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Projeto Terapêutico Singular Disciplina: Psicologia e Saúde Coletiva Projeto Terapêutico Singular (PTS) “O PTS envolve um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, direcionadas a um indivíduo, família ou coletividade. Tem como objetivo traçar uma estratégia de intervenção para o usuário, contando com os recursos da equipe, do território, da família e do próprio sujeito e envolve uma pactuação entre esses mesmos atores.” Hori e Nascimento, 2014 Dispositivo para disparar processos de mudança nas práticas de saúde Projeto Terapêutico Singular Esforço temporário para criar um produto Contexto único Tratamento Cuidado Projeto Terapêutico Singular (PTS) ► O PTS é resultado da discussão de uma equipe interdisciplinar, dedicado a casos complexos. ► Possibilita a efetivação da clínica ampliada em saúde, por considerar o contexto social em que o sujeito esta inserido e as necessidades do mesmo. PTS Necessidades do sujeito Suas crenças Suas expectativas O contexto social em que está inserido Conjunto de propostas terapêuticas ao individuo ou/e sua coletividade, levando em conta: (BRASIL, 2008; BRASIL, 2013). Projeto Terapêutico Singular (PTS) ► Para que a construção do PTS seja efetiva é importante: ► que a equipe de referência estabeleça um bom vínculo com o sujeito e quando possível com seus familiares; ► que o profissional com maior vínculo com o sujeito assuma o papel de coordenador do PTS, junto à equipe e o sujeito. Brasil, 2008, pg.40 Como construir um PTS? Para se elaborar um PTS, é necessário seguir 4 etapas: 1) Diagnóstico situacional; 2) Definição de objetivos e metas; 3) Divisão de tarefas e responsabilidades (quem faz o que e quando?); 4) Reavaliação do PTS. Brasil, 2008, pg.41 Diagnóstico situacional Definição de objetivos e metas Divisão de tarefas e responsabilidades Reavaliação do PTS Diagnóstico situacional ► O objetivo desta etapa é entender o sujeito e suas relações. ► O fundamental do diagnóstico é o processo de aproximação da equipe da situação vivenciada por um sujeito, família ou comunidade, de forma mais extensiva possível. Como é a vida deste sujeito e suas relações com os que o cercam: trabalho, família e rede social. Brasil, 2008, pg.41 Definição de objetivos e meta ► Nesta fase, estabelece metas (propostas) de curto, médio e longo prazo, que serão negociadas com o Sujeito doente pelo membro da equipe que tiver um vínculo melhor. Questões para auxiliar esse momento: • Como gostaríamos que determinada pessoa a ser cuidada estivesse daqui a algum tempo? • Como ela gostaria de estar? • E como seus familiares gostariam que ela estivesse? A pactuação do que é possível fazer deve incluir todos os envolvidos – equipe e pessoa, família, grupo ou coletivo para o qual está dirigido o PTS, pois isso estimula o compartilhamento e a cogestão do processo de cuidado. Brasil, 2008, pg.41 Divisão de tarefas e responsabilidades (quem faz o que e quando?) ► Nesta etapa, são definidas com clareza o que cada um (sujeito e equipe) deverão fazer para atingir as metas propostas). ► A divisão das tarefas tem que ser clara para não comprometer o projeto. ► Primeiramente é definido um técnico de referência que coordenará o projeto terapêutico e que, de preferência, é o trabalhador com maior vínculo com os sujeitos, famílias ou grupos em questão. Assim, nessa fase, ele deverá esclarecer o que vai ser feito, por quem e em que prazos. Brasil, 2008, pg.41 A reavaliação do PTS ► A condução da reavaliação é de responsabilidade do técnico responsável. Ele pode realizá-la em diversos momentos, tais como: • reuniões com o sujeito e sua família; • reunião de equipe; • reuniões ampliadas com outros serviços (CAPS, ambulatórios, CRAS etc.) e instituições (escola, associação de moradores, ONGs). O objetivo desse momento é: a revisão de prazos, expectativas, tarefas, objetivos, metas e resultados esperados e obtidos, que podem ajudar a manter o PTS ou introduzir e redirecionar as intervenções conforme as necessidades. Brasil, 2008, pg.41 A escolha dos casos para reuniões de PTS ► A proposta é de que sejam escolhidos usuários ou famílias em situações mais graves ou difíceis (casos complexos). ► Não parece necessário nem possível que o grande esforço de fazer um PTS seja dirigido a todos os usuários de uma equipe, exceto em hospitais e, eventualmente, centros de especialidade. Brasil, 2008, pg.42 O tempo de um PTS ► O tempo e o acompanhamento do PTS depende da característica de cada serviço. Exemplo: Serviços de saúde na Atenção Básica e Centros de Especialidades com usuários crônicos têm um seguimento longo. Brasil, 2008, pg.43 Anamnese para o PTS ► Uma história clínica mais completa, sem filtros, tem uma função terapêutica em si mesma, na medida em que situa os sintomas na vida do sujeito e dá a ele a possibilidade de falar, o que implica algum grau de análise sobre a própria situação. ► A anamnese permite que os profissionais reconheçam as singularidades do sujeito e os limites das classificações diagnósticas. ► É preciso fazer as perguntas da anamnese tradicional, mas dando espaço para as ideias e as palavras do usuário. ► O usuário é estimulado a qualificar e situar cada sintoma em relação aos seus sentimentos e outros eventos da vida. Exemplo: no caso de um usuário que apresenta falta de ar, é interessante saber como ele se sente naquele momento: com medo? Conformado? Agitado? O que melhora e o que piora os sintomas? Que fatos aconteceram próximo à crise? Brasil, 2008, pg.46-53 Anamnese para o PTS ► Procurar descobrir o sentido da doença para o usuário. Exemplo: por que você acha que adoeceu? ► Procurar conhecer as singularidades do sujeito, perguntando sobre os medos, as raivas, as manias, o temperamento, seu sono e sonhos. São perguntas que ajudam a entender a dinâmica do sujeito e suas características. ► Procurar avaliar se há negação da doença, qual a capacidade de autonomia e quais os possíveis ganhos secundários com a doença. ► Procurar perceber a chamada contratransferência, ou seja, os sentimentos que o profissional desenvolve pelo usuário durante os encontros; procurar descobrir os limites e as possibilidades que esses sentimentos produzem na relação clínica. Brasil, 2008, pg.46-53 Anamnese para o PTS ► Procurar conhecer quais os projetos e desejos do usuário. ► Conhecer as atividades de lazer (do presente e do passado) é muito importante. A simples presença ou ausência de atividades prazerosas é bastante indicativa da situação do usuário. ► Identificar às condições de sobrevivência (moradia, alimentação, saneamento, renda, etc.) ou da inserção do Sujeito em instituições, como religião, tráfico, trabalho etc. Brasil, 2008, pg.46-53 As reuniões para discussão de PTS ► O mais importante no caso deste encontro para a realização do PTS é o vínculo dos membros da equipe com o usuário e a família. ► Cada membro da equipe, a partir dos vínculos que construiu, trará para a reunião aspectos diferentes e poderá também receber tarefas diferentes, de acordo com a intensidade e a qualidade desse vínculo. ► Uma estratégia que algumas equipes utilizam é reservar um tempo fixo, semanal ou quinzenal, para reuniões exclusivas do PTS. Brasil, 2008, pg.42 Reunião de equipe ► Para que a equipe consiga elaborar um projeto terapêutico e negociá-lo com o usuário é importante lembrar que: Reunião de EQUIPE NÃO é um espaço apenas para que uma pessoa da equipe distribua tarefas às outras. ► Reunião é um espaço de diálogo e é preciso que haja um clima em que todos tenham direito à voz e à opinião. ► Criar um clima fraterno de troca de opiniões (inclusive críticas), associado à objetividade nas reuniões, exige um aprendizado de todas as partes e é a primeira tarefa de qualquer equipe. Brasil, 2008, pg.53 PTS e Gestão ► As discussões para construção e acompanhamento do PTS são uma excelente oportunidadepara a valorização dos trabalhadores da equipe de saúde. ► O espaço do PTS também é privilegiado para a equipe construir a articulação dos diversos recursos de intervenção que ela dispõe. ▪ é um espaço importantíssimo para avaliação e aperfeiçoamento desses mesmos recursos (“por que funcionou ou não esta ou aquela proposta?”). ► Outra importante utilidade gerencial dos encontros de PTS é o matriciamento com (outros) especialistas. ► este é potencialmente um excelente espaço de formação permanente. ► é um espaço de troca e de aprendizado para os apoiadores matriciais, que também experimentarão aplicar seus saberes em uma condição complexa, recheada de variáveis que nem sempre o recorte de uma especialidade está acostumado a lidar. Brasil, 2008, pg.54-55 Modelo de Instrumento prático utilizado em reuniões de equipe do NASF para diagnóstico e PTS de Famílias em situação de vulnerabilidade ou risco psicossocial. Diagnóstico multiaxial: O diagnóstico multiaxial facilita uma avaliação abrangente e sistemática da situação biopsicossocial da família: condições médicas gerais, problemas psicossociais e ambientais. https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/ 3/unidades_conteudos/unidade11/p_09.htm https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/3/unidades_conteudos/unidade11/p_09.htm https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/3/unidades_conteudos/unidade11/p_09.htm Vídeos Projeto Terapêutico Singular | NASF-AB https://www.youtube.com/watch?time_continue=187&v=dcC7Uh_zc0I https://www.youtube.com/watch?v=dcC7Uh_zc0I https://www.youtube.com/watch?time_continue=187&v=dcC7Uh_zc0I Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Clínica ampliada, equipe de referência e projeto terapêutico singular. Brasília: 2ed. 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica. Brasília, 2013. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização. Atenção Básica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Política Nacional de Humanização. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010. HORI, Alice Ayako; NASCIMENTO, Andréia de Fátima. O Projeto Terapêutico Singular e as práticas de saúde mental nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) em Guarulhos (SP), Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, p. 3561-3571, 2014.
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