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IMPACTOS DAS FAKE NEWS NO CAMPO DA SAÚDE NO CENÁRIO DA PANDEMIA DA COVID-19

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CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA 
CURSO DE FARMÁCIA 
 
ADRIELLE LIMA COSTA 
CAROLINE SANTOS PEREIRA 
FERNANDA DE FRANÇA GENUÍNO RAMOS CAMPOS 
PAULA THAYSE RAMOS DA CRUZ 
RAFAEL COSTA RODRIGUES DE OLIVEIRA 
 
 
 
IMPACTOS DAS “FAKE NEWS” NO CAMPO DA SAÚDE NO CENÁRIO DA 
PANDEMIA DA COVID-19 
 
 
 
 
CAMPINA GRANDE 
2020 
 
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA 
CURSO DE FARMÁCIA 
 
ADRIELLE LIMA COSTA 
CAROLINE SANTOS PEREIRA 
FERNANDA DE FRANÇA GENUÍNO RAMOS CAMPOS 
PAULA THAYSE RAMOS DA CRUZ 
RAFAEL COSTA RODRIGUES DE OLIVEIRA 
 
 
 
Paper entregue ao componente curricular 
Metodologia Científica, do curso de Farmácia, da 
Universidade Estadual da Paraíba, como pré-
requisito para obtenção da nota referente a II 
Unidade. 
Docente: Profª Dra. Monalisa Ribeiro Gama 
 
 
 
CAMPINA GRANDE 
2020 
2 
 
[Digite aqui] 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 5 
2. A NOVA PANDEMIA DA COVID-19: AMBIENTE PROPÍCIO À 
DESINFORMAÇÃO ..................................................................................................... 6 
2.1 Caracterização da desinformação ...................................................................... 7 
2.2 Desinfodemia: como se propaga e obtém aceitação popular? .......................... 9 
2.3 Impactos sociais e de saúde pública da desinformação durante a pandemia . 10 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 14 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 15 
 
 
3 
 
[Digite aqui] 
 
RESUMO 
 A pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) tem sido pauta de amplas 
discussões e debates desde seu surgimento, uma vez que com ela trouxe também a 
necessidade por informações que antes eram desconhecidas. No entanto, essa 
popularização repentina ocasionou também uma crescente circulação de boatos e 
notícias falsas, as chamadas “Fake News”, que tornaram a disseminação de 
conhecimento e informações verdadeiras um grande desafio. Com o intuito de 
assegurar uma contribuição científica sobre o tema, o presente trabalho tem como 
objetivo apresentar uma análise e reflexão acerca dos impactos das Fake News sobre 
o novo coronavírus no campo da saúde, bem como nos âmbitos comportamentais e 
sociais em tempos de pandemia. Foram feitas análises bibliográficas de caráter 
exploratório e descritivo a partir de diversos estudos envolvendo a temática, que 
evidenciaram o porquê dessas notícias falsas obtém aceitação popular e como elas 
podem trazer diversas consequências graves. Como resultado, viu-se a necessidade 
de apresentar formas de combate à desinformação que estimulem o senso crítico da 
população e aumente o acesso a informações confiáveis acessíveis para a toda a 
sociedade. 
Palavras-chave: COVID-19. Fake News. Desinformação. Infodemia 
 
ABSTRACT 
The pandemic of the new coronavirus (Sars-CoV-2) has been the subject of extensive 
discussions and debates since its emergence, considering it also brought the need for 
information that was previously unknown. However, this sudden popularization also 
caused an increasing circulation of rumors and false news, the so-called “Fake News”, 
which made the dissemination of true knowledge and information a great challenge. In 
order to ensure a scientific contribution to the topic, this paper aims to present an 
analysis and reflection on the impacts of the Fake News about the new coronavirus in 
the health field, as well as in the behavioral and social spheres in times of pandemic. 
Exploratory and descriptive bibliographic analyzes were made from several studies 
involving the theme, which showed why these fake news get popular acceptance and 
how they can bring tragic consequences. As a result, there was a need to present ways 
4 
 
[Digite aqui] 
 
to combat disinformation that stimulate the critical sense of the population and increase 
access to reliable information to the whole society. 
Key words: COVID-19. Fake News. Disinformation. Infodemia 
 
5 
 
[Digite aqui] 
 
1. INTRODUÇÃO 
A Covid-19 é uma doença infecciosa causada pelo agente etiológico 
coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2). A infecção 
detectada em dezembro de 2019 em Wuhan, na China, apresentou um espectro 
clínico variando de pacientes assintomáticos a pacientes com quadros sintomáticos e 
graves. Seu contágio rápido desencadeou, um mês depois, uma pandemia de caráter 
emergencial internacional, sendo necessárias ações de promoção da saúde para 
contenção da transmissão do vírus. Nesse sentido, possibilitar o acesso e a difusão 
de informações, relacionadas à doença e a sua transmissão, se configura como uma 
das medidas mais importantes para a promoção da saúde e, consequentemente, para 
a contenção do vírus. Entretanto, a popularização das chamadas "fake news", 
traduzidas como notícias falsas, tornam a disseminação de conhecimento e 
informações verdadeiras um desafio. 
Com a crescente democratização do conhecimento, mediante o advento da 
internet, o acesso e a disseminação das informações ocorrem de forma rápida e em 
grandes proporções, não sendo possível avaliar a qualidade e a veracidade das 
informações, o que, em um contexto pandêmico, pode ser letal. Mediante a influência 
desse fenômeno, a Organização Mundial de Saúde (OMS), desde janeiro de 2020, 
utilizou-se do termo "infodemia" para indicar a propagação de informações em massa, 
muitas delas falsas, sobre a pandemia do coronavírus. Posteriormente, a A 
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, 
2020) classificou a avalanche de desinformações sobre o covid-19 como 
"desinfodemia", em virtude da grande repercussão negativa à sociedade. Assim, 
torna-se de extrema importância o estudo dos impactos das fake news no campo de 
saúde no cenário da pandemia do Covid-19. 
Dessa forma, o presente trabalho objetiva-se identificar e analisar os impactos 
da disseminação desenfreada de desinformações, ao responder às seguintes 
questões: De que modo as fake news obtém aceitação popular? Há uma 
caracterização de informações falsas? Até onde alcançam as consequências da 
desinfodemia na sociedade? Portanto, pretende-se, nesse estudo, caracterizar, 
analisar e discorrer os resultados obtidos através de revisões bibliográficas, 
associando-as entre si e destacando padrões relevantes, a fim de descrever 
6 
 
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sistematicamente o problema, seus fatores causais e consequências; e a avaliação 
final dos resultados, formulando uma explicação hipotética e um quadro de possíveis 
intervenções à problemática apresentada. 
Em suma, busca-se com esse estudo de caráter bibliográfico refletir a 
importância da responsabilidade social e civil na contenção da “pandemia” de 
desinformação que, em um contexto de vulnerabilidade social, pode ser tão letal 
quanto à pandemia do coronavírus. 
Assim, o estudo dar-se-á a partir da análise bibliográfica, de caráter exploratório 
e descritivo, utilizando-se como aporte teórico os estudos de: AHMED et al.; APUKE 
e OMAR; ERKU et al.; GALHARDI et al.; ISLAM et al.; NETO et al.; POSETTI e 
BONTCHEVA; ROVETTA e BHAGAVATHULA; SOLTANINEJAD; SOUSA JÚNIOR et 
al.; TASNIM et al.; e VAN BAVEL. Toda a bibliografia encontrada teve sua publicação 
e divulgação no ano de 2020, com exceção da obra de Van Bavel, publicada no ano 
de 2018. 
A busca aconteceu mediante pesquisa na plataforma de busca Google 
Acadêmico, usando as palavras-chaves “COVID-19”, “infodemia”, “desinformação”, 
“Fake News”, “impacto”, “saúde”, “pública”, bem como a contraparte destes termos na 
língua inglesa. Seis artigos redigidos em idioma estrangeiro foram traduzidos 
propriamente, de forma livre, atravésde conhecimento próprio da linguagem e uso 
crítico da ferramenta Google Tradutor. 
 
2. A NOVA PANDEMIA DA COVID-19: AMBIENTE PROPÍCIO À 
DESINFORMAÇÃO 
É indubitável o aumento considerável de acesso às redes sociais e a internet 
no período da pandemia: além do isolamento social que força as pessoas a ficarem 
em casa, a necessidade de se conectar à Internet para trabalhar ou realizar outra 
tarefa necessária aumentou ainda mais o tráfego online. Já se sabe que a Internet 
tornou-se um ambiente onde ser afetado por notícias de caráter duvidoso é muito fácil. 
Conforme aponta Delmazo e Valente, 
7 
 
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Notícias falsas, histórias fabricadas, boatos, manchetes que são isco 
de cliques (as chamadas clickbaits) não são novidade. A diferença do 
atual contexto é o potencial de circulação das chamadas fake news no 
ambiente online, sobretudo em virtude do uso das redes sociais digitais. 
(2018, p.156) 
 
No atual cenário, com o aumento de pessoas acessando a Internet juntamente com o 
surgimento da COVID-19, a propagação de tais notícias tornou-se considerável. 
Dessa forma, torna-se necessário entender os formatos da desinformação e como ela 
se propaga, obtendo aceitação popular. 
2.1 Caracterização da desinformação 
 Como supracitado, em paralelo a pandemia do COVID-19, uma enxurrada de 
informações sobre a doença fora propagada, o que foi chamado pela OMS de 
"infodemia", sendo muitas dessas informações falsas. A UNESCO (2020) chamou 
esse conjunto de informações falsas de "desinfodemia" propondo que o acesso à 
informação de qualidade empodera os indivíduos, atuando na construção das 
"sociedades do conhecimento", enquanto que a desinformação retira esse poder, 
atuando em prol da banalização da verdade e da desvalorização dos estudos 
científicos. 
Acerca disso, a UNESCO, através de uma pesquisa documental, elaborada 
pelos autores Posetti e Bontcheva (2020), realizou a formulação de um resumo de 
políticas nomeado "Desinfodemia: Decifrar a desinformação sobre a COVID-19" em 
que analisa a ameaça da desinformação, desvendando nove temas essenciais e 
quatro formatos principais da desinfodemia. 
Os principais meios de veiculação de informações falsas são em forma de 
textos, imagens, vídeos e áudios, principalmente nas redes sociais, tais informações 
podem vir acompanhadas de informações verídicas, o que facilita a aceitação popular. 
Entre as principais finalidades da desinfodemia inclui-se: fins políticos, econômicos, 
racistas, xenofóbicos, sexistas e outros; frequentemente incentivando a polarização e 
o discurso de ódio. 
8 
 
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Segundo os autores, os quatro principais formatos das desinformações são: a 
construção de narrativas emotivas ou memes; a fabricação de sites e falsas 
personalidades autorizadas, a fraude de imagens e vídeos fabricados ou 
descontextualizados e; a infiltração de desinformação e campanhas orquestradas, 
geralmente incluindo antagonismo de contas autônomas (bots). 
Tais desinformações criam uma confusão e desconfiança generalizada 
socialmente e frequentemente são difíceis de conter se espalhados em aplicativos de 
mensagens fechadas como o Whatsapp, sendo de extrema importância a 
conscientização da população acerca dessa ameaça. 
Ademais, foram identificados, também pelos autores, nove temas essenciais 
da desinfodemia. Sendo comum a veiculação de informações falsas acerca da origem 
e disseminação do coronavírus, como a ideia falsa de que o coronavírus foi espalhado 
por meio de torres de 5G ou, associado o uso do termo xenofóbico, "vírus chinês". 
Além dessas, há inúmeras inverdades acerca da ciência médica, incluindo os 
sintomas, diagnóstico e tratamento do covid-19, como a ideia de que o consumo de 
determinadas substâncias, como etanol e metanol podem auxiliar no combate à 
doença, gerando inúmeros impactos letais. No Irã, por exemplo, cerca de 300 pessoas 
já morreram e mais de mil estão doentes por ingestão de metanol, segundo site da 
Uol: “O medo da covid-19, combinado com desconfiança e desinformação, levou 
centenas de pessoas a consumir o metanol.” (2020)1. Também não são raras as fake 
news envolvendo estatísticas falsas acerca da incidência da doença e as taxas de 
mortalidade, mediante distorção de dados (UNESCO, 2020). 
Outras temáticas comuns referem-se aos impactos na sociedade e no meio 
ambiente, bem como acerca de impactos econômicos do isolamento social, além de 
informações falsas destinadas a fins políticos como fazer alegações infundadas sobre 
a provável duração da pandemia ou igualar a COVID-19 a gripe. Há também temas 
associados a desinformação política como a disseminação de descredibilidade de 
certos veículos de informação. Por fim, foi verificado também a presença de 
desinformações direcionadas a ganhos financeiros fraudulentos, além de histórias 
 
1 Link da matéria: < https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2020/03/27/ira-veneno-
coronavirus.htm>. Acessado em 16 de Novembro de 2020. 
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2020/03/27/ira-veneno-coronavirus.htm
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2020/03/27/ira-veneno-coronavirus.htm
9 
 
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falsas sobre figuras influentes como atores supostamente diagnosticados com 
COVID-19. 
 2.2 Desinfodemia: como se propaga e obtém aceitação popular? 
Com o cenário de pandemia, além do crescimento do tráfego online, as 
pessoas passaram a procurar na internet informações relacionadas ao vírus. Com 
estas buscas, o usuário se tornou ainda mais propício a ser afetado por notícias falsas 
ou enganosas. Nessa perspectiva, os estudos realizados por Rovetta e Bhagavathula 
em pesquisa intitulada “COVID-19-Related Web Search Behaviors and Infodemic 
Attitudes in Italy: Infodemiological Study”, duranteaneiro até Março de 2020, 
mostraram que no ápice da pandemia na Itália, buscas por máscaras faciais, boletins 
de saúde, vacinas e sintomas do novo coronavírus tiveram um grande aumento. 
Nesse sentido, a busca por informação na Internet na mesma medida que pode ser 
útil, pode também ser prejudicial, tornando o usuário extremamente passível de ser 
afetado por notícias falsas, que podem colocar em risco tanto a integridade física dele 
próprio, quanto das pessoas que o cercam. 
Acerca dessa temática, o estudo feito por Apuke e Omar (2020) no artigo 
"Modelling the antecedent factors that affect online fake news sharing on COVID-19: 
the moderating role of fake news knowledge" demonstraram preditores significativos 
que explicam como as desinformações se propagam e são aceitas socialmente, sendo 
eles: O impacto do laço social; a ideia do rebanho; a busca de informações e; a 
interação parassocial. Como conclusão da pesquisa, destaca-se o laço social como 
um dos maiores fatores de confiabilidade de uma informação, uma vez que ao receber 
notícias compartilhadas por familiares, frequentemente os usuários confiavam, sem 
verificar tais informações. 
Além desse fator que justifica o poder de aceitabilidade das fake news, 
sustenta-se a ideia do "rebanho", em que uma mensagem é tida como confiável 
quando obtém muitos compartilhamentos. Outrossim, a dependência das redes 
sociais para obtenção de informações sobre o COVID-19 se mostra também um dos 
fatores preditores para o compartilhamento de desinformações, uma vez que a 
vulnerabilidade da busca incessante de informações acerca do vírus, na tentativa de 
10 
 
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combater a doença, frequentemente culmina no compartilhamento de notícias falsas 
em plataformas como o Whatsapp e Facebook. 
Por fim, Apuke e Omar (2020) indicaram também que a interação parassocial 
tem grandes impactos na aceitação de desinformações, uma vez que relações 
parassociais são aquelas em que os indivíduos estabelecem entre pessoas famosas, 
celebridades ou influenciadores, vendo-as como um guia ou modelo de 
comportamento para seguir.Nesse sentido, os discursos de figuras públicas na 
sociedade são extremamente importantes, podendo atuar no fortalecimento ou não da 
noção de responsabilidade social e civil e influenciar definitivamente no período de 
pré-patogênese em uma pandemia. 
Em conformidade, Van Bavel (2020) em seu estudo "The Partisan Brain: An 
Identity-Based Model of Political Belief" concluiu que há uma tendência de busca pelos 
indivíduos de informações que reafirmam sua visão de mundo, culminando na 
formação de bolhas ideológicas. Nessa lógica, pode-se refletir que a desinformação 
obtém aceitação na sociedade uma vez que está intimamente ligada com o fenômeno 
de pós-verdade, onde, os apelos à emoção e às crenças pessoais fornecem mais 
influência na formação da opinião pública que o uso da razão e dedução. 
2.3 Impactos sociais e de saúde pública da desinformação durante a pandemia 
Tendo em vista as informações descritas acima, é possível começar uma 
reflexão sobre como a divulgação de conteúdo criado com intenção maliciosa pode 
afetar o desempenho de determinada população em várias áreas, especialmente na 
questão da saúde pública. Diversos pesquisadores já descreveram casos onde 
houveram consequências graves da propagação de inverdades, assim como outros 
grupos começaram análises mais investigativas e críticas. Através da nossa pesquisa 
bibliográfica, encontramos autores que dissertam sobre esses impactos em seus 
trabalhos. 
O período da pandemia forçou as pessoas a ficarem em casa, aumentando 
consequentemente o acesso às redes sociais. A velocidade que as notícias falsas 
viajam é extremamente rápida, e discussões iniciadas por um único usuário podem 
11 
 
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provocar uma epidemia de desinformação, sendo sustentada por fontes não 
confiáveis - tais como vídeos e sites de teoria da conspiração. 
A exemplo do poder e dos impactos da desinformação, Ahmed e colaboradores 
(2020) em seu trabalho “COVID-19 and the 5G Conspiracy Theory: Social Network 
Analysis of Twitter Data” estudaram eventos relacionados a um acontecimento no 
Reino Unido. Um único usuário conseguiu impulsionar a divulgação de teorias da 
conspiração, afirmando que o novo coronavírus era espalhado por meio de torres de 
5G, o que por consequência, resultou na depredação e o incendiamento de torres em 
diversas partes do Reino Unido. 
Através da análise de dados do Twitter por social network graph clusters, 
coletados entre 27 de março a 4 de abril de 2020, no qual, esta desinformação 
circulava na rede social mais intensamente, Ahmed et al. (2020) constatam a 
incapacidade do Twitter de lidar com fontes de desinformação deste tipo. Além disso, 
comprovam que a atração de grande volume de usuários, mesmo com a intenção de 
refutar ou até zombar do assunto, contribui para maior dispersão do conteúdo falso. 
Os autores sugerem o uso de intervenções para reportar inverdades dentro da própria 
plataforma, bem como a atuação de jornais e profissionais de saúde na mitigação e 
prevenção da divulgação de inverdades como esta. 
No estudo, já previamente citado, investigando a influência da desinformação 
no comportamento popular por Rovetta e Bhagavathula (2020), mais uma 
preocupação é destacada através de resultados adicionais encontrados. Os 
pesquisadores detectaram “infodemic monikers” circulando por cidades e regiões da 
Itália: marcadores de informações errôneas que incitam má interpretação, indicam a 
propagação de inverdades, racismo e outros atributos com o potencial de confundir o 
público em geral. O estudo buscou estes marcadores com maior prioridade em jornais 
bastante lidos e sites do governo. 
Rovetta e Bhagavathula (2020) observaram um aumento considerável na 
busca por termos xenofóbicos, tais como “vírus da China”, “vírus Chinês” e “vírus de 
Wuhan”, encontrados principalmente no interior do país nas regiões de Campania e 
Friuli Venezia Giulie. O maior índice de informações falsas se deu nas regiões de 
Umbria e Baliscata, e em outras regiões do país, as informações não apresentavam 
12 
 
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clareza. Assim, os autores destacam a capacidade destes termos de influenciar 
diretamente o comportamento de dada população, ao instigar agitação, medo, e 
prejudicar a manutenção de medidas de prevenção legítimas contra a COVID-19, bem 
como alertam para a formação de um estigma anti-Asiático através da propagação 
desmedida destes “monikers”. 
Talvez a evidência mais chocante do risco que as inverdades sobre o novo 
vírus apresenta seja descrita pela publicação de Soltaninejad (2020): o relato de um 
surto de envenenamento por metanol no Irã, alcançando diversas províncias. Após a 
morte de dois pacientes por COVID-19 no país, em 18 de fevereiro de 2020, as 
medidas de prevenção foram popularizadas sem orientação adequada. Dentre elas, 
divulgou-se a utilização de etanol 70% em fórmulas antissépticas. Isto aumentou a 
procura por produtos com essa formulação, causando uma escassez no mercado. 
Uma semana após o relatório dos primeiros casos, diversos pacientes com 
intoxicação por metanol, afirmando que beberam álcool após ler sobre notícia em 
mídia social de que a ingestão do composto poderia evitar a contaminação, deram 
entrada em hospitais de Teerã. O autor explica a causa da intoxicação: 
“Como em outros países islâmicos, por crenças religiosas, a produção, 
distribuição, venda e consumo de bebidas alcoólicas são considerados 
ilegais no Irã. Contudo, as bebidas alcoólicas estão disponíveis 
através de contrabando e produção doméstica ilegal (sob condições 
não-padronizadas) no mercado clandestino.” (SOLTANINEJAD, 2020, 
p. 148, tradução nossa). 
Soltaninejad (2020) esclarece que o metanol é utilizado nas composições 
clandestinas, por ser mais barato e fácil de sintetizar. Em poucos dias, através de 
desinformação combinada com a violação de orientações legais, o país enfrentou um 
surto em massa de envenenamento por metanol. Este incidente causou diversas 
mortes e a ocupação de leitos em hospitais, quando seus recursos poderiam estar 
sendo destinados a pacientes da COVID-19. 
Em proposta semelhante, Tasnim et al. (2020) discutem casos adicionais de 
rumores que impactaram a sociedade diretamente, em seu artigo de revisão e 
perspectiva. Nos Estados Unidos, rumores de um lockdown gerou pânico para a 
população que, no desespero, passam a comprar alimentos e produtos para manter 
dentro de casa, gerando assim um desequilíbrio no sistema de oferta e procura, e 
13 
 
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causando insegurança para as pessoas de baixa renda, que não puderam fazer o 
mesmo. Tal cenário se repetiu em diversos países ao redor do mundo, com impactos 
semelhantes em suas economias. Os autores apresentam, também, mais um exemplo 
de perigos à saúde atribuíveis a disseminação de fake news na Nigéria, onde ocorreu 
um surto de casos de overdose de cloroquina. 
Esta droga, candidata à testes clínicos de tratamento, não teve resultados 
conclusivos de sua eficiência em um tratamento real, como também descrito por Erku 
et al. (2020). Investigando a consequência da desinformação na área dos 
medicamentos, estes autores também relatam que rumores assim, muitas vezes 
impulsionados pela mídia quando não há devida verificação dos fatos, promovem 
iniciativas de acúmulo e estocagem das substâncias pela população. Sem orientação 
devida de um profissional da saúde, há o uso de dosagens inadequadas, 
potencialmente tóxicas, o que explica as overdoses relatadas por Tasnim et al. (2020). 
Apesar da iniciativa científica e biomédica de buscar remanejar fármacos já 
existentes, com bons perfis de segurança e atividade antiviral comprovada, visto que 
o desenvolvimento de um processo de vacinação é longo, complexo, e muitas vezes 
incerto, Erku et al. (2020) alertam que rumores deste tipo impulsionam a busca por 
um tipo de “cura mágica”, e esta iniciativa se torna fonte considerável de pânico e 
confusãopara o público em geral. 
Entre outros exemplos de “curas” falsas para a COVID-19 relatadas por Erku 
et al. (2020), também indicados pelos estudos de Islam et al. (2020), estão: uso de 
cocaína, da droga recreativa brasileira popularmente chamada de “loló”, fármacos 
anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs), remédios caseiros baseados em alho, 
ingestão de água sanitária, soluções de clorito de sódio e ácido cítrico, e 
suplementação de vitaminas como C e D. Nenhuma destas medidas têm 
embasamento científico, e apresentam perigos graves de toxicidade, demonstrando o 
potencial diretamente danoso à saúde que a influência de rumores como estes 
apresentam. 
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Como foi possível notar no decorrer do artigo, o compartilhamento de “Fake 
News” pode causar sérios problemas em diversas áreas, com seus efeitos sentidos 
diretamente na saúde pública. Dessa maneira, é de grande importância que o leitor 
tenha a certeza da informação recebida e que confirme sua veracidade antes de 
repassá-la. No entanto, para isso, é necessário que haja um estímulo ao 
desenvolvimento do senso crítico do indivíduo em relação à essas notícias. Com 
campanhas de conscientização ou debates públicos, promovendo um ambiente que 
desperte a consciência social sobre os impactos deletérios das fake news pode se 
tornar possível. 
Juntamente com isso, é necessário que haja um aumento no nível de 
informações confiáveis acessíveis para a toda a população, como feito pelo secretário-
geral da ONU, que lançou uma Iniciativa de Comunicações da ONU “para inundar a 
internet com fatos e ciência” e, ao mesmo tempo, combater a crescente chaga das 
informações equivocadas (POSETTI E BONTCHEVA, 2020). 
Além disso, é crucial que haja esforços da mídia geral, bem como de criadores 
de conteúdo independentes em plataformas virtuais e redes sociais, para que toda 
informação seja confirmada através de especialistas. A iniciativa de checagem dos 
fatos, ou “fact-checking”, se torna arma principal na mitigação da proliferação de 
desinformação. Os profissionais de saúde atuantes no combate à pandemia do novo 
coronavírus, além de atuar no combate biológico, epidemiológico e terapêutico contra 
a COVID-19, devem se atentar à “infodemia” simultaneamente, reforçando a 
explicação de medidas preventivas legítimas e neutralizando desinformações 
relacionadas à prevenção e tratamento. 
 
15 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
AHMED, Wasim; VIDAL-ALABALL, Josep; DOWNING, Joseph; et al. COVID-19 and 
the 5G Conspiracy Theory: Social Network Analysis of Twitter Data. Journal of 
Medical Internet Research, v. 22, n. 5, p. 9, 2020. 
APUKE, Oberiri Destiny; OMAR, Bahiyah. Modelling the antecedent factors that affect 
online fake news sharing on COVID-19: the moderating role of fake news knowledge. 
Health Education Research, v. 35, n. 5, p. 490–503, 2020. 
ERKU, Daniel A.; BELACHEW, Sewunet A.; ABRHA, Solomon; et al. When fear and 
misinformation go viral: Pharmacists’ role in deterring medication misinformation 
during the “infodemic” surrounding COVID-19. Research in Social and 
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