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Semiologia Cardiovascular

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Semiologia Cardiovascular 
Anatomia e Fisiologia 
Coração: ​o coração é um órgão muscular em formato de 
cone truncado invertido, composto por 4 câmaras, dois 
átrios e dois ventrículos. A base cardíaca é composta 
pelos átrios e vasos da base, representados pela Veia 
Cava Superior, pelas Artérias Pulmonares e a Aorta, e se 
localiza em nível do segundo espaço intercostal. O 
ventrículo direito ocupa boa parte da superfície anterior 
cardíaca, enquanto que a margem esquerda do coração é 
delimitada pelo ventrículo esquerdo, formando o ápice 
cardíaco. Em nível do quinto espaço intercostal, na linha 
hemiclavicular, em indivíduos normais, o choque da 
ponta do ventrículo esquerdo gera um ponto de impulso 
máximo (​ictus cordis​), que tem entre 1 e 2,5 cm. Esse 
ponto pode ser palpado, e alterar para a direita em 
indivíduos com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica 
(que causa hipertrofia ventricular direita). 
 
Circulação e valvas: ​os átrios e ventrículos são 
separados por valvas chamadas atrioventriculares, a 
valva atrioventricular direita é chamada tricúspide, 
enquanto a valva atrioventricular esquerda é chamada 
mitral. Já os ventrículos, são separados pelas artérias da 
base por valvas semilunares, a valva aórtica separa o 
ventrículo esquerdo da aorta, enquanto a valva pulmonar 
separa ventrículo direito e artérias pulmonares. 
O sangue venoso (rico em CO2) chega ao átrio direito 
por meio das veias cavas superior e inferior, passa para o 
ventrículo direito por meio da valva tricúspide e de lá é 
ejetado para as artérias pulmonares, retornando ao átrio 
esquerdo oxigenado (rico em O2 e pobre em CO2), por 
meio das veias pulmonares. Do átrio esquerdo passa pela 
valva mitral para o ventrículo esquerdo, passa pela valva 
semilunar aórtica e é ejetado para todo o corpo. 
Ciclo cardíaco e bulhas cardíacas: ​o período em que a 
ejeção do sangue pelas valvas semilunares ocorre é 
chamado de sístole, enquanto que o período de 
enchimento ventricular é chamado de diástole. 
→ Sístole: se inicia logo que as valvas atrioventriculares 
se fecham, e é marcada pela contração do ventrículo e 
ejeção de sangue pela aorta e artérias pulmonares. Se 
encerra ao fechar das valvas semilunares. 
→ Diástole: inicia com o relaxamento ventricular, que 
permite o enchimento da câmara pelo sangue que estava 
armazenado no átrio, ao fim desse período, o átrio 
realiza uma contração denominada sístole atrial e, após 
isso, há o fechamento das valvas atrioventriculares, 
marcando o início da sístole. 
Focos de ausculta: ​a ausculta das bulhas cardíacas é 
realizada em locais específicos, de modo a permitir 
identificar e caracterizar anatomicamente alguma 
anormalidade que pode ser detectada. 
● Foco aórtico: ​localizado no segundo espaço 
intercostal, na junção do manúbrio e corpo 
esternal (ângulo de Louis), justoesternalmente à 
direita é ideal para aferir a frequência cardíaca. 
● Foco pulmonar: ​localizado no segundo espaço 
intercostal, justoesternalmente à esquerda, usado 
para localizar anormalidades da valva pulmonar. 
● Foco aórtico acessório: ​localizado no terceiro 
espaço intercostal, justoesternalmente à 
esquerda. É o foco de escolha para identificar 
anormalidades da valva aórtica, que nem sempre 
são audíveis no foco aórtico. 
● Foco tricúspide: ​localizado no quinto espaço 
intercostal, justoesternal e à esquerda (próximo à 
base do processo xifóide). Utilizado para 
localizar anormalidades da valva tricúspide. 
● Foco mitral: ​localizado no quinto espaço 
intercostal, na linha hemiclavicular esquerda, 
coincidindo com o ​ictus cordis​. Usado para 
detectar anormalidades da valva mitral. 
Anamnese 
É importante identificar as principais doenças por faixa 
etária, como malformações congênitas em crianças e 
alterações perfusionais do miocárdio em adultos. Já em 
relação ao sexo, as doenças mitrais são comuns em 
mulheres, enquanto em homens até os 50 anos, são mais 
comuns alterações ateroscleróticas. Já em relação à 
etnia, a hipertensão arterial e hemoglobina falciforme 
prevalecem em negros. É importante explorar acerca de 
áreas endêmicas para a doença de chagas. Também é 
importante questionar sobre antecedentes pessoais como 
hipertensão arterial e ansiedade, antecedentes familiares 
de cardiopatias e hipertensão arterial, hábitos de vida 
como insalubridade e alimentação, além de condições de 
moradia (doença de chagas) e socioeconômicas. 
Sinais e Sintomas 
Dor: ​a dor torácica nem sempre possui origem cardíaca, 
apresentando causas pulmonares, osteoarticulares, 
esofágicas, mediastinais, abdominais ou psicogênicas. A 
dor cardíaca pode ser isquêmica, pericárdica ou aórtica. 
→ Dor Isquêmica: produzida por excitação de 
terminações nervosas pela produção e acúmulo de 
substâncias na isquemia miocárdica. Essa dor se localiza 
mais frequentemente à esquerda da linha esternal, 
podendo ocupar uma porção ou toda região precordial, 
deve ser discernida da osteoartrite, dor psicogênica e 
Gabriel Torres e Beatriz Gonçalves→ Uncisal→ Med52→ Semiologia Cardiovascular 
CORAÇÃO E AORTA 
costocondrite, que geralmente se localizam na região 
inframamilar. Quanto maior sua intensidade, maior as 
chances de irradiar, geralmente para a mandíbula, nuca, 
pescoço, membro superior, ombro, epigástrio e dorso. A 
qualidade da dor geralmente é em aperto, opressão ou 
queimação, tanto no precórdio, quanto nas áreas de 
irradiação e geralmente o paciente coloca sua mão 
fechada sobre o peito para sinalizar a dor (Sinal de 
Levine). A dor pode ser leve, moderada ou intensa, 
quando gera incapacidade motora extrema. A angina 
típica piora com o esforço e não sofre alterações com a 
tosse, mudança do decúbito ou após a deglutição, possui 
alívio com repouso e uso de vasodilatadores como o 
nitrato, geralmente é acompanhada de náuseas, vômitos 
e sudorese quando surge no infarto agudo do miocárdio. 
 
→ Dor pericárdica: ​consiste em uma dor mais aguda que 
a angina, que dura por várias horas, não exibe melhora 
com repouso, costuma ser contínua, localizada na região 
retroesternal e irradiar para pescoço e costas. Não é 
relacionada ao exercício e piora com as mudanças de 
decúbito, deglutição e respiração, melhorando com a 
inclinação do tórax para frente ou quando se assume a 
posição genupeitoral. 
→ Dor aórtica: ​o aneurisma de aorta não provoca dor, 
porém a dor na dissecção aguda da aorta é lancinante, 
gerando inquietude, dor retroesternal ou no tórax 
anterior, com irradiação cervical, escapular e dorsal. 
Palpitações: ​palpitações são percebidas como arrancadas 
cardíacas ou batimentos mais fortes e são alterações 
rítmicas ou arrítmicas na contração cardíaca. Elas podem 
surgir devido ao esforço, como ocorre após o exercício 
físico ou na insuficiência cardíaca, sendo graduadas 
quanto ao esforço que as desencadeia. Quando decorrem 
de alterações do ritmo cardíaco, podem ser percebidas 
como uma ‘’pausa’’ cardíaca nas extrassístoles, 
taquicardias paroxísticas, quando de início e fim súbitos 
ou taquicardia sinusal quando de início súbito e fim 
gradual. Já as palpitações de causa emocional costumam 
surgir após alguma agressão emocional e são seguidas 
de distúrbios neurovegetativos como síncopee sudorese. 
Nem todas as palpitações são de origem cardíaca, se 
relacionando ao uso da cafeína, emoções, hipertensão 
arterial, anemia, exercício e hipertireoidismo. 
Dispnéia: ​a dispnéia é a sensação consciente da 
dificuldade de respirar, que pode ser subjetiva, quando o 
paciente refere dificuldade no ato ou objetiva, quando 
ele demonstra taquipneia e uso de músculos acessórios 
da ventilação, pode ser causada por cardiopatias que 
causam congestão pulmonar, mas também por 
problemas pleuropulmonares, ansiedade e obesidade. 
→ Dispnéia de esforço: ​é comum na insuficiência 
ventricular esquerda e pode ser graduada quanto ao grau 
do esforço, como grandes, médios e pequenos esforços. 
Nessa condição, a dispnéia progride rapidamente. 
→ Dispneia de decúbito: ​dispneia que surge pela 
congestão pulmonar após o indivíduo assumir postura de 
decúbito, para amenizá-la o paciente assume a posição 
ortopnéica, reduzindo o retorno venoso. 
→ Dispneia paroxística: ​ocorre quando o paciente 
apresenta súbita crise de dispneia com opresão torácica, 
tosse seca e cianose. Ela ocorre na asma cardíaca e no 
edema agudo de pulmão. Sua fisiopatologia se relaciona 
ao aumento da pressão no átrio esquerdo, que impede o 
retorno venoso da circulação pulmonar, gerando 
transudação do líquido, que pode gerar broncoespasmo, 
resultando em sibilância ou estertores no edema agudo. 
→ Dispneia periódica: ​a dispneia periódica ou ritmo de 
Cheyne-Stokes, consiste em períodos de apneia seguidos 
de respirações gradualmente mais profundas, que 
reduzem até um novo período de apneia. É um ritmo que 
ocorre na insuficiência ventricular esquerda, hipertensão 
intracraniana ou nos acidentes vasculares encefálicos. A 
insuficiência cardíaca esquerda promove sobrecarga 
atrial que se manifesta com congestão pulmonar, motivo 
pelo qual pode ser a causa de diversos tipos de dispneia. 
 
Tosse e expectoração: na insuficiência ventricular 
esquerda, é comum a ocorrência de tosse seca e noturna, 
enquanto que no edema pulmonar agudo, essa 
geralmente é seguida de expectoração rosácea e serosa. 
A congestão pulmonar também pode facilitar infecções, 
marcadas pela expectoração purulenta, ou mesmo do 
rompimento de vasos, com expectoração hemoptóica. 
Outras causas de tosse incluem irritação frênica pela 
hipertrofia ventricular ou por aneurisma de aorta. 
Sibilância: ​sibilos são sons musicais contínuos que 
predominam na expiração, sendo comuns à asma 
brônquica e à asma cardíaca. Ao exame físico se notam 
ritmos de galope e predomínio de estertores que podem 
diferenciar a asma cardíaca da asma brônquica. 
Hemoptise: ​consiste na expectoração sanguinolenta, que 
deve ser diferenciada da epistaxe e sangramentos 
aerodigestivos (hematêmese). A hemoptise é bastante 
característica de condições cardiopulmonares, podendo 
aparecer no edema agudo de pulmão, junto com 
expectoração rósea, com cor marrom quando nas 
pneumonias pneumocócicas ou mesmo com aspecto 
mucoso no infarto pulmonar e pneumonia necrosante. 
Síncope e lipotimia: ​o desmaio ou lipotimia é a perda da 
consciência e do tônus postural (Síncope), que pode ter 
origem emocional ou por redução do fluxo sanguíneo 
cerebral. Os desmaios podem ser causados por arritmias, 
redução do débito cardíaco, regulação vasomotora 
Gabriel Torres e Beatriz Gonçalves→ Uncisal→ Med52→ Semiologia Cardiovascular 
anormal, hipovolemia aguda ou redução do retorno 
venoso, além de causas metabólicas, neurológicas e 
psicogênicas. A investigação das síncopes leva em conta 
o tempo das síncopes, o que a procedeu, como 
convulsões na epilepsia, o que a precedeu, como a 
postura na hipotensão postural ou trauma 
cranioencefálico e exames como a glicemia capilar 
→ Síncopes cardíacas: ​são geradas por condições como 
arritmias que promovem a redução da perfusão cerebral 
ou por queda brusca da pressão arterial ou entrega de 
sangue pouco oxigenado, como na tetralogia de Fallot. 
→ Síncopes extracardíacas: ​as síncopes neurogênicas 
podem surgir frente a um impacto emocional, gerando 
disfunção do tônus simpático e aumento da atividade 
vagal, o que a torna conhecida por síncope vasovagal. Já 
a hipotensão postural ocorre por ineficiência na 
manutenção da pressão arterial na posição ortostática. 
Há outras causas como síncope-pós tosse, síndrome do 
seio carotídeo, hipoglicemia e alcalose respiratória. 
 
Insônia: comum em pacientes com insuficiência 
ventricular esquerda, nos quais há dispneia noturna, 
anóxia neuronal e hipertensão cefalorraquidiana. 
Cianose: ​a cianose é a coloração azulada da pele e das 
mucosas que decorre do aumento da hemoglobina 
reduzida, sendo incompatível com a anemia, já que essa 
apresenta redução da hemoglobinemia. A cianose pode 
ser localizada ou generalizada, sendo que pacientes 
cianóticos em geral apresentam irritabilidade, sonolência 
e nanismo em virtude da anóxia tecidual. É também 
importante identificar a ocorrência conjunta de 
baqueteamento digital, comum em cardiopatias 
congênitas e em doenças pulmonares. 
 
→ Cianose central: ​é a forma mais comum e engloba 
diversas afecções cardiopulmonares como a redução do 
O2 em elevadas altitudes, uso de bloqueadores 
neuromusculares e paralisia respiratória, pneumonias, 
distúrbios em cardiopatias congênitas e shuns como na 
tetralogia de Fallot e comunicações interventriculares. 
→ Cianose periférica: ​é causada por perda exagerada do 
oxigênio no leito capilar, como ocorre na vasoconstrição 
generalizada por exposição ao frio e na insuficiência 
cardíaca congestiva (a estase sanguínea nas veias retarda 
o fluxo sanguíneo reduzindo a oximetria tecidual). 
→ Cianose mista: ​ocorre por associação dos dois 
mecanismos, como na insuficiência cardíaca em que há 
congestão pulmonar e estase venosa periférica. 
→ Cianose por alteração da hemoglobina: ​ocorre na 
presença de meta-hemoglobina, pigmento modificado 
que dificulta a reoxigenação de hemácias, ocorrendo 
pela inalação/ingestão de nitritos e anilinas. 
Edema: ​o edema consiste na retenção líquida 
essencialmente no interstício, podendo possuir causas 
renais, hepáticas, cardíacas ou vasculares. O edema 
cardíaco ocorre por insuficiência ventricular direita, por 
aumento da pressão hidrostática e retenção de sódio. O 
edema cardíaco piora com a gravidade, de modo a 
mostrar piora importante ao final do dia. Com o aumento 
da pressão hidrostática, há aumento do extravasamento 
para o interstício, que reflete na maior ativação do eixo 
renina-angiotensina-aldosterona, que aumenta a retenção 
de sódio e com isso eleva a osmolaridade, estimulando o 
aumento da produção de hormônio antidiurético. Essa 
sequência de eventos fisiológicos reflete no aumento da 
volemia e pressão arterial, na tentativa de manter a 
perfusão sanguínea, no entanto, só aumenta o edema 
causado. O edema pode ser caracterizado em cruzes, 
indo de + a ++++ a depender do local que atinge e do 
tempo que demora para regredir. O edema generalizado 
ou anasarca ocorre quando ocorre acúmulo nas 
cavidades pleural, abdominal e pericárdica, sendo 
comum na insuficiência cardíaca e síndrome nefrótica. 
Astenia: ​consiste na sensação de fraqueza generalizada, 
que é causada por uma fraqueza motora funcional. Essasensação é comum no infarto agudo do miocárdio e na 
insuficiência cardíaca. 
Posição de cócoras: ​a posição de cócoras é assumida 
instintivamente nas cardiopatias cianóticas de hipofluxo 
pulmonar como atresia pulmonar e Tetralogia de Fallot. 
Essa posição eleva a pressão arterial e reduz o retorno 
venoso, reduzindo o shunt que ocorre do lado direito 
para o esquerdo, mostrando alívio para a cianose. 
Inspeção 
Observa-se a presença de abaulamentos, que podem 
indicar cardiomegalias, derrames pericárdicos ou 
aneurismas de aorta, em crianças, pode sugerir 
hipertrofia ventricular a direita, comum em cardiopatias 
congênitas. Visualiza-se também o ​ictus cordis​, visto 
fisiologicamente em pessoas magras do sexo masculino. 
Achados como retração do precórdio, levantamento em 
massa na sístole ou batimentos epigástricos podem ser 
encontrados e sugerem hipertrofia ventricular direita. 
Palpação 
O ​ictus cordis geralmente palpável no quinto espaço 
intercostal, na linha hemiclavicular esquerda, sendo de 
difícil palpação em obesos e pessoas com musculatura 
ou mamas hipertróficas, possui o tamanho de uma polpa 
digital, chegando a 3 ou a 5 nos casos de hipertrofia ou 
dilatação do ventrículo esquerdo. Além disso, deve-se 
Gabriel Torres e Beatriz Gonçalves→ Uncisal→ Med52→ Semiologia Cardiovascular 
observar sua amplitude (aumentada ou hipercinética na 
hipertrofia ventricular) e sua duração (normal ou 
persistente). O ventrículo insuficiente possui ​ictus ​largo 
(difuso) e hipocinético, enquanto o ventrículo 
hipertrófico é largo e hipercinético. A lateralização para 
a esquerda facilita a palpação do ​ictus cordis​, que deve 
sempre ser complementada pelos achados da inspeção. 
Deve-se verificar a presença de frêmito cardíaco, que, se 
presente, deve ser caracterizado em relação à localidade, 
intensidade (+ a ++++) e situação no ciclo. 
 
Ausculta 
Além dos focos de ausculta, é importante auscultar a 
borda esternal esquerda (entre o foco pulmonar e a 
tricúspide), a borda esternal direita (entre o foco 
pulmonar e o quinto espaço intercostal direito), o 
endoápex (área entre o foco tricúspide, o mitral e o 
aórtico acessório), as regiões supra e infraclaviculares, 
as regiões laterais do pescoço (para caracterização do 
sopro de estenose aórtica) além das regiões 
interescapulovertebrais, onde com frequência se ausculta 
o sopro da persistência do canal arterial. 
Técnica: ​é importante buscar um ambiente silencioso 
para a ausculta. Quanto às posições, geralmente essa é 
realizada nas posições em decúbito dorsal, decúbito 
lateral esquerdo e sentado, quando houver hipofonese de 
bulhas ou se queira ouvir melhor os sons da base 
cardíaca, solicita-se que o paciente assuma a posição 
ortostática apoiado sobre um anteparo. Geralmente se 
utiliza o diafragma, colocando-o suavemente sobre a 
pele. Algumas vezes é necessário o uso de manobras 
especiais como exercício físico e inspiração forçada. 
Bulhas Cardíacas: ​as bulhas cardíacas são os sons 
produzidos pelo coração, podendo ser identificados pela 
ausculta e representadas graficamente por meio do 
fonocardiograma. São encontradas 4 bulhas, das quais, 
duas estão presentes na maioria dos indivíduos. 
● B1: som produzido pelo fechamento das valvas 
atrioventriculares (mitral e tricúspide), 
marcando o início da sístole e coincidindo com 
o pulso carotídeo e choque do ​ictus cordis​. Em 
geral é mais grave e mais longa que B2. O som é 
representado por ‘’TUM’’ ou ‘’LUB’’. 
● B2: ​é o som produzido pelo fechamento das 
valvas semilunares, marcando o fim da sístole e 
início da diástole. Em geral é mais aguda, menor 
e menos intensa. Pelo aumento da sístole na 
inspiração forçada, pode se desdobrar em dois 
sons (A2 e P2) durante essa, sendo um 
fenômeno fisiológico. Representada por 
‘’DUB’’/‘’TÁ’’ ou ‘’TLÁ’’, quando 
desdobrada. 
● B3: ​representa o período de enchimento rápido 
no início da diástole (protodiastólica), sendo 
audível principalmente em crianças e jovens 
adultos, melhor auscultada pela campânula. É 
representada pelo som ‘’TU’’. 
● B4: ​consiste no som produzido ao fim da 
diástole ou pré-sístole, quase sempre patológica, 
acredita-se que seja reflexo da sístole atrial. 
 
Localização à ausculta: ​para localizar um fenômeno 
como um sopro, clique, estalido ou mesmo uma terceira 
bulha, utiliza-se uma nomenclatura padronizada. Como 
entre B1-B2 procede a sístole, esse som pode se 
encontrar no ínicio (proto), meio (meso), ao fim (tele) ou 
ao longo de toda a sístole (holossistólico). Já se ocorre 
entre B2-B1, ele pode ser proto, meso, tele ou 
holodiastólico, de modo homólogo. O termo 
telediastólico é sinônimo de pré-sistólico. 
Ritmo cardíaco: ​o ritmo pode ser binário ou em dois 
tempos (quando presentes apenas duas bulhas) ou 
tríplice, na vigência de B3 ou B4. Alterações do ritmo 
são as arritmias e os próprios ritmos tríplices. 
Arritmias: ​são perturbações do ritmo cardíaco que 
podem ocorrer na formação do estímulo para a contração 
cardíaca, na condução ou ambos. As arritmias podem ser 
sinusais (comandadas pelo nó sinusal) ou extrassinusais, 
essas, podem gerar sintomas clínicos que levantem uma 
suspeita importante para a confirmação por métodos 
eletrocardiográficos. As arritmias são representadas por: 
→ Taquicardia Sinusal: ​é o aumento da frequência 
cardíaca (FC>100) em resposta ao sistema nervoso 
simpático, ocorre por razões psíquicas ou orgânicas, 
como hipertireoidismo e síndromes febris. Há também 
hiperfonese de B1. 
→ Bradicardia Sinusal: ​é a redução da frequência 
cardíaca (FC<60) por ação parassimpática ou redução da 
ação simpática. Ocorre fisiologicamente no sono e 
patologicamente em situações como hipotireoidismo e 
hipertensão intracraniana. Nessa arritmia, a FC aumenta 
em resposta ao exercício e reduz em resposta às 
manobras de estimulação vagal. 
→ Arritmia sinusal: ​consiste de variações na frequência 
cardíaca que ocorrem por variações autonômicas 
relacionadas à respiração. Em geral, são fisiológicas mas 
podem ocorrer na hipertensão intracraniana e cardiopatia 
aterosclerótica. Se mostra por bulhas cardíacas ora mais 
rápidas, ora mais lentas. 
→ Extrassístoles: ​são sístoles provocadas por atividades 
elétricas ectópicas, ocorrendo no indivíduo normal. 
Porém, quando frequentes, como no uso de medicações, 
cardiopatia isquêmica e doença de chagas crônicas, 
Gabriel Torres e Beatriz Gonçalves→ Uncisal→ Med52→ Semiologia Cardiovascular 
geram sintomas como palpitações e desconforto. À 
ausculta, nota-se hiperfonese de B1, ausência de B2 
seguida de um aumento nas duas bulhas (já que o sangue 
se acumulou por mais tempo). 
→ Taquicardia paroxística: ​é uma arritmia causada pelo 
disparo sustentado de um foco ectópico, gerando 
frequência de até 180 bpm, acompanhada de sintomas de 
baixo débito cardíaco e palpitações. À ausculta, o que 
chama atenção é a taquicardia, que é sintomática, ao 
contrário de uma condição sinusal. A sua classificação 
(supraventricular ou ventricular) só deve ser feita por 
meio do Eletrocardiograma. 
→ Fibrilação atrial: ​é um ritmo em que o nó sinusal é 
substituídos por estímulos rápidos e sem ritmo, gerando 
uma arritmia com intensidade de B1 e intervalosentre as 
bulhas completamente anômalos. Além disso, há déficit 
de pulsos radiais, já que a frequência é tão alta que o 
sangue não é bombeado de forma suficiente. 
 
→ Bloqueio atrioventricular total: ​condição em que não 
há passagem de estímulo pelo nó atrioventricular, de 
modo que o ventrículo regula sua contração 
automaticamente, gerando frequência de 30-40 bpm. Há 
alternância entre bulhas hipo e hiperfonéticas, além de 
ausência de aumento da FC na vigência do exercício, o 
que permite diferenciá-la da bradicardia sinusal. 
 
→ Bloqueio de ramo: ​no bloqueio de ramo esquerdo, o 
atraso na condução pelo ventrículo faz com que haja um 
desdobramento paradoxal de B2, isso é, a bulha 
desdobra na expiração forçada e é normal na inspiração, 
já que a valva que está sendo desdobrada é a aórtica. 
Ritmos tríplices: são aqueles em que há presença de uma 
terceira bulha, além de B1 e B2, sendo essencial 
identificar sua localização como protodiastólica (B3) ou 
telediastólica/pré-sistólica (B4). Ritmos patológicos são 
os ‘’ritmos de galope’’. Porém, nem todo ritmo tríplice é 
um ritmo de galope, já que B3 em um paciente sem 
miocardites, insuficiência mitral, miocardiopatia e 
shunts da direita para a esquerda como a comunicação 
interatrial, é fisiológica. B4 é quase sempre patológica e 
indica isquemia miocárdica, sobrecarga de pressão ou 
miocardiopatia. 
→ Ritmos de galope: ​na presença de B3 patológica ou 
B4, ausculta-se um ritmo característico que lembra o 
galope de um cavalo, gerando a onomatopeia 
PA-TA-TA repetidas vezes. O achado é importante e 
pode ser encontrado em diversas miocardiopatias, com 
destaque para a isquemia. São melhores auscultados com 
a campânula suavemente sobre o tórax, e a compressão 
pode fazê-los desaparecer. Podem ser de três tipos: 
● Galope ventricular: ​é o ritmo produzido pela 
presença de uma B3 patológica. Ele é melhor 
percebido quando o paciente apresenta 
taquicardia, podendo-se solicitar ao paciente que 
realize exercícios para exacerbar sua percepção. 
Ainda assim, pode ser confundido com uma B3 
fisiológica, de modo que se devem considerar 
outros sinais de lesão cardíaca. 
● Galope atrial: ​é o ritmo produzido por B4, sendo 
que pode ocorrer em doentes compensados. Isso 
porque o ventrículo que trabalhe em sobrecarga, 
por hipertensão arterial grave ou insuficiência 
arterial crônica, irá requisitar maior esforço 
atrial para seu enchimento. Assim, apesar de 
nem sempre ser um sinal de que a doença está 
descompensada, deve-se alertar o paciente que 
mantenha sua condição sob controle, sob o risco 
iminente de uma insuficiência ventricular. 
● Galope de soma: ​consiste no ritmo em que a 
taquicardia encurta a diástole e B3 e B4 
aparecem, geralmente fundidas. Se a frequência 
for amena, pode-se auscultar nitidamente B3 e 
B4, formando um ritmo em 4 tempos. 
 
Alterações das bulhas: ​as bulhas podem ter alterações 
com relação à sua intensidade, timbre, desdobramento e, 
em alguns casos, até o mascaramento. 
→ Alterações de B1: ​ocorrem quanto à sua intensidade, 
timbre, desdobramento e mascaramento. 
● Intensidade: avaliada no foco tricúspide. O 
aumento da intensidade (hiperfonese), ocorre 
nos casos de encurtamento da diástole, como 
taquicardias, hipertireoidismo, após o exercício, 
nas extrassístoles, além da hiperfonese alternada 
da fibrilação atrial. Condições como infarto, 
miocardiopatias, miocardite, insuficiência 
cardíaca e choque cardiogênico, por sua vez 
cursam com reduzida intensidade (hipofonese). 
Nas lesões valvares como a fibrose de valva 
mitral, pela maior ‘’dureza’’ dessa, há 
hiperfonese, porém, na estenose por 
calcificação, essa se torna tão rígida que mal 
move, gerando uma hipofonese. 
● Timbre: ​na estenose mitral por fibrose, a rigidez 
da valva gera um som mais metálico, que se 
acompanha da hiperfonese de B1. 
● Desdobramento: ​a assincronia dos ventrículos 
pode gerar um pequeno desdobramento, sem que 
se indique uma doença. Caso haja 
desdobramento amplo, de forma que ao invés do 
som ‘’TUM-TÁ’’ ausculte-se ‘’TLUM-TÁ’’, 
pode-se suspeitar de um bloqueio de ramo 
Gabriel Torres e Beatriz Gonçalves→ Uncisal→ Med52→ Semiologia Cardiovascular 
Obs.: como o som auscultado é transmitido pelo tórax, 
indivíduos com tórax delgado terão uma maior 
audibilidade, se comparado àqueles de mamas 
volumosas, obesos ou musculosos. Assim, faz-se 
necessário praticar em todos os tipos de indivíduos. 
direito, no qual também haverá desdobramento 
de B2 no foco pulmonar. 
● Mascaramento: ​ocorre quando um sopro ocorre 
na sístole, mascarando B1. 
→ Alterações de B2: ​podem ocorrer em relação à 
intensidade, timbre e desdobramento. 
● Intensidade: ​a hiperfonese de B2 ocorre quando 
há aumento do fluxo sanguíneo (persistência do 
canal arterial ou comunicação interatrial), 
fibrose valvar ou hipertensão naquele vaso 
(hipertensão arterial sistêmica ou pulmonar, a 
depender do foco da ausculta). A hipofonese 
ocorre na estenose das valvas semilunares por 
calcificação ou extrassístoles e miocardiopatias, 
pois ocorre menor débito do ventrículo. 
● Timbre: ​como consequência da fibrose valvar, 
além da hiperfonese, a bulha adquire som seco. 
● Desdobramento: ​o desdobramento de B2 é 
analisado no foco pulmonar, já que é essa valva 
que geralmente tarda a fechar. Esse 
desdobramento pode ser de quatro tipos, dos 
quais um é o fisiológico e três são patológicos. 
1. Desdobramento fisiológico: ocorre por atraso do 
componente pulmonar na inspiração forçada, 
gerando o som ‘’TLÁ’’, ao invés de ‘’TÁ’’ (som 
que se repete aos demais desdobramentos). 
 
2. Desdobramento constante e variável: ​ocorre no 
bloqueio de ramo direito (atraso na condução) 
ou na estenose pulmonar (atraso no 
esvaziamento pulmonar). Nessas condições, 
sempre há desdobramento de B2, mas ele se 
intensifica quando há inspiração forçada. 
 
3. Desdobramento fixo: ​é característico da 
comunicação interatrial, uma cardiopatia que 
gera aumento do fluxo para o átrio direito, que 
se reflete no maior enchimento do ventrículo 
direito, com um desdobramento que não varia, 
quer seja na inspiração ou na expiração. 
 
4. Desdobramento paradoxal: ​ocorre tanto na 
sobrecarga de ventrículo esquerdo quanto na 
estenose de valva aórtica. Nessas condições, a 
valva aórtica demora mais para fechar, o que 
fica evidente durante a expiração e por isso, 
dá-se o nome de desdobramento paradoxal. 
 
→ B3 e B4: ​tanto B3 quanto B4 são sinais de baixa 
complacência ventricular, isso é, como o ventrículo está 
mais rígido, a passagem de sangue gera o som, que não 
deveria ser audível. A B3 fisiológica é indistinguível da 
patológica, devendo-se levar em consideração outros 
achados do exame físico e de imagem para que se 
conclua como patológica. No campo patológico, B3 e 
B4 irão mostrar doenças de baixa complacência, como a 
doença arterial coronariana, estenoses das valvas 
semilunares e sobrecarga do ventrículo, sendo que B4 
não necessariamente indicará condição descompensada. 
B3 patológica também está presente em cardiopatias 
como CIA, CIV e PCA. 
Cliques e Estalidos: ​cliques e estalidos são sons 
metálicos que podem ocorrer na diástole, na 
protossístole ou na meso/telessístole.→ Cliques diastólicos: ​os mais comuns são o de abertura 
mitral e de abertura tricúspide, nas estenoses dessas. 
● Estalido de abertura mitral: ​é um ruído seco 
(TÉ), que se ouve na área e foco mitrais. É um 
achado característico da estenose dessa valva, 
porém, quando há calcificação mais intensa 
dela, o som deixa de existir. 
 
● Estalido de abertura tricúspide: ​é um ruído 
semelhante ao da valva mitral que ocorre na 
borda esternal esquerda, podendo-se estender à 
borda esternal direita. É comum a ocorrência 
simultânea das duas estenoses na febre 
reumática. São necessários outros achados do 
exame físico para diferenciar um estalido da 
mitral de um estalido tricúspide. 
→ Cliques protossistólicos: ​são provocados pela ejeção 
do sangue nos grandes vasos, sendo também chamados 
de ruídos de ejeção. São ruídos agudos e intensos, sendo 
que o estalido pulmonar é melhor auscultado na borda 
esternal esquerda, enquanto o outro é melhor auscultado 
no 4 espaço intercostal esquerdo e área mitral. O 
primeiro é indicativo de estenose pulmonar moderada, 
mas pode estar presente na hipertensão pulmonar grave e 
na comunicação interatrial. Já o segundo, ocorre tanto na 
estenose quanto insuficiência aórtica que se originem 
por hipertensão ou aterosclerose e tetralogia de Fallot. 
→ Cliques mesossistólicos: são ruídos agudos e secos 
que aparecem no meio ou fim da sístole. É importante 
diferenciá-lo de estalidos protossistólicos e dos 
desdobramentos de B1. Eles são fortes indicadores de 
prolapso de valva (mitral ou tricúspide), estando 
presentes mesmo em casos que não há sopro audível. 
Gabriel Torres e Beatriz Gonçalves→ Uncisal→ Med52→ Semiologia Cardiovascular 
Sopros: ​são sons produzidos pelo turbilhonamento do 
sangue, que indica um fluxo oposto ao laminar e 
contínuo que se observa na circulação normal. Esses 
sopros devem ser classificados quanto à sua situação, 
localização, irradiação e timbre ou tonalidade. 
→ Situação: ​o sopro pode ser sistólico ou diastólico, isso 
é, ocorrer no segmento B1-B2 ou B2-B1, 
respectivamente. Há ainda os sopros sistodiastólicos ou 
contínuos, que ocorrem ininterruptamente. Além disso, o 
primeiro passo na ausculta será sempre a identificação 
de B1 e B2, podendo-se combinar a palpação dos pulsos 
para facilitar essa tarefa, uma vez que caso esteja 
incorreta, a determinação da cronologia será falha. 
● Sopros sistólicos: ​ocorrem entre B1 e B2, nesse 
tipo de sopro, em geral não se escuta bem B1, já 
que ela é seguida pelo barulho do sopro, que 
para após a segunda bulha. Um sopro sistólico 
que se inicia centésimos de segundo após B1 
indica um sopro de ejeção, que indica a 
dificuldade do sangue de passar pelas valvas 
semilunar aórtica e pulmonar (estenose), tendo 
uma intensidade que cresce e decresce. Já um 
sopro que começa junto com B1, dura toda a 
sístole (pansistólico) e tem intensidade quase 
constante, indica um sopro de regurgitação, que 
indica o refluxo do sangue nas valvas mitral e 
tricúspide durante a sístole (insuficiência). 
 
● Sopros diastólicos: ​podem ser divididos em 
proto, meso ou telediastólicos (pré-sistólicos). 
Ao contrário do que ocorre nos sopros sistólicos, 
nesses, há os sopros de insuficiência aórtica e 
pulmonar e de estenose de mitral e tricúspide. 
Os sopros das estenoses são mesossistólicos, de 
modo que se consegue auscultar B2, também 
sofrem reforço na pré-sístole pela contração 
atrial e, por fim, são graves ‘’em ruflar’’. Já os 
sopros de insuficiência se iniciam de forma mais 
intensa, imediatamente após B2 (protodiástole) e 
vão reduzindo até o fim da diástole, dando a eles 
uma caracterização ‘’aspirativa’’. 
 
● Sopros contínuos: ​são sopros que ocorrem 
durante toda a sístole e diástole, mascarando 
ambas as bulhas cardíacas. Não devem ser 
confundidos com combinações de um sopro 
sistólico e um diastólico, já que apresentam a 
característica de serem mais intensos “em 
maquinaria’’ na sístole. Ocorre nas fístulas 
arteriovenosas e persistência do canal arterial. 
 
→ Localização: ​consiste na área em que o sopro é mais 
audível, podendo ela ser um foco propriamente dito ou 
uma área valvar. Nesse sentido, é analisada junto à área 
em que se irradia, para determinar melhor acurácia. 
→ Irradiação: ​consiste nas demais áreas em que o sopro 
é audível, além daquela de maior intensidade. A 
irradiação dependerá de sua intensidade e da circulação, 
de forma que o sopro da estenose aórtica tem uma 
irradiação característica para o pescoço, enquanto que o 
de insuficiência mitral costuma se irradiar para a axila. 
→ Intensidade: ​diz respeito à audibilidade de um sopro, 
sendo que quanto mais audível, maior a interposição ao 
fluxo sanguíneo, gerando mais turbilhonamento. Ele é 
graduado em cruzes (+ a ++++), sendo: 
● +: ​sopros pouco intensos, audíveis apenas em 
um grande silêncio. 
● ++: ​sopros moderados. 
● +++: ​sopros intensos. 
● ++++: ​sopros muito intensos, que podem ser 
auscultados mesmo com o estetoscópio afastado 
do tórax do paciente. 
Há outras formas de graduar os sopros, como de 1 a 6. É 
válido notar que a partir de +++ (ou grau 4 de 6), já se 
consegue palpar o frêmito cardíaco. Além disso, deve-se 
entender que a intensidade do sopro não é o único 
parâmetro clínico que determina o prognóstico e as 
condutas a serem tomadas nas cardiopatias. 
→ Timbre e tonalidade: ​denominados conjutamente de 
‘’qualidade’’ do sopro, diz respeito à sua acústica, 
podendo ser musical, assemelhar-se a um bater de asas 
(ruflar), granuloso, aspirativo, em maquinaria, rude, 
suave ou piante. É um parâmetro subjetivo, mas que 
ajuda a diferenciar sopros como o da estenose mitral 
(ruflar) e da persistência do canal arterial (maquinário). 
Gabriel Torres e Beatriz Gonçalves→ Uncisal→ Med52→ Semiologia Cardiovascular 
Memorize: na sístole as valvas semilunares são 
abertas enquanto as atrioventriculares são fechadas e 
vice-versa. Quando a valva não abre na hora certa ela 
é dita estenosada, enquanto que se não fecha quando 
deveria fechar, é dita insuficiente. 
Sopros em valvopatias: as principais valvopatias são a 
insuficiência aórtica, estenose aórtica, insuficiência 
mitral e estenose mitral: 
● Estenose aórtica: sopro mesossistólico, 
crescente e decrescente que irradia para as 
carótidas e fúrcula esternal. 
Ruído da pericardite constritiva: ​consiste em um ruído 
audível na região ântero-apical do coração, sendo um 
som agudo e intenso que ocorre antes da terceira bulha. 
Atrito pericárdico: ​é um ruído agudo provocado pelo 
deslizamento dos dois folhetos pericárdicos, sendo 
distinto dos sopros e cliques na medida em que não 
possui uma situação fixa no ciclo cardíaco, embora 
algumas vezes possa ser reforçado durante toda a sístole, 
sendo localizado na borda esternal esquerda e não se 
irradiando, mesmo quando intenso. Esse ruído tem 
características variáveis, podendo ser musical ou, mais 
frequentemente, se assemelhar ao atrito do couro, 
porém, o que mais chama atenção é sua mutabilidade, já 
que pode variar suas características em poucas horas. É 
comumente observado na pericardite fibrinóide. 
 
Rumor venoso: ​é um ruído contínuo e grave que se 
ausculta na base do pescoço ena região supraclavicular, 
desaparecendo na posição deitada. É gerado pelo 
turbilhonamento do sangue na união das veias jugular e 
subclávia, sendo um ruído normal e cuja importância é 
enquanto diferencial da irradiação de um sopro da 
persistência do canal arterial. 
Ausculta normal: ​a ausculta normal é descrita no exame 
físico como de ritmo regular, em dois tempos (embora 
haja ritmos de galope fisiológicos), normofonéticas e 
sem sopros. É comumente representado pela sigla 
BRNF, 2T, SS. Nesse momento também se informa a 
frequência cardíaca, que fica na faixa de 60-100 bpm. 
Exame da Aorta 
Feito pela inspeção, buscando abaulamentos pulsáteis, 
que indicam aneurismas, além de palpar os batimentos 
aórticos na fúrcula esternal, que se encontram 
demasiados na insuficiência valvar. Os abaulamentos 
multidirecionais são característicos de aneurismas. A 
ausculta pode identificar sopros de estenose aórtica, que 
geralmente se irradiam para os vasos do pescoço, além 
de possíveis sopros sistólicos aneurismáticos, como o da 
aorta descendente identificado na região do dorso à 
esquerda da coluna vertebral, embora nem sempre os 
aneurismas cursem com sopro sistólico. 
Pulso capilar: ​geralmente é visto como parte do exame 
vascular periférico, mas resumidamente consiste do 
rubor intermitente e sincrônico que se observa nas 
unhas. Ao se pressionar as unhas, quando há grande 
pressão diferencial, como na insuficiência aórtica, fístula 
arteriovenosa ou hipertireoidismo, se observa uma zona 
pulsátil muito intensa. Em contraste, nos indivíduos 
normais essa é quase imperceptível. 
Ingurgitamento jugular: ​as pulsações na base do pescoço 
correspondem ao pulso venoso e refletem a dinâmica do 
coração direito. A turgência da veia jugular somente 
ocorre fisiologicamente durante o decúbito, se o paciente 
está em posição semissentada, com a cabeceira elevada a 
apenas 45 graus e essa turgência persiste, diz-se que há 
ingurgitamento da veia jugular, que traduz aumento da 
pressão venosa, quer por insuficiência cardíaca direita, 
compressão da cava superior ou pericardite constritiva. 
O ingurgitamento com a cabeça elevada acima de 60 
graus indica uma condição mais grave. 
 
Pulso Jugular e Flebograma 
Com o paciente deitado ou semissentado, coloca-se as 
duas polpas digitais entre as duas inserções do 
esternocleidomastóideo e se percebe o pulso venoso 
jugular. Quando organizadas, as ondas percebidas na 
pulsação formam o flebograma, que contém 5 ondas: 
● Onda A: ​é o ponto de máxima pressão no átrio, 
que corresponde à sístole atrial. 
● Onda C: ​ponto e elevação da pressão atrial por 
conta da contração isovolumétrica do ventrículo. 
● Onda X: ​consiste na redução da pressão atrial 
por relaxamento do átrio. 
● Onda V: ​aumento da pressão atrial por ocasião 
do enchimento durante a sístole ventricular. 
● Onda Y: ​redução da pressão atrial por conta do 
período de enchimento ventricular. 
 
Gabriel Torres e Beatriz Gonçalves→ Uncisal→ Med52→ Semiologia Cardiovascular 
● Insuficiência mitral: sopro holossistólico de 
intensidade constante. O clique mesossistólico 
pode ocorrer se associada ao prolapso mitral 
ou indicar prolapso mesmo sem o sopro. 
● Estenose aórtica: sopro mesodiastólico, que 
irradia para axila e pode provocar hiperfonese 
de B1 e ser precedido por estalido. 
● Insuficiência aórtica: sopro protodiastólico e 
decrescente que aumenta com o esforço. 
O foco em que o sopro é auscultado corresponde ao 
foco/área daquela valva. 
Manobra de Rivero-Carvallo: com o estetoscópio 
sobre a área tricúspide de um paciente com sopro, 
solicita-se que inspire profundamente. Caso se trate de 
uma insuficiência da tricúspide, o aumento do retorno 
venoso aumentará o refluxo, intensificando o som. Do 
contrário, trata-se da irradiação de um sopro mitral. 
Outras relações: os sopros da base cardíaca são 
melhor auscultados com a posição sentada e inclinada 
para frente, enquanto que o ruflar da estenose mitral é 
mais intenso no decúbito lateral esquerdo. Também na 
estenose mitral, o exercício intensifica o ruído, o que 
facilita sua identificação. 
Alterações do flebograma: ​a onda A gigante ocorre na 
estenose ou atresia de tricúspide e hipertensão pulmonar 
grave. Já a ausência de onda X indica fibrilação atrial. A 
onda V proeminente pode indicar insuficiência de 
tricúspide ou fibrilação atrial. Por fim, onda Y profunda 
ocorre em todas as situações de hipertensão venosa, com 
destaque para derrame pericárdico e pericardite. 
Pressão Arterial 
De forma simplificada, a pressão arterial é a força 
exercida pelo sangue na parede dos vasos, e depende da 
frequência cardíaca, da resistência periférica, da 
elasticidade dos grandes vasos, da volemia e da 
viscosidade sanguínea, sendo regulada por diversos 
mecanismos que envolvem a ação de agentes hormonais 
e ação do sistema nervoso autônomo. 
Aparelhos utilizados: ​o método mais utilizado é a 
medida indireta, através do uso do esfigmomanômetro e 
do estetoscópio e possui margem de erro de 8 mmHg. O 
esfigmomanômetro é composto por um manguito, peça 
de borracha inflável e que se fixa ao braço do paciente, 
devendo possuir o tamanho adequado (1,2x o diâmetro 
do braço) para evitar superestimar a pressão arterial, 
uma pera com válvula, responsável por inflar a bolsa que 
se localiza no manguito e um manômetro (pode ser 
aneróide ou de mercúrio), que marca o valor da pressão. 
Há ainda o esfigmomanômetro digital, o qual é muito 
utilizado na automonitoração pelos pacientes. 
Monitoramento da pressão arterial: a pressão arterial 
varia fisiologicamente conforme o ciclo circadiano e 
atividades diárias do paciente. Além disso, a aferição 
única no consultório pode gerar a ‘’hipertensão do 
consultório’’, criada pelo próprio receio do paciente com 
a situação. Nesse sentido, utiliza-se para o diagnóstico 
da hipertensão arterial o MAPA: Monitoramento 
Ambulatorial da Pressão Arterial, um exame pouco 
invasivo que realiza diversas aferições durante um dia, 
devendo a média delas ser menor que 130x80 para que o 
exame seja normal (sendo a média menor que 130x85 no 
momento de vigília e que 120x70 durante o sono). O 
monitoramento da pressão arterial pode ser feito também 
de modo residencial (MRPA) ou pelo próprio paciente. 
 
Aferição da Pressão Arterial: ​o método direto utiliza de 
equipamentos invasivos e é utilizado apenas em 
pesquisas. Já o método indireto se divide em palpatório, 
que se limita à pressão sistólica, e auscultatório, no qual 
se afere tanto a sistólica quanto a diastólica e é o mais 
utilizado. Antes de se proceder com a técnica, é 
importante seguir certas precauções: 
Precauções: ​o paciente deve repousar no mínimo 3 
minutos, estar em local tranquilo, com a bexiga vazia e 
não deve ter ingerido tabaco, café ou outros estimulantes 
uma hora antes da aferição. A posição preferível do 
paciente é sentado, com o cotovelo fletido e a altura 
braquial em nível do coração (quarto espaço intercostal). 
Técnica: ​localiza-se o pulso braquial e se posiciona o 
manguito apontando para ele e 2 cm acima da fossa 
cubital. Após isso, fecha-se a válvula e se insufla o 
manguito enquanto palpa o pulso radial, atéque esse 
desapareça e após isso, o manguito é desinsuflado 
rapidamente. Então a válvula é novamente fechada e o 
manguito insuflado a um valor 20 a 30 mmHg acima do 
qual o pulso desapareceu e é lentamente desinsuflado (2 
a 3 mmHg/s), enquanto se ausculta a artéria braquial. 
Fases de Korotkoff: ​quando se desinsufla o manguito no 
método auscultatório, começam a surgir e desaparecer 
ruídos que marcam as 5 fases de Korotkoff: 
I- Aparecimento de sons: ​é o primeiro som auscultado 
durante a aferição da pressão, marca a pressão sistólica e 
indica que a pressão arterial venceu a resistência. 
II- Batimentos com murmúrios: ​são os segundos sons 
escutados que se caracterizam pela presença de 
murmúrio devido à contracorrente. 
III- Batimentos sem murmúrios: ​os batimentos são mais 
audíveis e acentuados e o murmúrio desaparece. 
IV- Abafamento dos sons: ​os sons começam a reduzir de 
amplitude e intensidade, adquirindo aspectos abafados. 
V- Desaparecimento dos sons: ​a artéria retoma seu 
calibre normal pois a pressão no manguito não é 
suficiente para comprimi-la e por isso desaparecem os 
sons. Marca a pressão diastólica. 
 
⇒ Determinação da PA: ​a pressão arterial sistólica 
consiste no valor em que ocorre o primeiro som de 
Korotkoff, enquanto que a pressão diastólica consiste no 
valor em que ocorre o quinto som de korotkoff. Em 
alguns casos, os ruídos persistem até o esvaziamento do 
manguito e se considera que a diastólica seja o valor do 
IV som, registrando na forma: 150x70x0 mmHg. 
⇒ Hiato auscultatório: ​consiste no desaparecimento dos 
sons por uma lacuna de 30 a 40 mmHg, ele acontece 
comumente em idosos e deve ser considerado para evitar 
Gabriel Torres e Beatriz Gonçalves→ Uncisal→ Med52→ Semiologia Cardiovascular 
erros na determinação da pressão arterial diastólica. Por 
essa razão, deve-se desinsuflar lentamente mesmo após 
30 a 40 mmHg do desaparecimento dos sons, já que 
pode se tratar de um hiato auscultatório. 
Pressão Arterial Média: ​a pressão arterial média consiste 
da soma da Pressão Arterial Diastólica (PAD) mais um 
terço da pressão de pulso ou diferencial (PAS - PAD) é 
uma medida muito utilizada na terapia intensiva nos 
casos de sepse ou outras causas de choque, mas 
diferentemente da pressão arterial, não está relacionada a 
risco de mortalidade cardiovascular. A PAM é distinta 
da média da pressão arterial, que consiste na média 
aritmética simples entre a sistólica e a diastólica e é 
usada nos testes de Trousseau e na prova do laço. 
AM P AD (P AS AD)/3P = + − P 
 
Pressão de Pulso: ​a pressão diferencial pode estar 
reduzida em casos de hipotensão aguda, estenose aórtica, 
derrame pericárdico e insuficiência cardíaca, quando é 
dita divergente. Já a PD divergente costuma ocorrer no 
hipertireoidismo e insuficiência aórtica. 
Aferição da PA em populações especiais: ​em crianças, 
deve-se utilizar o manguito com comprimento adequado, 
tentar restringir os movimentos durante a aferição e 
evitar medir quando em choro, pois esse eleva a PA. Em 
idosos, é recomendado realizar a aferição também em 
ortostase e decúbito para verificar a hipotensão postural, 
além de que o endurecimento e esclerose das artérias 
pode provocar pseudo-hipertensão arterial, isso é, o 
valor obtido é maior que a PA real. Já em gestantes do 
terceiro trimestre, é importante realizar a aferição em 
decúbito lateral esquerdo. 
Principais erros na aferição: ​repetir as medidas sem dar 
intervalo de 1 minuto entre elas, falta de acuidade visual 
ou auditiva, verificar a PA sobre a roupa do paciente, 
não determinar a sistólica pelo método palpatório antes 
de iniciar o método auscultatório, colocação inadequada 
do manguito e preferência por estimação de valores com 
5 ou 0 (Ex.: 120, 135 etc.). Além disso, são comuns a 
instrução inadequada do paciente e a falta de calibração 
do instrumento. 
Valores da PA e variantes: ​o estagiamento da pressão 
arterial é feito em maiores de idade através das Diretriz 
Brasileira de Hipertensão Arterial. Porém, estimar 
valores como 120x80 como normais não é adequado 
considerando as variantes individuais. Em crianças, por 
exemplo, vigoram outras diretrizes que se baseiam no 
percentil, em mulheres, a pressão arterial tende a ser 
pouco menor que os homens, em negros, a pressão 
arterial costuma ser mais elevada. A pressão arterial 
também flutua conforme o sono, emoções, exercícios 
físicos e alimentação, o que orienta as recomendações 
antes da medição da pressão arterial. 
 
Doenças do Coração e Aorta 
Insuficiência cardíaca: uma síndrome caracterizada por 
redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo. Os 
pricipais sinais e sintomas são a ortopneia, a dispneia 
paroxística noturna e o ritmo de Cheyne-Stokes, mas 
também pode incluir síncopes, dor abdominal, insônia e 
depressão do humor. Ao exame físico é relevante 
observar cianose, tempo de enchimento de extremidades, 
presença de galope de B3, estertores finos ou grossos e 
sibilos pulmonares. Pode ocorrer pulso alternante. 
Insuficiência aórtica: ​dificuldade da valva aórtica fechar 
após a sístole, permitindo refluxo à diástole. Geralmente 
causada por causas adquiridas como aterosclerose e 
febre reumática. Em casos graves, pode levar a rápida 
falência do coração esquerdo, gerando sintomatologia da 
insuficiência cardíaca. Ao exame físico, destaca-se o 
deslocamento para baixo e para a esquerda do ictus 
cordis e sopro diastólico no foco aórtico ou no foco 
aórtico acessório que se irradia para a ponta do coração. 
Nos casos graves, pode gerar sopro sistólico de ejeção. 
Os sinais periféricos são: grande pressão diferencial, 
pulso capilar amplo, pulsações da base da língua (Sinal 
de Minervini), ampla pulsação das carótidas (danças das 
carótidas), pulso célere, duplo sopro da artéria femoral 
(sinal de Duroziez) e movimentos da cabeça que 
acompanham os batimentos cardíacos (Sinal de Musset). 
Estenose aórtica: ​ocorre na senilidade, em malformações 
congênitas ou na doença reumática. A condição se 
manifesta inicialmente com sintomas de hipertrofia de 
ventrículo esquerdo, até que esse começa a degenerar e 
há evolução para falência do ventrículo esquerdo. 
Mostram-se também angina peitoral e possivelmente 
síncope nos casos graves. Ao exame físico, há 
deslocamento para baixo e para esquerda do ictus, 
frêmito sistólico e se percebe um clique seguido de 
sopro sistólico, enquanto nos casos graves há 
desdobramento invertido de B2. 
Gabriel Torres e Beatriz Gonçalves→ Uncisal→ Med52→ Semiologia Cardiovascular 
Pulso alternante e pulso paradoxal: o pulso alternante é 
percebido durante a aferição da PA, quando se mantém 
a pressão em nível da primeira fase de Korotkoff e se 
percebe que a artéria radial alterna entre um pulso forte 
e um pulso fraco, indicando insuficiência do ventrículo 
esquerdo. Já o pulso paradoxal ocorre no enfisema 
pulmonar, pericardite e derrame pericárdico e é 
percebido com a redução de 10 mmHg na sistólica após 
a inspiração profunda. 
Insuficiência mitral: ​consiste no fechamento incompleto 
da valva mitral durante a sístole, promovendo refluxo 
para o átrio esquerdo, ocorrendo frequentemente apóso 
infarto agudo do miocárdio e febre reumática. Nota-se 
ictus cordis mais intenso, sopro sistólico em foco mitral 
com irradiação para a axila, além de cavalgamento de 
B4. Após anos de evolução, surgem sinais de congestão 
pulmonar como a dispneia. Diferentemente da 
insuficiência mitral por infarto, a da febre reumática gera 
cavalgamento de B3 e o sopro sistólico camufla B1. 
Estenose mitral: ​geralmente causada por febre 
reumática, é estratificada em leve, moderada e grave. Na 
estenose leve, há hiperfonese de B1 e sopro diastólico. 
Na estenose moderada, ocorre então palpitação e 
dispneia aos esforços, reflexo da congestão pulmonar. 
Na estenose grave há dispneia aos mínimos esforços e o 
sopro diastólico se mostra mais amplo e duradouro. 
Insuficiência tricúspide: ​geralmente decorre da 
hipertensão pulmonar. Percebe-se hipertrofia do 
ventrículo direito com desvio de ictus e sopro sistólico 
em foco tricúspide que aumenta com a inspiração. 
Prolapso mitral: ​ocorre pela entrada de uma ou duas das 
cúspides no átrio esquerdo. Ela gera arritmias e dor não 
anginosa, sendo que se percebe um clique mesossistólico 
no foco mitral, que deve ser diferenciado do sopro na 
insuficiência mitral. 
Cardiopatias congênitas: ​dentre as mais de 40 anomalias 
cardíacas congênitas, merecem destaque a comunicação 
interatrial (CIA), a comunicação interventricular (CIV), 
a persistência do canal arterial (PCA), a estenose 
pulmonar e a Tetralogia de Fallot. O quadro resume os 
principais achados do exame físico e as malformações. 
Hipertensão arterial: ​é uma síndrome marcada por 
elevação da pressão sistólica ou da diastólica. Ela é 
dividida em três graus, conforme os valores da pressão 
sistólica e da diastólica, há ainda a hipertensão sistólica 
isolada e a emergência hipertensiva, uma condição letal 
em que a sistólica ultrapassa 220 mmHg, exigindo 
tratamento imediato. A hipertensão arterial essencial é a 
que ocorre em mais de 90% dos indivíduos, sendo 
multifatorial e associada a hábitos alimentares, fatores 
genéticos, estilo de vida etc. É uma condição quase 
sempre assintomática, podendo apresentar algumas 
vezes cefaléia pela manhã ou zumbido. Já a hipertensão 
arterial secundária ocorre em decorrência de doenças 
renais, endócrinas ou vasculares, como insuficiência 
renal, hidronefrose e síndrome de cushing. 
Hipotensão arterial: ​a hipotensão arterial é considerada 
como a redução da pressão sistólica para níveis abaixo 
de 80 a 90 mmHg, sendo importante clinicamente 
apenas quando determina baixo débito cardíaco, como 
nos casos de choque cardiogênico, séptico ou 
hipovolêmico. A hipotensão postural é uma condição 
bastante comum que ocorre principalmente em idosos, 
causando episódios de síncope devido à ineficiência dos 
mecanismos de regulação da pressão. 
Doença Arterial Coronariana: ​a oxigenação miocárdica é 
feita através da razão oferta/consumo de O2 
respectivamente pelo leito coronário e pelos miócitos. 
Na vigência de um desequilíbrio dessa relação, ocorrem 
as insuficiências coronarianas que podem ser dos tipos: 
→ Isquemia silenciosa: ​consiste na comprovação de 
isquemia por testes mas sem manifestações clínicas. 
→ Angina estável: ​síndrome de obstrução crônica da 
artéria coronária que promove dor torácica após 
esforços, refeições volumosas ou emoções e melhora 
com o repouso após 30 segundos a 15 minutos. 
→ Angina instável: ​síndrome isquêmica que inclui a 
angina de repouso, podendo ser idêntica clinicamente ao 
infarto agudo do miocárdio. É causada por fissuras nas 
placas ateromatosas. 
→ Angina de Prinzmetal: ​consiste de uma síndrome que 
mimetiza a angina instável mas que apresenta elevação 
de segmento ST no Eletrocardiograma. 
→ Infarto Agudo do Miocárdio: ​consiste de uma necrose 
do miocárdio por isquemia intensa, por oclusão súbita de 
uma artéria coronária. Geralmente se caracteriza pela 
dor que não responde a nitritos, sendo necessário o uso 
de opióides para melhora da dor. Em alguns pacientes, 
como diabéticos, pode haver ausência da dor ou redução 
de sua intensidade. Também se observam sinais como 
sudorese profusa, mal-estar e ansiedade. Ao exame, há 
redução das bulhas cardíacas e tardiamente pode haver 
atrito pericárdico devido a uma pericardite reacional. 
Aneurisma de aorta: ​os aneurismas são dilatações do 
arco aórtico que podem ocorrer como sequela sifilítica 
ou, mais frequentemente, por aterosclerose. Quando em 
localização torácica, podem causar rouquidão, dispneia e 
disfagia, já que comprimem o nervo laríngeo recorrente, 
o esôfago, a traqueia e os brônquios. Também podem 
Gabriel Torres e Beatriz Gonçalves→ Uncisal→ Med52→ Semiologia Cardiovascular 
DOENÇA DEFEITO(S) CLÍNICA 
CIA Mal 
fechamento do 
septo interatrial 
- Desdob. de B2 
- Sopro sistólico em foco 
pulmonar pulmonar (borda 
esternal esquerda alta); 
- Casos graves: congestão 
pulmonar, dispnéia, déficit 
pondero estatural. 
CIV Mal 
fechamento do 
septo 
interventricular 
Hiperfonese de B2 em foco 
P, SS em 4 e 5 EIC , S Meso 
D em foco M e Congestão 
Pulmonar 
PCA Persistência do 
Canal Arterial 
B3, S contínuo em 1 e 2 EIC 
e S Meso D em Foco M 
ESTEN. 
PULM. 
Malformação 
das Valvas SL 
pulmonares 
Clique de ejeção, 
desdobramento de B2, SS 
em Foco P. Galope de B3 em 
casos graves 
FALLOT Aorta 
cavalgante, 
Atresia de VSP, 
Hiper. de VD e 
CIV 
Cianose, posição de cócoras, 
Hiperfonese de B2 em Foco 
T, SS em Área Pulmonar 
causar dor intensa e gerar sopros contínuos audíveis. Se 
na aorta abdominal, em geral são vistos como massas 
pulsáteis que podem gerar frêmitos. O rompimento 
desses aneurismas gera a dissecção da aorta, que, se 
torácica, pode simular a dor de um infarto, sendo 
importante realizar um diagnóstico por imagem. 
 
As artérias são vasos sanguíneos com parede mais 
espessa em relação às veias, possuindo maior resistência 
para tolerar a pressão com que são ejetadas para a 
circulação sistêmica. A função primordial da maioria 
desses vasos é a de levar o sangue oxigenado para a 
periferia. Em geral, não possuem valvas. 
Anamnese 
Doenças como arterite de Takayasu acometem 
principalmente mulheres, enquanto que outras como a 
tromboangiite obliterante, predomina em homens. As 
condições ateroscleróticas ocorrem principalmente em 
indivíduos acima dos 40 anos. Algumas doenças 
possuem relação étnica, como a arterite de Takayasu, 
que predomina em mexicanos e asiáticos e a anemia 
falciforme, que predomina em negros. É importante 
indagar acerca de antecedentes como aterosclerose, 
hipertensão arterial e Diabetes, além de antecedentes de 
traumas, fraturas e lesões por arma de fogo. Também é 
importante questionar acerca de fatores de risco como 
tabagismo, sedentarismo e alimentação hiperlipídica. 
Sinais e Sintomas 
Dor: ​a dor arterial pode cursar com aperto, queimação, 
cãimbra e parestesia. A dor mais comum é a claudicação 
intermitente, que inicialmente surge com esforços 
físicos, mas com o agravar pode ser constante, inclusive 
no repouso. Nos casos em que a dor é constante, há piora 
com o decúbito e melhora parcial com a posição sentada, 
sendo que o toque pode piorar a dor no local. 
Palidez: ​ocorre quando há redução do fluxo sanguíneo 
cutâneo, ocorrendo de oclusão ou espasmo arterial. 
Eritrocianose:​coloração arroxeada que surge na 
isquemia intensa, precedendo a gangrena. 
Rubor: ​coloração avermelhada causada por 
vasodilatação do leito arterial e capilar. 
Fenômeno de Raynaud: alteração caracterizada por 
palidez, cianose e rubor em sequência. Isso ocorre 
devido ao espasmo capilar, que promove redução do 
fluxo e consequente palidez. Após, há constrição das 
vênulas, maior uso do oxigênio e redução na saturação 
de O2 causando cianose. Após isso, há vasodilatação, 
provocando rubor. O fenômeno se associa a condições 
do sistema conjuntivo, afecções hematopoéticas e do 
sistema nervoso. Recebe destaque a Esclerose Sistêmica, 
manifesta na forma de síndrome de Raynaud. 
 
Livedo reticular: ​ocorre quando há áreas de cianos que 
circundam regiões de palidez. É causado por constrição 
arteriolar, seguido de dilatação de capilares e vênulas, 
sendo resultante de condições idiopáticas. 
Acrocianose: ​consiste da cianose persistente de 
extremidades, associada À hipotermia. É uma condição 
idiopática, que provavelmente decorre de uma disfunção 
do sistema nervoso ou hipersensibilidade ao frio. 
Eritromelalgia: ​consiste na ruborização de extremidades, 
decorrente de vasodilatação arteriolar anormal. É 
associada a dor e sensação de queimação em crises 
paroxísticas. Pode ser primária ou secundária ao etilismo 
crônico, gota, lúpus eritematoso e outras condições. 
Frialdade da pele: ​a temperatura cutânea depende da 
vascularização, dessa forma, em condições em que há 
obstrução arterial, há frialdade abaixo do local da 
obstrução. A frialdade é mais evidente caso a obstrução 
seja aguda, devido à menor circulação colateral. 
Alterações tróficas: surgem devido a arteriopatias 
prolongadas e incluem as calosidades, a queda de pelos, 
atrofia das unhas e da pele, além de úlceras de 
cicatrização dificultada, bolhas e gangrena. A atrofia da 
pele a torna lisa e brilhosa, já as calosidades surgem em 
pontos de pressão e tendem a ulcerar. 
 
Úlceras são lesões pequenas ou extensas que 
predominam nas polpas digitais e regiões periungueais, 
essas ulcerações são mais dolorosas e pioram à noite, já 
que o decúbito reduz a ação da gravidade na distribuição 
sanguínea. Em diabéticos e hansenianos, essas úlceras 
apresentam contornos nítidos, costumam ser indolores 
(acometimento nervoso das doenças) e podem supurar. 
A arteriosclerose na hipertensão arterial persistente 
também pode gerar úlceras na região anterior da perna. 
 
Gabriel Torres e Beatriz Gonçalves→ Uncisal→ Med52→ Semiologia Cardiovascular 
SISTEMA ARTERIAL 
Tipos de claudicação: quando a claudicação é 
neurológica, o paciente piora com a caminhada mas 
melhora ao sentar, pois isso descomprime a raiz 
estirada. Quando é arterial, o simples repouso pode 
aliviar a dor, que se ignorada é incapacitante e pode 
levar à queda. Quando venosa, a dor é menor e não é 
incapacitante quanto nos anteriores, a forma de alívio é 
através da elevação do membro acometido. 
Lesões bolhosas surgem em oclusões agudas e são 
indicativas de acometimento grave da pele. A gangrena 
consiste de uma lesão causada por morte tecidual, se 
dando por isquemia intensa aguda ou crônica, ela pode 
ser úmida quando acompanhada de sinais flogísticos e 
secreção serossanguinolenta ou seropurulenta, sendo 
muito comum em diabéticos, ou seca, quando é bem 
delimitada, produz dor apenas na sua instalação mas 
evolui de forma indolor. Ocorre na arteriosclerose 
obliterante ou tardiamente na oclusão arterial aguda. 
Edema: ​ocorre por maior permeabilidade do endotélio 
devido à isquemia e possível trombose associada. 
Exame Físico 
Inspeção: atentam-se para lesões de pele como cianose, 
rubor e manchas, sinais de assimetria dos membros, 
alterações ungueais, ulcerações, calosidades e micoses 
interdigitais, comuns em diabéticos. Batimentos arteriais 
também podem ser visto em alguns casos de hipertensão, 
fístulas arteriovenosas e arteriosclerose. 
Palpação: deve-se avaliar a temperatura cutânea, 
valendo-se da regra de que afecções arteriais costumam 
ser frias. Observar a elasticidade da pele, reduzida em 
colagenoses como Lúpus Eritematoso Sistêmico e em 
isquemias crônicas, observar a umidade da pele, em que 
a xerodermia pode indicar diabetes ou hanseníase Por 
fim, avalia-se a presença de frêmitos, que consistem na 
sensação tátil de sopros e podem ser percebidos em 
estenoses, aneurismas ou malformações arteriovenosas, 
graduando o achado em cruzes de 1 a 4 (+ a ++++). 
Palpação dos pulsos: ​os pulsos arteriais periféricos 
devem ser palpados e graduados em um sistema de 
cruzes em que 0 indica ausência de pulso, + indica um 
pulso fraco e ++ indica um pulso normal, sendo também 
comum utilizar os termos pulso filiforme e pulso cheio. 
Rotineiramente, são palpadas as artérias carótidas, 
braquiais, radial, ulnar, aorta abdominal, femoral 
comum, poplítea, tibial posterior e pediosa. 
→ Pulso radial: ​palpado próximo ao processo estilóide 
do rádio, sendo bastante superficial. Utilizam-se os 
dedos indicador e médio realizando pressão suave. O 
exame desse pulso deve seguir 7 passos. 
⇒ Estado da parede arterial: ​uma parede tortuosa 
irregular e que não deprime facilmente indica a 
mediosclerose de Mönckberg. 
⇒ Frequência: ​a frequência normal (normosfigmia) é 
entre 60 e 100 batimentos por minuto, acima disso há 
taquisfigmia, que pode indicar hipovolemia ou febre, 
enquanto a bradisfigmia é comumente relacionada a 
causas infecciosas como hipertensão intracraniana e 
cardíacas como bradicardia sinusal e bloqueio de ramo. 
⇒ Déficit de pulso: ​ocorre quando há diferença entre a 
frequência cardíaca e a frequência do pulso arterial, que 
ocorre comumente em extrassístoles ventriculares e 
fibrilação atrial. 
⇒ Ritmo: ​o ritmo pode ser regular ou irregular. Dentre 
os ritmos irregulares, a arritmia sinusal é fisiológica e se 
correlaciona com a respiração, que promove o aumento 
das pulsações durante a inspiração; enquanto as 
extrassístoles s~qo identificadas comumente pela pausa 
que promovem após um batimento precoce, já no 
bloqueio atrioventricular de segundo grau, percebe-se 
uma irregularidade no pulso, pois nem todos os impulsos 
elétricos atriais são conduzidos; finalmente, na fibrilação 
atrial, costuma haver déficit de pulso ou ritmo irregular 
que se altera a todo instante. 
⇒ Amplitude: ​um pulso pode ser amplo (​magnus)​, 
médio ou pequeno (​parvus) e essa característica reflete o 
enchimento deste durante o ciclo cardíaco, condições 
como a insuficiência aórtica cursam com pulso amplo, 
enquanto estenoses cursam com pulso pequeno. 
⇒ Tensão: ​a tensão ou dureza do pulso consiste da força 
necessária para cessar seu fluxo e depende da pressão 
diastólica. Assim, um pulso duro implica grande 
necessidade de força e se associa a hipertensão arterial. 
⇒ Tipo de onda: ​as ondas podem ser normais, céleres ou 
em martelo d’água (quando aparecem e somem 
rapidamente, como na insuficiência aórtica e anemias 
graves), anacrótico (no qual se percebe uma pequena 
onda dentro da onda ascendente, como na insuficiência 
aórtica), dicrótico (em que há duas ondas consecutivas, 
comum em doenças febris, pulso bisferiens (em que há 
duas ondas amplas, ocorrendo na estenose associada ainsuficiência aórtica), pulso alternante (um pulso forte se 
alterna com um fraco, comum na insuficiência do 
ventrículo esquerdo), filiforme (pulso mole e pouco 
intenso que é um sinal de choque) e paradoxal (há 
redução do pulso com a inspiração, que é bem 
caracterizada por redução da pressão sistólica durante a 
inspiração profunda, ocorre na pericardite constritiva). 
⇒ Comparação: ​a assimetria entre os pulsos pode se 
relacionar com afecções de um dos vasos ou da própria 
aorta, devido a uma estenose. 
 
→ Pulso carotídeo: ​é palpada suavemente na borda 
anterior do esternocleidomastóideo. Não deve se palpar 
as duas carótidas ao mesmo tempo sob risco de isquemia 
cerebral, e também não se deve comprimí-las, pois isso 
pode desencadear o reflexo do seio carotídeo, levando à 
bradicardia e, em casos extremos, à parada cardíaca. 
 
→ Pulso temporal superficial: ​é palpado acima da 
articulação temporomandibular e à frente do trago. 
 
Gabriel Torres e Beatriz Gonçalves→ Uncisal→ Med52→ Semiologia Cardiovascular 
→ Pulso subclávio: ​palpada na fossa supraclavicular, 
sendo difícil identificá-lo em brevilíneos e obesos. 
 
→ Pulso axilar: ​palpada comprimindo o colo umeral 
contra a axila com o braço abduzido. 
→ Pulso braquial: ​é palpada lateralmente no ⅓ distal do 
braço, na região do sulco bicipital, com o cotovelo 
fletido suavemente. 
 
→ Pulso ulnar: ​é palpado na região medial do antebraço, 
entre os músculos flexor superficial, profundo e ulnar do 
carpo, sendo um pulso mais profundo. 
 
→ Pulso aórtico abdominal: ​ela é explorada entre o 
processo xifóide e a cicatriz umbilical, através de 
compressão bimanual. Ela é relativamente inacessível 
em obesos e musculosos. A presença de pulsação abaixo 
da cicatriz umbilical pode indicar aneurisma 
 
→ Pulso ilíaco: ​é palpado com o paciente em decúbito 
dorsal, na linha que vai da cicatriz umbilical ao 
ligamento inguinal. Sua palpação é difícil em obesos e 
musculosos. 
 
→ Pulso femoral: ​é aferido abaixo do ligamento inguinal 
em sua porção mediana, porém com pouca compressão. 
Os frêmitos são comuns em placas de ateroma. 
 
→ Pulso poplíteo: ​é um pulso que pode ser palpado 
tanto com o paciente em decúbito dorsal quanto em 
decúbito lateral direito, sendo um pulso bastante difícil 
de se palpar em musculosos ou obesos. 
 
→ Pulso tibial anterior: ​é palpada no terço distal da 
perna com o joelho em leve flexão, colocando o paciente 
passivamente em dorsiflexão. 
→ Pulso pedioso: ​geralmente é palpada entre o primeiro 
e segundo metatarsos, apresentando-se superficial. 
 
→ Pulso tibial posterior: ​é palpada posteriormente ao 
maléolo medial, com leve flexão do joelho. 
 
Ausculta: ​serve para identificar sopros, que devem ser 
classificados em 1 a 4 cruzes (+ a ++++). Sopros de 
pequena intensidade são exacerbados pelo exercício. Os 
sopros sistólicos indicam estenoses, enquanto que os 
sopros contínuos indicam fístulas arteriovenosas. 
Avaliação do fluxo arterial nos membros inferiores: 
→ Prova da marcha: ​utilizada nos pacientes com 
claudicação, é utilizada para verificar o tempo de 
claudicação (tempo para que sinta a dor) e o tempo de 
incapacidade funcional, auxiliando a graduar a condição. 
→ Isquemia provocada: ​inicialmente se observa a 
coloração dos pés do paciente. Após isso, esse ergue as 
pernas em um ângulo de noventa graus por um minuto e 
se verifica se há regiões pálidas que denotam isquemia. 
A prova pode ser sensibilizada por movimentos 
alternados de dorsiflexão e dorsi extensão. Após isso, o 
paciente baixa as pernas e se observa o tempo para que 
haja recoloração da perna (normalmente de 5 a 12). 
Quando há isquemia, geralmente o pé não recobra a 
coloração normal, apenas áreas vermelho-vivas. 
→ Manobra da hiperemia reativa: ​prossegue-se de 
maneira semelhante à anterior, porém, se mantém o 
membro elevado por 3 minutos. A partir daí, é colocado 
um manguito que se insufla até acima da pressão 
sistólica por 3 minutos e depois é desinsuflado 
rapidamente. No indivíduo normal, todo o pé recobra 
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uma coloração avermelhada em no máximo 2 minutos, 
enquanto no indivíduo com algum estreitamento, isso 
pode levar até 30 minutos. Tanto essa quanto a manobra 
anterior podem ser adaptadas para realização nos 
membros superiores, com a mesma interpretação. 
→ Manobra do enchimento venoso: ​o paciente inicia a 
manobra sentado, quando se avalia o enchimento das 
veias do membro inferior. Após isso, eleva o membro 
por 3 minutos, esvaziando as veias superficiais. Então, 
solicita-se que o paciente sente rapidamente e se verifica 
o tempo para o enchimento venoso, que deve ser de 10 
segundos. É limitada em indivíduos com varizes. 
Avaliação do fluxo arterial nos membros superiores: 
→ Manobra de Adson: ​é utilizada no diagnóstico de 
compressão da artéria subclávia,. Inicialmente, a artéria 
subclávia é auscultada e o pulso radial palpado. Após 
isso, o paciente inspira profundamente, estende o 
pescoço e rotaciona para o lado examinado. Caso haja 
compressão por uma costela, ligamento ou músculo 
escaleno anterior, o pulso radial será reduzido/abolido e 
haverá sopro da artéria subclávia. 
→ Manobra costoclavicular: ​usada para detectar 
compressão da subclávia em nível do espaço 
costoclavicular. Após a ausculta e palpação inicial, o 
paciente inspira e retrai bruscamente os ombros em 
posição militar exagerada. Caso surja sopro ou haja 
redução do pulso radial, há indicação de compressão. 
→ Manobra costoclavicular passiva: ​o paciente é 
colocado em abdução e flexão a noventa graus do 
cotovelo, enquanto se palpa o pulso radial. Após isso, o 
braço do paciente é rodado para trás bruscamente e se 
observa redução do pulso em caso de compressão. 
→ Manobra de Hiperabdução: ​observa a compressão da 
artéria axilar pelo músculo peitoral menor. inicialmente 
o pulso radial é palpado e se solicita para que realize 
hiperabdução, se houver redução na amplitude, é 
indicativo de compressão. 
→ Manobra de Allen: ​são seguradas as artérias radial e 
ulnar do paciente e se solicita que realize extensão e 
flexão do punho repetidas vezes até se observar 
isquemia. Após isso, solta-se a artéria ulnar e se observa 
a reperfusão do membro. Caso deficiente, pode indicar 
uma variação anatômica ou uma oclusão crônica daquela 
artéria. Nesses casos, não se deve utilizar a artéria radial 
para cateterismos ou punções arteriais, visto que ela é 
essencial na perfusão da mão. 
 
 
Doenças das Artérias 
Oclusão arterial aguda nos membros: ​são condições 
caracterizadas por dor, parestesia, paralisia, contratura 
muscular, bolhas e ausência de pulsos distais. A dor 
costuma progredir conforme o comprometimento de 
estruturas, até que haja ausência de estruturas sensíveis. 
Já a palidez pode dar lugar à cianose, que, quando 
difusa, indica necrose irreversível do membro. A frieza 
de extremidade, bem como a ausência de pulso são 
sinais claros de condições arteriais, que se diferenciam 
de oclusões venosas, que são geralmente quentes. 
Doença Arterial Obstrutiva Periférica: ​a DAOP é uma 
condição comum em membros inferiores e os sintomas 
dependem

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