Buscar

Aleitamento materno

Prévia do material em texto

ALEITAMENTO MATERNO 
O aleitamento materno deve ser mantido de forma exclusiva até 6 meses e complementada até 2 anos ou mais.
Tem pesquisas que falam em até 15% de redução do risco da mãe desenvolver DM tipo II por cada ano de amamentação que ela ofereceu ao filho.
A dieta da mãe precisa ser rica e variada, além de que ele precisa ingerir muito líquido na fase da lactação
O leite materno deve ser exclusivo até os 6 meses e deve ir até os dois anos ou mais. Ele é rico em água, ferro, proteínas, sais minerais, gordura, vitaminas, carboidratos, anticorpos, hormônios e as enzimas (esses três últimos não conseguem ser sintetizadas em laboratórios).
A síntese do leite após o nascimento da criança é controlada pela ação hormonal (costuma acontecer até o 3º/4º dia após o parto) e ocorre mesmo sem a sucção da criança ao seio. 
Obs.: independente da alimentação materna, a composição do leite é a mesma. Dependendo do grau de desnutrição e desidratação da mãe, pode acontecer uma redução dessa produção, mas a qualidade geralmente é a mesma.
Se a mãe não produz leite, introduz a fórmula para criança.
Posição adequada para o bebê mamar: cabeça e corpo alinhados/mesmo nível, rosto para a frente da mama, nariz na altura do mamilo - bem próximo e voltado para a mãe -, nádega bem apoiada e os membros livres. A boca da criança deve ficar bem aberta para envolver todo o mamilo (não somente pegar o bico do peito); queixo encostando no peito; lábio inferior virado para fora; aréola mais visível acima da boca do que abaixo da boca.
Existem várias posições para amamentar: bebê deitado, em pé, na posição de jogador de futebol americano.
Alguns fatores podem atrapalhar o aleitamento, como bicos, chupetas e mamadeiras. Enquanto no seio materno a criança vai ter um maior gasto de energia para conseguir mamar (principal liberação de leite acontece depois dos 50s a 1min de sucção), na mamadeira é mais fácil. O movimento de sucção no seio materno também é diferente do movimento da mamadeira que não traz o desenvolvimento total da estrutura músculo-facial da criança.
Para a ordenha a higiene é muito importante, a mãe precisa estar com via aérea e cabelo protegido, mama e mão bastantes higienizadas. 
O leite materno não causa alergia. O que precisa ser avaliado é a dieta da mãe, se o bebê tem alergia à proteína do leite da vaca, retira da dieta da mãe; caso haja melhora para o bebê, faz-se a provocação (mãe volta a ingerir e vê se causa alergia no bebê).
TIPOS DE ALEITAMENTO:
· Aleitamento materno exclusivo: apenas leite materno. São liberadas as mediações, as vitaminas e algum soro que precise por orientação médica. 
· Amamentação predominante: além do leite materno, a mãe oferece água e chás, mas não pode oferecer outro tipo de fórmula.
· Aleitamento materno misto: coloca-se, além do aleitamento materno, outros tipos de fórmulas preparadas para as crianças: Nan, Nestogenio, Aptamil. Leite de vaca não entra!
· Alimentação complementar: o leite materno com os outros alimentos. 
COLOSTRO: primeiro leite produzido pela mãe (do 1 ao 7-10 dia de vida). É o leite ralo, mas, ao nascer, a quantidade de leite que o bebê precisa é pouca, cerca de 15 - 20 ml. Assim, é a parte mais rica em proteínas, carboidratos, minerais, vitaminas, anticorpos. É pelo colostro que a defesa inicial chega ao bebê (anticorpos, imunoglobulinas A, G, M, H, fatores de coagulação, células de defesa). 
Em comparação ao leite maduro, o colostro apresenta maior quantidade de proteínas e imunoglobulinas. É depois do colostro que a mãe produz leite maduro. 
LEITE MADURO:
O leite maduro tem uma porção lipídica (rica em triglicérides, fosfolipídios, carboidratos e vitaminas lipossolúveis- A, D, E, F,K) e outra aquosa (sólidos não gordurosos: proteínas, carboidratos, substâncias nitrogenadas, vitaminas).
· Anterior: cor mais clara, rico em água e anticorpos, proteção e hidratação.
· Posterior: cor amarelada, rico em gorduras, saciedade e ganho de peso.
Ácidos graxos: Na composição do leite materno encontra-se ácidos graxos poliinsaturados essenciais (ácido araquidônico e ácido docosahexaenoico), que não são encontrados no leite de vaca. Esses dois ácidos são responsáveis pelo desenvolvimento neuronal do bebê, pela proliferação de neurônios, pela formação de sinapses e pelo desenvolvimento do SNC.
Fatores imunológicos: 
· As imunoglobulinas e as células de defesa a mãe já possui, os demais são produzidos pelas células da mama.
· IgA: é a principal passada da mãe para o bebê. Atua na maturação de trato respiratório e gastrointestinal. Essa Ig cria uma película nas mucosas, que, junto com outros fatores, impede a fixação de microrganismos.
· IgG e IgM: são de doenças que, normalmente, a mãe teve contato (memória imunológica).
· Lisozimas: são bactericidas presentes no leite, principalmente para bactérias gram negativas.
· Lactoperoxidases: são bactericidas, principalmente, para bactérias gram positivas.
· Lactoferrina: tem a função de quelar os íons férricos. Esses íons são importantes para a multiplicação das bactérias. Sendo assim, quando a enzima quela o íon, a bactéria não terá contato com ele e não conseguirá se reproduzir, protegendo o trato gastrointestinal da criança.
· Fator anti-estafilocócico: age contra bactérias estafilocócicas.
· Macrófagos, linfócitos, leucócitos: são células de defesa.
· Fator bífido: os lactobacilos bífidos se multiplicam no TGI do bebê para evitar a entrada de bactérias patogênicas: Shigella, Salmonela e Escherichia coli.
Início da mamada: coloração de agua de coco (maior teor de água e constituintes hidrossolúveis); meio da mamada: coloração branca opaca (aumento da concentração de caseína); final da mamada: coloração amarelada (maior concentração dos pigmentos lipossolúveis)
LEITE DE VACA: o leite de vaca tem mais proteínas e sai que o leite materno. A principal proteína que ele tem é a caseína, que também está presente no leite materno, mas em uma menor quantidade. A caseína é de difícil digestão, e é uma das responsáveis pelo leite de vaca causar tanta cólica na criança.
A principal proteína do leite materno é a lactoalbumina. 
O leite materno e de vaca apresentam a mesma concentração de ferro, mas a biodisponibilidade de ferro do leite de vaca é menor, de apenas 10%; no leite materno a criança absorve até 50%. Isso acontece devido a presença de sais, proteínas e a digestibilidade do leite de vaca. 
No leite materno, as vitaminas C e A são mais disponível que no leite de vaca. 
A alimentação preococe com leite de vaca no bebê vai levar à diarreia, infecções respiratórias, deficiências de vitaminas; maior risco de intolerância ao leite, doenças crônicas, obesidade e à morte.
HORMÔNIOS:
Sucção do bebê + mecano-receptores no mamilo ação no hipotálamo ativação de vias nervosas da hipófise posterior liberação de ocitocina ejeção do leite.
· Ocitocina: age na ejeção, fazendo com que as células se contraiam;
· Prolactina: estimula a produção de leite células produtoras da mama. Ajuda na inibição da ovulação para que a lactante não engravide novamente.
· A prolactina estimula as células acinares da glândula mamária que produzem todos os componentes do leite (sais, proteínas, Ac, ferro) 
ESTÁGIOS DA SECREÇÃO LÁTICA:
· Mamogênese ou lactogênese primária: ainda na gestação, quando começa a se formar o estroma, ductos, ácinos, tecido adiposo. A mama cresce e começa a se preparar para produzir o leite, principalmente, pela ação do estrógeno, da progesterona e do lactogêneo placentário, liberado com a nidação e formação da placenta.
· Lactogênese secundária: começa a secreção apócrina sob ação da prolactina. Depois deve começar tudo de novo: o leite é novamente produzido, para ser novamente ejetado, pela ação desses hormônios.
· O ciclo é constante e depende tanto da sucção do bebê, que vai agir no hipotálamo, quanto do esvaziamento mamário, pois tem fatores no leite que inibem a sua própria produção.
Galactorreia: esvaziamento, pela ação da ocitocina, fora do período pós-parto. 
A galactopoese (fase que persiste durante todaa amamentação) depende primordialmente da sucção do bebe e do esvaziamento da mama:
· A remoção continua de peptídeos supressores da lactação do leite garante a reposição total do leite removido 
· A medida que o leite se acumula nos alvéolos, a prolactina não consegue se ligar aos seus receptores, criando efeito inibidor à síntese do leite 
A maior parte do leite é produzida enquanto a criança mama, sob ação da prolactina. A liberação da prolactina e a ocitocina é regulada pelos reflexos de produção e ejeção do leite, respectivamente, ativados pela estimulação dos mamilos (sucção da criança).
Obs.: a liberação da ocitocina também ocorre por estímulos condicionados: visão, olfato e audição (ouvir bebê chorar) e fatores de ordem emocional (motivação, autoconfiança e tranquilidade)
REFLEXOS:
· De busca ou procura: abertura da boca para pegar o seio.
· De extrusão: o bebê coloca a língua para fora e everte a gengiva para conseguir pegar o mamilo.
· De sucção: movimento da língua comprimindo o tecido mamário para que o leite seja ejetado.
· De deglutição
Na impossibilidade de mamar direto no seio, o leite materno deve ser oferecido em copinhos, colheres ou a translactação. 
A translactação é usada principalmente para recém-nascidos mais prematuros em UTI neonatal ou pediátrica. Conecta-se uma sonda que fica próxima ao mamilo da mãe e, quando o bebê for fazer o movimento de sucção, ele vai chupar como se fosse um canudinho, mas estará tendo a relação materna e estará estimulando a mama da mãe a produzir leite também. 
O leite materno ordenhado pode ser armazenado na geladeira a -3°C por 15 dias e refrigerado a 5°C até 12 horas, em um recipiente de vidro e esterilizado, com uma tampa que possa ser usada na fervura. 
Para descongelar/aqeuecer o leite, deve aquecer a água e, quando ela ferver, desligar o fogo para poder colocar o leite. Isso é feito para que as proteínas não sejam desnaturadas.
Técnica para retirada de leite: Com os dois dedos faz-se uma garra, estimula a ejeção no frasquinho de vidro sem tampa. 
CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS:
· Portadoras do HIV, independente da carga viral e do tratamento
· Portadoras do retrovírus HTLV 1 e 2 (associados ao desenvolvimento de leucemias e linfomas)
· Tratamento com antineoplásicos e radio fármacos
· Galactosemia concentração sanguínea elevada do monossacarídeo galactose. A criança não produz a galactase, como ela não consegue digerir, ocorre um acúmulo dele e intoxicação.
CONTRAINDICAÇÃO RELATIVA: 
· Infecção herpética na mama: interrompe até a lesão desaparecer 
· Sífilis: apenas se a lesão estiver na mama
· Doença de Chagas: é limitante na fase aguda
· Varicela: não é contraindicação desde que aconteça 5 dias antes ou 2 dias depois do parto. Se a infecção acontecer nesse período, a mãe deve ser temporariamente afastada da criança, estimulada a fazer ordenha e a criança pode tomar aquele leite, mas ela não pode ter contato direto com a mãe por causa das vesículas. Não há evidências que o vírus passe para o leite e nele também estarão as imunoglobulinas da mãe infectada para o bebê. Caso o bebê entre em contato com as vesículas e se contamine, vai desenvolver uma forma grave de catapora. 
Não há contraindicações para casos de dengue e casos de mãe que use cigarro e ingira álcool (não ultrapassam o leite materno).
DIFICULDADES NA AMENTAÇÃO:
· Ingurgitamento mamário patológico: o normal é a mama ficar pesada e endurecida depois de 4h sem amamentar o bebê (cheia). Torna-se patológico quando há uma obstrução dos ductos lactíferos e da drenagem venosa da mama, que fica impedida de fazer drenagem linfática, associada ao aumento da vascularização e da quantidade de leite. Quando o leite fica mantido por muito tempo dentro do ácino, ele fica pastoso (pedrado). Pode levar a uma mastite abcesso (se for próximo a aréola, não pode amamentar)
· Mamilos doloridos e trauma mamilar
· Mamilos planos e invertidos
· Infecções mamilares por cândida: vermelhidão, ardência e pontadas na mama. Pode ser confundida com o fenômeno de Reynaud, fenômeno vascular, ligado principalmente a mudanças de temperatura, onde ocorre palidez da mama, seguida de cianose e depois vermelhidão
· Mastite – processo inflamatório da mama podendo acompanhar, ou não, de infecção (quando ocorre durante a lactação, denomina-se mastite lactacional ou puerperal). Qualquer condição que leve a estase do leite favorece a mastite 
VANTAGENS DA AMAMETAÇÃO PARA A CRIANÇA: 
· Proteção contra infecções e alergias;
· Menor risco de morte súbita, diabetes, câncer, otite na infância;
· Melhor resposta a vacinação;
· Menor risco de problemas ortodônticos; 
· Melhor desenvolvimento cognitivo, psicomotor, emocional e social. 
· Melhor coeficiente de inteligência;
· Melhor estímulo psicoafetivo entre a mãe e o bebê. 
VANTAGENS DA AMAMENTAÇÃO PARA A MÃE:
· Menor risco de câncer, de diabetes, de sangramentos
· Bom método anticoncepcional (hormônio prolactina inibe a ovulação, mas depende da amamentação (regime de 8 a 12 mamadas por dia)
· Diminui o risco de depressão pós-parto e melhora a relação mãe e filho.
ORIENTAÇÕES GERAIS:
· Início da amamentação: o mais rápido possível, sempre que as condições de saúde da mãe e do bebê permitirem. Sucção precoce da mama reduz risco de hemorragia pós-parto, ao liberar ocitocina, e de icterícia no recém-nascido, por aumentar a motilidade do TGI
· Frequência das mamadas: é comum o bebê em AME sob livre demanda mamar de 8-12 vezes/dia
· Duração das mamadas: o tempo necessário para esvaziar uma mama varia entre bebês. É importante que a criança esvazie a mama, pois o leite do final da mamada (leite posterior) contém mais calorias
· O uso de mamadeiras e chupetas interfere no desenvolvimento da cavidade oral (dentição e palato) e à otites de repetição. Interfere na amamentação, pois diminui as mamadas e a produção de leite
· Desmame: Pode ocorrer em média entre 2-4 anos, raramente antes de 1 ano. Sinais: menos interesse nas mamadas, aceita bem outros alimentos, segura na relação com a mãe, aceita outras formas de consolo, aceita não ser amamentada em certas ocasiões, as vezes dorme sem mamar no peito, mostra pouca ansiedade quando encorajada a mamar e, às vezes, prefere brincar ou fazer outra atividade com a mãe.
· Deve-se ter atenção para a “greve de amamentação” do bebê que ocorre principalmente em crianças menores de 1 ano, de início súbito e inesperado a criança parece insatisfeita, sendo possível identificar uma causa: doença, dentição, diminuição do volume ou sabor do leite, estresse e excesso de mamadeira ou chupeta. 
5
· Na impossibilidade de oferecer leite fresco da própria mãe para o RNPT, utiliza-se aquele procedente do Banco de Leite Humano

Mais conteúdos dessa disciplina