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RAIVA HUMANA A raiva é uma antropozoonose que acomete SNC, cujo agente etiológico é um vírus que pertence à família Rhabdoviridae e ao gênero Lyssavirus. Sua transmissão ocorre por secreções infectadas, usualmente saliva, as quais atingem o organismo através da mordedura/arranhadura animal ou da ferida aberta. Raramente a inalação de aerossóis contendo vírus, a ingestão ou o transplante inter-humano de tecidos infectados (córnea e outros órgãos) são capazes de transmitir a entidade nosológica. Sua importância deriva do fato de ser letal em aproximadamente 100% dos casos. Cabe, ainda, dentro de epidemiologia ressaltar os ciclos epidemiológicos da doença. Considerava-se, até alguns anos, que a raiva possuía três ciclos: urbano, rural e silvestre. Mais recentemente inclui-se outro, envolvendo os morcegos (espécies hematófagas ou não), denominado ciclo silvestre aéreo. QUAIS SÃO AS FORMAS CLÍNICAS? O período de incubação varia de dias a anos, encontrando-se geralmente entre quatro a oito semanas. Esta variação dependerá da distância entre o ferimento no qual foi inoculado o vírus rábico e o SNC, da quantidade de tecido envolvido na inoculação, dos mecanismos de resposta do hospedeiro e da carga viral inoculada. 1. Fase prodrômica: Usualmente é caracterizada por queixas inespecíficas, como febre, cefaleia, indisposição, mialgias, anorexia e tosse não produtiva. Em 50% a 80% dos casos, acompanha-se de parestesias e/ou fasciculações musculares ao redor do local da inoculação do agente viral. Com a evolução do quadro, começam a surgir sinais indicativos de encefalite, tais como diminuição da acuidade auditiva ou surdez, diplopia, visão turva e estrabismo. 2. Fase neural aguda: É subdividida em duas formas clássicas da entidade nosológica: furiosa, relacionada principalmente com o vírus transmitidos por canídeos, e a paralítica, associada, geralmente, ao vírus transmitidos por morcegos. a. Forma furiosa: após dois a 10 dias da primeira fase emergem ansiedade grave, excitação e agitação psicomotora. Convulsões generalizadas, meningismo e espasmos musculares involuntários podem fazer parte do contexto clínico, assim como, períodos de confusão mental, intercalados por momentos de lucidez, disartria, hiperestesias, sensibilidade à luz (fotofobia), sensibilidade a ruídos intensos ou brisas leves (aerofobia). A disfagia associada à salivação excessiva integra o quadro tradicionalmente denominado “espumar pela boca”. O paciente evolui paulatinamente para o coma, com o êxito letal acontecendo em quatro a 10 dias, geralmente durante convulsão ou ocorrência de apneia. b. Forma paralítica: esta modalidade pode ser decorrente da afecção raquimedular, acompanhando ou seguindo a excitação, assemelhando-se, muitas vezes, à síndrome de Guillain-Barré, o que pode dificultar o diagnóstico. Este fato salienta a necessidade da inclusão de testes específicos para a detecção de raiva em serviços de transplante de órgãos, particularmente em doadores com sinais de comprometimento neurológico. Habitualmente, a forma paralítica associa-se à mordedura de morcegos. Deve ser comentado que na região da mordedura ocorre, com alguma frequência, parestesia, dor e prurido, contexto clínico que evolui para paralisia muscular flácida precoce, preservando, geralmente, a sensibilidade. É marcante a ocorrência de febre, geralmente alta e intermitente. Obs.: Os sinais de disautonomia são observados nas duas formas da doença e incluem pupilas irregulares e dilatadas, lacrimejamento, salivação, sudorese, hipotensão arterial postural/ hipertensão arterial sistêmica, bradicardia, bradiarritmia, taquicardia e insuficiência respiratória (principais causa de morte). COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO? PROFILAXIA PRÉ EXPOSIÇÃO E PÓS EXPOSIÇÃO E SUAS INDICAÇÕES. O controle da raiva humana depende de diversas medidas de saúde e de educação, abrangendo ações individuais e coletivas, incluindo a vacinação animal, a captura para controle de mamíferos silvestres e a profilaxia pré e pós-exposição para os humanos, além da vigilância epidemiológica efetiva e adequada. PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO Os procedimentos visam impedir que o vírus rábico alcance as terminações nervosas adjacentes à solução de continuidade, através da estimulação da resposta imunológica do enfermo e da eliminação das partículas virais da lesão. Deste modo, impede-se o processo de adoecimento. 1. LIMPEZA EXAUSTIVA DO FERIMENTO: primeiramente com água e sabão, fazendo-se, ato contínuo, a antissepsia com álcool iodado, povidine ou clorexidina. A sutura da lesão não é recomendada rotineiramente, mas, nas lesões extensas a aproximação das bordas do ferimento pode ser realizada, situação na qual a infiltração da lesão com soro antirrábico é preconizada. 2. PROFILAXIA PARA TÉTANO: é eventualmente necessária, respeitando-se suas indicações consagradas na literatura e nos protocolos governamentais. 3. AVALIAR NECESSIDADE DE ANTIMICROBIANOS PROFILÁTICOS: Em casos de mordeduras de cães e gatos nas mãos, na face, no pescoço ou nas lesões extensas e profundas, ou ainda com comprometimento ósseo e/ou articular. Os fármacos sugeridos são amoxicilina/clavulanato, ou ampicilina/ sulbactam por cinco dias. Como segunda linha podem ser prescritas cefalosporinas de segunda geração. 4. IDENTIFICAR O ANIMAL AGRESSOR: Se o mamífero envolvido na exposição humana é selvagem ou é suspeito ou sabidamente portador de raiva, deve ser eutanasiado e ter sua cabeça enviada para um laboratório da vigilância epidemiológica, com o objetivo de examinar seu cérebro com anticorpos fluorescentes, visando a detecção de antígenos virais ou corpúsculos de Negri. Os demais animais são observados por 10 dias, período no qual, se houver o desenvolvimento da moléstia, estará indicado o exame do seu cérebro, como já citado. Nos casos de mamíferos que escaparam, ou que não possam ser observados, a profilaxia ativa e passiva deve ser assegurada. 5. VACINAÇÃO: existem no mercado dois tipos de vacinas antirrábicas: a fuenzalida & palácios e a cultivo celular, as quais têm em sua composição o vírus inativado. Suas reações adversas locais são dor, rubor, prurido e linfonodomegalia satélite; sistêmicas são febre, mal estar, cefaleia, mialgias e artralgias e neurológicas ocorrem devido à reação desmielinizante da vacina, manifestando-se como quadros neuroparalíticos tipo Guillain-Barré, tipo neurítico ou encefalomielite, via de regra, é bastante relacionada ao número de doses aplicadas e à repetição do esquema vacinal. A OMS recomenda o uso de vacinas de cultivo celular, por esta apresentar imunogenicidade comprovada, maior segurança e menores riscos de reações adversas. A vacina produzida em cultivo celular utilizada no Brasil é gratuita e disponível no SUS. Devido à elevada letalidade da doença não há restrições à vacinação, gravidez, mulheres lactantes, doenças intercorrentes ou concomitância de outros tratamentos, enfatizando-se que a dose de aplicação independe da idade e do peso do paciente. 6. IMUNIZAÇÃO PASSIVA: realizada por soro, heterólogo ou homólogo, se dá pela infiltração do soro no ferimento, respeitando-se a dose recomendada a cada enfermo e procurando-se prover o maior volume possível de infiltração. Caso a região anatômica não permita a introdução de todo o volume do soro, a quantidade restante, a menor possível, deve ser aplicada por via intramuscular, preferencialmente em regiões sem muito tecido adiposo e em áreas díspares em relação à administração da vacina. Ressalta-se que o soro antirrábico é do tipo heterólogo = a dose utilizada é de 40 UI/kg. A imunoglobulina humana antirrábica (HRIG), um produto homólogo, tem sua principal indicação quando há reações anafiláticas à administração do soro heterólogo = a dose é de 20 UI/kg. Obs.: É importante ressaltar que em agressões por morcegos, deve-se proceder o soroe vacinação, sendo sempre considerado um acidente grave. O soro só não é indicado para pacientes que relatem tratamento anterior. PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO Está recomendada para médicos veterinários, além de professores, alunos e profissionais que trabalham com animais potencialmente infectados com o vírus da raiva, por exemplo, espeleólogos (biólogos de cavernas), laçadores, carteiros, treinadores de cães, tratadores e treinadores de animais domésticos e de mamíferos de interesse econômico (equídeos, bovinos, caprinos, ovinos e suínos, dentre outros) e profissionais de laboratórios. O tratamento consta de três doses de vacina, ministradas nos dias 0, 7 e 28. Os anticorpos circulantes devem ser testados a partir do 14° dia após a última dose do esquema vacinal. Uma dose de reforço é preconizada quando a titulação se encontrar em níveis inferiores a 0,5 UI/ mL. Nos casos de reexposição ao vírus rábico, duas doses serão aplicadas, nos dias 0 e 3, exceto nos enfermos que finalizaram o esquema de vacinação num intervalo menor que 90 dias. Vias de administração: IM profunda utilizando dose completa (m. deltoide ou vasto lateral da coxa. Não aplicar no glúteo) ou Intradérmica 0,1 ml no m. deltoide, utilizando-se seringas de 1ml e agulhas hipodérmicas curtas. Ademais, devem ser enfatizadas medidas preventivas e de controle dos casos transmitidos por mamíferos domésticos, em áreas urbanas e rurais, através de alta cobertura vacinal destes, controle do foco, e monitoramento da circulação viral. A CONDUTA PARA ACIDENTES EM PACIENTES QUE REALIZARAM A PROFILAXIA. O ideal para quem não tem comprovação sorológica é iniciar o esquema de vacina com 2 doses, solicitar a sorologia, e se essa vier maior que 0,5 não precisa continuar a vacina, caso seja menor o valor, completa o esquema de 4 doses e se tiver indicação faz a soroterapia. CUIDADOS LOCAIS EM PACIENTES QUE TIVERAM POSSÍVEL EXPOSIÇÃO AO VÍRUS RÁBICO. Lavar imediatamente o ferimento com água corrente, sabão ou outro detergente. A seguir, devem ser utilizados antissépticos que inativem o vírus da raiva (como o polvidine, digluconato de clorexidine). Essas substâncias deverão ser utilizadas uma única vez, na primeira consulta. Posteriormente, lavar a região com solução fisiológica; Havendo contaminação da mucosa com saliva, outras secreções ou tecidos internos de animal suspeito de raiva, seguir o esquema profilático indicado para lambedura da mucosa. A mucosa ocular deve ser lavada com solução fisiológica ou água corrente; O contato indireto é aquele que ocorre por meio de objetos ou utensílios contaminados com secreções de animais suspeitos. Nesses casos, indica-se apenas lavar bem o local com água corrente e sabão; Em casos de lambedura na pele íntegra, por animal suspeito, recomenda-se lavar o local com água e sabão; Não se recomenda a sutura dos ferimentos. Quando for absolutamente necessário, aproximar as bordas com pontos isolados. Havendo necessidade de aproximar as bordas, o soro antirrábico, se indicado, deverá ser infiltrado uma hora antes da sutura; Proceder à profilaxia do tétano segundo o esquema preconizado (caso não seja vacinado ou com esquema vacinal incompleto) e uso de antibióticos nos casos indicados, após avaliação médica; FERIMENTOS COM RELAÇÃO AO LOCAL, PROFUNDIDADE, EXTENSÃO E NÚMERO DE LESÕES. Local – ferimentos que ocorrem em regiões próximas ao sistema nervoso central (cabeça, face ou pescoço) ou em locais muito inervados (mãos, polpas digitais e planta dos pés) são graves, porque facilitam a exposição do sistema nervoso ao vírus. A lambedura de mucosas é considerada grave, porque as mucosas são permeáveis ao vírus, mesmo quando intactas, e também porque as lambeduras, geralmente, abrangem áreas mais extensas. A lambedura da pele íntegra não oferece risco. Profundidade – os ferimentos devem ser classificados como superficiais (sem presença de sangramento) ou profundos (apresentam sangramento, ou seja, ultrapassam a derme). Os ferimentos profundos, além de aumentar o risco de exposição do sistema nervoso, oferecem dificuldades à assepsia. Mas vale ressaltar que os ferimentos puntiformes (**mordida de gato) são considerados como profundos e, algumas vezes, não apresentam sangramento. Superficiais quando não tem sangramento, se tiver qualquer tipo de sangramento já é considerada profunda. Extensão e número de lesões – deve-se observar a extensão da lesão e se ocorreu apenas uma única lesão ou múltiplas, ou seja, uma porta de entrada ou várias. Por exemplo, uma mordedura pode ter várias portas de entrada. Considerar cada perfuração como uma porta de entrada. CLASSIFICAR OS ACIDENTES QUANTO AO TIPO DE ANIMAL ENVOLVIDO, SUAS CONDIÇÕES DE SAÚDE E POSSIBILIDADE DE OBSERVAÇÃO, PROCEDÊNCIA E HÁBITOS. Cão e gato – as características da doença em cães e gatos, como período de incubação, transmissão e quadro clínico, são bem conhecidas e semelhantes. Por essa razão, esses animais são analisados em conjunto, nos seguintes elementos: - Estado de saúde do animal no momento da agressão – avaliar se o animal estava sadio ou apresentava sinais sugestivos de raiva. A maneira como ocorreu o acidente pode fornecer informações sobre seu estado de saúde. O acidente provocado (por exemplo, o animal que reage em defesa própria, a estímulos dolorosos ou outras provocações) geralmente indica uma reação normal do animal, enquanto que a agressão espontânea (sem causa aparente) pode indicar alteração do comportamento e sugere que o animal pode estar acometido de raiva. Lembrar que o animal também pode agredir devido à sua índole ou adestramento; - Possibilidade de observação do animal por 10 dias – mesmo se o animal estiver sadio no momento do acidente, é importante que seja mantido em observação por 10 dias. Nos cães e gatos, o período de incubação da doença pode variar de alguns dias a anos, mas, em geral, é de cerca de 60 dias. No entanto, a excreção de vírus pela saliva, ou seja, o período em que o animal pode transmitir a doença, só ocorre a partir do final do período de incubação, variando entre 2 e 5 dias antes do aparecimento dos sinais clínicos, persistindo até sua morte, que pode ocorrer em até 5 dias após o início dos sintomas. Portanto, o animal deve ser observado por 10 dias; se em todo esse período permanecer vivo e saudável, não há risco de transmissão do vírus; - Procedência do animal – é necessário saber se a região de procedência do animal é área de raiva controlada ou não controlada; - Hábitos de vida do animal – o animal deve ser classificado como domiciliado ou não-domiciliado; Animal domiciliado é o que vive exclusivamente dentro do domicílio, não tem contato com outros animais desconhecidos e só sai à rua acompanhado do seu dono. Desse modo, esses animais podem ser classificados como de baixo risco em relação à transmissão da raiva. Ao contrário, aqueles animais que passam longos períodos fora do domicílio, sem controle, devem ser considerados como animais de risco, mesmo que tenham proprietário ou tenham recebido vacinas, o que geralmente só ocorre nas campanhas de vacinação; Animais silvestres: morcego de qualquer espécie, micos (sagüi e “soin”), macaco, raposa, guaxinim, quati, gambá, roedores silvestres, cachorro do mato, felídeos selvagens, etc. devem ser classificados como animais de risco, mesmo que domiciliados e/ou domesticados, haja vista que, nesses animais, a patogenia da raiva não é bem conhecida. Animais domésticos de interesse econômico ou de produção – bovinos, bubalinos, equídeos, caprinos, ovinos, suínos e outros também são animais de risco. Para avaliar a indicação de profilaxia de pré ou pós-exposição é importante conhecer o tipo, frequência e grau do contato ou exposição que os tratadores e outros profissionais têm com esses animais e a incidência da raiva na região; Animais de baixo risco – os seguintes roedorese lagomorfos (urbanos ou de criação) são considerados como de baixo risco para a transmissão da raiva, não sendo necessário, portanto, indicar profilaxia da raiva em caso de acidentes causados pelos mesmos: 1. Ratazana-de-esgoto (Rattus norvegicus); 2. Rato-de-telhado (Rattus rattus); 3. Camundongo (Mus musculus); 4. Cobaia ou porquinho-da-índia (Cavea porcellus); 5. Hamster (Mesocricetus auratus); 6. Coelho (Oryetolagus cuniculus); Obs.: Histórico vacinal do animal não dispensa profilaxia! PROPOR O ESQUEMA PRECONIZADO PARA PROFILAXIA DE RAIVA HUMANA COM VACINAS DE CULTIVO CELULAR. Vacina IM profunda (0,5ml/dose), aplicada no deltoide ou vasto lateral da coxa (a região glútea fica reservada para aplicação do soro). o IM: doses 0, 3, 7 e 14. Total de 4 doses. o ID: 2 doses de 0,1ml em 2 sítios diferentes nos dias 0, 3, 7 e 14. Precisa de profissional capacitado. Profilaxia se: animal não puder ser observado, dúvidas sobre o estado de saúde do animal no acidente, o animal adoecer, morrer ou desaparecer no período de observação de 10 dias (precisando comunicar aos serviços de saúde a evolução das condições do animal), houver contato comprovado do animal com morcegos. Soroterapia: aplicar uma vez e o quanto antes. Até no máximo 7 dias após a primeira aplicação da vacina. Infiltrar a maior dose perilesional e o restante IM (não no mesmo local onde foi feito a vacina). Se cão ou gato sem suspeita de raiva na agressão: a. Acidente leve: lavar, observar o animal por 10 dias, se permanecer sadio encerra caso. Se morrer, desaparecer, raiva fazemos as 4 doses. b. Acidente grave: iniciar profilaxia com 2 doses (dias 0 e 3). Se ele ficar bem por 10 dias, encerra aí. Se não der para acompanhar o animal: aplica soro e mais duas: uma entre o 7º e 10º dia e a última no 14º. Se cão e gato suspeitos de raiva na agressão: a. Acidente leve – profilaxia nos dias 0 e 3 (2 doses). Observar por 10 dias após a exposição. Se descartamos após 10 dias a suspeita de raiva: suspender profilaxia. Se não der para acompanhar o animal: mais duas: entre 7º e 10º e no 14º. b. Acidente grave – soro, esquema de 4 doses (0, 3, 7, 14). Se após 10º dia descartamos raiva suspendemos profilaxia e caso encerado. Cão ou gato raivoso, desaparecido, morto, animal silvestre, doméstico de interesse econômico ou de produção causando lesão leve (superficial, pouco extenso, único em tronco, membros, mordeu ou arranhou, passou unha, dente, lambeu pele com lesões superficiais): lavar, assepsia, 4 doses nos dias 0, 3, 7 e 14. Se for grave (feriu cabeça, pescoço, face, planta de pé, mão, polpa digital, profundos, múltiplos, extensos, lambeu mucosa ou pele com lesão grave, ferimento profundo por unha do animal) devemos lavar, assepsia, soro imediato e 4 doses nos dias 0, 3, 7 e 14. LEVE = Não faz soro. GRAVE SEM SUSPEITA = Observar o animal. Se o animal morrer até o 3º dia, aplica-se o soro. Se ele morrer mais para frente, não precisa aplicar o soro pois a partir da 3ª dose da vacina o indivíduo já está protegido GRAVE COM SUSPEITA = Fazer o soro. CONDUTA EM POSSÍVEL CASO DE REEXPOSIÇÃO. Se paciente tem reexposição em até 90 dias da profilaxia de exposição COMPLETA não fazemos a profilaxia novamente. Depois de 90 dias fazemos duas doses (dias 0 e 3). Não precisa usar soro, exceto se for imunodeprimido ou fizer uso de medicação imunossupressora. Se o esquema dele estiver INCOMPLETO: até 90 dias completamos as doses faltosas, depois de 90 dias: ver esquema de pós exposição, conforme o caso. CONDUTA NO CASO DE ADENTRAMENTO DE MORCEGOS. Adentramento é definido como a entrada de morcegos no interior de edificações (acordar e perceber que tem um morcego dentro da casa). Nessa situação, deve-se avaliar o risco de exposição do paciente. A profilaxia da raiva, com uso de soro e vacina, deve ser indicada nos casos de contato com o morcego e, também, nos casos duvidosos em que não é possível descartar o contato, como, por exemplo, quando o informante ao acordar se depara com um morcego no interior de sua casa; Orientar as pessoas para nunca matar ou manipular diretamente um morcego. Se possível, o mesmo deve ser capturado, isolando-o com panos, caixas de papel, balde ou mantê-lo em ambiente fechado para posterior captura por pessoas capacitadas. Se possível, enviar o morcego para identificação e diagnóstico laboratorial da raiva. Para isso, entrar em contato com a secretaria municipal ou estadual de saúde. DOSE E VIA DE APLICAÇÃO DE MEDICAÇÃO PRÉ SORO. Ao aplicar o soro, a chance de anafilaxia é grande. = Fazer profilaxia tríplice: Fazer essa pré-medicação e após 30-60 minutos o soro: Maleato de dextroclorofeniramina 0,05mg/kg IM ou EV (Max de 5mg) ou VO 0,2 mg/kg; = POLARAMINE Cimetidina/Ranitidina 10mg/kg EV (Max de 300mg); Hidrocortisona 10mg/kg EV (Max 1000g); Soro infiltrado na lesão, o máximo possível. O restante (se sobrar) fazer IM em região glútea. O soro tem 200 UI por ml - não aplicar mais que 5 ml em cada músculo. Dose máxima de soro é 15 ml. Soro homólogo (+ raro e + caro): dose 20 UI/kg. Usado para pacientes com histórico de alergia, que já usaram soro heterólogo ou que tem contato com equídeos. COMPLICAÇÕES DA SOROTERAPIA E A CONDUTA PARA CADA UMA DELAS.
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