Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Prof. Hicla Moreira DISTÚRBIOS CIRCULATÓRIOS São alterações que envolvem a hemodinâmica e a manutenção do fluxo sanguíneo e da rede de vasos de irrigação dos tecidos. PRINCIPAIS PROCESSOS PATOLÓGICOS - HIPEREMIA (Congestão) - EDEMA (Hidropsia) - HEMORRAGIA (“Derrame”) - CHOQUE (Síndrome da Insuficiência Vascular Periférica Aguda) - TROMBOSE (Hipercoagulabilidade) - EMBOLIA (Tromboembolia) - ISQUEMIA (Anemia ou oligoemia local) - INFARTO É o extravasamento de sangue que ocorre em várias situações. O sangramento capilar pode ocorrer em tecidos cronicamente congestionados. O risco de hemorragia (muitas vezes após lesão aparentemente insignificante) é maior em ampla variedade de desordens clínicas coletivamente chamadas de diáteses hemorrágicas. Trauma, aterosclerose ou erosão inflamatória ou neoplásica de um vaso também podem levar à hemorragia, que pode ser extensa se o vaso afetado for uma grande veia ou artéria. ANEURISMA DE AORTA ABDOMINAL - grande que se rompeu (local da ruptura indicado pela seta). Parede extremamente fina e cheia de trombos Saída de sangue dos vasos e do coração e ocorre em consequências de inúmeras causas. Classificação e nomenclatura: ✓ Quanto à origem: venosa, arterial, capilar, cardíaca. ✓ Quanto à relação com o organismo: - Externas ou superficiais, Internas com fluxo externo: exemplos: gastrorragia com hematêmese, gastrorragia com melena, otorragia, pneumorragia com hemoptise (tosse com sangue)... - Ocultas (i.e., sem fluxo externo): viscerais (superficiais, parenquimatosas ou intersticiais) e ainda as cavitárias. VARIZES NO ESÔFAGO NOMENCLARURA DEPENDE DO ÓRGÃO/CAVIDADE AFETADO HEMOTÓRAX NOMENCLARURA DEPENDE DO ÓRGÃO/CAVIDADE AFETADO HEMOPERITÔNIO NOMENCLARURA DEPENDE DO ÓRGÃO/CAVIDADE AFETADO HEMOPERICÁRDIO A hemorragia pode ser externa ou acumular-se dentro de um tecido como um hematoma que varia desde insignificante até fatal. APARÊNCIAS E CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS APARÊNCIAS E CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS Hemácias extravasadas são fagocitadas e degradadas por macrófagos; as alterações características de cor de uma contusão se devem à conversão enzimática de hemoglobina (cor vermelho-azulada) em bilirrubina (cor azul-esverdeada) e, eventualmente, em hemossiderina (dourado-amarronzada). Entre suas causas estão contagens plaquetárias baixas (trombocitopenia), função plaquetária defeituosa e perda de suporte da parede vascular, como na deficiência de vitamina C. Ela pode resultar das mesmas desordens que causam petéquias, assim como de trauma, inflamação vascular (vasculite) e maior fragilidade vascular. Coleção de sangue em um espaço em potencial ou em um tecido. CONSEQUÊNCIAS Choque hemorrágico (hipovolêmico) Anemia Asfixia Hemorragia intracraniana IMPORTANTE O local da hemorragia também é importante; o sangramento que seria insignificante nos tecidos subcutâneos pode causar morte se localizado no cérebro IMPORTANTE A perda sanguínea externa crônica ou recorrente (p. ex., por úlcera péptica ou sangramento menstrual) muitas vezes culmina em anemia ferropriva como consequência da perda de ferro na hemoglobina. Em contrapartida, o ferro é reciclado com eficiência das hemácias fagocitadas; assim, o sangramento interno (p. ex., um hematoma) não leva à deficiência de ferro. HEMOSTASIA A hemostasia normal consiste em uma série de processos regulados que mantêm o sangue em estado fluido, sem coágulos, nos vasos normais, formando ao mesmo tempo e rapidamente um tampão hemostático, localizado no sítio de lesão vascular. Processo patológico caracterizado pela solidificação do sangue dentro dos vasos ou do coração, em indivíduo vivo. ✓Trombo é a massa sólida formada pela coagulação do sangue. ✓Coágulo, por outro lado, significa massa não estruturada de sangue fora dos vasos ou do coração (p. ex., sangramento dentro da cavidade peritoneal) ou formada por coagulação após a morte (com a parada da circulação, o sangue tende a coagular-se no interior do coração e dos vasos). TROMBO VENOSO - Também conhecido como “TROMBO VERMELHO”, contém normalmente mais hemácias do que plaquetas, em áreas de estase após ativação do sistema de coagulação. Surgem tipicamente em locais de lesão endotelial ou turbulência. TROMBO ARTERIAL- Também conhecido como “TROMBO BRANCO”, contêm principalmente plaquetas. Em locais com lesão endotelial e fluxo sanguíneo de alta velocidade. Vista em pequeno aumento de uma artéria trombosada corada para tecido elástico. O lúmen original é delineado pela lâmina elástica interna (setas) e está totalmente preenchido com trombos organizados. Os trombos arteriais se desenvolvem em direção retrógrada a partir do ponto de fixação, enquanto os trombos venosos estendem-se na direção do fluxo sanguíneo. Patogênese ✓O aumento na intensidade de ação desse sistema de coagulação. ✓Diminuição da velocidade sanguínea Induz a formação de um tampão sólido — o trombo — anormal que, ao mesmo tempo que exerce sua função selante, impede também o bom funcionamento dos vasos e da circulação sanguínea. A trombose é uma consequência de 3 tipos de alterações ("Tríade de Virchow"), agindo isolada ou simultaneamente: • Alterações da parede vascular ou cardíaca. Traumas (punções muito repetidas, infecções bacterianas e virais, parasitoses, arteriosclerose, infarto no miocárdio, erosões vasculares por neoplasia) • Alterações do fluxo sanguíneo ou hemodinâmicas. Por estase (↓ velocidade do fluxo), Por turbulência. • Alterações na composição sanguínea com hipercoagulabilidade. Trombocitose: Anemias ferroprivas, após hemorragias graves Incremento de fatores da coagulação: na gestação, síndrome nefrótica e em algumas neoplasias malignas. Redução da atividade fibrinolítica: diabetes mellitus, obesidade, síndrome nefrótica (perda urinária de antagonistas da coagulação). Aumento da viscosidade sanguínea: Anemia falciforme (↓ da flexibilidade da hemácia), policitemia, desidratação e queimaduras. Dificulta o retorno venoso, aumentam a pressão hidrostática e provocam edema; dependendo do grau e da duração da obstrução, também podem provocar isquemia Em artérias, provocam isquemia LESÃO ENDOTELIAL São exemplos de trombose relacionada a dano endotelial: a formação de trombos nas câmaras cardíacas após infarto do miocárdio sobre placas ulceradas em artérias ateroscleróticas em locais de lesão vascular traumática ou inflamatória (vasculite). O endotélio não precisa ser desnudado ou rompido fisicamente para contribuir para o desenvolvimento de trombose; qualquer perturbação do equilíbrio dinâmico dos efeitos protrombóticos do endotélio pode influenciar localmente a coagulação. ESTASE - FLUXO SANGUÍNEO ANORMAL Dilatações aórticas e arteriais anormais, chamadas aneurismas, criam estase local e, consequentemente, um local fértil para trombose. O infarto agudo do miocárdio resulta em não contração focal do miocárdio. O remodelamento ventricular após infarto mais remoto pode levar à formação de um aneurisma. ESTASE - FLUXO SANGUÍNEO ANORMAL As síndromes de hiperviscosidade (como policitemia) aumentam a resistência ao fluxo e causam estase dos pequenos vasos; as hemácias deformadas da anemia falciforme causam oclusões vasculares, e a estase resultante também predispõe à trombose. Falcização de hemácias maternas na placenta, causada por circulação sanguínea lenta nos espaços intervilosos. Mãe é portadora de anemia falciforme HIPERCOAGULABILIDADE A hipercoagulabilidade associada ao uso de contraceptivos orais e ao estado de gravidez pode estar relacionada a aumento da síntese hepática dos fatores de coagulação e à redução da síntese de antitrombina III. dificultam o retorno venoso, aumentam a pressão hidrostática e provocam edema; dependendo do grau e da duração da obstrução, também podem provocar isquemiaCOAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA TROMBOSE VENOSA PROFUNDA CAUSAS - Imobilidade prolongada, comum não só nas viagens aéreas e terrestres que obrigam a pessoa a ficar sentada por horas na mesma posição (por isso, a doença ficou conhecida impropriamente como síndrome da classe econômica). - Casos de permanência no leito em repouso por doenças e depois de cirurgias. - Lesões nos vasos e desequilíbrio nos fatores de coagulação do sangue também são responsáveis pela formação de trombos. Consiste na existência de um corpo sólido, líquido ou gasoso (êmbolo) transportado pelo sangue e capaz de obstruir um vaso. ✓Em mais de 90% dos casos, os êmbolos originam- se de trombos (tromboembolia). ✓Menos comumente, são formados por fragmentos de placas ateromatosas, vesículas lipídicas ou bolhas de gases. ✓Êmbolos originados de trombos venosos (exceto no sistema porta) são levados aos pulmões; trombos arteriais (coração ou grandes artérias) dão origem à êmbolos que se dirigem à grande circulação e alojam- se principalmente no cérebro, nos intestinos, nos rins, no baço e nos membros inferiores. Êmbolos múltiplos em ramos da artéria pulmonar (setas). CONSEQUÊNCIAS Da embolização sistêmica é a necrose isquêmica (infarto) dos tecidos a jusante. Enquanto a embolização na circulação pulmonar leva a hipóxia, hipotensão e insuficiência cardíaca direita. TROMBOEMBOLISMO PULMONAR Êmbolo derivado de trombo venoso profundo na extremidade inferior alojado em um ramo da artéria pulmonar. Os trombos fragmentados decorrentes de TVPs são transportados através de canais progressivamente maiores e, em geral, atravessam o lado direito do coração antes de pararem na vasculatura pulmonar. ✓ Êmbolos sólidos: São os mais frequentes. A grande maioria provêm de trombos (embolia trombótica). ✓ Êmbolos líquidos: São menos frequentes. Classicamente têm-se a Embolia amniótica e a Embolia lipídica ou gordurosa. Esteatose hepática; Queimaduras; Injeção de substâncias oleosas via endovenosa. ✓ Êmbolos gasosos: São mais raros. Injeção de ar nas contrações uterinas durante o parto; Pneumotórax; Nas descompressões súbitas (aviadores e astronautas). Neste caso ocorre dentro do sistema circulatório o mesmo que acontece quando você abre uma garrafa de refrigerante. Detalhe da figura anterior, em que se observa a constituição do êmbolo (E), em que há predominantemente hemáceas bem aderidas, e da hemorragia (H), também composta de hemáceas, mas sem tanta coesão entre elas (HE, 100X) Êmbolos sólidos Êmbolos do líquido amniótico. Duas pequenas arteríolas pulmonares são preenchidas por redemoinhos laminados de células escamosas fetais. O pulmão circundante está edematoso e congestionado. (Cortesia da Dra. Beth Schwartz, Baltimore, Maryland.) A. corte histológico de abscesso na região massetérica de coelho apresentando bolhas de ar (setas) em vaso sanguíneo em meio à infiltrado inflamatório. B. Bolha de ar no lúmen de artéria pulmonar (seta). Doença de Descompressão Deficiência no aporte sanguíneo a determinado órgão ou tecido por diminuição da luz de artérias, arteríolas ou capilares. Etiopatogenia: Causas funcionais: Espasmo vascular (dor, frio,...); Hipotensão acentuada; Hemoglobina alterada Redistribuição sanguínea (hiperemia gastrointestinal); Causas mecânicas: Compressão vascular (neoplasias, hematomas, abscessos); Obstrução vascular (trombose, embolia); Espessamento da parede vascular (arteriolosclerose). Dependem de: Velocidade com que se instala (lenta ou rápida); Grau de redução do calibre da artéria afetada (total ou parcial); Vulnerabilidade do tecido; Eficiência da circulação colateral. Lesões de Reperfusão CONSEQUÊNCIAS 1. Uma mulher de 21 anos de idade sofreu várias lesões, incluindo fraturas no fêmur e na tíbia direita e no úmero esquerdo, em um acidente envolvendo uma colisão de carros. No hospital, suas fraturas foram estabilizadas cirurgicamente. Logo após sua admissão hospitalar, as condições da paciente eram estáveis. Entretanto, 2 dias depois, ela apresentou uma dispneia grave. Qual das seguintes complicações é a causa mais provável dessa repentina dificuldade respiratória? (A) Hemotórax direito (B) Edema pulmonar (C) Embolismo gorduroso (D) Tamponamento cardíaco (E) Infarto pulmonar 2. Uma mulher de 55 anos de idade tem apresentado desconforto e inchaço na perna esquerda desde a semana anterior. Ao exame físico, a movimentação da perna é discretamente difícil, porém a paciente não sentiu dor durante a apalpação. Um venograma mostrou a existência de trombose em veias profundas da perna esquerda. Qual dos seguintes mecanismos é o que pode estar provocando tal condição? (A) Fluxo sangüíneo turbulento (B) Liberação de óxido nítrico (C) Ingestão de aspirina (D) Hipercalcemia (E) Imobilização
Compartilhar