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DESENHO DE PERSPECTIVA Paulo Henrique Lixandrão Conceito de perspectiva Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Apresentar o conceito de perspectiva. � Identificar como a perspectiva se desenvolveu na história das artes e da arquitetura. � Verificar formas diferenciadas de graficação de perspectivas. Introdução Neste capítulo, você vai aprender sobre o isocírculo (falsa elipse), que é uma curva plana fechada utilizada na perspectiva isométrica para a representação do círculo. Serão demonstrados o passo a passo e as técnicas para a realização do procedimento. O que é perspectiva? De acordo com o Dicionário Houaiss (2009, p. 1480), perspectiva se define por “técnica de representação tridimensional que possibilita a ilusão de espessura e de profundidade das figuras”. Um desenho pode ser considerado técnico ou artístico: o desenho técnico é um desenho em que se tem formas, noções de comprimento, altura e largura; já o desenho artístico representa uma ideia que pode pertencer a alguma cultura ou uma representação abstrata de algum objeto sem formas claramente definidas. Na apostila do SENAI (2008), discute-se que perspectiva é a técnica de representar objetos e situações como eles são vistos na realidade, de acordo com sua posição, forma e tamanho. Na Figura 1, o dado em perspectiva possibilita a visualização da projeção de três planos, com comprimento, largura e altura. A tridimensionalidade é o que caracteriza a perspectiva. U N I D A D E 1 Figura 1. Dado em forma de perspectiva. Fonte: Yuri Osne/Shutterstock.com. Tipos de vistas ortográficas Sabe-se que uma perspectiva pode ser resultado da projeção de vista orto- gráficas. Segundo Ferreira, Faleiro e Souza (2008) perspectivas são figuras resultantes de projeções cilíndricas ortogonais do objeto, sobre planos conve- nientemente escolhidos, de modo a representar com exatidão a forma desse objeto com seus detalhes. As vistas ortográficas têm como origem a geometria descritiva e que pode gerar até seis vistas do modelo. Contudo, com apenas três vistas é possível identificar todas as formas e condições de contorno dos objetos. Na Figura 2 você pode observar modelos tanto com seis vistas como com três. Conceito de perspectiva2 Figura 2. Vistas ortográficas totais e principais. (a) Modelo com seis vistas; (b) modelo com três vistas. Fonte: Kubba (2014, p. 72-33). Desenvolvimento da perspectiva na história das artes e da arquitetura Perspectivas axonométricas Conforme Ferreira, Faleiro e Souza (2008), a palavra perspectiva vem do latim perpectum e significa “ver através” e dá três elementos: 1. ideia de dimensão e volume; 2. sensação de distância; 3. sugere espaço. 3Conceito de perspectiva Segundo o mesmo autor, a axonometria na perspectiva refere-se a uma projeção cilíndrica ortogonal sobre um plano oblíquo em relação às três dimen- sões do corpo a representar. Existem quatro tipos conhecidos de perspectiva axonométricas, que são: � isométrica; � cavaleira; � militar; � dimétrica. Perspectivas isométricas A perspectiva isométrica se desenvolveu em razão da necessidade de se co- nhecer as figuras geométricas e os sólidos geométricos, que apresentam os seus três eixos (x,y,z) igualmente inclinados. Assim, a escala axonométrica é 1:1:1. Catapan (2015) demonstra a representação gráfica de desenhos em que temos inicialmente os hieróglifos, o desenho primitivo, a arte moderna, a planta baixa, a perspectiva exata e o desenho técnico, como você pode ver na Figura 3. Figura 3. Representação gráfica de desenhos. Fonte: Catapan (2015). Conceito de perspectiva4 Além disso, na história, observou-se figuras planas, em que o observador visualizava profundidade no objeto analisado. Com essa observação, foi possível perceber que objetos tinham também sensação de profundidade, além de comprimento e largura, conforme você pode visualizar na Figura 4. Então, foi necessário estudar as técnicas de perspectiva mais adequadas para os desenhos. Figura 4. Ideia de profundidade dos objetos, além do comprimento e largura. Fonte: SENAI (2008). Figuras geométricas são tudo o que pode ser apresentado em um plano por meio de um formato definido. Nas Figuras 5 e 6, respectivamente, você verá alguns objetos que podem ser representados em figuras planas. 5Conceito de perspectiva Figura 5. Objetos (roda e cédula) e suas respectivas formas de figuras planas. Fonte: SENAI (2008). Figura 6. Tipos de figuras planas. Fonte: SENAI (2008). Conceito de perspectiva6 Assim com as observações envolvendo profundidade e o conceito de figuras geométricas, surgiu a necessidade de aprofundamento de figuras planas no conceito de sólidos geométricos, em que uma figura plana tem pontos situados em diferentes planos. Alguns desses sólidos elementares são conhecidos como prismas, cubos e pirâmides. Segundo SENAI (2008), os prismas podem ser conhecidos de cindo formas: triangular, quadrangular, retangular, hexagonal e quadrangular (cubo); e as pirâmides também podem ser conhecidas por cinco formas que são: triangular, quadrangular, retangular, pentagonal e hexagonal. Observe o exemplo da Figura 7. Figura 7. Tipos de prismas e de pirâmides. Fonte: SENAI (2008). Nos desenhos em perspectivas isométricas, temos um ângulo entre os chamados eixos geométricos, que fazem existir sempre a mesma medida de comprimento, largura e altura do objeto. Na Figura 8, você pode ver a indicação dos ângulos que demonstram as linhas isométricas de mesma medida. 7Conceito de perspectiva Figura 8. Eixos isométricos de mesma medida. Fonte: SENAI (2008). Perspectiva cavaleira A perspectiva cavaleira sempre demonstrará a face frontal, conservando a largura e altura reais. Porém, o conceito de profundidade segue uma ordem e depende de um ângulo de inclinação, geralmente nos ângulos de fugantes, em que temos as seguintes reduções: 15º, 30º, 45º, 60º e 75º. Na Figura 9 é possível observar como esse conceito de perspectiva cavaleira é representado em relação aos ângulos fugantes. Figura 9. Formas de perspectiva cavaleira. Fonte: SENAI (2008). Conceito de perspectiva8 No caso apresentado, o símbolo α é denominado ângulo das fugitivas, que é o ângulo em que as linhas fugitivas são representadas. De acordo com Ferreira (2008a), a relação da razão entre o comprimento em perspectiva (deformado) e o comprimento real dos segmentos temos o fator (K), que é o fator de conversão ou os coeficientes de alteração ou deformação. Para a perspectiva cavaleira, os melhores fatores de K se encontram entre 0,5 e 1, ou seja, 50 ou 100% de deformação. Na Figura 10, você pode observar o fator K na perspectiva cavaleira. Figura 10. Fator K de deformação. Fonte: Ferreira (2008a, documento on-line). Para determinarmos o fator K, utilizamos a seguinte fórmula, de acordo com Ferreira (2008a): Ainda em relação aos ângulos de fugantes, utilizam-se as seguintes regras para reduzir as deformações em relação à profundidade: � 15º: reduz-se um quarto (1/4) da fugante; � 30º: reduz-se um terço (1/3) da fugante; � 45º: reduz-se a fugante pela metade (1/2); 9Conceito de perspectiva � 60º: reduz-se a fugante em dois terços (2/3); � 75º: reduz-se a fugante em três quartos (3/4). Perspectiva militar Essa perspectiva apresenta uma projeção cilíndrica oblíqua, na qual o objeto tem uma face paralela ao quadro (plano de projeção). Esse quadro pode ser, por exemplo, o topo de um prédio observado por um pássaro, a observação de um helicóptero das cabanas dispostas em um acampamento, entre outros. Pode ser considerada uma variante da perspectiva cavaleira, e foi assim definida por autores franceses no começo do século XIX. Normalmente, adota-se no observador um ponto acima da linha do horizonte. Na Figura 11 você pode observar uma perspectiva militar do cubo. Figura 11. Perspectiva militar do cubo. Fonte: Toninha (2014, documento on-line). Perspectiva dimétrica A perspectivadimétrica, por ordem de classificação das principais perspectivas, é a menos importante dentre as quatro. A perspectiva dimétrica é uma projeção cilíndrica ortogonal, que é uma das modalidades utilizadas pelo desenho técnico. Diferentemente da isométrica, a dimétrica tem apenas dois eixos projetados em ângulos iguais no quadro, assim há a redução dos coeficientes nos eixos horizontais. Por exemplo, nesse tipo de perspectiva utilizam-se dois coeficientes de redução: r = 1, que apresentam dimensões de verdadeira grandeza nos eixos das alturas e larguras; e r = 0,6 no eixo de profundidade. Conceito de perspectiva10 Temos também uma variável da dimétrica, que é a trimétrica, em que, em vez de dois ângulos, três eixos formam ângulos diferentes com o plano de projeção. Na Figura 12, visualiza-se a diferença entre as perspectivas isométrica, dimétrica e trimétrica. Figura 12. A) Perspectiva isométrica. B) Perspectiva dimétrica. C) Perspectiva trimétrica. Fonte: Ferreira (2008b, documento on-line). Diferenças entre perspectiva isométrica e cavaleira Conforme Ferreira, Faleiro e Souza (2008) a perspectiva isométrica nos dá a ideia de menos deformada em relação ao objeto, o prefixo iso- quer dizer “mesmo, igual” e métrica quer dizer medida. Então, temos que isométrica significa “com as mesmas medidas” na perspectiva. Na Figura 13, verifica-se a diferença entre as duas perspectivas. Figura 13. Comparação de formas de perspectivas. Fonte: Ferreira, Faleiro e Souza (2008, p. 31). 11Conceito de perspectiva Formas diferenciadas de graficação de perspectivas As perspectivas isométricas são representadas por folhas de papel reticulado isométrico ou por programas computacionais, em que se tem o desenho de construção de linhas isométricas para auxiliar a produção de uma perspectiva isométrica. Na Figura 14, temos um exemplo de como desenhar um prisma com o auxílio do papel reticulado. Primeiramente, traçam-se os eixos iso- métricos e, posteriormente, marca-se as medidas de comprimento, largura e altura do prisma. Depois, define-se a face de frente do prisma e traça-se a face de cima, seguida da face da lateral e, por último, apagam-se as linhas de construção. Figura 14. Etapas para produção de uma perspectiva isométrica. Fonte: SENAI (2008). Existem elementos que não são isométricos, por exemplo, as elipses e os planos inclinados. Essas linhas não isométricas não seguem os eixos isométri- cos, no entanto, utilizam-se de pontos nestes eixos para traçagem de formas. Na Figura 15, você pode identificar alguns planos não isométricos, chamados de inclinados e, respectivamente, as fases de construção de uma elipse em um plano reticulado. Conceito de perspectiva12 Figura 15. Planos inclinados e etapas de construção de uma elipse. Fonte: SENAI (2008). Conforme observa-se em Ferreira, Faleiro e Souza (2008), o desenho técnico deve ser normalizado. Assim, a série de normas de desenho técnico baseado nas normas brasileiras (NBRs), que estão de acordo com a ISO internacional são: � NBR 10647: Norma geral de Desenho Técnico. � NBR 10069: Layout e dimensões da folha de desenho. � NBR 10582: Conteúdo da folha para desenho técnico. � NBR 8402: Definição da caligrafia técnica em desenhos. � NBR 8403: Aplicação de linhas para a execução de desenho técnico. � NBR 13142: Dobramento da folha. 13Conceito de perspectiva CATAPAN, M. F. Apostila de Desenho Técnico. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2015. FERREIRA, R. C. Aula 6: perspectivas. Goiânia: UFG, 2008b. Disponível em: <http://www. agro.ufg.br/up/68/o/7___aula_Perspectiva_Isom__trica.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2018. FERREIRA, R. C. Aula 8: perspectiva cavaleira. Goiânia: UFG, 2008a. Disponível em: <http://www.agro.ufg.br/up/68/o/8___aula___Perspectiva_Cavaleira.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2018. FERREIRA, R. C.; FALEIRO, H. T.; SOUZA, R. F. Desenho Técnico: apostila de circulação interna da escola de agronomia e eng. de alimentos. Goiânia: UFG, 2008. Disponível em: <https://portais.ufg.br/up/68/o/Apostila_desenho.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2018. HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. KUBBA, S. A. A. Desenho técnico para construção. Porto Alegre: Bookman, 2014. SENAI. Desenho I: iniciação ao desenho. 3. ed. São Paulo: SENAI, 2008. TONINHA. Aula 4: perspectiva cavaleira e militar. 2014. Disponível em: <http://toninha- -aulas.blogspot.com.br/2014/05/aula-4-perspectiva-cavaleira-e-militar.html>. Acesso em: 18 mar. 2018. Leituras recomendadas FRENCH, T. E.; VIERCK, C. J. Desenho técnico e tecnologia gráfica. 8. ed. São Paulo: Globo, 2005. MANFÉ, G.; POZZA, R.; SCARATO, G. Desenho técnico mecânico: curso completo para as escolas técnicas e ciclo básico das faculdades de engenharia. São Paulo: Hemus, 2004. 3 v. SILVA, A. et al. Desenho técnico moderno. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. 14Conceito de perspectiva DESENHO DE PERSPECTIVA Paulo Henrique Lixandrão Sistemas de projeção Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Explicar os sistemas de projeção. � Identificar como utilizar os sistemas de projeção em perspectivas. � Analisar os modelos de perspectivas no sistema de projeção. Introdução Neste capítulo, você aprenderá sobre os sistemas de projeção, que são padrões utilizados para o desenho de perspectivas e de suas vistas. Você conhecerá também o passo a passo e as técnicas para a realização dos desenhos com determinados sistemas de projeção. Sistemas de projeção Sistemas de projeções são formas por meio da geometria descritiva em que você pode interpretar objetos tanto na forma de perspectiva como na de projeções. Os tipos que você encontra na literatura são: � projeções cônicas ou centrais; � projeções cilíndricas ou paralelas; � projeções cotadas; � projeções ortogonais e oblíquas. Pinto (2006) apresenta essas projeções da constituição dos raios con- cêntricos em um determinado ponto para as projeções cônicas e de raios paralelos com tangência à forma nos seus pontos fundamentais para as paralelas. Ao longo deste capítulo, você aprenderá um pouco sobre esses tipos de projeções. Tipos de projeções A seguir, você estudará os tipos de projeções mais usados em desenho técnico. Projeções ortogonais Este é um dos tipos de projeções mais utilizados na prática e, conforme dis- cutido por Pinto (2006), na maior parte na linguagem de desenho técnico. Trata-se de um tipo de representação com todas as projeções de vistas de forma ortogonal ao lado do objeto. Na Figura 1, pode-se observar o exemplo em que há o objeto dentro de uma caixa, e as projeções por meio das vistas são rebatidas para suas faces nas três dimensões x, y e z. Figura 1. Representação das projeções ortogonais. Fonte: Pinto (2006, documento on-line). Segundo Pinto (2006), ao abrir a caixa, existe uma representação de como estas vistas são projetadas em um plano ou em uma folha de desenho, conforme você poderá visualizar na Figura 2. Sistemas de projeção2 Figura 2. a) Ao abrir a caixa, é possível visualizar a sua forma plana. b) Ordem das vistas projetadas e planificadas. Fonte: Pinto (2006, documento on-line). Observa-se na Figura 2b que há uma ordem de posicionamento das vistas em um plano, as quais são descritas como: � F: vista frontal; � LD: vista lateral direita; � LE: vista lateral esquerda; � I: vista inferior; � S: vista superior; � P: vista de planta. Dessa forma, há no máximo seis planos de projeção que podem ser repre- sentados por um objeto. No entanto, na maior parte dos problemas encontrados, com dois ou três planos de projeção, é possível ter a base para detalhamento completo de seu objeto. Na Figura 3, Pinto (2006) demonstra o desenho de uma casa com os seus seis planos de projeção. 3Sistemas de projeção Figura 3. Representação dos seis planos de projeção. Fonte: Pinto (2006, documento on-line). As vistas ortogonais podem serclassificadas em trimétrica, isométrica e dimétrica. A trimétrica tem todas as faces contidas em planos oblíquos e plano de projeção; a isométrica tem planos e eixos equidistantes; e a dimétrica tem um coeficiente de redução de profundidade. Projeções oblíquas Neste tipo de projeção, há a vista frontal do objeto em verdadeira grandeza, em que, entre a posição dos três eixos x, y e z, tem-se a formação dos ângulos de 90º no primeiro quadrante e de 135º em cada um do segundo e terceiro quadrante. Ela também é conhecida como cavaleira. Os ângulos de fuga são projeções sempre em relação à profundidade do objeto, no caso da oblíqua, ele é de 45º. Portanto, na Figura 4, verifica-se um cubo desenhado em projeção oblíqua, em que você verá a representação dos ângulos nos eixos de construção e o ângulo de fuga. Sistemas de projeção4 Figura 4. Representação da projeção oblíqua. Fonte: Pinto (2006, documento on-line). Com base na Figura 4, demonstra-se um exemplo de perspectiva cavaleira com ângulo de fuga em 45º, conforme na Figura 5. Figura 5. Exemplo de representação da projeção oblíqua. Fonte: Pinto (2006, documento on-line). 5Sistemas de projeção Projeções cônicas ou centrais Neste tipo de projeção, que é bastante utilizado desde um período muito anterior referente aos princípios de desenho artístico, tem-se projeções com base no realismo, baseados no que a visão vê a sua frente. Diferentemente das oblíquas, elas não têm somente os ângulos em fuga, mas também o conceito de um ponto em fuga, no qual se concentra a visão em uma determinada profundidade. Projeções cônicas Na Figura 6, você verá o desenho da Igreja do Espírito Santo, realizado pelo artista italiano renascentista Brunelleschi, que utiliza esse conceito de projeção cônica. Figura 6. Conceito de ponto de fuga para projeção cônica. Fonte: Pinto (2006, documento on-line). Projeções centrais Parecidas com as projeções cônicas, as centrais se diferem apenas no ponto de fuga (PF), que está totalmente no centro do desenho. Na Figura 7, você observará que o PF está de fato no centro. Sistemas de projeção6 Figura 7. Projeção central com ponto de fuga. Fonte: Pinto (2006, documento on-line). Tanto nas projeções centrais como nas cônicas, além do PF, utiliza-se termos para os desenhos. � Linha do horizonte (LH): cruza o PF em uma linha horizontal. � Ponto de vista (PV): é uma linha perpendicular a LH, situada no PF. � Linhas de fuga (LF): são linhas imaginárias que convergem para de- terminado PF. � Pontos métricos (PM): são pontos de fuga auxiliares que geralmente dividem a perspectiva em duas ou mais partes, uma superior e uma inferior. Você visualizará na Figura 8 esses termos e como eles aparecem nos desenhos de perspectivas. 7Sistemas de projeção Figura 8. a) Linha horizontal; b) Ponto de vista; c) Linhas de fuga; d) Pontos métricos. Fonte: Pinto (2006, documento on-line). Projeções cilíndricas e paralelas De acordo com Pinto (2006), as projeções cilíndricas e paralelas têm resul- tados de retas projetantes paralelas que se referem a uma situação irreal, em que o observador está a uma distância infinita do plano de projeção, a qual é inequívoca do ponto de vista técnico. Derivados do conceito da projeção cônica, as paralelas são aquelas em que as LF se deslocam apenas para um PF, e a face frontal sempre é paralela ao observador. Na Figura 9, você verá uma projeção paralela com relação a somente um PF. Sistemas de projeção8 Figura 9. Projeção paralela com um ponto de fuga. Fonte: Pinto (2006, documento on-line). Projeções cotadas Segundo Rabello (2007), as projeções cotadas foram idealizadas por Fellipe Buache em meados do século XVIII, que tinham por finalidade levantar hidro- graficamente o canal da Mancha e, posteriormente, foram bastante utilizadas nas guerras napoleônicas por uso militar. Nelas, define-se que o centro projetivo é impróprio, pois são projeções do tipo cilíndricas e ortogonais, sendo que há apenas um plano de projeção. Na Figura 10, você observará como isso ocorre. Figura 10. Projeção cotada. Fonte: Rabello (2007). 9Sistemas de projeção Observa-se, portanto, que há uma representação gráfica apenas para um plano de projeção, desse modo, o estudo das retas, as cotas e os pontos geomé- tricos são extremamente necessários nesse tipo de projeção. Essa projeção é muito utilizada no levantamento planialtimétrico em que se necessita ter uma projeção com medidas dos níveis de relevo de alguma região montanhosa, etc. Utilização dos sistemas de projeção em perspectivas Para identificar os sistemas de projeção de perspectivas, você deve ter em mente o que deseja demonstrar ao público, reconhecendo quem será esse público e como ele as entenderá. � Para projeções cônicas ou centrais: utilizadas para ambientes exteriores (arquiteturas de prédios e paisagens) ou interiores (sala de estar, cozinha, quarto ou qualquer localização dentro de um prédio ou uma casa). Essas projeções também podem ser representadas em mapas cartográficos em que há um corte imaginário de uma esfera para a sua elaboração, conforme você visualizará na Figura 11 (MENDONÇA, 2007). Figura 11. Exemplo de projeção cônica. Fonte: Mendonça (2007, documento on-line). � Para projeções cilíndricas ou paralelas: utilizadas quando se deseja desenvolver mapas em projeções cartográficas, por exemplo, o mapa do globo terrestre. Para esse desenvolvimento específico do globo terrestre, há ainda algumas subdivisões como a projeção cilíndrica de Mercator, que é mais apropriada à navegação marítima; a projeção Sistemas de projeção10 cilíndrica de Robinson, em que os meridianos são colocados em linhas curvas; e a projeção cilíndrica de Peters, a qual preserva o tamanho real da superfície, mas não mantém as formas, as direções e os ângulos (MENDONÇA, 2007). Na Figura 12, você verá esses tipos de projeções. Figura 12. Projeção cilíndricas. Fonte: Mendonça (2007, documento on-line). � Para projeções cotadas: utilizadas para representação de superfícies topográficas em que se tem as dimensões dos níveis de um planalto em torno de uma região. Na Figura 13, você visualizará um exemplo desse tipo de projeção. 11Sistemas de projeção Figura 13. Projeção cotadas. Fonte: Mateus (2006, p. 9). � Para projeções ortogonais: representadas por meio de desenho técnico e que utilizam a perspectiva isométrica com uma vista adicional às seis desse tipo já estudadas – vista frontal, superior, inferior, lateral esquerda, lateral direita e planta. Esse tipo de ilustração adicional é muito utili- zado na indústria de áreas mecânicas, elétricas etc. Na Figura 14, você visualizará um exemplo de perspectiva isométrica e vistas ortográficas. Figura 14. Projeção isométrica com vistas ortográficas. Fonte: Ferreira (2018, documento on-line). Sistemas de projeção12 Estes são alguns dos exemplos que se pode utilizar para identificar e inserir o sistema de projeção em perspectivas. A seguir, você estudará os modelos de perspectivas e como os pontos de fuga (PF) podem auxiliar no seu detalhamento. Análise de modelos de perspectivas no sistema de projeção Neste tópico, será discutido o quanto os modelos pré-definidos de perspec- tivas podem auxiliar nos desenhos com sistemas de projeção. Um deles é o de projeção cônica, que é classificada com um, dois ou três pontos de fuga (PF). Você verá como é o passo a passo para cada um desses tipos para a perspectiva frontal do cubo. Modelo de perspectiva cônica com um ponto de fuga Conforme Pinto (2006), é possível observar seis passos para desenhar um modelo de perspectiva cônica com um PF. Esse modelo é também utilizado em muitos casos, pois a perspectiva cônica dá uma sensação de distorção ao longo da profundidade do objeto, o que causa certa qualidade em poder enxergar os objetos dessa forma. Com isso, sabe-se que há a indicação de que esse objeto tem linhas paralelas em um plano real, porém, em um plano distorcido ele tentaacompanhar a linha de visão do observados. Na Figura 15, você verá a demonstração dessas etapas. 13Sistemas de projeção Figura 15. Modelo de perspectiva cônica com um ponto de fuga. Fonte: Pinto (2006, documento on-line). Na Figura 15, há algumas etapas, as quais você conhecerá a seguir. � Etapa a: criar uma linha horizontal e demarcar um PF. � Etapa b: traçar as LF e demarcar a largura A1, com a reta AB traçada em um ponto qualquer, que representará o vértice de base do cubo. � Etapa c: traçar B1, com A1 traçado referente à largura da base do cubo. � Etapa d: finalizar a face frontal do cubo com projeção de linha vertical em A e B, delimitando a altura do cubo. Sistemas de projeção14 � Etapa e: construir as demais LF em relação aos pontos C e D. � Etapa f: terminar o cubo com as posições C1 e D1, ou projetando a linha vertical em A1 e B1 ou medindo a largura a partir de C e D. Pela facilidade de detalhamento desta figura, entende-se que o método é eficiente, prático e rápido. Modelo de perspectiva de projeção central com dois pontos de fuga Conforme Pinto (2006), trata-se de um tipo de desenho muito utilizado nos projetos de arquitetura e design de interiores. Ele aparece quando as represen- tações têm grandes dimensões, e há um efeito proporcional de afastamento e noção do que foi projetado. Você verá na Figura 16 um exemplo de uma mesa com uma perspectiva linear com dois PF. Figura 16. Modelo de perspectiva cônica com dois pontos de fuga. Fonte: Pinto (2006, documento on-line). Modelo de perspectiva aérea com três pontos de fuga Menos utilizado, este modelo apresenta três PF e é conhecido como perspectiva aérea, pois dá a noção de um objeto estar localizado acima ou abaixo de uma LH. Ele é muito utilizado na arquitetura em que se deseja demonstrar a altura de um prédio frente a um observador em um plano inclinado, ou observar um prédio, por exemplo, com uma visão de um helicóptero. Nas Figuras 17 e 18, você visualizará esse tipo de perspectiva. 15Sistemas de projeção Figura 17. Modelo de perspectiva aérea com observador abaixo da linha do horizonte. Fonte: Pinto (2006, documento on-line). Figura 18. Modelo de perspectiva aérea com observador acima da linha do horizonte. Fonte: Pinto (2006, documento on-line). Sistemas de projeção16 Considerações finais Este capítulo procurou demonstrar, de forma visual e prática, todos os tipos de sistemas de projeção e o passo a passo da projeção cônica com um PF, que é um tipo utilizado na arquitetura com relação aos designers de inte- riores e exteriores; quando são dois PF, há mais aplicações na arquitetura de edificações. A partir desse estudo, espera-se que o aluno já tenha uma noção dos tipos de perspectivas e sistemas de projeção que poderão ser encontrados no dia a dia da profissão de desenhista de projetos de arquitetura, desenhista técnico etc. Sabe-se que o desenho de perspectiva é muito amplo, porém, se está passo a passo aprendendo e conhecendo desde o desenho técnico até os com projeções de arquitetura. 1. De acordo com o que você aprendeu sobre os sistemas de projeção, quais os tipos existentes? a) Ortográfica, paralelas, ortogonais e oblíquas, cônicas ou centrais. b) Tipográficas, cilíndricas ou paralelas, cotadas, ortogonais e oblíquas. c) Cônicas ou centrais, cilíndricas ou paralelas, cotadas, ortogonais e oblíquas. d) Topográficas, ortogonais e oblíquas, cônicas e centrais e cotadas. e) Tipográficas, de forma, de topologia, ortogonais e oblíquas. 2. Nas projeções ortogonais, quais os seis tipos de vistas que você pode encontrar? a) Frontal, lateral direita, lateral esquerda, inferior, superior, planta. b) Traseira, lateral direita, lateral esquerda, inferior, superior, planta. c) Frontal, traseira, lateral direita, lateral esquerda, superior, planta. d) Lateral direita, lateral esquerda, lateral inferior, lateral superior, superior, planta. e) Planta, árvore, frontal, traseira, lateral esquerda, lateral direita. 3. Nas projeções oblíquas, quais os ângulos formados pelos eixos construtivos que são os que representam a base e os ângulos fugantes referentes ao 1º, 2º e 3º quadrantes respectivamente? a) 135º, 135º e 90º. b) 45º, 90º e 180º. c) 180º, 35º e 55º. d) 90º, 135º e 135º. e) 40º, 80º e 135º. 17Sistemas de projeção 4. Qual o tipo de sistema de projeção que tem como principal característica um único ponto de fuga deslocado do centro? a) Projeção paralela. b) Projeção cilíndrica. c) Projeção central. d) Projeção circular. e) Projeção cônica. 5. Um dos tipos de projeção em que se necessita trabalhar com pontos, retas e dimensões e o centro projetivo é impróprio pela existência de vários níveis, mas que é feita apenas para um plano de projeção é o sistema de: a) projeções ortogonais e oblíquas. b) projeções cônicas ou centrais. c) projeções cilíndricas e paralelas. d) projeções cotadas. e) projeções demonstradas. FERREIRA, R. D. C. Projeções Ortográficas. 2018. Disponível em: <http://www.agro.ufg. br/up/68/o/5___aula_Proje____es_ortogr__ficas.pdf>. Acesso em: 24 mar. 2018. MATEUS, L. M. C. Projecções cotadas. 2006. Disponível em: <http://home.fa.utl. pt/~lmmateus/materiais_apoio/cotadas.pdf>. Acesso em: 24 mar. 2018. MENDONÇA, C. Projeções cartográficas: cilíndrica, cônica e azimutal. 2007. Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/projecoes-cartograficas- -cilindrica-conica-e-azimutal.htm>. Acesso em: 24 mar. 2018. PINTO, V. F. 600 anos de perspectiva rigorosa. 2006. Disponível em: <https://sites.google. com/site/perspetiva600/tipos-de-projecao>. Acesso em: 15 mar. 2018. RABELLO, P. S. Apostila Projeções cotadas. Cabo Frio: UERJ, 2007. Leituras recomendadas FRENCH, T. E.; VIERCK, C. J. Desenho técnico e tecnologia gráfica. 8. ed. São Paulo: Globo, 2011. MANFÉ, G.; POZZA, R.; SCARATO, G. Desenho técnico mecânico: curso completo para as escolas técnicas e ciclo básico das faculdades de engenharia. São Paulo: Hemus, 2004/2008. 3 v. SILVA, A. et al. Desenho técnico moderno. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. Sistemas de projeção18 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DESENHO DE PERSPECTIVA Paulo Henrique Lixandrão Sistemas de representação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir o conceito de sistemas de representação em perspectivas. � Identificar os diferentes sistemas de representação. � Verificar os modelos de perspectivas desenvolvidas pelos sistemas de representação. Introdução Os sistemas de representação em perspectivas definem como você pode identificar parâmetros, muitas vezes, não identificados pelas linhas cheias ou tracejadas do desenho em duas dimensões. As formas de representação na arquitetura de edificações e no design de interiores são bem diversificadas, incluindo o método de representação pelos sistemas de vistas ortográficas ou por perspectivas e os detalhes dessas vistas, como os cortes; e as aplicações voltadas a arquitetura, que representam elementos como paredes, aberturas, portas, janelas, projeções, anotações, níveis, pisos, outros equipamentos, vagas de garagem, etc. Neste capítulo, você vai aprender sobre os sistemas de representação em perspectivas e sobre como isso aparece em diversas aplicações de elementos do cotidiano arquitetônico e civil. Sistemas de representação Sistemas de representações gráficas são conjuntos de técnicas e modelos de projeção visualizados no espaço como tridimensional, mas que podem ser projetados em um plano bidimensional (Ching, 2017). Uma forma de representar esses desenhos tridimensionais em um plano bidimensional é pela chamada geometria descritiva, que na maioria dos casos pode garantir a reversibilidade de bidimensional para tridimensional. Essa técnica é representada por linhas, que podemser contínuas, tracejadas etc. Um sistema pode ser representado por meio de perspectivas por meio de linhas com perfis tridimensionais, ou por projeções bidimensionais, como plantas, vistas, desenhos de corte etc. Você verá em detalhes como cada sistema interage com esses tipos de projeções. Representação em perspectivas A perspectiva é a representação gráfica de um objeto tridimensional (3D) no quadro (plano de projeção). Existe tipos de perspectivas que podem ser utilizados para representar graficamente os desenhos arquitetônicos e civis, que são as perspectivas axonométricas (isométrica, cavaleira e dimétrica), a perspectiva militar e as perspectivas com pontos de fuga (PF) (paralelas, oblíquas, áreas e cônicas) em que se pode ter um, dois ou três PF. Essas perspectivas são representadas sempre pela linha de contorno, com linhas cheias contínuas que apresentam uma espessura de ± 0,6 mm; e as linhas auxiliares, como janelas, texturas, etc., que serão representadas em espessuras diferentes. De acordo com Lima (2013), a projeção axonométrica é aquela em que se pretende representar com rigor um objeto em três dimensões e usando vários tipos de perspectivas, como a cavaleira, a isométrica e a dimétrica. A perspectiva isométrica tem medidas nos eixos x, y e z com valores reais, ou seja, apresentam os ângulos equivalentes de (90°, 30° e 30°). Já a perspectiva cavaleira apresenta arestas contidas ou paralelas a 45°, marcadas com a metade do seu valor real, e as outras com valores reais com os seguintes ângulos 90°, 0° e 45°. A perspectiva dimétrica é marcada por arestas contidas ou paralelas a 42°, marcadas com a metade do seu valor real e todas as outras marcadas com seus valores reais. Na Figura 1 visualiza-se esses três tipos de perspectivas axonométricas. Figura 1. Perspectivas axonométricas: a) cavaleira; b) isométrica; c) dimétrica. Fonte: Lima (2013, documento on-line). Sistemas de representação2 A perspectiva militar é um outro tipo de representação de perspectiva, pois é uma variante da cavaleira e que deixa a perspectiva como uma projeção cilíndrica oblíqua. Nesse tipo de perspectiva tem-se uma variação dos ângulos das fugantes, em que se tem os seguintes ângulos: 15°, 30°, 45°, 60° e 75°. Já os ângulos da representação da face frontal são ortogonais, ou seja, toda a face frontal é representada em grandeza real. A perspectiva militar tem a característica de distorcer a profundidade do objeto, o que ocasiona uma distorção na face lateral e na superior. Nessa perspectiva, há um consenso entre teóricos que estudam desenho de perspectiva por utilizar o chamado fator K, que tem as seguintes considerações em relação à proporção de redução das faces laterais do objeto em função da angulação: o ângulo de 15° reduz a proporção em 1/4, de 30° em 1/3, de 45º em 1/2, de 60º em 2/3. Os ângulos de 15° e 75° são pouco abordados na academia. Na Figura 2, você pode observar a projeção das fugantes na perspectiva militar. Figura 2. Perspectivas militar. Fonte: Leytor (2015, documento on-line). Além dessas perspectivas, temos as perspectivas com PF. Para a perspectiva com 1 PF que no desenho é conhecida como perspectiva paralela, as linhas de fuga direcionam-se a um PF. A face frontal é paralela ao observador, e as linhas fugantes acompanham o PF para distorcer a profundidade do objeto projetado no quadro (plano de projeção). Na Figura 3, observam-se três tipos de perspectivas paralelas em diferentes posições: A (lado esquerdo), B (central) e C (lado direito) mantendo o paralelismo da face central. 3Sistemas de representação Figura 3. Perspectiva paralela com 1 PF. Fonte: Becker (2015, documento on-line). Na perspectiva com dois PF também conhecida como uma perspectiva oblíqua tem-se uma das suas arestas voltadas para o observador e as linhas de fuga deslocando para dois pontos (PF1 e PF2). Na Figura 4 é possível visualizar como o ponto de vista do observador está localizado em relação a esses dois PF e em relação ao plano vertical. Figura 4. Perspectiva oblíqua com 2 PF. Fonte: Becker (2015, documento on-line). Sistemas de representação4 Já na perspectiva com três PF, temos uma perspectiva oblíqua que, se vistas de uma posição bem acima da linha do horizonte, há a projeção das linhas fugantes para os três PF. Esse tipo de perspectiva também é conhecido como perspectiva aérea. Na Figura 5 você observa dois PF na linha horizontal superior e um abaixo do desenho. Figura 5. Perspectiva oblíqua com 3 PF. Fonte: Becker (2015, documento on-line). Identificação dos sistemas de representação Os sistemas de representação podem ser identificados pelas características 3D transformadas em desenhos bidimensionais (perspectivas) ou pelos desenhos em detalhamento totalmente bidimensionais como as plantas, os cortes e as fachadas. Pode-se identificar os vários tipos de perspectivas associadas ao projeto arquitetônico que podem incluir as perspectivas axonométricas (isométrica, dimétrica e cavaleira), a perspectiva militar, e as perspectivas que utilizam os pontos fugantes para análise, como a perspectiva paralela para 1 PF, a pers- pectiva oblíqua para 2 PF e a perspectiva cônica para 3 PF. Por meio dessas perspectivas, deve-se observar os elementos que a cercam como a linha do horizonte, a altura real, os PF (fugantes ou fugitivas), as linhas de medidas e o ponto médio. 5Sistemas de representação Viana (2015) demonstra alguns elementos de perspectivas, na Figura 6 você pode ver alguns exemplos de fotos com linhas de horizonte. Observa-se que, aqui, tem-se a localização de uma linha que representa a maior parte dos objetos na fotografia e que, de alguma forma, delimita objetos distintos. Por exemplo, na Figura 6(a) apresenta, na parte inferior, a imagem do rio e, na parte superior, a residência e demais objetos. A Figura 6(b) apresenta a linha do horizonte na mesma altura do observador e um PF. Já na Figura 6(c), há somente a imagem de um condomínio residencial acima da linha do horizonte. Figura 6. Exemplo de elementos de linha do horizonte. Fonte: Viana (2015, documento on-line). Os PF são necessários para enquadrar retas e curvas de edificações, assim, na Figura 7, visualiza-se um projeto arquitetônico com traçado a partir de dois PF. Observa-se que o ângulo de inclinação desses PF em relação à linha de horizonte é dependente do ângulo da foto em relação à laje e ao pavimento da edificação. Sistemas de representação6 Figura 7. Perspectiva oblíqua com 2 PF. Fonte: Viana (2015, documento on-line). Precisamos, ainda, identificar as alturas reais das perspectivas, que são as alturas que definiremos como real ao objeto físico e, a partir dessa altura, as demais alturas serão demarcadas por meio das linhas fugantes em pontos marcados na linha de verdadeira grandeza em relação a profundidades em um objeto 3D. Na Figura 8, visualizam-se as alturas reais. Figura 8. Exemplos de edificações com representação de arestas com alturas reais. Fonte: Viana (2015, documento on-line). As linhas fugantes ou fugitivas são necessárias para ligar todos os enqua- dramentos do objeto com o observador e o PF. Na Figura 9 você pode observar exemplos de fugantes com dois ou mais PF e com um PF. 7Sistemas de representação Figura 9. Exemplo de caminhos de linhas fugantes. Fonte: Viana (2015, documento on-line). Outro elemento a ser identificado nas perspectivas são as linhas de medidas. Essas linhas são aquelas em que se deseja obter, a partir da altura real do objeto, o enquadramento em relação à largura a qual esses objetos serão enquadrados no desenho. Na Figura 10 visualiza-se um exemplo de uma edificação contendo duas linhas de medida, uma com a edificação mais próxima do observador e outra com a edificação mais distante. Figura 10. Exemplo de linhas de medidas. Fonte: Viana (2015, documento on-line). Sistemas de representação8 O ponto médio compreende a relação média da altura do objeto e a sua proporção.O ponto médio terá a medida que compreende o menor ponto da perspectiva com o maior ponto dividido pela metade. Na Figura 11 visualiza- -se esse conceito. Figura 11. Exemplo de ponto médio. Fonte: Viana (2015, documento on-line). Modelos de perspectivas desenvolvidas pelos sistemas de representação Para descrever como os modelos de perspectivas podem ser desenvolvidos pelos sistemas de representação, pode-se adotar uma prática exercida pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para o curso superior de Ar- quitetura e urbanismo da disciplina de perspectiva e sombra, em que Griz, Carvalho e Peixoto (2007) discutiram sobre os desenhos de perspectivas na história da arquitetura descrevendo a experiência de alguns alunos da disci- plina de perspectiva e sombra com a integração na disciplina da história da arquitetura. Nessa discussão, focou-se nos exercícios direcionados na disciplina de perspectiva e sombra em que se exigia dos alunos o detalhamento à mão de perspectivas com os conceitos da geometria descritiva. Nesses exercícios adotou-se uma ordem de dificuldade e crescência do aprendizado, cujos modelos discutidos foram: perspectiva com um ou dois PF, perspectiva de interior e de exterior, etc. Como modelos iniciais, adotou-se figuras de volumes simples e regulares, conforme demonstrados na Figura 12. 9Sistemas de representação Figura 12. Casa Moller de Adolf Loos, 1928. Fonte: Griz, Carvalho e Peixoto (2007, documento on-line). Os modelos foram aprofundados ao longo de um período para o aprendizado dos alunos, conforme você pode ver na Figura 13. Figura 13. Casa Schroder de Gerrit Rietveld, 1924. Fonte: Griz, Carvalho e Peixoto (2007, documento on-line). Como passo a passo inicial, o artigo demonstra que, inicialmente, é soli- citado ao aluno a entrega da pesquisa escolhida em croquis feito à mão livre das plantas, cortes e fachadas, além das fotografias e imagens do modelo, conforme Figura 14. Sistemas de representação10 Figura 14. Croqui da Casa Steiner, de Adolf Loos, feito pela aluna Marcella Gusmão da Silva. Fonte: Griz, Carvalho e Peixoto (2007, documento online). A partir deste croqui, é proposto aos alunos o desenvolvimento de perspectivas diversas no curso. Na Figura 15 visualiza-se algumas dessas perspectivas. 11Sistemas de representação Figura 15. Modelos de perspectivas apresentados por alunos da UFPE. Fonte: Griz, Carvalho e Peixoto (2007, documento on-line). É possível observar nas perspectivas da Figura 15 modelos com dois PF, que é o modelo mais utilizado pelos alunos para representar edificações exteriores. Porém, sabe-se que os modelos, já citados anteriormente neste capítulo, que envolvem as perspectivas axonométricas (isométrica, cavaleira e dimétrica), militar e com PF diversos podem ser representados como modelos clássicos para o detalhamento de perspectivas. Modelos que, por meio do PF, podem ser apresentados como perspectivas paralelas, cônicas ou oblíquas. Sendo assim, este capítulo procurou demonstrar, de forma visual, alguns tipos de sistemas de representação para perspectivas, além de discutir sobre os principais modelos encontrados para o desenho de perspectiva, procurando dar exemplos como uma situação de um grupo de alunos em que se definiu fazer primeiro os planos bidimensionais (plantas baixas, cortes, fachadas) e com imagens fotográficas e, depois, desenhar as perspectivas. Com este capítulo, o aluno terá estudado os tipos de representações de perspectivas, além de visualizar na prática como é possível reunir elementos básicos, informações, normas, etc. para realizar o desenho 3D de um projeto arquitetônico. Sistemas de representação12 1. Sobre a forma de identificar elementos de uma perspectiva, quais são os principais elementos a serem identificados? a) Linha de medidas, ponto médio, plano geometral, objeto, quadro, PF. b) PF, plano geometral, quadro, altura real, ponto médio, linha de medidas. c) Linha de horizonte, PF, fugantes ou fugitivas, altura real, linha de medidas, ponto médio. d) PF, linhas fugitivas, plano geometral, plano médio, linha de horizonte, linha vertical. e) Linha vertical, linha de horizonte, plano geometral, altura real, plano médio, quadro. 2. Quais são os desenhos que auxiliam na compreensão de um projeto, além da planta baixa? a) Corte, fachada, detalhe. b) Vista superior, detalhe, corte. c) Corte, projeção, vista superior. d) Fachada, elevação, vista superior. e) Acesso frontal, acesso lateral, planta. 3. Para desenhar uma edificação a partir das plantas baixa, corte, fachada e detalhes, você pode escolher alguns tipos de perspectivas. Quais são os tipos de perspectivas mais comuns, de acordo com o seu entendimento e o que foi estudado? a) Apenas perspectivas militar, com PF e aérea. b) Apenas perspectivas cavaleira e oblíqua. c) Apenas perspectiva isométrica. d) Apenas perspectivas axonométricas, militar e de PF. e) Apenas perspectiva axonométrica. 4. No desenho de perspectiva de uma visão de pássaro, você pode ter acesso à projeção com uma maior identificação da face superior desse objeto. Qual é o tipo de perspectiva definido para esse tipo de representação? a) Perspectiva paralela com um PF. b) Perspectiva isométrica com dois PF. c) Perspectiva dimétrica. d) Perspectiva cavaleira. e) Perspectiva oblíqua com três PF. 5. A norma que rege as representações gráficas em um projeto arquitetônico é a NBR 6.492:1994, que sugere quais dos elementos a seguir para serem representados em uma planta baixa técnica e em um desenho de perspectiva? a) Piso, rampa de acesso, portas, janelas. b) Escada, quintal, rampa de acesso, janelas. c) Porta de acesso, rua, janela, piso. d) Escada, rampa de acesso, portas, janelas. e) Rua, piso, portas, janelas. 13Sistemas de representação BECKER, E. Laboratório de Linguagem: bidimensional e tridimensional. 2015. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/eduardobeckerjr/laboratorio-de-linguagem-2d-e-3d>. Acesso em: 01 abr. 2018. CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura [recurso eletrônico]. 6. ed. – Porto Alegre: Bookman, 2017. GRIZ, C.; CARVALHO, G.; PEIXOTO, A. Desenho de Perspectiva e história da arquitetura: em busca de uma interdisciplinaridade. Curitiba: Graphica, 2007. Disponível em: <http:// www.exatas.ufpr.br/portal/docs_degraf/artigos_graphica/DESENHODEPERSPECTI- VAEHISTORIA.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2018. LEYTOR. Cubos em perspectiva cavaleira de 15º, 30º, 45º, 60º e 75º. 2015. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Perspectiva_militar#/media/File:Cubo_em_perspec- tiva_cavaleira.jpg>. Acesso em: 30 mar. 2018. LIMA, A. M. Sistema de Projeção Axonométrica. 2013. Disponível em: <http://artes-real. blogspot.com.br/2013/03/sistemas-de-projecao-axonometrica.html>. Acesso em: 30 mar. 2018. VIANA, D. Perspectiva 2 pontos de fuga. Manaus: Centro Universitário do Norte, 2015. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/VianaDecio/mini-cursoperspectiva-2- pontos-de-fuga>. Acesso em: 01 abr. 2018. Leituras recomendadas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492. Representação de projetos de arquitetura. Rio De Janeiro: ABNT, 1994. FERREIRA, R. G.; FALEIRO, H. T.; SOUZA, R. F. Desenho Técnico: apostila de circulação interna da Escola de Agronomia e Eng. De Alimentos. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2008. Disponível em: <https://portais.ufg.br/up/68/o/Apostila_desenho. pdf>. Acesso em: 24 mar. 2018. FRENCH, T. E.; VIERCK, C. J. Desenho técnico e tecnologia gráfica. 8. ed. Rio de Janeiro: Globo, 2011. MANFÉ, G.; POZZA, R.; SCARATO, G. Desenho técnico mecânico: curso completo para as escolas técnicas e ciclo básico das faculdades de engenharia. São Paulo: Hemus, 2004-2008. 3 v. PAMPLONA, S. Projeto de residencial Cavalcante. 2011. Disponível em: <https:// arquinatura.files.wordpress.com/2011/07/tudo-fatima.jpg>. Acesso em: 30 mar. 2018. SILVA, A. et al. Desenho técnico moderno. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006.Sistemas de representação14 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DESENHO DE PERSPECTIVA Paulo Henrique Lixandrão Posição do observador, do quadro e do objeto Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar a importância do observador, do quadro e do objeto na representação gráfica perspectivada. � Diferenciar as perspectivadas de acordo com a posição de cada um dos elementos perspectivos. � Analisar quando cada situação pode ser aplicada em perspectivas. Introdução A posição do observador, do quadro e do objeto são distintas e bastante importantes no desenho de perspectiva. Com a posição do observador, observam-se os pontos de linhas fugantes possíveis de serem direcionadas até o seu objeto; já com o quadro, é possível delimitar o tamanho ou o que se quer enquadrar em uma perspectiva e o objeto é o foco do que se quer mostrar em uma perspectiva. Neste capítulo, você aprenderá a caracterizar cada uma das posições com exemplos do cotidiano, bem como entenderá as posições do obser- vador, do quadro e do objeto em perspectivas e como isso aparece em diversas aplicações de elementos do cotidiano arquitetônico e civil. Elementos de posição gráfica As posições de perspectiva gráfica começaram a ser desenvolvidas por meio das perspectivas exatas (aquelas em que a perspectiva tem um, dois ou três pontos de fuga) e nas quais se tem um plano secante denominado “quadro”, entre o observador e o objeto. A perspectiva com um ponto de fuga originou-se no século XV, com o Renascimento, e em 1715, Brook Taylor propôs a pers- pectiva com dois pontos de fuga durante o período Barroco. Portanto, desde esses períodos, passou-se a utilizar a ideia da perspectiva com observador, objeto (observado) e plano de projeção (quadro). Tipos de posição As posições de projeções devem ser compreendidas em um desenho de pers- pectiva, porque em um desenho de perspectiva há a necessidade de desenhar por meio das linhas de fuga com o auxílio desses elementos (as posições de projeção). No desenho de perspectiva, as principais posições de projeções são: a) posição do observador; b) posição do quadro; c) posição do objeto. Posição do observador De acordo com Canotilho (2005), a posição do observador pode ter alturas diferentes, por exemplo, um observador pode visualizar o objeto por pelo menos três posições de alturas (abaixo, na mesma linha ou acima da linha do horizonte). Sabe-se que a linha do horizonte é aquela em que os olhos do observador conseguem delimitar a distância da imagem. Na Figura 1, visualiza- -se uma situação em que um observador abaixa, fica de pé ou sobe em um pedestal. Nessa sequência é possível observar que sempre teremos posições diferentes de altura do observador em relação ao objeto e ao quadro. Figura 1. Linhas do horizonte para a posição do observador. Fonte: adaptada de Canotilho (2005, p. 55). Posição do observador, do quadro e do objeto2 Existe uma determinada correspondência entre os olhos do observador e a linha do horizonte. A linha do horizonte define a altura em que o observador pode “enquadrar” um objeto. Acima dessa linha, é improvável que o obser- vador possa caracterizar algum desenho de perspectiva, ou seja, essa linha seria um limite do desenho. Normalmente, a relação entre o ponto de observação e a linha do horizonte gera um ponto central de fuga, como você pode observar na Figura 2. Figura 2. Linhas do horizonte para a posição do observador com o ponto de fuga. Fonte: adaptada de Canotilho (2005, p. 56). O observador tem que estar com a projeção em um plano denominado plano geometral, ou plano de terra, que é o plano ortogonal abaixo do observador, que se estende até o objeto visualizando, em que temos tanto uma superfície uniforme como uma superfície irregular. Na Figura 3, observa-se o plano geometral. 3Posição do observador, do quadro e do objeto Figura 3. Plano geometral. Fonte: adaptada de Canotilho (2005, p. 57). Podemos, portanto, definir que a distância da altura que vai do plano geometral até a linha do horizonte é denominada altura do observador, que precisa ser defi- nida na perspectiva. O posicionamento do observador, em algumas vistas, pode ser chamado de ponto de observação ou ponto de vista. Na Figura 4, é possível observar alguns pontos de vista que podem ser alcançados pelo observador em determinadas regiões a sua frente. Se você observar a projeção da letra c, verá que é a mais próxima do observador, já a projeção na letra a, é a mais distante. Figura 4. Ponto de observação ou ponto de vista. Fonte: adaptada de Canotilho (2005, p. 58). Posição do observador, do quadro e do objeto4 Posição do quadro O quadro é a forma de representação que será originada entre o observador e o objeto. Na Figura 5, por exemplo, visualizamos o observador, o objeto e um vidro transparente entre eles, que poderia ser o quadro, ou seja, o espaço em que será construída ou desenhada a escultura. Figura 5. Posição do quadro. Fonte: adaptada de Canotilho (2005, p. 59). Observa-se, ainda na Figura 5, que o plano geometral é representado pela letra grega beta e o quadro pela letra grega alpha, isto é, há dois planos. Na Figura 6, visualizamos como este quadro se comporta entre o observador e o objeto, e como é representado o ponto principal (P), os pontos de fuga (F) e os pontos de distância (D e D’). 5Posição do observador, do quadro e do objeto Figura 6. Posição do quadro e pontos principais. Fonte: Canotilho (2005, p. 61). Conforme observa-se na Figura 7, as posições internas de uma casa podem ter vários pontos de fuga, que são dependentes da quantidade de objetos dentro da casa. Se temos, por exemplo, uma sala de jantar com uma mesa no centro, teremos apenas um ponto de fuga a ser determinado para esse desenho de perspectiva. Caso haja, nessa mesma sala de jantar, um rack e um sofá em posições distintas e que não se enquadrariam na projeção da mesa de jantar, utilizaríamos quantos pontos de fuga fossem necessários para ter uma harmonia do ambiente interno em relação ao desenho de perspectiva. Figura 7. Posição dos pontos de fuga em uma casa. Fonte: Canotilho (2005, p. 62). Posição do observador, do quadro e do objeto6 Posição do objeto O objeto poderá estar posicionado em qualquer localização dentro do quadro, em que seja possível enxergá-lo e projetá-lo. A distância do observador em relação ao quadro e do observador em relação ao objeto é extremamente proporcional para representar a figura neste quadro. Na Figura 8 observam-se essas distâncias e o quanto a altura AB de um objeto é representada em um quadro com uma altura ab. Figura 8. Distâncias de posição do objeto e do quadro. Fonte: Canotilho (2005, p. 76). Diferenciar perspectivas conforme posição dos elementos perspectivos As perspectivas podem aparecer de acordo com cada tipo de elemento pers- pectivo. Na Figura 9, observe uma pintura que foi detalhada por meio da perspectiva cônica. 7Posição do observador, do quadro e do objeto Figura 9. Pintura, perspectiva cônica. Fonte: Escola Estadual de Educação Profissional (2012, p.4). Ainda, existe a perspectiva paralela central, que, eventualmente, é chamada de cavaleira, com um ponto de fuga, conforme demonstrado na Figura 10. Essa perspectiva ocorre quando há um objeto (situado no infinito), que gera retas projetantes (paralelas) e que incidem no quadro com uma forma não perpendicular. Se uma das faces do objeto é paralela ao quadro, é desenhada em verdadeira grandeza, e as demais sofrem distorção da perspectiva. Figura 10. Perspectiva paralela com um ponto de fuga. Fonte: adaptada de Canotilho (2005, p. 63). Posição do observador, do quadro e do objeto8 A perspectiva paralela oblíqua, com dois pontos de fuga, conforme apre- sentado na Figura 11, diferentemente da central,apresenta o ponto de fuga com a posição do objeto deslocada para a direita ou para a esquerda ou para cima ou para baixo em relação à posição do quadro. Figura 11. Perspectiva oblíqua com dois pontos de fuga. Fonte: adaptada de Canotilho (2005, p. 63). A perspectiva vista de cima, que poderia ser a perspectiva em que temos uma visão denominada “visão do pássaro”, que é a visão sobre a parte superior de edificações e de outros objetos, geralmente contém três pontos de fuga, com um ponto colocado abaixo ou acima e fora da linha do horizonte, conforme visualiza-se na Figura 12. Figura 12. Perspectiva vista de cima. Fonte: Escola Estadual de Educação Profissional, (2012, p. 17). 9Posição do observador, do quadro e do objeto Aplicações de projeção de observador, quadro e objeto em perspectivas As aplicações das perspectivas devem ser analisadas para cada caso em que se determinará a sua execução. Se você for desenhar, por exemplo, um imóvel como uma cômoda em perspectiva, pode trabalhar somente com um ponto de fuga deslocado e uma perspectiva cônica; já se for desenhar um interior, pode ter uma perspectiva central com um único ponto de fuga ou mais pontos de fuga para quantos forem os objetos dentro do interior. Já para uma perspec- tiva externa, é possível ter uma oblíqua ou uma paralela com pontos de fuga conforme apresentado nas Figuras 10 e 11, portanto, cada um dos tipos de aplicação deverá ser estudado para termos uma melhor posição da perspectiva. Mateus (2012-2013) detalha que as perspectivas se modificaram desde a antiguidade clássica, passando pela idade média e chegando a perspectiva moderna. Este autor nos dá vários exemplos de aplicações neste contexto histórico, mas também discute sobre o uso de fotografia para definir o en- quadramento da perspectiva. Em uma das aplicações, fornece uma foto de uma perspectiva com três pontos de fuga em uma linha pontilhada, definida por dois pontos de convergência ou dois pontos de fuga, porém há um ponto de fuga deslocado acima da foto, originando três pontos de fuga, conforme você pode observar na Figura 13. Figura 13. Perspectiva com três pontos de fuga. Fonte: adaptada de Mateus (2012-2013, p. 51). Posição do observador, do quadro e do objeto10 Mateus (2012-2013) demonstra uma perspectiva com dois pontos de fuga em que o dito “terceiro ponto de fuga” não existe, já que todas as arestas verticais são ortogonais ao plano geometral. Nesse caso, com apenas dois pontos de fuga podemos desenhar no quadro a projeção do objeto, que são duas edificações e uma ponte central, conforme Figura 14. Figura 14. Perspectiva com dois pontos de fuga. Fonte: Mateus (2012-2013, p. 49). Na Figura 15, você pode ver a demonstração de uma perspectiva com apenas um ponto de fuga. Repare que, neste caso, as linhas verticais e horizontais não convergem aos pontos de fuga, ou seja, temos apenas um ponto de fuga central. Figura 15. Perspectiva com um ponto de fuga. Fonte: adaptada de Mateus (2012-2013, p. 46). 11Posição do observador, do quadro e do objeto Dessa forma, comparando as Figuras 13 e 14 e analisando com a Figura 15, verifica-se que para um mesmo objeto, ou para objetos parecidos, é pos- sível representar o desenho de perspectiva apenas identificando a projeção do observador, ou utilizar aplicações para um, dois ou três pontos de fuga. Em geral, perspectivas com um ponto de fuga são mais fáceis de desenhar em relação ao rebatimento do objeto para o desenho no quadro, porém usa- -se muito perspectivas com dois pontos de fuga para a maioria dos objetos. As perspectivas com três pontos de fuga são menos utilizadas, talvez sendo usadas mais para designers internos. Este capítulo procurou demonstrar, de forma visual, os elementos de posição para o observador, para o quadro e para o objeto, além de demonstrar como o quadro interage com o observador e o objeto. Ainda, apresentou-se uma base sobre como o objeto deve estar posicionado para ter uma relação equivalente entre observador-quadro e observador-objeto, e conforme demonstrado nas aplicações de perspectivas com diversos pontos de fuga, dependendo de como você quer observar determinado objeto. Um recurso para estas análises de projeção é a técnica de análises por fotografia. 1. A posição do observador é aquela em que se tem uma visão a partir da altura do olho desse observador em relação à projeção de um objeto finito ou infinito. Qual a desvantagem de se ter uma altura da linha do horizonte abaixo da altura de visão do observador? a) A perspectiva manterá a medida de proporção. b) A perspectiva se ampliará. c) A perspectiva ficará distorcida. d) A perspectiva aumentará duas vezes a sua proporção. e) A perspectiva diminuirá em duas vezes a sua proporção. 2. Qual o nome do plano que fica em uma posição ortogonal ao observador, ao quadro e ao objeto e leva a letra grega alpha para defini-lo? a) Plano geometral ou plano na terra. b) Plano de fuga. c) Plano de distância. d) Plano horizontal. e) Plano vertical. 3. Há uma altura que vai do plano geometral até a altura da linha do horizonte e que é onde se iniciam as projeções para um ou mais pontos de fuga. Como é chamada esta altura e para qual aspecto ela é importante em relação à altura da linha de horizonte? a) Ponto de fuga e define a altura máxima do objeto. Posição do observador, do quadro e do objeto12 b) Altura do quadro e define a altura máxima do objeto. c) Altura do objeto e define a altura mínima do quadro. d) Altura do observador e define a altura máxima do quadro. e) Ponto de transição e define a altura máxima do quadro. 4. Como o quadro é uma representação projetada de um objeto, qual a dimensão do objeto no quadro e porque ela apresenta uma alteração de tamanho em relação ao objeto? a) A mesma, pois é uma dimensão apresentada para todas as projeções existentes. b) Duas vezes maior, pois a distância entre observador e quadro é maior do que o observador e o objeto. c) Duas vezes menor, pois pode-se afirmar que a distância entre o objeto e o quadro é duas vezes menor que o objeto e o observador. d) Depende da altura do objeto, pois a distância é a mesma. e) Menor do que o objeto, pois a distância entre o observador e o quadro é menor que o observador e o objeto. 5. Alguns tipos de perspectivas são definidos para desenhar objetos em que a relação da posição do observador, do quadro e do objeto são essenciais, pois a face que será representada no quadro, a distorção da profundidade, a distância entre o observador e o objeto definem essas aplicações. Quais podem ser essas perspectivas? a) Perspectiva isométrica para pinturas, perspectiva paralela para design de interiores, perspectiva oblíqua para pinturas. b) Perspectiva isométrica para muros, perspectiva cônica para pinturas, perspectiva paralela para cidades. c) Perspectiva cônica para muros, perspectiva isométrica para pintura, perspectiva paralela para design de interiores. d) Perspectiva cônica para pintura, perspectiva paralela central para cidades, perspectiva oblíqua para muros. e) Perspectiva cônica para design de interiores, perspectiva isométrica para cidades, perspectiva cavaleira para muros. 13Posição do observador, do quadro e do objeto CANOTILHO, L. Perspectiva pictórica. Bragança: Instituto Politécnico, 2005. Disponível em: <https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/962/1/75%20-%20Perspec- tiva%20pict%C3%B3rica.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2018. ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL. Desenho em Perspectiva. Fortaleza: Governo do Estado do Ceará, 2012. (Curso técnico em design de interiores do Ensino Médio Integrado à Educação profissional). Disponível em: <http://www.ifomep.org. br/ava/cursos/aperfeicoamento/artes_visuais/aula2.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2018. MATEUS, L. Perspectiva. Lisboa: Universidade Técnica, 2012-2013. Disponível em: <http:// home.fa.utl.pt/~lmmateus/1213_1_sem/Perspectiva_1213.pdf>. Acesso em: 30 mar.2018. Posição do observador, do quadro e do objeto14 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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