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A integridade das células depende da correta “entrega” de oxigênio e remoção de resíduos do metabolismo e de uma homeostase dos fluidos em nosso corpo. Homeostase normal dos fluidos também significa: Manter o sangue na forma líquida Porém, formar adequadamente coágulos para evitar perda de volume – isso acontece naturalmente quando há, por exemplo, uma ruptura de vaso (extravasamento de sangue), então para evitar mais o seu volume, o sangue coagula o ideal é que coagule numa fração de tempo pequena. O extravasamento de líquidos pela parede vascular pode ser desencadeada por: Aumento da pressão ou volume Diminuição do conteúdo proteico do plasma Alterações na função vascular. Distúrbios circulatórios podem ser letais se não sanados a tempo. As hemorragias e/ou trombose participam das três maiores causas de morbidade e mortalidade nas doenças: Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) Embolia pulmonar Acidente Vascular Cerebral (AVC) tipos de distúrbios circulatórios: Hiperemia/congestão Edema Hemorragia Trombose Embolia Isquemia ou infarto Choque HIPEREMIA: = vermelhidão. Hiperemia é um processo ativo devido ao aumento de fluxo sanguíneo em virtude de dilatação arteriolar (p. ex.: locais de inflamação ou no músculo durante o exercício). DISTÚRBIOS CIRCULATÓRIOS: HIPEREMIA, CONGESTÃO, EDEMA, HEMORRAGIA, TROMBOSE, EMBOLIA, ISQUEMIA E CHOQUE CIRCULATÓRIO A principal característica é a vermelhidão devido à irrigação com excesso de sangue oxigenado. CONGESTÃO: Congestão é um processo passivo causado por mal retorno venoso a partir de um determinado tecido (p. ex.: o sangue que vai para os MMII, que oxigena todos os tecidos da perna e precisa retornar). Com pessoas que possuem varizes (má distribuição venosa), há uma dificuldade do sangue venoso voltar. O tecido adquire uma coloração vermelho- azulado (cianose) devido ao acúmulo de hemoglobina não oxigenada. Muito relacionada ao edema – quanto mais sangue preso, mais há diferença nas pressões e mais predispõe extravasamento de líquidos. Caso seja muito prolongado pode causar: hipóxia crônica degeneração morte celular fibrose. Na hiperemia, há a dilatação das arteríolas que foi para um tecido para irrigá-lo e oxigená-lo melhor, já na congestão, há a dilatação das vênulas, que precisa voltar para a região do coração e posteriormenta ao pulmão, para haver a troca gasosa. Exemplo: congestão hepática – estase (parada) de sangue no fígado devido a insuficiência cardíaca. EDEMA: Significa aumento de fluidos no espaço intersticial dos tecidos. O acúmulo de fluidos nas diversas cavidades do corpo são: hidrotorax, hidropericárdio e hidroperitôneo ou ascite. Anasarca: edema severo e generalizado com profundo inchaço subcutâneo. Edema inflamatório aumento da permeabilidade vascular. Edemas não inflamatórios: Aumento da pressão hidrostática Hipoproteinemia (baixa osmolaridade no plasma) Obstrução linfática Retenção de sódio. HEMORRAGIA: Extravasamento de sangue para o espaço extravascular. CAUSAS: Congestão crônica (ex: varizes) Diáteses hemorrágicas (sangramento sem causa aparente) Ruptura de artérias ou veias por vários motivos (traumas, neoplasias, aterosclerose e erosão da parede do vaso por inflamação). Pequenas hemorragias na pele, mucosa ou superfícies serosas (1-2mm) são nomeadas petéquias. São tipicamente associadas a pressão intravascular local aumentada, plaquetopenia, função plaquetária deficiente ou deficiências de fatores de coagulação. Hemorragias um pouco maiores (3-5mm) são as púrpuras e podem ser associadas às mesmas causas das petéquias, e mais outras como: Trauma Inflamação vascular (vasculite) Fragilidade vascular aumentada Hematomas maiores (>1-2cm) chamam-se equimoses (ex: confusões). Nessas situações, os eritrócitos são fagocitados e degradados, liberando hemoglobina que será posteriormente convertida em bilirrubina (cor verde-esverdeada) e em hemossiderina (cor marrom-dourada). Acúmulos maiores de sangue nas cavidades corpóreas são chamadas de: hemotórax, hemopericárdio, hemoperitôneo ou hemartrose (em articulações). HEMOSTASIA NORMAL: Hemostase: conjunto de mecanismos visando interromper uma hemorragia. Consequência de diversos processos “finamente” regulados que mantém o sangue em forma fluida onde há vasos normais, mas também induz a rápida coagulação em locais de lesão nos vasos. A contraparte da hemostasia normal do sangue é a trombose (formação de trombo em vasos intactos). Após o surgimento de uma lesão endotelial, o processo de hemostase acontece em uma sequência de 4 etapas: Vasoconstrição Hemostase primária – coágulo menor Hemostase secundária – coágulo mais organizado Contraregulação antitrombótica – dissolução do coágulo feedback negativo natural que acontece quando o coágulo está grande, então o organismo começa a produzir substâncias para dissolver o coágulo. A. VASCONSTRIÇÃO: Após lesão vascular, os fatores neuro- humorais locais induzem uma vasoconstrição transitória. B. HEMOSTASIA PRIMÁRIA: As plaquetas aderem-se através dos receptores da glicoproteína Ib (GpIb) ao fator de von Willebrand (vWF) na matriz extracelular exposta (MEC) e são ativadas, submetendo-se a uma alteração na forma e liberação granular. O difosfato de adenosina (ADP) e o tromboxano A2 (TxA2) liberados levam à agregação plaquetária adicional através do receptor plaquetário GpIb-IIIa ligado ao fibrinogênio, e formam o tampão hemostático primário. C. HEMOSTASIA SECUNDÁRIA: A ativação local da cascata de coagulação (envolvendo o fator tecidual e dosfolipídios plaquetários) resulta na polimerização da fibrina, “cimentando” as plaquetas no tampão hemostático secundário definitivo. D. TROMBO E EVENTOS ANTITROMBÓTICOS: Os mecanismos contrarregulatórios, mediados pelo ativador do plasminogênio tecidual (t-PA, um produto fibrinolítico) e trombomodulina, limitam o processo hemostático ao local da lesão. CASCATA DE COAGULAÇÃO: FATORES DA CASCATA DE COAGULAÇÃO: Os fatores da cascata da coagulação são denominados em numeral romano: Fator I (fibrinogênio) Fator Ia (fibrina) Fator II (protrombina) Fator IIa (trombina) Fator III ou Fator tecidual (tromboplastina) Fator IV (cálcio) Fator V Fator VI Fator VII (proconvertina) Fator VIII (fator antihemofílico A) Fator IX (fator antihemofílico B) Fator X Fator XI Fator XII Fator XIII Pré-calcreína Cininogênio de alto peso molecular Todos esses fatores são produzidos pelo fígado ou pelos tecidos, e inativos. Para coagular, eles precisam ser ativados em situações necessárias. TROMBOSE: Tem sua formação influenciada por três fatores principais: Lesão endotelial Estase ou turbulência no fluxo sanguíneo Hipercoagulabilidade do sangue A TRÍADE DE VIRCHOW: Lesão endotelial: influência dominante, pelo desencadeamento da coagulação devido à exposição da MEC e por qualquer pertubação do equilíbrio dinâmico entre as atividades protrombóticas e antitrombóticas do endotélio (hipertensão, toxinas bacterianas, químicos). Alteração no fluxo: turbulência é causa de disfunção ou lesão do endotélio. Estase é grande influência para trombo venoso (aterosclerose, aneurismas, estenose mitral). Hipercoagulabilidade: quaisquer distúrbios das cascatas de coagulação que predispõem à trombose. Classificados em primário (genética) e secundário (adquirida). Um pouco associada ao uso de contraceptivos orais e estado hiperestrogênico durante a gravidez. TROMBO: Quando o trombo é formado, começa a entupir um vaso, podendo levar a uma isquemia (dificuldadede oxigenação) – uma doença observada é a trombose venosa profunda (TVP), está associada a processos inflamatórios, edema de perna, pessoas idosas e obesas que tem uma maior probabilidade a esses acontecimentos. DESTINO DO TROMBO: Propagação – os trombos acumulam plaquetas e fibrinas adicionais. Embolização – os trombos desalojam-se e percorrem outros locais na vasculatura. Dissolução – resultado da fibrinólise. Organização e recanalização – os trombos mais velhos tornam-se organizados pela entrada de células endoteliais, células de músculo liso e fibroblastos. O trombo pode virar uma pequena massa de tecido conjuntivo e se incorporar a parede do vaso, que pode também criar novos canais capilares para restaurar o fluxo. EMBOLIA: Um êmbolo é uma massa intravascular solta, sólida, líquida ou gasosa transportada pela corrente sanguínea para locais distantes da sua origem. Quase na totalidade são trombos que se desprendem (tromboembolismo). Inevitavelmente, um êmbolo se aloja em um vaso com calibre insuficiente para permitir sua passagem, ocasionando oclusão total ou parcial. Tem como consequência quase sempre o infarto isquêmico do tecido “adiante”. TIPOS DE EMBOLIA: TROMBOEMBOLIA PULMONAR: Em mais de 95% dos casos, o trombo se origina em veias dos membros inferiores, geralmente na altura dos joelhos. Passam por vasos de calibres cada vez maiores até atingir o lado direito do coração e dali partir para o pulmão. A depender do seu tamanho, podem obstruir as artérias pulmonares principais, chocar-se contra a bifurcação arterial ou prosseguir até as arteríolas. Geralmente ocorrem várias embolias. TROMBOEMBOLIA SISTÊMICA: Mais de 80% provém de trombos cardíacos não ocludentes (infarto ventricular esquerdo, dilatação atrial esquerda). São causados também por aneurismas de aorta e trombos ateroscleróticos. Ao contrário dos venosos, os êmbolos arteriais tendem a viajar e provocar oclusão em locais variados, a depender do ponto de origem. Os principais locais de embolização arterial são os membros inferiores (75%) e o cérebro (10%) – traz de consequência o AVC (isquêmico, porque é o trombo que entope a passagem de sangue e causa a isquemia do tecido). EMBOLIA GORDUROSA: Ocorre após fraturas de grandes ossos (que contêm medula), ou trauma de tecidos moles. Caracterizada por insuficiência pulmonar, sintomas neurológicos, anemia e trombocitopenia. A embolização do vaso é seguida por ativação da cascata de coagulação, lesão ao endotélio e formação de um trombo. EMBOLIA GASOSA: As bolhas gasosas dentro da circulação podem coalescer para formar massas espumosas que obstruem o fluxo vascular isquemia. Causas: Cirurgias Punção venosa Descompressão (mergulho) – ar é inalado em alta pressão (p. ex.: durante um mergulho profundo no mar), quantidades aumentadas de gás (principalmente o nitrogênio) são dissolvidas no sangue e nos tecidos. Se o mergulhados então sobe (despressuriza-se) muito rapidamente, o nitrogênio sai da sua forma de solução nos tecidos e sangue (formação de bolhas). EMBOLIA DO LÍQUIDO AMNIÓTICO: A causa de base é a infusão de líquido amniótico ou tecidos fetais na circulação materna através de um rompimento das membranas placentárias ou pela ruptura das veias uterinas. É caracterizada pelo aparecimento de dispneia grave súbita, cianose e choque, seguidos de alterações neurológicas que variam de dores de cabeça a convulsões e coma. ISQUEMIA OU INFARTO: Áreas de necrose isquêmica, causada por oclusão de uma artéria ou interrupção da drenagem em uma veia. Manifestação: Miocárdio (coração) Cérebro Pulmão Intestino Extremidades (mãos e pés) gangrena. Quase 99% são causados por eventos trombóticos ou embólicos. Mais incomuns são os causados por vasoespasmos, compressões ou torções do vaso. Classificados morfologicamente em infartos vermelhos (hemorrágicos) e brancos (anêmicos) e podem ser sépticos ou assépticos. CLASSIFICAÇÃO: QUANTO AO TIPO: Infarto vermelho Infarto branco QUANTO À OCLUSÃO ARTERIAL: Infarto transmural Infarto não-transmural ou sub- endocárdico INFARTOS VERMELHOS: Também denominados infartos hemorrágicos. Obstrução arterial: orgãos com irrigação dupla ou com anastomoses (pulmão, intestino). Após a lise de trombo ou êmbolo que estava ocluindo a artéria (infarto branco), com desobstrução do vaso, e consequente inundação de sangue. Obstrução venosa: trombose venosa e drenagem venosa interrompida. Aspectos macroscópicos coloração vermelho-escuro e identificado apenas depois de algumas horas. INFARTOS BRANCOS: Oclusões arteriais Órgãos sólidos (rim, coraçaõ e baço) Órgãos que possuem circulação terminal (pouca circulação colateral). Aspectos microscópicos início: área pálida e mal delimitada; posteriomente: área branco-amarelada e bem delimitada. Halo hiperêmico-hemorrágico nas margens e característica histológica dominante é a necrose coagulativa isquêmica. INFARTO TRANSMURAL: Mais comum Necrose isquêmica – envolve toda ou quase toda na parede ventricular. Possíveis causas: Aterosclerose Ruptura de placa Trombose superposta INFARTO NÃO TRANSMURAL (SUBENDOCÁRDIO): A necrose isquêmica é limitada ao terço interno, ou, no máximo, até a metade da parede ventricular. CHOQUE CIRCULATÓRIO: O estágio final de diversos casos clínicos potencialmente fatais como: Hemorragia severa Traumas e queimaduras graves Grandes infartos do miocárdio Embolia pulmonar extensa Sepse – infecção generalizada no sangue. Leva a hipotensão sistêmica, causada tanto por débito cardíaco reduzido ou por diminuição do volume sanguíneo. As consequências são hipotensão, perfusão deficiente e hipóxia celular, que se prolongada, leva a danos teciduais irreparáveis e morte. CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE: Choque hipovolêmico é resultante da redução do volume intravascular secundário a perda de sangue ou fluidos e eletrólitos – diminuição do débito cardíaco. Choque cardiogênico ocorre como consequência de uma falência da bomba cardíaca, resultando na incapacidade do coração de manter uma adequada perfusão tecidual. Choque obstrutivo resulta de uma obstrução mecânica ao débito cardíaco, causando a hipoperfusão. Choque distributivo é caracterizado pela presença de má distribuição do fluxo sanguíneo. SINAIS E SINTOMAS: Sintomas que antecedem o choque: Inquietude, às vezes, ansiedade e temor; Náuseas, lipotimias (perda de força muscular); Astenia e sede intensa. Sinais e sintomas gerais do choque: Hipotensão; Pulso fino e taquicárdico; Pele fria e pegajosa; Sudorese abundante; Mucosas descoradas (hemorragia) e secas (desidratação); Palidez; Cianose; Resfriamento das extremidades; Hipotermia (às vezes hipertermia); Respiração superficial, rápida e irregular; Sede; Alterações neurossensoriais (perde noção do tempo e espaço). ESTÁGIOS DO CHOQUE: Fase inicial mecanismos compensatórios reflexos são ativados e a perfusão de órgãos vitais é mantida. Estágio progressivo hipoperfusão tecidual e início de um agravamento circulatório e desequilíbrio metabólico, incluindo acidose. Estágio irreversível lesão celular e tecidual tão intensa que, mesmo se os defeitos hemodinâmicos fossem corrigidos, a sobrevivência não seria possível. PRINCIPAIS VIAS PATOGÊNICAS NO CHOQUE:
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