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Força política dos escravos durante a escravidão

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Felipe Cabral Pereira
ATIVIDADE DE BRASIL COLONIA 
 
Escreva um texto discutindo a escravidão no Brasil colonial. 
INTRODUÇÃO
	Discorreremos sobre a consciência política dos negros africanos escravizados no Brasil em relação às revoltas ocorridas no período colonial a partir dos textos e conteúdos estudado pela disciplina ao longo do período.
	É como se o rei não errasse, embora possa ser mal orientado por "maus conselheiros" [...]. (BURKE, P. 2010). Começamos este texto com a citação de Peter Burke, escrita para demonstrar a mentalidade em relação aos governantes na Europa Moderna, no entanto, também demonstra o cenário vivido no Brasil colonial, como nos mostrará Luciano Figueiredo no seu artigo Além dos súditos: notas sobre revoltas e identidade colonial na América Portuguesa. As próprias revoltas coloniais, eram contra os governantes, ao mesmo tempo que, apoiava-se sua monarquia:
Milhares de pessoas ocupam a Câmara Municipal, destituem seus conselheiros e depõem o governador da capitania, que então se encontrava em viagem de negócios. Pelas ruas gritam por “Liberdade”, disparam a tocar o sino da câmara, dirigem palavras de ódio às autoridades e aclamam “Vivas a vossa majestade”, que reafirmaram como seu Rei o Senhor”. (FIGUEIREDO, 2000).
	Este panorama psicológico, mostra consciência política relatada a partir dos colonizadores e seus descendentes resididos na colônia. Esta mentalidade é importante para introduzirmos ao ensaio de Rafael Marquese, que fará uma investigação partindo do porquê não existiu outros grandes quilombos como foi Palmares. 
A UTÓPICA ALFORRIA
	É de conhecimento geral que Palmares foi o grande símbolo da resistência dos negros escravizados, uma grande cidade formada por escravos fugitivos, tornando-se uma espécie de oásis para escravizados no Brasil. Um lugar onde voltariam ao seu estado legitimo, o de liberdade, afinal, fazendo uma paródia à célebre frase de Simone de Beauvoir “não se nasce escravo, se torna escravo”, e os escravizados sabiam disto.
	Marquese, irá desenvolver a tese de alforrias e a compra de escravizados africanos está intimamente ligada, também como estará relacionada com a ausência de outros Palmares.
A partir de fim do século XVII, o sistema escravista brasileiro passou a escorar-se em uma estreita articulação entre tráfico transatlântico de escravos bastante volumoso e número constante de alforrias. Nessa equação, era possível aumentar a intensidade do tráfico, com a introdução de grandes quantidades de africanos escravizados, sem colocar em risco a ordem social escravista. (MARQUESE, Rafael. 2006. P. 3).
	Assim como a alforria está intimamente ligada com a compra de escravizados, para Marquese, também está relacionado com a ausência de novos grandes quilombos como Palmares. Como o número de alforrias eram altos em relação à outras colônias ao longo das américas, inibia o desejo de revoltas nos escravizados, de certa forma, mostrando que o sistema poderia possibilitar ao escravizado “ascender” à liberdade, o que refletia até mesmo na diminuição de número de fugas. No entanto, esta mão de obra dos forros perdida pelos donos de escravos era suprida pelos novos escravos vindos do Atlântico. Como se vê, estes eventos de alforrias e o tráfico de pessoas escravizadas no Atlântico são eventos que se relacionam e se entrelaçam, de modo a manter a estrutura escravista colonial. 
	Assim como os colonos do artigo de Figueiredo, se opunha ao sistema, mas suas revoltas eram amenizadas por idolatria ao rei, os negros escravizados se opunham à escravidão, no entanto, acreditavam que o próprio sistema traria sua alforria, inibindo sua vontade revolucionária. Uma alusão mais clara é o sistema capitalista, onde a classe dominada deseja se tornar a classe dominante, e acredita que o sistema possibilitará a ascensão do proletariado à burguesia, uma utopia respaldada por vagos exemplos de pobres que se tornaram ricos, se acredita que um dia se tornará rico trabalhando para o patrão, mas nunca fica. Entretanto, apenas o fato de acreditarem que esta ascensão inalcançável um dia virá, é suficiente para inibir a vontade revolucionária de se opor ao sistema. Mas semelhantemente ao proletariado, os escravizados nada tinham a perder com suas revoltas, exceto suas correntes.
	
A VIDA INTELIGENTE NAS SENZALAS 
	Apesar do discorrido, não podemos e não iremos generalizar e constatar que todos os negros escravizados eram povos ingênuos, que deixariam de se opor as práticas escravistas apenas pela possibilidade de alforria. Afinal, até que se prove o contrário, senhores de escravos, índios, escravos negros e mestiços também possuíam mais de dois neurônios e com eles agiam e interferiam na história de suas comunidades. (FRAGOSO, J. 2012. P 108).
	As alforrias inibiam as revoltas, mas não as extinguiam. É ingênuo o historiador que acredita que os escravizados não possuíam consciência política, existiam circulações de ideias entre os povos africanos na colônia, e os próprios metropolitanos temiam estas circulações de ideias, utilizando-se da analogia utilizada no tópico anterior, assim como a classe dominante temia a revolução comunista na Europa, os metropolitanos temiam as revoltas escravas no Brasil.
“É possível seguir aqui algumas pistas de Peter Linebaugh. Este, em artigo sugestivo, aponta para a existência de uma circulação de ideias e trocas de experiências [...] de trabalhadores através da navegação comercial atlântica. Sua argumentação instigante é de que havia um “bumerangue africano”, no sentido de que as experiências históricas das rebeliões e insurreições escravas nas Américas influenciaram a “formação da classe operária inglesa” num movimento de “ida e volta”. Ou seja, escravos negros podiam não só ter conhecimento dos levantes que aconteciam em outras colônias, mas também interagir nos motins ocorridos na Inglaterra. ” (GOMES, Flávio. 1996. P 42).
	Ao longo do século XVIII, ocorreram diversos conflitos entre escravizados e metropolitanos nas colônias ao longo da América, os colonos residentes no Brasil tinham ciência dessas revoltas, e os escravizados africanos no Brasil, também:
Para eles, a cidade era o próprio cativeiro e para saírem da escravidão era imperioso sair da cidade ou conquistá-la para fazer dela uma cidade africana, como o fizeram os seus parentes no Haiti, que proclamaram “uma República dos Descendentes de Africanos na América”. Essa política africana desenvolveu-se na Bahia nos diversos levantes que se sucederam nos primeiros anos do século XIX, até o movimento dos Malês em 1835 (Reis, 1987). (ARAUJO, Ubiratan. 2004 P. 256).
CONSIDERAÇÕES FINAIS	
	Bem verdade que as alforrias foram importantes para inibir revoltas, fugas e a formação de grandes quilombos como Palmares. No entanto, os escravizados eram seres pensantes, e como consequência, possuíam consciência política. Talvez até mais conscientes do que os próprios metropolitanos, afinal, os escravizados sabiam que o rei errava. 
	A notícia da Revolta sucedida no Haiti chegara no brasil, junto com suas ideias. Temores se espalhavam recebendo e/ou emitindo outros medos que podiam atravessar até mesmo fronteiras atlânticas. Assim como os medos cruzavam os mares, também ideias de liberdade podiam circular. (GOMES, Flávio. 1996. P 43). Os escravizados liam, divulgavam e refletiam, em um processo dialógico que Flavio Gomes chama de “bumerangue africano”. Os metropolitanos tinham motivos para temer. 
BIBLIOGRAFIA	
BURKE, Peter. Cultura Popular na Idade Moderna. Rio de Janeiro: Companhia de Bolso, 2010.
FRAGOSO, João. Modelos explicativos da chamada economia colonial e a ideia de Monarquia Pluricontinental: notas de um ensaio. História, Franca, v. 31, n. 2, p. 106-145, Dec. 2012.
GOMES, Flávio dos Santos. Em torno dos bumerangues: outras histórias de mocambos na Amazônia colonial. Revista USP, n. 28, p. 40-55, 1996.
MARQUESE, Rafael de Bivar. A dinâmica da escravidão no Brasil: resistência, tráfico negreiro e alforrias, séculos XVII a XIX. Novos estud. -CEBRAP, São Paulo, n. 74, p. 107-123, março 2006.
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto comunista. São Paulo: Boitempo Editorial, 2005.

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