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PROFESSOR: ICLEDENE PEREIRA DE FREITAS ALUNO: CARLOS BISPO QUARESMA 8 - Economia Monetária e Financeira: Política Monetária A PRÁTICA DA POLÍTICA MONETÁRIA A política monetária, junto com a política fiscal e cambial, corresponde a um conjunto de medidas de suma importância no tripé macroeconômico de uma economia. Ela procura adequar a quantidade de moeda disponível às necessidades econômicas do país. Essa adequação ocorre por meio de uma ação reguladora, exercida pelas Autoridades Monetárias, sobre os recursos monetários existentes, de tal forma que eles sejam plenamente utilizados e da forma mais eficiente possível. Os Bancos Centrais são os responsáveis pela execução da política monetária. I - O Banco Central compra títulos do Tesouro ou dólares e paga com moeda em troca. Essa é uma política monetária expansionista, que coloca dinheiro em circulação. II - O Banco Central vende títulos do Tesouro ou dólares e recebe moeda em troca. Essa é uma política monetária contracionista, que retira dinheiro de circulação. Economia Monetária e Financeira: Política Monetária III - 0 Banco Central diminui a taxa de redesconto, ou seja, a taxa de juros cobrada aos bancos, reduzindo consequentemente a taxa de juros cobrada aos consumidores e empresas e aumentando assim a quantidade de moeda em circulação na economia. Essa é uma política monetária expansionista. O Banco Central eleva a taxa de redesconto, o que aumenta a taxa de juros e diminui consequentemente a quantidade de moeda em circulação na economia, ou seja, uma política monetária contracionista. m - O Banco Central diminui a taxa de reservas compulsórias, ou seja, o percentual de reservas que os bancos são obrigados a manter, aumentando a quantidade de moeda na economia, o que corresponde a uma política monetária expansionista. O Banco Central eleva a taxa de reserva s compulsórias, diminuindo assim a quantidade de moeda na economia. Esse é outro tipo de política monetária contracionista. CONCEITO DE MOEDA A moeda, sinônimo de dinheiro, é um objeto de aceitação geral, garantida por lei, usada na aquisição de bens e serviços. Surgiu para facilitar o sistema de trocas, em 670 a.C., sendo a ilha grega de Egina uma das primeiras a cunhar moedas. Seu conceito mudou muito ao longo do tempo. A moeda substituiu o escambo, sistema econômico no qual prevaleciam as trocas de mercadoria por mercadoria, sem qualquer utilização de dinheiro como denominador comum. A moeda se caracteriza por ter curso forçado, ou seja, é um meio irrecusável de pagamento, o que não acontece, por exemplo, com o cheque. Moeda mercadoria Inicialmente, houve a moeda mercadoria que, apesar de variar de época para época, era sempre um produto pouco abundante e que satisfazia às necessidades básicas da sociedade. Alguns exemplos de moeda-mercadoria utilizadas no passado foram o sal, o açúcar, o gado e os escravos. Moeda metálica Dados os problemas de perecibilidade, depreciação, diferenças na qualidade, não divisibilidade e dificuldades no transporte, a moeda mercadoria acabou desaparecendo, substituída posteriormente pela moeda metálica. Esse sistema monetário baseava-se na utilização de metais como moeda, pelo fato de eles serem raros, duráveis, fracionáveis e homogêneos. Exemplos de moeda metálica foram o cobre, o bronze, o ferro, a prata e o ouro. A moeda metálica tinha, no entanto, o inconveniente de ser pesada e de difícil transporte. Surgiram, assim, as chamadas casas de custódia, embriões dos futuros bancos. As casas de custódia tomavam conta do ouro e da prata, dando aos depositantes, em contrapartida, certificados de depósitos. Surge, assim, a moeda-papel. Moeda-papel A moeda-papel corresponde aos certificados de depósitos que possuíam um lastro metálico, ou seja, uma garantia nas casas de custódia sob a forma de ouro ou prata. A circulação dos certificados de depósitos, com o tempo, ficou costumeira, dada a credibilidade que existia em sua conversibilidade. Aos poucos, as casas de custódia começaram a perceber que não havia necessidade de o lastro metálico ser absolutamente igual aos certificados de depósitos, pois nem todos pediam reconversão ao mesmo tempo e também sempre havia novos depósitos de ouro e prata. Surge, assim, o papel-moeda ou moeda fiduciária. Papel-moeda ou moeda fiduciária O papel-moeda ou moeda fiduciária surge quando o lastro metálico integral de 100% é abandonado. A moeda fiduciária era parcialmente lastreada em ouro, com o valor dos certificados de depósitos dependendo substancialmente da fidúcia ou confiança das pessoas no banco emissor. Em outras palavras, a correspondência plena que existia anteriormente entre certificados de depósitos e metais desaparece, nesse sistema monetário, dando origem à correspondência parcial entre eles. Moeda escritural ou bancária Posteriormente, desenvolve-se a ordem de pagamento ou cheque, originando assim a moeda escritural ou bancária. O mais importante acerca do desenvolvimento da moeda escriturai foi a multiplicação dos meios de pagamentos através dos bancos comerciais, quando eles perceberam que os depositantes não sacavam seus fundos todos ao mesmo tempo. Eles passaram, então, a manter encaixes inferiores aos depósitos, que eram emprestados a terceiros, que tomavam a depositar parte desse empréstimo, de forma que os meios de pagamento tomavam-se bem superiores ao saldo do papel-moeda emitido. Assim, chega-se à equação que expressa que os meios de pagamentos M são superiores a todo papel-moeda emitido B, dada a existência de um multiplicador monetário m maior que um. M=mB m = multiplicado r monetário. R = reservas dos bancos comerciais. A base monetária é o dinheiro que tem poder de multiplicação. Compreende toda a quantidade de moeda disponível no país, ou seja, papel-moeda e moedas, e é uma variável que o Banco Central pode controlar, através do controle da emissão de moeda e pelo controle do nível de reservas mantido pelos bancos. O papel-moeda em poder do público é emitido pelas autoridades monetárias de um país e é o dinheiro que os indivíduos utilizam para realizar transações na economia. As reservas dos bancos comerciais é o dinheiro que os bancos têm em seu poder para cobrir as demandas de seus clientes. Esse conceito de base monetária, papel moeda em circulação mais as reservas o bancárias, é denomina do base monetária restrita. O conceito ele base monetária ampliada agrega, adicionalmente, os títulos do Banco Central e do Tesouro Nacional. Existem outras medidas do estoque de moeda na economia, cujas diferenças conceituais' decorrem do grau de liquidez desses ativos. Ml = Papel-Moeda em Poder do Público + Depósitos a Vista nos Bancos Comerciais. Letras Imobiliárias. Outro meio de pagamento muito utilizado, ultimamente, são os cartões de crédito. Mesmo quando os cartões de crédito não são utilizados, eles representam um potencial de gasto em função do limite que cada um possui. Dessa forma, ganha cada vez mais destaque a sugestão da utilização de um novo conceito, que seria calculado, adicionalmente, agregando a capacidade aquisitiva dos cartões de crédito. Os conceitos de M2, M3 e M4 variam um pouco de autor para autor, mas o importante é que Ml possui maior grau de liquidez e os conceitos M2, M3 e M4 englobam mais ativos financeiros e possuem menor liquidez. Quando a inflação é elevada, o grau de monetização da economia diminui, ou seja, diminui o total de Ml em relação às aplicações financeiras M4. A inflação faz com que as pessoas procurem proteger-se, aplicando seus recursos financeiros em fundos que rendem juros e retendo menos moeda e depósitos a vista. Por outro lado, há remonetização da economia, ou seja, alta relação Ml!M4 quando a inflação diminui. V - reserva de valores. Em sua forma atual, a moeda possibilita executar pagamento por bens e ser¬ viços adquiridos. Serve também como meiode troca, de tal forma que o indivíduo adquira bens de consumo ou de produção ou até mesmo diminuindo dívidas anteriormente contraídas. Por outro lado, como meio para denominação O BANCO CENTRAL E A OFERTA DE MOEDA O Banco Central ou BACEN, que é o banco dos bancos, tem como objetivo regular a moeda e o crédito de forma equilibrada com o crescimento do produto, mantendo, assim, a liquidez da economia. N - banco depositário das reservas internacionais: defesa da moeda nacional, controle de câmbio e administração de divisas internacionais. O SISTEMA DE METAS INFLACIONÁRIAS O sistema de metas de inflação é o mecanismo pelo qual o Banco Central anuncia publicamente metas para a taxa de inflação que devem ser atingidas por meio de alterações na política de taxa de juros. Regularmente, o Banco Central deve passar informações sobre seus procedimentos monetários e, em caso de descumprimento das metas, deve explicar os motivos. Basicamente, se a inflação ameaça passar da meta, os juros sobem, ha¬ vendo consequentemente uma diminuição na demanda agregada e uma pressão para baixo nos preços. O sistema de metas inflacionárias é adotado por vários países e opera como regulador de expectativas sobre o comportamento futuro da inflação. Em 1999, após a modificação do modelo cambial para câmbio flutuante, o Brasil adotou o sistema de metas de inflação como diretriz de sua política monetária. O objetivo principal da então política monetária adotada pelo Brasil era alcançar as metas de inflação estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional . A meta para inflação foi estabelecida em termos da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo , calculado pelo IBGE, por ser uma medida adequada para avaliar a evolução do poder aquisitivo da população. Ao invés de estabelecer um valor exato como meta, o CMN definiu as chama¬ das bandas para a inflação. Primeiro, porque os bancos centrais não têm controle total sobre a inflação. Segundo, porque a elaboração de uma política monetária não tem efeito imediato, estando sujeita a defasagens, de forma que as bandas permitem que o Banco Central cumpra sua meta sem pressionar em demasia a economia com políticas restritivas. O principal instrumento de política monetária utilizado no regime de para a inflação no Brasil é a taxa SELIC. A SELIC é considerada a taxa de j básica da economia, servindo como uma referência para as demais taxas de juros que prevalecem no país. Isso ocorre porque, para definir a taxa SELIC, o Banco Central utiliza-se de uma série de procedimentos que afetam o volume de crédito, disponível na economia, os quais, por sua vez, afetam as demais taxas de juros. É o Comitê de Política Monetária quem determina a meta para a taxa de juros SELIC. O COPOM define a taxa SELIC em reuniões periódicas, nas quais. são consideradas projeções para a taxa de inflação, assim como a situação da economia brasileira e estrangeira. Se os membros do COPOM esperam que a taxa d inflação vá aumentar, de modo que o cumprimento da meta fique comprometido, eles aumentam a taxa SELIC; caso contrário, eles reduzem. RECEITAS GOVERNAMENTAIS PROVENIENTES DA INFLAÇÃO O governo pode financiar seus gastos de três formas diferentes. As receitas e os respectivos gastos governamentais podem aumentar em decorrência de maior tributação, de maior volume de empréstimos junto ao setor privado ou de maior emissão de moeda. As receitas obtidas através da emissão de moeda são chamadas deseigniorage Seigniorage corresponde, portanto, às receitas governamentais obtidas em consequência da emissão de moeda. Como esse aumento da oferta monetária gera inflação, esse processo de emissão de moeda para aumentar receitas governamentais age como um imposto inflacionário, que é pago exclusivamente pelos usuários da moeda. À medida que a inflação aumenta, o poder aquisitivo ou verdadeiro valor da moeda de seus usuários cai, requerendo então uma maior quantidade de dinheiro para a compra de um mesmo número de bens. Suponha, por exemplo, que o governo brasileiro queira financiar os seus gastos de educação através da emissão de moeda, ou seja, pagando aos fornecedores de bens e serviços com notas recém-emitidas pela Casa da Moeda. Como a maior quantidade de moeda na economia gera inflação, dado o caráter essencialmente monetário do fenômeno inflacionário, as pessoas têm uma perda de poder aquisitivo e compram menos bens e serviços que antes. Os recursos financeiros que faltam na compra desses bens e serviços são exatamente os mesmos que foram usados pelo governo nos projetos educacionais; por isso se diz que a emissão de moeda é equivalente à imposição de um imposto inflacionário. Em consequência da emissão e da inflação, há mais recursos disponíveis para os gastos do governo em detrimento dos usuários de moeda, sob os quais recai o ônus da inflação. Os valores de seigniorage são usualmente calculados como uma razão entre os aumentos na base monetária , que corresponde a toda moeda emitida no país, e as receita s governamentais. A quantidade de moeda emitida e a taxa de inflação variam substancialmente de um país para outro. Portanto, países de inflação média menor têm taxas de seigniorage menores e os de inflação média mais elevada possuem taxas de seigniorage maiores. 9 - Economia Monetária e Financeira: Mercado Financeiro INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA Na sociedade, há pessoas que possuem dinheiro com sobra para economizar e investir e pessoas que necessitam de maiores quantidades de dinheiro para consumir bens e serviços, para financiar seus estudos, e para começar ou ampliar seus projetos de investimento. Entre aqueles que economizam recursos estão, por exemplo, famílias que deixam de gastar parte do dinheiro que têm agora para que seus filhos possam ter uma vida melhor mais à freme; trabalhadores que poupam parte dos salários recebidos ao longo da vida para ter maior conforto na velhice ; e alguns governos que arrecadam mais do que gastam . Entre os que buscam recursos, encontram-se famílias que querem ampliar ou construir a casa própria; pessoas que querem financiar bens de consumo duráveis como automóveis e geladeiras; empresários que tentam vender ações de suas companhias; agricultores que querem negociar sua safra; e governos que precisam financiar o progresso e o desenvolvimento de seus países. Em outras palavras, existem os agentes deficitários ou tomadores de recursos e os agentes superavitários ou poupadores. Os agentes superavitários deixam de consumir no presente para consumir mais no futuro formando a poupança da economia, que servirá como fonte de recursos em grande parte dos projetos das famílias, dos empresários e dos governos. Nesse jogo de interesses e necessidades opostas, os bancos, as corretoras e outras empresas do setor financeiro realizam o encontro entre os dois lados: recebem o dinheiro dos poupadores e o emprestam aos empreendedores. FUNCIONAMENTO DA INTERMEDIA ÇÃO FINANCEIRA Como se pode observar, o ato de poupar está separado do ato de investir. Em geral, os agentes que poupam não são os mesmos que realizam os investimentos produtivos . Dessa forma, custos de transação e custos de informação relacionados à busca dos recursos dos agentes superavitários pelos agentes deficitários podem reduzir o investimento no setor produtivo, pois podem atingir valores que inviabilizam as transações. Os custos de transação referem-se aos gastos envolvidos na transação financeira, ou seja, estão relacionados aos custos dos contratos de compra e venda de ativos financeiros. Os custos de informação referem-se aos custos provenientes da assimetria de informação dos envolvidos na transação financeira, ou seja, uma das partes do contrato está mais informada do que a outra. Os custos de transação podem diminuir com a entrada dos intermediários financeiros , uma vezque eles podem obter vantagens relativas e ganhos de escala relacionados à especialização naquela atividade. Ou seja, à medida que o número de transações financeiras vai aumentando, os custos a elas relaciona¬ dos tendem a reduzir. Por meio do incentivo oferecido pela taxa de juros, que remunera o dinheiro não gasto, o agente intermediário faz a ligação entre os agentes deficitários e os superavitários. É o mercado financeiro que exerce o papel de intermediário nesse processo. ESTRUTURA DOS MERCADOS FINANCEIROS As instituições financeiras formadas pelos bancos comerciais, financiadoras, corretoras de seguros, entre outros, captam os recursos dos agentes com excesso de recursos e os repassam aos agentes com escassez de recursos, realizando , as¬ sim, o papel de intermediário financeiro. O total de crédito da economia financia as operações de curto, médio e longo prazo, relacionadas a consumo, operações correntes e investimentos. Na base da figura, encontram-se os tomadores de empréstimos que são os indivíduos, as empresas e os governos. INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA DIRETA E INDIRETA A atividade de intermediação financeira pode ser realizada de duas formas: a intermediação direta e a intermediação indireta . A intermediação direta refere-se à atuação normal dos bancos comerciais. Figura 9.3 descreve o funcionamento desse tipo de intermediação financeira. Os agentes superavitários ou poupadores depositam seus recursos não consumidos em uma instituição financeira, que os capta sob a forma de depósitos a vista, depósitos a prazo, depósitos em poupança e outras formas de captação, e os repassa aos agentes deficitários ou tomadores de empréstimos. A .instituição financeira faz a intermediação entre os dois agentes, não ha¬ vendo contato direto entre eles. Essa instituição assume o risco de o tomador de empréstimo não honrar seu pagamento, ou seja, o risco de inadimplência. Pela prestação dos serviços de intermediação, as instituições financeiras cobram uma remuneração, que cobre os riscos associados à possível inadimplência dos tomadores de recursos. A diferença entre as taxas de juros cobradas dos tomadores de empréstimos e aquelas pagas aos fornecedores dos recursos dá origem ao chamado spread bancário. A intermediação indireta refere-se a situações nas quais as instituições financeiras não atuam diretamente, apenas colocam os agentes em contato e eles realizam os negócios. A Figura 9.4 descreve esse t:iPO de .intermediação financeira . O mercado financeiro apenas presta ao agente deficitário o serviço de estruturar uma operação de recursos, mediante a emissão de um título de dívida, representada por uma debênture ou nota promissória. A instituição financeira assume a função de localizar agentes superavitários dispostos a adquirirem os títulos emitidos. Esse tipo de transação é realizada no âmbito do mercado de capitais. A instituição financeira não assume o risco de crédito dos agentes deficitários, que é assumido integralmente pelos agentes superavitários. DECOMPOSIÇÃO DO SPREAD BANCÁRIO Como visto anteriormente, a fim de compensar o risco assumido na intermediação direta, as instituições financeiras cobram uma sobretaxa dos tomadores de empréstimos. No entanto, a inadimplência não é o único componente do spread bancário. Fatores como provisão para devedores inadimplentes, custo administrativo, custo de compulsório, tributos e taxas, e a margem líquida das instituições também contribuem para a formação do spread bancário. A provisão para devedores inadimplentes, ou simplesmente inadimplência, corresponde ao risco assumido pelos bancos de que os tomadores de recursos não paguem suas dívidas. Grande parte da parcela do spread bancário das operações prefixadas no Brasil refere-se à inadimplência. O custo administrativo refere-se aos gastos regulares que os bancos têm com instalações, móveis, equipamentos, mão de obra, material, propaganda etc. Apesar de serem custos significativos, parte deles é coberta pelas tarifas pagas pelos clientes . O custo de compulsório está relacionado aos recolhimentos compulsórios sobre os depósitos bancários, a vista ou a prazo, exigidos pelo Banco Central. Ele contribui para a formação do spread, porque reduz a capacidade do sistema bancário de ampliar a oferta de crédito. Os tributos e taxas são os impostos que o setor bancário deve pagar na realização de sua atividade. Fazem parte desses impostos o Programa de Integração Social , a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social , que recaem sobre a operação de empréstimo, e são repassadas ao tomador. Por fim, tem-se o resíduo ou margem de lucro dos bancos. Cabe ainda destacar que, no caso brasileiro, o elevado valor do spread cobrado pelos bancos está relacionado à falta de competitividade no setor, que é oligopolizado. ATIVOS OU PRODUTOS FINANCEIROS Para que as economias cresçam e se desenvolvam , é preciso que haja investimento em produção. As empresas, em grande parte, não dispõem de recursos próprios suficientes para financiar todo o investimento necessário à sua atividade produtiva, havendo necessidade de complementação dos recursos próprios com recursos de terceiros. Nas economias desenvolvidas, o mercado financeiro é mais diversificado e se ajusta mais facilmente às necessidades dos diversos setores produtivos, direcionando recursos de unidades superavitárias para financiar unidades com carência de capital para investimentos. O mercado financeiro torna-se importante ao aumentar a liquidez no mercado e diversificar a oferta de recursos financeiros. Por meio de instrumentos financeiros mais sofisticados e de intermediários financeiros mais qualificados, o mercado financeiro pode oferecer melhores alternativas de prazos sobre os empréstimos e um controle de risco mais eficiente para os emprestadores de capital. A atividade de intermediação financeira é responsável, dessa forma, pela redução nos desequilíbrios entre nível de poupança e investimentos em uma economia. Quando as empresas buscam recursos financeiros, elas recorrem a algum tipo de ativo financeiro para obtê-los. Esse ativo pode ser uma ação ou, até mesmo, um título de dívida. Um ativo financeiro é um instrumento que canaliza a poupança até o investimento. De forma simplificada, os principais tipos de ativos são: ativos de renda fixa, ativos de renda variável, os derivativos e fundos de investimento. Ativos de renda fixa Os ativos de renda fixa são compostos de papéis onde se conhece antecipadamente qual será o retorno, ou seja, ele é prefixado . Eles podem, ainda, ter seu ganho associado a um índice, como o Certificado de Depósito Bancário , Recibo de Depósito Bancário ou a taxa básica de juros, a SELIC, sendo chamados, nesse caso, de ativos pós-fixados. Esses papéis podem ser emitidos por empresas de capital aberto ou pelos go¬ vernos. Os tipos mais comuns de ativos de renda fixa são títulos de dívida, como debêntures, notas promissórias e títulos de dívida pública. A poupança também compõe os investimentos de renda fixa. Segundo os analistas de investimento, o maior problema desse tipo de investimento é a baixa rentabilidade, apenas superando os ganhos com ações, caso o mercado financeiro esteja muito turbulento. Esse tipo de investimento é recomendado àqueles que possuem baixa renda ou não podem correr o risco de perder o dinheiro. Os ativos de renda variável são papéis onde não se conhece antecipadamente seu retorno. Esses papéis são compostos em grande parte pelas ações de empresas. As ações são titules pelos quais o investidor passa a deter parte de urna determinada empresa, podendo ter direito a voto, caso o investidor compre ações ordinárias, p ou não, caso em que eles compram as chamadas ações preferenciais. O rendimento das ações decorre de duas formas: compra e venda dependendo do desempenho da ação na bolsa de valores, isto é, o local ondeela é negociada, ou por meio dos dividendos, que é a distribuição dos lucros e benefícios gerados pela empresa emissora da ação. Derivativos Os derivativos são ativos financeiros que derivam do valor de outro ativo financeiro ou mercadoria. São contratos firmados entre o comprador e o emissor do derivativo, no qual se estabelece pagamentos futuros com base no comporta¬ mento dos preços de um ativo. Esses papéis são utilizados na tentativa de se precaver quanto às oscilações de preços futuros de um ativo, ou para alavancar as aplicações. Os investimentos em derivativos são realizados por meio de corretoras asso¬ ciadas à Bolsa de Mercadorias e Futuros, isto é, o local onde é realizado esse tipo de negócio, sendo os tipos mais comuns de mercado de derivativos o mercado de opções e o mercado de futuro. No mercado de opções, o investidor adquire uma opção de comprar algum ativo em um dia qualquer, podendo ganhar com a diferença entre o preço combinado e o preço real ou, ainda, não exercer a opção e perder o recurso pago para ter direito à compra. No mercado de futuros, o investidor pode comprar um ativo dentro de um determinado período por um preço prefixado. Um investidor pode comprar um produto a um determinado valor para daqui a seis meses, por exemplo, e se o preço do produto se elevar no mercado, por qualquer motivo, ele obtém um ganho, uma vez que o preço estava previamente combinado. Por outro lado, esse tipo de operação pode levar à perda de dinheiro se o preço do produto no mercado cair. Fundos de investimento Os fundos de investimento são uma modalidade de investimento na qual um grupo de investidores reúne seus recursos com o objetivo de investi-los na aquisição de títulos ou outros ativos existentes no mercado financeiro ou de capitais, para depois distribuir os resultados proporcionalmente ao volume individual de crédito aplicado, denominado de cota. De forma simplificada, os fundos de investimento funcionam da seguinte maneira. Os investidores, ou cotistas, adquirem cotas, que representam a menor parcela de um fundo de investimento, o qual, por sua vez, utiliza o volume de recursos captados em aplicações nas mais diversas formas de investimento dispo¬ níveis no mercado financeiro. A administração e gestão dos fundos de investimento são realizadas por pessoas físicas ou jurídicas especializadas , autorizadas a gerir os recursos de terceiros alocados nesses fundos, o risco associado às aplicações, assim como informar aos cotistas e órgãos reguladores. Os p1incipais fundos de investimento são: Fundo de Curto Prazo ; Fundo Referenciado; Fundo de Renda Fixa ; Fundo de Ações ; Fundo Cambial ; Fundo de Dívida Externa e Fundo Multimercado. Características dos ativos financeiros Quando uma pessoa resolve adquirir um ativo financeiro, ela deve ficar atenta às suas principais características: a rentabilidade, o risco e a liquidez. A rentabilidade refere-se à capacidade de o ativo produzir juros ou outros rendimentos para o adquirente como pagamento por conceder recursos financeiros e pelo risco assumido ao longo de um período de tempo determinado . Está diretamente ligado ao risco, já que o ganho está atrelado ao quanto o investidor se dispõe a investir e a se arriscar. O risco de uma aplicação financeira traduz-se pela variação da rentabilidade de um investimento. Um modo de obter ganhos maiores sem correr risco de maio¬ res perdas é diversificar o investimento. No entanto, essa opção torna-se possível apenas aos grandes investidores, já que o custo de manutenção normalmente sobe quando se tem vários tipos de aplicações. A liquidez do ativo financeiro, por sua vez, está relacionada à facilidade do investidor de se desfazer de seu investimento, tanto por necessidade como para vendê-lo no momento em que está mais valorizado. Normalmente, ativos com grande movimentação no mercado, como fundos de investimento, ações de grandes empresas, dólar e ouro, são mais líquidos. Por outro lado, ativos físicos, como imóveis e obras de arte, são mais difíceis de serem vendidos rapidamente, o que me os torna menos líquidos. CRISES FINANCEIRAS INTERNACIONAIS O termo crise financeira é aplicado a situações nas quais instituições financeiras ou ativos financeiros se desvalorizam repentinamente. Muitas crises financeiras estiveram associadas a corridas aos bancos, durante períodos de recessão. Outras foram geradas pelo estouro de bolhas financeiras, por ataques especulativos à moeda de um país ou, até mesmo, pela suspensão do pagamento de dívida por um país. A dificuldade momentânea em que os países se encontram por não consegui¬ rem administrar suas finanças pode ser gerada por supervalorização da moeda nacional, déficit público incompatível com a arrecadação, grande dependência de capital estrangeiro, perda de credibilidade internacional que gera medo nos investidores e especuladores quanto à capacidade de serem quitados os compromissos, levando-os a retirar seus investimentos. Com o surgimento da globalização, as economias ficaram cada vez mais interligadas, deixando os países mais sujeitos às crises financeiras. Essa interligação se deve à expansão dos fluxos de comércio, favorecida pela redução de barreiras comerciais e pela formação de blocos econômicos, expansão dos fluxos financeiros internacionais estimulada pela desregulamentação financeira na maioria dos países, avanço da internacionalização da produção de serviços financeiros, liberalização cambial e pelo incremento dos fluxos de investimentos estrangeiros diretos. A intercomunicação instantânea propiciada pelo advento das novas tecnologias de informação, a interligação do sistema financeiro internacional e o aparecimento de novas práticas e produtos financeiros, fruto do inevitável processo de inovação financeira, também aumentam a volatilidade dos capitais, favorecendo a ocorrência e propagação das crises financeiras internacionais.
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