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AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO Situação Problema 03 – SP03 OBJ 1: Explicar morfofuncionalmente o trato gastrointestinal. VISÃO GERAL DO TRATO O trato GI é um longo tubo com paredes musculares alinhadas por um epitélio secretor e transportador. Em intervalos ao longo do trato, anéis musculares funcionam como esfincteres para separar o tubo em segmentos com funções distintas. O alimento move-se pelo trato, sendo propelido por ondas de contrações musculares. Os produtos da digestão são absorvidos através do epitélio intestinal e passam para o líquido intersticial. De lá eles vão para o sangue ou para a linfa e são distribuídos para todo o corpo. Qualquer resíduo remanescente no lúmen ao final do trato GI deixa o corpo através de uma abertura, chamada de ânus. A porção do trato GI que vai do estômago até o ânus também é chamada de intestino. A digestão, a quebra química e mecânica do alimento, ocorre principalmente no lúmen do intestino. Ao longo do caminho, secreções são adicionadas ao alimento por células secretoras epiteliais e por órgãos glandulares acessórios, que incluem as glândulas salivares, o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas. A mistura pastosa de alimento e secreções é conhecida como quimo. BACTÉRIAS Uma vez que o sistema digestório se abre para o exterior, o lúmen do trato e seus conteúdos são, na verdade, parte do ambiente externo. (Pense em um orifício que atravessa o centro de uma pérola). Isso permite que uma incrível variedade de bactérias vivam no lúmen, particularmente no intestino grosso. Este arranjo é comumente descrito como uma relação comensalismo, em que as bactérias se beneficiam de ter o fornecimento de uma casa e comida, ao passo que o corpo humano não é afetado. Entretanto, estamos descobrindo meios pelos quais o corpo se beneficia de suas companheiras bactérias. A relação entre seres humanos e seus microbiomas bacterianos é um tema importante na fisiologia hoje. ANATOMIA O sistema digestório inicia com a cavidade oral (boca e faringe), que servem de receptáculo para a comida. O alimento ingerido entra no trato gastrintestinal (trato GI), que consiste em esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso. CAVIDADE ORAL Na cavidade oral, os primeiros estágios da digestão iniciam com a mastigação e a secreção da saliva por três pares de glândulas salivares: glândulas sublinguais abaixo da língua, glândulas submandibulares abaixo da mandíbula (osso maxilar) e glândulas parótidas encontradas perto da articulação da mandíbula. ESÔFAGO O alimento deglutido passa pelo esôfago, um tubo estreito que atravessa o tórax até o abdome. As paredes do esôfago são constituídas de músculo esquelético no terço superior, mas sofrem transição para músculo liso nos dois terços inferiores. Logo abaixo do diafragma, o esôfago termina no estômago. ESTÔMAGO O estômago é um órgão em forma de saco que pode conter até dois litros de alimento e líquidos quando totalmente (embora desconfortavelmente) expandido. O estômago tem três seções: o fundo superior, o corpo central e o antro inferior. O estômago continua a digestão que iniciou na boca, misturando o alimento com ácido e enzimas para criar o quimo. A abertura entre o estômago e o intestino delgado, ou piloro (porteiro), é protegida pela válvula pilórica. AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO Esta faixa espessa de músculo liso relaxa para permitir que apenas pequenas quantidades de quimo entrem no intestino delgado simultaneamente. O estômago atua como um intermediário entre o ato comportamental de comer e os eventos fisiológicos da digestão e da absorção no intestino. Sinais integrados e alças de retroalimentação entre o intestino e o estômago regulam a velocidade na qual o quimo entra no duodeno. Isso garante que o intestino não seja sobrecarregado com mais do que ele pode digerir e absorver. INTESTINO DELGADO A maior parte da digestão ocorre no intestino delgado, que possui três seções: o duodeno (os primeiros 25 cm), o jejuno e o íleo (os últimos dois, juntos, têm cerca de 260 cm de comprimento*). A digestão é realizada por enzimas intestinais, auxiliadas por secreções exócrinas de dois órgãos glandulares acessórios: o pâncreas e o fígado. As secreções desses dois órgãos entram na porção inicial do duodeno por ductos. Um esfincter tonicamente contraído (o esfincter hepatopancreático, ou esfincter de Oddi) impede que o líquido pancreático e a bile entrem no intestino delgado, exceto durante uma refeição. A digestão termina no intestino delgado, e quase todos os nutrientes digeridos e os fluidos secretados são absorvidos lá, deixando cerca de 1,5 litro de quimo por dia passar para o intestino grosso. INTESTINO GROSSO No colo – a secção proximal do intestino grosso – o quimo aquoso transforma-se em fezes semissólidas à medida que a água e os eletrólitos são absorvidos do quimo para o líquido extracelular (LEC). Quando as fezes são propelidas para a seção terminal do intestino grosso, conhecida como reto, a distenção da parede retal desencadeia o reflexo de defecação. As fezes deixam o trato GI pelo ânus, sendo que o esfincter anal externo, constituído de músculo esquelético, está sob controle voluntário. COMPRIMENTOS DO INTESTINO (COMPRIMENTO SISTEMA DIGESTÓRIO) Em uma pessoa viva, o sistema digestório da boca até o ânus tem cerca de 450 cm de comprimento. (MEDIDA INTESTINO) Deste comprimento, 395 cm consistem nos intestinos grosso e delgado. O arranjo apertado dos órgãos abdominais ajuda a explicar por que você sente necessidade de soltar o seu cinto após ingerir uma grande quantidade de comida. (MEDIDA APÓS A MORTE) As medidas do comprimento intestinal feitas durante autópsias são aproximadamente o dobro daquelas dadas aqui, uma vez que, após a morte, os músculos longitudinais do trato intestinal relaxam. Esse relaxamento é responsável pela ampla variação na extensão do intestino descrita em diferentes referências. HISTOLOGIA A estrutura básica da parede gastrintestinal é similar no estômago e nos intestinos, embora existam variações de uma seção do trato GI para outra. (DOBRAS E VILOSIDADES) A parede intestinal é enrugada em dobras para aumentar a sua área de superfície. Essas dobras são chamadas de pregas no estômago e de dobras no intestino delgado. A mucosa intestinal também se projeta para o lúmen em pequenas extensões similares a dedos, denominadas vilosidades. (GLÂNDULAS GÁSTRICAS) Mais área de superfície é adicionada por invaginações tubulares da superfície, que se estendem para dentro do tecido conectivo de sustentação. Essas invaginações são denominadas glândulas gástricas no estômago e criptas no intestino. Algumas das invaginações mais profundas formam glândulas submucosas secretoras que se abrem para o lúmen através de ductos. AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO A parede intestinal consiste em quatro camadas: (1) uma mucosa interna virada para o lúmen, (2) uma camada conhecida como submucosa, (3) camadas de músculo liso, conhecidas coletivamente como muscular externa, e (4) uma cobertura de tecido conectivo, denominada serosa. MUCOSA A mucosa, o revestimento interno do trato gastrintestinal, tem três camadas: uma única camada de epitélio mucoso virado para o lúmen; a lâmina própria, tecido conectivo subepitelial que segura o epitélio no lugar; e a muscular da mucosa, uma fina camada de músculo liso. Várias modificações estruturais aumentam a área da superfície da mucosa, a fim de aumentar a absorção. (EPITÉLIO MUCOSO) O epitélio mucoso possui a mais variável característica do trato GI, mudando de seção para seção. As células da mucosa incluem células epiteliais transportadoras (chamadas de enterócitos no intestino delgado), células secretoras endócrinas e exócrinas e células-tronco. Na superfície mucosa do epitélio (apical), as células secretam íons,enzimas, muco e moléculas parácrinas para o lúmen. Na superfície serosa do epitélio (basolateral), as substâncias absorvidas do lúmen e as moléculas secretadas por células epiteliais entram no LEC. (JUNÇÕES) As junções célula a célula que unem as células epiteliais do trato GI variam. No estômago e no colo, as junções formam uma barreira impermeável, de modo que pouco pode passar entre as células. No intestino delgado, as junções não são tão apertadas. Este epitélio intestinal é considerado “permeável”, uma vez que parte da água e dos solutos pode ser absorvida entre as células (via paracelular), em vez de através delas. Agora, sabemos que as junções possuem plasticidade e que a sua permeabilidade e seletividade podem ser reguladas em algum grau. (CÉLULAS-TRONCO) As células-tronco GI são células indiferenciadas que se dividem rapidamente e produzem de forma contínua um novo epitélio nas criptas e nas glândulas gástricas. À medida que as células-tronco se dividem, as células recém- -formadas são empurradas em direção à superfície luminal do epitélio. A duração média de uma célula epitelial GI é de apenas poucos dias, um bom indicador da vida dura que essas células têm. Como ocorre em outros tipos de epitélio, a rápida renovação e a taxa de divisão celular no trato GI torna esses órgãos suscetíveis ao desenvolvimento de câncer. Em 2013, os cânceres de colo e de reto (câncer colorretal) foram a terceira causa de morte por câncer nos Estados Unidos. Entretanto, a taxa de mortalidade tem caído, devido a mais exames de rastreio e melhores tratamentos. (LÂMINA PRÓPRIA) A lâmina própria é o tecido conectivo subepitelial que contém fibras nervosas e pequenos vasos sanguíneos e linfáticos. Os nutrientes absorvidos passam para o sangue e para a linfa aqui. Esta camada também contém células imunes patrulhadoras, como macrófagos e linfócitos, que patrulham invasores que tenham entrado através de rupturas do epitélio. No intestino, coleções de tecido linfoide adjacente ao epitélio formam pequenos nódulos e grandes placas de Peyer, que criam inchaços visíveis na mucosa. Estes agregados linfáticos constituem a maior parte do tecido linfático associado ao intestino (GALT). (MUSCULAR DA MUCOSA) A muscular da mucosa, uma fina camada de músculo liso, separa a lâmina própria da submucosa. A contração dos músculos dessa camada altera a área de superfície efetiva para absorção por mover as vilosidades em vai e vem, como a ondulação dos tentáculos de uma anêmona-do-mar. SUBMUCOSA A submucosa é a camada média da parede do intestino. Ela é composta de tecido conectivo com grandes vasos sanguíneos e linfáticos passando por ela. A submucosa também contém o plexo submucoso, uma das duas principais redes nervosas do sistema nervoso entérico. O plexo submucoso (também chamado de plexo de Meissner) inerva as células na camada epitelial, bem como o músculo liso da muscular da mucosa. MUSCULAR EXTERNA A parede externa do trato gastrintestinal, a muscular externa, consiste primariamente de duas camadas de músculo liso: uma camada interna circular e uma camada externa longitudinal. A contração da camada circular diminui o AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO diâmetro do lúmen. A contração da camada longitudinal encurta o tubo. O estômago possui uma terceira camada incompleta de músculo oblíquo entre a camada muscular circular e a submucosa. A segunda rede nervosa do sistema nervoso entérico, o plexo mioentéricoo, situa-se entre as camadas musculares longitudinal e circular. O plexo mioentérico (também chamado de plexo de Auerbach) controla e coordena a atividade motora da camada muscular externa. SEROSA O revestimento exterior de todo o trato digestório, a serosa, é uma membrana de tecido conectivo que é uma continuação da membrana peritoneal (peritônio) que reveste a cavidade abdominal. O peritônio também forma o mesentério, que mantém o intestino no lugar para que ele não fique enroscado quando se move. A próxima seção é uma breve visão sobre os quatro processos de secreção, digestão, absorção e motilidade. FISIOLOGIA A função primária do sistema digestório é levar os nutrientes, a água e os eletrólitos do ambiente externo para o ambiente interno corporal. Para alcançar esse objetivo, o sistema usa quatro processos básicos: digestão, absorção, secreção e motilidade. (DIGESTÃO) A digestão é a quebra, ou degradação, química e mecânica dos alimentos em unidades menores que podem ser levadas através do epitélio intestinal para dentro do corpo. (ABSORÇÃO) A absorção é o movimento de substâncias do lúmen do trato GI para o líquido extracelular. (SECREÇÃO) A secreção no trato GI possui dois significados. Ela pode significar o movimento de água e íons do LEC para o lúmen do trato digestório (o oposto da absorção), mas pode também significar a liberação de substâncias sintetizadas pelas células epiteliais do GI tanto no lúmen quanto no LEC. (MOTILIDADE) A motilidade é o movimento de material no trato GI como resultado da contração muscular. Embora possa parecer simples digerir e absorver alimentos, o sistema digestório enfrenta três desafios significativos: 1. Evitar a autodigestão: o alimento que comemos está principalmente sob a forma de macromoléculas, como proteínas e carboidratos complexos, de modo que o nosso sistema digestório precisa secretar enzimas potentes para digerir os alimentos em moléculas que sejam pequenas o suficiente para serem absorvidas pelo corpo. Ao mesmo tempo, entretanto, essas enzimas não devem digerir o próprio trato GI (autodigestão). Se os mecanismos protetores contra a autodigestão falharem, escoriações, conhecidas como úlceras pépticas, desenvolvem-se nas paredes do trato GI; 2. Balanço de massa: outro desafio que o sistema digestório enfrenta diariamente é a manutenção do balanço de massa por meio da combinação da entrada e saída de líquidos. As pessoas ingerem cerca de 2 litros de líquido por dia. Além disso, as glândulas e as células exócrinas secretam aproximadamente 7 litros de enzimas, muco, eletrólitos e água no lúmen do trato GI. Este volume de líquido secretado é o equivalente a um sexto da água corporal total (42 litros), ou mais de duas vezes o volume plasmático de 3 litros. Se o líquido secretado não puder ser absorvido, o corpo desidratará rapidamente; 3. Normalmente, a absorção é muito eficiente, e apenas cerca de 100mL de líquido é perdido nas fezes. Entretanto, vômito e diarreia (fezes excessivamente aquosas) podem se tornar uma emergência quando as secreções GI são perdidas para o ambiente, em vez de serem reabsorvidas. Em casos graves, esse líquido perdido pode diminuir o volume do líquido extracelular a ponto de o sistema circulatório ser incapaz de manter a pressão sanguínea adequada. 4. Defesa: o desafio final que o sistema digestório enfrenta é proteger o corpo de invasores estranhos. Ao contrário do que se imagina, a maior área de contato entre o meio interno e o mundo exterior está no lúmen do sistema digestório. Como consequência, o trato GI, com sua área de superfície total do tamanho aproximado de uma quadra de tênis, enfrenta diariamente o conflito entre a necessidade de absorver água e nutrientes e a necessidade de evitar que bactérias, vírus e outros patógenos entrem no corpo. Para isso, o AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO epitélio transportador do trato GI é auxiliado por um conjunto de mecanismos fisiológicos de defesa, incluindo muco, enzimas digestórias, ácido e a maior coleção de tecido linfático do corpo, o tecido linfático associado ao intestino (GALT). Estima-se que 80% de todos os linfócitos do corpo são encontrados no intestino delgado. O corpo humano enfrenta esses desafios fisiológicos por vezes conflitantes por meio da coordenação entre motilidade e secreção para maximizar a digestãoe a absorção. REGULAÇÃO DA ATIVIDADE GASTROINTESTINAL A atividade GI pode ser regulada pelo sistema endócrino, pelo sistema nervoso autônomo e pelo sistema nervo entérico. SISTEMA NERVOSO ENTÉRICO O sistema nervoso entérico (SNE) foi inicialmente reconhecido há mais de um século, quando os cientistas notaram que seções isoladas do intestino removidas do corpo criavam uma onda reflexa de contrações peristálticas quando a pressão do lúmen aumentava. O que eles observaram foi a habilidade do SNE de realizar um reflexo independentemente do controle exercido pelo sistema nervoso central (SNC). O sistema nervoso entérico controla a motilidade, a secreção e o crescimento do trato digestório. Anatômica e funcionalmente, o SNE compartilha muitas características com o SNC: (NEURÔNIO INTRÍNSECOS) Os neurônios intrínsecos dos dois plexos nervosos do trato digestório são aqueles que se situam completamente dentro da parede do trato GI, exatamente como os interneurônios estão contidos inteiramente no SNC. Os neurônios autonômicos que levam sinais do SNC para o sistema digestório são denominados neurônios extrínsecos. (NEUROTRANSMISSORES E NEUROMODULADORES) Os neurônios do SNE liberam mais de 30 neurotransmissores e neuromoduladores, a maioria dos quais são idênticos a moléculas encontradas no encéfalo. Esses neurotransmissores são algumas vezes chamados de não adrenérgicos, não colinérgicos para os distinguir dos neurotransmissores autonômicos tradicionais, noradrenalina e acetilcolina. Entre os neurotransmissores e neuromoduladores mais conhecidos estão a serotonina, o peptídeo intestinal vasoativo e o óxido nítrico. (CÉLULAS GLIAS DE SUSTENTAÇÃO) As células gliais de sustentação dos neurônios dentro do SNE são mais similares à astroglia do encéfalo do que às células de Schwann do sistema nervoso periférico. 4. Barreira de difusão. (BARREIRA DE DIFUSÃO) Os capilares que circundam os gânglios no SNE não são muito permeáveis e criam uma barreira de difusão que é similar à barreira hematencefálica dos vasos sanguíneos encefálicos. (CENTROS INTEGRADORES) Como observado anteriormente, reflexos que se originam no trato GI podem ser integrados e atuar sem que os sinais neurais deixem o SNE. Assim, a rede de neurônios do SNE é o seu próprio centro integrador, assim como o encéfalo e a medula espinal. REFLEXOS CURTOS INTEGRADOS NO SISTEMA NERVO ENTÉRICO Os plexos nervosos entéricos na parede intestinal agem como um “pequeno cérebro”, permitindo que reflexos locais sejam iniciados, integrados e finalizados completamente no trato GI. Os reflexos que se originam dentro do sistema nervoso entérico (SNE) e são integrados por ele sem sinais externos são denominados reflexos curtos. O plexo submucoso contém neurônios sensoriais que recebem sinais do lúmen do trato GI. A rede do SNE integra esta informação sensorial e, então, inicia a resposta. O plexo submucoso controla a secreção pelas células epiteliais GI. Os neurônios do plexo mioentérico na camada muscular externa influenciam a motilidade. REFLEXOS LONGOS SÃO INTEGRADOS NO SNC Embora o SNE possa funcionar isoladamente, ele também envia informações sensoriais para o SNC e recebe aferências dele através dos neurônios autonômicos. Um reflexo neural clássico inicia com um estímulo transmitido por um AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO neurônio sensorial para o SNC, onde o estímulo é integrado e atua. No sistema digestório, alguns reflexos clássicos são originados nos receptores sensoriais no trato GI, mas outros são originados fora do sistema digestório. Não importa onde eles se originam, os reflexos digestórios integrados no SNC são chamados de reflexos longos. Os reflexos longos que se originam completamente fora do sistema digestório incluem reflexos antecipatórios e reflexos emocionais. Esses reflexos são chamados de reflexos cefálicos, uma vez que eles se originam no encéfalo. Os reflexos antecipatórios iniciam com estímulos – como visão, cheiro, som ou pensamento no alimento – que preparam o sistema digestório para a refeição que o encéfalo está antecipando. Por exemplo, se você está com fome e sente o cheiro do jantar sendo preparado, você fica com água na boca e seu estômago ronca. Os reflexos emocionais e a sua influência no trato GI ilustram outra ligação entre o cérebro e o sistema digestório. As respostas GI às emoções variam da constipação do viajante a “borboletas no estômago” para vômitos e diarreia induzidos psicologicamente. Nos reflexos longos, o músculo liso e as glândulas do trato GI estão sob controle autonômico. Em geraI, fala-se que a divisão parassimpática é excitatória e realça as funções GI, levando ao seu apelido de “descansar e digerir”. A maioria dos neurônios parassimpáticos para o trato GI são encontrados no nervo vago. Os neurônios simpáticos normalmente inibem as funções GI. MOTILIDADE DO MÚSCULO LISO GI A motilidade no trato gastrintestinal tem dois propósitos: transportar o alimento da boca até o ânus e misturá-lo mecanicamente para quebrá-lo uniformemente em partículas pequenas. Essa mistura maximiza a exposição das partículas às enzimas digestórias, uma vez que aumenta a sua área de superfície. A motilidade gastrintestinal é determinada pelas propriedades do músculo liso GI e é modificada por informações químicas dos nervos, dos hormônios e dos sinais parácrinos. A maior parte do trato GI é composta por músculo liso unitário, com grupos de células eletricamente conectadas por junções comunicantes para criam segmentos contráteis. Regiões diferentes apresentam diferentes tipos de contração. As contrações tônicas são mantidas por minutos ou horas. Elas ocorrem em alguns esfincteres de músculo liso e na porção apical do estômago. As contrações fásicas, com ciclos de contração- -relaxamento que duram apenas alguns segundos, ocorrem na região distal do estômago e no intestino delgado. Os ciclos de contração e relaxamento do músculo liso são associados a ciclos de despolarização e repolarização, denominados potenciais de ondas lentas, ou simplesmente ondas lentas. Pesquisas atuais indicam que as ondas lentas são originadas em uma rede de células, chamadas de células intersticiais de Cajal (denominadas pelo neuroanatomista espanhol Santiago Ramón y Cajal), ou ICCs. Essas células musculares lisas modificadas estão localizadas entre as camadas de músculo liso e os plexos nervosos intrínsecos, podendo atuar como intermediárias entre os neurônios e o músculo liso. POTENCIAL DE AÇÃO Parece que as ICCs funcionam como marca-passos para a atividade de ondas lentas em diferentes regiões do trato GI, bem como as células do sistema de condução cardíaca agem como marca-passos para o coração. Os potenciais de ondas lentas diferem dos potenciais de marca-passo miocárdicos, pois as ondas GI ocorrem a uma frequência muito mais baixa (3-12 ondas/min no TGI versus 60-90 ondas/min no miocárdio). A frequência das ondas lentas varia em cada região do trato GI, variando de 3 ondas/min no estômago a 12 ondas/min no duodeno. As ondas lentas, que iniciam espontaneamente nas células intersticiais de Cajal, espalham-se para as camadas musculares lisas adjacentes através de junções comunicantes. Assim como no sistema de condução cardíaco, o marca- passo mais rápido em um grupo de células intersticiais determina o ritmo (“marca o passo”) de todo o grupo. A observação de que as células intersticiais parecem coordenar a motilidade GI tem levado os pesquisadores a trabalharem para estabelecer uma associação entre as células intersticiais e os distúrbios funcionais do intestino, como a síndrome do colo irritável e a constipação crônica. AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO (COMPARAÇÃO COM OMARCA-PASSO CARDÍACO) Outra diferença entre as ondas lentas e os potenciais de marca- passo cardíaco é que as ondas lentas não alcançam o limiar em cada ciclo e, uma onda lenta que não alcança o limiar não causará contração muscular. Quando um potencial de onda lenta alcança o limiar, canais de Ca2+ dependentes de voltagem na fibra muscular abrem-se, o Ca2+ entra, e a célula dispara um ou mais potenciais de ação. A fase de despolarização do potencial de onda lenta, como nas células miocárdicas autorrítmicas, é o resultado da entrada de Ca2+ na célula. Além disso, a entrada de Ca2+ inicia a contração muscular. (CONTRAÇÃO) A contração do músculo liso, como a do músculo cardíaco, é graduada de acordo com a quantidade de Ca2+ que entra na fibra. Quanto maior a duração das ondas lentas, mais potenciais de ação são disparados, e maior é a força da contração muscular. A probabilidade de uma onda lenta disparar um potencial de ação depende principalmente das informações provenientes do sistema nervoso entérico. TIPOS DE CONTRAÇÕES As contrações musculares no trato gastrintestinal ocorrem em três padrões que levam a diferentes tipos de movimentos no trato. COMPLEXO MOTOR MIGRATÓRIO Entre as refeições, quando o trato está em grande parte vazio, ocorre uma série de contrações que começam no estômago e passam lentamente de segmento em segmento, levando aproximadamente 90 minutos para alcançarem o intestino grosso. Este padrão, denominado complexo motor migratório, é uma função de “limpeza da casa” que varre as sobras do bolo alimentar e bactérias do trato GI superior para o intestino grosso. As contrações musculares durante e após uma refeição seguem um dos dois outros padrões. PERISTALTISMO O peristaltismo são ondas progressivas de contração que se movem de uma seção do trato GI para a próxima, assim como as “ondas” humanas que ondulam em torno de um estádio de futebol ou de uma arena de basquete. No peristaltismo, os músculos circulares contraem o segmento apical a uma massa, ou bolo, de alimento. Essa contração empurra o bolo para a frente até um segmento receptor, onde os músculos circulares estão relaxados. O segmento receptor, então, contrai, continuando o movimento para a frente. As contrações peristálticas empurram um bolo para a frente a uma velocidade entre 2 e 25 cm/s. O peristaltismo no esôfago propele o material da faringe para o estômago. A peristalse contribui para a mistura do bolo no estômago, porém, na digestão normal, as ondas peristálticas intestinais são limitadas a curtas distâncias. CONTRAÇÕES SEGMENTARES Nas contrações segmentares, segmentos curtos (1-5 cm) de intestino contraem e relaxam alternadamente. Nos segmentos contraídos, o músculo circular contrai, ao passo que o músculo longitudinal relaxa. Essas contrações podem ocorrer aleatoriamente ao longo do intestino ou a intervalos regulares. As contrações segmentares alternadas agitam o conteúdo intestinal, misturando-o e mantendo-o em contato com o epitélio absortivo. Quando os segmentos contraem sequencialmente, em uma direção oral-aboral, os conteúdos intestinais são propelidos por curtas distâncias. Os distúrbios de motilidade estão entre os problemas gastrintestinais mais comuns. Eles variam de espasmos esofágicos e retardo do esvaziamento gástrico (estômago) a constipação e diarreia. A síndrome do colo irritável é um distúrbio funcional crônico caracterizado por alteração dos hábitos intestinais e dor abdominal. FOCO CLÍNICO (DIABETES: ESVAZIAMENTO GÁSTRICO LENTO) O diabetes melito atinge quase todos os sistemas de órgãos. O trato digestório não é exceção. Um problema que assola mais de um terço de todas as pessoas com diabetes é a gastroparesia, também chamada de esvaziamento gástrico lento. Nestes pacientes, o complexo motor migratório está AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO ausente entre as refeições e o esvaziamento do estômago é lento. Muitos pacientes, como consequência, sofrem de náuseas e vômitos. A causa da gastroparesia diabética não está esclarecida, porém estudos recentes com modelos animais e pacientes mostram perda ou disfunção das células intersticiais de Cajal. Essas células funcionam como marca-passos e como ligação entre as células musculares lisas GI e os sistemas nervosos autônomo e entérico. Considerando o modelo cardíaco do marca- -passo externo, os pesquisadores estão testando um marca-passo gástrico implantável para promover a motilidade gástrica em pacientes diabéticos com gastroparesia grave. Referência Bibliográfica: livro: Fisiologia Humana - Silverthorn OBJ 2: Relacionar os aspectos emocionais com problemas gastrointestinais. RELAÇÃO DOS ASPECTOS EMOCIONAIS COM PROBLEMAS GASTROINTESTINAIS Você já teve prisão de ventre ou diarreia quando estava estressado ou nervoso? Isso acontece porque o intestino tem seu próprio sistema nervoso, que está ligado ao cérebro através de ramificações. Por isso, quando a pessoa sente alguma emoção forte, ela pode ter problemas no funcionamento intestinal, como diarreia, constipação, gases, síndrome do intestino irritável, dor abdominal ou até mesmo úlcera. No entanto, tudo isso depende da sensibilidade de cada um – diante de situações difíceis, alguns podem ter o intestino preso, outros podem ter o intestino solto. Por exemplo, no caso das mulheres, é muito comum o intestino travar durante viagens, por exemplo, ou quando elas estão de mau humor. Para evitar tudo isso, é importante manter a flora intestinal equilibrada entre bactérias boas e ruins, com a ingestão adequada de água e fibras, além da prática regular de atividade física. (ANTIBIÓTICOS) Esse desequilíbrio da flora intestinal pode ser causado pelo uso de antibióticos ou por uma alimentação contaminada. Nesse caso, as bactérias ruins podem se sobressair, causando infecções que levam a problemas como gases, distensão abdominal, diarreia, prisão de ventre e até febre. Em alguns casos, essas bactérias podem até sair do intestino e chegar ao sangue, causando a chamada colite pseudomembranosa. Quando há esse desequilíbrio, geralmente o corpo demora de 7 a 10 dias para se recuperar e voltar ao número ideal de micro-organismos no trato intestinal. O cirurgião do aparelho digestivo alerta ainda que, no caso de diarreia, é melhor evitar a ingestão de leite e derivados do leite. Para ajudar a manter a flora intestinal equilibrada, a dica é ingerir alimentos probióticos, que têm bactérias boas que fazem bem para o organismo e ajudam no sistema imunológico. Porém, para ser considerado probiótico, o alimento tem que ter bactérias que resistam ao processo de digestão e cheguem vivas ao intestino, onde vão atuar de maneira positiva. Por isso, é importante olhar sempre o rótulo, principalmente dos iogurtes, para ver se são mesmo probióticos. (PRÉ-BIÓTICOS) Existem ainda os prebióticos, que são alguns tipos de fibras que servem de alimento para os probióticos no trato intestinal, induzindo o crescimento das bactérias boas. Eles podem ser consumidos em forma de cápsulas ou através de alimentos como chicória, batata yacon, cebola ou alho, por exemplo. Por último, o cirurgião falou sobre os simbióticos, que são produtos que combinam os probióticos e prebióticos. No entanto, nesse caso, eles não são adquiridos através de alimentos, mas em sachês e cápsulas, indicados para quem tem alterações no trato gastrointestinal ou também na prevenção de câncer no intestino. A recomendação para quem quer ingerir os simbióticos é sempre procurar a orientação de um nutricionista antes. Referência Bibliográfica: site hospital de endoscopia Ramiro Mascarenhas AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO OBJ 3: Explicar as etapas da digestão. DIGESTÃO E ABSORÇÃO A maioria das secreções GI facilitam a digestão. O sistema GI digere macromoléculasem unidades absorvíveis usando uma combinação de degradação mecânica e enzimática. A mastigação e a agitação gástrica produzem pedaços menores de alimento com mais área de superfície exposta às enzimas digestórias. O pH no qual as diferentes enzimas digestórias funcionam melhor reflete a localização onde elas são mais ativas. Por exemplo, enzimas que agem no estômago funcionam bem em pH ácido, e aquelas que são secretadas no intestino delgado funcionam melhor em pH alcalino. A maior parte da absorção ocorre no intestino delgado, com absorção adicional de água e de íons no intestino grosso. A absorção, assim como a secreção, utiliza muitas das mesmas proteínas de transporte do túbulo renal. Uma vez absorvidos, os nutrientes entram no sangue ou na circulação linfática. PROCESSO DE DIGESTÃO O processamento do alimento é tradicionalmente dividido em três fases: cefálica, gástrica e intestinal. FASE CEFÁLICA Os processos digestórios no corpo iniciam antes que a comida entre na boca. Simplesmente cheirar, ver, ou até mesmo pensar sobre o alimento pode fazer a nossa boca salivar ou nosso estômago roncar. Estes reflexos longos que iniciam no cérebro criam uma resposta antecipatória, conhecida como fase cefálica da digestão. O estímulo antecipatório e o estímulo do alimento na cavidade oral ativam neurônios no bulbo. O bulbo, por sua vez manda sinais eferentes através de neurônios autonômicos para as glândulas salivares, e através do nervo vago para o sistema nervoso entérico. Em resposta a esses sinais, o estômago, o intestino e os órgãos glandulares acessórios iniciam a secreção e aumentam a motilidade em antecipação ao alimento que virá. DIGESTÃO MECÂNICA Quando o alimento inicialmente entra na boca, ele é inundado por uma secreção, a qual chamamos de saliva. A digestão mecânica dos alimentos inicia na cavidade oral com a mastigação. Os lábios, a língua e os dentes contribuem para a mastigação do alimento, criando uma massa amolecida e umedecida (bolo) que pode ser facilmente engolida. DEGLUTIÇÃO O ato de engolir, ou deglutição, é uma ação reflexa que empurra o bolo de alimento ou de líquido para o esôfago. O estímulo para a deglutição é a pressão criada quando a língua empurra o bolo contra o palato mole e a parte posterior da boca. A pressão do bolo ativa neurônios sensoriais que levam informações pelo nervo glossofaríngeo (nervo craniano IX) para o centro da deglutição no bulbo. As eferências do centro da deglutição consistem em neurônios motores somáticos que controlam os músculos esqueléticos da faringe e do esôfago superior, bem como neurônios autonômicos que agem nas porções inferiores do esôfago. Quando o reflexo de deglutição inicia, o palato mole eleva-se para fechar a nasofaringe. A contração muscular move a laringe para cima e para a frente, o que ajuda a fechar a traqueia e abrir o esfíncter esofágico superior. (EPIGLOTE) Enquanto o bolo se move para baixo no esôfago, a epiglote dobra-se para baixo, completando o fechamento das vias aéreas superiores e prevenindo que alimentos ou líquidos entrem nas vias aéreas. Ao mesmo tempo, a respiração é brevemente inibida. Quando o bolo se aproxima do esôfago, o esfíncter esofágico superior relaxa. Ondas de contrações peristálticas, então, empurram o bolo em direção ao estômago, auxiliadas pela gravidade. (ESFÍNCTER ESOFÁGICO INFERIOR) A extremidade inferior do esôfago situa-se logo abaixo do diafragma e é separada do estômago pelo esfíncter esofágico inferior. Esta área não é um esfíncter verdadeiro, mas uma região de tensão AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO muscular relativamente alta que atua como uma barreira entre o esôfago e o estômago. Quando os alimentos são deglutidos, a tensão relaxa, permitindo a passagem do bolo alimentar para o estômago. (REFLUXO GASTROESOFÁGICO) Se o esfíncter esofágico inferior não permanecer contraído, o ácido gástrico e a pepsina podem irritar a parede do esôfago, levando à dor e à irritação do refluxo gastresofágico, mais conhecido como azia. Durante a fase da inspiração da respiração, quando a pressão intrapleural cai, as paredes do esôfago expandem- se. A expansão cria uma pressão subatmosférica no lúmen esofágico, que pode sugar o conteúdo ácido do estômago se o esfíncter estiver relaxado. A agitação do estômago, quando este está cheio, pode também esguichar ácido de volta para o esôfago se o esfíncter não estiver completamente contraído. A doença do refluxo gastresofágico ou DRGE, é um dos mais comuns problemas digestórios na sociedade norte-americana. FASE GÁSTRICA Aproximadamente 3,5 litros de comida, bebida e saliva entram no fundo do estômago a cada dia. O estômago possui três funções gerais: 1. Armazenamento: o estômago armazena alimento e regula a sua passagem para o intestino delgado, onde ocorre a maior parte da digestão e da absorção; 2. Digestão: o estômago digere a comida, química e mecanicamente, formando a mistura “cremosa” de partículas uniformemente pequenas, chamada de quimo; 3. Defesa: o estômago protege o corpo por destruir muitas das bactérias e outros patógenos que são deglutidos juntamente com a comida ou aprisionados no muco das vias respiratórias. Ao mesmo tempo, o estômago precisa proteger a si mesmo de ser agredido por suas próprias secreções. Antes da chegada do alimento, a atividade digestória no estômago inicia com um reflexo vagal longo da fase cefálica. Depois, quando o bolo entra no estômago, estímulos no lúmen gástrico iniciam uma série de reflexos curtos, que constituem a fase gástrica da digestão. Nos reflexos da fase gástrica, a distensão do estômago e a presença de peptídeos ou de aminoácidos no lúmen ativam células endócrinas e neurônios entéricos. Hormônios, neurotransmissores e moléculas parácrinas, então, influenciam a motilidade e a secreção. FUNÇÃO DE ARMAZENAMENTO Quando o alimento chega do esôfago, o estômago relaxa e expande para acomodar o volume aumentado. Este reflexo mediado neuralmente é chamado de relaxamento receptivo. A metade superior do estômago permanece relativamente em repouso, retendo o bolo alimentar até que ele esteja pronto para ser digerido. A função de armazenamento do estômago é talvez o aspecto me nos óbvio da digestão. Todavia, quando ingerimos mais do que necessitamos do ponto de vista nutricional, o estômago precisa regular a velocidade na qual o quimo entra no intestino delgado. Sem essa regulação, o intestino delgado não seria capaz de digerir e absorver a carga de quimo que chega, e quantidades significativas de quimo não absorvido passariam para o intestino grosso. O epitélio do intestino grosso não é projetado para absorção de nutrientes em larga escala, então a maioria do quimo se tornará fezes, resultando em diarreia. Este “distúrbio do esvaziamento” (“síndrome de dumping”) é um dos efeitos colaterais mais desagradáveis da cirurgia que remove porções do estômago ou do intestino delgado. Enquanto a parte superior do estômago está retendo o bolo alimentar, a parte inferior do estômago está ocupada com a digestão. Na metade distal do estômago, uma série de ondas peristálticas empurra o bolo alimentar para baixo, em direção ao piloro, misturando-o com o ácido e as enzimas digestórias. Quando as partículas grandes são digeridas e a textura do quimo fica mais uniforme, cada onda contrátil ejeta uma pequena quantidade de quimo no duodeno através do piloro. O aumento da motilidade gástrica durante a refeição está principalmente sob controle neural e é estimulada pela distensão do estômago. AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO FUNÇÃO DE EQUILÍBRIO DA DIGESTÃO E DE DEFESA Sob condições normais, a mucosa gástrica protege a si mesma da autodigestão por ácido e enzimas com uma barreira muco- -bicarbonato. As células mucosas na superfícieluminal e no colo das glândulas gástricas secretam ambas as substâncias. O muco forma uma barreira física, e o bicarbonato cria uma barreira tamponante química subjacente ao muco. Os pesquisadores mostraram, utilizando microeletrodos, que a camada de bicarbonato logo acima das células da superfície do estômago possui um pH próximo a 7, mesmo quando o pH no lúmen é bastante ácido – próximo a 2. A secreção de muco aumenta quando o estômago é irritado, como pela ingestão de ácido acetilsalicílico ou de álcool. (ÚLCERA PÉPTICA) Mesmo a barreira muco-bicarbonato pode falhar algumas vezes. Na síndrome de Zollinger-Ellison, os pacientes secretam níveis excessivos de gastrina, geralmente de tumores secretores de gastrina no pâncreas. Como resultado, a hiperacidez no estômago supera os mecanismos protetores normais e causa úlcera péptica. Na úlcera péptica, o ácido e a pepsina destroem a mucosa, criando orifícios que se estendem para dentro da submucosa e muscular do estômago e do duodeno. O refluxo ácido para o esôfago pode corroer a camada mucosa. (AINES) O excesso de secreção ácida é uma causa incomum de úlcera péptica. As causas mais comuns são os fármacos anti- -inflamatórios não esteroides (AINEs), como o ácido acetilsalicílico, e a inflamação da mucosa gástrica promovida pela bactéria Helicobacter pylori. Por muitos anos, a principal terapia para o excesso de secreção ácida, ou dispepsia, foi a ingestão de antiácidos, agentes que neutralizam o ácido no lúmen gástrico. Contudo, à medida que os biólogos moleculares exploraram o mecanismo da secreção ácida pelas células parietais, o potencial para novos tratamentos tornou-se evidente. Atualmente, existem duas classes de fármacos para combater a hiperacidez: os antagonistas de receptores H2 e os inibidores da bomba de prótons que bloqueiam a H+ -K- -ATPase. FASE INTESTINAL Uma vez que o quimo passa ao intestino delgado, a fase intestinal da digestão inicia. O quimo que entra no intestino delgado sofreu relativamente pouca digestão química, então sua entrada no duodeno deve ser controlada para evitar sobrecarga ao intestino delgado. A motilidade no intestino delgado também é controlada. Os conteúdos intestinais são lentamente propelidos para a frente por uma combinação de contrações segmentares e peristálticas. Essas ações misturam o quimo com enzimas, e elas expõem os nutrientes digeridos para o epitélio mucoso para absorção. Os movimentos para a frente do quimo ao longo do intestino devem ser suficientemente lentos para permitir que a digestão e a absorção sejam completadas. A inervação parassimpática e os hormônios GI gastrina e CCK promovem a motilidade intestinal; a inervação simpática inibe-a. Aproximadamente 5,5 litros de alimentos, líquidos e secreções entram no intestino delgado a cada dia, e cerca de 3,5 litros de secreções hepática, pancreática e intestinal são adicionados, perfazendo uma entrada total de 9 litros no lúmen. Tudo, menos cerca de 1,5 litro deste volume, é absorvido no intestino delgado, a maioria no duodeno e no jejuno. (ANATOMIA DO INTESTINO DELGADO) A anatomia do intestino delgado facilita a secreção, a digestão e a absorção por maximizar a área de superfície. No nível macroscópico, a superfície do lúmen é esculpida em vilosidades similares a dedos e criptas profundas. A maior parte da absorção ocorre ao longo das vilosidades, ao passo que a secreção de fluidos e de hormônios e a renovação celular a partir de células-tronco ocorrem nas criptas. Ao nível microscópico, a superfície apical dos enterócitos é modificada em microvilosidades, cujas superfícies são cobertas com enzimas ligadas à membrana e um revestimento de glicocálice. A superfície do epitélio intestinal é chamada de borda em escova devido à aparência de cerdas das microvilosidades. ABSORÇÃO A maioria dos nutrientes absorvidos ao longo do epitélio intestinal vai para capilares nas vilosidades para distribuição através do sistema circulatório. A exceção são as gorduras digeridas, a maioria das quais passa para vasos do sistema linfático. O sangue venoso proveniente do trato digestório não vai diretamente de volta ao coração. AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO (SISTEMA PORTA-HEPÁTICO) Em vez disso, ele passa para o sistema porta-hepático. Essa região especializada da circulação tem dois conjuntos de leitos capilares: um que capta nutrientes absorvidos no intestino, e outro que leva os nutrientes diretamente para o fígado. O envio de materiais absorvidos diretamente para o fígado ressalta a importância desse órgão como um filtro biológico. Os hepatócitos contêm uma variedade de enzimas, como as isoenzimas citocromo p450, que metabolizam fármacos e xenobióticos e os retiram da circulação sanguínea antes de eles alcançarem a circulação sistêmica. A depuração hepática é uma das razões pelas quais um fármaco administrado via oral deve ser dado em doses mais altas do que o mesmo fármaco administrado por infusão intravenosa. DIGESTÃO NO INTESTINO DELGADO A secreção intestinal, pancreática e hepática de enzimas e de bile é essencial para a função digestória normal. Embora uma quantidade significativa de digestão mecânica ocorra na boca e no estômago, a digestão química do alimento é limitada a uma pequena quantidade de quebra de amido e digestão incompleta de proteínas no estômago. Quando o quimo entra no intestino delgado, a digestão de proteínas cessa quando a pepsina é inativada no pH intestinal alto. As enzimas pancreáticas e da borda em escova, então, finalizam a digestão de peptídeos, carboidratos e gorduras em moléculas menores que podem ser absorvidas. Referência Bibliográfica: livro: Fisiologia Humana - Silverthorn OBJ 4: Compreender os mecanismos bioquímicos relacionados à produção das secreções digestivas. SALIVA A saliva é uma secreção exócrina. A saliva é um complexo fluido hiposmótico que contém água, íons, muco e proteínas, como enzimas e imunoglobulinas. Três pares de glândulas salivares produzem tanto quanto 1,5 litro de saliva por dia. As glândulas salivares são glândulas exócrinas, com o epitélio secretor disposto em agrupamentos de células como cachos de uvas, chamados de ácinos. Cada ácino circunda um ducto, e os ductos individuais juntam-se para formar ductos cada vez mais largos (como os caules em um cacho de uvas). O principal ducto secretor de cada glândula esvazia na boca. As secreções dos três pares de glândulas salivares variam em composição. As glândulas parótidas produzem uma solução aquosa de enzimas, ao passo que as glândulas sublinguais produzem uma saliva rica em muco. As secreções das glândulas submandibulares são mistas, com ambos, muco e enzimas. FUNÇÕES DA SALIVA A saliva tem quatro funções importantes: 1. Amolecer e lubrificar o alimento: a água e o muco na saliva amolecem e lubrificam o alimento para torná-lo mais fácil de deglutir. Você pode avaliar essa função se alguma vez já tentou engolir uma bolacha seca sem mastigá-la completamente; 2. Digestão do amido: a digestão química inicia com a secreção da amilase salivar. A amilase quebra o amido em maltose depois que a enzima é ativada por Cl- na saliva. Se você mastigar uma bolacha sem sal por algum tempo, perceberá a conversão do amido em maltose, a qual é mais doce; 3. Gustação: a saliva dissolve o alimento para que possamos sentir seu gosto; 4. Defesa: a função final da saliva é a defesa. A lisozima é uma enzima salivar antibacteriana, e imunoglobulinas salivares incapacitam bactérias e vírus. Além disso, a saliva ajuda a limpar os dentes e manter a língua livre de partículas alimentares. AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO PRODUÇÃO DA SALIVA A produção de saliva é um processo de dois passos. O fluido inicial secretado pelas células acinares se assemelha ao líquido extracelular em sua composição iônica: uma solução isotônica de NaCl. Conforme este fluido passa através do ducto no seu caminhopara a cavidade oral, as células epiteliais ao longo do ducto reabsorvem NaCl e secretam K- e íon bicarbonato até que a razão entre os íons no fluido do ducto seja mais parecida com a do líquido intracelular (alta em K- e baixa em Na+). As membranas apicais das células do ducto têm pouca permeabilidade à água, e a remoção efetiva de soluto do fluido secretado resulta em saliva hiposmótica em relação ao plasma. A salivação está sob controle autonômico e pode ser desencadeada por múltiplos estímulos, incluindo visão, cheiro, contato e até mesmo o pensamento no alimento. A inervação parassimpática é o estímulo primário para a secreção da saliva, mas também há alguma inervação simpática nas glândulas. Na China antiga, algumas vezes era dado a uma pessoa sob suspeita de crime um punhado de arroz seco para mastigar durante o interrogatório. Se ela pudesse produzir saliva o suficiente para umedecer o arroz e o engolir, era libertada. No entanto, se seu nervosismo secasse a sua secreção salivar reflexa, ela seria declarada culpada. Pesquisas recentes têm confirmado que o estresse, como o associado à mentira ou à ansiedade ao ser questionado, diminui o volume de secreção salivar. SECREÇÕES GÁSTRICAS O lúmen do estômago é alinhado com o epitélio produtor de muco, pontuado por aberturas de fovéolas (fossas) gástricas. As fossas levam a glândulas gástricas profundas dentro da camada mucosa. Múltiplos tipos celulares dentro das glândulas produzem ácido gástrico (HCl), enzimas, hormônios e moléculas parácrinas. SECREÇÃO DE GASTRINA As células G, encontradas profundamente nas glândulas gástricas, secretam o hormônio gastrina no sangue. Em reflexos curtos, a liberação de gastrina é estimulada pela presença de aminoácidos e de peptídeos no estômago e por distensão do estômago. O café (mesmo o descafeinado) também estimula a liberação de gastrina – uma razão para que pessoas com síndromes de secreção ácida excessiva evitem a ingestão de café. A liberação de gastrina é também desencadeada por reflexos neurais. Os reflexos curtos são mediados por um neurotransmissor do SNE, chamado de peptídeo liberador de gastrina (GRP). Nos reflexos cefálicos, os neurônios parassimpáticos do nervo vago estimulam as células G para que elas liberem gastrina no sangue. A principal ação da gastrina é promover a liberação de ácido. Ela faz isso diretamente por agir nas células parietais e indiretamente por estimular a liberação de histamina. SECREÇÃO ÁCIDA As células parietais profundas nas glândulas gástricas secretam o ácido gástrico (HCl) no lúmen do estômago. A secreção ácida no estômago é, em média, de 1 a 3 litros por dia e pode criar um pH luminal tão baixo quanto 1. O pH citoplasmático das células parietais é de cerca de 7,2, ou seja, as células bombeiam H+ contra um gradiente que pode ser 1,5 milhão de vezes mais concentrado no lúmen. O ácido gástrico tem múltiplas funções: ü O ácido no lúmen do estômago causa a liberação e a ativação da pepsina, uma enzima que digere proteínas; ü O ácido desencadeia a liberação de somatostatina pelas células D. A somatostatina é discutida posteriormente na seção de sinais parácrinos; ü O HCl desnatura proteínas por quebrar as ligações dissulfeto e de hidrogênio que mantêm a estrutura terciária da proteína. Cadeias proteicas desenoveladas podem deixar as ligações peptídicas entre os aminoácidos mais acessíveis à digestão pela pepsina; ü O ácido gástrico ajuda a destruir bactérias e outros microrganismos ingeridos; AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO ü O ácido inativa a amilase salivar, cessando a digestão de carboidratos que iniciou na boca. O processo inicia quando o H+ do citosol da célula parietal é bombeado para o lúmen do estômago em troca por K, que entra na célula, por uma H+-K--ATPase. O Cl-, então, segue o gradiente elétrico criado por H, movendo-se através de canais de cloreto abertos. O resultado líquido é a secreção de HCl pela célula. Ao aprender o mecanismo celular de secreção ácida na célula parietal, os cientistas foram capazes de desenvolver uma nova classe de fármacos para tratar a hipersecreção de ácido gástrico. Estes fármacos, conhecidos como inibidores da bomba de prótons (PPIs), bloqueiam a atividade da H+-K--ATPase. Versões genéricas de alguns PPIs (p. ex., omeprazol) estão disponíveis para venda nos Estados Unidos. Enquanto o ácido está sendo secretado no lúmen, o bicarbonato produzido a partir de CO2 e OH- da água é absorvido para o sangue. A ação tamponante do HCO3 torna o sangue menos ácido ao deixar o estômago, criando uma maré alcalina que pode ser medida enquanto uma refeição está sendo digerida. SECREÇÃO ENZIMÁTICA O estômago produz duas enzimas: pepsina e uma lipase gástrica. A pepsina realiza a digestão inicial de proteínas. Ela é particularmente efetiva no colágeno e, assim, tem um importante papel na digestão de carne. (PEPSINA) A pepsina é secretada na forma inativa pepsinogênio pelas células principais das glândulas gástricas. O ácido estimula a liberação de pepsinogênio por meio de um reflexo curto mediado no SNE. Uma vez no lúmen do estômago, o pepsinogênio é clivado à pepsina ativa pela ação do H, e a digestão proteica inicia. A lipase gástrica é cossecretada com a pepsina. As lipases são enzimas que quebram triacilgliceróis. No entanto, menos de um terço da digestão de gordura ocorre no estômago. SECREÇÕES PARÁCRINAS As secreções parácrinas da mucosa gástrica incluem histamina, somatostatina e fator intrínseco. (HISTAMINA) A histamina é um sinal parácrino secretado pelas células semelhantes às enterocromafins (células ECL) em resposta à estimulação por gastrina ou por acetilcolina. A histamina difunde-se para o seu alvo, as células parietais, estimulando a secreção ácida por se ligar a receptores H2 nas células parietais. Os antagonistas de receptores H2 (p. ex., cimetidina e ranitidina) que bloqueiam a ação da histamina são a segunda classe de fármacos usados para tratar a hipersecreção ácida. (FATOR INTRÍNSECO) O fator intrínseco é uma proteína secretada pelas células parietais, mesmas células gástricas que secretam ácido. No lúmen do estômago e do intestino delgado, o fator intrínseco se complexa com a vitamina B12, um passo que é necessário para a absorção da vitamina no intestino. (SOMATOSTATINA) A somatostatina (SS), também conhecida como hormônio inibidor do hormônio do crescimento, é secretada por células D no estômago. A somatostatina é o sinal de retroalimentação negativa primário da secreção na fase gástrica. Ela reduz a secreção ácida direta e indiretamente por diminuir a secreção de gastrina e histamina. A somatostatina também inibe a secreção de pepsinogênio. ENZIMAS DIGESTÓRIAS As enzimas digestórias são secretadas tanto por glândulas exócrinas (glândulas salivares e o pâncreas) quanto por células epiteliais no estômago e no intestino delgado. As enzimas são proteínas, as quais são sintetizadas pelo retículo endoplasmático rugoso, empacotadas pelo aparelho de Golgi em vesículas secretoras e, então, estocadas nas células até serem necessárias. Conforme a necessidade, elas são liberadas por exocitose. Muitas enzimas intestinais permanecem ligadas às membranas apicais das células intestinais, ancoradas por proteínas transmembranas “hastes” ou âncoras lipídicas. Algumas enzimas digestórias são secretadas na forma de proenzimas inativas, conhecidas como zimogênios. Os zimogênios devem ser ativados no lúmen GI antes que eles possam realizar a digestão. Sintetizar as enzimas em uma forma não funcional permite que elas sejam estocadas nas células que as produzem sem causar dano AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO às mesmas. A nomenclatura dos zimogênios frequentemente tem o sufixo–ogênio adicionado ao nome da enzima, como pepsinogênio. MUCO O muco é uma secreção viscosa composta primariamente de glicoproteínas,chamadas de mucinas. As principais funções do muco são formar uma cobertura protetora sobre a mucosa GI e lubrificar o conteúdo do intestino. O muco é feito em células exócrinas especializadas, chamadas de células mucosas, no estômago e nas glândulas salivares, e células caliciformes no intestino. As células caliciformes constituem entre 10 e 24% da população celular intestinal. Os sinais para a liberação de muco incluem inervação parassimpática, vários neuropeptídeos encontrados no sistema nervoso entérico e citocinas provenientes dos imunócitos. As infecções parasitárias e os processos inflamatórios no trato GI também causam aumento substancial na produção de muco, à medida que o corpo tenta fortalecer suas barreiras protetoras. SECREÇÕES INTESTINAIS A cada dia, o fígado, o pâncreas e o intestino produzem mais de 3 litros de secreções, cujos conteúdos são necessários para completar a digestão dos nutrientes ingeridos. As secreções adicionadas incluem enzimas digestórias, bile, bicarbonato, muco e solução isotônica de NaCl. 1. As enzimas digestórias são produzidas pelo epitélio intestinal e pelo pâncreas exócrino. As enzimas da borda em escova intestinal são ancoradas à membrana luminal das células e não são varridas para fora do intestino conforme o quimo é empurrado para a frente. As vias de controle para a liberação de enzimas variam, mas incluem vários sinais neurais, hormonais e parácrinos. Em geral, a estimulação dos neurônios parassimpáticos do nervo vago aumenta a secreção de enzimas; 2. A bile produzida no fígado e secretada pela vesícula biliar é uma solução não enzimática que facilita a digestão de gorduras; 3. A secreção de bicarbonato para dentro do intestino delgado neutraliza o quimo extremamente ácido que vem do estômago. A maior parte do bicarbonato vem do pâncreas e é liberado em resposta a estímulos neurais e à secretina; 4. O muco das células caliciformes intestinais protege o epitélio e lubrifica o conteúdo intestinal; 5. Uma solução isotônica de NaCl mistura-se com o muco para ajudar a lubrificar o conteúdo do intestino. CRIPTAS DO INTESTINO DELGADO SECRETANDO NaCl As células das criptas do intestino delgado e do colo secretam uma solução isotônica de NaCl em um processo similar ao passo inicial da salivação. O cloreto do LEC entra nas células via transportadores NKCC e, em seguida, sai para o lúmen através de um canal de Cl- , conhecido como canal regulador de condutância transmembrana de fibrose cística, ou canal CFTR. O movimento do Cl- negativamente carregado para o lúmen atrai o Na+ por meio do gradiente elétrico através de junções comunicantes celulares. A água segue o Na+ ao longo do gradiente osmótico criado pela redistribuição do NaCl. O resultado é a secreção de solução salina isotônica. PÂNCREAS SECRETANTO ENZIMAS DIGESTÓRIAS E BICABORNATO O pâncreas é um órgão que contém ambos os tipos de epitélio secretor: endócrino e exócrino. A secreção endócrina é proveniente de agrupamentos de células, chamadas de ilhotas, e inclui os hormônios insulina e glucagon. As secreções exócrinas incluem enzimas digestórias e uma solução aquosa de bicarbonato de sódio, NaHCO3. A porção exócrina do pâncreas consiste em lóbulos, chamados de ácinos, similares àqueles das glândulas salivares. Os ductos dos ácinos esvaziam no duodeno. As células acinares secretam enzimas digestórias, e as células do ducto secretam solução de NaHCO3. (SECREÇÃO DE ENZIMAS) A maior parte das enzimas pancreáticas são secretadas como zimogênios, que devem ser ativados no momento de chegada no intestino. Este processo de ativação é uma cascata que inicia quando a AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO enteropeptidase da borda em escova (previamente chamada de enterocinase) converte o tripsinogênio inativo em tripsina. A tripsina, então, converte os outros zimogênios pancreáticos em suas formas ativas. Os sinais para a liberação das enzimas pancreáticas incluem distensão do intestino delgado, presença de alimento no intestino, sinais neurais e hormônio CCK. As enzimas pancreáticas entram no intestino em um fluido aquoso que também contém bicarbonato. (SECREÇÃO DE BICARBONATO) A secreção de bicarbonato para o duodeno neutraliza o ácido proveniente do estômago. Uma pequena quantidade de bicarbonato é secretada por células duodenais, mas a maior parte vem do pâncreas. A produção de bicarbonato requer altos níveis da enzima anidrase carbônica, níveis similares àqueles encontrados nas células tubulares renais e nos eritrócitos. O bicarbonato produzido a partir de CO2 e água é secretado por um trocador apical Cl- -HCO3-. Os íons hidrogênio produzidos juntamente com o bicarbonato deixam a célula por trocadores Na+-H+ na membrana basolateral. O H então reabsorvido na circulação intestinal ajuda a equilibrar o HCO3 colocado na circulação quando as células parietais secretaram H+ no estômago. O cloreto trocado por bicarbonato entra na célula pelo cotransportador NKCC na membrana basolateral e sai por um canal CFTR na apical. O Cl- luminal, então, reentra na célula em troca de HCO3 entrando no lúmen. Defeitos na estrutura ou na função do canal CFTR causam a doença fibrose cística, e a perturbação da secreção pancreática é uma característica dessa doença. (FIBROSE CÍSTICA) Na fibrose cística, uma mutação herdada faz a proteína do canal CFTR ser defeituosa ou ausente. Como resultado, a secreção de Cl- e fluido cessa, mas as células caliciformes continuam a secretar muco, resultando em espessamento do muco. No sistema digestório, o muco espesso obstrui ductos pancreáticos pequenos e impede a secreção de enzimas digestórias no intestino. Nas vias aéreas do sistema respiratório, onde o canal CFTR também é encontrado, a falha na secreção de líquido dificulta o movimento mucociliar devido ao muco espesso, levando a infecções pulmonares recorrentes. Em ambos, pâncreas e criptas intestinais, a secreção de sódio e água é um processo passivo, dirigido por gradientes eletroquímicos e osmóticos. O movimento de íons negativos do LEC para o lúmen cria um gradiente elétrico negativo no lúmen que atrai Na+. O sódio move-se a favor do gradiente eletroquímico através de junções comunicantes entre as células. A transferência de Na+ e de HCO3 do LEC para o lúmen cria um gradiente osmótico, e a água segue por osmose. O resultado final é a secreção de uma solução aquosa de bicarbonato de sódio. FÍGADO SECRETANDO A BILE A bile é uma solução não enzimática secretada pelos hepatócitos, ou células do fígado. Os componentes-chave da bile são (1) sais biliares, que facilitam a digestão enzimática de gorduras, (2) pigmentos biliares, como a bilirrubina, que são os produtos residuais da degradação da hemoglobina, e (3) colesterol, que é excretado nas fezes. Fármacos e outros xenobióticos são depurados do sangue pelo processamento hepático e são também excretados na bile. Os sais biliares, que agem como detergentes para tornar as gorduras solúveis durante a digestão, são produzidos a partir dos ácidos biliares esteroides combinados com aminoácidos e ionizados. A bile secretada pelos hepatócitos flui pelos ductos hepáticos até a vesícula biliar, que armazena e concentra a solução biliar. Durante uma refeição que inclua gorduras, a contração da vesícula biliar envia bile para o duodeno através do ducto colédoco. A vesícula biliar é um órgão que não é essencial para a digestão normal, e se o ducto torna-se bloqueado por depósitos duros, conhecidos como pedras da vesícula, a vesícula biliar pode ser removida sem criar problemas de longo prazo. Os sais biliares não são alterados durante a digestão das gorduras. Quando eles alcançam a seção terminal do intestino delgado (o íleo), eles encontram células que os reabsorvem e os enviam de volta para a circulação. De lá, os sais biliares retornampara o fígado, onde os hepatócitos os captam novamente e os ressecretam. Esta recirculação dos sais biliares é essencial para a digestão das gorduras, uma vez que o pool de sais biliares do corpo deve circular de 2 a 5 vezes em AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO cada refeição. Alguns resíduos secretados na bile não podem ser reabsorvidos e passam para o intestino grosso para excreção. Referência Bibliográfica: livro: Fisiologia Humana - Silverthorn OBJ 5: Apresentar o processo digestório do metabolismo lipídico, proteico e de carboidrato. DIGESTÃO NO ESTÔMAGO Ocorre alguma digestão dos nutrientes no estômago. No entanto, isso não é necessário para completa digestão do alimento, porque a digestão intestinal é suficiente. Alguma digestão de carboidratos, mediada por amilase, ocorre no estômago. A amilase é sensível ao pH e é inativada no pH baixo; no entanto, parte da amilase é ativa, mesmo no ambiente ácido do estômago, por causa da proteção pelo substrato. Assim, quando carboidrato ocupa os sítios ativos da amilase, eles protegem a enzima da degradação. (DIGESTÃO DE LIPÍDIOS) A digestão de lipídios também começa no estômago. Os padrões de mistura da motilidade gástrica resultam na formação de emulsão de lipídios e lipase gástrica, que adere à superfície das gotas lipídicas na emulsão e gera ácidos graxos livres e monoglicerídeos, dos triglicerídeos da dieta. No entanto, a extensão da hidrólise dos triglicerídeos é de cerca de 10%, e essa hidrólise não é essencial para a digestão e absorção normais dos lipídios da alimentação. Mas, os produtos da lipólise não ficam disponíveis para a absorção, no estômago, devido a seu baixo pH luminal. DIGESÃO NO INTESTINO A função fisiológica mais importante do intestino delgado é a de absorver os produtos da digestão dos nutrientes ingeridos. Quantitativamente, os nutrientes mais significativos (macronutrientes) se dividem em três classes: os carboidratos, as proteínas e os lipídios. O intestino delgado é fundamental não somente para a absorção desses nutrientes para o corpo, mas também para os estágios finais de sua digestão em moléculas simples o suficiente para serem transportadas através do epitélio intestinal. A digestão dos carboidratos ocorre em duas fases: no lúmen do intestino e, em seguida, na superfície dos enterócitos, no processo conhecido como digestão da borda em escova. Este último é importante na geração de açúcares simples e absorvíveis, apenas no ponto onde eles podem, finalmente, ser absorvidos. Isso pode limitar sua exposição ao pequeno número de bactérias presentes no lúmen do intestino delgado e que poderiam usar esses açúcares como nutrientes. METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS Os carboidratos da dieta são compostos por várias classes moleculares diferentes. (AMIDO) O amido, o primeiro deles, é a mistura de polímeros de glicose, retos e ramificados. Os polímeros de cadeias retas são chamados amilose, e as moléculas de cadeia ramificada são chamadas de amilopectina. O amido é fonte particularmente importante de calorias, em especial nos países em desenvolvimento, e é encontrado, predominantemente, em cereais. (DISSACARÍDEOS) Os dissacarídeos são a segunda classe de carboidratos que inclui a sucrose (consistindo em glicose e frutose) e a lactose (consistindo em glicose e galactose), e que é importante fonte calórica para as crianças. Todavia é princípio-chave que o intestino só pode absorver monossacarídeos e não carboidratos grandes. Por fim, muitos itens alimentares de origem vegetal contêm fibras dietéticas, que consistem em polímeros de carboidratos que não podem ser digeridos pelas enzimas humanas. Esses polímeros são digeridos por bactérias presentes no lúmen colônico, permitindo, dessa forma, recuperar os valores calóricos. AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO (DIGESTÃO DA BORDA EM ESCOVA) Os dissacarídeos da dieta são hidrolizados em outros componentes monoméricos, diretamente na superfície das células epiteliais do intestino delgado, no processo conhecido como digestão das bordas em escova e mediado por família de enzimas hidrolíticas, muito glicosiladas ligadas à membrana e que são sintetizadas pelas células epiteliais do intestino delgado. As hidrolases, existentes nas bordas em escova, fundamentais para a digestão dos carboidratos da dieta, incluem a sucrase, a isomaltase, a glucoamilase e a lactase. Acredita-se que a glicosilação dessas hidrolases protejam-nas da degradação pelas proteases pancreáticas. Entretanto, entre as refeições, as hidrolases são degradadas e têm que ser ressintetizadas pelos enterócitos, a fim de participar da digestão dos carboidratos da próxima refeição. A sucrose/isomaltase e a glucoamilase são sintetizadas em quantidades acima das necessárias e a absorção de seus produtos, pelo corpo, é limitada pela disponibilidade de transportadores de membrana específicos para esses monossacarídeos. A lactase, por sua vez, apresenta declínio no desenvolvimento, após o desmame. A relativa escassez de lactase significa que a digestão da lactose, mais do que a captação dos produtos resultantes, é limitada pela intensidade para sua absorção. Se os níveis de lactase caem abaixo de determinado limiar, ocorre doença de intolerância à lactose. DIGESTÃO DE CARBOIDRATOS A digestão de amido ocorre em duas fases. (PRIMEIRA FASE) A primeira ocorre no lúmen e é, de fato, iniciada na cavidade oral, via atividade da amilase salivar. A amilase salivar, entretanto, não é essencial para a digestão do amido, porém pode assumir grande importância em recém-nascidos ou pacientes, nos quais a produção de enzimas pancreáticas está comprometida por alguma doença. Quantitativamente, a contribuição mais significativa para a digestão luminal de amido é feita pela amilase pancreática. Essas duas enzimas hidrolisam as ligações internas alfa-1,4 na amilose e na amilopectina, mas não as ligações externas nem as ligações alfa-1,6 que formam pontos de ramificação na molécula da amilopectina. Assim, a digestão de amido pela amilase é, por necessidade, incompleta e resulta em oligômeros curtos de glicose, incluindo dímeros (maltose) e trímeros (maltotriose), bem como estruturas ramificadas mais simples que são chamadas dextrinas alfa-limitadas. Desse modo, para permitir a absorção desses constituintes monossacarídicos, o amido tem que se submeter à digestão da borda em escova. (SEGUNDA FASE) Na borda em escova, oligômeros de glicose de cadeia ramificada podem ser digeridos pelas hidrolases glucoamilase, sucrase ou isomaltase. Todas produzem monômeros livres de glicose que podem ser absorvidos pelos alguns mecanismos. Para as dextrinas alfa-limitadas, por sua vez, a atividade da isomaltase é fundamental porque é a única enzima que pode quebrar não somente as ligações alfa-1,4, mas também as ligações alfa-1,6, situadas nos pontos de ramificação. METABOLISMO DAS PROTEÍNAS As proteínas também são polímeros solúveis em água, que têm que ser digeridas em constituintes menores, antes que seja possível sua absorção. Sua absorção é mais complicada do que a dos carboidratos, porque contêm 20 aminoácidos diferentes e pequenos oligômeros desses aminoácidos (dipeptídeos, tripeptídeos e, provavelmente, até tetrapeptídeos), que também podem ser transportados pelos enterócitos. O corpo, em particular o fígado, têm capacidade substancial de interconverter vários aminoácidos, sujeitos às necessidades do corpo. Entretanto, alguns aminoácidos, denominados aminoácidos essenciais, não podem ser sintetizados pelo corpo nem de novo ou de outro aminoácido e, então, têm que ser obtidos da dieta. Os aminoácidos que têm que ser obtidos por esse modo, em humanos. AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO DIGESTÃO DAS PROTEÍNAS As proteínas podem serhidrolizadas em longos peptídeos simplesmente pelo pH ácido que existe no lúmen gástrico. Entretanto, para a absorção de proteínas para o corpo, três fases da digestão, mediada enzimaticamente, são necessárias. (PRIMEIRA FASE) Assim como a hidrólise ácida, a primeira destas fases ocorre no lúmen gástrico e é mediada pela pepsina, o produto das células principais, localizadas nas glândulas gástricas. Quando a secreção de gastrina é ativada por sinais coincidentes com a ingestão de uma refeição, a pepsina é liberada das células principais, assim como o precursor inativo, o pepsinogênio. No pH ácido, esse precursor é autocataliticamente quebrado para originar a enzima ativa. (PEPSINA E PEPSINOGÊNIO) A pepsina é muito especializada para agir no estômago, onde é ativada, em vez de inibida, pelo baixo pH. A enzima quebra as proteínas em sítios de aminoácidos neutros, com preferência por cadeias aromáticas ou por grandes cadeias alifáticas. Como esses aminoácidos só ocorrem com frequência relativamente baixa em determinada proteína, a pepsina não é capaz de digerir, completamente uma proteína até uma forma que possa ser absorvida pelo intestino, mas, em vez disso, produz uma mistura de proteínas intactas, grandes peptídeos (a maioria) e número limitado de aminoácidos livres. (SEGUNDA FASE) Ao se deslocarem pelo intestino delgado, as proteínas parcialmente digeridas encontram, a seguir, as proteases provenientes do suco pancreático. Relembre que essas enzimas são secretadas em forma inativa. A ativação das proteases é retardada até que essas enzimas estejam no lúmen, em virtude da presença da enzima ativadora, a enterocinase, localizada apenas nas bordas em escova das células epiteliais do intestino delgado. A enterocinase cliva o tripsinogênio, originando tripsina ativa. (TRIPSINA) A tripsina é capaz de clivar todos os outros precursores de proteases secretados pelo pâncreas, resultando em mistura de enzimas que pode m digerir, quase completamente, a grande maioria das proteínas da dieta. A tripsina é chamada de endopeptidase, por ser capaz de clivar tais proteínas somente nas ligações internas da cadeia peptídica, em vez de liberar aminoácidos individuais no final da cadeia. A tripsina é específica para clivagem de aminoácidos básicos e essa clivagem resulta em grupo de pequenos peptídeos c o m u m aminoácido básico em sua extremidade C-terminal. Apesar de terem mecanismos de ação similares, as outras duas endopeptidases pancreáticas, a quimotripsina e a elastase, clivam em sítios c o m aminoácidos neutros. Os peptídeos resultantes da atividade da endopeptidase passam pela ação das ectopeptidases. Essas enzimas clivam aminoácidos simples da parte final da cadeia peptídica, e aquelas presentes no suco pancreático são específicas para aminoácidos neutros (carboxipeptidas e A) ou básicos (carboxipeptidas e B), localizados na extremidade C-terminal. Assim, os produtos que resultam da digestão total das proteínas da refeição pelas secreções gástrica e pancreática incluem aminoácidos neutros e básicos, assim como peptídeos pequenos c o m aminoácidos ácidos na sua extremidade C-terminal e, assim, resistem as carboxipeptidases A o u B. (TERCEIRA FASE) A fase final da digestão proteica ocorre nas bordas em escova. Os enterócitos maduros expressam diversas peptidases nas suas bordas em escova, incluindo as aminopeptidases e carboxipeptidases, que geram produtos adequados para captação através da membrana apical. Entretanto, deve ser notado que, mesmo c o m o complemento substancial das enzimas proteolíticas ativas, alguns peptídeos da dieta são relativas ou totalmente resistentes à hidrólise. Em particular, peptídeos que contêm prolina ou glicina são digeridos de maneira muito lenta. Felizmente, o intestino pode absorver não só aminoácidos simples, mas também pequenos peptídeos. Os peptídeos que são absorvidos pelos enterócitos, na sua forma intacta, ficam sujeitos ao estágio final de digestão, no citosol dos enterócitos, para liberar seus aminoácidos para o uso na célula ou em qualquer outro lugar do corpo. AMANDA FARIA 22/03/2021 – 3º PERÍODO DIGESTÃO DOS LIPÍDIOS A digestão dos lipídios começa no estômago. (FASE ESTOMACAL) A lipase gástrica é liberada, em grandes quantidades, pelas células principais, gástricas; ela se adsorve à superfície das micelas de gordura, dispersas no conteúdo gástrico, e hidrolisa os componentes triglicerídicos em diglicerídeos e ácidos graxos livres. Entretanto, pouca absorção de gordura ocorre no estômago, por causa do pH ácido do lúmen, que resulta em protonação dos ácidos graxos livres, liberados pela lipase gástrica. A lipólise também é incompleta no estômago, porque a lipase gástrica, a despeito de sua ótima atividade catalítica em pH ácido, não é capaz de hidrolizar a segunda posição do éster triglicerídico, o que significa que a molécula não pode ser completamente quebrada em componentes que pode m ser absorvidos pelo corpo. Também existe pouca ou nenhuma quebra dos ésteres de colesterol ou dos ésteres das vitaminas lipossolúveis. Na verdade, a lipólise gástrica é dispensável em indivíduos saudáveis por causa do excesso acentuado de enzimas pancreáticas. (FASE INTESTINAL) A maior parte da lipólise ocorre no intestino delgado dos indivíduos saudáveis. O suco pancreático contém três importantes enzimas lipolíticas, que têm suas atividades otimizadas em pH neutro. A primeira delas é a lipase pancreática. Essa enzima difere da enzima gástrica por ser capaz de hidrolisar as posições 1 e 2 do triglicerídeo, produzindo grande quantidade de ácidos graxos livres e monoglicerídeos. Em pH neutro, as cabeças dos ácidos graxos livres têm carga, assim, essas moléculas migram para a superfície das gotículas de óleo. A lipase também apresenta paradoxo aparente, onde é inibida pelos ácidos biliares, que também fazem parte do conteúdo do intestino delgado. Os ácidos biliares se adsorvem à superfície das micelas de óleo, por isso poderiam causar a dissociação da lipase. Entretanto, a atividade da lipase é mantida por cofator importante, a colipase, que também faz parte do suco pancreático. A colipase é uma molécula ponte que se liga aos ácidos biliares e à lipase; ela ancora a lipase às gotículas de óleo, mesmo em presença dos ácidos biliares. (SUCO PANCREÁTICO) O suco pancreático também contém duas enzimas adicionais, importantes para a digestão da gordura. A primeira delas é a fosfolipase A, que hidrolisa os fosfolipídios, como os presentes nas membranas celulares. Previsivelmente, essa enzima pode ser bastante tóxica na ausência de substratos da dieta, por isso é secretada como pró-forma inativa que só é ativada quando atinge o intestino delgado. Além disso, o suco pancreático contém a chamada colesterol esterase relativamente inespecífica, que pode quebrar não só os ésteres de colesterol, como seu nome implica, mas também os ésteres de vitaminas lipossolúveis, e até mesmo triglicerídeos. É interessante que essa enzima requer ácidos biliares para sua atividade (diferentemente da lipase, discutida anteriormente) e é relacionada à enzima produzida no leite materno, com participação importante na lipólise em recém-nascidos. (MICELAS) À medida que ocorre a lipólise, seus produtos são movidos das micelas lipídicas, primeiro, para fase lamelar, ou membranosa, subsequentemente, para micelas mistas, compostas por produtos lipolíticos e ácidos biliares. Os ácidos biliares antipáticos (têm as faces hidrofóbica e hidrofílica) servem para proteger as regiões hidrofóbicas dos produtos lipolíticos da água, enquanto apresentam próprias faces hidrofílicas em ambiente aquoso. As micelas ficam, na verdade, em solução, por isso aumentam a solubilidade do lipídio no conteúdo intestinal.
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