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gestãoescolar 11 FASCÍCULO CURSO DESAFIO DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI Gestão financeira e patrimonial na escola José Cavalcante Arnaud 2 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Copyright © 2016 by Fundação Demócrito Rocha FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidência João Dummar Neto Direção Geral Marcos Tardin UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE) Coordenação Geral Ana Paula Costa Salmin INSTITUTO ALBANISA SARASATE (IAS) Direção Geral Cliff Villar CURSO GESTÃO ESCOLAR Concepção e Coordenação Geral Cliff Villar Coordenação de Conteúdo Lucidalva Bacelar Coordenação Pedagógica Ana Paula Costa Salmin Edição de Design Amaurício Cortez Editoração Eletrônica Antônia Maria Coutinho Welton Travassos Revisão de Texto Daniela Nogueira Ilustrações Rafael Limaverde Catalogação na Fonte Kelly Pereira Produção Executiva de Projetos Especiais Lucíola Vitorino Rebeca Sousa Este fascículo é parte integrante do Curso Gestão Escolar composto por 12 fascículos oferecido pela Universidade Aberta do Nordeste (Uane), em decorrência do contrato celebrado entre as prefeituras municipais de Camocim, Fortaleza, Itapipoca, São Gonçalo do Amarante e Tauá e a Fundação Demócrito Rocha (FDR), sob no. 2016.05.10.001, 89/2016, 16.06.05/DP, 2016.05.20.001 e 1808.01/2016, respectivamente. OBJETIVOS Discorrer sobre os fundamentos do financiamento da educação básica e a legislação que o regulamenta. Apresentar os programas de descentralização dos recursos financeiros para a escola. Compreender os pressupostos básicos quanto à aplicação eficaz dos recursos financeiros no contexto escolar. Detalhar os fundamentos da gestão de materiais e patrimônio. Entender a importância da gestão financeira e patrimonial com foco na aprendizagem do aluno. Todos os direitos desta edição reservados a: Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora Cep 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 - Fax (85) 3255.6271 fundacaodemocritorocha.com.br fundacao@fdr.com.br C939 Curso gestão Escolar: desafio da educação no século XXI / coordenação, Cliff Villar; ilustração, Rafael Limaverde. – Fortaleza: Edições Demócrito Rocha/UANE/Instituto Albanisa Sarasate, 2016. 288p. il. color; (Curso em 12 Fascículos) ISBN 978-85-7529-739-1 1. Curso – Gestão escolar I. Villar, Cliff. Rafael. II. Limaverde, Rafael. III. Título CDU 37.014.63(813.1) CURSO gestãoescolar 3 SUMÁRIO 1. Introdução ..............................................................................................................................................4 2. O Financiamento da Educação Básica e a Legislação que o Regulamenta .......................................4 2.1 O Direito à Educação..................................................................................................................4 2.2 O Financiamento da Educação Básica e a Legislação que o ampara............. ............................5 2.3 Fundeb – EC 53/2006 e Lei 11.494/07........................................................... ..............................6 2.4 Fundo Municipal de Educação (FME) .............................................................. ..........................8 2.5 Salário Educação.............................................................................................. .........................9 2.6 Resumo da Disponibilidade de Recursos Financeiros da Secretaria Municipal da Educação.....9 2.7 Plano Nacional de Educação (PNE) .........................................................................................10 3. Os Programas de Descentralização dos Recursos Financeiros para a Escola .................................11 3.1 Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae)....................................... ..........................11 3.2 Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE) e Programa Caminho da Escola....................... ..............................................................................................12 3.3 Programa Brasil Carinhoso............................................................................... .......................13 3.4 Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)................................................... .........................13 3.5 Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) .......................................................................... 14 3.6 Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE) ..................................................................... 15 3.7 Transferências Voluntárias....................................................................................................... 15 3.8 Controle Social.................................................................................................. ......................15 3.9 Prestação de Contas......................................................................................... .......................16 4. Aplicação eficaz dos recursos financeiros no contexto escolar ........................................................17 5. Fundamentos da gestão de materiais e patrimônio..................... ....................................................18 5.1 Organização, Gestão e Direção da Escola....................................................... .........................18 5.1.1 Organização................................................................................................... ......................18 5.1.2 Gestão............................................................................................................ ......................18 5.1.3 Direção........................................................................................................... ......................18 5.2 Gestão de Recursos Materiais e Patrimônio..................................................... ........................18 5.2.1 Fundamentação da Gestão de Recursos Materiais e Patrimônio.................. ........................19 5.2.2 Gestão de Recursos Materiais e Patrimoniais....................................... ................................19 5.2.3 Classificação de Recursos Materiais e Patrimônio................................... .............................19 5.2.4 Gestão de Materiais e Patrimônio............................................................. ............................20 5.2.4.1 Gestão de Estoque................................................................................ .....................................20 5.2.4.1.1 Compras.............................................................................................. ....................................20 5.2.4.1.2 Almoxarifado....................................................................................... ....................................20 5.2.4.2 Gestão Patrimonial................................................................................. ...................................21 5.3. A Gestão Financeira e Patrimonial com foco na aprendizagem do aluno ..................................21 Síntese do fascículo.......................................................................................................................... 22 Perfil do Autor ................................................................................................................................... 22 Referências Bibliográficas ............................................................................................................... 23 2. O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA E A LEGISLAÇÃO QUE O REGULAMENTA 2.1 O DIREITO À EDUCAÇÃO O primeiro aspecto que precisamos enfocar antes de falarmos em financiamento da edu- cação diz respeito ao que está contido no art. 6º da Constituição Federal de 1988, quanto ao direito à educação. Esta prerrogativa ga- rante que os indivíduos tenham acesso às ações e políticas sociais realizadas pela ad- ministração pública, com base nos recursos 1. INTRODUÇÃO Acreditamosque a educação pública em nosso país é o resultado de muitos esforços e do compromisso de todos os segmentos sociais envolvidos nesta luta. Orientar e cola- borar na implementação de orientações junto às Secretarias Municipais da Educação, espe- cialmente quanto ao financiamento da edu- cação básica pública é o nosso compromisso pessoal e profissional, gerando conhecimento, sustentabilidade e fortalecendo relações. A publicação deste fascículo objetiva orientar as Secretarias Municipais da Educa- ção, seus gestores e colaboradores quanto ao financiamento da educação básica pública, sobretudo na condução de políticas públicas. A nossa formação acadêmica e experiência no exercício em vários cargos nos governos es- tadual e municipal credenciam-nos a propor estas orientações. Os princípios da Adminis- tração Pública norteiam os pressupostos e as diretrizes delineadas. Esta é a nossa contribuição para superar desafios e avançar no desenvolvimento e na definição de políticas públicas educacionais que possibilitem oferecer educação com qua- lidade social para todos. Desejamos a todos muita determina- ção e sucesso. públicos oriundos dos impostos arrecada- dos dos contribuintes. O direito à educação se concretiza por meio da gratuidade e da obrigatoriedade de- terminadas pelos mecanismos presentes na Constituição Federal e nas demais regras le- gais fundamentadas na Carta Magna. Os dois princípios se referem ao número de anos e níveis de escolaridade garantidos a todos os cidadãos. No Brasil está presente no inciso I, do art. 208 da Constituição Federal, cuja alte- ração ocorreu por meio da Emenda Constitu- cional nº 59/2009. Encontramos a primeira referência legal quanto ao direito à educação na Constitui- ção Federal; no entanto, existem outras leis que buscam a fundamentação constitucional para ampliar os princípios, conceitos e deta- lhes para a efetivação do direito à educação no nosso país. Depois da CF 88, as duas leis 4 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE educação. Por meio da garantia do direito à educação, vamos ter acesso a diversos ou- tros bens e serviços disponíveis na socieda- de, dando-nos as condições necessárias para usufruir outros direitos constitucionais e o pleno exercício da cidadania. Agora podemos solicitar que você faça um quadro comparativo do direito à educação na Constituição Federal, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e no Estatuto da Criança e do Adolescente. 2.2 O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA E A LEGISLAÇÃO QUE O AMPARA Novamente partimos da Constituição Fede- ral para identificar e fundamentar a discus- são do tema. O financiamento da educação é tratado nos artigos 212, 213 e no art. 60 (Fundeb) do Ato das Disposições Consti- tucionais Transitórias (ADTC) da CF 88. Para nossa compreensão, devemos explicar os conceitos implícitos nos artigos 212 e 213. O art. 212 estipula a vinculação de recursos ao determinar um percentual para cada um dos entes da federação. O art. 213 possibili- ta a transferência de recursos públicos para escolas privadas, com as condicionalida- des determinadas. Já o art. 60 do ADTC cria uma subvinculação constitucional, portanto, estabelecendo percentual de comprometi- mento dos Estados, Distrito Federal e Municí- pios com a manutenção e o desenvolvimen- to da educação básica e remuneração dos profissionais da educação. CURIOSIDADE Na Lei nº 9.394/96 (LDB), o financiamen- to da educação é detalhado no Título VII – Dos Recursos Financeiros, especificamente nos artigos 68 a 77. Sugerimos que você “Art. 6º São direitos sociais a edu- cação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desampa- rados, na forma desta Constituição.” “Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (de- zessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram aces- so na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucio- nal nº 59, de 2009).”. SAIBA MAIS “Art. 212. A União aplicará, anu- almente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de im- postos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.” “Art. 213. Os recursos públicos se- rão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas co- munitárias, confessionais ou filantró- picas, definidas em lei, que:” “Art. 60. Até o 14º (décimo quarto) ano a partir da promulgação desta Emenda Constitucional, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios destinarão parte dos recursos a que se refere o caput do art. 212 da Cons- tituição Federal à manutenção e de- senvolvimento da educação básica e à remuneração condigna dos traba- lhadores da educação, respeitadas as seguintes disposições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). (Vide Emenda Constitu- cional nº 53, de 2006)” SAIBA MAIS que definem com mais detalhes o direito à educação são a Lei nº 9.394, de 20 de de- zembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Ba- ses da Educação Nacional (LDB) e a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente. Como você pode ver, antes de entrar- mos na discussão sobre financiamento da educação, é fundamental que conheçamos os nossos direitos, especialmente o direito à CURSO gestãoescolar 5 faça uma leitura dos referidos artigos da LDB, comparando-os à CF 88. Para facilitar o seu estudo, elencamos os temas e os arti- gos correspondentes: a) Fontes de recursos (art. 68); b) Vinculação de recursos (art. 69, 70, 71, 72 e 73); c)Transferência de recursos públicos para a escola privada (art. 77). Vamos agora detalhar os princípios ante- riormente tratados. Aplicação Mínima em Educação – O Princípio da Vinculação Para o começo da nossa conversa, é funda- mental a compreensão da Política de Vincu- lação de Recursos Públicos para Educação. O que é vincular? “Ligar, prender com vínculos, impor obrigação, unir, atar uma coisa à ou- tra.” <http://www.dicio.com.br/vincu- lar/>. Acesso em: 27 de abril 2016. Compreendido o significado de vincu- lação, podemos agora ir adiante. Onde está determinada a obrigatoriedade da aplicação mínima de recursos públicos para educação? O art. 212 da Constituição Federal de 1988 nos diz o seguinte: “Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida e proveniente de transferências, na manu- tenção e desenvolvimento do ensino.” Na LDB existe também determinação para aplicação obrigatória de recursos na educação pública? Veja o que nos diz o art. 69 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB): “Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas Constituições ou Leis Or- gânicas, da receita resultante de impos- tos, compreendidas as transferências constitucionais, na manutenção e de- senvolvimento do ensino público.” Na art. 69 da LDB não consta mais a expres- são “no mínimo”, do art. 212 da Constituição. No entanto, acrescentou-se: “o que consta nas respectivas Constituições ou Leis Orgâni- cas”. O que este novo texto quer nos dizer? Que a obrigatoriedade de aplicação mínima dos 25% continua; no entanto, os Estados e Municí- pios podem superar este percentual, desde que conste na respectiva Constituição (Estado) ou Lei Orgânica (Município). Existem municípios que estabeleceram em suas Leis Orgânicas per- centuais de 30% (trinta por cento). Dessa forma, respondendo à nossa per- guntasobre a obrigatoriedade de aplicação mínima em educação, a Constituição Fede- ral no art. 212 e a LDB no art. 69 determi- nam a aplicação mínima em educação. 2.3 FUNDEB – EC 53/2006 E LEI 11.494/07 Fundo de Manutenção e Desenvolvimen- to da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb Seguindo ainda o princípio da vinculação de recursos, o Fundeb criou uma subvincu- lação constitucional, por meio da Emenda Constitucional nº 53, de 19 de dezembro de 2006, regulamentada pela Lei nº 11.494, de 20 de julho de 2007 (Lei do Fundeb). Ressaltamos que o Fundeb não cria fon- tes de recursos nem aumenta o montante de recursos financeiros. Na verdade, é im- plementada uma subvinculação, distribui- ção e ação complementar da União das transferências constitucionais, fundamen- tada sobre três grandes eixos: a) Mecanismo de distribuição dos 20% subvinculados pelo critério de ma- trículas de cada rede; b) Subvinculação de 60% dos recursos gerados pelos alunos para pagamentos dos professores, proteção dos salários; c) Transferência direta para contas específicas no Banco do Brasil e forma- ção de Conselhos de Acompanhamento e Controle Social. O que é o Fundeb? É um fundo especial, de natureza contábil e de âmbito estadual (um fun- do por estado e Distrito Federal, num total de vinte e sete fundos), forma- do, na quase totalidade, por recursos Emenda Constitucional nº 53, de 19 de dezembro de 2006 Dá nova redação aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constitui- ção Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transi- tórias. Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007. Regulamenta o Fundo de Manu- tenção e Desenvolvimento da Educa- ção Básica e de Valorização dos Pro- fissionais da Educação – FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato das Dispo- sições Constitucionais transitórias; altera a Lei nº 10.195, de 14 de feve- reiro de 2001; revoga dispositivos das Leis nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004 e 10.845, de 5 de março de 2004, e dá outras providências. SAIBA MAIS 6 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE provenientes dos impostos e transfe- rências dos estados, Distrito Federal e municípios, vinculados à educação por força do disposto no art. 212 da Cons- tituição Federal. Além desses recur- sos, ainda compõe o Fundeb, a título de complementação, uma parcela de recursos federais, sempre que, no âmbito de cada Estado, seu valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente. Independentemente da origem, todo o recurso gerado é redistribuído para aplicação exclusiva na educação básica. <http://www.fnde.gov.br/financia- mento/fundeb/fundeb-apresentacao> Acesso: 27 de abril de 2016 Qual é a vigência do Fundeb? A implantação do Fundeb começou em 1º de janeiro de 2007, sendo concluída em 2009. Neste período, as matrículas da educa- ção infantil, EJA, modalidades e ensino médio foram, gradativamente, incluídas, até atingir o percentual máximo de 20% (vinte por cen- to), para distribuição dos recursos para os estados, Distrito Federal e municípios. O pra- zo de vigência do Fundeb foi estabelecido para o período de 2007-2020, portanto, 14 (quatorze) anos. Quais matrículas são consideradas? Todas as matrículas presenciais da Educação Básica dos Estados, Distrito Fede- ral e Municípios passaram a ser contempla- das pelo Fundeb. Como ocorreu a implantação do Fundeb? O quadro seguir demonstra como ocorreu a implantação gradativa do Fundeb, com rela- ção às matrículas e transferências de recursos. É preciso compreender a lógica da Vin- culação e da Subvinculação. Dessa for- ma, devemos identificar as receitas que a Prefeitura recebe e que são destinadas a educação, conforme quadro: O quadro apresentado indica quais im- postos e transferências constitucionais que destinam 20% diretamente para conta do Fundeb. O valor específico para cada mu- nicípio dependerá da estimativa da receita/ arrecadação e de coeficiente em função do número de alunos. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fundeb) publica, anualmente, a estimativa da recei- ta e os valores respectivos. Os recursos de- vem ser aplicados de acordo com a Lei do Fundeb (11.494/07), observando-se quanto à Manutenção e Desenvolvimento do Ensi- no (MDE) o que determina o art. 70 da Lei 9.394/96 (LDB). Diante do conteúdo apresentado, defi- na VINCULAÇÃO e SUBVINCULAÇÃO. SIGLA DESCRIÇÃO FPM Fundo de Participação dos Municípios FPE Fundo de Participação dos Estados ITR Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ICMS Imposto sobre Circulaçao de Mercadorias e Prestação de Serviços IPVA Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores ITCMD Imposto de Transmissão de Causas Mortis e Doação IPI Imposto sobre Produtos Industrializados Descrição 2007 2008 2009 2010 Impostos presentes 16,66% 18,33% 20% 20% Impostos novo (IPVA, ITR, ITCMD, novos) 2 bilhões 3 bilhões 4,5 bilhões 10% Complementação da união Ensino fundamental + 1/3 das demais matrículas Ensino fundamental + 2/3 das demais matrículas Toda Educação Básica Toda Educação Básica Fonte: Elaboração própria FPM FPE ITR ICMS IPVA ITCMD IPI-Exportação ICMS-Desoneração Fundo Contábil Estadual Conta do FUNDEB do Governo Estadual Conta do FUNDEB do Município CURSO gestãoescolar 7 sociais incidentes, sejam os profissionais efetivos, sejam os temporários. Utilização dos recursos do Fundeb – 40% O percentual de 40% será destinado à re- muneração dos demais profissionais da edu- cação, bem como o pagamento de despesas e investimentos, previstos no art. 70 da Lei 9.394/96 (LDB). É vedada utilização dos recur- sos do Fundeb para o pagamento de despe- sas não consideradas como de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino, conforme pre- visto no Art. 71 da LDB. Pesquise e descreva quais os cargos dos profissionais que podem ser remunerados com os recursos dos 60% e 40% do Fundeb. Utilize como exemplo o seu município. Controle Social do Fundeb O controle social do Fundeb é realizado pelo Conselho de Acompanhamento e Con- trole Social do Fundeb (CACS), conforme previsto em Lei e instituído a nível federal, estadual e municipal. Identifique no seu município qual a com- posição do Conselho Social de Acompanha- mento e Controle Social do Fundeb. 2.4 FUNDO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO (FME) O Fundo Municipal de Educação (FME) é constituído de receitas próprias que devem ser calculadas e destinadas pela Prefeitura para a educação, presentes, em parte, no cálculo do Fundeb, conhecida como contra- partida 5% (cinco por cento). Em resumo, o Fundeb retira, obrigatoriamente, 20% dos impostos e transferências constitucionais e os credita em conta aberta pelo próprio FNDE (chamada de conta-mãe do Fundeb). Eis o nosso primeiro cálculo: Impostos presentes na base de cálculo da contrapartida dos 5% As transferências e os impostos utilizados como base de cálculo para contrapartida dos 5%: Fundo de Participação dos Municípios (FPM) Cota, Imposto sobre Propriedade Territorial Rural (ITR) Cota, Lei Comple- Os recursos do Fundeb deverão ser utilizados no exercício financeiro em que forem creditados, em ações consideradas como de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE) para a Educação Básica Pública, conforme determina o art. 70 da LDB (Lei nº 9.394/96). Utilização dos recursos do Fundeb – 60% Com relação à utilização dos recursos do Fundeb, no mínimo 60% (sessenta por cento) deverão ser destinados ao pagamen- to da remuneração dos profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício na rede pública e dos encargos A Complementação da União Além do percentual de 20% sobre os impostos e transferências, a União comple- mentará os recursos do Fundeb sempre que, no âmbito de cada Estado e Distrito Federal, o valor médio ponderado por aluno não al- cançar o mínimo definido nacionalmente. O valor da complementação de cada Estado/ Município é publicado pelo FNDE naPortaria que define a estimativa anual do Fundo. Dessa forma, o montante dos recursos de cada Estado/Município é composto pelos 20% calculados sobre os impostos e trans- ferências da cesta do Fundeb, bem como a Complementação da União, quando for caso. O quadro abaixo ilustra como ocorre a subvinculação/destinação legal. FUNDEB: 20% FME: 5% (Contrapartida) Art. 212 da CF: 25% (mínimo) CONTA DO FUNDEB (20%) Aplicação 60% - Fundeb Folha de Pagamento e Encargos Sociais Aplicação 40% - Fundeb Folha de Pagamento, Encargos Sociais e MDE 8 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE mentar – LC 87, Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), ICMS-Desoneração, Imposto sobre Proprie- dade de Veículos Automotores (IPVA). Impostos próprios da Prefeitura pre- sentes na base de cálculo dos 25% O Fundo Municipal de Educação (FME) recebe também o crédito dos recursos que não estão presentes na cesta do Fundeb, cor- respondente a 25% calculado sobre os se- guintes impostos: IPTU, IR, ITBI e ISS, bem como os juros, multas e mora cobrados sobre o IPTU, ITBI, ISS, inclusive sobre a Dívida Ativa destes impostos. Como, en- tão, se constitui o FME: 2.5 SALÁRIO EDUCAÇÃO Art. 212 CF 88 e www.fnde.gov.br Além do Fundeb e FME, a Secretaria de Educação conta com os recursos do SALÁRIO EDUCAÇÃO para manutenção e desenvolvimento do ensino. Trata-se de uma contribuição social recolhida de to- das as empresas e entidades vinculadas ao Regime Geral da Previdência Social, cujo percentual sobre a folha de pagamento destas empresas corresponde a 2,5%. A arrecadação é realizada pela Receita Federal do Brasil (RFB), cabendo ao FNDE re- partir os recursos da seguinte forma: a)90% em quotas estadual/municipal (2/3) e quota federal (1/3); b)10% para serem utilizados pelo FNDE em programas e ações voltadas à educação básica. A cota municipal é depositada, mensal- mente, em conta aberta do FNDE em nome da Secretaria da Educação, com base no número de matrículas da educação básica de sua responsabilidade. Por meio do site do FNDE (www.fnde.gov.br), cada municí- pio pode verificar a Quota do Salário Edu- cação (QSE) creditada mensalmente. UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DO SALÁ- RIO EDUCAÇÃO A utilização dos recursos do Salário Edu- cação é direcionada a programas, projetos e ações voltadas para o financiamento da educação básica pública, inclusive com a educação especial. As despesas que serão custeadas com o Salário Educação devem estar enquadradas no art. 70 da LDB (Lei 9.394/96), consideradas como de manuten- ção e desenvolvimento do ensino. Com base no art. 70 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e consulta ao site www.fnde.gov.br, identifique quais as despesas que poderão ser pagas com re- cursos do Salário Educação. 2.6 RESUMO DA DISPONIBILIDADE DE RECURSOS FINANCEIROS DA SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO O quadro resumido apresenta aquilo de que a Secretaria da Educação dispõe de recursos financeiros para pagamento das despesas de pessoal, bem como das outras despesas fixas e variáveis. Após o pagamento dessas despesas, o saldo disponível é utilizado em investimentos, melhorias e desenvolvimento da educação, amparados nos aspectos le- gais e de planejamento. SIGLA DESCRIÇÃO IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano IR Imposto de Renda ITBI Imposto de Transmissão de Bens Móveis ISS Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza 5% (Contrapartida) 25%: IPTU, IR, ITBI, ISS, Dívida Ativa (juros, multa, mora) FME CURSO gestãoescolar 9 cursos públicos de forma eficiente impulsiona ganhos sociais. Quanto ao aspecto educacional, o rateio da cota parte dos municípios do ICMS está de- finida conforme quadro. ICMS Municipal – Lei Estadual de Rateio Por meio da Lei Estadual 14.023/07 e De- creto nº 29.306/80, o Governo do Estado do Ceará quebra o paradigma na distribuição do Imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços (ICMS), especial- mente quanto à Educação Pública Municipal. No âmbito mais geral, a distribuição dos recur- sos do ICMS recompensa os municípios pelo bom desempenho na Educação, Saúde e Meio Ambiente. Esta nova forma de distribuição contribui para o estabelecimento de parceria entre o Estado e os Municípios, pois enfoca as principais áreas sociais para garantir os avan- ços necessários. O esforço mais significativo em termos percentuais definidos na Lei está na educação pública municipal. Mesmo diante do avanço no número de matrículas da educação básica, especialmente no ensino fundamental, ainda há muito o que fazer nos aspectos relaciona- dos à qualidade. À época da edição da Lei, a expectativa era de um cenário no qual os avanços percentuais dos indicadores sociais são maiores do que sua repercussão financeira. A utilização dos re- O Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Educação (Seduc), conduziu o processo desde a edição da Lei, utilizando a sistemática já existente de avaliação exter- na de larga escala, denominada Sistema de Avaliação Permanente da Educação Básica (Spaece) e Spaece Alfa, avaliando as compe- tências e as habilidades dos alunos do Ensino Fundamental e Médio. Os resultados do nível de proficiência e frequência classificam os municípios, por meio do Índice de Qualidade de Educação (IQE), para distribuição das cotas partes, em função dos percentuais definidos na Lei 14.023/07. Além disso, os resultados for- necem subsídios para orientação das políticas públicas educacionais. Desde a implantação da Lei e o processo de avaliação e das sistemáticas correlatas, o Ceará avançou, significativamente, na quali- dade da educação, fruto da parceria entre o Governo do Estado do Ceará e os Municípios. No período, vários programas apoiaram as ações para o sucesso alcançado – entre eles, o Programa Alfabetização na Idade Certa (Paic); Mais Paic, Prêmio Escola Nota Dez; e Luz do Saber. Sugerimos que você acesse o site da Se- cretaria da Educação (Seduc), para conhecer cada um dos programas e sistema de avalia- ção: www.seduc.ce.gov.br. 2.7 PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (PNE) Lei 13.005, de 25 de junho de 2014 (Plano Na- cional de Educação) O Plano Nacional de Educação (PNE) instituído pela Lei nº 13.005, de 25 de ju- nho de 2014, estabeleceu outra política de vinculação de recursos para a educação. A Meta 20 do PNE prevê a ampliação do investimento em educação pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto (PIB) do País no quinto ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao fim do decênio. No dia 25 de junho de 2016 contamos dois anos desde a aprovação do PNE. No que diz respeito ao financiamento da educação, ainda não há perspectiva de recursos para atendimento das grandes demandas e atra- O rateio da cota parte dos municípios no ICMS passa a ser efetuado do seguinte modo*. • 18% em função dos resultados na educação. • 8% baseado em índice de qualidade edu- cacioinal dos alunos da 4ª série do EF; • 12% baseado na avaliação de alfabetiza- çao dos alunos da 2ª série do EF; • 5% em função dos resultados na saúde; • 2% em função dos resultados de meio ambiente. 75% Valor adicionado 25% *Lei nº 14.023/07 e Decreto Nº 29.306/08 FUNDEB FME SALÁRIO EDUCAÇÃO DISPONIBILIDADE DE RECURSOS FINANCEIROS DA SECRETARIA 10 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE sos históricos do nosso país. Ademais, o Brasil vive uma das suas piores crises econômicas e institucionais, inclusive com o Produto Interno Bruto (PIB) em queda livre. Outra alternativa propalada à época das discussões do PNE para financiar a educação pública foram os recursos do Fundo Social do Pré-Sal e royalties da exploração do petróleo. Todavia, essas alternativas nos parecem dis- tantes da realidade, tendo em vista a crise fi- nanceira do País. Quem sabe o governo tome a iniciati-va de destinar parte dos recursos arreca- dados com as contribuições do Programa de Integral Social (PIS)/Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Co- fins), dos jogos das loterias sob a tutela da Caixa Econômica Federal, pois tais prerro- gativas já estão previstas nos incisos IV e V do art. 69 da Lei 9.394/96 (LDB). O Plano Municipal de Educação do seu município apresenta meta de sustentabilida- de financeira? Qual o critério? 3. OS PROGRAMAS DE DESCENTRALIZAÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS PARA A ESCOLA 3.1 PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PNAE) O Pnae atende aos alunos de toda a Educa- ção Básica matriculados em escolas públicas, filantrópicas e em entidades comunitárias (conveniadas com o poder público), por meio da transferência de recursos financeiros, com base no número de alunos do ano anterior. Conforme prevê o art. 208, incisos IV e VII, CF/88, o Pnae tem caráter suplementar. Atual- mente, o valor estabelecido pela União para repasse aos estados e municípios, por dia leti- vo para cada aluno, é definido de acordo com a etapa e modalidade de ensino: O repasse dos recursos é realizado com base no censo escolar do ano anterior ao do atendimento, em conta corrente aber- ta, automaticamente, pelo FNDE, a partir do seguinte cálculo: Após a aplicação da fórmula para cálculo de cada Etapa/Modalidade, o montante apu- rado corresponde ao total anual do repasse. A transferência é realizada em 10 (dez) par- celas mensais, a partir do mês de feverei- ro. Dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no mínimo, 30% (trinta por cento) devem ser utilizados para aquisição de produtos da agricultura familiar, conforme Resolução do Fundo Nacional de Desenvolvi- mento da Educação (FNDE). O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), por meio da Resolu- ção que regulamenta o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), define que a gestão dos recursos para aquisição da ali- mentação escolar pode ser realizada em três modelos: o centralizado (utilizados pela maioria dos municípios do Ceará), o terceiri- zado (adotado pelo município de Maceió) e da escolarização (utilizado pelas escolas pú- blicas estaduais do Ceará). O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) incentiva o processo de aquisição por meio da escolarização. A Secre- Etapa/modalidade Valor R$ (dia letivo/aluno) Creche R$ 0,50 Pré-escola R$ 0,50 Escolas indígenas e quilombolas R$ 0,60 Ensino fundamental, médio e EJA R$ 0,30 Ensino integral R$ 1,00 Programa Mais Educação R$ 0,90 Atendimento Educacional Especializado (AEE) - contraturno R$ 0,50 Fonte: FNDE/2016 Nº de alunos (Etapa/Modalidade) Dias letivos (200 dias) Valor/Aluno R$ Valor do Repasse Anual CURSO gestãoescolar 11 bus, miniônibus e micro-ônibus zero quilôme- tro e de embarcações novas. O FNDE transfere automaticamente os re- cursos do Pnate sem necessidade de convênio ou outro instrumento, para custear despesas, como: reforma, seguros, licenciamento, im- postos e taxas, pneus, câmaras, serviços de mecânica, combustível e lubrificantes, e paga- mento de serviços contratados junto a tercei- ros para o transporte escolar. Os estados podem autorizar o FNDE a efe- tuar o repasse do valor correspondente aos alu- nos da rede estadual, diretamente, para os mu- nicípios, a partir de autorização junto ao FNDE. Os valores transferidos são realizados em nove parcelas, de março a dezem- bro. O cálculo tem como base o número de alunos da zona rural transportados, com base no censo escolar do ano anterior. O va- taria da Educação (Seduc) utiliza esta sistemá- tica desde 1995. Os recursos são recebidos pe- las escolas públicas estaduais, cabendo-lhes realizar os processos de aquisição e distribui- ção. A Seduc apoia as ações de levantamen- to de demandas e orientações nutricionais, por meio de nutricionistas contratados para apoiar e atender as determinações legais do FNDE. Este exemplo do Governo do Estado do Ceará, por intermédio da Secretaria da Educa- ção (Seduc), consolida os princípios da auto- nomia e descentralização presentes na Cons- tituição Federal e Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. O controle social do programa é exercido por meio do Conselho de Alimentação Esco- lar (CAE), cuja constituição e condição de funcionamento estão estabelecidas em lei. A partir do site do FNDE (www.fnde.gov. br), é possível consultar os valores transferi- dos, mensalmente, para o Pnae. ATENÇÃO: Sugerimos que você identifi- que qual o modelo de aquisição de alimen- tação escolar utilizada no seu município. 3.2 PROGRAMA NACIONAL DE APOIO AO TRANSPORTE ESCOLAR (PNATE) E PROGRAMA CAMINHO DA ESCOLA O Ministério da Educação desenvolve dois programas que visam atender alunos resi- dentes da zona rural dos estados e municí- pios brasileiros: Pnate e Caminho da Escola. O objetivo do Pnate é garantir o acesso e a permanência nas escolas dos alunos da educação básica, por meio de assistência financeira suplementar, realizada por inter- médio do FNDE diretamente para os estados, Distrito Federal e municípios. O objetivo do Caminho da Escola con- siste na concessão, por meio do Banco Nacio- nal de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de linha de crédito especial para a aquisição, pelos estados e municípios, de ôni- Nº Alunos Censo Escolar Percapita/ano (R$ 120,73 a R$ 172,24) Valor do Repasse Anual 12 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE lor per capita/ano varia entre R$ 120,73 e R$ 172,24, de acordo com a área rural do muni- cípio, a população moradora do campo e a posição do município na linha de pobreza. O controle social do programa é exercido por meio do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb (CACS), cuja cons- tituição e condição de funcionamento estão estabelecidas em lei. Podemos citar como exemplo de boas prá- ticas no desenvolvimento do Pnate o municí- pio de Aquiraz, no Ceará. O município utiliza para o transporte de estudantes frota com ôni- bus própria (100%), adquiridos pelo programa Caminho da Escola. Esta iniciativa reduziu cus- tos e melhorou a qualidade do acesso dos alu- nos às unidades escolares, além de impactar nos resultados educacionais. O Sistema do Transporte Escolar de Aquiraz é conduzido por coordenação especialmente dedicada a estas atribuições, com o apoio da Secretaria da Infraestrutura, que disponibiliza as condições necessárias para utilização da malha viária e demais orientações de manu- tenção e controle. Por meio do site do FNDE (www.fnde. gov.br), é possível consultar os valores trans- feridos, mensalmente, para o Pnate. ATENÇÃO: Como é desenvolvido o Programa de Transporte Escolar no seu município? 3.3 PROGRAMA BRASIL CARINHOSO O Brasil Carinhoso é devido aos municípios e Distrito Federal que informaram no cen- so escolar do ano anterior a quantidade de matrículas de crianças de 0 (zero) a 48 (quarenta e oito) meses – Creche e Pré- -escola I, membros de famílias benefici- árias do Bolsa Família em creches públicas ou em instituições comunitárias, confessio- nais ou filantrópicas sem fins lucrativos con- veniadas com o poder público. Os recursos transferidos, automaticamen- te, com base em 50% (cinquenta por cen- to) do valor anual mínimo, por matrícula em creche pública ou conveniada, em perío- do integral e parcial, definido para o Fundeb, em duas parcelas, deverão ser utilizados para custear despesas com manutenção e de- senvolvimento da educação infantil, visando atender ações de cuidado integral, segurança alimentar e nutricional. Exemplificamos a se- guir a metodologia de cálculo: O controle social do programa é exercido por meio do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb (CACS), cuja cons- tituição e condição de funcionamento estão estabelecidas em Lei. Por meio do site do FNDE (www.fnde. gov.br), é possível consultar os valores trans- feridos para o Brasil Carinhoso. 3.4 PROGRAMA DINHEIRO DIRETO NA ESCOLA (PDDE)O programa tem por finalidade prestar assistência financeira, em caráter suple- mentar, às escolas da educação básica das redes estaduais, municipais e do Distrito Federal e às escolas privadas de educação especial mantida por entidades sem fins lucrativos, registradas no Conselho Nacio- nal de Assistência Social. Os recursos são transferidos automa- ticamente para contas-correntes abertas pelo FNDE em nome das Entidades Execu- toras (EEx) e Unidades Executoras (UEx), sem a necessidade de celebração de convê- nio ou instrumento similar, de acordo com o número de alunos do censo escolar do ano anterior ao do repasse. O repasse anual é realizado em parcela única (esta regra foi modificada em 2014, para duas parcelas anuais, sendo uma em cada semestre observando intervalo míni- mo de quatro meses entre elas), destinado às EEx e às UEx para cobrir despesas de capital (20%) e custeio (80%), como a aquisição de ma- terial permanente; manutenção, conservação e pequenos reparos da unidade escolar; aqui- sição de material de consumo necessário ao funcionamento da escola; avaliação de aprendi- zagem; implementação de projeto pedagógico; e desenvolvimento de atividades educacionais. Nos recursos transferidos para cada uni- dade escolar, foi incluído um valor fixo para as escolas que possuem UEx própria, estipulado a partir do tipo e da localização da escola a ser beneficiada. Dessa forma, a fórmula de cálcu- lo dos repasses passou a se constituir da soma de um valor fixo com um valor variável per ca- pital (com base no número de alunos, localida- de da escola e modalidade de ensino). Esse valor per capita é calculado a partir do número de alunos da educação básica recen- seados no ano anterior ao do repasse e con- siderando a situação da unidade escolar em que os alunos estão matriculados. A partir de 2013, para dar mais agilidade na transferência dos recursos financeiros, as Se- cretaria Estaduais e Prefeituras que já tinham aderido ao PDDE em anos anteriores, por meio Valor-aluno ano Creche Fundeb - Ceará (2016) R$ 3.561,83 Valor-aluno ano Creche Fundeb - Ceará (2016) 50% = R$ 1.780,92 Nº alunos Censo Escolar Valor do Repasse Anual Valor-aluno ano Creche Fundeb - Ceará (2016) R$ 50% = R$ 1.780,92 CURSO gestãoescolar 13 do sistema PDDEWeb, foram dispensadas de realizar este procedimento anualmente. Nesse mesmo sentido, as UEx também foram con- templadas com essa facilidade. O município de Fortaleza utiliza a sis- temática de descentralização de recursos financeiros para a escolas públicas munici- pais e de educação especial mantidas por organizações não governamentais, sem fins lucrativos, por meio do Programa Di- nheiro Direto da Escola (PDDE) Municipal. Este processo de descentralização quanto aos recursos gera autonomia da escola e envolvimento da comunidade escolar nas decisões. Para o recebimento dos recur- sos, as escolas devem possuir Conselho Escolar/Unidade Executora e recenseadas no ano anterior. Da mesma forma do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), a Pre- feitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Mu- nicipal da Educação, estabelece as orientações a partir de legislação própria, na qual estão de- finidas as questões de destinação e utilização dos recursos, procedimentos para execução do programa, prestação de contas e controle social. O Controle Social do programa é exercido por meio do Conselho Escolar ou Unidade Executora cuja constituição e condição de funcionamento estão estabelecidas na Lei 11.494/97 (Lei do Fundeb). A partir do site do FNDE (www.fnde.gov. br), é possível consultar os valores transferi- dos para o PDDE para as Entidades Executoras (EEx) e Unidades Executoras (UEx). ATENÇÃO: Sugerimos que você identifi- que como o PDDE, modelo FNDE e/ou Mu- nicipal funciona no seu município. 3.5 PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO (PNLD) O PNLD não se trata de um programa de transferência de dinheiro direto para escola; todavia, assume o caráter de transferência automática de livros para escola, cujo va- lor despendido pelo Governo Federal tem investimentos altíssimos de aquisição. Por- tanto, o livro destinado à escola traz consi- go um valor embutido que deve ser consi- derado como um bem a ser preservado e valorado como despesa da educação, sob a responsabilidade da escola. Desde 2011, novos procedimentos foram estabelecidos para o PNLD, especialmen- te quanto ao termo de adesão que precisa ocorrer somente uma única vez. Portanto, as escolas que já aderiram ao Programa não precisam mais firmar adesão, pois se- rão atendidas automaticamente pelo FNDE. Qualquer alteração na situação da es- cola (adesão, suspensão ou exclusão) de- verá ser realizada até o último dia do mês de maio do ano anterior àquele em que se deseja atendimento. O grande objetivo do PNLD é dotar as esco- las do ensino fundamental e médio com livros didáticos e acervos de obras literárias, obras complementares e dicionários. A execução ocorre em ciclos trienais alternados. Assim, a cada ano o FNDE faz a aquisição e a distribui- ção de livros para todos os alunos de determi- nada etapa de ensino, repondo e complemen- tando os livros reutilizáveis para outras etapas. Quais os livros considerados reuti- lizáveis? Matemática, Língua Portuguesa, História, Geografia, Ciências, Física, Quími- ca e Biologia. Quais os livros considerados consu- míveis? Alfabetização Matemática, Letra- mento e Alfabetização, Inglês, Espanhol, Filosofia e Sociologia. O MEC/FNDE publica um edital e especifi- ca todos os critérios para inscrição das obras por parte das editoras. Os títulos inscritos são avaliados pelo MEC que, posteriormente, elabora o Guia do Livro Didático, composto pelas resenhas de cada obra aprovada. Logo após essa etapa, é disponibilizado para as escolas o referido Guia para que haja a esco- lha democrática dos livros que se pretende utilizar, levando em consideração o plane- jamento pedagógico. Todos os alunos são contemplados, inclusive com versões acessí- veis (áudio, Braille e MecDaisy). Descrição Valor fixo (R$) Valor percapita (R$) 1. Escola pública urbana com UEx 1.000,00 20,00 2. Escola pública rural com UEx 2.000,00 20,00 3. Escola privada de educação especial 1.000,00 60,00 4. Escola pública urbana sem UEx 40,00 5. Escola pública rural sem UEx 60,00 6. Público-alvo da educação especial em escola pública 80,00 Fonte: Anexo I da Resolução CD/FNDE nº 10, de 18 de abril de 2013. Valor fixo/ano (VF/a) 1. Escola Pública Urbana com UEx R$ 1.000,00 Valor percapita 1. Escola Pública Urbana com UEx (R$ 20,00 x Nº alunos) Valor do Repasse Anual 1. Escola Pública Urbana com UEx 14 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE “O MecDaisy trata-se de uma ferramenta tecnológica que permite a produção de livros em formato digital acessível. Possi- bilita a geração de livros digitais falados e sua reprodução em áudio, gravado ou sintetizado e apresenta facilidade de na- vegação pelo texto, permitindo a repro- dução sincronizada de trechos seleciona- dos, o recuo e o avanço de parágrafos e a busca de seções ou capítulos.” www.fnde.gov.br A escola do livro é fundamental para o apoio ao desenvolvimento das atividades pe- dagógicas e didáticas junto às escolas. A esco- la do PNLD 2016 foi determinada pelo FNDE para o período de 28/6 a 12/8/2016. Neste ano, serão escolhidos os livros para os anos finais do ensino fundamental. A grande novidade para o PNLD para 2016 é que o registro e esco- lha será realizado por meio do Sistema PDDE Interativo, segundo informações constantes no site do FNDE (www.fnde.gov.br). Como boa prática de gestão do livro didá- tico, está o processo de remanejamento, pois os livros que sobram numa escola podem ser direcionados àquela onde estejam faltando. Havendo falta de algum livro, as escolas po- dem solicitar à reserva técnica, de acordo com calendário determinado pelo FNDE. Sugerimos que sejam feitas reuniões com os pais dos alunos,conscientizando-os sobre a importância da preservação do livro didáti- co, pois servirão para outros alunos. Comple- mentando esta ação, sugerimos também que seja determinado pela escola o dia do “enca- pamento” do livro, como forma de protegê-lo e preservá-lo para futuras utilizações. ATENÇÃO: Você agora pode provocar ações de boas práticas de gestão do livro didático na sua escola. Que tal criar uma campanha neste sentido? 3.6 PROGRAMA NACIONAL BIBLIOTECA NA ESCOLA (PNBE) Considerando a mesma justificativa do PNLD no que diz respeito à transferência automáti- ca, o Programa Nacional Biblioteca da Esco- la (PNBE) provê as escolas (educação infantil ao ensino médio) de obras e demais mate- riais de apoio da educação básica. Dessa for- ma, todas as escolas públicas constantes do censo escolar são atendidas pelo PNBE sem necessidade de adesão. São distribuídos por intermédio do PNBE: a) PNBE do Professor; b) PNBE Periódicos; c) PNBE Temático (obras literárias, de refe- rência, de pesquisa e de outros materiais rela- tivos ao currículo nas áreas de conhecimento da Educação Básica). O PNBE é executado em anos pares; os acervos são enviados às escolas de educação infantil, anos iniciais do ensino fundamental e EJA. Nos anos ímpares, os acervos são envia- dos às escolas dos anos finais do ensino fun- damental e do ensino médio. A escola deve promover ações de acesso ao acervo da biblioteca, com ações efetivas de participação dos professores e alunos. É im- portante não utilizar somente o acervo físico, mas buscar formas de acesso digital. O Minis- tério da Educação disponibiliza diversas obras de domínio público, por meio do site www. dominiopublico.gov.br. ATENÇÃO: Que tal desenvolver um projeto de leitura e produção textual, utilizando os livros do acervo da biblio- teca da escola? 3.7 TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS A Transferência Voluntária é a entrega de recursos financeiros repassados pela União aos Estados, Distrito Federal e Municípios em decorrência da celebração de convênio, acordos, ajuste ou outros instrumentos si- milares, com interesses em comum entre as três esferas. Esses recursos devem ser utiliza- dos conforme as regras dos termos estabe- lecidos e não podem decorrer de determina- ção constitucional ou legal. No âmbito da Educação, existem transfe- rências voluntárias, especialmente junto ao FNDE, a partir de vários programas desenvolvi- dos para dar apoio à Educação Básica. Como o citado no parágrafo anterior, a disponibilidade e a entrega de recursos da União exigem que os Estados, Distrito Federal e Municípios mani- festem-se por meio de ato próprio de adesão, pois, sem esta vontade própria, não haverá interesse da celebração de convênios/acor- dos. Neste sentido, os programas Caminho da Escola, Formação pela Escola, PAR – Ações de apoio/investimento, Proinfância, Proinfo, dis- ponibilizados pelo FNDE não serão realizados se não houver manifestação dos municípios, a partir do devido termo de adesão. Sugerimos que cada um dos programas ci- tados seja consultado e estudado pela equipe da Secretaria da Educação, para que o municí- pio não perca a oportunidade de desenvolver ações de melhoria da educação, caso haja a possibilidade de adesão aos mesmos. É de bom alvitre lembrar que existem ou- tras possibilidades de celebração de convê- nios e/ou parcerias, por meio das emendas parlamentares junto aos políticos que foram apoiados pelo governo estadual/munici- pal. Estes convênios podem contemplar, por exemplo, verbas para construção, reforma e/ ou ampliação de escolas, aquisição de equi- pamentos etc. Por meio do site do FNDE (www.fnde.gov. br), é possível acompanhar os valores transferi- dos referentes aos convênios, acordos e ajustes. 3.8 CONTROLE SOCIAL As ideias de participação e controle social estão intimamente relacionadas. Por meio da participação na gestão pública, os cida- dãos podem intervir na tomada da decisão administrativa, orientando a administração para que adote medidas que realmente aten- dam ao interesse público e, ao mesmo tem- po, possam exercer controle sobre a ação do Estado, exigindo que o gestor público preste contas de sua atuação. A participação con- tínua da sociedade na gestão pública é um direito assegurado pela Constituição Fede- ral, permitindo que os cidadãos não só parti- CURSO gestãoescolar 15 cipem da formulação das políticas públicas, mas também fiscalizem de forma permanen- te a aplicação dos recursos públicos. O Controle Social como principal mecanis- mo da fiscalização dos recursos públicos trans- feridos a estados e municípios coloca um desa- fio político e técnico para gestores. É necessário construir um mecanismo eficiente de gestão (controle e fiscalização), inclusive utilizando as tecnologias e os meios de comunicação. Em que consiste o controle? É um conjunto de técnicas para com- provar se o que foi compactuado, de fato, foi realizado. Quem está na ponta do sistema de controle? Os Conselhos de Controle Social para os diferentes programas e repasses de re- cursos, bem como para a efetiva prestação de contas. Os seguintes Conselhos exercem esse papel fundamental: Cada Conselho tem suas próprias carac- terísticas, composição, forma de nomeação de seus membros, prazo de mandato, atri- buições, responsabilidades e funcionamento descritos em regimento. Nos casos específi- cos dos Conselhos do Fundeb e Alimentação Escolar, existem sistemas no FNDE destinados ao cadastramento dos mesmos, bem como dos prazos dos mandatos. Os sistemas são acessados por meio do site do FNDE. 3.9 PRESTAÇÃO DE CONTAS De acordo com determinação constitucio- nal, devem prestar contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que uti- lize, arrecade, guarde, gerencie ou adminis- tre dinheiro, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda. Prestarão contas também as mesmas pessoas, caso assumam obrigações de natureza pecuniária em nome da União (CF, art. 70, parágrafo único). A prestação de contas consiste no con- junto de documentos comprobatórios das despesas efetuadas. Todo gestor público é obrigado a prestar contas dos recursos re- TELA DE ACESSO AO SISTEMA CACS-FUNDEB Conselhos Programas Conselho de acompanhamento e controle Social do Fundeb (CACS-Fundeb) Fundeb, Pnate, Brasil Carinhoso, PEJA Conselho de Alimentação Escolar (CAE) Pnae Conselho Escolar PDDE e demais programas executados pela escola Fonte: FNDE/2016 TELA DE ACESSO AO SISTEMA CAE VIRTUAL 16 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE cebidos, sob pena de aplicação das sanções previstas em lei e de comprometer o fluxo de recursos, mediante suspensão de trans- ferências. Assim, ao término da vigência do instrumento que efetuou a transferência de recursos, deve o responsável pela aplicação dos recursos adotar as medidas cabíveis com vistas à apresentação das contas. A prestação de contas dos recursos re- cebidos, por intermédio dos programas do FNDE, deverá ser elaborada de acordo com normas específicas definidas pelas Resolu- ções de cada programa. O encaminhamen- to das prestações de contas deverá ser rea- lizado dentro dos prazos estabelecidos, por intermédio do Sistema de Gestão de Presta- ção de Contas (SIGPC). Todavia, antes da prestação de contas ser encaminhada pelo SIGPC, os Conselhos de Controle Social devem acessar o Sistema de Gestão de Conselhos (Sigecon) para que pos- sam elaborar seu parecer conclusivo sobre a prestação de contas das Unidades Executoras. O Sigecon está disponível no site do FNDE (www.fnde.gov.br/sigecon). O presidente do Conselho de Controle Social deverá aces- sar o sistema e realizar todos os procedimen- tos necessários e solicitados. TELA DE ACESSO AO SIGECON O Sistema de Gestão e Prestação de Con- tas (SIGPC) pode ser acessado no site do FNDE (www.fnde.gov.br/sigpc), cujas definições de utilização contemplam: Elaboração, remessa e recebimento de prestações de contas; Análise financeira e técnica;Emissão de pareceres sobre as contas, in- clusive pelos conselhos de controle social; Emissão de diligências; Elaboração de relatórios gerenciais e ope- racionais; Acompanhamento de prazos; Recuperação de créditos. TELA DE ACESSO AO SIGPC Fonte: FNDE/2016 4. APLICAÇÃO EFICAZ DOS RECURSOS FINANCEIROS NO CONTEXTO ESCOLAR A etapa final do trabalho é identificar quais os verdadeiros custos envolvidos na Manu- tenção e Desenvolvimento do Ensino na es- cola e no município. Algumas perguntas e respostas precisam ser elucidadas: Qual o valor do custo-aluno na escola? Exemplo: 20 alunos x R$ 2.739,87 (per capi- ta aluno do ensino fundamental dos anos iniciais urbano) = R$ 54.797,40 Qual o valor do custo-aluno no muni- cípio? Exemplo: Escola A: 20 alunos x R$ 2.739,87 (per capita aluno do ensino fundamental dos anos ini- ciais urbano) = R$ 54.797,40 Escola B: 50 alunos x R$ 2.627,08 (per capi- ta aluno do ensino fundamental dos anos iniciais urbano) = R$ 136.993,50. Total: 70 alunos – R$ 191.790,90 Fonte: www.fnde.gov.br/sigecon CURSO gestãoescolar 17 Qual a relação do número de alunos x professor? Exemplo: nº de alunos 100 / nº professores 7 = 14 alunos por professor Qual o valor do custo aluno por etapa e modalidade? Exemplo: Alunos da Creche em Tempo Parcial: R$ 3.561,83; Educação de Jovens e Adultos: R$ 2.191,89 Não se trata apenas de levantar núme- ros e valores. De posse dessas informações, é fundamental elaborar políticas públicas educacionais que levem em consideração o planejamento e a gestão das informações fundamentais para trilharmos os caminhos da qualidade social da educação que tanto luta- mos para as nossas crianças e jovens da edu- cação básica pública. O município de Aquiraz, no Ceará, está utilizando planilha para definição do custo- -escola, para dimensionar os processos de nucleação de escolas e remanejamento de turmas, visando adequar a gestão do quadro de professor x aluno, em níveis compatíveis de sustentabilidade financeira. Esta ação irá pro- vocar grandes discussões para o processo de planejamento e organização. 5. FUNDAMENTOS DA GESTÃO DE MATERIAIS E PATRIMÔNIO 5.1 ORGANIZAÇÃO, GESTÃO E DIREÇÃO DA ESCOLA 5.1.1 ORGANIZAÇÃO “As instituições sociais existem para realizar objetivos. Os objetivos da instituição escolar contemplam a aprendizagem escolar, a formação da cidadania e de valores e atitudes. O sistema de organização e de gestão da escola é o conjunto de ações, recursos, meios e procedimentos que propiciam as condições para alcançar esses objetivos.” (Libâneo, 2012, p. 435). Ainda segundo Libâneo (2012, p. 435), cer- tos princípios e métodos da gestão escolar têm sua origem de experiência administrativa em geral, porém, com características diferentes das empresas industriais, comerciais e de serviços. É necessário, inicialmente, explicitar al- guns conceitos básicos da organização educa- tiva, a gestão e a direção. “Organizar significa dispor de forma ordenada, dar uma estrutura, planejar uma ação e prover as condições ne- cessárias para realizá-la.” (Libâneo, 2012, p. 436). A organização escolar, segundo Libâneo (2012, p. 436), refere-se “aos princípios e pro- cedimentos relacionados a: ação de planejar o trabalho da escola, racionalizar o uso de recursos (materiais, financeiros, intelectuais); coordenar e avaliar o trabalho das pessoas, tudo em função dos objetivos propostos.” 5.1.2 GESTÃO A racionalização do trabalho e a coordena- ção do esforço humano como princípios da administração efetivam-se nas organizações por meio de estruturas ou funções: planeja- mento, organização, direção e controle. Na escola, estas funções assumem caráter pe- dagógico (atividades-fim) e técnico-adminis- trativo (atividades-meio). Libâneo (2012, p. 437-438) cita autores que definem que a to- mada de decisão é o centro da organização e do processo administrativo. Por conseguin- te, os processos para se chegar a uma deci- são e fazer a decisão funcionar caracterizam uma ação denominada de gestão. 5.1.3 DIREÇÃO Para canalizar o trabalho conjunto das pes- soas em função dos objetivos determinados, é necessário compreender o conceito de di- reção, cujo princípio e atributo fazem parte da gestão. Libâneo (2012, p. 438), resume o conceito de direção como sendo ação do processo de tomada de decisão na organiza- ção, coordenando os trabalhos para execu- ção da melhor forma possível. 5.2 GESTÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMÔNIO Uma vez que os conceitos anteriores foram explicitados, precisamos agora avançar na compreensão de outros conceitos funda- mentais sobre a gestão de materiais e pa- trimônio – na realidade, recursos materiais e patrimoniais. De forma geral, recurso ma- terial pode ser definido como “todo o bem físico (tangível ou corpóreo) empregado em 18 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE uma organização.” (Fenili, 2015, p. 15). Para aprofundamento do tema, buscamos fundamentação no inciso I, do art. 3º do De- creto Federal nº 99.658/90, cujos exemplos de recursos materiais em organizações públicas são descritos como: “I – material: designação genérica de equipamentos, componentes, sobressa- lentes, acessórios, veículos em geral, ma- térias-primas e outros itens empregados ou passíveis de emprego nas atividades dos órgãos e entidades públicas federais, independente de qualquer fator.” Segundo Fenili (2015, p.15), os recursos materiais podem ser classificados em duas subcategorias, levando-se em consideração os processos de gestão: de legalidade, impessoalidade, mora- lidade, publicidade e eficiência e, tam- bém, ao seguinte:” Diante dos princípios da administração pú- blica, identificamos que a gestão de materiais e patrimônio tem uma ligação muito próxima com o princípio da eficiência, pois determina ao gestor público cuidar dos bens da melhor forma possível, em benefício da sociedade, adotando critérios legais e morais para melhor utilização dos recursos públicos, evitando-se desperdícios e garantindo resultados sociais. 5.2.2 GESTÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Segundo Fenili(2015, p. 18), citando Gonçal- ves (2007), a gestão de recursos materiais e pa- trimoniais está organizada da seguinte forma: 5.2.3 CLASSIFICAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMÔNIO É fundamental para o gestor a classificação dos materiais para organizar e gerenciar, em sistema próprio, todas as categorias, itens e subitens. Esta classificação resultará em in- formações gerenciais fidedignas para maxi- mizar a gestão. No âmbito da escola pública da educação básica, a classificação do bem é identificar como permanente ou de consumo. Esta ▶ Recursos Materiais em sentido estrito; ▶ Recursos Patrimoniais; ▶ “Recurso material, em sentido estrito, é todo o bem físico (tangível) empregado em uma organização que detém natureza não permanente. Em geral, constituem-se em materiais que são consumidos ao longo do tempo, constituindo-se, usualmente, bens de estoque. Apesar de ser esta uma classificação contábil, o conceito de recurso material, em sentido estrito, aproxima-se sobremaneira do inerente a material de consumo. ▶ Recurso patrimonial é todo o bem físico (tangível) empregado em uma organização que detém natureza permanente. Em geral, os bens patrimoniais podem ser de três tipos: imóveis (prédios, terrenos etc.), instalações (uma central de ar condicionado, por exem- plo) e materiais permanentes (máquinas, mó- veis, computadores etc.).” 5.2.1 FUNDAMENTAÇÃO DA GESTÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMÔNIO Para fundamentar a gestão de materiais e pa- trimônio, identificamos no art. 37 da Consti- tuição Federal de 1988 a base dos princípios que orientam a administração pública em todos os poderes e esferas da federação. “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios Item Atividades Gestão dos centros de distribuição Recebimento,armazenagem, distribuição, movimentação de materiais etc. Gestão de estoques Análise dos custos de estoque, previsão de consumo, operacio- nalização dos sistemas de reposição de estoque, inventários dos estoques, apuração de indicadores (giro e cobertura de estoques, entre outros) etc. Gestão de compras Identificação de fornecedores, pesquisa de preços, negociação com o mercado, licitações, compras diretas (dispensa e inexibili- dade de licitação) acompanhamento de pedidos, liquidação etc. Gestão de recursos patrimoniais Tombamento, desfazimento (alienação) guarda e conservação, inventário de bens patrimoniais, cálculo de depreciação etc. CURSO gestãoescolar 19 classificação do bem serve para a administra- ção pública inscrever a sua natureza contábil vinculada à despesa. Para melhor compreen- são, vamos definir os bens de permanentes e de consumo, segundo Fenili (2015, p. 35). ▶ Material de consumo: É aquele que, em razão de seu uso corrente, perde nor- malmente sua identidade física e/ou tem sua utilização limitada a dois anos; Exemplo: papel ofício A4; cartucho de tinta para impressora etc. ▶ Material permanente: É aquele que, em razão de seu uso corrente, não perde sua identidade física, mesmo quando incorporado a outro bem, e/ou apresenta uma durabilidade superior a dois anos. Exemplo: computador, impressora, freezer, mesa, cadeira etc. 5.2.4 GESTÃO DE MATERIAIS E PATRIMÔNIO A gestão de materiais e patrimônio está orga- nizada em duas grandes categorias, que subdi- videm em itens próprios de organização e con- trole, segundo Fenili (2015, p. 39). Estas duas grandes categorias estão assim definidas: ▶ Gestão de Estoque ▶ Gestão Patrimonial 5.2.4.1 GESTÃO DE ESTOQUE Utilizaremos os conceitos definidos por Fenili (2015), para compreensão de cada uma das categorias e itens da gestão de materiais e patrimônio, aplicando-as as organizações pú- blicas. As definições, por conseguinte, aplicam- -se também às escolas públicas da educação básica mesmo considerando as dimensões organizacionais das mesmas. Devemos agora estabelecer as premissas conceituais de estoque, segundo Fenili (2015, p. 39): “Estoque é toda e qualquer porção ar- mazenada de material, com valor econômico para a organização, que é reservada para em- prego em momento futuro, quando se mostrar necessária às atividades organizacionais.” Acreditamos que esta conceituação é a que mais se encaixa à administração pública. Nas organizações públicas de grande por- te, o controle de estoque deve estar pautado em diversos itens vinculados a esta catego- ria, como, por exemplo: a) manutenção de estoques; b) custos de estoques; c) méto- dos de previsão de demanda de estoques; d) sistemas de reposição de estoque; e) indicadores relacionados a estoques; f) métodos de avaliação de estoques. Quan- do nos voltamos para a realidade das escolas públicas, talvez não identifiquemos os itens anteriormente citados; no entanto, a adminis- tração pública federal, estadual, municipal e os seus órgãos vinculados devem ter o efetivo controle, por meio de sistema informatizado e infraestrutura própria. Isso não quer dizer que as escolas estão isentas de também desenvol- ver sistemática semelhante. ATENÇÃO: Como são realizados o con- trole e a gestão de estoque nas escolas municipais e na própria Secretaria da Edu- cação do seu município? 5.2.4.1.1 COMPRAS A gestão de estoques sinaliza para a área de compras a necessidade de aquisição de bens. As ações destes ambientes devem estar sincro- nizadas, o que requer planejamento, acompa- nhamento, pesquisa, seleção de fornecedores e processo de decisão. Ademais, juntam-se a estas duas áreas outras importantes para o desenvolvimento de todos os processos: finan- ças, licitação, almoxarifado, administrativo. A administração pública, em muitas situa- ções, cria o Setor de Compras, que está respon- sável pelo desenvolvimento de diversas etapas, tais como: a) organização do ciclo de compras; b) negociação com fornecedores; c) aquisições; d) aprovação para pagamento a fornecedores. Na escola pública da educação básica, respei- tadas as proporções, o Conselho Escolar realiza o levantamento das necessidades de aquisi- ções de bens materiais e patrimoniais, tendo em vista os recursos recebidos dos Programas de Transferência Direta e Voluntária oriundos dos governos federal, estadual e municipal. Qual a regra das aquisições em órgãos pú- blicos? A Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993, no seu art. 1º, estabeleceu as normais gerais sobre licitações referentes a obras, ser- viços, compras, alienações e locações para a União, Estados e Municípios. Respondendo ao questionamento, dizemos que a regra para aquisições é licitação, observando-se rigorosa- mente os determinantes da legislação em vigor. Na escola pública municipal, existe uma particularidade que deve observada quanto ao processo de aquisição, especialmente no que se refere às transferências de recursos oriundas dos programas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para as Unidades Executoras (UEx). Lembremo- -nos de que as UEx não se enquadram como entidade de direito público, mas de direito privado; portanto, não passíveis de enquadra- mento na Lei das Licitações. Entretanto, orien- tamos que sejam observadas as Resoluções editadas pelo FNDE para cada programa, com relação ao processo de aquisição. 5.2.4.1.2 ALMOXARIFADO Ainda com relação à gestão de materiais, um ambiente é fundamental para guarda e conservação dos itens de material em esto- que. Trata-se do Almoxarifado. A gestão efi- ciente do Almoxarifado reduz custos de arma- zenamento e proporciona o atendimento com qualidade dos colaboradores. No processo de gestão do almoxarifado, existem etapas fun- damentais, segundo Fenili (2015, p. 129): a) recebimento de materiais; b) armazenagem de materiais; c) distribuição de materiais. Es- sas etapas funcionam efetivamente na nossa realidade municipal no Almoxarifado Central e/ou Almoxarifados descentralizados junto às Secretarias e órgãos públicos. Nas escolas pú- blicas da educação básica, estão também pre- sentes; no entanto, ainda carecem de maior efetividade, pois existem grandes implicações legais quanto ao controle interno e externo. 20 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE ATENÇÃO: Que tal identificar se exis- te ambiente adequado de almoxarifado nas escolas? 5.2.4.2 GESTÃO PATRIMONIAL A Gestão Patrimonial engloba os bens de na- tureza permanente, cuja duração é superior a dois anos, levando-se em consideração aspectos de durabilidade, fragilidade, incor- porabilidade e transformabilidade. (Fenili, 2015, p. 143). São considerados como bens de natureza permanente: imóveis, material permanente e instalações. Além dos aspec- tos anteriormente citados, é importante compreendermos a classificação dos bens quanto à sua aplicabilidade, conforme abai- xo, pois o gestor da escola é responsável pela guarda e conservação dos mesmos e deve ter o efetivo controle, avaliação, acompanha- mento e destinação: a) regular – quando estiver em perfeitas condições de uso, funcionamento e aproveita- mento pela unidade detentora da carga; b) ocioso – quando, embora em per- feitas condições de uso, não estiver sendo aproveitado; c) recuperável – quando o custo de sua recuperação não ultrapassar 50% de seu va- lor de mercado; d) antieconômico – quando sua manu- tenção for onerosa ou seu rendimento precá- rio, não justificando sua utilização; e) irrecuperável – quando economica- mente inconveniente sua recuperação ou não mais puder ser utilizado para o fim a que se destina. Existem outros itens relativos aos bens pa- trimoniais importantes para as organizações realizarem o efetivo controle dos mesmos, conforme Fenili (2015, p. 152). a) Tombamento é o procedimento de identificação de um bem patrimonial, efetua- do na incorporação do bem ao patrimônio de uma organização. b) Inventário é ferramenta de controledos estoques dos almoxarifados e dos ativos imobilizados (bens patrimoniais). c) Movimentação de bens patrimo- niais é o deslocamento de bens de um lo- cal para outro no âmbito da administração pública. Deve ser precedido de dois docu- mentos fundamentais: a) Termo de Res- ponsabilidade, a ser assinado pelo (novo) responsável pela guarda e conservação do bem patrimonial; e b) Guia de Transferên- cia de Material, cujo intuito é formalizar a alteração do órgão/servidor responsável pela carga patrimonial do bem. d) Depreciação é definida pelo Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Públi- co: “A depreciação é o declínio do potencial de geração de serviços por ativos de longa duração, ocasionada pelos seguintes fato- res: deterioração física, desgaste com uso e obsolescência” (SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL, 2014, p. 160). e) Baixa de bem patrimonial é a retirada contábil do acervo patrimonial de uma organi- zação. O bem baixado deixa de fazer parte do ativo imobilizado da organização. ATENÇÃO: Como é realizado o controle patrimonial nas escolas e no município? 5.3 A GESTÃO FINANCEIRA E PATRIMONIAL COM FOCO NA APRENDIZAGEM DO ALUNO Acreditamos que é possível superar os vários problemas existentes na gestão administra- tiva, financeira e pedagógica das escolas pú- blicas da educação básica. Contudo, preci- samos dar credibilidade e continuidade das políticas públicas exitosas, utilizando nossa competência, criatividade e habilidades. As questões sociais envolvidas precisam ser consideradas nos processos de planeja- mento e gestão, para que possamos garantir uma educação pública, gratuita e com quali- dade social. Esta compreensão, alinhada aos grandes objetivos, estratégias e metas traça- dos, poderá provocar grandes mudanças na educação pública do nosso país. Os aspectos administrativos e financeiros presentes na organização escolar exercem uma influência preponderante na formação e na aprendizagem dos alunos. Lembramos que, no ambiente da escola, são desenvol- vidas práticas educativas. Segundo Libâneo (2015, p. 267), “Para além de uma visão me- ramente burocrática da organização escolar, a teoria histórico-cultural da atividade, na tradição de Vygotsky e seguidores, fornece elementos para identificar a natureza e os dis- positivos da atividade pedagógica, conside- rando os contextos dos sujeitos.” Ou seja, os sujeitos presentes na escola aprendem com as organizações, mas estas mesmas organiza- ções podem aprender com os sujeitos. Segun- do Libâneo (2015, p. 267), esta relação deve ser reavaliada à luz das práticas de organiza- ção e gestão na motivação e aprendizagem dos alunos, com envolvimento da formação cognitiva e de valores e atitudes dos alunos. Não somente a gestão financeira e patri- monial, mas os outros aspectos organizacio- nais, operacionais e pedagógico-didáticos, criam e asseguram condições para que a es- cola possa obter bom desempenho dos pro- fessores e alunos, com a finalidade de êxito na aprendizagem. No entanto, precisamos refle- tir sobre o que nos diz Libâneo (2015, p. 286), acerca da concepção de escola “como sistema de atividades, em que instituição, professores e alunos compõem uma dinâmica social rica de interações, mas também de contradições.” Ao enfocarmos a gestão financeira e pa- trimonial com ênfase na aprendizagem do aluno, lembramos que não educamos os alunos somente em sala de aula. “As crianças aprendem coisas na sala de aula e também aprendem muitas coisas com o ambiente da escola, com as formas de organização, com formas de relacionamentos, com as rotinas, com os modos de resolver problemas e solu- cionar conflitos.” (Libâneo, 2015, p. 286). Por- tanto, a aprendizagem refletida sobre as duas questões da gestão ora proposta acontece também no contexto de práticas sociocultu- rais e institucionais que afetam diretamente a aprendizagem dos alunos. ATENÇÃO: Comente como a gestão fi- nanceira e patrimonial podem contribuir na aprendizagem dos alunos. CURSO gestãoescolar 21 22 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE José Cavalcante Arnaud Pedagogo, especialista em Gerência de Marketing e mestre em Planejamento e Políticas Públicas pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), consultor edu- cacional nas áreas Planejamento, Gestão, Avaliação e Financiamento da Educação, professor dos Cursos de Pós-Graduação, ex-gestor da Educação, Administra- ção e Finanças Municipal, ex-presidente da Undime- -CE, consultor pedagógico do Ministério da Educação/ FNDE/Fundescola (período de 2004 a 2008), membro do Grupo de Pesquisa GPAGE – Gestão, Planejamen- to e Avaliação, da Faculdade de Educação (Faced), da Universidade Federal do Ceará (UFC), coordenador de Pós-Graduação e coordenador da Comissão Própria de Avaliação (CPA) do Centro Universitário Católico de Quixadá (Unicatólica). PERFIL DO AUTOR Neste fascículo, enfocamos o financiamento da educação básica e a legislação que ampara e regu- lamenta a matéria. No entanto, antes de falarmos do financiamento da educação, exploramos os pressu- postos do direito à educação presente na Constitui- ção Federal de 1988, os seus princípios e conceitos presentes não somente na CF 88, mas na Lei de Dire- trizes e Base da Educação Nacional (LDB) e no Esta- tuto da Criança e Adolescente. A partir do conhecimento do direito à educação, adentramos no financiamento da educação, ampa- rados na legislação em vigor, CF 88, LDB e legislação correlata. O estudo da legislação nos permite traçar e analisar os conceitos da vinculação e subvincu- lação de recursos públicos para educação básica. Este estudo preliminar nos faz chegar até o Fundeb, maior fonte de recursos para a educação básica em nosso país. Nesta mesma trilha, abordamos a com- preensão sobre o Fundo Municipal de Educação e Salário Educação. A abordagem dos programas de descentraliza- ção dos recursos financeiros para escola levou em consideração, principalmente, os programa federais oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Nesta etapa do desenvolvimento do trabalho, elencamos cada um dos programas e suas sistemáticas de operacionalização e destinação de recursos para as escolas da educação básica. Diante do conteúdo explicitado sobre o financia- mento da educação, sugerimos os pressupostos bá- sicos para gestão eficaz dos recursos no âmbito da escola da educação básica pública. Complementando o conteúdo produzido, de- talhamos os fundamentos da gestão de materiais e patrimônio, bem como a compreensão e a importân- cia da gestão financeira e patrimonial, com foco na aprendizagem do aluno. Esperamos que o material ora elaborado seja estudado e que outras fontes de pesquisas possam ser consultadas, visando ampliar o conhecimento de todos os participantes. SÍNTESE DO FASCÍCULO CURSO gestãoescolar 23 AGUIAR, Márcia A.S & Ferreira, Naura C. (org.). Gestão da educação: impasses e pers- pectivas. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2002. ARNAUD, José. C. Gestão democrática na escola pública: Administração colegiada: Uma alternativa de cogestão administrativa pedagógica. Monografia de Graduação, Facul- dade de Educação de Crateús – Universidade Estadual do Ceará. 1995. _____. Sistema de administração educati- va municipal com base no modelo de planeja- mento estratégico: Estudo realizado na secre- taria municipal de educação do município de Trairi, Ceará. Dissertação de Mestrado. Univer- sidade Estadual do Ceará. 2011. BRASIL. Constituição da República Fe- derativa do Brasil – 1988. Diário Oficinal da União191-A, p. 1, de 5 de outubro de 1988. ____________. Lei nº 9394/96, 20 de de- zembro. Diário Oficial da União, p. 27833, de 23 de dezembro de 1996. ____________. Lei nº 9424/96, de 24 de de- zembro. Diário Oficial da União, p. 28442, de 26 de dezembro de 1996. ______ Lei Complementar nº 101/00, de 04 de maio. Diário Oficial da União, p. 1, de 05 de maio de 2000. ______ Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito
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