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Resumo dos Capítulos 1 e 2 - Livro Psicologias No primeiro capítulo do livro Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologias, Bock, Furtado & Teixeira (2001) apresenta primeiramente uma definição de psicologia do senso comum que é aquela usada no cotidiano pelas pessoas em geral, onde as mesmas têm um domínio, mesmo que superficial, do conhecimento acumulado pela Psicologia científica, o que lhes permite explicar ou compreender seus problemas cotidianos de um ponto de vista psicológico. Antes de se tratar da Psicologia científica, o livro expõe o conceito de senso comum, com o intuito de explicar como a ciência se aproxima ao mesmo tempo que se afasta da vida do cotidiano. Bom, o senso comum é descrito como uma visão de mundo produzida sem embasamento científico, se tratando de algo intuitivo e espontâneo baseado em observações e em informações passadas através da convivência, que, por vezes, engloba conhecimentos ou termos científicos, porém, de forma inconsciente, sem avaliar a veracidade.. E é nessa tentativa de facilitar o dia-a-dia que o senso comum produz suas próprias “teorias”; na realidade, um conhecimento que, numa interpretação livre, poderíamos chamar de teorias médicas, físicas, psicológicas. O senso comum mistura e recicla esses outros saberes, muito mais especializados, e os reduz a um tipo de teoria simplificada, produzindo uma determinada visão-de-mundo. Contudo somente esse tipo de conhecimento, não seria suficiente para as exigências de desenvolvimento da humanidade. Tem-se ainda a filosofia que baseia principalmente em especulações em torno da origem e do significado da existência humana. A religião, que se baseia em pensamentos sobre a origem do homem, seus mistérios, princípios morais, forma um outro corpo de conhecimento humano. Além disso, tem também a arte que é uma forma de expressão do conhecimento que traduz a emoção e a sensibilidade. E por fim, mas não menos importante, o conhecimento científico que é construído através de fatos e aspectos da realidade, e é expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Dessa forma, a ciência se afasta da vida cotidiana, uma vez que observa externamente a realidade para usá-la como objeto de estudo, mas se aproxima, pois se refere ao real, produzindo conhecimento necessário para a evolução e melhoria de qualidade de vida. Como mencionado, a ciência usa a realidade como objeto de estudo e, portanto, cada campo da ciência possui um objeto específico. Dizer que o objeto de estudo da Psicologia é o homem, o torna amplo demais e apenas coloca a psicologia entre as ciências humanas, assim como a antropologia, a economia e a sociologia. Porém há uma dificuldade em definir de forma mais específica o objeto de estudo da Psicologia devido a dois fatores: a Psicologia ainda é uma ciência muito nova para ter sua construção teórica caracterizada com exatidão; e os próprios pesquisadores dessa ciência se confundem com o objeto de estudo, sendo que não há um consenso entre a visão de homem enquanto objeto entre os pesquisadores. Essa falta de definição concreta acarreta em uma diversidade de objetos de estudo. Por outro lado, tal diversidade também pode ser justificada porque os fenômenos psicológicos são tão diversos que não podem ser sujeitos aos mesmos padrões de descrição, medida, controle e interpretação. Dessa forma, para entender melhor a Psicologia deve-se enxergá-la como uma ciência que colabora com a subjetividade, uma vez que estuda o homem em todas as suas expressões: o comportamento, os sentimentos, o pensamento, as ações, o afeto, a individualidade e a coletividade. Uma vez que o campo da Psicologia é bastante subjetivo e essa é uma ciência nova que ainda não consegue explicar muitas coisas sobre o homem, surge um espaço para práticas não- psicológicas, que não são construídas a partir de métodos científicos, e tentam explicar alguns “desconhecimentos” da Psicologia. É o caso do tarô, da astrologia, da quiromancia, da numerologia, entre outras práticas adivinhatórias e/ou místicas. Com isso, pode-se falar sobre uma relação entre a Psicologia e tais especulações místicas. Essa relação deve ser tratada com cuidado, pois é preciso reconhecer que pessoas que acreditam em práticas adivinhatórias ou místicas têm o direito de consultar e de serem consultadas, da mesma forma que é fundamental demarcar o campo da Psicologia. Ademais, os saberes dessas práticas místicas podem ainda se tornar objeto de estudo da Psicologia. O segundo capítulo do livro traz uma análise da história da Psicologia, frisando que toda produção humana, o que inclui o conhecimento acerca da psicologia, tem sua base construtiva na História. Os filósofos gregos, na Grécia antiga, foram os precursores na tentativa de sistematizar a psicologia, quando começaram a especular em torno do homem da sua interioridade. Dessa forma, etimologicamente, psicologia significa “estudo da alma”, uma vez que o termo vem do grego psyché, que significa alma, e de logos, que significa razão. Sócrates ((469-399 a.C.) foi responsável por abrir um caminho que veio a ser bastante estudado na Psicologia, ao questionar o limite que separa o homem dos animais, e postular que principal característica do homem, que o permite sobrepor-se aos instintos, é a razão. A partir daí, vieram Platão (427-347a.C.) e, após, Aristóteles (384-322 a.C), que também postularam teorias acerca da alma. O período de domínio do Império Romano também disponibilizou pensadores que contribuíram significativamente para o desenvolvimento da Psicologia: Santo Agostinho (354- 430) e São Tomás de Aquino (1225-1274). As teorias postuladas por estes relacionam-se com o conhecimento religioso, influenciadas pela afirmação do cristianismo como força religiosa e política dominante nesse período. Para Santo Agostinho, a alma era, além da sede da razão, a prova de manifestação divina, o que fez com que a Igreja se preocupasse com a sua compreensão. O Renascimento ou Renascença é marcado por grandes mudanças sociais e econômicas e por inúmeras descobertas e avanços das ciências. Esse período foi quando René Descartes (1596-1659), por exemplo, postula a separação entre mente (alma, espírito) e corpo, o que possibilita o estudo do corpo humano morto e, logo, promove grandes avanços da avanço da Anatomia e da Fisiologia, que iria contribuir em muito para o progresso da própria Psicologia. Com o capitalismo, e o consequente fim do sistema feudal, mudanças importantes marcaram a humanidade: o homem passou a ser concebido como um ser livre, que não mais tinha seu lugar social definido no nascimento; a nobreza e o clero perderam seu lugar privilegiado; o conhecimento tornou-se independente da fé. Com isso, a ciência moderna começou a se desenvolver, tendo o conhecimento como fruto da razão e a possibilidade de desvendar a Natureza e suas leis. Surge, então, a necessidade de métodos rigorosos para a produção de conhecimento. Dessa forma, concebe-se o conceito de ciência, que passa a ser referencial para a visão de mundo. Em meados do século 19, a Psicologia passa a utilizar os conhecimentos da Fisiologia, Neuroanatomia e Neurofisiologia. O sistema nervoso central é descoberto e é demonstrado que o pensamento, as percepções e os sentimentos humanos eram produtos desse sistema. Além disso, a Neurologia descobre que a doença mental é fruto da ação direta ou indireta de diversos fatores sobre as células cerebrais. Foi entendido também o funcionamento da medula espinhal, provando que a atividade motora nem sempre está ligada à consciência. Essas e outras descobertas reformularam o conhecimento adquirido. A Psicofísica era o campo da fisiologia que, na época, estudava o fenômeno psicológico enquanto estudo científico. O surgimento da Lei de Fechner-Weber, em 1860, estabeleceu a relação entre estímulo e sensação, permitindo a sua mensuração. Com isso,instaurou a possibilidade de medida do fenômeno psicológico, que passa a ganhar status de científicos, o que até então não ocorria, pois acreditava-se que o que não era mensurável não era passível de estudo científico. Wilhelm Wundt (1832-1926), considerado pai da Psicologia, foi responsável pela criação do primeiro laboratório para realizar experimentos na área da psicofisiologia, outra grande contribuição para o desenvolvimento da Psicologia científica. No século 19, Wundt, Weber e Fechner trabalharam juntos na Universidade de Leipzig, tornando a Alemanha o berço da Psicologia moderna. A Psicologia ganha status de ciência à medida que se torna independente da Filosofia, e atrai novos estudiosos que, então, fazem esforços para definir o objeto de estudo, delimitar o campo, formular métodos de estudo e formular teorias. Essas teorias seguem, portanto, os critérios básicos da metodologia científica, ou seja, seus dados são passíveis de comprovação e o conhecimento é acumulativo para servir de base para próximos estudos. Saindo da Alemanha, o avanço econômico dos Estados Unidos disponibilizou um campo propício para um rápido crescimento da Psicologia, onde surgiram as primeiras abordagens ou escolas em Psicologia. O Funcionalismo, de William James (1842-1910), foi a primeira dessas escolas, genuinamente americanas, e buscava responder “o que fazem os homens” e “por que o fazem”. Já o Estruturalismo, de Edward Titchner (1867-1927) também buscava compreender o fenômeno da consciência, porém o estudava de forma mais voltada aos aspectos estruturais, como o sistema nervoso central. E, por fim, o Associacionismo, de Edward L. Thorndike, que estudava teorias de aprendizagem na Psicologia, de forma que o termo associacionismo vem da concepção de que a aprendizagem se dá por um processo de associação das idéias. Thorndike teve grande contribuição à Psicologia Comportamentalista ao formular a Lei do Efeito que afirma que todo organismo vivo tende a repetir seu comportamento se for recompensado. A Psicologia Científica baseada nas três escolas mencionadas foi, no século 20, substituída por novas teorias, sendo sendo o Behaviorismo ou Teoria (S-R) (do inglês Stimuli- Respond — Estímulo-Resposta), a Gestalt e a Psicanálise. A primeira define o fato psicológico, de modo concreto, a partir da noção de comportamento. A segunda postula a necessidade de se compreender o homem como uma totalidade, sendo a mais ligada à Filosofia. E a última, nascida com Freud, quebra a tradição da Psicologia como ciência da consciência e da razão ao colocar o inconsciente como objeto de estudo. Com esses dois primeiros capítulos, o livro Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia explica o objeto de estudo dessa ciência e relata seu desenvolvimento no decorrer da história. Referência: Bock, A. M. B, Furtado, O, & Teixeira, M. L. T. (2001). Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia (13a ed.). São Paulo: Saraiva.
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