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Haíssa Maria Augusto Soares Síndrome Pré-Menstrual, Dismenorreia e Dor Pélvica Crônica Síndrome Pré-Menstrual (SPM) Conjunto de sintomas físicos e emocionais que ocorrem antes da menstruação que podem ser de intensidade e duração variável (mudando de um ciclo para o outro). Nos sintomas, podemos citar: · Labilidade emocional; · Ansiedade; · Irritabilidade; · Melancolia; · Diminuição de memória e concentração; · Sintomas físicos - sensação de edema nas mamas, dor mamária; Nos dias finais da fase lútea ou secretora há uma privação de estrogênio e de progesterona. Essa privação, ainda não se sabe por qual mecanismo, é a que leva a ocorrência da síndrome pré-menstrual (queda mais brusca, modulador GABAérgico da progesterona, fator neurotrófico derivado do cérebro). O diagnóstico da SPM é clínico e tem um grande diagnóstico diferencial com a síndrome disfórica pré-menstrual. Fazemos esse diagnóstico diferencial pois, para ter a SDPM, a paciente precisa ter, pelo menos, 5 desses critérios: · Pelo menos 1 entre: · Labilidade afetiva; · Irritabilidade ou raiva; · Pensamento autodepreciativo; · Tensão, sentimento de estar no "limite"; · Interesse diminuído; · Pelo menos 1 entre: · Dificuldade de concentração; · Letargia, falta de energia; · Apetite (costume ter maior apetite por alguns alimentos, como doces, por exemplo); · Hipersonia ou insônia; · Sentir-se sobrecarregada; · Sintomas físicos; Além de fechar os 5 critérios, para dar o diagnóstico de SDPM, esses sintomas precisam ocorrer em pelo menos 2 ciclos, devemos afastar o uso de drogas ou medicamentos (muito importante, pois pode ser fator de confusão) e afastar outras condições clínicas (distúrbios psiquiátricos, por exemplo) que possam levar a essa sintomatologia. O tratamento da SPM e SDPM é feito com reeducação alimentar, exercício físico (principalmente exercícios aeróbicos - libera endorfina e serotonina, opioides endógenos que podem atenuar os sintomas), alteração de hábitos de vida (higiene do sono, ritmo de trabalho melhor). O uso de vitaminas, ácido gama-linoleico e extrato de borragem já foi muito aclamado como tratamentos efetivos para a SPM e SDPM, porém, foram feitos estudos randomizados duplo-cego nos quais foi visto que o uso dessas substâncias não tem diferença ao uso do placebo. O tratamento farmacológico da SPM pode ser feito com ACO (drospirenona - progesterona de quarta geração, tem efeito antimineralocorticoide), mas o tratamento padrão (de primeira linha) para a SPM e SDPM é feito com o uso de inibidores seletivos da recaptação da serotonina (regime intermitente ou constante, sendo que o constante tem melhor eficácia): · Fluoxetina 20-60mg; · Paroxetina 20-60mg; · Sertralina 25-100mg; · Citalopram 20-40mg; · Venlafaxina 37,5-75mg; Dismenorreia A dismenorreia é a menstruação dolorosa e pode ser dividida em primária, quando não há uma causa orgânica (costuma ser mais intensa durante a adolescência), e secundária, quando ocorre por alguma patologia. A dismenorreia primária (dor apenas durante a menstruação) ocorre porque, na fase secretora do ciclo menstrual, o endométrio secretor libera prostaglandinas que induzem a contrações uterinas incoordenadas que levam a uma isquemia e, consequentemente, à dor. · Dismenorreia primária: · Aumento das prostaglandinas; · Ciclos ovulatórios - em ciclos anovulatórios é mais comum não ter tanta dismenorreia; · Ausência de causas orgânicas; · Diminui após a primeira gestação; · Tratamento com: · AINEs - diminui a ação das prostaglandinas: meloxican (muito bom para o tratamento da dismenorreia), ibuprofeno, diclofenaco; · Anovulatórios; · DIU com levonorgestrel; As principais causas de dismenorreia secundária são: endometriose, adenomiose, miomas, pólipos e DIU de cobre. Dor Pélvica Crônica Só caracterizamos como dor pélvica crônica quando a paciente já possui essa dor há pelo menos 6 meses. Dentre as causas, podemos citar: endometriose (a dor é antes e durante a menstruação), DIP (doença inflamatória pélvica), dor de ovulação (Mittelschmerz), aderências, varizes pélvicas e causas gastrintestinais (síndrome do cólon irritável) Ainda pode ocorrer DPC por causas urológicas como: Cistite intersticial - falha nos glicosaminoglicanos da mucosa bexiga que pode levar a fissuras na mucosa que, quando cheia, a urina pode irritar a inervação, levando a uma dor intensa. O diagnóstico é feito por cistoscopia com visualização de úlceras de Hunner; Síndrome da bexiga dolorosa - paciente tem a queixa de dor quando a bexiga está cheia, porém a cistoscopia é normal. O tratamento dessa síndrome e da cistite intersticial é feito com amitriptilina (muito utilizada para dores crônicas) e imipramina.
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