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Políticas de Saúde no Brasil

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Prévia do material em texto

Políticas de Saúde no Brasil
João Luis Gallego Crivellaro
Rubens Gomes Correa
2013
Curitiba-PR
PARANÁ
Catalogação na fonte pela Biblioteca do Instituto Federal do Paraná
© INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ – EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Este Caderno foi elaborado pelo Instituto Federal do Paraná para a rede e-Tec Brasil.
Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Prof. Irineu Mario Colombo
Reitor
Prof. Joelson Juk
Chefe de Gabinete
Prof. Ezequiel Westphal
Pró-Reitor de Ensino – PROENS
Gilmar José Ferreira dos Santos
Pró-Reitor de Administração – PROAD
Prof. Silvestre Labiak
Pró-Reitor de Extensão, Pesquisa e 
Inovação – PROEPI
Neide Alves
Pró-Reitor de Gestão de Pessoas – PROGEPE
Bruno Pereira Faraco
Pró-Reitor de Planejamento e 
Desenvolvimento Institucional – PROPLAN
Prof. Marcelo Camilo Pedra
Diretor Geral do Câmpus EaD
Prof. Célio Alves Tibes Junior
Diretor de Ensino, Pesquisa e Extensão – 
DEPE/EaD
Coordenador Geral da Rede e-Tec Brasil – IFPR
Thiago da Costa Florencio
Diretor Substituto de Planejamento e 
Administração do Câmpus EaD
Prof.ª Patrícia de Souza Machado
Coordenadora de Ensino Médio e 
Técnico do Câmpus EaD 
Prof. Rubens G. Correa
Coordenador do Curso
Vania Carla Camargo
Vice-coordenadora do Curso
Jéssica Brisola Stori
Rafaela Aline Varella
Assistentes Pedagógicos
Prof.ª Ester dos Santos Oliveira
Coordenadora Design Instrucional
Prof.ª Sheila Cristina Mocellin
Silvia Kasprzak
Designer Instrucional
Silvia Kasprzak
Iara Penkal
Revisores editoriais
Aline Kavinski
Diagramadora
Thaisa Socher
Revisora
e-Tec/MEC
Projeto Gráfico
e-Tec Brasil
Prezado estudante,
Bem-vindo à Rede e-Tec Brasil!
Você faz parte de uma rede nacional de ensino, que por sua vez constitui uma 
das ações do Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e 
Emprego. O Pronatec, instituído pela Lei nº 12.513/2011, tem como objetivo 
principal expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação 
Profissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira propiciando 
caminho de o acesso mais rápido ao emprego.
É neste âmbito que as ações da Rede e-Tec Brasil promovem a parceria entre 
a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) e as instâncias 
promotoras de ensino técnico como os Institutos Federais, as Secretarias de 
Educação dos Estados, as Universidades, as Escolas e Colégios Tecnológicos 
e o Sistema S.
A Educação a Distância no nosso país, de dimensões continentais e grande 
diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao 
garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da 
formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente ou 
economicamente, dos grandes centros.
A Rede e-Tec Brasil leva diversos cursos técnicos a todas as regiões do 
país, incentivando os estudantes a concluir o Ensino Médio e realizar uma 
formação e atualização contínuas. Os cursos são ofertados pelas instituições 
de educação profissional e o atendimento ao estudante é realizado tanto nas 
sedes das instituições quanto em suas unidades remotas, os polos. 
Os parceiros da Rede e-Tec Brasil acreditam em uma educação profissional 
qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – é capaz 
de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com 
autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social, 
familiar, esportiva, política e ética.
Nós acreditamos em você!
Desejamos sucesso na sua formação profissional!
Ministério da Educação
Novembro de 2011
Nosso contato
etecbrasil@mec.gov.br
Apresentação e-Tec Brasil
e-Tec Brasil
Indicação de ícones
Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de 
linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.
Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.
Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o 
assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao 
tema estudado.
Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão 
utilizada no texto.
Mídias integradas: sempre que se desejar que os estudantes 
desenvolvam atividades empregando diferentes mídias: vídeos, 
filmes, jornais, ambiente AVA e outras.
Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em 
diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa 
realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado. 
e-Tec Brasil
Sumário
Palavra dos professores-autores 11
Aula 1 – Políticas de saúde e 
saúde coletiva ACS 13
1.1 Período colonial – 1500 a 1822 13
1.2 República Velha/Primeira 
República – 1889 a 1930 17
Aula 2 – Era Vargas: 1930 a 1945 21
Aula 3 – Período do desenvolvimento: 1946 a 1964 25
3.1 Período de Estado militar e o 
milagre brasileiro – 1964 a 1984 26
Aula 4 – Período da nova República 
e da luta pela reforma 
sanitária: 1985 a 1990 29
Aula 5 – O Sistema Único 
de Saúde (SUS) 33
5.1 Como surgiu o SUS 33
5.2 Papel dos serviços de saúde 35
5.3 Municipalização 35
Aula 6 – Município na gestão do SUS 39
Aula 7 – Controle social 47
7.1 Controle social: o que é isso? 47
7.2 O que é conselho regional de saúde? 47
7.3 Conselhos locais de saúde 47
7.4 Como criar o conselho local de saúde? 48
7.5 O que faz o conselho local de saúde? 48
7.6 Como o conselho local de saúde 
pode planejar suas ações? 48
Aula 8 – Saúde coletiva ou saúde pública 51
8.1 Rede humaniza SUS 51
Aula 9 – História natural da doença 55
9.1 Fase de prevenção primária 56
9.2 Proteção específica 57
Aula 10 – Fase de prevenção secundária 59
10.1 Diagnóstico precoce e a importância 
dos exames para tratamento 59
10.2 Limitação da incapacidade 59
Aula 11 – Modelos de atenção à saúde 63
11.1 Rede de atenção à saúde no SUS 64
Aula 12 – Pacto pela Saúde 67
12.1 Pacto pela Vida 67
12.2 Pacto em Defesa do SUS 68
12.3 Pacto de Gestão 69
12.4 A demanda por serviços de saúde 69
Aula 13 – Atenção básica e Rede 
de Atenção à Saúde 73
13.1 Reorganização da 
atenção básica municipal 73
Aula 14 – Estratégia Saúde da Família 77
14.1 Objetivos do modelo de saúde da família 78
14.2 Princípios operacionais da ESF 78
Aula 15 – Organização das Unidades 
de Saúde da Família I 81
15.1 Atribuições das equipes 82
Aula 16 – Organização das Unidades 
de Saúde da Família II 85
Aula 17 – Sistema local de saúde: plano 
diretor de regionalização 91
17.1 Objetivo do processo de trabalho 
da Atenção Primária à Saúde 92
Aula 18 – Política Nacional da Atenção Básica 95
18.1 Saúde mais perto de você 95
e-Tec Brasil
Aula 19 – Núcleo de Apoio à Saúde 
da Família (NASF) 101
19.1 Como são constituídas as equipes 101
Aula 20 – Sistemas de informação em saúde 107
20.1 Qualidade das informações em saúde 108
20.2 Recursos humanos em informática em saúde 109
20.3 Política do sistema de informação para o SUS 110
20.4 Informação e informática em saúde 111
20.5 Principais fontes de informação de 
interesse para o planejamento em saúde 113
20.6 Indicadores de interesse para a gestão da saúde 114
20.7 Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) 115
20.8 Sistema de Informações 
sobre Nascidos Vivos (Sinasc) 116
20.9 Sistema de Informações do 
Programa Nacional de Imunização (SI-PNI) 120
20.10 Sistema de Informação de 
Febre Amarela e Dengue (Sisfad) 121
20.11 Sistema de Informação da 
Atenção Básica (Siab) 121
20.12 Sistema de Informações Hospitalarese Sistema 
Ambulatorial do SUS (SIH-SUS e SIA-SUS) 122
Referências 127
Currículo dos professores-autores 131
e-Tec Brasil
e-Tec Brasil11
Palavra dos professores-autores
Prezado (a) aluno (a),
A história da Saúde do Brasil acompanhou o conhecimento e evolução 
da Política Brasileira, influenciadas pelas transformações socioculturais e 
econômicas, iremos relatar alguns aspectos importantes desta história.
Do Brasil Colônia até chegarmos ao Sistema Único de Saúde (SUS) que 
enfrenta atualmente um desafiona mudança de paradigma do modelo 
fragmentado e desarticulado. Busca um modelo mais integrado, construído 
a partir das necessidades e dos recursos planejados regionalizadamente e 
com maior capacidade resolutiva e que resultem em valores reconhecidos 
pela população. 
Durante nossos anos de estudos e de vida pública, vimos mais uma vez 
assegurar a vocês alunos e novos trabalhadores da saúde, propor uma 
qualificação profissional com qualidade, pelo reconhecimento da importância 
do diálogo com os princípios e diretrizes da Política Nacional de Saúde. 
A mobilização em defesa de uma política assistencial comprometida com a 
produção de autonomia dos profissionais de saúde, aos usuários do Sistema 
Único de Saúde (SUS) e a sua reinserção social na construção de uma 
mudança na Política de Saúde, resultou na criação de serviços substitutivos 
ao modelo tradicional hospitalocêntrico (hospital no centro) para modelos 
que implementam uma política de construção de caminhos alternativos para 
a Educação e aos serviços de saúde. A saúde adotou uma série de inovações 
no sentido de fortalecimento federativo com a diretriz da participação 
social, na organização do sistema de saúde para a produção do cuidado 
em saúde, como programas estratégicos, por exemplo: PSF (Programa 
Saúde da Família), ACS (Agente Comunitário de Saúde), CAPS (Centro de 
Atenção Psicossocial), NAPS (Núcleos de Atenção Psicossocial), Hospitais-Dia 
e Residências Terapêuticas, dentre outros.
A promoção e a prevenção das doenças é sempre o caminho mais seguro 
e econômico. Essas ações deveriam acontecer em cada família, porém, isso 
não acontece, pois existem limitações entre elas, falta de informações, mitos 
e muitas crendices.
A estratégia do Agente Comunitário de Saúde (ACS) na comunidade faz 
com que esse cidadão ou cidadã que trabalha e mora na sua comunidade, 
inteiramente identificado com ela, com os mesmo costumes e linguagem, 
cuja capacidade de liderança se reverte na ação comunitária em prol da 
melhoria das condições de vida e de saúde.
A construção das Redes de Atenção, o fortalecimento da APS (atenção 
primária à saúde) integrando ações do cuidado à saúde com as de vigilância 
apoiadas por ações de educação permanente configuram a agenda 
estratégica necessária às reorientações pretendidas.
Essa perspectiva de atuação em saúde tem refletido diretamente na 
implementação de ações numa ótica diferenciada com a participação social, 
buscando congregar os mais diversos saberes existentes nas comunidades. 
Neste sentido, vale à pena propor a construção de uma nova cultura em 
pensar e viver saúde pública, da desmistificação da Política de Saúde.
O Agente Comunitário de Saúde (ACS) profissional inserido na equipe de 
saúde, membro da comunidade, conhecedor de seu território e agente 
transformador da comunidade, esperamos que sua participação e atuação 
ocorram na base da Promoção da Saúde. O objetivo desse livro é refletir sobre 
a política de saúde e as ações a serem desenvolvidas para a acessibilidade dos 
profissionais de saúde em busca da importância dos programas implantados 
e a serem executados pelo Ministério da Saúde. 
A você estudantes do curso de Agente Comunitário de Saúde desejam que 
estas etapas despertem para sua condição de saúde e busquem caminhos e 
qualidade de vida mais saudáveis.
Para tanto o nosso objetivo consiste em buscar e habilitar os profissionais 
que atuam na promoção, prevenção e recuperação da saúde.
Os autores
e-Tec Brasil
e-Tec Brasil13
Aula 1 – Políticas de saúde e 
saúde coletiva ACS
Seja bem-vindo a nossa primeira aula, em que falaremos sobre 
o princípio da história da Política Nacional de Saúde, o descobri-
mento do Brasil e a evolução da política brasileira, influenciada 
pelas transformações econômicas e socioculturais.
1.1 Período colonial – 1500 a 1822
O século XV, período do descobrimento do Brasil, combinou com o nasci-
mento da medicina moderna no mundo com cunho científico, baseando-se 
em estudos e investigações das doenças.
Segundo Crivellaro (2012), com tantas dificuldades para atender às pessoas 
doentes, a maioria da população utilizava a medicina popular (cultura indí-
gena, jesuíta e africana). Havia poucos médicos, a população não tinha po-
der aquisitivo para pagar sua consulta e, sendo assim, praticava-se muito a 
“sangria”, método de extrair sangue do doente para curá-lo, e o uso de 
purgativos nos tratamentos.
A vinda dos padres jesuítas para o Brasil foi de 
grande valia para os doentes, pois seu objeti-
vo não era apenas catequizar os índios, mas 
também dar assistência aos pacientes, levando 
medicamentos manipulados por eles de suas 
boticas e alimentos, aproveitando o momen-
to também para a catequese, que se tornou a 
base da educação, com excelentes colégios e 
faculdades espalhados pelo território nacional.
O progressivo desenvolvimento da coloniza-
ção levou ao desaparecimento da assistên-
cia médica jesuítica, substituída pelos físicos, 
como eram conhecidos os médicos da época, 
e pelos cirurgiões-barbeiros.
Nesse período, a varíola vinda da África – onde era endêmica – e da Europa 
invadiu o território brasileiro em forma de surto, dizimando parte da popu-
lação brasileira.
Sabe-se que a primeira epidemia 
de varíola ocorreu em 1563, na 
Bahia. As comunidades indígenas 
eram as mais vulneráveis e 
muitas tribos foram extintas 
pelas epidemias da doença.
Figura 1.1: Criança com varíola
Fonte: Domínio Público/Wikimedia Commons.
Varíola (também conhecida 
como bexiga) foi uma doença 
infectocontagiosa. É causada 
por um Orthopoxvirus, um dos 
maiores vírus que infectam os 
seres humanos. É considerada 
extinta desde 11 de setembro 
de 1978, ano em que ocorreu 
o último caso que vitimou uma 
médica em um laboratório 
inglês por erro (Janet Parker). O 
último caso registrado fora dos 
laboratórios foi em 1977, na 
Somália.
Uma epidemia se caracteriza 
pela incidência, em curto período 
de tempo, de grande número 
de casos de uma doença. Esse 
termo tem origem no grego 
clássico: epi (sobre) + demos 
(povo) e sabe-se que foi utilizado 
por Hipócrates no século VI a.C.
Fonte: <http://www.sobiologia.
com.br/conteudos/Seresvivos/
Ciencias/biovirus9.php>.
As ações de serviços de saúde eram organizadas de forma primitiva, sem o 
controle das doenças transmissíveis na época. A varíola e a febre amarela 
chamavam bastante atenção, sendo que os doentes eram afastados ou con-
finados em Santas Casas de Misericórdia.
O Brasil era considerado um país belo, rico e um verdadeiro paraíso. Porém, 
quando era visitado por marinheiros, quando retornavam a seus países de 
origem, eles o chamavam de um país pestilento, com pouca chance de so-
brevivência, tanto nas comunidades brancas quanto nas indígenas, principal-
mente devido a doenças, o que era o maior obstáculo para o estabelecimen-
to dos colonizadores. O Conselho Ultramarino Português, responsável pela 
administração das colônias, diante do dilema sanitário, criou, ainda no sé-
culo XVI, os cargos de cirurgião-mor e físico-mor (MACHADO et al., 1978). 
As populações ricas e pobres tinham preferência pelas práticas de sangria 
e por remédios recomendados pelos curandeiros negros ou indígenas, evi-
tando os medicamentos e tratamentos trazidos pelos médicos formados na 
Europa. 
A ação contra a febre amarela em Pernambuco, entre os anos de 1685 e 
1694, inaugura uma nova prática: o isolamento voltado para o indivíduo, 
evitando assim a propagação da doença no meio urbano; aterramento de 
áreas em que existiam águas estagnadas; limpeza das ruas e casas; criação 
de cemitérios para purificar o ar. Essas medidas ajudaram a melhorar as con-
dições de saúde da população (MACHADO et al., 1978).
A partir do século XIX, inicia-se a lógica da promoção à saúde, que é o período 
que antecede a ocorrência de doenças. Surgiu o movimento denominado de 
Medicina Social, que procura intervir na sociedade de maneira global,evitan-
do assim as doenças e enfrentando as suas causas contra tudo que, na socie-
dade, pode interferir no bem-estar físico e moral (MACHADO et al., 1978). 
A saúde era vista como um problema social, e as autoridades da época ti-
nham como objetivo preservá-la, passando assim a uma nova ótica do Es-
tado sobre a saúde, como instituição sobre o cidadão doente com o trata-
mento. No caso que fosse necessário, o Estado proporcionava ao doente 
seu isolamento do convívio social (o enclausuramento), significado de uma 
prática que se refere à exclusão genérica e não a uma segregação institu-
cionalizada, submetendo a saúde da população e suas possíveis causas a 
vigilância contínua.
Em 1543 foi construída, por Braz 
Cubas, a primeira Santa Casa de 
Misericórdia do Brasil, 
em Santos, São Paulo. 
A segunda foi em Salvador, 
Bahia, no ano de 1549.
Políticas de Saúde no Brasile-Tec Brasil 14
Você conhece alguns serviços hospitalares que ainda tratam os pacientes 
com tuberculose, hanseníase (leprosos), saúde mental (manicômios), etc.?
Em 1808, com a vinda da família real para o Brasil, institui-se a ação deno-
minada de Polícia Médica, proveniente da Alemanha do século XVIII. Tinha 
como objetivo intervenções nas condições de saúde e vida da população, vi-
giando e controlando o aparecimento de novas epidemias. Era uma medida 
de vigilância da cidade, de controle e profilaxia, controlando e monitorando 
as antigas e novas instalações de minas e cemitérios, o comércio do pão, 
vinho e carne.
No mesmo ano, D. João VI atribui a fisicatura, com uma visão voltada para 
os problemas de higiene do meio urbano, a política sanitária da cidade. 
Baseada na teoria miasmática, que está relacionada com emanação prove-
niente de substâncias animais ou vegetais em decomposição, ou seja, em 
estado de putrefação, que resultaria na contaminação das águas e ar (depois 
dos estudos de Pasteur, não se fala senão em miasmas microbianos, isto é, 
micróbios e suas toxinas). Ainda, não podemos deixar de vincular a sujidade 
espiritual, ética e mental que concebia as emanações de elementos do meio 
físico como seus agentes responsáveis (MACHADO et al., 1978).
Para combater essas doenças, propunha-se demarcação de ruas na visão de 
urbanização da cidade, implantação de redes de água e esgoto sem trata-
mento, criação de normas higiênicas para enterro dos mortos e cemitérios, 
etc. Outras causas de doenças poderiam estar ligadas à precariedade na 
conservação dos alimentos, devido ao mal estado das carnes, peixes, fari-
nha, vinhos, vinagres e azeites. Surge, então, a necessidade de controlar o 
comércio de alimentos, entre eles os açougues e os matadouros.
Outra causa provável causadora de doenças seria a circulação das pessoas e 
mercadorias pelos portos brasileiros. A fim de evitá-la, foi proposta a criação 
de um lazareto, que é um lugar afastado do centro urbano, para quarentena 
dos escravos portadores de moléstias epidêmicas e cutâneas. Esse conjunto 
de ações de profilaxia das moléstias transmissíveis tinha como objetivo a 
fiscalização rigorosa de embarcações nos portos que poderiam vir a trazer 
peste e outras doenças epidêmicas, constituindo a vigilância sanitária dos 
portos. Dependendo das doenças e do número de óbitos ocorridos a bordo, 
a quarentena dos indivíduos ou dos doentes do navio era feita ou não nos 
lazaretos. Cabia somente à autoridade sanitária conceder a essas pessoas o 
visto de entrada na cidade. Essas são as primeiras ações nas quais foi possível 
Fisicatura: a estrutura 
administrativa da fisicatura era 
representada pelo físico-mor e 
pelo cirurgião-mor do Reino.
e-Tec BrasilAula 1 – Políticas de saúde e saúde coletiva ACS 15
observar a preocupação com o indivíduo, iniciando-se a noção de caso, além 
da vigilância da cidade. Acerca da noção de caso, fundamentam-se ações 
restritas ao indivíduo portador: isolamento do paciente, seu controle, mani-
pulação e até punição.
Em 28 de janeiro de 1808, foi instaurada a abertura dos portos às nações 
amigas pelo Decreto do Príncipe Regente, seguida, em 28 de julho de 1809, 
da criação do cargo de Provedor-mor da Saúde da Corte, que desvinculou 
as ações de saúde da inspeção das Câmaras. Nesse último, há a menção da 
palavra “vigilância”, baseando-se na noção de contágio e de estratégias de 
isolamento das embarcações oriundas de áreas suspeitas de peste ou do-
enças infectocontagiosas, além do controle sanitário sobre as mercadorias 
presentes a bordo (MACHADO et al., 1978).
[...] da conservação da saúde pública; devendo haver todo o zelo, cuida-
do e VIGILÂNCIA, em que ela não perigue por CONTÁGIO, fiscalizando-
-se o estado de saúde das equipagens das embarcações, que vêm de 
diversos Portos, e obrigando-se a dar fundeio em mais distâncias as 
que saírem de áreas suspeitas de peste, ou moléstias contagiosas, e a 
demorar-se por algum tempo os que nelas se transportarem; e em se 
afastarem do uso, e mercados comuns, os comestíveis, os gêneros cor-
rompidos, ou iscados de princípios de podridão [...] (Decreto do Príncipe 
Regente, Palácio do Rio de Janeiro em vinte e oito de julho de 1809).
Em 22 de janeiro de 1810, o alvará instituído dá regimento ao Provedor-mor 
da Saúde, determinando a construção de lazaretos para viajantes e ancora-
douro de embarcações suspeitas que deveriam permanecer em quarentena, 
inclusive com taxas públicas para esse serviço de saúde. É um dos primei-
ros regulamentos responsável pelo controle sanitário nos portos brasileiros. 
Trata-se do início da vigilância em saúde nos portos, aeroportos e fronteiras 
para o controle de doenças contagiosas.
A Junta de Instituição Vacínica foi criada em 1811, sob o comando do In-
tendente Geral da Polícia da Corte e do Estado do Brasil e do Físico-mor do 
Reino, executando a vacinação antivariólica como uma nova abordagem de 
controle da doença, pois já se tinha o conhecimento da existência de agen-
tes etiológicos (MACHADO et al., 1978).
Políticas de Saúde no Brasile-Tec Brasil 16
1.2 República Velha/Primeira 
República – 1889 a 1930
Com a crise de mão de obra provocada pela abolição da escravatura em 
1888, ocorreu um grande aumento da emigração europeia para o Brasil, 
principalmente da Itália, Espanha e Portugal, que possuíam pessoas muito 
suscetíveis às doenças tropicais. A falta de políticas sociais e de saúde levou 
ao crescimento de casos de cólera, peste bubônica, febre amarela, varíola, 
entre outras doenças. Esse período foi marcado pela hegemonia do café, 
governado principalmente por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e 
devido a essa degradante situação sanitária encontrada no Brasil, muitos 
navios recusavam-se a vir ao país, prejudicando também a economia que 
dependia da exportação do café.
Com o intuito de controlar as doenças que 
visavam à manutenção da força de traba-
lho em quantidade e qualidade adequa-
das, era preciso a montagem de uma es-
trutura. Uma simples fiscalização não seria 
a solução para o problema, sendo necessá-
ria uma ação governamental mais abran-
gente. A solução encontrada para mudar 
a imagem do país lá fora foi o saneamento 
nos núcleos urbanos e portos. 
O então presidente do Brasil na época, Ro-
drigues Alves, cujo governo foi marcado 
pelas ações de “higienização”, nomeou Oswaldo Cruz como diretor do De-
partamento Federal de Saúde Pública, que se propôs a erradicar as endemias 
urbanas e, posteriormente, as rurais, em todo o país no ano de 1903, além 
de garantir medidas vacinais obrigatórias contra a varíola, cuja lei foi promul-
gada em 1904 e que gerou a polêmica Revolta da Vacina.
Nesse mesmo período, outras doenças tinham relevância clínica, como a 
malária, doença de Chagas, tuberculose, alcoolismo e desnutrição, o que le-
vou à criação do Departamento Nacional de Saúde Pública, que tinha como 
objetivo a expansão dos serviços de saneamento urbano e rural, além da 
higiene infantil, a industrial e profissional,a propaganda sanitária, a saúde 
dos portos e o combate às endemias rurais. Foram instituídas também as ins-
petorias de higiene do trabalho, da educação sanitária e os centros de saúde.
Figura 1.2: Oswaldo Cruz
Fonte: Domínio Público/Wikimedia Commons.
No século XVII, Jenner 
desenvolve a vacina da varíola, 
por meio de experimento com 
um único indivíduo. Alguns lotes 
tinham o resultado esperado, 
embora outros matassem as 
pessoas de varíola.
Figura 1.3: Edward Jenner
Fonte: Domínio Público/ 
Wikimedia Commons.
e-Tec BrasilAula 1 – Políticas de saúde e saúde coletiva ACS 17
Em 1923, com a finalidade de controlar e regulamentar o mercado de traba-
lho, foram promulgadas algumas leis. Entre elas a de maior importância, de-
nominada lei Elói Chaves, que beneficiava as empresas de estradas de ferro 
com o sistema das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP), que davam os 
seguintes benefícios: assistência médica curativa e fornecimento de medica-
mentos, aposentadoria por tempo de serviço, velhice ou invalidez, pensões 
para dependentes dos empregados e auxílios para funeral. Em 1926, essa lei 
foi estendida aos portuários marítimos, dando início ao sistema previdenciá-
rio no país, baseado em contribuições em longo prazo.
A partir de 1923, foram criados os primeiros centros de saúde no Brasil, que 
eram estruturas assistenciais básicas permanentes. O primeiro centro de saú-
de no país foi implantado no Rio de Janeiro.
Nesta aula, percebemos que o Brasil enfrentou sérios problemas de saúde 
devido à falta de higiene, mas que se conscientizou desse problema e ten-
tou, com algumas medidas, melhorar a precariedade em que se encontrava.
Resumo
Nesta aula falamos sobre:
 – Nascimento da medicina moderna no mundo com cunho científico.
 – População utilizava a medicina popular.
 – Assistência médica jesuítica substituída pelos físicos e pelos cirurgiões-
-barbeiros.
 – Endemia de varíola no Brasil.
 – Fundação das Santas Casas de Misericórdia.
 – Medidas para melhorar as condições de saúde da população.
 – Criação de lazaretos.
 – Controle sanitário dos portos. 
 – Vacinação antivariólica. 
 – Crescimento de casos de cólera, peste bubônica, febre amarela, varíola, 
entre outras doenças. 
 – Saneamento nos núcleos urbanos e portos. 
 – Marco do sanitarismo no Brasil, erradicação da febre amarela pelo 
médico Osvaldo Cruz.
 – Modelo autoritário e médico-cêntrico.
 – Surgimento das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP).
Políticas de Saúde no Brasile-Tec Brasil 18
Atividades de aprendizagem
•	 Quais doenças que você conhece que podem ocorrer com a má conser-
vação dos alimentos?
Anotações
e-Tec BrasilAula 1 – Políticas de saúde e saúde coletiva ACS 19
e-Tec Brasil21
Aula 2 – Era Vargas: 1930 a 1945
Nesta aula veremos um país que se inicia com o objetivo de cres-
cimento, porém, centrado na produção do trabalho, importante 
para conquista do trabalhador. Era o Brasil virando a página no 
espaço do desenvolvimento populista.
Nos períodos anteriores, vimos um Brasil Colônia que se manteve enfermo, 
pois a base da cura das doenças eram meramente por ritos, feitiços, práticas 
e saberes populares. Mas a década de 1930 apresentou alterações socioeco-
nômicas e políticas devido ao processo de industrialização.
Em 1929, devido à quebra da bolsa de Nova Iorque, o café brasileiro desva-
lorizou no mercado internacional, o que fez com que as pessoas das zonas 
rurais mudassem para os centros urbanos, impulsionando um processo de 
industrialização e urbanização. Com esse êxodo rural, o excesso popula-
cional e a falta de condições sanitárias adequadas intensificaram os surtos 
epidêmicos e a piora das condições de vida.
Ainda nos anos 1930, a estrutura das 
CAP foi incorporada pelos Institutos de 
Aposentadorias e Pensões (IAP), autar-
quias centralizadas no governo federal, 
supervisionadas pelo Ministério do Tra-
balho, Indústria e Comércio que bene-
ficiavam os trabalhadores com carteira 
assinada (comerciantes, transportes e 
cargas, marítimos, bancários, funcioná-
rios públicos), com assistência médica 
gratuita e auxílio nos casos de doenças 
e acidentes. Os trabalhadores informais 
continuavam sendo atendidos pelo se-
tor público ou entidades de caridades 
(CRIVELLARO, 2012).
Com mais autonomia relativa ao poder central e à disposição de controle 
social, o Estado promoveu programas de saúde pública que, via de regra, 
eram limitados pela opção política, adotados como modelo sanitarista e que 
Figura 2.1: Carteira de trabalho
Fonte: Marcello Casal Jr/ABr/©Creative Commons.
promoviam um conjunto de medidas integradas, direcionadas a assuntos 
sociais, que tinham como principal objetivo a criação de condições sanitárias 
mínimas nos centros urbanos.
Em 1942, surge o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), que tinha como 
principal objetivo levar apoio médico-sanitário a regiões afastadas importan-
tes para o Brasil na época, como a Amazônia e o Vale do Rio Doce. O SESP, 
além de atuar em áreas geográficas distantes e carentes e inserir inovações 
na assistência médico-sanitária, destacou-se também por ser pioneiro na 
atenção básica domiciliar.
Com a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), em 1943, o trabalhador pas-
sou a ganhar salário mínimo, a ter jornada de trabalho de oito horas por dia, 
férias remuneradas, horas extras, direito à licença-maternidade remunerada, 
entre outros auxílios. 
Nessa mesma época, a assistência previdenciária e a médica foram expan-
didas aos familiares dos operários. Houve também um avanço das doenças 
infectocontagiosas, como a doença de Chagas, tuberculose, lepra, traco-
ma, esquistossomose, ancilostomose, entre outras.
Nesta aula percebemos que, em uma tentativa de controlar os problemas 
decorridos da urbanização no Brasil, foram tomadas diversas medidas para 
conseguir criar condições sanitárias mínimas para a população, mesmo que 
ainda longe do ideal. 
Resumo
Nesta aula vimos sobre:
 – Década de 1930: processo de industrialização.
 – Êxodo rural impulsionando um processo de industrialização e urba-
nização, com consequente intensificação dos surtos epidêmicos e a 
piora das condições de vida.
 – Estrutura das CAP incorporada pelos Institutos de Aposentadorias e 
Pensões (IAP), que beneficiavam os trabalhadores formais. 
 – Estado promoveu programas de saúde pública que tinham como 
principal objetivo a criação de condições sanitárias mínimas nos cen-
tros urbanos.
 – Surgimento do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP).
 – Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), em 1943. 
Doenças infectocontagiosas: 
decorrem de ambientes e 
condições inadequadas, muitas 
vezes relacionadas a baixos 
padrões de higiene, condições 
socioculturais e econômicas, 
podendo ser transmitidas a 
outras pessoas.
Doença de Chagas – Conhecida 
como mal de Chagas ou 
chaguismo, também chamada 
tripanossomíase americana/
Trypanosoma cruzi, é transmitida 
por um inseto, conhecido no 
Brasil como barbeiro ou, ainda, 
chupança, fincão, bicudo, 
chupão. Podendo, torna-se 
crônica e grave, se não tratada, 
poderá ser fatal. Pacientes em 
estado grave são muitas vezes 
encaminhados ao transplante 
cardíaco, porém não há cura 
para a doença.
Tuberculose (Tb) – Doença 
infectocontagiosa causada pelo 
Mycobacterium tuberculosis. 
A transmissão ocorre através 
do ar, por meio de gotículas 
contendo os bacilos expelidos 
por um doente ao tossir, espirrar 
ou falar em voz alta. Quando 
essas gotículas são inaladas 
por pessoas sadias, provocam a 
infecção tuberculosa e o risco de 
desenvolver a doença. Há cura e 
o tratamento tem duração de, no 
mínimo, seis meses.
Hanseníase (Lepra) – Doença 
crônica granulamatosa, 
proveniente de infecção causada 
pelo Mycobacterium leprae. 
A hanseníase parece ser uma 
das mais antigas doenças 
que acometem o homem. As 
referências mais remotas datam 
de 600 a.C. A hanseníase tem 
tratamento e cura.
Fonte: Brasil (2009).
Políticas de Saúde noBrasile-Tec Brasil 22
 – Assistência previdenciária e médica expandida aos familiares dos 
operários.
 – Avanço das doenças infectocontagiosas.
Atividades de aprendizagem
•	 Na sua família, comunidade ou município, existe alguma das doenças 
citadas nesta aula? Ou, você já ouviu falar delas?
Anotações
e-Tec BrasilAula 2 – Era Vargas: 1930 a 1945 23
e-Tec Brasil25
Aula 3 – Período do desenvolvimento: 
1946 a 1964
Nesta aula veremos a crise política e econômica, agravada com o 
final da Segunda Grande Guerra. Com a destituição de Getúlio 
Vargas, surgiu, no ano seguinte, um período de liberalização do 
regime político, de uma constituição democrática de inspiração 
liberal. Os movimentos sociais exigiam melhorias nas condições 
de vida, saúde e trabalho.
Com o objetivo de melhoria na condição de saúde da população, em 1948, 
foi lançado o plano Salte (saúde, alimentação, transporte e energia), mas que 
não chegou a ser colocado em prática, devido à falta de recursos financeiros.
Na assistência à saúde, em 1949, foi criado o Serviço de Assistência Médica 
Domiciliar de Urgência (Samdu). Ele é importante devido a três características 
inovadoras: o atendimento médico domiciliar (que existia apenas na prática 
privada); o financiamento consorciado entre todos os IAP; e o atendimento 
universal (porém, apenas em casos de urgência) (BRASIL, 2005).
Em 1953, foi criado o Ministério da Saúde, mantido com orçamento escas-
so, era voltado às campanhas e à assistência médico-assistencial. Em 1956, 
criou-se o Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERu), que congre-
ga todos os serviços de combate às doenças endêmicas. 
Em 1961, foi regulamentado o Código Nacional de Saúde, criado pela Lei 
n. 2.312/54, que atribuía ao Ministério da Saúde controle na regulação de 
alimentos, estabelecimentos industriais e comerciais, pessoal e veículos; e na 
distribuição, na propaganda comercial e no controle de resíduos de pesticidas.
A malária e a varíola eram doenças com grande mortalidade na época, e 
com o objetivo de combatê-las foram criados órgãos executivos autônomos, 
como a Campanha de Erradicação da Malária (CEM), em 1962, e a Cam-
panha de Erradicação da Varíola (CEV), em 1966. A CEV contribuiu com a 
construção de um sistema de notificação e investigação de casos suspeitos 
da doença por meio de dois mecanismos: a organização de Unidades de 
Vigilância Epidemiológica (UVE) e a delegação de competência à SESP para 
coordenar em nível nacional a rede de UVE (BRASIL, 2009).
Leia o livro de José Joffily 
Bezerra, intitulado O plano 
Salte: setor alimentos, 
e saiba um pouco 
mais sobre o assunto.
3.1 Período de Estado militar e o 
milagre brasileiro – 1964 a 1984
A crise política que levou ao golpe militar, em 1964, gerou cortes significa-
tivos no orçamento do Ministério da Saúde, desencadeando a fase aguda 
do sistema nacional de saúde. As doenças aconteciam da mesma forma 
que nos períodos anteriores, porém, elas e seus indicadores de saúde eram 
omitidos ou manipulados, dando a impressão de uma melhora nesse setor, 
que além de sofrer com a escassez financeira do Estado, ainda tinha que 
lidar com a falta de prioridade com a saúde do povo brasileiro (NICZ, 1982).
Nesse período ocorreu uma grande transformação no saber e na prática 
médica, que começou a basear-se mais na utilização de medicamentos, na 
difusão de serviços para o diagnóstico e na frequente utilização de equipa-
mentos médicos.
A unificação dos institutos previdenciários, com a criação do Instituto Na-
cional de Previdência Social (INPS), em 1966, levou a um aumento da assis-
tência médica da previdência individualista e não coletivista, o que fez com 
que os investimentos nas ações de promoção e prevenção à saúde fossem 
transferidos a compras de serviços hospitalares das iniciativas privadas.
Com esse novo modelo imposto, o qual chamou-se de hospitalocêntrico, 
houve um grande aumento nos gastos, sendo necessário realizar emprésti-
mos a fundo perdido. 
Outros órgãos de importância foram criados juntamente com o INPS, como 
o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps) 
e o Sistema Nacional de Previdência (Sinpas), responsável pela assistência 
médica. 
No início da década de 1970, a vigilância epidemiológica foi introduzida 
no Brasil durante a campanha da varíola. Em meados da mesma década, o 
modelo militar implantado entra em crise, gerando aumento da população 
com baixos salários e desempregada, as favelas, a marginalidade e a morta-
lidade infantil. Já no que diz respeito à ocorrência de doenças, constatava-se 
a permanência de graves problemas de saúde na população, pois o modelo 
previdenciário mostrava-se incapaz de solucionar os problemas de saúde co-
letiva. Além das doenças infectocontagiosas já existentes, começam a surgir 
as doenças crônico-degenerativas, características de sociedades industrializadas. 
Hospitalocêntrico significa 
“hospital no centro”. Expressão 
comumente usada no setor 
da saúde para criticar um 
modelo de saúde baseado no 
hospital (nas ações curativas). 
Um modelo que não leva em 
consideração a atenção básica 
e a prevenção (que acontece 
fora dos hospitais, nas unidades 
básicas de saúde, na ação dos 
agentes comunitários de saúde, 
da equipe de saúde da família, 
etc.) tão importantes quanto 
o tratamento que 
acontece no hospital.
Políticas de Saúde no Brasile-Tec Brasil 26
Endemias que antes acometiam a população rural, também passam a ser ur-
banas, agravaram-se a desnutrição, a tuberculose e a hanseníase, a malária 
voltou a infectar um grande número de pessoas.
Com o objetivo de expandir o atendimento de urgência para indigentes nas 
áreas urbanas, foi criado o Programa de Pronta Ação (PPA), ficando a cargo 
do Ministério da Saúde e do Ministério da Previdência e Assistência Social 
(MPAS) o pagamento dos hospitais, conveniados ou não, que prestassem 
atendimento. Foi criado também o Dataprev, que passou a controlar as con-
tas hospitalares, a ampliação dos setores conveniados e normalizações do 
funcionamento de setores.
Em 1975, durante uma epidemia de doença meningocócica, aumento da 
mortalidade infantil e de acidentes de trabalho, surge no país o Sistema 
Nacional de Saúde (Lei n. 6.229), que objetivava: baratear e organizar os se-
tores de saúde, financiamentos, convênios e clínicas (prestadoras de serviço 
de saúde); integrar as práticas de saúde pública e medicina previdenciária; 
rearticular as unidades do setor público e essas com o setor privado; regio-
nalizar e hierarquizar a assistência medico-sanitária de acordo com os perfis 
epidemiológicos de cada área do País. Posteriormente, essa lei foi revogada 
pela Lei n. 8.080, em 1990, com a implantação do Sistema Único de Saúde.
Na Conferência de Alma-Ata (Cazaquistão), em 1978, mudou-se o concei-
to de saúde, que antes era “ausência de doença”, e passou a ser “estado 
completo de bem-estar físico, mental e social”. Também foi proposta a meta 
de “saúde para todos” até o ano de 2000. Em 1980, foi criado o Programa 
Nacional de Serviços Básicos de Saúde (PREV-SAÚDE, BRASIL, 1990).
I. A Conferência reafirma enfaticamente que a saúde, estado de com-
pleto bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência 
de doença ou enfermidade, é um direito humano fundamental, e que 
a consecução do mais alto nível possível de saúde é a mais importante 
meta social mundial, cuja realização requer a ação de muitos outros 
setores sociais e econômicos, além do setor da saúde.
Fonte: Conferência de Alma-Ata, 1978.
Assista ao filme Eles não usam 
black-tie, realizado no Brasil, 
em 1981, e com direção de Leon 
Hirzman. Esse filme mostra 
São Paulo no ano de 1980 
e como a ditadura influenciava a 
vida dos brasileiros, nos diversos 
aspectos cotidianos.
e-Tec BrasilAula 3 – Período do desenvolvimento: 1946 a 1964 27
Com o intuito de reorganizar o setor da saúde, o governo criou o ConselhoConsultivo de Administração da Saúde Previdenciária (Conasp) para contro-
lar as ações de saúde coletiva. Em 1983, o conselho recomendou a criação 
de Ações Integradas de Saúde (AIS), que buscava nos serviços de saúde as-
sistencial (federal, estadual e municipal) a integração dos serviços de saúde, 
previdência e educação (BRASIL, 1990).
Nesta aula vimos um grande desenvolvimento no plano da saúde brasileira, 
que passou a ser vista sob a ótica de um bem de consumo.
Resumo
Nesta aula vimos sobre:
 – A saúde-doença começa a ser analisada sob diferentes óticas – não 
só a da biologia.
 – Início do desenvolvimento sanitário X atenção médica individual, face 
aos crescentes problemas de saúde da população urbana e rural.
 – Vinte anos de ditadura militar.
 – Período do “milagre” brasileiro (1968 a 1974), elevada taxa de pro-
dutividade aliada a baixos salários, para a grande maioria dos traba-
lhadores (menos especializados).
 – A saúde passou a ser um bem de consumo.
 – Aumento de hospitais e clínicas com o financiamento da Previdência 
Social.
 – Orçamento para a saúde, visando à consulta médica, hospitalização, 
consumo de tecnologia e medicamentos, em detrimento de uma po-
lítica de saúde coletiva.
 – Aumento de grupos de saúde, centrados na lógica da saúde.
 – Ensino médico desvinculado da realidade sanitária e voltado para a 
especialização e sofisticação tecnológica, dependente das indústrias 
farmacêuticas.
 – Serviço de saúde básica federal.
Atividades de aprendizagem
•	 Depois de assistir ao filme indicado em mídias integradas, Eles não usam 
black-tie, discuta com os seus colegas sobre o movimento sociocultural. 
Depois, relate o que você achou mais marcante nesse filme.
Políticas de Saúde no Brasile-Tec Brasil 28
e-Tec Brasil29
Aula 4 – Período da nova República 
e da luta pela reforma 
sanitária: 1985 a 1990
Nesta aula estudaremos o período marcado pelas eleições dire-
tas à Presidência da República, apesar de o presidente Tancredo 
Neves e o vice, José Ribamar Sarney, terem sido eleitos através 
da Câmara. Esse último assumiu a presidência de um governo 
chamado de transição, devido à morte de Tancredo. Durante essa 
época, iniciou-se a luta pela reforma sanitária do país.
Em novembro de 1986, aconteceu no Canadá a 1ª Conferência Internacional 
de Promoção de Saúde, em que foi apresentado um documento chamado 
Carta de Ottawa, que enfatizou a importância e o impacto das dimensões 
socioeconômicas, políticas e culturais com relação às condições de saúde. 
Segundo esse documento, a promoção da saúde consiste no processo de criar 
condições para que as pessoas possam controlar os fatores determinantes da 
sua saúde, com o intuito de melhorá-la. Focou-se em três vertentes principais: 
a educação para a saúde, a prevenção da doença (medidas que evitam, de-
tectam e tratam precocemente doenças específicas e eventuais sequelas) e a 
proteção da saúde (ações que visam ao controle dos fatores de risco).
Figura 4.1: VIII Conferência Nacional de Saúde, 1986
Fonte: http://www.sindsaudepr.org.br/imgs/linha_tempo/1989.jpg.
http://www.ccms.saude.gov.br/conferenciasnacionaisdesaude/imagens/historiaeconquistasfoto.jpg.
Ainda em 1986, foram desenvolvidas várias tentativas para reestruturar a 
saúde, organizadas pelo movimento de Reforma Sanitária, o que culminou 
com a convocação da VIII Conferência Nacional da Saúde pelo Ministério da 
Saúde. Debateu-se sobre a reformulação do Sistema Nacional de Saúde (Re-
forma Sanitária), com medidas que apontavam para a unificação dos com-
ponentes assistencial e preventivo em um único comando, organizado de 
forma descentralizada, marcando o início da criação do Sistema Único de 
Saúde (SUS). Vale ressaltar esse evento como um marco para a participação 
da sociedade civil no processo preparatório que envolveu profissionais da 
área de saúde, usuários, intelectuais, partidos políticos e sindicatos.
Um passo importante na história da saúde 
foi dado em 1987, ao ser criado o Siste-
ma Unificado e Descentralizado de Saúde 
(SUDS), que tinha como objetivo principal a 
consolidação das Ações Integradas da Saú-
de (AIS), reforçando a descentralização dos 
serviços e indo ao encontro da população 
para atender suas necessidades.
Uma nova Constituição Federal foi promul-
gada em 1988, que garantia acesso univer-
sal, igualitário e integral da população aos 
serviços e ações de proteção e recuperação 
da saúde, além de várias iniciativas institucio-
nais, legais e comunitárias que foram desen-
volvidas no sentido de criar condições de viabilização integral desses direitos.
A Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, que regulamenta o SUS em todo 
o território nacional, trata sobre as condições para a promoção, proteção e 
recuperação da saúde, dando início ao sistema que conhecemos hoje.
A necessidade de construir um país em franco desenvolvimento, sem dúvida 
nenhuma, é garantir acesso aos serviços de saúde, mas com corresponsabi-
lidade entre o cidadão e o Estado, e vice-versa.
Resumo
Nesta aula vimos a transição de um regime ditatorial para uma situação de 
estabilidade democrática, que favoreceu a descentralização dos serviços, em 
níveis municipais, através dos AIS.
Em 1986, houve a VIII Conferência Nacional de Saúde: discussão da reforma 
sanitária a ser implantada pela Assembleia Nacional Constituinte (1988). 
Figura 4.2: Zé Gotinha, símbolo da 
campanha de vacinação infantil 
Fonte: http://www.portalangels.com/educacao/
wp-content/uploads/2011/11/ze-gotinha.jpg
Pesquise a Lei n. 8.080/90 e a 
Lei n. 8.142/90, acessando:
<http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/L8080.
htm#art55> e 
<http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l8142.htm>.
Você não pode deixar de assistir 
ao fantástico documentário 
intitulado Políticas de saúde 
no Brasil: um século de luta 
pelo direito à saúde, dirigido 
por Renato Tapajós e lançado 
pelo Ministério da Saúde (2006).
O vídeo está disponível no link: 
<http://www.youtube.com/
watch?v=cSwIL_JW8X8>.
Políticas de Saúde no Brasile-Tec Brasil 30
Atividades de aprendizagem
•	 Busque informações na Secretaria Municipal de Saúde do seu município 
para os seguintes pontos:
 – Data de fundação do conselho municipal de saúde.
 – Quantos membros fazem parte do conselho.
 – Qual a periodicidade de reunião do conselho municipal de saúde.
 – Qual foi a data da última conferência municipal de saúde.
 – Qual foi a data da última conferência estadual de saúde.
 – Quantos conselheiros foram delegados na conferência estadual.
•	 Conhecendo esses dados, você pode começar a participar das reuniões 
do conselho municipal de saúde e expor a sua opinião como profissional 
na área da reabilitação em dependência química.
Anotações
e-Tec BrasilAula 4 – Período da nova República e da luta pela reforma sanitária: 1985 a 1990 31
e-Tec Brasil33
Aula 5 – O Sistema Único 
de Saúde (SUS)
O foco desta aula é apresentar o processo de funcionamento e 
a organização do SUS para atender à população brasileira, bem 
como o funcionamento através das redes de atenção à saúde de 
acordo com os critérios da municipalização.
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição Federal de 1988, 
que define a integração de ações, atividades e serviços de saúde prestados 
por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais e, de forma 
complementar, as entidades de iniciativa privada.
Os serviços integram uma rede organizada por regiões com diferentes níveis 
de complexidade.
Figura 5.1: Sistema Único de Saúde
Fonte: http://164.41.147.224/conasems/portal25/images/stories/Imagens_de_noticias/SUS.jpg
5.1 Como surgiu o SUS
A partir da década de 1970, em busca de soluções, os municípios começa-
ram a estruturar atividades de assistência à saúde que até então eram cen-
tradas na atenção às medidas curativas e não às preventivas, assim surge a 
implantação dos postos de saúde. A sociedade se organizou através do mo-
vimento da Reforma Sanitária,revendo a estrutura dos serviços oferecidos 
pela União, estado e município.
Em 1986, no fórum de debates sobre a saúde, a VIII Conferência Nacional de 
Saúde, foram elaboradas propostas de mudanças que passaram a constar na 
Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1990).
Na Constituição de 1988, a saúde é, então, definida como resultante de 
políticas sociais e econômicas, como direito do cidadão e dever do Estado, 
como parte de seguridade social, cujas ações e serviços devem ser providos 
por um sistema de saúde organizado segundo as diretrizes da CF de 1988:
1. Descentralização: é aproximar os responsáveis palas ações e 
serviços de saúde aos que delas se utilizam. Descentralizar sig-
nifica compartilhar o poder, isto é, distribuir o poder e recursos 
além de redefinir as atribuições de competência de cada esfera 
do governo. Assim, o município passa a assumir uma série de 
ações e serviços que antes eram feitas pelo governo do estado 
ou pelo governo federal.
2. Atendimento integral: o princípio da integralidade se baseia 
na compreensão de que os usuários têm o direito de serem aten-
didos em todas as suas necessidades. Deve haver integração en-
tre as ações preventivas e curativas, com maior atenção para as 
preventivas.
3. Universalidade: todas as pessoas têm acesso garantido às ações 
e serviços de saúde com igualdade. É de responsabilidade do Po-
der Publico oferecer condições para o exercício desse direito. Isso 
acontecerá mediante a implantação do SUS.
4. Direito às informações: todas as pessoas têm acesso garantido 
às informações sobre a situação de saúde, assim como à condi-
ção de saúde da comunidade, organizações dos serviços bem 
como a forma de sua utilização.
5. Equidade: não é a mesma coisa que igualdade. É o respeito às 
diferentes condições e necessidades da população. O Sistema de 
Saúde deve estar sempre atento para as desigualdades, utilizan-
do a realidade de cada comunidade para definir as prioridades 
na destinação de recursos e na orientação de programas a serem 
desenvolvidos.
6. Participação da comunidade: toda a sociedade tem direito de 
participar no planejamento, na avaliação e na fiscalização dos 
servidores de saúde de forma organizada, através de conselhos 
municipais, regionais e locais de saúde (BRASIL, 1990).
Políticas de Saúde no Brasile-Tec Brasil 34
5.2 Papel dos serviços de saúde
A assistência à saúde se organiza em três níveis de complexidade: primária, 
secundária e terciária. Cada nível tem atribuições específicas. Essa divisão é 
muito importante, porque estabelece as unidades básicas de saúde (postos 
de saúde) como porta de entrada do usuário no Sistema de Saúde, podendo 
chegar aos serviços de maior complexidade.
Tudo depende da necessidade de cada usuário.
1. Rede de atenção primária: fazem parte os postos de saúde, centros 
de saúde, unidades básicas de saúde e unidades de saúde da família, 
que prestam atendimentos como vacinação, programas de hipertensão, 
diabetes, curativos, pré-natal, inalações, injeções, atendimento odonto-
lógico e clínica médica básica (clínica geral, pediatria e ginecologia).
2. Rede de atenção secundária: divide-se em serviços ambulatoriais e 
hospitalares. Os serviços ambulatoriais prestam atendimento em espe-
cialidades como: dermatologia, cardiologia, respiratória, pneumologia, 
ortopedia, oftalmologia, etc. Os serviços hospitalares realizam ações de 
baixa complexidade como urgências/emergências, partos normais e ci-
rurgias de pequeno e médio porte.
3. Rede de atenção terciária: são os serviços ambulatoriais e hospitalares 
que realizam atendimento de grande complexidade e que, muitas vezes, 
necessitam de equipamentos sofisticados como cirurgia de coração, he-
modiálise, tomografia, quimioterapia, radioterapia, etc.
5.3 Municipalização
Na prática, municipalizar a saúde é aplicar o princípio da descentralização. 
É trazer para o governo municipal a capacidade de definir junto com os 
usuários as ações e atividades do setor. Os governos estaduais e federais 
transferem para os municípios as atribuições que eram de sua competência.
Quando o município se torna gestor dos recursos públicos, existe mais agi-
lidade para oferecer aos cidadãos respostas para os problemas locais, di-
minuem as fraudes e a distribuição desses recursos se dá de acordo com a 
realidade de cada município.
e-Tec BrasilAula 5 – O Sistema Único de Saúde (SUS) 35
Como acontece a municipalização?
Para regulamentar o SUS foram editados: Leis Orgânicas de Saúde – Leis n. 
8.080/90 e n. 8.142/90, em 1990, e Norma Operacional Básica/93 (NOB/93), 
em 1993. Em 1996 foi publicada a Norma Operacional Básica/96 (NOB/96) 
e, em 2001, a Norma Operacional da Assistência à Saúde – 01/NOAS/2001, 
dispondo sobre a descentralização e sobre as formas de gerência do SUS. 
O gerenciamento acontece por meio de três comissões especiais: nacional, 
estadual e municipal (BRASIL, 2002).
Em nível nacional, a Comissão Intergestores Tripartite é formada por repre-
sentantes do Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretários Esta-
duais (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde 
(Conasems).
A função da Comissão Tripartite é elaborar propostas políticas em nível na-
cional. Ela está subordinada ao Conselho Nacional de Saúde, que é com-
posto por representantes dos usuários (50%) e representantes dos demais 
segmentos (governo federal, trabalhadores da saúde, prestadores públicos e 
privados) (BRASIL, 2002).
Em nível estadual, a Comissão Bipartite é formada por representantes da 
Secretaria de Estado e Secretarias Municipais de Saúde, de forma partidária, 
e tem a função de elaborar propostas políticas de saúde em nível estadual. 
A comissão está subordinada ao Conselho Estadual de Saúde que é com-
posto por representantes dos usuários (50%) e representantes dos demais 
segmentos – 25% governo estadual e 25% trabalhadores de saúde, presta-
dores públicos e privados (BRASIL, 2002).
No município, o Conselho Municipal de Saúde atua de forma deliberativa no 
planejamento e no controle da execução da política de saúde municipal. A 
formação do conselho varia conforme a lei de cada município, porém, deve 
respeitar a Lei n. 8.142/90.
E tem mais:
Segundo a Lei n. 8.142/90, cada esfera do governo deve realizar uma confe-
rência de saúde, de quatro em quatro anos. A conferência é um fórum que 
reúne vários segmentos sociais para avaliar a situação de saúde e propor as 
diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes.
Políticas de Saúde no Brasile-Tec Brasil 36
Nesta aula conhecemos a história da implantação do SUS no país, sistema 
presente até hoje no atendimento à saúde do nosso povo.
Resumo
Na Constituição de 1988, a saúde é, então, definida como resultante de 
políticas sociais e econômicas, como direito do cidadão e dever do Estado, 
um sistema organizado segundo as diretrizes: descentralização, atendimen-
to integral, universalidade, direito às informações, equidade e participação 
da comunidade.
Atividades de aprendizagem
1. Com base nas diretrizes da Constituição Federal de 1988, identifique 
quais os aspectos que podem ser apontados como decisivos para o êxito 
da constituição do SUS. Discuta com os colegas de sala a respeito desse 
assunto.
2. Pesquise a infraestrutura da secretaria de saúde municipal de seu muni-
cípio e responda:
•	 Há quantas unidades básicas de saúde?
•	 Quantos serviços de programas (atendimentos) de saúde o município de-
senvolve?
•	 Quais são as referências para encaminhamento dos serviços de atenção 
secundária e terciária do município?
e-Tec BrasilAula 5 – O Sistema Único de Saúde (SUS) 37
e-Tec Brasil39
Aula 6 – Município na gestão do SUS
Nesta aula veremos como funcionam os modelos de gestão e re-
cursos do SUS.
As secretarias municipais de saúde assumem a gestão das ações e serviços 
de saúde através de normas. A Norma Operacional Básica/93 (NOB/93)apre-
sentou modalidades de gestão progressivas em que, gradativamente, os mu-
nicípios foram assumindo responsabilidades. Por essa norma, os municípios 
passaram a atuar no gerenciamento ambulatorial, programas de vigilância epi-
demiológica e sanitária e ações em saúde do trabalhador, podendo até chegar 
à gerência de atividades hospitalares.
A Norma Operacional Básica/96 (NOB/96) estabeleceu duas modalidades de 
gestão: plena da atenção básica e plena do sistema municipal.
Na gestão plena da atenção básica, o município gerencia as ações e serviços 
relacionados à assistência básica. Ele recebe os recursos para o custeio dessas 
ações, planejando, executando ou acompanhando a execução, avaliando o 
impacto das ações e remunerando os serviços realizados.
Na gestão plena do sistema municipal, o município é o gestor de todo o siste-
ma de saúde, planejamento, acompanhando e avaliando os serviços de saúde. 
Recebe a totalidade dos recursos no fundo municipal e procede ao pagamento 
dos serviços realizados.
Para o custeio das ações básicas (vacina, curativos, assistência farmacêutica, 
atividades educativas e preventivas, consultas médicas de pediatria, ginecolo-
gia, clínica médica e procedimentos de odontologia) foi definido o valor de R$ 
10,00 per capita/ano, denominado Piso de Atenção Básica (PAB).
O valor programado para o custeio das ações, serviços de saúde e áreas de 
vigilância sanitária e epidemiológica – ações básicas, ações de média e alta 
complexidade, internações hospitalares – é denominado Teto Financeiro de 
Assistência Municipal (TFAM).
Em janeiro de 2001, foi publicada a Norma Operacional da Assistência à Saúde 
(NOAS 01/2001), que define as regras de regionalização do atendimento, na 
qual os municípios de referência para procedimentos mais especializados po-
derão receber por atendimento prestado a moradores de outros municípios.
NOAS/01 estabelece: 
Plano Diretor, Regional para Assistência (PDR): são as diretrizes para 
garantir acesso à saúde integral dos usuários do SUS o mais próximo de 
sua residência, de modo hierarquizado, utilizando bem os recursos huma-
nos e tecnológicos existentes em cada localidade.
Plano Diretor de Investimentos (PDI): estabelece, com base em cri-
térios populacionais, as normas para destinação de recursos tecnológi-
cos necessários para complementar as ações assistenciais de média e alta 
complexidade, criando uma rede de referência qualificada e apta a prestar 
assistência aos usuários.
Programação Pactuada Integrada (PPI): define o fluxo para assistência 
de média e alta complexidade com o conhecimento da rede de referência 
(UTI, centro de atendimento a pacientes com câncer e cirurgias cardíacas, 
neurocirurgia, ortopedia e outros) entre os gestores municipais, assumin-
do as responsabilidades do repasse de recursos e garantia de assistência 
a ser prestada.
O Ministério da Saúde está repassando um incentivo financeiro para es-
timular os municípios a reorganizarem seus serviços com enfoque para a 
saúde da família. Assim, existe um acréscimo ao valor repassado para o 
PAB quando os municípios resolvem implantar tais estratégias, como Saú-
de da Família e Agentes Comunitários de Saúde.
Programa Saúde da Família (PSF): com este programa o serviço de saúde 
passa a funcionar com equipes compostas por médico, agentes comuni-
tários de saúde, auxiliares de enfermagem e enfermeiro. Cada equipe fica 
responsável por grupos de aproximadamente 2.400 a 4.000 pessoas. As fa-
mílias são cadastradas e as equipes trabalham com as seguintes atribuições:
Políticas de Saúde no Brasile-Tec Brasil 40
•	 conhecer a realidade das famílias;
•	 identificar os problemas de saúde e situações de risco de adoecer;
•	 elaborar, com a participação da comunidade e outros serviços, um pla-
no para enfrentar os problemas que determinam os riscos de adoecer;
•	 prestar assistência integral, com ênfase à promoção da saúde;
•	 desenvolver ações educativas para a saúde;
•	 outras ações com base na realidade local. A base das ações inclui, ain-
da, as atividades de visitas domiciliares, com cuidados no domicílio e 
participação em grupos comunitários.
Agentes Comunitários de Saúde (ACS): o agente comunitário de saú-
de desenvolve suas ações nos domicílios de sua área de responsabilidade 
e junto à unidade de saúde, que programa e supervisiona suas atividades. 
Observação: em cada município deve ser elaborada a forma como o tra-
balho do ACS será desenvolvido, desde que atenda à Portaria n. 2.488/11. 
No Brasil, hoje, existem realidades muito diferentes. Além da ESF, EACS, 
ESB, e agente de endemias (agente da dengue) – Portaria n. 1.007/10, o 
Ministério da Saúde também incentiva financeiramente o Programa de 
Combate às Carências Nutricionais, Ações de Vigilância Sanitária e Assis-
tência Farmacêutica Básica.
Fonte: Brasil (2007).
Criado em 1988, pela Constituição Federal, o Sistema Único de Saúde (SUS) 
tem como principal finalidade oferecer à população acesso ao atendimento 
público de saúde. Antes de sua formação, a assistência médica era respon-
sabilidade do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social 
(INAMPS). Entretanto, ela era restrita aos empregados que contribuíssem 
com a previdência (CRIVELLARO, 2012).
O SUS possui várias unidades espalhadas pelo país, incluindo postos e centros 
de saúde, hospitais universitários, serviços de vigilância sanitária, hemocen-
tros, órgãos da vigilância ambiental, da vigilância epidemiológica e institutos 
de pesquisa, como a Fundação de Pesquisa (Fiocruz) e o Instituto Vital Braz.
e-Tec BrasilAula 6 – Município na gestão do SUS 41
Para facilitar o atendimento à população, a instituição criou o cartão SUS, 
que traz toda a informação pessoal do usuário. Esse documento contém, 
ainda, os dados sobre os procedimentos clínicos realizados pelo paciente 
e os nomes dos medicamentos que ele utiliza, especialmente dos que pos-
suem maior custo.
Figura 6.1: Cartão SUS
Município da Região Metropolitana de Curitiba – PR, população de 90.875 habitantes – código do IBGE 410765.
Fonte: http://www.brasil.gov.br/imagens/para/servicos/cartao-sus
Hoje, o SUS atende milhares de usuários que, por meio do cartão, podem ser 
devidamente registrados. Para organizar todas essas informações, o sistema 
é frequentemente atualizado. Dessa forma, o médico que presta o atendi-
mento fica sabendo de tudo o que já foi feito com a pessoa que está sendo 
atendida.
O histórico emitido é totalmente confiável, já que o Sistema Único de Saúde 
é uma entidade íntegra, que preza pela qualidade dos serviços prestados. A 
utilização do cartão diminui a possibilidade de fraudes, pois, toda vez que 
uma consulta ou medicamento é solicitado, fica registrado para quem ele 
foi entregue.
Caso você ainda não seja cadastrado, deve ir ao posto de sua cidade ou a 
qualquer unidade básica de saúde, portando os seguintes documentos: RG, 
Cadastro de Pessoa Física (CPF), comprovante de endereço (conta de luz, 
Políticas de Saúde no Brasile-Tec Brasil 42
telefone, água, etc.) e número do PIS/Pasep. Se tiver alguma dúvida, no local 
eles fornecerão todas as informações necessárias para que você possa fazer 
o registro e receber seu cartão SUS.
Como já foi dito anteriormente, ele é importantíssimo e fundamental 
na marcação de consultas, entre outros serviços que o Serviço Único de 
Saúde oferece, pois ele torna muito mais prático e rápido esse processo 
(CRIVELLARO, 2012).
O Ministério da Saúde, em conjunto com as secretarias estaduais e muni-
cipais de saúde de todo o Brasil, está implantando o Cartão Nacional de 
Saúde. É um cartão magnético que vai agilizar a identificação do usuário do 
Sistema Único de Saúde e, consequentemente, o seu atendimento.
O Cartão Nacional de Saúde é um importante instrumento para o geren-
ciamento das unidades de saúde e do próprio SUS, já que o sistema será 
constituído de equipamentos interligadosem uma rede de comunicação, 
abrangendo as secretarias estaduais, municipais e o Ministério da Saúde. A 
rede terá gerência federal, com duas centrais, uma em Brasília e outra no 
Rio de Janeiro.
O SUS tem problemas?
Um dos maiores problemas do SUS é a falta de recursos financeiros. Com 
o princípio da universalização, colocado em prática após a implantação do 
SUS, o número de pessoas que deve ser atendida pelo sistema público au-
mentou. É necessário um aumento do investimento em saúde para que toda 
a população seja atendida com mais dignidade e qualidade. 
Os valores de investimento com saúde no Brasil são demonstrados com base 
em uma série histórica, cujos valores apresentam-se como resposta ao con-
trole social no SUS. O financiamento é destinado ao cumprimento das legis-
lações específicas para o pagamento de serviços e procedimentos de saúde 
em todos os níveis de complexidade. Se comparado com outros países da 
América Latina, em 1990 o Brasil teve um gasto per capita semelhante ao da 
Argentina, Chile e Uruguai, porém, foi o país que apresentou uns dos piores 
indicadores de níveis de saúde, como expectativa de vida, taxa de mortalida-
de infantil, mortalidade materna e cobertura vacinal.
e-Tec BrasilAula 6 – Município na gestão do SUS 43
Outro problema é a pouca participação dos estados que, com a municipali-
zação da saúde, retiram progressivamente os investimentos do financiamen-
to do SUS. Em 1995, os estados alocaram, em média, 3,8% do seu orça-
mento para a área da saúde. Os municípios, em geral, aplicaram em 1995 
cerca de 8,7% de seus orçamentos na área da saúde (BRASIL, 2007). Com a 
diminuição de recursos do governo federal, os estados e municípios têm que 
investir cada vez mais em saúde.
O art. 33 da Lei Federal n. 8.080/90 cita que os recursos financeiros serão 
oriundos do orçamento da Seguridade Social e de outros orçamentos da 
União, além de outras fontes. O pouco detalhamento das fontes e omissão 
dos percentuais orçamentários destinados à saúde, com consequente redu-
ção de recursos para o setor. Essa situação fez com que vários setores se or-
ganizassem para que fosse proposta uma emenda constitucional que fixasse 
percentuais de destinação dos orçamentos da União, estados e municípios 
para a área da saúde. Desde o ano de 1996 essa proposta é discutida pela 
Assembleia Legislativa e Senado Federal e, finalmente, em meados do ano 
2000, foi aprovada a proposta de Emenda Constitucional n. 29 – EC 29, com 
as seguintes determinações (que até hoje não saíram do papel):
•	 a União terá que agregar 5% a mais ao orçamento da saúde com base no 
repasse de 1999. O reajuste fica atrelado à variação nominal do Produto 
Interno Bruto;
•	 os estados terão que gastar, no mínimo, 7% dos seus orçamentos com 
saúde em 2000. O percentual deve chegar a 12% até 2004;
•	 os municípios comprometem 7% de suas contas em 2000, chegando a 
15% também em 2004 (BRASIL, 2007).
A emenda define que não são considerados gastos em “ações e serviços 
públicos de saúde” as despesas com inativos e pensionistas, dívidas, assis-
tência médica e odontológica específica para servidores, serviços de limpeza 
pública e tratamento de resíduos sólidos, ações de saneamento e ações fi-
nanciadas com transferências voluntárias da União ou do Estado.
Não há dúvidas de que há a necessidade de aumentar os investimentos 
públicos em saúde, mas devemos definir melhor o seu destino para que a 
prioridade seja sempre a necessidade da população. O que não deve mais 
acontecer é o corporativismo de empresas multinacionais de medicamentos 
Para saber mais sobre o SUS, 
acesse: <http://www.brasil.gov.
br/para/servicos/documentacao/
cartao-sus>.
Políticas de Saúde no Brasile-Tec Brasil 44
que provocam aumento desenfreado de custos no sistema de saúde, sem a 
melhoria dos níveis de saúde.
O SUS está sendo construído e, para efetivação e aprimoramento integral 
das diretrizes do sistema, é necessário a participação de todos os cidadãos 
nos conselhos locais, regionais e municipais de saúde.
Cidadania, o que significa?
O dicionário Aurélio define cidadania como estado ou qualidade de cidadão: 
“[...] a cidadania inclui, além dos direitos civis e políticos, os direitos sociais 
que se referem às condições de vida e trabalho e ao acesso a bens e serviços 
reconhecidos pela sociedade como mínimos indispensáveis a uma vida dig-
na” (FERREIRA, 2008).
Uma das coisas mais importantes conseguidas na Constituição Federal de 
1988 foi a garantia da participação da população no Sistema Único de Saú-
de. Isto é, exercício da cidadania através do controle social.
Agora, enfim, podemos nos sentir conhecedores do Sistema Único de Saúde.
Resumo
É importante entender que o SUS é um processo que caminha com dificul-
dades, pois temos um país continental em seu tamanho e uma população 
doente devido ao pouco investimento em saúde preventiva e saneamento 
básico.
Atividades de aprendizagem
•	 Você e quantas pessoas de sua família têm o cartão SUS? Alguém já 
utilizou o cartão? Na unidade de saúde da sua cidade estão realizando o 
cadastramento do cartão SUS?
e-Tec BrasilAula 6 – Município na gestão do SUS 45
e-Tec Brasil47
Aula 7 – Controle social
Nesta aula veremos os modelos de gestão e recursos do SUS.
7.1 Controle social: o que é isso?
O controle social é a participação na definição de prioridades e metas e a 
fiscalização do poder público para impedir a ação inadequada do uso dos 
recursos públicos.
No conselho municipal de saúde, a população usuária, os trabalhadores de 
saúde, a administração pública (municipal e estadual) e os representantes de 
prestadores de serviço de instituições privadas e filantrópicas buscam juntos 
uma solução para os problemas de saúde.
As conferências municipais de saúde também são espaços decisivos para 
participação da sociedade na definição e na avaliação da política pública de 
saúde (CRIVELLARO, 2012).
7.2 O que é conselho regional de saúde?
O conselho regional é uma instância de participação dos conselhos locais de 
saúde e de outras entidades sociais da área que atuam na defesa dos interes-
ses regionais da comunidade.
Essas entidades congregam e sistematizam, em nível regional, as necessidades 
da população e também contribuem com as diretrizes dos serviços de saúde 
para o município (CRIVELLARO, 2012).
7.3 Conselhos locais de saúde
No Brasil, a saúde, muitas vezes, ocupa espaço na imprensa de forma negati-
va: mau atendimento, cobranças indevidas, filas grandes, falta de vagas.
Isso está mudando e pode mudar ainda mais com a implantação dos “conse-
lhos locais de saúde”. A comunidade organizada pode participar colaborando 
com a qualidade dos serviços de saúde.
7.4 Como criar o conselho local de saúde?
Os conselhos locais são criados pelas conferências locais de saúde. Por isso 
é de fundamental importância a participação de todo o grupo organizado 
para que se discutam os problemas de saúde. O conselho, depois de eleito, 
deve definir as normas de funcionamento e montar o regimento interno.
7.5 O que faz o conselho local de saúde?
O conselho local de saúde tem como funções, conforme Crivellaro (2012):
•	 atuar na área de abrangência da unidade básica de saúde com função 
consultiva e fiscalizadora sobre os serviços locais de saúde;
•	 fiscalizar a execução do plano e das políticas municipal e local de saúde;
•	 detectar irregularidades e buscar soluções;
•	 elaborar propostas e sugestões para o conselho municipal e a conferên-
cia municipal de saúde.
O conselho de saúde pode, ainda: 
•	 pesquisar as condições de vida e os problemas de saúde do bairro;
•	 priorizar soluções para problemas urgentes;
•	 participar da elaboração de atividades a serem realizadas pela unidade 
como: novos programas, forma de agendamento de consultas, etc.;
•	 elaborar formas de comunicação para divulgar os serviços prestados pela 
unidade;
•	 receber denúncias de irregularidades e fazer apurações (CRIVELLARO,2012). 
7.6 Como o conselho local de saúde 
pode planejar suas ações?
É muito importante que um conselho local de saúde não fique preso apenas 
ao problema da falta de médicos e medicamentos, mas que além desses 
pontos, passe a pensar sobre aspectos que determinam a condição de saúde 
e da doença.
Políticas de Saúde no Brasile-Tec Brasil 48
Desenvolver um trabalho que objetive a mudança das condições da popu-
lação exige que a equipe da unidade de saúde e o conselho local de saú-
de conheçam bem a área de abrangência sob a sua responsabilidade, suas 
microáreas de maior risco de adoecer, a condição de seus domicílios e de 
acesso aos serviços de saúde.
Para planejar suas ações, o conselho pode optar pelo Método Altadir de 
Planejamento Popular (MAPP). Esse método permite selecionar os problemas 
mais importantes e estabelecer o que fazer, quem vai fazer e quando fazer. 
Permite criar uma disciplina de análise em grupo, para enfrentar os reais 
problemas de sua área de responsabilidade.
O planejamento, por meio do MAPP, deve ser realizado por quem vai realizar 
as operações que foram traçadas, isto é: planeja quem executa. Além desse 
princípio, é preciso analisar a condição de governabilidade sobre o proble-
ma e a sua importância antes de priorizar o que será trabalhado pelo grupo. 
Respeitando esses preceitos, o resultado atingido com certeza será bom, o que 
deixa o grupo animado para continuar agindo com compromisso.
Pelo que vimos nesta aula, o conselho municipal de saúde é fundamental e 
estruturante no planejamento da política pública do SUS. Você já participou 
em seu município? 
Resumo
Nesta aula vimos sobre:
 – Controle social, que é a participação na definição de prioridades e 
metas.
 – Conselho regional de saúde.
 – Conselhos locais de saúde e suas funções.
 – Planejamento das ações do conselho local de saúde pensando em 
aspectos que determinam a condição de saúde e da doença.
Atividades de aprendizagem
•	 Apresente aos membros do conselho municipal de saúde de sua cidade 
os objetivos e a importância do profissional do curso técnico de Reabili-
tação em Dependência Química na composição de uma equipe multipro-
fissional. Depois, encaminhe à coordenação do curso, apresentando os 
aspectos positivos e negativos da sua participação na reunião.
e-Tec BrasilAula 7 – Controle social 49
e-Tec Brasil51
Aula 8 – Saúde coletiva ou saúde pública
Das aulas que tivemos até agora, trabalhamos as políticas públi-
cas de saúde desde o descobrimento do Brasil até o SUS, porém, 
não acaba por aí. Daremos continuidade às ações da saúde públi-
ca. Você conhecerá o processo de trabalho em saúde. 
8.1 Rede humaniza SUS
Pergunta-se muito sobre qual a diferença entre saúde pública e saúde co-
letiva, mas podemos destacar que a saúde coletiva vem atendendo às mu-
danças da política de saúde e sociais no país. Buscando em alguns artigos, 
dissertações, teses e livros, encontra-
mos reflexões de diversos autores. Tal-
vez possamos criar um novo conceito 
que atenda à saúde pública (vacina) e 
que estimule ainda mais a participação 
social da responsabilidade do sujeito 
não apenas como usuário, e sim como 
cidadão, que tenha a responsabilida-
de na mudança da qualidade de vida, 
ser sujeito de transformação social 
com responsabilidade e deveres de 
responder o exercício de cidadania. 
A Pastoral da Criança, hoje presente em 27 países, foi destaque da 1ª edi-
ção do Prêmio ODM Brasil, em 2005. “A atuação desta grande mulher e 
grande sanitarista brasileira foi essencial para elevar a criança a uma condi-
ção prioritária dentro das políticas públicas brasileiras”, afirmou o ministro 
da Saúde do Brasil, José Gomes Temporão. “Morreu em missão, como viveu 
toda a sua vida”.
A garantia de assegurar saúde para a comunidade não é responsabilidade 
exclusiva dos profissionais de saúde, e sim de responsabilidade de todos os 
cidadãos, que podem cobrar a responsabilidade do Estado, o qual tem o 
papel de monitorar, avaliar e fiscalizar, por meio de auditoria, os serviços de 
saúde prestadores ou não pelo SUS. Assim, se abre uma proposta para a mu-
dança do art. 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido 
Figura 8.1: Aconchego das mãos
Fonte: Domínio Público/Wikimedia Commons.
mediante políticas sociais e econômicas 
que visem à redução do risco de doen-
ça e de outros agravos e ao acesso uni-
versal e igualitário às ações e serviços 
para sua promoção, proteção e recupe-
ração” (BRASIL, 1988). 
O que se está ressaltando, contudo, é 
que o objetivo de produzir saúde seria 
comum a todas as práticas em saúde 
e não somente àquelas vinculadas à 
saúde pública. Toda prática sanitária, 
em alguma medida, estaria obrigada a 
produzir algum valor de uso; no caso, 
algum coeficiente de bem-estar. Ainda 
que junto se produzam também iatrogenia e controle social. Nenhum bem 
ou serviço pode desvincular-se completamente da obrigação de atender às 
necessidades sociais. 
O que varia é o grau e a qualidade com que são atendidas as necessidades. 
A saúde pública e a clínica se diferenciam pelo recorte do objeto de interven-
ção. A saúde coletiva, pensada como núcleo de saberes e práticas, recorta 
parcela do processo saúde-doença de maneira diferente à clínica, ou aos 
outros programas sociais, mantendo, contudo, o mesmo objetivo: produzir 
saúde.
Qual seria, então, o objeto da saúde coletiva? Para responder a essa questão 
haveria de se investigar a história concreta, afinal, o recorte do objeto da 
saúde coletiva é bastante influenciado pela dinâmica política (DONNANGELO, 
1982) e varia conforme a correlação de forças, a ação do Estado e de distin-
tos atores sociais. De qualquer forma, diversos autores vêm dando indica-
ções desse objeto: centralmente o processo saúde-doença- intervenção em 
sua dimensão mais coletiva à saúde pública.
“Inventar saúde”, para Basaglia (1985), implicaria mais do que uma inven-
ção técnica, já que ele ligava essa noção à de “reprodução social do pacien-
te”. Reprodução social entendida como exercício de cidadania e de partici-
pação social.
latogenia
refere-se a um estado de doença, 
efeitos adversos ou complicações 
causadas por resultantes do 
tratamento médico.
Figura 8.2: Zilda Arns
Fonte: Wilson Dias/ABr/© Creative Commons.
Políticas de Saúde no Brasile-Tec Brasil 52
Em saúde pública poderíamos trabalhar com a ideia de mudança tanto das 
estruturas, sua democratização e das normas de direito, quanto da capacida-
de reflexiva e de iniciativa dos sujeitos individuais e coletivos. A reconstrução 
da saúde coletiva passaria por um deslocamento de ênfase, antes foi a do-
ença, depois as estruturas, agora se trataria de também valorizar o fortale-
cimento dos sujeitos individuais e coletivos. No entanto, esse deslocamento 
de ênfase não pode significar abandono das outras dimensões. Assim, como 
produzir sujeitos saudáveis sem considerar as doenças ou a possibilidade de 
se enfermar? Ou sem avaliar criticamente aspectos estruturais (ambiente, 
leis, normas, etc.)?
Na realidade, valeria buscar uma nova dialética entre doença, saúde, estru-
turas e sujeitos, que não seria nem a antidialética positivista da medicina, 
que fica com a doença descartando a responsabilidade com a história dos 
sujeitos concretos, nem o estruturalismo da saúde pública tradicional, que 
delegava ao Estado e ao aparato técnico quase toda a responsabilidade pela 
produção de saúde.
Saúde coletiva é uma expressão que designa um campo de saber e de prá-
ticas referido à saúde como fenômeno social e, portanto, de interesse pú-
blico. As origens do movimento de constituição desse campo remontam ao 
trabalho teórico e político empreendido pelos docentes e pesquisadores de 
departamentos de instituições universitárias e de escolas de saúde pública da 
América Latina e do Brasil, em particular ao longo das duas últimas décadas.
Saúde pública é a ciência e a arte de evitar doenças, prolongar

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