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Conceitos do Direito do Trabalho

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Conceitos do 
Direito do Trabalho
O que é Direito do Trabalho? Conjunto de princípios e regras jurídicas que regem a prestação de trabalho subordinada ou outras similares, por meio da tutela do trabalho. 
· Na concepção de Delgado (2016), o Direito do Trabalho pode ser definido como um complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam a relação de emprego e outras relações de trabalho normativamente especificadas. 
· Prevalece também que o Direito do Trabalho é ramo do Direito Privado, envolvendo uma relação jurídica entre particulares. 
O Direito do Trabalho pode ser dividido em dois campos distintos: 
1. Direito Individual do Trabalho: consiste no conjunto de normas que consideram, individualmente, o empregador e o empregado, unidos numa relação contratual, tal como ocorre quando um trabalhador celebra um contrato de trabalho com uma empresa;
2. Direito Coletivo do Trabalho: se destina a regulamentar as relações coletivas entre empregados, empregadores e suas entidades sindicais, quando, por exemplo, a empresa celebra um acordo coletivo com o sindicato, criando normas e condições de trabalho.
O que são princípios? Os princípios jurídicos ou princípios gerais do direito são ideias fundamentais, que emanam da consciência social, sobre a organização jurídica de uma comunidade. 
· São espécies de valores considerados relevantes para a sociedade, tais como justiça, liberdade, paz, dignidade da pessoa humana, etc. 
· Em que tese nem sempre estejam explícitos na lei ou no texto constitucional, os princípios possuem força normativa e têm função de fundamentar o Direito, interpretar o Direito e auxiliar na sua aplicação. 
No campo do Direito do Trabalho, os princípios dão sentido às normas trabalhistas e regulamentam as relações de trabalho. 
1. Princípio da Proteção talvez seja o mais completo e o mais importante princípio do Direito do Trabalho, pois prescreve a necessidade de optar pela norma e pela condição mais favorável ao trabalhador. 
Ele parte da ideia de que o trabalhador é a parte mais fraca na relação de emprego (o hipossuficiente) e, por isso, merece proteção. 
Logo, o propósito desse princípio é corrigir desigualdades, bem como fundamentar a imperatividade das normas trabalhistas, o que significa, em tese, que as partes, na celebração de um contrato de trabalho, não poderiam afastá-las. Se, numa determinada situação, estivermos diante de duas ou mais normas a serem aplicadas, deveremos optar pela norma mais favorável ao trabalhador, independentemente da sua hierarquia. 
A Constituição Federal, por exemplo, ocupa o topo da hierarquia das normas, porém, se uma lei ou até mesmo um acordo coletivo prever uma norma mais favorável, não vamos aplicar a norma constitucional, na intenção de prevalecer o princípio da proteção, aplicando a norma mais favorável ao trabalhador. 
O segundo viés, trazido pelo princípio da proteção, tem relação com a condição mais benéfica. Em regra, situações vantajosas que se incorporaram ao patrimônio do empregado, por força do contrato de trabalho, não poderiam ser posteriormente retiradas. Seria o caso, por exemplo, de prever uma vantagem / direito no contrato de trabalho e depois, ao longo da relação de emprego, essa vantagem / direito ser excluída, trazendo prejuízo ao trabalhador. O princípio da proteção, pela condição mais benéfica, teria a intenção de evitar que isso ocorra.
É importante compreender que o princípio da proteção se desdobra em três outros princípios: 
· princípio da norma mais favorável; 
· da condição mais benéfica e do 
· “in dubio pro operario”: se reduz, em síntese, a proteger o trabalhador, parte mais fraca na relação de trabalho. No caso de dúvidas em relação à interpretação de uma norma jurídica, optar-se-á pela interpretação mais favorável ao trabalhador. 
Na vida real, entretanto, o princípio da proteção tem sido flexibilizado, e o grande desafio é o de determinar o equilíbrio entre uma flexibilização sensível às preocupações da empresa e uma legislação que impeça o retrocesso de direitos sociais. 
2. Princípio da Primazia da Realidade sua intenção é impedir que documentos formais prevaleçam sobre a verdade. Muitas vezes, o contrato de trabalho não retrata a realidade, ou seja, a situação de fato e a real condição de trabalho. Nesse caso, devemos desprezar a ficção jurídica e sempre nos pautar pela verdade.
Esse princípio também é utilizado numa situação muito comum e corriqueira nos processos trabalhistas, quando verificado que os horários de trabalho registrados no cartão de ponto não condizem com a real jornada do trabalhador. É por isso que a prova testemunhal é tão importante na Justiça do Trabalho. Afinal, apenas a testemunha terá a possibilidade de comprovar que o documento não retrata a realidade. 
3. Princípio da Irrenunciabilidade tem o propósito de limitar a autonomia da vontade das partes na negociação, ao defender a irrenunciabilidade de muitos direitos trabalhistas, não podendo o trabalhador dispor deles, ainda que essa seja sua vontade. O referido princípio objetiva impedir a renúncia de direitos, porém sem impedir o trabalhador de negociar o modo de exercício de direitos. A título de exemplo, veja o caso das férias: o trabalhador pode negociar com o empregador quando e como as férias serão usufruídas, nos limites impostos pela lei, mas não poderia simplesmente renunciar ao 
seu direito às férias. 
4. Princípio da Continuidade, por sua vez, tem por fundamento a preservação do emprego, eis que um trabalhador empregado proporciona segurança econômica e permite incorporá-lo, aos poucos, na atividade empresarial. Para que você entenda a lógica desse princípio, faz-se necessário observar que o contrato de trabalho, em regra, é de trato sucessivo e se concebe por prazo indeterminado (sem fixar a data final de término do contrato do trabalho). O que se busca, portanto, é a continuidade da relação de emprego, a fim de manter o trabalhador empregado, fator que gera benefícios não somente para ele, mas para toda a sociedade. Afinal, um trabalhador desempregado acarreta um grande custo social e econômico. O princípio da continuidade tem ainda o objetivo de impedir despedidas arbitrárias, mantendo o contrato em hipóteses de sucessão, suspensão e interrupção do contrato. Se, porventura, uma empresa for sucedida (adquirida/ comprada) por outra, a sucessora irá responder pelas obrigações decorrentes do contrato de trabalho que restará mantido. No caso de suspensão (empregado em auxílio-doença por alguns meses) ou em interrupção (empregado em férias), o contrato de trabalho manterá, no geral, seus efeitos jurídicos. Tudo para atender ao princípio da continuidade da relação de emprego. Já a contratação por prazo determinado (que tem data prefixada para terminar) ocorre no Direito do Trabalho mediante situações específicas previstas legalmente. A imposição legal objetiva justamente resguardar o princípio da continuidade, que pode invalidar a contratação por prazo determinado, caso não haja atendimento aos requisitos estabelecidos pela lei. Ademais, o princípio da continuidade constitui presunção favorável ao empregado no que se refere às razões que levaram ao término do contrato de trabalho. Isso pode ocorrer na situação em que o empregador negar a prestação de serviços e a dispensa do trabalhador. Porém, conforme a Súmula 212 do TST, se provada a relação de emprego, ou seja, que existiu prestação de serviço, será ônus do empregador provar o despedimento (TST, 2003). 
5. Princípio da Razoabilidade está intimamente ligado ao princípio da boa-fé (agir com padrões éticos e morais numa relação) e se constrói sobre os valores da razão e da justiça. Seu pressuposto é o de que o ser humano adote condutas e tome atitudes com bom senso, e não de forma arbitrária. O fato de ser um princípio de caráter abstrato não o impede de restringir a conduta humana em situações que podem violar a dignidade do ser humano. Você deve saber que a dignidade humana, além de ser um fundamento do Estado Democrático do Direito, é um valor universal enorteia toda a aplicação do Direito. Desse modo, numa situação concreta, deve-se sempre buscar a solução que potencializa a dignidade do ser humano, isso é, a solução mais razoável. Desse modo, o princípio da razoabilidade também contribui para a imposição de limites ao poder diretivo do empregador, na intenção de resguardar a dignidade e a intimidade do empregado, permitindo ainda a efetivação da função social da empresa. 
Dois instrumentos importantes desse campo do Direito: a renúncia e a transação. 
A Renúncia é uma manifestação unilateral de vontade do titular do Direito (o empregado), que simplesmente abre mão de seu direito. Mesmo sendo possível a renúncia por parte do empregado, desde que feita por livre e espontânea vontade, e desde que não viole direito fundamental, boa parte dos estudiosos e da jurisprudência brasileira não veem com bons olhos essa renúncia. O maior problema, na verdade, é a renúncia tácita ou presumida, ou seja, aquela imposta, unilateralmente, pelo empregador, e aceita pelo trabalhador apenas para manter o seu emprego. Tal situação viola frontalmente o princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas, principalmente em relação aos direitos protegidos por dispositivos de ordem pública, isto é, direitos que não podem ser afastados pelas partes, tais como o direito ao registro em Carteira de Trabalho, normas relacionadas à saúde do trabalhador, etc. Um importante aspecto a ser considerado seria a possibilidade de renúncia de direitos por uma categoria de trabalhadores por meio de convenção coletiva. Nessa situação, são o sindicato e a empresa (ou sindicato dos empregadores) que farão a negociação. Isso não significa, todavia, que não há limites à renúncia de direitos. Em tese, nem mesmo por convenção ou acordo coletivo seria possível a renunciabilidade. A lei, a Constituição Federal e os tratados internacionais irão impor restrições à negociação coletiva. A Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467 de 2017), inclusive, dispôs sobre essa limitação. 
A transação, diferente da renúncia que é manifestação unilateral, pressupõe sempre a bilateralidade, ou seja, trata-se de uma manifestação em que ambas as partes fazem concessões recíprocas. Ela é restrita a direitos patrimoniais, de caráter privado, o que impede a transação de direitos indisponíveis (que são aqueles dos quais as partes não podem dispor, renunciar, como o direito ao descanso, direitos que protegem a saúde do trabalhador, etc.). Também não se confunde com a conciliação, que é ato praticado mediante a intervenção do magistrado no curso de um processo judicial. O doutrinador Delgado (2016) salienta que a transação seria permitida apenas no que se refere aos direitos de disponibilidade relativa, sem prejudicar o padrão civilizatório geral mínimo, ou seja, sem prejudicar os direitos necessários à dignidade do trabalhador, tais como o direito fundamental ao descanso, ao salário mínimo, direito à assinatura da Carteira, e normas de proteção de saúde. Entretanto, a transação seria possível em relação aos direitos disponíveis, isto é, aqueles dos quais o trabalhador poderia dispor/ negociar. Por exemplo, seria possível transacionar a modalidade de salário (se fixo ou variável). Um dos grandes objetivos da Reforma Trabalhista foi o de permitir a possibilidade de transação por parte do empregado e empregador, de modo a adequar o contrato às especificidades da empresa e das condições de trabalho. A transação, obviamente, também encontra limites legais. Permite-se a transação do modo de aquisição de direitos e de todos aqueles que não violem os direitos fundamentais do empregado.
Referência: Legislação Social e Trabalhista -Janaina Carla da Silva Vargas Testa

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