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WBA0378_v1.0 COMPLIANCE DIGITAL APRENDIZAGEM EM FOCO 2 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Autoria: Marcilei Gorini Pivato Leitura crítica: Paulo Ricaldoni A disciplina objetiva aprofundar os conhecimentos e o debate sobre o compliance digital nas áreas de atuação da empresa contemporânea, habilitando o profissional a atuar como compliance officer na corporação. Nesse sentido, torna-se essencial o conhecimento acerca dos programas de compliance nacionais e internacionais, e, ainda, como funciona a conformidade ética empresarial e a due diligence. Da mesma forma, é imprescindível o debate acerca da responsabilidade dos sócios, dirigentes e acionistas em relação aos atos praticados pelas empresas em sua atuação operacional. A disciplina pretende, ainda, desenvolver habilidades específicas, especializando o profissional de compliance e capacitando-o para avaliar se as organizações estão em conformidade com as previsões da legislação nacional e internacional. Assim, a análise dos principais tipos contratuais utilizados pelas empresas e a responsabilização dos parceiros comerciais fazem-se essenciais para o desenvolvimento dessas habilidades, bem como o conhecimento a respeito das etapas de implantação de um departamento de compliance e sua certificação. Por fim, não se pode deixar de registrar conhecimentos acerca da legislação concorrencial, anticorrupção e antidumping, em que a atuação do departamento de compliance empresarial de uma companhia possui destaque na prevenção e na detecção desses tipos de infrações. 3 Dessa forma, o compliance officer se tornará um profissional especializado na área, estando pronto para atuar no setor de compliance das companhias, com o fim de desenvolver e aperfeiçoar regulamentos internos e externos, com a finalidade de obtenção, para a empresa, de certificação nacional e internacional. Bons estudos! INTRODUÇÃO Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática profissional. Vem conosco! TEMA 1 Programas de compliance nacional e internacional. Compliance empresarial e due diligence: estrutura da empresa, contrato social e responsabilidade de sócios, dirigentes e acionistas ______________________________________________________________ Autoria: Marcilei Gorini Pivato Leitura crítica: Paulo Ricaldoni 5 DIRETO AO PONTO O compliance é um dos pilares de sustentação da governança corporativa e figura entre os seus quatro princípios: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade. A governança corporativa é um sistema de administração, direção e monitoramento da atividade empresarial e da relação entre os stakeholders1 , visando a criação de normas, diretrizes e regulamentos que devem ser seguidos de modo a gerir o funcionamento das relações no ambiente empresarial (ADDOR, 2019). Dirigida de acordo com os seus princípios basilares, ela visa garantir a transmissão de informações transparentes, precisas e claras; a equidade no tratamento de seus sócios e acionistas, inclusive minoritários, preferencialistas, nacionais e estrangeiros; prestação de contas clara, informativa, precisa e objetiva; bem como o zelo pela responsabilidade e pelos interesses da empresa acima de qualquer interesse pessoal. Boas práticas de governança corporativa agregam valor e são inovadoras para a empresa que as implementa e executa de maneira correta e eficaz. Aprimorar a cultura organizacional, investir na transparência das informações, na estrutura da gestão corporativa, na comunicação com os stakeholders em médio e longo prazo, garante o crescimento sustentável e responsável da empresa. Investir em boas práticas de governança corporativa reflete ao mercado uma imagem positiva de seriedade e responsabilidade da empresa em relação aos parceiros de sua cadeia produtiva 1 Interessados na empresa (sócios, acionistas, dirigentes, colaboradores, parceiros empresariais, fornecedores, clientes ou terceiros). 6 e à relação com seus consumidores, o que valoriza e fortalece a sua marca, além de trazer segurança para os seus gestores e investidores. O quadro a seguir ilustra as principais formas de governança corporativa mais utilizadas nas empresas nacionais. Quadro 1 – Principais formas de governança corporativa nacionais Governança corporativa Assembleia ou reunião de sócios. Gerência e controle das ações da empresa e de seus administradores. Acordo de acionistas/sócios. Composição dos interesses individuais dos sócios. Conselho fiscal. Fiscalizador dos atos dos administradores, da prestação de contas e dos atos legais e estatutários. Conselho de administração. Direcionamento estratégico das decisões. Diretoria. Órgão executivo e representativo da empresa. Fonte: elaborado pelo autor. É notável a importância da governança corporativa ao longo dos últimos anos, pois seu avanço gera maior desempenho e valorização das empresas no mercado, maior segurança, ambientes éticos e transparentes, que impactam diretamente o combate às fraudes, conflitos societários e atos de corrupção, agregando valor à organização. Internacionalmente, as práticas de boa governança se destacaram pelas iniciativas da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que, por meio do fórum Business 7 Sector Advisory Group on Corporate Governance, traça diretrizes e princípios internacionais que passaram a ser indicativos na elaboração de recomendações sobre o tema. No Brasil, o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), em atividade desde o ano de 1995, é a maior referência de geração de conhecimento das melhoras práticas de governança, desenvolvendo programas de capacitação e certificação profissional. O programa de compliance, por sua vez, dentro da governança corporativa, é responsável pelo monitoramento constante de todos os envolvidos na organização, pela auditoria interna e externa na prestação de contas, pela comunicação preventiva entre os colaboradores e interessados e pela internalização das normas internas e legislativas que envolvem a atividade empresarial (ADDOR, 2019). Como instrumento de prevenção, ele divulga as normas de éticas de integridade da organização, sua visão, missão e seus valores, regula os procedimentos que serão aplicados em relação a todos os envolvidos e as atividades empresariais, por isso a importância do departamento de compliance ser autônomo e independente funcionalmente da organização e alinhado com a alta administração. Referências bibliográficas ADDOR, G. P. A governança corporativa e compliance e sua importância na evolução das startups. In: KLEINDIENST, A. C. (Org). Grandes temas do direito brasileiro: compliance. 2. ed. São Paulo: Almedina Brasil, 2019. 8 PARA SABER MAIS A inteligência artificial auxilia na avaliação de um extenso volume de dados, com o objetivo de captar padrões de comportamento suspeito, operações fora do padrão e até reduzir custos, além de auxiliar as organizações na demonstração de transparência das suas operações perante os agentes reguladores, bem como melhorar os índices de desempenho da área de compliance e de gestão do risco (GOMES; MARTELLA; PÊGAS, 2020). O departamento de compliance de uma organização enfrenta um grande problema com a entrada e a proteção de grande volume de dados que devem ser processados e analisados em uma velocidade e com custo cada vez menores, de forma que a inteligência artificial é uma das respostas a essa questão. Dessa forma, o compliance officer deve estar familiarizado com todas as vantagens e saber utilizar as facilidades que a inteligência artificial oferece para a efetivação das operações e medidas de um programa de integridade. Vulnerabilidades tecnológicas podem causar extensos prejuízos a uma organização, de forma que novoscuidados desafiam a empresa a possuir em seu programa de compliance uma área digital que permita enfrentar riscos complexos, preservando a integridade da organização e evitando fraudes. Um estudo realizado por Gomes et al. (2020) procurou esclarecer qual técnica ou modelo de inteligência artificial (robotic process automation2 ; natural language processing3 ; rules compression4 ; 2 Configuração de um software com regras de negócio e atividades predefinidas para completar a execução autônoma da combinação de processos, atividades, transações e tarefas, com um ou mais softwares, a fim de obter resultados ou serviços sem a gestão humana. 3 Utilização automática da linguagem natural verbal ou escrita nas respostas fornecidas pela ferra- menta ao profissional de compliance. 4 Conjunto de operações condicionais anexadas a um determinado resultado de dados. 9 evolutionary programing5 ; machine learning6 ) seria mais eficaz em cada caso específico em um programa de compliance. Descobriu-se que essas técnicas de inteligência artificial podem ser empregadas com sucesso na regulamentação, na análise de fraudes, cibersegurança, na qualidade dos dados processados e no engajamento do cliente. Assim, o emprego da inteligência artificial em compliance auxilia efetivamente na eficiência, análise de dados, segurança digital e prevenção de fraudes, além de outros tantos pontos existentes do programa. Referências bibliográficas GOMES et al. Know your robot: inteligência artificial aplicada aos pilares do compliance. In: FRANCO, I. (Org.). Guia prático de compliance. Rio de Janeiro: Forense, 2020. TEORIA EM PRÁTICA Reflita sobre a seguinte situação: você trabalha em uma corporação e, em viagem de trabalho com outros colaboradores, ao dividirem um táxi do aeroporto para o hotel em que a equipe se hospedará, você percebe que o valor do recibo emitido pelo taxista é superior ao valor pago pelo seu supervisor. Coloque-se no lugar do funcionário que flagra um ato ilícito praticado por um superior, considerando que o ato praticado pelo seu supervisor é contrário aos valores e programa de ética e integridade da companhia e é passível de responsabilização administrativa, civil 5 Programação evolucionária de algoritmos evolutivos utilizados na inteligência artificial. 6 Habilidade da máquina de aprendizado sem ser expressamente programada. 10 Lorem ipsum dolor sit amet Autoria: Nome do autor da disciplina Leitura crítica: Nome do autor da disciplina e penal. Como deverá agir nesse caso? E se a posição ocupada por você na empresa fosse de compliance officer, quais medidas tomaria nessa situação? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 O capítulo “Departamento de compliance: independência e autonomia” é o primeiro do livro Guia prático de compliance, que analisa a importância da autonomia e independência de um departamento de compliance em uma organização, a estruturação do compliance corporativo, com a criação e disseminação da sua cultura. Abrange ainda os possíveis conflitos de interesses que possam ocorrer entre o departamento jurídico e o de compliance. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Minha Biblioteca, na Biblioteca Virtual da Kroton, e busque pelo título da obra . WAGATSUMA et al. Departamento de compliance: independência e autonomia. In: Franco, I. (Org.). Guia prático de compliance. Rio de Janeiro: Forense, 2020 Indicações de leitura 11 Indicação 2 “Compliance R.I.N.S.: como implantar e quais os benefícios do programa de compliance?” é um artigo que tem por objetivo alertar sobre a responsabilidade social das empresas, por meio dos benefícios da implantação de um programa de compliance, analisando objetivo, como implantar e os benefícios derivados da sua implementação na organização. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Sintesenet Jurídico, na Biblioteca Virtual da Kroton, e busque pelo título da obra. JORGE, G. F.; TOMAZ, R. E. Compliance R.I.N.S.: como implantar e quais os benefícios do programa de compliance? Disponível em: online.sintese.com Acesso em: 13 jun. 2020. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. É notável a importância da governança corporativa ao longo dos últimos anos, pois seu avanço gera maior desempenho e valorização das empresas no mercado. A respeito das boas 12 práticas de governança corporativa e compliance empresarial, assinale a alternativa correta: a. A eficiência da governança corporativa gera maior conhecimento das atividades realizadas na empresa, agindo apenas no intuito de melhorar a produção e o lucro. b. As boas práticas de governança beneficiam apenas os interesses particulares de seus sócios e acionistas, no intuito de monitorar a atividade diretiva da empresa. c. O compliance empresarial é responsável pela disseminação do código de ética e integridade de uma organização, departamento que figura com interesses similares à governança corporativa, sendo um dos seus princípios fundamentais. d. A governança corporativa e o compliance empresarial possuem funções distintas na organização, de forma que a governança apenas administra e o setor de compliance elabora o código de ética e conformidade. e. O compliance empresarial possui somente a função de comunicação preventiva entre os colaboradores e interessados, objetivando a internalização das normas legislativas que envolvem a atividade empresarial. . 2. O compliance digital diz respeito à conformidade da organização com as normas internas e jurídicas sobre as atividades digitais e de processamento de dados. Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta: a. A lei brasileira sobre proteção de dados pessoais normativa o processamento de dados e impacta diretamente o programa de compliance de uma organização, devendo esta estar em conformidade com suas diretrizes. 13 b. O compliance officer opera o programa de integridade de uma empresa, enquanto o setor de tecnologia da informação é o responsável pela adequação normativa da inteligência artificial em relação aos seus colaboradores. c. Vulnerabilidade tecnológica está entre os riscos programados de um programa de compliance e não pode ser evitada. d. As técnicas de inteligência artificial são empregadas com sucesso na análise de dados, mas não na prevenção de fraudes digitais. e. O departamento de compliance responde diretamente à direção da organização, sem qualquer independência funcional em suas atribuições. GABARITO Questão 1 - Resposta C Resolução: O compliance é um dos pilares de sustentação da governança corporativa e figura entre os seus quatro princípios: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade, fazendo parte das boas práticas de governança. As demais alternativas estão incorretas, pois a governança corporativa não possui apenas o intuito de lucro e nem beneficia apenas os interesses dos sócios e acionistas no intuito de monitorar a direção. Questão 2 - Resposta A Resolução: : A Lei nº 13.709/2018 – Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais normativa no Brasil a segurança, o manuseio, tratamento e processamento de dados. Sua entrada em vigor constitui uma importante norma jurídica nacional à qual as empresas contemporâneas devem se adequar 14 legislativamente. As demais alternativas estão incorretas, pois o departamento do compliance possui independência funcional. A vulnerabilidade tecnológica pode ser evitada e as técnicasde inteligência artificial são empregadas com sucesso na prevenção de fraudes. TEMA 2 Contrato entre empresas e responsabilização de parceiros (terceirização, representação, distribuição, compras, fornecedores, parcerias, consórcios) ______________________________________________________________ Autoria: Marcilei Gorini Pivato Leitura crítica: Paulo Ricaldoni 16 DIRETO AO PONTO A globalização proporcionou uma proximidade econômica ao mercado nacional e internacional. A tecnologia, por sua vez, aprimora todos os dias novos meios de comunicação que facilitam a interação entre pessoas localizadas em qualquer lugar do globo. A sociedade e as empresas evoluíram e os contratos também: o formato eletrônico já faz parte há alguns anos da realidade da empresa contemporânea. A internet possibilitou às empresas uma nova visão da atividade empresarial que impacta diretamente a realização de negócios jurídicos, empregando velocidade e redução de custos. A realização de contratos eletrônicos, todavia, difere dos contratos tradicionais realizados em papel entre pessoas presentes no mesmo ambiente físico somente quanto ao momento de sua formação (categoria/classificação contratual: contratos não solenes), ou seja, quanto ao meio empregado para a sua formalização. No entendimento de Rebouças (2018), para a efetivação do contrato eletrônico, o meio utilizado deverá observar o momento da formação do vínculo obrigacional, ou seja, a manifestação de vontade das partes contratantes. Esse momento poderá incluir, observado caso a caso, a fase pré-contratual, a execução e, inclusive, a fase pós-contratual, como observa-se no gráfico a seguir: 17 Figura 1 – Fases do contrato Fonte: elaborada pelo autor. A fase pré-contratual compreende as tratativas preliminares, a proposta, contraproposta, elaboração de minutas, a elaboração de um contrato preliminar e a aceitação. A fase contratual, por sua vez, diz respeito à execução do contrato, e a pós-contratual se inicia com a sua extinção. Frisa-se que a formação do vínculo obrigacional se dá com a aceitação da proposta, que ocorre na fase pré-contratual. Dessa forma, se a aceitação da proposta for realizada pelo meio eletrônico, teremos um contrato eletrônico. Um contrato firmado em papel não pode ser denominado de contrato eletrônico, mesmo que a sua fase pré-contratual ou de execução sejam realizadas de forma eletrônica. Segundo Rebouças (2018), nessas situações, não se tratará de um contrato eletrônico, mas sim de um contrato cuja execução foi realizada por meio eletrônico. Todavia, ainda não seria possível a realização de contratos eletrônicos que exigem forma solene para a sua realização, 18 como é o caso da compra e venda de bens imóveis, que são formalizados pelo registro no Cartório de Registro de Imóveis, por meio de uma escritura pública de compra e venda, conforme previsão expressa do art. 108 do Código Civil (BRASIL, 2002). Dessa forma, o contrato eletrônico não é uma nova forma, classificação ou categoria contratual, mas apenas diferente em relação ao meio de contratação realizado (o meio eletrônico) e pode ser encontrado com diversas nomenclaturas, como contratos virtuais, contratos pela internet, contratos telemáticos, etc. O contrato eletrônico deve ser conceituado, segundo Rebouças (2018, p. 33), como um “negócio jurídico contratual realizado pela manifestação de vontade, das posições jurídicas ativa e passiva, expressada por meio eletrônico no momento de sua formação”. Dessa forma, a manifestação de vontade das partes realizadas por meio eletrônico diz respeito à instrumentalização do contrato, que poderá ocorrer entre presentes ou ausentes ou, ainda, externada com execução automatizada sem que isso o descaracterize (REBOUÇAS, 2018). Alguma legislação específica pode ser encontrada na legislação brasileira a respeito dos contratos realizados em meio eletrônico, como as normas da CVM – Comissão de Valores Mobiliários para as operações por sistemas eletrônicos e as regras da certificação digital aos documentos eletrônicos editadas pelo Comitê Gestão da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras – ICP-Brasil, que foi instituído pela Medida Provisória 2.200-2, sendo este regulado, em sua maioria, pelas disposições contratuais do Código Civil Brasileiro (REBOUÇAS, 2018). . 19 Existem também, além das disposições explanadas anteriormente, normas sobre a contratação eletrônica no Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990), que deverá ser aplicado aos contratos eletrônicos de consumo, regulamentados pelo Decreto Lei nº 7.962, de 15 de março de 2013, que dispõe sobre a contratação no comércio eletrônico (REBOUÇAS, 2018). Referências bibliográficas REBOUÇAS, R. F. Contratos eletrônicos: formação e validade – aplicações práticas. 2. ed. São Paulo: Almedina, 2018. BRASIL. Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o código civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/ L10406compilada.htm. Acesso em: 04 nov. 2020. PARA SABER MAIS A Lei nº 12.965 de 23 de abril de 2014, chamada de Marco Civil da Internet, estabeleceu, pela primeira vez no território nacional, princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet (BRASIL, 2014), determinando, ainda, as diretrizes para a atuação dos entes federativos sobre o assunto. A norma trouxe como fundamento o respeito à liberdade de expressão, a colaboração à livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor e, por fim, a finalidade social da rede, entre outros. O Marco Civil da Internet foi inspirado nos princípios para a governança e uso da internet no Brasil, firmados pelo Comitê 20 Gestor da internet no Brasil (CGI.br), entidade multissetorial criada para o desenvolvimento da internet no Brasil, e para servir de horizonte norteador para ações e decisões desse setor em desenvolvimento (GARCIA, 2016). Dessa forma, a legislação elencou princípios como a proteção da privacidade; a proteção dos dados pessoais, a preservação da estabilidade, segurança e funcionalidade da rede, por meio de medidas técnicas compatíveis com os padrões internacionais e pelo estímulo ao uso de boas práticas; a responsabilização dos agentes de acordo com suas atividades, nos termos da lei, e a liberdade dos modelos de negócios promovidos na internet (BRASIL, 2014). Em relação à responsabilidade dos provedores de conexão, ou seja, aqueles que apenas fornecem ao usuário a conexão à internet, a regra é a da efetiva inimputabilidade pelo conteúdo gerado por terceiro. Já em relação aos provedores de aplicações, que fornecem o conjunto de funcionalidades a serem acessadas pelo usuário conectado à internet, somente respondem por conteúdo de terceiros em caso de omissão – configurada pela não adoção de providências após ordem judicial específica de remoção do conteúdo (GARCIA, 2016). As técnicas de certificação, criptografia, assinatura digital, entre outras disponíveis atualmente, permitem aos usuários da internet uma relativa segurança na contratação realizada por meio eletrônico. A legislação avança a passos mais brandos que a tecnologia, para regular os negócios on-line. Para as empresas contemporâneas que se utilizam amplamente de negócios virtuais, o Marco Civil da Internet significou modificação importante, com reflexos diretos e relevantes na sociedade brasileira. Porém, como o próprio nome sugere, trata- 21 se de um marco regulatório, ainda pendente de regulamentação e com diversas questões em aberto, notadamente em relação aos negócios jurídicos e aos contratos eletrônicos (GARCIA, 2016). Referências bibliográficas BRASIL. Lei nº 12.965 de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 2014, p. 1, 24 abr. 2014. GARCIA, R. Marco civil da internet no brasil: repercussões e perspectivas. Revista dosTribunais, São Paulo, n. 78. v. 964, p. 161-190, 2016. Disponível em: www.revistadostribunais.com.br. Acesso em: 04 nov. 2020. TEORIA EM PRÁTICA Reflita sobre a seguinte situação: um representante comercial, durante dez anos, trabalhou em parceria com uma empresa que possui entre as suas atividades a fabricação de café solúvel. Sua parceria comercial estabelecia que ele representaria a companhia em todo o estado, na mediação de negócios entre a ela e os compradores de seus produtos. Após o produto ter se consolidado no mercado e a organização ter uma rede de negócios relativamente estável naquele estado, a fábrica de café solúvel resolve rescindir o contrato do representante comercial, em razão de não precisar mais de seus serviços de representação. Esse ato da firma, em rescindir o contrato, poderia ensejar algum tipo de enriquecimento ilícito? Quais os direitos nesse caso do funcionário que teve o seu contrato rescindido? 22 Como representante jurídico da companhia, desenvolva um parecer sobre o caso em questão, que norteará as decisões da organização. Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 O artigo “O regime jurídico do contrato de representação comercial” apresenta ao leitor a natureza da relação contratual existente entre as partes em um contrato de representação comercial, bem como a legislação aplicável ao caso. Da mesma forma, examina, ainda, as características e circunstâncias do contrato de representação comercial e do contrato de distribuição, bem como o regime jurídico aplicável a ambos os documentos empresariais. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Sintesenet Jurídico, na Biblioteca Virtual da Kroton, e busque pelo título da obra. WALD, A. Do regime jurídico do contrato de representação comercial. Disponível em: http://online.sintese.com. Acesso em: 21 jul. 2020. Indicações de leitura 23 Indicação 2 O artigo intitulado “A segurança jurídica dos documentos digitais” analisa as dificuldades encontradas em razão da universalização dos documentos eletrônicos, com destaque à qualificação jurídica, como documentos, sua validade legal, bem como os elementos que visam a garantir a sua segurança jurídica. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Sintesenet Jurídico, na Biblioteca Virtual da Kroton, e busque pelo título da obra. GANDINI et al. A segurança jurídica dos documentos digitais. Disponível em: http://online.sintese.com. Acesso em: 21 jul. 2020. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Em relação à legislação civil brasileira e às características dos contratos eletrônicos, assinale a alternativa correta: a. Podem ser realizados somente entre ausentes, por se tratar de contratação eletrônica. 24 b. São solenes e não admitem outra forma a não ser a eletrônica. c. Os contratos eletrônicos não possuem forma solene e podem ser realizados entre ausentes e presentes. d. São contratos eletrônicos aqueles em que apenas a sua execução é realizada inteiramente por meio eletrônico. e. São contratos eletrônicos aqueles celebrados apenas entre ausentes, na internet, com um clique, ou botão de aceitação, ou concordância em aderi-lo. 2. Assinale a alternativa que indica corretamente os princípios sobre o uso da internet no Brasil regulados pela Lei nº 12.965 de 23 de abril de 2014 (BRASIL, 2014) o Marco Civil da Internet: a. Proteção dos dados pessoais; liberdade de expressão; livre iniciativa. b. Liberdade de expressão; livre iniciativa; livre concorrência. c. Proteção da privacidade; preservação e garantia da neutralidade da rede; defesa do consumidor. d. Defesa do consumidor; preservação e garantia da neutralidade da rede; livre iniciativa. e. Proteção dos dados pessoais; proteção da privacidade; preservação e garantia da neutralidade da rede. GABARITO Questão 1 - Resposta C Resolução: Os contratos eletrônicos não possuem forma solene e podem ser realizados entre ausentes e presentes. As 25 demais alternativas estão incorretas, pois, para caracterizá- lo, a manifestação da proposta e a aceitação devem ser realizadas por meio eletrônico. Questão 2 - Resposta E Resolução: De acordo com o art. 3º da Lei nº 12.965 de 23 de abril de 2014, o Marco Civil da Internet, são princípios que disciplinam o uso da internet no Brasil a proteção dos dados pessoais (inciso III); proteção da privacidade (inciso II); preservação e garantia da neutralidade da rede (inciso IV) (BRASIL, 2014). TEMA 3 Compliance concorrencial: regulação antitruste e combate ao dumping. Novo estatuto jurídico da empresa pública e governança. Combate à corrupção e novos modelos de colaboração. Gestão de conflitos e soluções alternativas para o setor público e privado ______________________________________________________________ Autoria: Marcilei Gorini Pivato Leitura crítica: Paulo Ricaldoni 27 DIRETO AO PONTO A Lei nº 13.303 de 30 de junho de 2016 (BRASIL, 2016) dispôs sobre o novo estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias no âmbito nacional. Essa norma trouxe novamente em discussão a gestão das empresas estatais, em especial a existência de mecanismos de controle interno, bem como o relacionamento com a administração central e nomeação dos membros diretores e dos conselhos fiscal e administrativo. Editada no mesmo momento em que ocorriam as investigações da Operação Lava Jato, que investigou os casos de corrupção de empresas estatais, a norma estabelece regras impostas a todas as empresas estatais, independentemente do tipo de atividade exercida pela empresa ou sua atuação no mercado, com o objetivo de definir novos padrões de gestão administrativa. Dessa forma, a governança corporativa das empresas estatais ganhou destaque como ferramenta direta no combate à corrupção, por constituir um instrumento de gestão fundamental para o desenvolvimento dos negócios empresariais, bem como para o cumprimento de seus deveres legislativos, por meio de uma gestão eficiente e comprometida com as boas práticas e normas éticas. Um dos pontos fundamentais trazidos pela Lei nº 13.303/2016 (BRASIL, 2016), segundo Issa e Tafur (2020), diz respeito ao estabelecimento de controles relacionados à prática de condutas e mecanismos de fiscalização e promoção da transparência na condução das atividades empresariais, de forma que criaram-se novos parâmetros de governança corporativa que deverão ser 28 observados pela empresa pública e pela sociedade de economia mista. Para cumprir seu objetivo, a Lei nº 13.303/2016 (BRASIL, 2016) desenvolveu critérios rígidos, dispostos no art. 8º, que podem ser sistematizados em cinco grandes categorias temáticas, de acordo com o gráfico demonstrado a seguir: Figura 1 – Categorias de governança corporativa estabelecidas pela Lei nº 13.303/2016 Fonte: elaborada pelo autor. A primeira categoria fala sobre a transparência das atividades realizadas pela empresa estatal e estabelece o dever de elaboração de documentos específicos, a adequação do estatuto 29 social, bem como a criação de políticas para divulgação das informações financeiras. A segunda categoria demonstra os mecanismos de controle sobre o comportamento do gestor público em razão das suas atribuições funcionais, com a implementação de um código de conduta e integridade. A terceira categoria de normas se refere às estruturas de controle formada por órgãos internos da empresa estatalcom competências específicas voltadas à fiscalização dos parâmetros de governança implantados pela estatal. O conteúdo de cada documento elaborado ou estrutura dos órgãos de controle deverá, obrigatoriamente, obedecer aos requisitos estabelecidos pela Lei nº 13.303/2016 (BRASIL, 2016). A quarta categoria diz respeitos aos mecanismos de seleção dos administradores (art. 17), com o objetivo de estabelecer critérios que afastem a excessiva influência política em detrimento da competência gestacional. E por último, na quinta categoria, o legislador estabelece compromissos específicos do acionista público (arts. 14 e 15), que, na sua qualidade de controlador, funcionam como instrumento de fortalecimento da governança corporativa. Referências bibliográficas BRASIL. Lei nº 13.303 de 30 de junho de 2016. Dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Diário Oficial da União: seção 1, 2016, n. 125, p. 1, 1 jul. 2016. ISSA, R. H.; TAFUR; D. J. V. Governança corporativa nas estatais. In: 30 CARVALHO et al. (Coords.).Manual de compliance. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. PARA SABER MAIS Os programas de compliance podem ser implementados em entidades do terceiro setor. Fazem parte desse grupo as entidades privadas sem fins lucrativos que prestam serviços de relevância pública. Elas são chamadas dessa forma pois não pertencem ao Estado e não são empresas privadas (primeiro e segundo setor, respectivamente). O terceiro setor, como é chamado, é composto por uma pluralidade de entidades. Do mesmo modo, as formas de emparceiramento e fomento são diversificadas, não sendo possível falar em regime jurídico uniforme para todas. A Lei Federal nº 13.019/ 2014 estabeleceu as normas aplicáveis a figuras que denominou “organizações da sociedade civil” (SANTOS et al., 2020). Embora a lei tenha buscado uniformizar e reunir diversas normas esparsas dirigidas a diferentes entidades sem fins lucrativos que se relacionam com a Administração Pública, esta segue coexistindo com leis específicas aplicáveis às entidades, tais como a Lei nº 9.637/1998 (Lei das Organizações Sociais) e a Lei nº 9.790/1999 (Lei das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIPs) (SANTOS et al., 2020). Embora não se confundam com o Estado nem com o mercado, as entidades do terceiro setor, por não visarem à obtenção de lucro e pelo fato de realizarem atividades de interesse público, frequentemente recebem recursos da Administração Pública, 31 no âmbito do exercício da função administrativa de fomento, e também do setor empresarial, cada vez mais atento aos ideais de responsabilidade social (SANTOS et al., 2020). Dessa forma, é grande a incidência de normas de direito público em suas atividades, e após a publicação da Lei Anticorrupção, o cuidado por atuação em conformidade com a legislação, agindo com maior transparência, ganhou força na relação com o setor empresarial. Identifica-se uma preocupação cada vez maior das empresas que desenvolvem atividades de responsabilidade social em escolherem entidades com gestão transparente e que adotem práticas de governança de padrões internacionais. As entidades sem fins lucrativos dependem de transparência e de confiança para receberem doações e estabelecerem parcerias. Responsabilidade sobre a gestão dos recursos, transparência e diligência na prestação de contas passam a ser elementos legitimadores à ação do terceiro setor. Neste ambiente, o compliance ganha centralidade na atuação das entidades e passa a ser elemento de sustentabilidade (SANTOS et al., 2020). Embora ainda não existam no Brasil normas específicas para a implementação de programas de compliance para o terceiro setor, é fato que a normatização existente, em especial a Lei Anticorrupção, se aplica às entidades privadas sem fins lucrativos. Referências bibliográficas SANTOS et al. Compliance e o terceiro setor. In: CARVALHO et al. (Coords.). Manual de compliance. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. 32 TEORIA EM PRÁTICA Reflita sobre a seguinte situação: você trabalha como compliance officer em uma companhia que deseja realizar um plano de fusão e aquisição com outra empresa que atua no mesmo ramo de mercado. Você sabe que a efetiva adesão dos colaboradores de uma empresa à sua política de compliance representa uma das mais valiosas e relevantes informações numa operação de fusão e aquisição e que o desrespeito a essas diretrizes pelos colaboradores da organização poderá resultar em futura responsabilidade jurídica (multas) ou social (efeitos negativos sobre a reputação da companhia), cujo impacto econômico- financeiro, se não pactuado diversamente, recairá sobre a adquirente. Dessa forma, elabore um parecer, ou plano de ação, estabelecendo os critérios que devem ser observados pela firma adquirente durante as negociações que pretendem resultar numa operação de fusão e aquisição. Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Este artigo analisa os valores fundamentais que deverão ser rigorosamente observados pela Administração Pública, por seus agentes públicos e todos que, direta ou indiretamente, mantêm negócios, contratos ou alguma relação jurídica com o ente Indicações de leitura 33 estatal. Expõe a Lei Anticorrupção, editada para conferir maior higidez à tutela da probidade administrativa e ao patrimônio da Administração Púbica, analisando sob o aspecto punitivo se a lei é materialmente penal por incorporar nuances que são próprias de normas com forte conotação dissuasória e intimidatória. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Sintesenet Jurídico, na Biblioteca Virtual da Kroton, e busque pelo título da obra. ALMEIDA, A. Q. de. Programa de integridade (compliance program) na lei anticorrupção e culpabilidade empresarial. Disponível em: http://online.sintese.com. Acesso em: 27 jul. 2020. Indicação 2 Esta é uma importante iniciativa idealizada para voluntariamente fomentar, junto ao setor empresarial, a adoção de medidas de integridade e de prevenção da corrupção. Trata-se do Programa Empresa Pró-ética, uma iniciativa pioneira na América Latina, que teve início em dezembro de 2010, por ocasião das comemorações do Dia Internacional de Combate à Corrupção, resultante da parceria da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Sintesenet Jurídico, na Biblioteca Virtual da Kroton, e busque pelo título da obra. CREUZ, L. R. C. e. O Programa Empresa Pró-ética: estudo sobre a iniciativa do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU) e do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. Disponível em: http://online. sintese.com. Acesso em: 27 jul. 2020. 34 QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Em relação ao estatuto jurídico da empresa pública regulado pela Lei 13.303/2016 (BRASIL, 2016), assinale a alternativa que apresenta requisitos de transparência obrigatórios que devem ser observados pela empresa pública: a. Elaboração e divulgação de política de divulgação de informações, em conformidade com a legislação em vigor e com as melhores práticas. b. Ação dos acionistas e dos sócios, por meio da implementação e do monitoramento de práticas de controle interno.c. Divulgação a cada cinco anos de relatório integrado ou de sustentabilidade. d. Divulgação da política de distribuição de lucros, seguindo as normas internas da companhia. e. Divulgação semestral de carta de governança corporativa. 35 2. “A constituição de empresa pública ou de sociedade de economia mista dependerá de prévia autorização legal que indique, de forma clara, relevante interesse coletivo ou imperativo de segurança nacional”, nos termos da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988). Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta: a. Empresa pública é a instituição dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente de propriedade da União. b. A exploração de atividade econômica pela União será exercida por meio de empresa pública e de empresas privadas. c. Os Poderes Executivos poderão editar atos que estabeleçam regras de governança destinadas a todas as empresas públicas. d. Na participação em sociedade empresarial em que a empresa pública, a sociedade de economia mista e suas subsidiárias não detenham o controle acionário, estas deverão adotar, no dever de fiscalizar, práticas de governança e controle proporcionais à relevância, à materialidade e aos riscos do negócio. e. A exploração de atividade econômica realizada pelo Estado deverá ser realizada por meio de empresa pública e pelo terceiro setor. 36 GABARITO Questão 1 - Resposta A Resolução: Elaboração e divulgação de política de divulgação de informações, em conformidade com a legislação em vigor e com as melhores práticas, de acordo com o disposto no art. 8, IV da Lei 13.303/2016 (BRASIL, 2016). Questão 2 - Resposta D Resolução: Na participação em sociedade empresarial em que a empresa pública, a sociedade de economia mista e suas subsidiárias não detenham o controle acionário, estas deverão adotar, no dever de fiscalizar, práticas de governança e controle proporcionais à relevância, à materialidade e aos riscos do negócio do qual são partícipes, nos termos do art. 1º, § 7º da Lei 13.303/2016 (BRASIL, 2016). TEMA 4 Etapas de implantação. Acordo de leniência e certificações ______________________________________________________________ Autoria: Marcilei Gorini Pivato Leitura crítica: Paulo Ricaldoni 38 DIRETO AO PONTO O Decreto nº 8.420 de 18 de março de 2015 (BRASIL, 2015) foi editado com o fim de regulamentar a Lei nº 12.846/2013 – Lei Anticorrupção, e dispõe, além da responsabilização administrativa das empresas pela prática de atos de corrupção, sobre o acordo de leniência e o programa de integridade. Dessa forma, a empresa envolvida em condutas de corrupção como os atos listados pela Lei nº 12.846/2013 e pela Lei nº 8.666/93 podem celebrar acordos de leniência desde que seja a primeira a manifestar o interesse de colaborar para a apuração do ato ilícito. Além desse requisito, segundo o art. 30 do Decreto nº 8.420/2015, a organização deve ter cessado de forma inequívoca o seu envolvimento no ato lesivo a partir da propositura do acordo, admitindo sua participação na infração administrativa e cooperar com as investigações, bem como com o processo administrativo, comparecendo sempre que solicitada aos atos processuais. Deve fornecer, ainda, informações, documentos e elementos que comprovem a infração administrativa que está sendo investigada (BRASIL, 2015). A proposta de acordo de leniência deverá ser formulada pelos representantes legais da empresa nos termos do estatuto ou contrato social ou por procurador com poderes específicos, de forma oral ou escrita, e recebida com tratamento sigiloso pela Controladoria-Geral da União – CGU, órgão competente nos casos dos atos lesivos contra a Administração Pública estrangeira e no âmbito do Poder Executivo Federal. 39 Esta negociação deverá ser concluída no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contados da data da apresentação da proposta, podendo esse prazo ser prorrogado a critério da CGU, em razão das circunstâncias do caso concreto assim o exijam (BRASIL, 2015). Todavia, caso esta proposta não seja aceita, os documentos exibidos durante a negociação deverão ser devolvidos à empresa, não podendo a CGU utilizá-los para fins de responsabilização ou reter qualquer tipo de cópia. Essa obrigação legislativa imposta somente diz respeito às informações obtidas durante a proposta de negociação. Outras provas que forem obtidas fora desse procedimento, mesmo que idênticas, podem ser utilizadas normalmente. Por outro lado, caso a proposta seja aceita, o acordo de leniência deve estipular as condições para garantir a colaboração e o resultado útil do processo. Suas cláusulas devem versar sobre o compromisso de cumprimento dos requisitos previstos na legislação brasileira, a implementação ou o aperfeiçoamento de programa de compliance, bem como a perda dos benefícios pactuados na negociação em caso do seu descumprimento. É importante salientar que a leniência possui natureza jurídica de um título executivo extrajudicial, de acordo com o estabelecido pelo Código de Processo Civil, e seus efeitos estão previstos no artigo 40 do Decreto nº 8.420/2015 (BRASIL, 2015), que prevê, entre outros, isenções e redução do valor da multa a ser aplicada no cometimento dos atos ilícitos. Quanto ao programa de integridade a ser analisado nas empresas que pretendem firmar o acordo de leniência, este deve ser avaliado quanto à sua existência e aplicação de acordo com os requisitos resumidos no quadro a seguir: 40 Quadro 1 – Requisitos de avaliação do programa de compliance Requisitos avaliativos do compliance no acordo de leniência (Art. 42 do Decreto nº 8.420/2015) Comprometimento da alta direção da pessoa jurídica. Padrões de conduta, código de ética, políticas e procedimentos de integridade, aplicáveis a todos os empregados e administradores e estendidos a terceiros. Treinamentos periódicos sobre o programa de integridade. Análise periódica de riscos. Registros contábeis que reflitam as transações da pessoa jurídica. Controles internos que assegurem a confiabilidade das demonstrações financeiras. Procedimentos específicos para prevenir fraudes e ilícitos. Independência, estrutura e monitoramento do programa de integridade. Canais de denúncia de irregularidades. Medidas disciplinares em caso de violação do programa de integridade. Transparência da pessoa jurídica quanto a doações para candidatos e partidos políticos. Verificação do cometimento de irregularidades ou ilícitos durante os processos de alteração societária. Fonte: elaborado pelo autor. Dessa forma, verifica-se que a legislação é clara em razão da conformidade do programa como pré-requisito para a celebração do acordo de leniência, tornando-o uma ferramenta indispensável para as empresas contemporânea. Referências bibliográficas BRASIL. Decreto n.º 8.420 de 18 de março de 2015. Regulamenta a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, que dispõe sobre a responsabilização administrativa de pessoas jurídicas pela prática 41 de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, 2015, n. 53, p. 3, 19 mar. 201. PARA SABER MAIS A ISO 19.600 (Sistema de Gestão de Compliance) não é uma norma certificadora. Ela foi a primeira norma internacional a ser elaborada sobre o assunto e apenas estabelece diretrizes e orientações para o estabelecimento e o desenvolvimento do sistema de gestão de ética e integridade em uma organização. A norma aborda em seu conteúdo disposições sobre o contexto da organização, a liderança necessária para a realização das fases de um programa ágil e eficaz de compliance, e nomeia em dez capítulos os seguintes temas: define a finalidade do conteúdo abordado e as delimitações de aplicabilidade das diretrizes fornecidas; indica a ausência de referências normativas; define os termos e característicasdo sistema de gestão de compliance; fala sobre o contexto da organização; direciona a liderança e o planejamento de uma gestão de riscos, bem como objetivos do plano; fala, ainda, sobre o apoio, a operação, a avaliação de desempenho e a melhoria dos programas. O termo ISO tem origem nos documentos emanados da International Organization for Standardization, organização não governamental fundada em 1947, que tem sua sede em Genebra, presente atualmente em mais de 160 países, cuja função é a de promover a normatização de produtos e serviços, para que sua qualidade seja permanentemente melhorada. 42 Dessa forma, a elaboração da ISO 19.600 foi desenvolvida para ser uma referência de boas práticas na gestão de programas de compliance para todos os países do globo. Dentre as suas recomendações, ela inclui elementos que uma empresa deve possuir para demonstrar seu compromisso com conformidade legal e com as normas éticas adotadas entre os princípios da organização. Para tanto, ela limita-se a auxiliar as empresas a aperfeiçoar seus programas de compliance, e pode ser aplicada no sistema de gestão empresarial, com base nos princípios da transparência, proporcionalidade e sustentabilidade empresarial. Ela lista a identificação dos riscos de um programa de integridade com as obrigações de compliance assumidas pela empresa, suas atividades, os produtos e serviços desenvolvidos, bem como os aspectos da operação com o objetivo de identificar casos de não conformidade. A ISO 19.600 recomenda ainda que, para haver melhor aproveitamento do compliance em uma organização, devem ser levadas em consideração as causas, fontes e a gravidade em uma gestão de riscos da operação. De forma geral, a ISO 19.600 pode ser adotada como uma diretriz para a implementação de um programa de ética e integridade. Todavia, para maior eficiência, ela deve ser combinada com programas de gestão de qualidade ou, ainda, normas de certificação, como a ISO 37.001. 43 Referências bibliográficas ABNT. NBR ISO 19.600. Sistema de gestão de compliance – diretrizes. Disponível em: http://www.abnt.org.br. Acesso em: 3 ago. 202. TEORIA EM PRÁTICA Reflita sobre a seguinte situação: você trabalha como compliance officer em uma companhia que possui um departamento de compliance estruturado, independente e atuante em toda a empresa. Em uma reunião com a alta diretoria da empresa, foi- lhe comunicado que esta expandiria seus serviços para participar de licitações e contratos com o poder público, e que gostaria que fosse elaborado um plano de ação para colocar em destaque o departamento de compliance da organização. Como o profissional responsável pelo departamento e encarregado da importante tarefa que lhe foi confiada, elabore uma estratégia a ser apresentada à alta direção que coloque em destaque o programa de ética e integridade da empresa e que traga ao mesmo tempo a tranquilidade da contratação com a Administração Pública. Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. 44 LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 A leitura deste artigo analisa o programa de compliance e a sua relação com o direito penal brasileiro, voltados aos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O ponto alto da leitura diz respeito à regulação internacional dos programas de integridade pela ISO 19.600 e ISO 37.001 e seus reflexos para a instrução do processo criminal. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Revista dos Tribunais, na Biblioteca Virtual da Kroton, e busque pelo título da obra. ANSELMO, M. A. Compliance, direito penal e investigação criminal: uma análise à luz da ISO 19.600 e 37.001. Revista dos Tribunais. 979 v. Mai/2017. p. 53-67. Disponível em: www.revistadostribunais. com.br. Acesso em: 3 ago. 2020. Indicação 2 O artigo analisa, em um primeiro momento, as origens e os fundamentos do acordo de leniência, bem como as justificativas consensuais que estão por trás da utilização dessa ferramenta. Elenca os pressupostos teóricos de discussão, qual seja, o interesse público buscado pelo que chama de Direito Administrativo Sancionador. Identifica, ainda, os limites e condicionamentos trazidos pelo princípio da indisponibilidade do interesse público para a realização de acordos de leniência. Indicações de leitura 45 Para realizar a leitura, acesse a plataforma Revista dos Tribunais, na Biblioteca Virtual da Kroton, e busque pelo título da obra. FARIA, L. Acordo de leniência e negociação da sanção administrativa: reflexões a partir da indisponibilidade do interesse público. Revista de Direito Administrativo e Infraestrutura, v. 13, n. 78. p. 197-219, abr./jun. 2020. Disponível em: www. revistadostribunais.com.br. Acesso em: 3 ago. 2020. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Sobre o acordo de leniência firmado pelo poder público com as organizações envolvidas em investigações administrativas sobre atos de corrupção, assinale a alternativa correta, de acordo com a legislação brasileira: a. A empresa que pretende firmar o acordo de leniência pode, após a sua assinatura, continuar com os atos ilícitos, no intuito de fazer prova contra os outros envolvidos. 46 b. A empresa que pretende firmar o acordo de leniência deve fornecer informações, documentos e elementos que comprovem a infração administrativa. c. A participação da empresa em um acordo de leniência não a obriga a admitir a prática do ato ilícito cometido, mas apenas a fornecer provas quanto a outras pessoas envolvidas. d. Em caso de descumprimento de acordo, a empresa mantém os benefícios pactuados, mas será obrigada ao cumprimento de uma cláusula penal. e. O acordo de leniência possui natureza jurídica de título executivo judicial e deve ser levado à homologação pelo poder judiciário. 2. O compliance diz respeito à conformidade da organização com suas normas internas e jurídicas. A sua existência pode figurar como atenuante nas infrações dos ilícitos cometidos pelas empresas em atos lesivos à Administração Pública. Para a celebração de um acordo de leniência, assinale a alternativa correta a respeito da avaliação do programa de integridade: a. Comprometimento da alta direção da pessoa jurídica, incluídos os conselhos, evidenciado pelo apoio visível e inequívoco ao programa. b. Dependência da autoridade da instância interna responsável pela aplicação do programa de integridade e fiscalização de seu cumprimento. 47 c. Procedimentos que assegurem a pronta interrupção de irregularidades ou infrações detectadas e a posterior indenização pelos danos ocorridos. d. Padrões de conduta, código de ética, políticas e procedimentos de integridade aplicáveis a todos os empregados em razão do cargo ou da função exercidos. e. Aplicação de multas em caso de violação do programa de integridade. GABARITO Questão 1 - Resposta B Resolução: Nos termos do art. 30, V do Decreto nº 8.420/2015 (BRASIL, 2015), a empresa que pretende firmar o acordo de leniência deve fornecer informações, documentos e elementos que comprovem a infração administrativa. As demais alternativas estão incorretas, pois o acordo possui natureza jurídica de título extrajudicial e obriga a empresa a admitir a infração cometida, ter cessado completamente o seu envolvimento no ilícito até a data do acordo pactuado, bem como, em caso de descumprimento do acordo, perdem- se os benefícios pactuados, nos termos do art. 37 do Decreto 8.420/2105 (BRASIL, 2015). Questão 2 - Resposta A Resolução: Paraa realização do acordo de leniência, o programa de integridade da organização deverá ser avaliado quanto à sua existência e aplicação de acordo com os parâmetros definidos de acordo com o art. 42 do Decreto 8.420/2015 (BRASIL, 2015). As demais alternativas estão incorretas, pois não correspondem aos requisitos exigidos pela referida norma. BONS ESTUDOS! Apresentação da disciplina Introdução TEMA 1 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 2 Direto ao ponto TEMA 3 Direto ao ponto TEMA 4 Direto ao ponto Botão TEMA 5: TEMA 2: Botão 158: Botão TEMA4: Inicio 2: Botão TEMA 6: TEMA 3: Botão 159: Botão TEMA5: Inicio 3: Botão TEMA 7: TEMA 4: Botão 160: Botão TEMA6: Inicio 4: Botão TEMA 8: TEMA 5: Botão 161: Botão TEMA7: Inicio 5:
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