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1 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR ANATOMIA Precordio: área do tórax anterior que abrange o coração e os grandes vasos CICLO CARDÍACO Sequencia de eventos que ocorre no inicio de cada batimento cardíaco até o próximo batimento Relaxamento: diástole Contração: sístole Inicio do nó sinusal → Nó atrioventricular → Feixe de His (ramo direito e esquerdo) → Fibras de Purkinje 2 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES Fechamento das válvulas mitral e tricúspide (Atrioventriculares) → Principal componente da primeira bulha cardíaca – B1 = TUM Fechamento das válvulas aórtica e pulmonar → Principal componente da segunda bulha cardíaca – B2 = TA A) CICLO CARDÍACO – DIÁSTOLE: Relaxamento isovolumétrico Queda rápida da pressão intraventricular Fechamento abrupto das válvulas semilunares (Ao/Pu) Por 0,03-0,06s o musculo relaxa, porem o volume não se altera Quando a pressão intraventricular fica menor que a dos átrios = abertura das válvulas atrioventriculares Enchimento ventricular rápido: após a abertura das válvulas atrioventriculares, cerca do primeiro 1/3 da diástole Enchimento ventricular lento: ocorre no 1/3 médio da diástole, pequena quantidade de sangue que flui diretamente das veias para o ventrículo Contração atrial: ultimo 1/3 da diástole, impulso adicional de sangue para os ventrículos (25%) B) CICLO CARDÍACO – SÍSTOLE: Contração isovolumetria: inicia-se na contração ventricular, aumento da pressão dentro dos ventrículos e fechamento das válvulas atrioventriculares Período de ejeção: após 0,02-0,03s os ventrículos geram pressão suficiente para abrir as válvulas semilunares, 70% do sangue sai nos primeiros 2/3 da ejeção (ejeção rápida) e 30% no 1/3 final (ejeção lenta) C) O CICLO CARDÍACO: Diástole: átrios se esvaziam de sangue que irá encher os ventrículos. Esse mecanismo é composto por dois momentos, o primeiro é a fase de enchimento rápido (abertura das valvas atrioventriculares – tricúspide e mitral). À medida que o sangue passa de uma câmara à outra, o gradiente pressórico reduz-se (enchimento lento), até que não mais irá propelir o sangue e 70-80% do volume atrial já passou para o ventrículo. Agora, inicia-se a fase em que o responsável por impulsionar o sangue será a contração atrial. Em seguida, inicia-se a contração isovolumétrica, o que marca o inicio da sístole ventricular e o fechamentos das válvulas atrioventriculares, dando origem a primeira bulha B1. As valvas semilunares (aórtica e pulmonar) mantêm-se fechadas e é uma fase isovolumétrica porque não há ejeção de sangue. No momento em que a pressão ventricular vence a arterial, as valvas semilunares se abrem e o sangue é propelido. Quando a pressão do leito arterial volta a vencer a ventricular, as valvas semilunares se fecham. Esse fechamento será responsável pela segunda bulha B2. Durante a sístole, os átrios se encontram relaxados (o que reduz sua pressão interna) e a pressão venosa central aumenta; assim, as camaras atrias são preenchidas por sangue (retorno venoso). A partir daí, um novo ciclo tem início. O PULSO JUGULAR 3 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES É reflexo da função e da anatomia das cavidades direitas do coração. A VJI direita deve ser preferida para o estudo Analisar a altura e as ondas do pulso venoso O pulso jugular é mais visível que palpável. Já o carotídeo é o contrário. O pulso venoso é composto de duas ondas ascendentes, ao passo que o arterial apenas uma. Como a onda é transmitida retrogradamente do AD, ao obliterarmos a veia (pressionando-a com o polegar) em um determinado ponto abaixo de onde previamente era visto o pulso, este desaparecerá, passando a ser visto imediatamente abaixo do local da compressão. O pulso venoso também é considerado móvel. Para análise das ondas do pulso venoso, há necessidade que este seja bem visualizado, com a cabeça ligeiramente desviada para esquerda. Uma lanterna auxilia no exame, com o feixe de luz incidindo tangencialmente às ondas. Observamos duas ondas ascendentes – a (contração atrial) e v (retorno venoso com a válvula tricúspide fechada) – e duas descendentes – x (relaxamento do AD e, posteriormente, o abaixamento do assoalho do AD com a contração do VD) e y (abertura da válvula atrioventricular já durante a diástole ventricular) –. Há uma pequena positividade na porção inicial da onda x, a onda c (fechamento da válvula tricúspide). OBS: A onda venosa que coincide com a subida do pulso carotídeo será a onda v, ao olhar o pulso venoso ao mesmo tempo em que palpamos o pulso carotídeo esquerdo. Estenose tricúspide: aumento da onda a, onda a gigante, acompanhada de uma onda y lentificada, ambas devido a presença de obstrução mecânica entre o AD e VD. Insuficiência tricúspide: intensificação da onda v e apagamento da onda x. Arritmias: na presença de fibrilação atrial, como não há sístole atrial, ausenta-se a onda a. Em dissociação atrioventricular (bloqueio atrioventricular total ou taquicardia ventricular), o AD se contrai contra uma válvula tricúspide fechada, é a onda a em canhão. Em bloqueios atrioventriculares de 2º grau algumas ondas a não são sucedidas por ondas v, denotando que apesar de sístole atrial, não houve sístole ventricular. A) MANOBRA DE RIVERO CARVALLO: Inspiração profunda seguida de expiração, expande a caixa torácica, elevando o retorno venoso. Portanto, o pulso segue esse aumento, se deslocando para mais perto do coração, ou seja, “desce” rumo à base do pescoço. 4 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES B) PRESSÃO VENOSA CENTRAL (PVC): Pressão de enchimento do AD, que na ausência de estenose tricúspide é um reflexo do funcionamento do VD, determinada pela altura do pulso. O ângulo ideal da cabeceira do leito é aquele que faz com que o pulso fique na metade do pescoço. Presença de turgência jugular indica elevação da PVC ( o pulso tende a ficar mais alto). Quanto maior a PVC, maior a inclinação do leito para que o pulso desça até metade do pescoço. Elevações na PVC são esperadas, por exemplo, em pacientes com insuficiência ventricular direita (IVD), insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e no tamponamento cardíaco. Falência ventricular direita, pericardite constritiva e estenose tricúspide: casos onde há congestão hepática, presença de refluxo abdominojugular (hepatojugular) na elevação da PVC. Ao comprimir a região do hipocôndrio direito por cerca de 30 segundos, na presença do refluxo é possível ocorrer elevação da altura do pulso, mantendo- se por todo o período da compressão. C) SINAL DE KUSSMAUL: Pulso venoso é indiferente à inspiração ou mesmo eleva-se em altura. Em casos de pericardite constritiva ou tamponamento cardíaco. O PULSO ARTERIAL É um ótimo reflexo do ventrículo esquerdo (VE) A palpação do pulso carotídeo deve ser realizada na altura da junção dos terços inferior e médio do pescoço, desviando-se o ECOM lateralmente. Deve-se evitar a palpação junto ao ângulo da mandíbula, pela possibilidade de manobra vagal! As artérias carótidas são as únicas que devem ser examinadas sempre individualmente, para evitar prejuízo na irrigação encefálica. Pulsos carotídeos diminuídos: obstrução severa da valva aórtica. Redução da amplitude do pulso: insuficiência mitral moderada e severa → O pulso apresentará ascensão e descidas rápidas. Amplitudes aumentadas: insuficiência aórtica, o pulso em martelo d’agua → Além de mais amplo, possui subida e descida bastante bruscas. Alterações no formato, com surgimento de duplos picos são indicativos de lesão de pulso dicrotico, também característico de insuficiência aórtica, da dupla lesão aórtica com predomínio de insuficiência do tamponamento cardíaco, choque ou IVE severa. Pulso anternans: alternância depulsos com maior e menor amplitude, pacientes com falência do VE. Pulso paradoxal: redução da amplitude quando o paciente realiza inspirações; tamponamento cardíaco, DPOC e pericardite constritiva. FOCOS CARDÍACOS Foco aórtico (FA): 2º EIC com a linha paraesternal direita Foco pulmonar (FP): 2º EIC com linha paraesternal esquerda Foco tricúspide (FT): 5º EIC com linha paraesternal esquerda Foco aórtico acessório (ponto de Erb): entre FP e FT, no 3º EIC na linha paraesternal esquerda Foco mitral (FM): 5º EIC com linha hemiclavicular esquerda, geralmente coincidindo com o mamilo OBS: Observar outras localizações, como região cervical, axilar, dorso, fossas infra e supraclaviculares (irradiações) BULHAS ACESSÓRIAS: B3 E B4 Ocorrem em momentos diferentes durante a diástole. 5 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES B3 é resultado de uma sobrecarga de volume devido ao aumento do volume diastólico final + à fase de enchimento rápido ventricular. B4 é produzida durante a sístole atrial devido a uma contração atrial vigorosa contra um ventrículo de complacência reduzida, gerando uma sobrecarga de pressão. As patologias relacionadas são aquelas que causam hipertrofia ou fibrose ventricular. ANAMNESE QP: • Precordialgia: dor torácica • Dispneia: cansaço, falta de ar • Sincope: desmaio • Palpitação: sensação de batimento acelerado • Edema: inchaço dos membros • Cianose: coloração azulada da pele Antecedente/Fatores de risco: • Diabetes • Dislipidemia • Tabagismo • Obesidade • Hipertensão arterial • Sedentarismo • Estresse • Alterações dentaria X Procedimentos cardíaco (endocardite bacteriana) • Hx família em parentes de 1º grau e < 55- 65anos Descrever o uso de qualquer fármaco e há quanto tempo a medicação está em uso Medicações de uso eventual também devem ser pesquisadas Causa importante de descompensação cardíaca é uso irregular das medicações cardíacas! SINAIS E SINTOMAS A) DOR TORÁCICA Seu detalhamento permite distinguir entre dor precordial de origem cardiovascular (cardíaca, aorta e pericárdio) e dor de origem não cardíaca (parede torácica, articulações costocondrais, muscular, da coluna vertebral, dos nervos, dos pulmões, da spleuras, do esôfago e dos órgãos subdiafragmaticos) A dor anginosa: aperto, queimação e/ou desconforto em região precordial, retroesternal ou epigástrica, irradiada para mandíbula e região cervical, ambos os membros, dorso ou epigástrio, que melhora com repouso ou uso de nitratos e piora com atividade física, estresse emocional, frio e refeição capiosa. A dor cardíaca é geralmente indicada com a mão esfregando o peito ou com o punho 6 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES cerrado, indicando uma região grande e imprecisa Forte intensidade Tipo opressão ou aperto Piora aos esforços Melhora no repouso ou com uso de nitratos Associada a sudorese, náusea/vômitos, palidez, extremidades frias, dispneia Irradiação: OBS: Equivalentes anginosos: em alguns pacientes a coronariopatia pode se apresentar com sintomas menos típicos, como dispneia, tontura, diafarese, empachamento ou infigestao. B) DISPNEIA A dispneia cardiogênica ocorre tanto em repouso como ao esforço: • Ortopneia • Dispneia paroxística noturna É predominante nos quadro de IC esquerda em associação à congestão pulmonar, tosse com hemoptoicos, irritabilidade, insônia, confusão mental e fadiga O inicio é súbito ou gradual? Ocorre dor associada? Acompanha alteração visual, lipotimia, tontura...? Qual a frequencia de ocorrência da palpitação (diária, semanal, eventual)? Quanto tempo dura uma crise? Melhora espontaneamente? Especificar fatores precipitantes e de melhor. Uso progresso de anfetaminas ou cocaína? Passado de doença tireoidiana? As palpitações se associação ao uso exagerado de tabaco, cafeína ou álcool? Usa drogas como aminofilina, hormônios tireoidianos? C) EDEMA O edema de origem cardíaca é normalmente simétrico, indolor, mole e ascendente Predomina na IC direita associado à cianose, hepatomegalia, dor abdominal e turgência jugular D) PALPITAÇÃO A palpitação é a sensação do batimento cardíaco A etiologia clinica varia desde estados de ansiedade até as mais variadas formas de arritmias E) SÍNCOPE A perda da consciência é normalmente resultado de baixo perfusão cerebral A sincope de origem cardíaca é súbita, sem associação com aura, convulsões, liberação esfincteriana ou estados pós ictais 7 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES A consciência retorna rapidamente na sincope cardíaca, enquanto ocorre uma demora maior nas sincopes de origem 7eurológica F) CIANOSE A cianose é a coloração azulada da pele e mucosas, resultado do excesso de concentração de hemoglobina com baixa saturação de oxigênio Cianose central: resulta de shunts direita- esquerda ou por deficiência da função pulmonar Cianose periférica: resulta de vasoconstricção secundaria a baixo debito ou exposição ao frio EXAME FÍSICO – ROTEIRO Geral Cardiovascular: • Pulsos • Turgência jugular • Pressão arterial • Precórdio Inspeção Palpação Ausculta PRECÓDIO Localização: 2º EICE, linha paraesternal E, 2º EICD, linha paraesternal D, apêndice xifoide e ictus cordis Inspeção e palpação pesquisa-se: A) ABAULAMENTOS Observação da região precordial Tangencial: examinador de pé do lado D do paciente Frontal: examinador junto aos pés do paciente deitado Aneurisma de aorta, cardiomegalia, derrame pericárdico e alterações da própria caixa toracica B) FRÊMITO CARDIOVASCULAR: É a sensação tátil das vibrações produzidas no coração ou nos vasos = sopros Características: localização (focos), situação no ciclo cardíaco (S/D), intensidade (4 cruzes) C) ICTUS CORDIS: Impulso apical ou choque da ponta: contato da porção anterior do VE com a parede do tórax, durante a fase de contração do ciclo cardíaco Percebido em cerca de 25% dos pacientes: decúbito dorsal ou lateral esquerdo (aproxima o coração da parede torácica) Localização, extensão, intensidade, mobilidade, ritmo e frequência Normolineos: cruzamento da linha hemiclavicular esquerda com o 5º EICE 8 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES Brevilineos: 2cm para fora e para cima = 4º EICE Longilíneos: 6º EICE, 1 a 2cm para dentro da linha hemiclavicular esquerda Normal: localizado no 5º EICE na linha hemiclavicular E, com extensão de 2 polpas digitais, de intensidade impulsivo ou pouco impulsivo e mobilidade de 1 a 2 cm para a linha axilar Não é palpável: enfisema pulmonar, idosos, obesos, musculatura bem desenvolvida e mamas volumosas Pode sugerir dilatação ou hipertrofia de VE: deslocado para esquerda, rebaixado, estendendo-se por 3 ou mais espaços intercostais, duração prolongada e grande intensidade D) BATIMENTOS OU MOVIMENTOS VISÍVEIS E/OU PALPÁVEIS: INSPEÇÃO A) ATITUDE DO PACIENTE: A presença de punho cerrado sobre o tórax, ao se queixar de dor torácica, é característico da isquemia miocárdica – sinal de Levine Pacientes com descompensação de disfunção ventricular esquerda não toleram decúbito (atitude ortopneica) Pericardite acompanhada por derrame significativo pode levar o paciente a adotar atitudes peculiares ao leito. Na posição de Blechmann (ou sinal de travesseiro), o paciente se apresenta deitado em decúbito ventral e abraçado a um travesseiro. Outra atitude é a prece momentânea (ou posição genitopeitoral), na qual o doente fica ajoelhado com o tronco abaixado em direção à superfície, de modo que o peito toque os joelhos. Porem são achados inespecíficos, porque o paciente pode está assim por mera preferência. B) ANORMALIDADES DA CAIXA TORÁCICA: Pacientes com cifoescoliose, pectus excavatum, pectus carinatum, ou qualquer outra malformação da caixatorácica podem apresentar alterações estruturais do coração e grandes vasos. Como na síndrome de Marfan. C) OUTROS ACHADOS: Achados sugestivos de hipercolesterolemia: arco senil antes dos 40 anos, xantomas (nódulos e/ou tubérculos levemente amarelados e duros) e xantelasma (placas periorbitarias amareladas) Endocardite infecciosa quando há petéquias palatais e unhas com hemorragias subungueais. Podem, também, ser notados nódulos de Osler (lesões eritematosas, elevadas dolorosas, geralmente nas palmas e plantas) e manchas de Janeway (lesões não dolorosas eritematosas ou hemorrágicas, também mais nas palmas e plantas) Predisposição à doença coronariana pode ser indicada através de pregas transversais no lóbulo auricular – sinal de Linchstein (sinal de baixo valor, sobretudo quando isolado) D) IMPULSOS VISÍVEIS: Através de análise do tórax de maneira tangencial. Nem todo impulso torácico é patológico. O ictus cordis quando normal encontra-se entre o 4º ou 5º EIC. Nos casos em que existe abaulamento da região precordial, envolve áreas que vão do 3º ao 6º EIC, há alta sugestão de grande cardiomegalias ou derrames pericárdicos (menos frequência). Sinal de Williams: são estruturas osseas e cartilaginosas Aneurismas da crossa aórtica e na aorta ascendente podem provocar batimentos visíveis na fúrcula esternal. Idosos, no entanto, podem apresentar tais batimentos apenas por alongamento da aorta. A PALPAÇÃO A) PALPAÇÃO DO ICTUS CORDIS (PONTA DO CORAÇÃO) É a extremidade do VE. Para sua realização, o paciente deve estar em decúbito dorsal com a cabeceira do leito posicionada a 30º, seu tórax exposto e membros não cruzados repousando sobre o leito. Com a mão espalmada sobre o tórax procura-se o ponto de máximo impulso e, após sua detecção, se utiliza a ponta dos dedos para aumentar a sensibilidade tátil. Caso a delimitação seja imprecisa, solicita-se 9 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES que o paciente assuma o decúbito lateral esquerdo, pois dessa forma se aproxima a ponta do coração da caixa torácica. É normal que esteja localizado no 4º ou 5º EIC, de 6 a 10 cm à esquerda da linha media. Desvios no local onde o ictus é sentido são comumente encontrados nos aumentos cavitários. No aumento do VE, o ictus é desviado lateralmente para baixo. Nos de VD, o desvio é sobretudo lateral. Hipertrofia do VD não causa desvio importante. Condições pulmonares, como atelectasias ou fibroses, irão tracionar o ictus para o lado do pulmão correspondente. Derrames de grande monta ou pneumotórax hipertensivo irão empurra-lo. Ictus cordis estará no hemitórax direito nas dextrocardias. A extensão normal não pode passar de 2-3 cm. Quando ocupa dois ou mais EIC’s, há indicio de aumento do ictus cordis. Ictus globoso ou difuso: está tão aumentado que pode preencher a concavidade palmar da mão do examinador. Ictus propulsivo: capaz de exercer um solavanco sob os dados do examinador a ponto de levanta-los, hipótese de hipertrofia ventricular esquerda. Bulhas extras: onda pré-sistolica equivalente a quarta bulha. Quando percebemos um duplo impulso, mas com este se dando logo após a descida do ictus, é o retrato da terceira bulha. Redução da mobilidade do ictus sugere pericardite constritiva. B) PALPAÇÃO DO VD: É possível quando tal câmara cardíaca se encontra aumentada. Com a mão aberta, o examinador apoia apenas as polpas digitais nos EIC, nos 3º, 4º e 5º. No terço médio da linha paraesternal, o examinador apoia a região tenar da mão, exercendo leve pressão. Ondas pré-sistolicas podem ser encontradas em casos de hipertensão pulmonar ou estenose pulmonar. A maneira correta de palpar é utilizando a região palmar da cabeça dos ossos metacarpais. Não se estuda focos de base alternando com focos de ápice! Quando alguma vibração ou choque for palpado, é preciso descrever sua localização, momento no ciclo cardíaco, irradiação e caracteriza-lo. As bulhas podem ser palpadas, além de auscultadas. C) B1: Será palpada no ápice cardíaco (focos mitral ou tricúspide) marcando o início de sístoles (B3 e B4 são durante a diástole, nesses mesmos focos). Calcificações e/ou fibroses que causam estenoses valvares. Neles, as valvas fecham de forma mais abrupta, produzindo o choque. Assim, à ausculta, é de se esperar que a primeira bulha esteja hiperfonetica. D) B2: Quando palpável, estará presente na base cardíaca (foco pulmonar ou aórtico) durante a diástole. As doenças que fazem B2 ser palpável são aquelas que aumentam a pressão sistólica. Isso aumenta a pressão de fechamento valvar, tornando a bulha mais exuberante. Palpável em foco aórtico é sugestiva de hipertensão arterial sistêmica. 10 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES Palpável em foco pulmonar é hipertensão arterial pulmonar (associado ao VD palpável). Estenoses não intensificam a segunda bulha. Durante a ausculta, deverá atentar a B2 hipofonetica. E) FRÊMITOS: Sopros palpáveis. No precordio, lesões orovalvares. Aneurismas. Mesma sensação de palpar a laringe durante a fala. Será preciso notar sua localização, momento no ciclo cardíaco, intensidade e irradiação. Frêmito na base sugere insuficiência (regurgitação) valvar quando diastólico e estenose quando sistólico. Já no frêmito em ápice ocorre o contrário. Frêmito diastólico que irradia para fúrcula esternal e carótidas sugere insuficiência aórtica. Quando irradia para axilar esquerda deve-se pensar em estenose mitral. A AUSCULTA Ambiente silencioso e posição confortável O paciente deve estar posicionado em decúbito dorsal, com a cabeceira a aproximadamente 30º. Outras acomodações poderão ser adotadas quando convenientes. Paciente em decúbito dorsal com o tórax descoberto e medico à direita: • Sentado inclinado para frente: fenômenos de base • DLE: B3, sopro da estenose mitral • Paciente em pé com tórax fletido: sopro da insuficiência aórtica ou hipofonese de bulhas Instruir o paciente em linguagem clara Usar estetoscópio do tipo membrana-campanula: • Membrana/diafragma: sons de alta frequência • Campânula: B3 e B4 A ausculta não deve ser feita de forma saltatória, de foco em foco, mas como uma “marcha” sobre o tórax. Pode-se iniciar pela região do ápice, caminhando paulatinamente em direção à região paraesternal esquerda, ascendendo paralelamente a ela até o 2º EIC esquerdo e posteriormente cruzando a linha media. Ritmo: regular, irregular, em 2 ou 3 tempos (ritmo de galope) Frequência: bradicardia, taquicardia, normal (50- 100 bpm) Fonese: normofonéticas, hipofonéticas, hiperfonéticas Presença de ruídos adicionais: 3ª e 4ª bulhas, estalidos, cliques, sopros Rivero-Carvallo: inspiração profunda – diferencia o sopro tricúspide do mitral → (+) se há aumento da intensidade do sopro = tricúspide Manobra de Valsalva: expiração forçada – aumenta intensidade dos sopros à esquerda por aumento do retorno venoso nestas câmaras A) BULHAS CARDÍACAS: São vibrações geradas pela aceleração e desaceleração da coluna de sangue e pelas estruturas cardiovasculares (ventrículos, estruturas valvares), podem ser ouvidas em todos os focos. B1 = TUM: o principal elemento é o fechamento das valvas mitral e tricúspide, coincide com o ictus cordis e com o pulso carotídeo, timbre mais grave e com duração maior que a 2ª bulha B2 = TÁ: o principal elemento é o fechamento das valvas aórtica e pulmonar, timbre mais agudo e seco B3: • Ruído protodiastolico de baixa frequência (melhor audível coma campanula) • Origina-se das vibrações da parede ventricular distendida pela corrente sanguínea na fase de enchimento ventricular rápido → é resultado de uma sobrecarga de volume devido ao aumento 11 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES do volume diastólico final+ à fase de enchimento rápido ventricular. • É a vibração da parede ventricular, decorrente da brusca transição da fase de enchimento rápido para a fase enchimento lento • Ocorre de forma normal em crianças e adolescentes. • Sobrecarga de volume/ventricular • Ocorre após B2 – após a diástole (protodiastolica) → Ventrículo enche na diástole (B2), fechamento das valvas aórtica e pulmonar → TUM TA TA (por isso fala em 3 tempos) • Aumenta com a inspiração • Manobra de Rivero Carvalho • Quando originada no VE, sua ausculta será melhor, se o paciente for posicionado em decúbito lateral esquerdo e a campanulla estiver sobre o impulso apical. Origem ventricular direito, na porção inferior da borda esternal direita ou região subxifoide B4: • Ruído que ocorre no fim da diástole ou na pré-sistole (fase de contração atrial) → é produzida durante a sístole atrial devido a uma contração atrial vigorosa contra um ventrículo de complacência reduzida, gerando uma sobrecarga de pressão • É a vibração da parede ventricular, produzida por vigorosa contração atrial • Ocorre antes de B1, geralmente junto de B1 (pré sistólica) → ouve como um desdobramento de B1, mas ouve um TRUM TA constante a cada ciclo • Pode ser fisiológica nos idosos (94%) por redução da complacência de VE • Melhor audível com campanula (baixa frequencia) • Causada por situações em que os ventrículos apresentam redução da complacência, tornando necessário um aumento da força de contração atrial para produzir o enchimento pré-sistolico dessa cavidade • Sobrecarga de pressão • Coronariopatia, HAS, estenose aórtica ou pulmonar, doença isquêmica cardiaca. • As patologias relacionadas são aquelas que causam hipertrofia ou fibrose ventricular. Hiperfonese (2 bulhas em todos os focos): exercício, febre, emoção, hipertireoidismo 12 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES Hipofonese (2 bulhas em todos os focos): obesidade, enfisema, derrame pericárdico, hipotireoidismo Alteração de intensidade de uma bulha apenas: • B1 em hiperfonese: hipertrofia do VE (HAS, insuficiência aórtica), alterações valvares (estenose mitral) • B1 em hipofonese: insuficiência contrátil • B2 em hiperfonese: persistência do canal arterial, CIA (comunicação interatrial), aumento da pressão na artéria aorta ou pulmonar • B2 em hipofonese: estenose aórtica, estenose pulmonar, insuficiência aórtica (redução do debito cardíaco) B) REGULARIDADE: O normal é o ritmo regular com bulhas em intervalos fixos Regularmente irregular: batimentos apresentam irregularidade repetida de forma não aleatória, como na extrassístole (antecipação de um batimento acompanhada por uma breve pausa até o próximo, importante calcular quantas por minuto). Irregularmente irregular: ritmo completamente aleatório, o ideal é que a contagem da frequência cardíaca se dê no precordio, fibrilação atrial. C) IDENTIFICAÇÃO DE B1 E B2: A ascensão do pulso carotídeo é concomitante à B1. B1 se subdivide em componentes tricúspide e mitral, com o fechamento da tricúspide ligeiramente após a mitral. Essa distinção no ouvido é na maioria das vezes imperceptível, sendo mais fácil ser notada na região paraesternal esquerda. A hiperfonese não tem tradução palpatória. Estenose avançada passa de hiper para hipofonese. A segunda bulha também é fruto da soma de dois componentes, o aórtico (A2) e pulmonar (P2), com o P2 sucedendo o A2. A distinção entre os dois componentes é nítida, facilitada pela respiração. Hiperfonese de A2: hipertensão arterial sistêmica. Hiperfonene de P2: hipertensão arterial pulmonar. Hipofonese de ambas as bulhas: enfisema pulmonar, que distancia o coração da parede torácica, tamponamento cardíaco. OBS: Tríade de Beck: hipofonese de bulhas, turgência jugular e hipotensão arterial → tamponamento cardíaco. D) DESDOBRAMENTO DE B1: É percebido descontinuidade na bulha Fisiológico é mais comum em adultos e é transitório Patológico pode apresentar um atraso no fechamento da valva tricúspide e sobrecargas ventriculares Presente na inspiração e expiração TLUM-TÁ E) DESDOBRAMENTO DE B2: O fechamento da valva aórtica acontece primeiro. E o da pulmonar ocorre imediatamente após, sem que haja um intervalo entre elas. Fisiológico é comum em crianças e jovens Mais evidente na inspiração (queda na pressão intratorácica) → Aumento do retorno venoso → Aumento do tempo de ejeção do VD → Atraso de P2 TUM-TLÁ Desdobramento fisiológico: ausculta-se uma segunda bulha dupla (“desdobrada”) na inspiração porque a válvula pulmonar se fecha de maneira tardia, devido a uma diminuição de pressão transmitida a artéria pulmonar. Já na expiração, B2 permanece com um único som. Desdobramento de B2 patológico: bloqueio de ramo direito (acentua-se na inspiração), comunicação interatrial (desdobramento fixo) e bloqueio de ramo esquerdo (evidencia-se na expiração) Acentuação do fisiológico: representa uma condição patológica, A2 e P2 estarão ainda mais afastados na inspiração e passarão também a ter uma distancia na expiração, devido a um atraso mais significativo no fechamento da valva pulmonar. Com bloqueio do ramo direito, atrasando a sístole do VD ou quando a valva aórtica se antecipa no seu 13 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES fechamento. Na ausculta fica evidente um som duplo de B2 na inspiração e na expiração. Desdobramento paradoxal: quem se encontra atrasado é o componente aórtico. Isso resulta que na inspiração o componente pulmonar venha primeiro, mas na pratica essa inversão não é notada. O som de B2 é duplo na expiração. Causas principais: bloqueio de ramo esquerdo (BRE) e estenose aórtica. Desdobramento fixo: tanto na inspiração quanto na expiração, B2 apresentará um som duplo. Irá diferenciar de acentuação fisiológico pelos seus intervalos entre cada componente, na inspiração e na expiração, são iguais. Isso ocorre na comunicação interatiral (CIA), pois permite que as pressões dos lados esquerdo e direito do coração se igualem. F) BULHAS ACESSÓRIAS: Sons graves, campanula. Região do ápex ou paraesternal (caso tenham origem no VD) Atenção para não ser confundida com B2 desdobrada! Que são mais nítidas na base e auscultadas com o diafragma. Para as formadas no VE, a melhor forma de auscultar é com o paciente em decúbito lateral esquerdo. Para as formadas à direita, o melhor local para ausculta é no ponto máximo impulso do VD (em paciente com enfisema, pode-se auscultar abaixo do apêndice xifoide). A terceira bulha é mais evidente com aumento do retorno venoso e da frequência cardíaca, de modo que o examinador pode pedir que o paciente realize agachamentos. A quarta bulha de origem esquerda, pode ser exacerbada com a Manobra de Handgrip. Tanto B3 quando B4 de VD, muitas vezes, respondem à inspiração profunda, exacerbando-se. B3 ocorre logo B2 retratando a falência ventricular, tendo como causas miocardiopatias, insuficiência aórtica, insuficiência mitral, CIA, comunicação interventricular (CIV) ou doenças isquêmica em fase avançada. Dessa forma, B3 pode ser formada a direita quando houver falência do VD. B4 ocorre antes de B1. As de esquerda podem ter como origem o infarto do miocárdio ou hipertrofia ventricular. As formadas no VD são 14 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES frutos de hipertensão pulmonar ou estenose pulmonar. Paciente apresenta B3, B4 e taquicardia: ritmo de galope. OBS: Quando B3 e B4 se sobrepõe, devido a diástole muito encurtada, chama-se de galope de soma. G) ESTALIDO E CLIQUE: Som agudo (alta frequencia), diafragma. São audíveis em áreas mais distantes. O estalido de abertura é auscultado logo após B2, encontrado em pacientes com estenose mitral, podendo haver, no entanto, estalidode abertura da valva tricúspide. OBS: Estalidos precoces são encontrados em lesões mais avançadas, dando informações sobre a gravidade da estenose. O clique de ejeção ocorre após B1. O clique ejetivo é encontrado em paciente com válvula aórtica bicúspide, estenose pulmonar e dilatação do tronco da artéria pulmonar. O clique mesossistólico ou não ejetivo ocorre no meio da sístole, são mais audíveis na borda paraesternal esquerda e não ocorre por abertura da valva, mas por tensão do aparelho valvar e subvalvar mitral, e é encontrado em pacientes com prolapso mitral. H) SOPROS: Som do turbilhonamento de sangue. Alteração na corrente sanguínea: aumento da velocidade ou diminuição da viscosidade Decorrentes de lesões valvares (estenose ou insuficiência), hiperfluxo ou simplesmente redução da viscosidade sanguínea. Mais intensos produzem frêmito. Nem sempre a intensidade do sopro reflete a gravidade da lesão que o produz. 1+: difícil de auscultar, gera duvida 2+: torna-se mais evidente, não gera duvida 3+: é de alta intensidade 4+: auscultado com todo o esteto encostado na pele, com frêmito 5+: auscultado com o esteto a 45º da pele, com frêmitos 6+: auscultado com o esteto apenas próximo da pele (sem toca-la), com frêmito. Localização: • Proto, meso, tele (sistólico ou diastólico) • Holo (sistólico ou diastólico) Irradiações: pescoço (aórtica), infraclavicular (pulmonar) e axilar (mitral) I) SOPRO FUNCIONAL E SOPRO ORGÂNICO: Os sopros funcionais geralmente ocorrem secundariamente a situações de hipercinese, por febre, hipertireoidismo, exercício físico, anemia. São sempre diastólicos, podem ser auscultados em múltiplos focos em igual amplitude, com som suave e sem frêmitos (máximo 3 cruzes), mais nítidos com o paciente em decúbito dorsal. Possuem sempre características ejetivas, sendo originados nas válvulas aórtica ou pulmonar. Nos sopros orgânicos há alterações estruturais. Podendo ser sistólico ou diastólico, predominam ou são exclusivos de apenas um foco, podem irradiar e é possível que haja frêmito. J) ATRITO PERICÁRDICO: Possui 3 fases: uma sistólica e duas diastólicas. Mas normalmente é bifásico, apenas com a fase sistólica e pré-sistolica. Posições que aproximam o VD da caixa torácica o exacerbam. É bastante variável, podendo aparecer e desaparecer ao logo do mesmo dia. MANOBRAS A) HAND GRIP: “Aperto de mão” por 20 segundos que eleva indiretamente a pressão aórtica. Consequentemente, o fluxo sanguíneo do VE encontrará uma pressão contraria a ele maior e as bulhas e os sopros extras do lado esquerdo do coração irão aumentar, exceto os sopros de estenoses. O paciente também pode fechar as duas mãos com força ou apertar apenas dois dedos do examinador ou apertar suas próprias mãos, uma contra a outra. 15 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES B) MANOBRA DE RIVERO CARVALLO: Inspiração mais profunda e longa, sem prender o ar. Aumenta o retorno venoso intensificando os sopros e as bulhas extras do lado direito do coração. Os sons do lado esquerdo não se alteram ou até reduzem. É preferível tórax em ortostase. Insuficiência cardíaca severa ou hipertensão pulmonar avançada comprometem o retorno venoso a ponto de atrapalhar a manobra. C) MANOBRA DE MULLER: Inspiração forçada mantendo sua boca e nariz fechados, isso expande o tórax e reduz a pressão intratorácica, o que aumenta o retorno venoso. Só tem valor para provocar desdobramento de B2, com a vantagem de anular os sons da ausculta respiratória. Outros sons cardíacos, como os sopros, não são significativamente alterados. D) MANOBRA DE VALSAVA: Inspiração forçada, com boca e nariz fechados por 10 segundos. Coração e pulmão se encontram com volume sanguíneo reduzido. Aumento dos sopros sistólicos no lado esquerdo em caso de prolapso mitral ou hipertrofia septal assimétrica. Desdobramento paradoxal tende a aumentar. Outros sopros tendem a diminuir. E) POSIÇÃO DE CÓCORAS: Intensifica todos os sopros, exceto o da miocardiopatia hipertrófica. LESÕES OROVALVARES A) ESTENOSE MITRAL (EM): Estreitamento da valva mitral pela febre reumática. Raramente de etiologia congênita. Obstrução do fluxo pela válvula com aumento de pressão retrogradamente às demais cavidades. Inspeção: rubor malar Palpação: VD palpável, frêmito diastólico no ápice cardíaco, choque valvar de primeira e segunda bulha Ausculta: B1 hiperfonética inicialmente e hipofonética em estágios avançados. P2>A2, clique de ejeção sistólico pulmonar em pacientes com hipertensão arterial pulmonar, estalido de abertura da mitral (quanto mais próximo de B2 mais grave é a estenose), ruflar diastólico com reforço pré-sistólico melhor audível no FM, aumento de intensidade sonora com o decúbito lateral esquerdo e após agachamentos. B) INSUFICIÊNCIA MITRAL (IM): Causa principal: febre reumática e prolapso mitral; rotura de musculo papilar, endocardite, disfunção de prótese, isquemia de musculo papilar ou dilatação do anel mitral (quando há dilatação do VE) Íctus: aumentado, deslocado para esquerda e para baixo, pode haver onda de enchimento rápido visível em fase avançada. VD palpável, frêmito sistólico no ápice cardíaco, choque pulmonar palpável. Ausculta: B1 hipofonético ausente ou englobado no sopro, desdobramento de B2 com acentuação do fisiológico, B3, sopro sistólico geralmente halossistólico (em platô), a irradiação é principalmente para a região axilar esquerda, sopro intensificado com a manobra de hand grip. Sopro de Carey-Coombs C) ESTENOSE AÓRTICA (EA): O estreitamento da valva aórtica tem como principal causa a degeneração senil por calcificação. Hipertrofia do VE, primeiro concêntrica e depois excêntrica, e a limitação do debito cardíaco. Pulsos: parvus tardus Íctus: aumentado, B4 pode ser visível Palpação: propulsivo, sustentado, onda pré- sistólica palpável. Em fase avançada pode está aumentado e desviado (por dilatação do VE). Frêmito sistólico em base cardíaca Ausculta: desdobramento paradoxal de B2, B2 hipofonética em fases avançadas, B4, clique de ejeção aórtico que tende a desaparecer com a progressão da doença, sopro mesossitolico melhor audível em FA 16 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES irradiando-se para base do pescoço e carótidas. D) INSUFICIÊNCIA AÓRTICA (IA): Causas reumáticas ou congênitas ou doenças que dilatam o anel aórtico. Lesão valvar mais rica em sinais. Inspeção: “dança das artérias”, com os pulsos sendo visíveis pelo alto debito. Pulso: pulso em martelo d’agua, com amplitude aumentada e descanso rápido. Ictus: deslocado lateroinferiormente Palpação: aumentado de tamanho e deslocado, B3 pode ser palpável, frêmito diastólico em borda esternal esquerda Ausculta: sopro diastólico, aspirativo, decrescente, agudo, de alto timbre, melhor audível em FA e ponto de Erb, intensificado com hand grip e inclinando-se o paciente para frente. B3 pode está presente. Pode ter sopro mesossistolico aórtico e sopro de Austin Flint. Outros sinais: sinal de Quincke, sinal de Traube, Duplo sopro de Duroziez, sinal de Musset e sinal de Mueller E) ESTENOSE TRICÚSPIDE (ET): Rara. Alto grau de associação com EM, que normalmente a precede. Edema em MMII, ascite, refluxo abdominojugular e turgência jugular Estalidos de abertura tricúspide e ruflar diastólico, intensificado com manobra de Rivero Carvallo. No pulso venoso: onda a em canhão e elevação da pressão venosa central. F) INSUFICIÊNCIA TRICÚSPIDE (IT): Aumento do anel valvar (secundário a hipertrofia de camaras esquerdas) e febre reumática. É possível palpar o VD. Ausculta: sopro halossistolico ao longo da borda esternal esquerda, aumentando com a manobra de Rivero Carvallo Pulso venoso: pode apresentar onda v aumentada.DOENÇAS CARDIOVASCULARES Principais doenças cardiovasculares: • Doença coronariana: IAM e angina • Doença cerebrovascular: AVCi ou AVCh/AIT • Doença reumática: febre reumática, arterite de Takayasu • Cardiopatias congênitas • Insuficiência cardíaca/Valvopatias • Doença arterial periférica: claudicação intermitente • Arritmias/Morte súbita • Doenças da aorta: aneurisma, dissecação HAS Multifatorial Níveis elevados e sustentados de pressão arterial: faixa etária e condição clinica Hipertensão arterial primaria X secundaria 17 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES Doença silenciosa: alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos alvo e alterações metabólicas Principal causa de aterogênese 36 milhões de brasileiros Fatores de risco modificáveis: • Sal • Álcool • Sedentarismo • Obesidade • Estresse • Tabagismo Fatores de risco não modificáveis: • Fatores genéticos • Idade • Gênero • Etnia A) ANAMNESE: Identificação: idade, sexo, condições socioeconômicas, raça Queixas: • Assintomáticos • Sintomas como cefaleia pulsátil occipital, dispneia e edema (disfunção renal e cardíaca), zumbido, perda de acuidade visual, noctúria História pregressa/antecedentes pessoais Antecedentes familiares: recorrência de HA, comorbidade, mortes prematura e súbita Historia psicossocial: estresse, ansiedade, pânico, dieta hiperlipidica e rica em sódio, obesidade, sedentarismo, tabagismo e etilismo, uso de medicamentos B) EXAME FÍSICO: Ectoscopia e inspeção: • Palidez de pele e mucosas • Fácies cushingoide e edema • Determinação do IMC, FC, FR e PA Palpação: palpar icuts cordis e pulsos arteriais Ausculta: • Avaliar ritmo e fonese das bulhas • Presença de sopros • Alterações em pulmões • Abdome e olhos devem ser pesquisadas pela alta prevalência de lesões C) PRESSÃO ARTERIAL: 18 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES PAS PAD Normal ≤ 120 ≤ 80 Pré-hipertenso 121-139 81-89 Hipertensão estagio 1 140-159 90-99 Hipertensão estagio 2 160-179 100-109 Hipertensão estagio 3 ≥ 180 ≥ 110 OBS: Considera-se hipertensão sistólica isolada de PAS≥140 mmHg e PAD<90 mmHg, devendo a mesma ser classificada em estágios 1, 2 e 3. SÍNDROME CORONARIANA AGUDA: Diagnostico diferencial de dor torácica: 15 a 20% das dores torácicas em emergência Desproporção entre oferta e consumo de oxigênio Fatores de risco: idade avançada, sexo masculino, historia familiar de doença coronária, diabetes, hiperlipidemia, hipertensão arterial, tabagismo, insuficiência renal crônica, infarto prévio, doença aterosclerótica carotídea ou periférica MANIFESTAÇÕES DE CARDIOPATIA ISQUÊMICA A) ISQUEMIA SILENCIOSA: Assintomáticos + ECG alterado B) ANGINA ESTÁVEL: Dor torácica típica/30 segundos a cada 15 minutos, aliviada com repouso ou nitrato e sem alterações no últimos 2 meses Dor fugaz, torácica, retroesternal de fatores desencadeantes constantes e que mantem-se inalterada em intensidade por longos períodos Crônica Dor precordial típica: esforços físicos Dor precordial atípica: não relacionada a esforços ou muito localizada (pontada/agulhada) 19 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES C) ANGINA INSTÁVEL: Dor torácica típica/<30 minutos, ECG com infradesnivelamento do segmento ST ou inversão da onda T ou normal D) ANGINA VARIANTE OU DE PRINZMETAL: Causada por espasmos da artéria coronariana, melhoram rapidamente após o uso de nitrato sublingual e simula angina instável E) INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO: Área de necrose consequente a isquemia intensa (oclusao súbita) Dor torácica típica/duração >30 minutos, elevação do segmento ST no ECG, sem elevação de ST + alteração dos marcadores de necrose miocardia Dor referida como facada, de localização e irradiação semelhantes à angina, porem mais intensa e prolongada Pode estar associada a hiperatividade simpática (palidez e sudorese), IC (dispneia), náuseas, vômitos e outros Geralmente não procedido de fatores desencadeantes Infarto sem dor: diabéticos e idosos Infarto com localizações atípicas: idosos – epigástrica Pode evoluir para edema agudo de pulmão! Sinal de Levine F) DIAGNÓSTICO: Caracteriza a dor: • Sede/irradiação: mandíbula, pescoço, fúrcula, esterno, face anterior do tórax, ombro(s), face interna do MMSS, dorso e epigástrio • Intensidade: dependente do limiar de sensibilidade • Duração: minutos na angina, horas no IAM • Fatores desencadeante/agravantes: esforço, emoção e equivalentes na angina estável ou progressiva e em repouso nas síndromes instáveis • Fatores de alivio: cessar o fator desencadeante, resposta ao nitrato sublingual (exceto no IAM) • Sintomas associados: sudorese, náusea, vomito, tonturas/lipotimia, dispneia, palpitações, sensação de morte iminente Exame físico: • Ectoscopia e inspeção: palidez de pele e mucosas, sudorese, fáceis álgica, determinação da FC, FR e PA, impulsões anormais • Exame do precordio: palpar ictus cordis e dor à palpação do precordio • Ausculta: avaliar ritmo e fonese das bulhas e sopros, alterações em pulmões, abdome e olhos devem ser pesquisadas pela alta prevalência de lesões • Exame do aparelho respiratório e abdome • Exame vascular: extensão da aterosclerose • Aparência de doença grave, agitação, ansiedade • Hipotensão ou hipertensão • Taquicardia ou bradicardia • Sudorese (frequente) • Evidencia de má perfusão periférica podem ocorrer • B4: evidencia de disfunção diastólica • B3: evidencia de disfunção sistólica • Sopro sistólico apical: comum • Hipofonese de bulhas podem ocorrer • Estertores pulmonares (secos e úmidos): em caso de congestão • Turgência jugular: quando complicado com IC • Oligúria no baixo debito G) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Dissecação aórtica: inicio súbito de máxima intensidade TEP: dispneia além da dor, perfil de risco, HAP Pericardite: comportamento pleurítico, irradiação trapézio, relação com torção de tórax e deglutição, piora decúbito supino Pneumotórax: dispneia intensa, insuficiência respiratória Patologias digestivas altas: dor epigástrica, pirose, exame do abdome nítido 20 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES Dores musculoesqueléticas: dor à palpação local e à movimentação (ombro, cafelo- cervical), costocondrite, síndrome de Trietze INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Síndrome clinica complexa que resulta de dano funcional ou estrutural e impede o ventrículo de manter debito cardíaco adequado às necessidades metabólicas Caracteriza-se por uma congestão venosa pulmonar e/ou sistêmica Debito cardíaco insuficiente: o ventrículo não consegue bombear o sangue adequadamente Síndrome congestiva: acumulo de sangue na porção do aparelho circulatório que precede o ventrículo deficiente VE → AE → Circulação venocapilar pulmonar (fluxo retrogrado) VD → AD → Circulação venocapilar sistêmica (fluxo retrogrado) Exame: ecocardiograma A) FISIOPATOLOGIA: Aumento da pressão venosa sistêmica Ativação neuro-hormonal Diminuição da drenagem linfática Diminuição da pressão oncótica (↓albumina) Alteração da permeabilidade capilar B) FATORES DE RISCO: Hipertrofia ventricular esquerda Idade avançada Hipertensão arterial Diabetes Obesidade Tabagismo Doença de Chagas, Doença Coronária, Doença Valvar e Miocardites Etilismo C) SINAIS E SINTOMAS: Cansaço Falta de ar em repouso ou durante o exercício Dispneia Taquipneia Tosse Diminuição da capacidade de exercício Ortopneia Dispneia paroxística noturna Noctúria Ganho de peso/Perda de peso Edema: das extremidades, do escroto ou de outros locais Aumento do perímetro abdominal Dor abdominal (particularmente se localizada no quadrante superior direito) Perda de apetite ou saciedade precoce Respiração de Chayne-Stokes: frequentementereportada por um membro da família Sonolência ou diminuição da acuidade mental D) ACHADOS FÍSICOS: Taquicardia Batimentos extras ou ritmo irregular Pressão de pulso estreito ou pulso filiforme Pulso alternante Extremidades frias e/ou mosqueadas (indicativo de doença mais grave) Elevação da pressão venosa jugular Macicez e diminuição dos sons respiratórios em uma ou ambdas as bases pulmonares Estertores, roncos e/ou sibilos Deslocamento do ictus cordis para a esquerda e/ou para baixo Ictus cordis sustentado Elevação paraesternal Sons cardíacos S3 e/ou S4 (palpáveis ou audíveis) Sopro de regurgitação mitral ou tricúspide Hepatomegalia: frequentemente acompanhada de desconforto no quadrante superior direito Ascite Edema pré-sacral 21 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES Anasarca (indicativo de doença mais grave) Edema dos pés Alterações de estase venosa crônicas E) ANAMNESE: Identificação: idade, sexo, profissão, naturalidade Queixas: SINTOMAS • Caracterizar dispneia e edema • Tosse • Hemoptise • Palpitações • Sincope Historia pregressa/Antecedentes pessoais: uso de medicações, passado de neoplasia (QT), comorbidades (diabetes, hipertensão), internamentos por IC, infecções virais, doenças valvares e doenças de deposito Antecedentes familiares: IC, comorbidades, mortes prematura e súbita, doenças na família Historia psicossocial: dieta rica em sódio e água, obesidade, sedentarismo, tabagismo e etilismo, uso de medicamentos, casa onde mora (zona endêmica para doenças) Dispneia: • Aos esforços (grandes, moderados ou pequenos); repouso • Paroxística noturna/Ortopneia • Tosse • Hemoptise • Respiração tipo Chayne-Stokes Edema: • Inicia simetricamente nos MMII, vespertino • Ascende podendo levar a anasarca (ascites e edemas cavitários) • Sintomas cardiorrespiratórios da cardiopatia • Antecedentes de cardiopatia F) EXAME FÍSICO: Ectoscopia e inspeção: • Palidez de pele e mucosas, sudorese, taqui/dispneia • Determinação de FC, FR, PA • Impulsões anormais do precordio • Grau nutricional • Turgência jugular Exame do precórdio: • Palpar ictus cordis • Frêmitos • Palpar pulsos Ausculta: • Avaliar ritmo e fonese das bulhas e sopros • Alterações em pulmões, abdome e olhos devem ser pesquisadas pela alta prevalência de lesões Exame do aparelho respiratórios: ortopneia, sinais de congestão pulmonar Abdome: palpação de vísceras, ascite, refluxo hepatojugular Extremidades: edemas, perfusão periferica G) INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DIREITA: Queixas: dispneia, dor em hipocôndrio direito e edema de MMII Exame físico: cianose, turgência de jugular, refluxo hepatojugular, hepatomegalia (congestiva – fígado doloroso a palpação e liso – fígado rombo é na cirrose), edema periférico (anasarca), ascite, derrame pleural, sinal de Kussmal 22 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES Reflexo hepatojugular: compressão sustentado do HD aumenta o retorno venoso e o ingurgitamento da jugular OBS: Ingurgitamento da jugular: quando comprime o hipocôndrio direito (na região do fígado) porque aumenta o retorno venoso, aumenta o fluxo de sangue em veias que já estão ingujitadas, refletindo na VCS que já esta abarrotada de sangue sem conseguir levar sangue direito para o coração. Ao palpar a região do fígado a jugular aumenta! Sinal de Kussmal: • Aumento do pulso venoso jugular (aumento da distensão da jugular), quando o paciente realiza uma inspiração profunda porque diminui a pressão intratorácica aumentando o retorno venoso → Pericardite constritiva (por TB) também causa, o VD perde a capacidade de complacência porque o pericárdio está duro • Diminuição da complacência do VD, ou seja, ele perde a sua capacidade de contrais adequadamente • VD não consegue dar conta de todo o sangue que chega para ele → Aumenta a pressão no AD → Aumento de pressão na VJI na tentativa de compensar → Ingurgitamento do pulso venoso a medida que o paciente inspira • Causas: pericardite constritiva e IC direita H) INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ESQUERDA: Debito cardíaco inadequado + Congestão pulmonar Queixas: dispneia de esforço, ortopneia, dispneia paroxística noturna Exame físico: respiração Cheynes-Stokes, estertores crepitantes, macicez à percussão pulmonar, pulso alternante, derrame pleural Complicações: edema agudo pulmonar → O paciente está “afogado”, consegue escutar os estertores bolhosos sem esteto porque o pulmão está cheio de liquido e precisa de diuréticos para liberar esse liquido. ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL Surgimento de um déficit neurológico súbito causado por um problema nos vasos sanguíneos do SNC Classicamente o AVC é dividido em 2 subtipos: Fatores de risco: 23 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES A) SINAIS DE ALERTA – INÍCIO SÚBITO DE: Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo Confusão, alteração da fala ou compreensão Alteração na visão (em um ou ambos ou olhos) Alteração do equilibro, coordenação, tontura ou alteração no andar Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente B) ANAMNESE DIRIGIDA: Identifique a hora dos inícios do sintoma ou o momento em que o doente foi visto normal pela ultima vez. Se houve rebaixamento do nível de consciência e convulsão, liberação esfincteriana, vômitos precedendo, cefaleia Antecedentes: AVC prévio, doença previa, historia de TCE, historia de hemorragia ou procedimento cirúrgico Uso de medicações: anticoagulantes e anticonvulsivantes C) EXAME FÍSICO: Reflexo pupilar: • Normal: 0 • Unilateral: -1 • Bilateral: -2 24 SEMIOLOGIA I – LARISSA MENEZES
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