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QUESTÃO 45 - 40 EXAME DA OAB

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QUADRAGÉSIMO EXAME DA ORDEM UNIFICADO. 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
QUESTÃO 45 
Carlos, um consumidor, celebrou um contrato de adesão para 
aquisição de um pacote turístico. Ao ler atentamente o contrato, Carlos 
identificou uma cláusula que determinava que ele não poderia requerer 
indenização à empresa em caso de eventuais prejuízos decorrentes de 
cancelamentos por causas naturais. Preocupado, Carlos procura você, 
como advogado (a), para buscar amparo legal e entender a validade da 
cláusula em questão. Diante disso, assinale a afirmativa que apresenta, 
corretamente, sua orientação. 
a) A cláusula é válida, porque o Art. 51 do CDC possui um rol 
exemplificativo de cláusulas abusivas, e essa cláusula específica não está 
listada entre as proibidas. 
b) A cláusula é inválida, porque o Art. 51 do CDC possui um rol taxativo 
de cláusulas abusivas, e essa cláusula não está listada entre as permitidas. 
c) A cláusula é válida, porque o Art. 51 do CDC, que possui um rol de 
cláusulas abusivas, não se aplica aos contratos de adesão. 
d) A cláusula é inválida, porque o Art. 51 do CDC apresenta um rol 
exemplificativo de cláusulas abusivas, mesmo que não listadas. 
LETRA “D” CORRETA. 
FUNDAMENTO: ART. 51, §1° E INCISOS LEI Nº 8.078, DE 11 DE 
SETEMBRO DE 1990 (DISPÕE SOBRE A PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR E 
DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS). Vejamos: 
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais 
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: 
(...) 
1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que: 
I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence; 
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do 
contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual; 
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-
se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras 
circunstâncias peculiares ao caso. 
 
 
A orientação correta é a letra d). De acordo com o Código de Defesa 
do Consumidor (CDC), no artigo 51, §1º e incisos, são consideradas nulas 
de pleno direito as cláusulas contratuais que, entre outras situações, 
restrinjam direitos fundamentais do consumidor de forma 
desproporcional ou excessivamente onerosa. 
Mesmo que não estejam expressamente listadas como abusivas, tais 
cláusulas são consideradas inválidas. 
No caso em questão, a cláusula que impede Carlos de requerer 
indenização à empresa em caso de cancelamentos por causas naturais é 
considerada abusiva, pois restringe um direito fundamental do 
consumidor, que é o direito à reparação por danos causados por falhas 
no serviço prestado. 
Portanto, Carlos tem respaldo legal para contestar essa cláusula e 
buscar seus direitos como consumidor. 
Além do exposto, é relevante acrescentar a teoria do risco do 
empreendimento ao caso. Conforme estabelecido pelo Código de Defesa 
do Consumidor (CDC) e pela jurisprudência brasileira, o fornecedor de 
produtos ou serviços assume os riscos do empreendimento, o que 
implica a responsabilidade pelo fornecimento de um serviço seguro e 
pela reparação de danos causados aos consumidores, 
independentemente de culpa. 
Nesse sentido, a cláusula que exclui a responsabilidade da empresa por 
cancelamentos decorrentes de causas naturais contraria a teoria do risco 
do empreendimento. A empresa, ao oferecer o serviço de pacote 
turístico, assume o risco de eventos naturais que possam interferir na 
prestação do serviço. Portanto, a exclusão de responsabilidade contida 
na cláusula é inválida, pois vai de encontro aos princípios fundamentais 
do CDC, que buscam garantir a proteção e a segurança do consumidor. 
Segue julgado que exemplifica o tema (teoria do risco do 
empreendimento): 
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. CONTRATO DE 
TRANSPORTE AÉREO. ANTECIPAÇÃO DO HORÁRIO DO VOO. FALTA DE 
COMUNICAÇÃO AO PASSAGEIRO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA 
AGÊNCIA DE VIAGEM. CADEIA DE CONSUMO. RISCO DO EMPREENDIMENTO. 
DANO MORAL. MANUTENÇÃO DO VALOR. HONORÁRIOS RECURSAIS. 
CABIMENTO. 
 
 
Incumbe ao fornecedor do serviço conduzir o consumido, incólume e no 
tempo previsto, ao seu destino, sob pena de configurar a responsabilidade 
objetiva do transportador. A ocorrência de antecipação do horário do voo 
configura circunstância que, ainda que provocada por motivos alheios à 
vontade do fornecedor, caracteriza fortuito interno. Trata-se de atividade 
empresarial em parceria, do que decorre a solidariedade de todos os 
fornecedores integrantes da cadeia de consumo pelos danos suportados 
pelo consumidor, ex vi do disposto nos arts. 7º, parágrafo único, e 25, § 1º, 
do CDC. Aplica-se a Teoria do Risco do Empreendimento, consagrada no art. 
927 do Código Civil, pela qual todo aquele que se dispõe a exercer alguma 
atividade com probabilidade de dano, auferindo lucros e vantagens com 
esta atividade, deve arcar também com os riscos daí advindos. Comprovada 
a falha na prestação de serviço, inegável o dever de compensar os danos 
morais decorrentes do evento danoso. Verba compensatória adequada. 
Incidência de honorários recursais. Conhecimento e desprovimento do 
recurso. (TJ-RJ - APL: 02084576820198190001, Relator: Des(a). ROGÉRIO DE 
OLIVEIRA SOUZA, Data de Julgamento: 12/05/2021, SEXTA CÂMARA CÍVEL, 
Data de Publicação: 10/06/2021)

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