DE BOMBEAR o sangue em uma taxa proporcional às necessidades dos tecidos metabolizantes ou é capaz disso, apenas com uma pressão de enchimento elevada; A. CORAÇÃO NORMAL: - FEVE (força de contração/ fração de ejeção): 70% Ou seja: se o volume diastólico (que chega no VE) for de 80 ml, ele ejeta 56 ml (volume sistólico); B. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: - FEVE: 30% - Volume diastólico: 180ml - Volume sistólico: 56ml Para esse coração insuficiência ejetar a mesma quantidade de sangue que um coração normal, ele aumenta seu volume diastólico (dilatando o VE para comportar mais sangue no VE); isso é a pressão de enchimento elevada! FISIOPATOLOGIA: O coração é uma dupla bomba propulsora com músculos contráteis, valvas orientadoras do fluxo sanguíneo, vasos e nervos; 29 Semiologia Geral | Stephany Galvão Uma anormalidade em quaisquer umas dessas estruturas pode levar a uma insuficiência cardíaca: Miocárdio (miocardite); Valvas (valvopatias – estenose ou insuficiência); Vasos (doenças coronarianas – placa de gordura nas coronárias); Nervos (condução de impulso); A desproporção entre capacidade cardíaca (que está diminuída) e demanda do corpo (que está alta), leva o organismo a tentar compensar esse desequilíbrio: - MECANISMOS ADAPTATIVOS NEURO-HORMONAIS: podem deixar o paciente assintomático por tempo variável 1. ATIVAÇÃO DO SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA- ALDOSTERONA: chega pouco sangue nos rins e, para tentar compensar, esse sistema é ativado, a angiotensina II estimula a produção de aldosterona pela adrenal que tem, como consequência, uma retenção maior de sódio e água, levando a aumento da volemia, aumentando o retorno venoso (pré-carga) no começo pode até ser “bom”, mas a longo prazo desgasta ainda mais o coração pois ele estará recebendo mais água e mais sal; 2. SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO: aumentar frequência cardíaca; 3. VASOPRESSINA: vasoconstrição periférica, aumentando perfusão dos tecidos; 4. ENDOTELINA: potente ação vasoconstritora. 5. PEPTÍDEOS NATRIURÉTICOS: são liberados para tentar compensar essa retenção excessiva de água e Na pelos rins; 6. CITOCINAS PRÓ-INFLAMATÓRIAS 7. REMODELAMENTO CARDÍACO OBS: Esse aumento da volemia leva a aumento do volume ventricular, tendendo a aumentar o volume sistólico, pelo maior estiramento da fibra miocárdica (lei de Frank-Starling). Esse mecanismo, será efetivo por algum tempo, até que se
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