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Direito Ambiental na Constituição de 1988

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 MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 _______________________________________________ 3 
2. COMPETÊNCIAS EM MATÉRIA AMBIENTAL _________________________________________________ 3 
3. NORMAS DE COOPERAÇÃO EM MATÉRIA AMBIENTAL (LC 140/11) ______________________________ 5 
4. RESPONSABILIDADES POR DANOS AO MEIO AMBIENTE _______________________________________ 5 
4.1 RESPONSABILIDADE CIVIL _____________________________________________________________________ 6 
4.2 RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA ___________________________________________________________ 6 
4.3 RESPONSABILIDADE PENAL ____________________________________________________________________ 6 
5. PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL ______________________________________________________ 8 
6. LICENCIAMENTO E LICENÇA AMBIENTAL __________________________________________________ 10 
7. LEGISLAÇÃO FLORESTAL _______________________________________________________________ 12 
8. POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS _______________________________________________ 16 
9. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (LEI 9.985/00)_______________________________________________ 17 
9.1 Unidade de Proteção Integral ______________________________________________________________ 17 
9.2 Unidades de Uso Sustentável ______________________________________________________________ 18 
10. A POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS __________________________________________ 21 
Outorga dos direitos de uso de recursos hídricos _____________________________________________________ 22 
11. SANEAMENTO BÁSICO _______________________________________________________________ 22 
 
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1. MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 
 
A Constituição da República de 1988 foi a primeira da história brasileira a dedicar um capítulo ao meio 
ambiente. Por isso, dizemos que a CF/88 é a “CONSTITUIÇÃO VERDE” 
 O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado se encontra no art. 225, “caput”, da 
Constituição Federal. Bem jurídico autônomo, a sistemática do art. 5º, § 2º c/c art. 1º, III, da Constituição 
Federal, a doutrina e a jurisprudência do STF o consideram um direito fundamental do indivíduo. 
 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do 
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever 
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
 
 
 A partir disso, o art. 225 possui todas as características inerentes aos demais direitos fundamentais, 
tais como a indisponibilidade, a irrenunciabilidade, a imprescritibilidade e, especialmente, a autoaplicabilidade 
(art. 5º, I). 
 Representa, ainda, um direito fundamental de terceira dimensão/perspectiva, os chamados “direitos 
difusos” (art. 81, I, § 1º, da Lei n.º 8.078/90), cujas características são as seguintes: 
 
a) O direito é transindividual, o que significa que não é apropriável individualmente, ou seja, eventuais 
danos ao meio ambiente sempre acarretam consequências a uma coletividade. Mais ainda, a satisfação por 
um indivíduo do grupo, neste caso, importa a de todos (ex.: a qualidade do ar é experimentada pela 
população indistintamente); 
 
b) Indivisível, uma vez que tratamos aqui de um conjunto de fatores cujas interações formam o meio 
ambiente da coletividade, não é possível, daí, separar as partes integrantes do meio ambiente, por exemplo. 
 
c) Representa um interesse difuso (art. 81, I, § 1º, da Lei n.º 8.078/90), de titularidade indeterminada 
(ex.: a qualidade de vida urbana é devida a todos os seres humanos indistintamente) e ligada por uma 
situação de fato (ex.: a necessidade de qualidade de vida urbana, acesso à água, etc). 
 
 As consequências práticas dessas características podem ser observadas no acesso à proteção 
jurisdicional do meio ambiente, especialmente na possibilidade de ajuizamento de uma Ação Civil Pública ou, 
ainda, uma Ação Popular. Uma sentença que proteja o meio ambiente ecologicamente equilibrado, por 
exemplo, gerará efeitos a todos indistintamente (erga omnes), não somente às partes envolvidas diretamente 
 O art. 225 determina que todos possuem direito ao meio ambiente. Não há limitações quanto aos 
destinatários do direito ao meio ambiente, devemos incluir brasileiros natos e naturalizados e mesmo 
estrangeiros que estejam no Brasil. 
 O art. 225 retrata o meio ambiente como bem jurídico e o categoriza como bem de uso comum do 
povo, natureza jurídica de bem público. Entretanto, trata-se de um bem difuso, cuja titularidade é coletiva e 
indeterminada. Não é possível, então, a apropriação do meio ambiente pelo Estado ou pelo particular. Esses 
possuem o dever de gerenciar as partes integrantes do meio ambiente para garantir a dignidade da pessoa 
humana e a sadia qualidade de vida. 
 
 
2. COMPETÊNCIAS EM MATÉRIA AMBIENTAL 
 
 A Constituição Federal estabeleceu competências executivas, relacionadas ao exercício de políticas 
(diretrizes) ou ao poder de polícia ambiental, e também competências legislativas, relativas à capacidade de 
edição de normas acerca de determinado tema. 
 
a) A competência executiva em direito ambiental é comum, conforme o art. 23 da Constituição Federal. 
Os incisos III, IV, VII e VIII deste artigo determinam que competem de forma comum à União, Estados e 
Municípios "proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os 
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos”, "impedir a evasão, a destruição e a 
descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural”, "proteger o meio 
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ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas” e "preservar as florestas, a fauna e a flora” 
respectivamente. 
 Devido à natureza concomitante e indelegável da competência comum, houve uma insegurança 
jurídica muito grande especialmente em relação à qual órgão ambiental seria legítimo para fiscalizar. 
Somente em 2011, a Lei Complementar n.º 140/11 estabeleceu regras de cooperação entre os órgãos 
ambientais, especificamente em relação ao licenciamento ambiental e poder de polícia (a diante traremos 
mais detalhes quanto à essa Lei). 
 
b) A competência legislativa em direito ambiental retrata a possibilidade de a União, Estados e 
Municípios editarem normas para proteção e conservação do meio ambiente. 
Inicialmente, a competência legislativa concorrente é aquela prevista no art. 24 da Constituição Federal e 
estabelece a possibilidade de União, Estados e Distrito Federal legislarem acerca de "florestas, caça, pesca, 
fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e 
controle da poluição” (inciso VI), “proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico” 
(inciso VII) e "responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor 
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico" (inciso VIII). 
 Os Municípios podem legislar em matéria ambiental, mesmo excluídos do rol previsto no art. 24? Sim, 
segundo o art. 30, I, da Constituição Federal, ou seja, sempre que estivermos tratando de assuntos de 
interesse local. Como seria caracterizado esse interesse local? Um área da cidade, um ecossistema nos 
limites do Município, um grupamento humano específico em determinado bairro, o trânsito local, todos 
representam motivação suficiente para a edição de Lei pelos Municípios. 
 
 
QUESTÃO COMENTADA 
 
(FGV – OAB 2015.2) O Município Z desejaimplementar política pública ambiental, no sentido de 
combater a poluição das vias públicas. Sobre as competências ambientais distribuídas pela 
Constituição, assinale a afirmativa correta. 
a) União, Estados, Distrito Federal e Municípios têm competência material ambiental comum, devendo 
leis complementares fixar normas de cooperação entre os entes. 
b) Em relação à competência material ambiental, em não sendo exercida pela União e nem pelo 
Estado, o Município pode exercê-la plenamente. 
c) O Município só pode exercer sua competência material ambiental nos limites das normas estaduais 
sobre o tema. 
d) O Município não tem competência material em direito ambiental, por falta de previsão 
constitucional, podendo, porém, praticar atos por delegação da União ou do Estado. 
 
A assertiva “a” está correta. De fato, União, Estados, Distrito Federal e Municípios possuem 
competência material comum para proteção ambiental (art. 23, incisos III, VI e VII, da Constituição 
Federal). Além disso, o art. 23, parágrafo único, é claro em estabelecer a possibilidade de edição de Lei 
Complementar de cooperação entre os entes, cujo exemplo claro é o da Lei Complementar n.º 140/11. 
Por que a alternativa “b” estaria incorreta? Estamos tratando de competência material (art. 23), que é 
comum, ou seja, TODAS as pessoas jurídicas de direito público interno podem exercê-la ao mesmo 
tempo indistintamente e de forma plena. A assertiva afirma que o Município somente poderia exercer a 
competência material de forma plena caso a União e os Estados não a tivessem exercido. 
 
 
 Há uma confusão de competência material e legislativa na alternativa “c”, ao afirmar que os limites 
da competência material dos Municípios naquilo já realizado pelos Estados. O Município somente 
possui capacidade suplementar legislativa (art. 30, II, da Constituição Federal). 
 A alternativa “d" é duplamente equivocada. O Município possui capacidade material ambiental 
expressa pelo art. 23 da constituição Federal. 
 A Lei Complementar n.º 140/11 foi promulgada para estabelecer regras mais claras para as 
competências administrativas dos órgãos do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente), assim como o 
licenciamento ambiental que somente será feito por um único ente federativo, assistido pelos demais 
interessados (art. 13) e regras de conflito entre órgãos fiscalizadores (art. 17). Lembrando que o mesmo 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp140.htm
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órgão que proceder o licenciamento ambiental, terá preferência (preferência e não exclusividade) para 
realizar a fiscalização das atividades daquele empreendimento. 
 
 
3. NORMAS DE COOPERAÇÃO EM MATÉRIA AMBIENTAL (LC 140/11) 
 
Especificamente quanto ao licenciamento ambiental, que é um procedimento administrativo, a 
LC140/11 especifica quais matérias serão de competência administrativa da União (art. 7º, XIV), dos Estados 
(art. 8º, XIV), dos Municípios (art. 9º, XIV) e do Distrito Federal (art. 10). 
 A Lei Complementar n.º 140/11 determinou que o licenciamento ambiental deverá ser realizado por 
somente um órgão do SISNAMA (art. 13), assistidos pelos demais órgãos (art. 13, § 1º). É possível eventual 
interferência dos demais órgãos ambientais somente se consultivos e não vinculantes. Ex: se um determinado 
empreendimento, como um posto de gasolina, é licenciado pelo órgão ambiental do município, os demais 
órgão ambientais (estadual e federal) não podem interferir de forma direta, apenas sendo consultados. 
 O art. 17 da Lei Complementar n.º 140/11 estabelece a competência do mesmo órgão licenciador para 
lavratura de auto de infração e procedimento administrativo para apurar infrações contra o meio ambiente. 
Embora seja permitido aos demais órgãos do SISNAMA realizar ações para evitar e mitigar eventual dano 
ambiental em curso (art. 17, § 2º), mediante provocação de qualquer pessoa legalmente identificada (art. 17, 
§ 1º), sempre prevalecerá a autuação realizada pelo órgão licenciador perante qualquer outra realizada polos 
demais órgãos do SISNAMA, pois o órgão que procede o licenciamento tem também a preferência na 
autuação e fiscalização. 
Ex: retomando o exemplo do posto de gasolina que foi licenciado pelo órgão municipal, é esse mesmo órgão 
que deve, preferencialmente, realizar a fiscalização do posto e eventualmente aplicar alguma penalidade. No 
entanto, caso esse órgão não o faça, aí cabe aos demais órgão realizarem a fiscalização, é o que expressa o 
§3º do art. 17 da LC140. 
 
QUESTÃO COMENTADA 
(FGV – OAB 2012.3) A Lei Complementar n. 140 de 2011 fixou normas para a cooperação entre os 
entes da federação nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum 
relativas ao meio ambiente. Sobre esse tema, assinale a afirmativa correta. 
a) Compete à União aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações 
sucessoras em Áreas de Preservação Ambientais - APAs. 
b) Compete aos Estados e ao Distrito Federal controlar a introdução no País de espécies exóticas 
potencialmente invasoras que possam ameaçar os ecossistemas, habitats e espécies nativas. 
c) Compete aos municípios gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento tradicional 
associado, respeitadas as atribuições setoriais. 
d) Compete à União aprovar a liberação de exemplares de espécie exótica da fauna e da flora em 
ecossistemas naturais frágeis ou protegidos. 
 
 
A regra geral quanto à competência para aprovar manejo e supressão de vegetação em Unidades de 
Conservação (das quais a APA é uma categoria que veremos adiante), é de que o mesmo órgão que 
cria/institui a Unidade de Conservação é que tem a competência para aprovar manejo e suspensão. No 
entanto, a banca está cobrando a única exceção ao assunto, justamente as APA’s que, segundo o 
parágrafo único do art. 12, por vezes podem ser competência da União, por vezes do Estado ou do 
Município. Ou seja, assertiva “a” errada por afirmar que a competência sempre será da União. 
Assertivas “b” e “c” erradas, tratam-se de competências da União, conforme art. 7º, XVII e XXIII. 
Assertiva “d” correta. Art. 7º, XVIII. 
 
 
4. RESPONSABILIDADES POR DANOS AO MEIO AMBIENTE 
 
Em matéria ambiental, um dano pode trazer efeitos nas três esferas de responsabilidade, de forma 
independentes e simultaneamente. Ou seja, uma pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado que 
causa dano ao meio ambiente pode responder Civil, Administrativa e Penalmente pelo mesmo ato. 
 
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4.1 RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
A responsabilidade civil ambiental busca sempre a reparação do dano e está prevista no art. 14, § 1º, 
da Lei n.º 6.938/81. Esse dispositivo estabelece que “o poluidor fica obrigado, independentemente da 
existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por 
sua atividade”. É a responsabilidade civil objetiva, fundamentada na Teoria do Risco Integral, ou no risco 
da atividade, não mais na culpa do agente. Bastaria, então, a existência do nexo causal entre a atividade 
desenvolvida e o dano para gerar o dever de reparação. 
 A responsabilidade civil ambiental seria a solidariedade pela reparação dos danos causados. O art. 
225, § 3º, da Constituição Federal, estabelece a possibilidade de responsabilização civil dos infratores ao 
determinar a reparação integral dos danos. O art. 3º, IV, da Lei n.º 6.938/81 determina que poluidor é todo 
aquele “responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”. Uma 
interpretação sistemática com o art. 942 do Código Civil, permite afirmar a responsabilidade solidária dos 
agentes causadores de danos ambientais. 
 Por fim, a responsabilidade civil é imprescritível. Embora não haja uma previsão legal específica paraisso, a doutrina e a jurisprudência determinam que o direito ao meio ambiente equilibrado como direito 
fundamental acarreta a imprescritibilidade da ação de reparação por danos ambientais. 
4.2 RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA 
 
 A responsabilidade administrativa ambiental, prevista nos arts. 70-76 da Lei n.º 9.605/98 e 
regulamentada no Decreto n.º 6.514/08, possui a natureza jurídica de poder de polícia administrativa. Mais 
ainda, representaria um formato preventivo de combate ao dano ambiental. 
 O art. 70 da Lei n.º 9.605/98 estabelece que infração administrativa ambiental é “toda ação ou omissão 
que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente”. 
Um ponto que deve ser analisado na conduta passível de responsabilização administrativa é que a 
responsabilidade administrativa ambiental é objetiva, ou seja, não necessita do elemento subjetivo. Bastaria, 
então, o descumprimento de normal legal para haver a responsabilidade administrativa. 
 Por fim, a estrutura das penalidades administrativas está genericamente disposta no art. 72 da Lei n.º 
9.605/98 e regulamentada pelos arts. 24-93 do Decreto n.º 6.514/08 na legislação da União Federal. Dois 
comentários são importantes para a correta compreensão da tipologia de penalidades administrativas 
ambientais: 
 
a) Não há hierarquia entre as penalidades impostas: o art. 72, § 1º da lei n.º 9.605/98 determina a 
possibilidade de imputar mais de uma penalidade ao infrator; 
 
b) Estados e Municípios podem determinar penalidades ambientais nos mesmos moldes do Decreto n.º 
6.514/08 e conforme as regras de complementariedade de regras gerais previstas nos arts. 24 e 30, II, da 
Constituição Federal. 
 
As penalidades administrativas mais comuns são: advertência, multa simples, multa diária, apreensão 
de materiais e equipamentos, embargos, perda da licença ambiental etc. 
 
 
4.3 RESPONSABILIDADE PENAL 
 
 O objetivo da responsabilidade penal ambiental é prevenir ou punir o infrator que causou um dano 
ambiental. Temos aqui duas perspectivas: 
 
a) A primeira, vinculada à realização de um dano, determina a punibilidade baseada em um resultado 
danoso ao meio ambiente (crime de dano). Por exemplo, o crime de caça, previsto no art. 29 da Lei n.º 
9.605/98, prevê um dano prévio à fauna determinado no tipo penal. 
 
b) A segunda é o oferecimento de um risco em abstrato (crime de perigo), em que a descrição do tipo 
representa somente um perigo de dano. Um exemplo é o crime de “Introduzir espécime animal no País, sem 
parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente” (art. 31 da Lei n.º 9.605/98), 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/d6514.htm
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em que a efetiva introdução de espécie exótica no país presume o risco de um dano ambiental no contato 
dessa espécie com as espécies nativas. 
 
 Deve ser notado que a lei de crimes ambientais (Lei 9.605/98) apresenta tipos penais não somente 
vinculados ao meio ambiente natural (ex.: fauna, flora, etc.), mas protege outras perspectivas do meio 
ambiente, como o patrimônio cultural e urbano (ex.: crime de pichação (art. 65), assim como estabelece 
crimes contra a Administração dos órgãos do SISNAMA (arts. 66-69-A). 
 
 Ao contrário das responsabilidades civil e administrativa para danos ao meio ambiente, a 
responsabilidade penal ambiental é subjetiva, pois há a necessidade de demonstração da contribuição do 
agente com dolo ou imprudência para o resultado. 
 
 Quanto ao sujeito passivo, a natureza do bem jurídico afetado (meio ambiente) permite afirmar que a 
coletividade representa o sujeito passivo dos crimes ambientais. 
 
 A determinação do sujeito ativo dos crimes ambientais remete ao art. 2º da Lei n.º 9.605/98: “Quem, 
de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes 
cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e 
de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta 
criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la”. 
 
Pessoas Jurídicas também podem responder criminalmente por danos ao meio ambiente, sendo 
permitida e sua desconsideração quando necessário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÃO COMENTADA 
 
(FGV – OAB 2017) Tendo em vista a infestação de percevejo-castanho-da-raiz, praga que causa 
imensos danos à sua lavoura de soja, Nelson, produtor rural, desenvolveu e produziu de forma 
artesanal, em sua fazenda, agrotóxico que combate a aludida praga. Mesmo sem registro formal, 
Nelson continuou a usar o produto por meses, o que ocasionou grave intoxicação em Beto, lavrador da 
fazenda, que trabalhava sem qualquer equipamento de proteção. Sobre a hipótese, assinale a 
afirmativa correta. 
A) Não há qualquer responsabilidade de Nelson, que não produziu o agrotóxico de forma comercial, 
mas para uso próprio. 
B) Nelson somente responde civilmente pelos danos causados, pelo não fornecimento de equipamentos 
de proteção a Beto. 
C) Nelson responde civil e criminalmente pelos danos causados, ainda que não tenha produzido o 
agrotóxico com finalidade comercial. 
D) Nelson somente responde administrativamente perante o Poder Público pela utilização de agrotóxico 
sem registro formal. 
 
 
 A partir do art. 225, § 3º, da Constituição Federal, que prevê a responsabilidade tríplice por danos 
ao meio ambiente, sabemos que as alternativas “b” e “d" são falsas. A primeira, pois, necessariamente, 
descumpriu a obrigação presente no art. 4º da Lei n. º 7802/89 (Lei de agrotóxicos), assim como 
praticou a conduta prevista no art. 15 da mesma Lei, acarretando responsabilidades administrativa e 
penal. A segunda, pois desconsiderou o tipo penal previsto no art. 15 da lei de agrotóxicos e a 
existência de dano ambiental ao haver a intoxicação de Beto. 
 A alternativa “a" também é falsa, uma vez que há a plena responsabilização de Nelson (civil, 
administrativa e penal) pela produção de agrotóxico sem registro e intoxicação de empregado. 
 Resta, então, a alternativa “c" como correta, pois relata a existência de responsabilidade civil e 
penal sem excluir a possibilidade de se raciocinar a responsabilidade administrativa no contexto da 
frase. 
 
 
 
5. PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL 
 
Podemos dizer que o Direito Ambiental é um ramo autônomo do Direito por ter seus próprios 
Princípios (o que não deve ser confundido com o fato de ser o um Direito Interdisciplinar, ou seja, se 
relacionar direta e indiretamente com outros ramos do direito). Porém, por estarmos tratando de uma parcela 
do Direito Público, os princípios constitucionais da Administração Pública, previstos no art. 37 CF/88 (LIMPE) 
aplicam-se também ao Direito Ambiental. 
Alguns dos principais princípios próprio ao direito ambiental são os seguintes: 
 
Solidariedade intergeracional: a preservação ambiental é direcionada às presentes (direito) e futuras 
gerações (expectativa de direito). Grosso modo, significa que o acesso quantitativo e qualitativo aos recursos 
naturais deveria ser realizado na mesma proporção entre a geração atual e aquelas que ainda estão por vir, o 
que deve ser perseguido tanto pelo Estado quanto pelos particulares. 
Desenvolvimento Sustentável: esse princípio implica dizem que as nações continuarão se desenvolvendo, 
porém, sempre buscando meios mais eficientes de produção que evitem o desgaste exacerbado do meio 
ambiente. Desenvolvimento sustentável significa encontrar o equilíbrio no tripé: socialmente justo, 
economicamente viável e ambientalmente correto. 
Poluidor-pagador: representa a necessidadede gerenciamento e inserção dos custos de utilização e 
degradação dos recursos ambientais nas atividades econômicas (ex.: a instalação de unidade de tratamento 
da água utilizada no processo de fabricação de um bem representa essa internalização). Também possui 
caráter preventivo quando internalizamos os custos ambientais da atividade econômica, ou seja, o poluidor 
seria o “primeiro pagador” dos impactos resultantes. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7802.htm
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Usuário-pagador: é o princípio segundo o qual todo aquele que fizer uso econômico de recursos naturais, que 
integram o patrimônio social, deverá remunerar a sociedade titular destes bens. O principal exemplo é a 
cobrança pela extração e uso da água, instituída pela Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97), 
ou seja, a empresa de abastecimento capta a água e obtém lucro com a sua disponibilidade aos usuários, 
logo, deve recompensar a sociedade de alguma forma por isso. 
Princípio da responsabilização: o art. 225, § 3º, da Constituição Federal, por exemplo, estabelece a 
possibilidade de responsabilização tríplice por danos ambientais. Significa que um sujeito pode ser 
responsabilizado civilmente (reparação patrimonial do dano), penalmente (bem jurídico ambiental) e 
administrativamente (poder de polícia ambiental). 
Princípio da Precaução: Significa que a ausência de certeza científica acerca de um risco ambiental não seria 
um obstáculo a medidas de proteção ao meio ambiente. O princípio da precaução trata do gerenciamento de 
riscos ainda não totalmente conhecidos (risco em abstrato). Um segundo ponto que deve ser analisado é que 
a aplicação do princípio da precaução não significa restringir totalmente as atividades que criem o risco 
ambiental. Como a motivação para ação estatal é evitar os danos decorrentes do risco analisado, há, 
necessariamente, uma ponderação entre os benefícios da atividade e os riscos ambientais que poderá 
causar, mesmo que não totalmente sabidos. Estamos tratando de dúvida técnica e científica, não dúvida do 
senso comum. 
Princípio da Prevenção: adota a mesma linha de raciocínio do princípio da precaução, ou seja, a interpretação 
do ordenamento jurídico de forma a evitar a maior quantidade de danos ao meio ambiente possível. No 
entanto, há uma diferença crucial: enquanto no princípio da precaução o risco não é inteiramente sabido, 
abstrato, no princípio da prevenção, se busca eliminar ou minimizar os riscos conhecidos, concretos. O 
Estudo Prévio de Impacto Ambiental, previsto no art. 225, § 1º, IV, e o licenciamento ambiental são exemplos 
claros de aplicação desse princípio: a partir de um banco de dados acerca da atividade em análise, será 
possível minimizar os danos ambientais prováveis. 
Mas o que é o Estudo Prévio de Impacto Ambiental? é: a) uma medida preventiva para evitar o 
dano ambiental de uma atividade econômica; b) estabelece condições de exercício com base em 
conhecimento prévio dos impactos que determinadas atividades, substâncias ou modos de produção podem 
acarretar; c) esse conhecimento científico é baseado em um consenso e é estabelecido procedimentalmente 
nas instituições de ensino e órgãos ambientais. (voltaremos nesse assunto adiante para melhor explanação). 
 
 
QUESTÃO COMENTADA 
(FGV – OAB 2013.1) Na perspectiva da tutela do direito difuso ao meio ambiente, o ordenamento 
constitucional exigiu o estudo de impacto ambiental para instalação e desenvolvimento de certas 
atividades. Nessa perspectiva, o estudo prévio de impacto ambiental está concretizado no princípio 
a) da precaução. 
b) da prevenção. 
c) da vedação ao retrocesso. 
d) do poluidor-pagador. 
 
Embora o princípio da precaução também seja voltado a evitar o dano ambiental, é voltado ao 
perigo em abstrato, ou seja, não há completo conhecimento acerca dos riscos ambientais possíveis. 
Assim, o princípio da prevenção (alternativa “b”) é o mais indicado para esse instituto, pois se estamos 
falando que é necessário um estudo prévio de impacto ambiental é por já sabermos os riscos dessa 
atividade, não . 
 O princípio da vedação ao retrocesso (alternativa “c”) significa, grosso modo, a adoção paulatina de 
medidas que garantam de forma cada vez mais efetiva os direitos econômicos, sociais e culturais dos 
sujeitos (art. 1º do Protocolo de San Salvador), assim como a impossibilidade de eliminação desses 
avanços. Não se verifica qualquer retrocesso na afirmação da assertiva, o que a torna falsa. 
 Por fim, a alternativa “d” apresenta o princípio do poluidor-pagador, que representa a necessidade 
de gerenciamento e inserção dos custos de utilização e degradação dos recursos ambientais nas 
atividades econômicas. Entretanto, o caráter cautelar do princípio da prevenção é mais abrangente, 
especialmente quando este último possui como objetivo principal evitar o custo ambiental em si, o que 
torna falsa a assertiva. 
 
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6. LICENCIAMENTO E LICENÇA AMBIENTAL 
 
 
Vamos entender o Licenciamento através do mesmo exemplo do posto de gasolina, durante a 
construção e atividade de um posto de gasolina não é certo que ele vá causar danos ao meio ambiente, mas 
existe um risco (do tanque de combustíveis furar por exemplo e contaminar o solo). 
A Política Nacional de Meio Ambiente (Lei 6.938/1981) estabelece que todo empreendimento ou 
atividade que tenha um potencial, um risco, de poluir o meio ambiente, obrigatoriamente passarão por 
processo de licenciamento ambiental, é o caso do posto de gasolina. 
Em alguns casos, dentro do processo de licenciamento ambiental, será exigido o EPIA (apenas 
quando estivermos tratando de risco de um dano SIGNIFICATIVO). 
O art. 225, § 1º, IV da Constituição Federal estabelece a necessidade de apresentação de estudo 
prévio de impacto ambiental para as atividades potencialmente causadoras de significativo impacto 
ambiental. 
 O Estudo Prévio de Impacto Ambiental é um documento técnico destinado à análise dos riscos 
ambientais sob as mais diversas perspectivas, por exemplo: se o tanque de combustíveis furar qual a área 
será atingida? Existe algum rio por perto que possa ser atingido por esse combustível que vazou? Que 
medidas serão tomadas para conter o vazamento? E assim por diante. 
 Deste estudo é publicado um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), um documento mais acessível e 
que descreve os detalhes do empreendimento em linguagem mais fácil e menos técnica. Possui a função de 
informar e servir de subsídios para uma maior participação da comunidade envolvida nos efeitos do projeto. 
 O Estudo Prévio de Impacto Ambiental pode ser apresentado em formas mais simples do que o 
EPIA/RIMA? Mesmo a atividade não apresentando o significativo impacto ambiental requerido pelo art. 225, § 
1º, IV, da Constituição Federal, caso a atividade requeira licenciamento ambiental, as normas do órgãos do 
SISNAMA podem requerer formatos simplificados de licenciamento e apresentação de estudos ambientais. 
O Estudo bem como seu Relatório são públicos, mas nem sempre haverá a obrigação de que seja 
realizada Audiência Pública para debater os resultados do estudo. Existem 3 hipóteses que torna a Audiência 
Pública obrigatória: 1º Se o Ministério Público exigir; 2º Se o órgão ambiental exigir; 3º Se 50 ou mais cidadão 
requererem. 
 O licenciamento ambiental representa um dos principais instrumentos da Política Nacional de Meio 
Ambiente (art. 9º, IV, da Lei n.º 6.938/81). Possui uma relação extensa com o princípio da prevenção, uma 
vez que apresenta uma limitação administrativa à liberdade de empreender, para que seja possível garantir 
que a atividade que será desenvolvida possa ser realizada sem promover danos ao meio ambiente. 
 Quem licencia? Após uma extensa quantidade de conflitos originados pelas regrasde competência na 
Resolução n.º 237/97 CONAMA, a Lei complementar n.º 140/11 foi promulgada para estabelecer regras mais 
claras para as competências administrativas dos órgãos do SISNAMA, assim como o licenciamento ambiental 
somente por um único ente federativo, assistido pelos demais interessados (art. 13) e regras de conflito entre 
órgãos fiscalizadores (art. 17). 
 Quais atividades devem ser licenciadas? Adota-se o critério formal. As normas dos órgãos do 
SISNAMA determinam a necessidade de licenciamento ambiental de uma dada atividade, assim como qual 
procedimento será adotado para o licenciamento. Como o licenciamento ambiental é controlado 
 O objetivo do licenciamento é a instrução do órgão ambiental para ter condições de deferir ou não a 
licença ambiental. Neste caso, o que seria a licença ambiental? Representa um ato administrativo que 
condiciona a atividade a ser desenvolvida a um consenso técnico para evitar a maior quantidade de impactos 
ambientais possível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÃO COMENTADA 
(FGV – OAB 2016.3) A sociedade empresária Xique-Xique S.A. pretende instalar uma unidade 
industrial metalúrgica de grande porte em uma determinada cidade. Ela possui outras unidades 
industriais do mesmo porte em outras localidades. Sobre o licenciamento ambiental dessa iniciativa, 
assinale a afirmativa correta. 
A) Como a sociedade empresária já possui outras unidades industriais do mesmo porte e da mesma 
natureza, não será necessário outro licenciamento ambiental para a nova atividade utilizadora de 
recursos ambientais, se efetiva ou potencialmente poluidora. 
B) Para uma nova atividade industrial utilizadora de recursos ambientais, se efetiva ou potencialmente 
poluidora, é necessária a obtenção da licença ambiental, por meio do procedimento administrativo 
denominado licenciamento ambiental. 
C) Se a sociedade empresária já possui outras unidades industriais do mesmo porte, poderá ser exigido 
outro licenciamento ambiental para a nova atividade utilizadora de recursos ambientais, se efetiva ou 
potencialmente poluidora, mas será dispensada a realização de qualquer estudo ambiental, inclusive o 
de impacto ambiental, no processo de licenciamento. 
D) A sociedade empresária só necessitará do alvará da prefeitura municipal autorizando seu 
funcionamento, sendo incabível a exigência de licenciamento ambiental para atividades de metalurgia. 
Alternativa “a”: falsa. Cada empreendimento possui impactos ambientais próprios, o que torna 
necessário um novo procedimento de licenciamento ambiental; 
Alternativa “b”: verdadeira. Caso a atividade apresente impactos ambientais, será necessária uma 
licença ambiental, concedida por meio de um procedimento de licenciamento ambiental. 
Alternativa “c”: falsa. Cada nova unidade requer um licenciamento ambiental distinto, que determinará 
as condições de exercício mediante estudo ambiental próprio. 
Alternativa “d”: falsa. Caso haja impactos ambientais para a atividade a ser desenvolvida, há a 
obrigatoriedade de realização de um procedimento de licenciamento ambiental específico, o que não 
pode ser substituído pelo alvará de funcionamento concedido pelo Município. 
 
 
O Licenciamento Ambiental é único, porém se divide em três fases (NÃO são 3 licenças, mas 3 etapas 
de uma mesma licença), sendo que as fases devem ser seguidas em ordem, sem a supressão de nenhuma: 
1. Licença Prévia: autoriza o local e o tipo de empreendimento. Quando exigido EPIA, SEMPRE será na 
fase de Licença Prévia. Tem prazo de validade de até 5 anos. 
2. Licença de Instalação: autoriza o início das obras de instalação necessárias para o empreendimento. 
Tem prazo de validade de até 6 anos. 
3. Licença de Operação: autoriza que o empreendimento inicie suas operações. Tem prazo de validade 
de 4 a10 anos (o órgão ambiental que está cedendo a licença é que determina, dentro desse intervalo, 
qual o tempo de duração da licença, sempre levando em consideração o grau de risco do 
empreendimento e também o histórico do empreendedor). 
 
Mesmo após um empreendimento estar licenciado, se houver necessidade de uma nova construção 
ou ampliação, será exigido novo licenciamento ambiental. Assim como se uma empresa licenciada pretender 
abrir uma filial = novo licenciamento para essa filial. 
 
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QUESTÃO COMENTADA 
(FGV – OAB 2019_1) A sociedade empresária Foice Ltda., dá início à construção de galpão de 
armazenamento de ferro-velho. Com isso, dá início a Estudo de Impacto Ambiental - EIA. No curso do 
EIA, verificou-se que a construção atingiria área verde da Comunidade de Flores, de modo que 60 
(sessenta) cidadãos da referida Comunidade solicitaram à autoridade competente que fosse realizada, 
no âmbito do EIA, audiência pública. Sobre a situação, assinale a afirmativa correta. 
A) A audiência pública não é necessária, uma vez que apenas deve ser instalada quando houver 
solicitação do Ministério Público. 
B) A audiência pública não é necessária, uma vez que apenas deve ser instalada quando houver 
solicitação de associação civil legalmente constituída há pelo menos 1 (um) ano. 
C) A audiência pública é necessária, e, caso não realizada, a eventual licença ambiental concedida não 
terá validade. 
D) A audiência pública é necessária, salvo quando celebrado Termo de Ajustamento de Conduta com o 
Ministério Público. 
 
Alternativas A e B incorretas por afirmarem que não será necessária audiência pública. Alternativa C 
correta, pois mais de 50 cidadão requereram a audiência pública, o que a torna obrigatória sob pena de 
invalidar todo o processo de licenciamento. Alternativa D incorreta por sugerir que um TAC pode 
substituir a Audiência Pública. 
 
 
7. LEGISLAÇÃO FLORESTAL 
 
A legislação florestal segue a racionalidade determinada pela Constituição Federal de proteção 
florestal. Devemos observar a lei florestal geral (Lei n.º 12.651/12), e a Lei que regulamenta as florestas 
públicas (Lei n.º 11.284/06). 
A Lei florestal geral traz dois conceitos legais que dão continuidade à proteção dos chamados 
“espaços territoriais especialmente protegidos”. São a Área de Preservação Permanente – APPs (art. 4º) e a 
Reserva Legal (art. 12), cujos detalhes seguem abaixo: 
As APP’s são espaços urbanos ou rurais, com ou sem vegetação (nativa ou exótica), cuja proteção 
se dá por Lei ou ato do Poder Público, em que há a obrigação real de manutenção da vegetação da área, 
exceto nos casos apontados nos arts. 8º-9º, da Lei n.º 12.651/12. 
Primeiramente, as áreas protegidas podem ser urbanas ou rurais, de domínio público ou particular e 
terem a origem da proteção por disposição expressa de Lei, seja pelos recursos naturais protegidos (art. 4º, I-
IV, da Lei n.º 12.651/12), ou valor paisagístico e ecológico (art. 4º, V-XI, da Lei n.º 12.651/12). 
Quais as obrigações do proprietários em que está situada a APP? Caso a área esteja coberta por 
vegetação, mantê-la e não interferir nesta (art. 7º). Em caso de danos posteriores à vegetação, é dever do 
proprietário recompô-la (art. 7º, § 1º). A obrigação de manutenção da vegetação da APP é de natureza real, 
ou seja, é vinculada à propriedade do particular e é transmissível aos novos proprietários (art. 7º, § 2º). 
Há exceções ao regime de não intervenção em APP? Sim, estão previstos nos arts. 8º-9º da Lei n.º 
12.651/12 e se restringem a utilidade pública (art. 3º, VIII), interesse social (art. 3º, IX), atividades de baixo 
impacto ambiental (art. 3º, X) e obtenção de água por pessoas e animais. 
São consideradas Áreas de Preservação Permanente para a Lei Florestal: 
I – Matas Ciliares: faixas marginais de qualquer curso d’água natural desde a borda da calha do leito regular, a largura 
mínima da mata ciliar depende da largura do rio, conforme figura:II – Nascentes e dos olhos d’água permanentes num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11284.htm
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III – Lagos e Lagoas naturais, uma área no entorno de no mínimo: 
 
ÁREA OBJETO TAMANHO MÍNIMO 
Zona Rural Corpo d’água acima de 20 hectares de superfície 100 metros 
Zona Rural Corpo d’água abaixo de 20 hectares de superfície 50 metros 
Zona Urbana Sempre 30 metros 
 
IV – Barragens/represas artificiais, decorrentes do barramento de um curso d’água natural, a faixa será definida na 
licença ambiental do empreendimento; IMPORTANTE: 1. Se o barramento for de um curso d’água que não seja natural, 
não tem APP; 2. Se a acumulação de água que se forma do barramento não chega a 1 hectare, não tem APP. 
V – Encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, ou seja, quando a montanha é tão inclinada que existe risco 
de tudo vir abaixo se a vegetação for retirada. 
VI – as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues. 
VII – os manguezais, em toda a sua extensão; 
VIII – as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros 
em projeções horizontais; 
IX – no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior 
que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação 
sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente 
ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação; 
X – as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação; 
XI – em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do 
espaço permanentemente brejoso e encharcado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÃO COMENTADA 
(FGV – OAB 2015.3) João acaba de adquirir dois imóveis, sendo um localizado em área urbana e outro, 
em área rural. Por ocasião da aquisição de ambos os imóveis, João foi alertado pelos alienantes de que 
os imóveis contemplavam Áreas de Preservação Permanente (APP) e de que, por tal razão, ele deveria 
buscar uma orientação mais especializada, caso desejasse nelas intervir. Considerando a disciplina 
legal das Áreas de Preservação Permanente (APP), bem como as possíveis preocupações gerais de 
João, assinale a afirmativa correta. 
a) As APPs não são passíveis de intervenção e utilização, salvo decisão administrativa em sentido 
contrário de órgão estadual integrante do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, uma vez 
que não há preceitos legais abstratamente prevendo exceções à sua preservação absoluta e integral. 
b) As hipóteses legais de APP, com o advento do denominado “Novo Código Florestal” – Lei nº 
12.651/2012 –, foram abolidas em âmbito federal, subsistindo apenas nos casos em que os Estados e 
Municípios assim as exijam legalmente. 
c) As APPs são espaços territoriais especialmente protegidos, comportando exceções legais para fins 
de intervenção, sendo certo que os Estados e os Municípios podem prever outras hipóteses de APP 
além daquelas dispostas em normas gerais, inclusive em suas Constituições Estaduais e Leis 
Orgânicas, sendo que a supressão irregular da vegetação nela situada gera a obrigação do proprietário, 
possuidor ou ocupante a qualquer título de promover a sua recomposição, obrigação esta de natureza 
propter rem. 
d) As APPs, assim como as reservas legais, não se aplicam às áreas urbanas, sendo certo que a Lei 
Federal nº 12.651/2012 (“Novo Código Florestal”), apesar de ter trazido significativas mudanças no seu 
regime, garantiu as APPs para os imóveis rurais com mais de 100 hectares. 
 
Alternativa A incorreta por afirmar que não há possibilidade de intervenção em APP, salvo por 
decisão administrativa. Na verdade é possível intervenção por utilidade pública (art. 3º, VIII), interesse 
social (art. 3º, IX), atividades de baixo impacto ambiental (art. 3º, X) e obtenção de água por pessoas e 
animais. Alternativa B incorreta por afirmar que não existe APP em âmbito federal. 
Alternativa C está correta. Sempre é possível novas hipóteses de APP quando declaradas de 
interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo (art. 6º). E a obrigação de recomposição em caso 
de degradação sempre acompanha o imóvel. 
Alternativa D incorreta, pois a Reserva Legal só se aplica em imóveis rurais, urbanos não. Além do 
que, as APPs se aplicam em imóveis menores que 10 hectares também. 
 
 
Já a Reserva Legal , representa porções da área de imóvel rural, sem prejuízo da área de APP, 
cobertos com vegetação nativa, que obriga o proprietário a mantê-la e conservá-la. 
Primeiramente, a Reserva Legal se diferencia da APP por se tratar de um percentual fixo da área do 
imóvel rural que deverá ser coberto com vegetação nativa, conforme percentuais determinados no art. 12. 
Mais ainda: o objetivo da Reserva Legal é proteger remanescentes de vegetação, uma vez que a Área de 
Preservação Permanente possui como objetivo principal proteger formações ecológicas de importância à 
manutenção da qualidade ambiental. Por fim, vale lembrar que a Reserva Legal é devida somente em 
propriedade rural. 
 
Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da 
aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação 
à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: 
I – localizado na Amazônia Legal: 
a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas; 
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado; 
c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais; 
II – localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento). 
 
Onde se localiza dentro da propriedade rural? Nos moldes do art. 14, conforme a melhor disposição 
dessa área em conjunto às demais áreas de Reserva Legal. 
Em princípio, as áreas de Reserva Legal e Área de Preservação Permanente não são compensáveis. 
No entanto, a regra do art. 15 da Lei n.º 12.651/12 permite que a APP seja computada no percentual de 
Reserva Legal desde que isso não represente novas áreas para uso alternativo do solo, conservação da área 
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e inscrição do imóvel no Cadastro Ambiental Rural - CAR (art. 29, Lei n.º 12.651/12). 
Significa a seguinte situação: se o proprietário já era cumpridor dos limites de APP e Reserva Legal no 
antigo Código Florestal, não poderá se utilizar do regime de compensação. Poderá, no máximo, constituir 
servidão ambiental ou Cota de Reserva Ambiental, conforme arts. 9º, I, da Lei n.º 6.938/81 e art. 44 da Lei n.º 
12.651/12, respectivamente. 
 
 
QUESTÃO COMENTADA 
 
(FGV – OAB 2014.2) A definição dos espaços territoriais especialmente protegidos é fundamental para 
a manutenção dos processos ecológicos. Sobre o instituto da Reserva Legal, de acordo com o Novo 
Código Florestal (Lei n. 12.651/2012), assinale a afirmativa correta. 
a) Pode ser instituído em área rural ou urbana, desde que necessário à reabilitação dos processos 
ecológicos. 
b) Incide apenas sobre imóveis rurais, e sua área deve ser mantida sem prejuízo da aplicação das 
normas sobre as Áreas de Preservação Permanente. 
c) Foi restringida, de acordo com a Lei n. 12.651/2012, às propriedades abrangidas por Unidades de 
Conservação.d) Incide apenas sobre imóveis públicos, consistindo em área protegida para a preservação da 
estabilidade geológica e da biodiversidade. 
 
Alternativa “a” está incorreta pois Reserva Legal apenas existem em propriedade rural; 
Alternativa “b” correta. Alternativas “c” e “d” incorretas pois a Reserva Legal se aplica à TODA 
propriedade rural e não apenas àquelas abrangidas por Unidade de Conservação; ou imóveis públicos. 
 
 
Acima mencionamos o CAR, Cadastro Ambiental Rural, uma obrigação criada pela Lei 12.651/12 de 
que todo proprietário ou possuidor de imóvel rural, faça o preenchimento de um cadastro online apontando 
como é a cobertura do solo de sua propriedade, ou seja, se possui ou não APP, se a Reserva Legal está 
preservada, em processo de regeneração ou inexistente. O recibo gerado ao final do preenchimento do CAR 
não serve de título de propriedade para fins, por exemplo, de futuro pedido de Usucapião. 
 
QUESTÃO COMENTADA 
 
(FGV – OAB 2018_2) Gabriela, pequena produtora rural que desenvolve atividade pecuária, é avisada 
por seu vizinho sobre necessidade de registrar seu imóvel rural no Cadastro Ambiental Rural (CAR), 
sob pena de perder a propriedade do bem. 
Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta. 
a) Gabriela não tem a obrigação de registrar o imóvel no CAR por ser pequena produtora rural. 
b) Gabriela tem a obrigação de registrar o imóvel no CAR, sob pena de perder a propriedade do bem, 
que apenas poderá ser reavida por ação judicial. 
c) Gabriela tem a obrigação de registrar o imóvel no CAR; o registro não será considerado título para 
fins de reconhecimento do direito de propriedade ou posse. 
d) Gabriela tem a obrigação de registrar o imóvel no CAR; o registro autoriza procedimento 
simplificado para concessão de licença ambiental. 
 
Alternativa “a” está incorreta pois o CAR é uma obrigação legal de TODA propriedade rural, 
independente de seu tamanho. Alternativa “b” incorreta, a Lei Florestal não estabeleceu quais as 
sanções para quem não realizar o cadastro, na prática algumas linhas de crédito bancário estão sendo 
cortadas dos proprietários que não realizam.. Alternativas “c” está correta, conforme art. 29, §2º da Lei 
12.651. Alternativa “d” incorreta pois Cadastro Ambiental não autoriza processo simplificado de Licença 
Ambiental. 
 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm
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8. POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
 
Popularmente ao falarmos de “Resíduos Sólidos” estamos tratando de Lixo. Foi preciso uma política 
própria para tratar o assunto, uma vez que o lixo é um problema mundial, já tendo sido alvo de problemas 
diplomáticos entre nações. 
A Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é bastante atual e 
contém instrumentos importantes para permitir o enfrentamento dos principais problemas decorrentes do 
manejo inadequado dos resíduos sólidos. 
Trata da prevenção e redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de 
consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização 
dos resíduos sólidos e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (rejeito é o lixo que não dá mais 
pra aproveitar, como exemplo de resto de comida). 
Institui a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: fabricantes, importadores, 
distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana. 
Com a PNRS, todos os lixões devem ser eliminados para darem lugar a aterros sanitários. 
A PNRS inova com a inclusão de catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis na política, 
quando incentiva a criação e o desenvolvimento de cooperativas ou de outras formas de associação de 
catadores. Além de impor que os particulares elaborem seus Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. 
A fiscalização dos aterros tende a ser rígida com relação à distinção - o operador do aterro sanitário 
deverá receber apenas rejeitos. Caso contrário, (a empresa) estará sujeita às penalizações do Ministério 
Público. 
São alguns dos instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos: 
 a coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras ferramentas relacionadas à implementação 
da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; 
 o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas/associação de catadores de materiais 
reutilizáveis e recicláveis; 
 a pesquisa científica e tecnológica; educação ambiental; 
 os incentivos fiscais, financeiros e creditícios; [...] 
 a cooperação técnica e financeira entre os setores público e privado para o desenvolvimento de 
pesquisas de novos produtos, métodos, processos e tecnologias de gestão, reciclagem, reutilização, 
tratamento e disposição; 
 
QUESTÃO COMENTADA 
(FGV – OAB 2017) Bolão Ltda., sociedade empresária, pretende iniciar atividade de distribuição de 
pneus no mercado brasileiro. Para isso, contrata uma consultoria para, dentre outros elementos, avaliar 
sua responsabilidade pela destinação final dos pneus que pretende comercializar. Sobre o caso, 
assinale a afirmativa correta. 
A) A destinação final dos pneus será de responsabilidade do consumidor final, no âmbito do serviço de 
regular limpeza urbana. 
B) A sociedade empresária será responsável pelo retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de 
forma independente do serviço público de limpeza urbana. 
C) A destinação final dos pneus, de responsabilidade solidária do distribuidor e do consumidor final, se 
dará no âmbito do serviço público de limpeza urbana. 
D) Previamente à distribuição de pneus, a sociedade empresária deve celebrar convênio com o 
produtor, para estabelecer, proporcionalmente, as responsabilidades na destinação final dos pneus. 
A questão gera uma certa dúvida, uma vez que a PNRS fala de responsabilidade compartilhada 
pelo ciclo de vida dos produtos: fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os 
consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana. Porém, a questão trata 
especificamente de Logística Reversa, e nesses casos, o consumidor final não encontra-se no rol de 
responsáveis, conforme art. 33 (abaixo). 
Assim, as alternativas “a” e “c” são eliminadas por conterem o consumidor. A alternativa “d” está 
incorreta por sugerir que produtor e distribuidor poder proporcionar suas responsabilidades, mas isso 
não é possível. A alternativa “b” está correta, pois independente de o serviço público de limpeza realizar 
ou não a coleta desses pneus, a logística reversa deve funcionar. 
 
 
 
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Art. 33. São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos 
produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de 
manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: 
I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens; 
II - pilhas e baterias; 
III - pneus; 
IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; 
V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; 
VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes. 
 
 
Art. 18. A elaboração de plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, nos termos 
previstos por esta Lei, é condição para o Distrito Federal e os Municípios terem acesso a recursos da União, 
ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo 
de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de 
crédito ou fomento para tal finalidade. 
 
 
9. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (LEI 9.985/00) 
 
A CF/88, art. 225, § 1º, inc. III, prevê que sejam definidas,em todas as unidades da federação, 
espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos. 
A Lei 9.985 de 2000, regula o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC. Tal diploma legal 
vem preencher uma lacuna no relevante tema do Direito Ambiental, que é a disposição sobre o uso sustentável e 
gerenciamento das unidades de conservação brasileira. Para tanto o legislador adotou uma nova sistemática, 
dividindo as unidades de conservação em dois grupos. O primeiro é o das Unidades de Proteção Integral, e o 
segundo, da Unidade de Uso Sustentável. 
 
9.1 Unidade de Proteção Integral 
 
Essa categoria engloba estações ecológicas, reservas biológicas, parques nacionais, monumentos 
naturais e refúgios da vida silvestre. Nesses locais, qualquer atividade a ser realizada fica condicionada à 
autorização prévia do órgão responsável e deverá priorizar a manutenção do equilíbrio do ecossistema, 
sendo que as visitas públicas ficam restritas àquelas com objetivos educacionais e científicos. As áreas 
particulares incluídas em seus limites, com exceção dos monumentos naturais e refúgios da vida silvestre que 
podem ser constituídos também por áreas particulares, serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a 
Lei. 
 
9.1.1. Estações Ecológicas – são áreas com um ecossistema representativo, de posse e domínio 
públicos, que tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas, sendo 
que esta última dependerá de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está 
sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento. 
 
9.1.2. Reservas Biológicas – são as florestas e demais formas de vegetação que têm como objetivo 
a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência 
humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas 
alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade 
biológica e os processos ecológicos naturais. 
 
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9.1.3. Parques Florestais – são áreas extensas e delimitadas que têm como finalidade a preservação 
de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de 
pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação 
em contato com a natureza e de turismo ecológico. 
Podem ser Parque Nacional, Parque Estadual ou Parque Municipal dependendo da esfera onde for 
criado. Tem uso e visitação sujeitos às normas estabelecidas no Plano de manejo da unidade, ou às normas 
estabelecidas pelo órgão responsável. 
 
9.1.4. Monumentos Naturais – são áreas que têm como objetivo básico preservar sítios naturais 
raros, singulares ou de grande beleza cênica, podendo ser constituídos por áreas particulares, desde que 
seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local 
pelos proprietários. 
 
9.1.5. Refúgios de Vida Silvestre – são áreas que têm como objetivo proteger ambientes naturais 
onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e 
da fauna residente ou migratória. Assim como os monumentos naturais, podem ser constituídos por áreas 
particulares nas mesmas condições do exposto no item anterior. 
 
9.2 Unidades de Uso Sustentável 
 
Têm o objetivo principal de compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de 
parcela dos seus recursos naturais. 
Encaixam-se nessa categoria as áreas de proteção ambiental, áreas de relevante interesse ecológico, 
florestas nacionais, reservas extrativistas, reservas de fauna, reservas de desenvolvimento sustentável, e 
reservas particulares do patrimônio natural, onde, em tese, seria tolerado o uso racional dos recursos naturais 
existentes. Podem ser constituídas por terras públicas ou privadas, ficando condicionado o seu uso às 
normas estabelecidas pelo gestor público em unidades de domínio público e pelas condições estabelecidas 
pelo proprietário em unidades particulares. 
 
9.2.1. Áreas de Proteção Ambiental – são, em geral, áreas extensas, com um certo grau de 
ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes 
para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, que têm a finalidade de proteger a 
diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos 
naturais. 
O SNUC prevê que as Áreas de Proteção Ambiental deverão dispor de um Conselho presidido pelo 
órgão responsável por sua administração e constituído por representantes dos órgãos públicos, de 
organizações da sociedade civil e da população residente. 
 
9.2.2. Áreas de Relevante Interesse Ecológico – são áreas, em geral, de pequena extensão, com 
pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abrigam 
exemplares raros da biota regional, que têm como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância 
regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de 
conservação da natureza. 
 
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9.2.3. Florestas Nacionais – são áreas com uma cobertura florestal de espécies predominantemente 
nativas e têm como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, 
com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas. 
A Floresta Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus 
limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a Lei. 
Nas Florestas Nacionais é admitida a permanência de populações tradicionais que a habitam quando 
de sua criação, em conformidade com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade. 
 
9.2.4. Reservas Extrativistas – são áreas utilizadas por populações extrativistas tradicionais, cuja 
subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de 
animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas 
populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. São de domínio público, com uso 
concedido às populações extrativistas tradicionais. 
A exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases sustentáveis e em situações 
especiais e complementares às demais atividades desenvolvidas na Reserva Extrativista, conforme o disposto em 
regulamento e no Plano de Manejo da unidade. 
 
9.2.5. Reservas de Fauna – são áreas naturais com populações animais de espécies nativas, 
terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo 
econômico sustentável de recursos faunísticos. Nesses locais é vedado o exercício da caça amadorística ou 
profissional. 
 
9.2.6. Reservas de Desenvolvimento Sustentável – são áreas que abrigam populações tradicionais, 
cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao 
longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental 
na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica. Têm como objetivo básico preservar a 
natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução e a 
melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, 
bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, 
desenvolvido por estas populações.9.2.7. Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) – são áreas privadas, gravadas com 
perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. O gravame de que trata este artigo 
constará de termo de compromisso assinado perante o órgão ambiental, que verificará a existência de 
interesse público, e será averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis. 
 
 
 
 
 
 
 
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Dentro da RPPN, será permitida a extração de recursos naturais, exceto madeira, que não coloque em 
risco as espécies ou os ecossistemas que justificaram a criação da unidade. 
 
 CATEGORIA DOMÍNIO VISITA 
PRESENÇA 
HUMANA* 
PROT. 
INTEGRAL 
Estação Ecológica Público Educacional NÃO 
Reserva Biológica Público Educacional NÃO 
Parque Nacional Público Permitida NÃO 
Monumento Natural Pub ou Priv Restrita SIM 
Ref. Vida Silvestre Pub ou Priv Restrita SIM 
USO 
SUST. 
 
Área de Proteção 
Ambiental 
Pub ou Priv Restrita SIM 
Relevante Interesse 
Ecológico 
Pub ou Priv Restrita Pouca 
FLONA – Floresta 
Nacional 
Público Restrita 
População 
Tradicional 
RESEX – Reserva 
Extrativista 
Público c/ uso Permitida 
População 
Tradicional 
Reserva de Fauna Público Permitida NÃO 
Reserva 
Desenvolvimento 
Sustentável 
Público 
Permitida e 
incentivada 
SIM 
RPPN – Reserva 
Particular do Patrimônio 
Natural 
Privado 
Pesquisa, 
Turismo, 
Recreação e 
Educação 
NÃO 
 
 
*Presença humana nesse caso significa que caso seja criada uma UC que permita presença humana, não 
será necessário desapropriar quem eventualmente já tenha uma propriedade nos limites da UC. 
 
 
QUESTÃO COMENTADA 
 
(FGV – OAB 2019_1) O Ministro do Meio Ambiente recomenda ao Presidente da República a criação 
de uma Unidade de Conservação em área que possui relevante ecossistema aquático e grande 
diversidade biológica. Porém, em razão da grave crise financeira, o Presidente pretende que a União 
não seja compelida a pagar indenização aos proprietários dos imóveis inseridos na área da Unidade de 
Conservação a ser criada. Considerando o caso, assinale a opção que indica a Unidade de 
Conservação que deverá ser criada. 
A) Estação Ecológica. 
B) Reserva Biológica. 
C) Parque Nacional. 
D) Área de Proteção Ambiental. 
 
Considerando que a União não quer ter gastos com desapropriação, a única categoria de unidade de 
conservação dentre as alternativas que permite a presença humana é a Área de Proteção Ambiental, 
alternativa D. 
 
 
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10. A POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS 
 
A Lei 9.433/97, institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, e ainda cria o Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), cuja menor parcela é exatamente a bacia hidrográfica, que 
é a área total de drenagem que alimenta uma determinada rede hidrográfica, em outras palavras, todos os 
pequenos córregos e rios que alimentam um rio principal. 
 
 
 
 
“Art. 1º. A Política Nacional dos Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos: 
I - a água é um bem de domínio público; 
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; 
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação 
de animais; 
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; 
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e 
atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; 
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos 
usuários e das comunidades. 
 
 
A água é um bem de domínio público, ou seja, não pertence ao privado; como um recurso natural 
limitado é preciso estabelecer que a água possui valor econômico, só assim incentivamos o uso racional; 
tendo como uso prioritário, em caso de escassez, o consumo humano e animal, ou seja, se entrarmos em 
períodos de seca, o uso da água para indústria, lazer e etc pode ser suspenso para dar lugar ao uso humano 
e matar a sede dos animais; a gestão deve ser descentralizada e participativa do poder público, dos usuários 
e das comunidades. 
Inovação é a previsão de cobrança pelo uso da água, inclusive dos proprietários rurais, conforme 
estabelecido no art. 5º da Lei 9.433/97, que passam a ser denominados usuários de recursos hídricos. 
 
Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: 
I - os Planos de Recursos Hídricos; 
II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; 
III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; 
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; 
V – vetado (art. 24 da Lei) 
VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. 
 
A cobrança pelo uso da água objetiva o reconhecimento do valor econômico deste recurso natural 
dando ao usuário uma indicação de seu real valor e incentivando a racionalização e proporcionando a 
obtenção de recursos financeiros para a financiamento dos programas e intervenções contemplados nos 
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planos de recursos hídricos. Por ter caráter de tarifa, os recursos arrecadados serão aplicados prioritariamente 
na bacia hidrográfica em que foram gerados. 
 
Outorga dos direitos de uso de recursos hídricos 
 
Outorga significa autorização, concessão. Não se trata de alienação das águas (que são inalienáveis), 
mas de simples direito de seu uso. É uma autorização para aquele que precisa captar grande quantidade de 
água ou usar a água para diluir algo, ou ainda usar a força das águas para gerar energia, possa fazer 
mediante pagamento, pois a outorga não é gratuita. 
A outorga estará vigente enquanto houver interesse público, assim, não assiste qualquer direito à 
indenização ao outorgado quando suspenso o ato de outorga. 
A Lei 9.433/97 listou os usos sujeitos à outorga e os que independem dela, no art. 12. 
 
Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos hídricos: 
I – derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive 
abastecimento público, ou insumo de processo produtivo; 
II – extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; 
III – lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o 
fim de sua diluição, transporte ou disposição final; 
IV – aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; 
V – outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água. 
§ 1º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento: 
I – o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, 
distribuídos no meio rural; 
I – as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes; 
III – as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes. 
 
A outorga poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, nas 
seguintes circunstâncias: não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; ausência de uso por três 
anos consecutivos; necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as 
decorrentes de condições climáticas adversas; necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação 
ambiental; necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha 
de fontes alternativas; necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de 
água. 
Toda outorga terá prazo definido, não podendo ultrapassar35 anos, mas podendo ser renovado. 
Em caso de empreendimento que necessita de licenciamento ambiental (por exemplo obra de 
saneamento), a outorga vem antes do licenciamento. art. 10, §1º Resolução 237 CONAMA. 
 
 
11. SANEAMENTO BÁSICO 
 
Saneamento básico se divide em 4 serviços essenciais: 
a) abastecimento de água potável, constituído pelas atividades, pela disponibilização, pela 
manutenção, pela infraestrutura e pelas instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, 
desde a captação até as ligações prediais e os seus instrumentos de medição; 
 
b) esgotamento sanitário, constituído pelas atividades, pela disponibilização e pela manutenção de 
infraestrutura e das instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados 
dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até a sua destinação final para a produção de água de 
reuso ou o seu lançamento final no meio ambiente; 
 
c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, constituídos pelas atividades, pela infraestrutura e 
pelas instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final 
ambientalmente adequada dos resíduos sólidos domiciliares e dos resíduos de limpeza urbanas; e 
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d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas, constituídos pelas atividades, pela infraestrutura e 
pelas instalações operacionais de drenagem de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o 
amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas, 
contempladas a limpeza e a fiscalização preventiva das redes; 
 
 
 
 
 
Titularidade dos serviços de saneamento básico 
 
Os Municípios e o Distrito Federal são os titulares dos serviços públicos de saneamento básico, 
podendo delegar a organização, a regulação, a fiscalização e a prestação desses serviços, nos termos do art. 
241 da Constituição Federal e da Lei no11.107, de 6 de abril de 2005. 
Exceto os casos de controle acionário de companhia estatal prestadora de serviços públicos de 
saneamento básico. Os municípios que optarem pela não continuidade dos contratos de programa assumirão 
a prestação dos serviços públicos de saneamento básico e indenizarão as companhias em razão de 
investimentos realizados. 
 
 
Prestação dos serviços 
 
A prestação dos serviços de saneamento básico devem ser regionalizadas, realizadas por um único 
prestador do serviço para vários Municípios, contíguos ou não. Deve ser realizada por órgão, autarquia, 
fundação de direito público, consórcio público, empresa pública ou sociedade de economia mista estadual, do 
Distrito Federal, ou municipal, na forma da legislação; ou por empresa a que se tenham concedido os 
serviços. 
A fiscalização e remuneração devem ser uniformes e exercidas por órgão ou entidade de ente da 
Federação a que o titular tenha delegado o exercício dessas competências por meio de convênio de 
cooperação entre entes da Federação, ou ainda por consórcio público de direito público integrado pelos 
titulares dos serviços. 
 
 
Regulação 
 
A regulação dos serviços de saneamento tem como objetivos: I – estabelecer padrões e normas para 
a adequada prestação dos serviços e para a satisfação dos usuários; II - garantir o cumprimento das 
condições e metas estabelecidas; III - prevenir e reprimir o abuso do poder econômico, ressalvada a 
competência dos órgãos integrantes do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência; e IV - definir tarifas 
que assegurem tanto o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos quanto a modicidade tarifária, por meio 
de mecanismos que induzam a eficiência e a eficácia dos serviços e que permitam o compartilhamento dos 
ganhos de produtividade com os usuários. 
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A Agência Nacional de Águas - ANA instituirá normas de referência nacionais para a regulação da 
prestação dos serviços públicos de saneamento básico e por seus titulares e suas entidades reguladoras e 
fiscalizadoras, observada a legislação federal pertinente. 
É assegurado aos usuários de serviços públicos de saneamento básico: I - amplo acesso a 
informações sobre os serviços prestados; II - prévio conhecimento dos seus direitos e deveres e das 
penalidades a que podem estar sujeitos; III - acesso a manual de prestação do serviço e de atendimento ao 
usuário, elaborado pelo prestador e aprovado pela respectiva entidade de regulação; IV - acesso a relatório 
periódico sobre a qualidade da prestação dos serviços. 
 
 
Aspectos Sociais 
 
A estrutura de remuneração e de cobrança dos serviços públicos de saneamento básico considerará 
os seguintes fatores: I - categorias de usuários, distribuídas por faixas ou quantidades crescentes de 
utilização ou de consumo; II - padrões de uso ou de qualidade requeridos; III - quantidade mínima de 
consumo ou de utilização do serviço, visando à garantia de objetivos sociais, como a preservação da saúde 
pública, o adequado atendimento dos usuários de menor renda e a proteção do meio ambiente; IV - custo 
mínimo necessário para disponibilidade do serviço em quantidade e qualidade adequadas; V - ciclos 
significativos de aumento da demanda dos serviços, em períodos distintos; e VI - capacidade de pagamento 
dos consumidores. 
Os reajustes de tarifas de serviços públicos de saneamento básico serão realizados observando-se o 
intervalo mínimo de 12 (doze) meses. Podem ser periódicas ou extraordinárias (fatos não previstos no 
contrato, fora do controle do prestador dos serviços, que alterem o seu equilíbrio econômico-financeiro). 
Sempre de forma clara e com antecedência mínima de 30 (trinta) dias com relação à sua aplicação. 
Os serviços poderão ser interrompidos pelo prestador nas seguintes hipóteses: 
 
I - situações de emergência que atinjam a segurança de pessoas e bens; 
II - necessidade de efetuar reparos, modificações ou melhorias de qualquer natureza nos sistemas, respeitados 
os padrões de qualidade e continuidade estabelecidos pela regulação do serviço; 
III - negativa do usuário em permitir a instalação de dispositivo de leitura de água consumida, após ter sido 
previamente notificado a respeito; 
IV - manipulação indevida de qualquer tubulação, medidor ou outra instalação do prestador, por parte do usuário; 
e 
V - inadimplemento do usuário do serviço de abastecimento de água, do pagamento das tarifas, após ter sido 
formalmente notificado. (A interrupção ou a restrição do fornecimento de água por inadimplência a 
estabelecimentos de saúde, instituições educacionais e de internação coletiva de pessoas e a usuário residencial 
de baixa renda beneficiário de tarifa social deverá obedecer a prazos e critérios que preservem condições 
mínimas de manutenção da saúde das pessoas atingidas). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÃO COMENTADA 
 
(FGV – OAB 2018_2) Ao estabelecer a estrutura de remuneração e de cobrança de tarifas relativas à 
prestação de serviço de limpeza urbana, a autoridade considera contraprestações variadas para os 
bairros X e Y, tendo em vista o nível de renda da população da área atendida. 
Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta, considerando a Lei da Política Nacional de 
Saneamento Básico. 
a) A estrutura de remuneração está correta, sendo obrigatória a concessão de isenção de tarifa aos 
moradores que recebem até um salário mínimo. 
b) A estrutura de remuneração, com base em subsídios para atender usuários e localidades de baixa 
renda, pode ser estabelecida. 
c) A política de remuneração proposta não é válida, uma vez que qualquer distinção tarifária deve ter 
relação direta com o peso ou o volume médio coletado. 
d) A política

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