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ENEM – FILOSOFIA FILOSOFIA POLÍTICA – Aristóteles: A Ciência Política II O assunto da educação do cientista político, que é o governante para Aristóteles, é algo que ele silencia praticamente. Em um primeiro momento, pode parecer estranho que justamente um gênio como ele não tenha uma formulação ideal sobre qual é o tipo de ensino para o estadista. Em seu livro Ética a Nicômaco, diz que “nossa discussão será adequada se tiver tanta clareza quanto comporta o assunto, pois não deve exigir a precisão em todos os raciocínios por igual”. Não há, ao que parece, uma pureza de método na política dado ser um assunto demasiadamente imprevisto e com grande variedade de ações. Mais adiante, diz que se deve evitar a precisão de um método, mas que o ideal é deixar o método se adaptar, afinal, as mudanças e as adequações nas coisas humanas não acontecem instantaneamente porque estão sujeitas a diversos imprevistos, inclusive a política. Não há dúvida sobre a educação de excelência do cientista político (entendido aqui como o futuro governante, estadista), todavia ele é dito como aquela pessoa tendo a receita ideal para a solução do governo, mas sim é alguém com sabedoria (e que seja ressaltado aí a prudência no estudo de caso) que tem, em primeiro lugar, uma compreensão do melhor regime diante das circunstâncias favoráveis; em segundo lugar, uma compreensão de qual seja o melhor regime diante das circunstâncias menos favoráveis; em terceiro lugar, o cientista político deve ser capaz de tornar o regime, por pior que seja, mais estável e coerente; em quarto lugar, o cientista político deve ter a habilidade de praticar o jogo político demonstrando habilidade retórica para persuadir e convencer de que suas ideias são melhores que as demais. Mesmo que tenha recebido educação excelente, o cientista político deverá ter uma linguagem comum no jogo político, mesmo que esse discurso sofra com ambiguidades. É como se fosse a forma que a Filosofia encontrou para poder tornar a política mais justa e próximo do Bem. Aristóteles sabia muito bem que a práxis política é refratária aos desesperos da Filosofia, e por isso não quis fazer do seu estadista um filósofo que toma as rédeas da política, mas de mostrar que com uma educação diferenciada também em Filosofia talvez seja possível se aproximar melhor da resolução dos problemas de administração de uma cidade. A teoria de Aristóteles é uma utopia (lembre-se, uma referência) que deve guiar algum governante que esteja imerso no espírito público de bem governar para o bem de todos. Dentre todos os interesses em jogo, aqueles interesses comum a todos são os que devem prevalecer.
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