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1 CARDIOLOGIA - TORTO Anti-hipertensivos _____________________________________________________________________________ Controle da pressão arterial A hipertensão arterial sistêmica possui alta prevalência em nosso meio e configura um dos principais fatores de risco cardiovascular. Nesse contexto, segundo inúmeros estudos, foi possível observar a eficácia do tratamento com fármacos anti- hipertensivos. Aproximadamente 70%-90% dos portadores de HAS necessitarão de combinação medicamentosa para assegurar controle da PA; dentre esses, 30% deverão associar quatro ou mais fármacos para atingir as metas. Ainda assim, o controle de PA é muito baixo e limitado. Quando pensamos na optimização do controle deve-se levar em consideração: ✓ Adesão terapêutica; ✓ Abordagem de sobreposição dos múltiplos fatores potencialmente desencadeadores da HAS; ✓ Compatibilidade farmacocinética; ✓ Utilização de dosagens mais baixas dos fármacos associados para ter menor taxa de efeitos colaterais sem perder a ação anti- hipertensiva. Recomendações para a associação de anti-hipertensivos ✓ De preferência para as combinações preferenciais ou aceitáveis; ✓ Inicie com terapia combinada rotineiramente em indivíduos que necessitem de reduções de PA iguais ou superiores a 20 e/ou 10 mmHg, para PAS e PAS, respectivamente (estágios 2 e 3). ✓ Inicie terapia combinada em indivíduos em estágio 1 com risco alto e muito alto ou quando o segundo agente pode melhorar o perfil de efeitos colaterais da terapia inicial. Benefícios na adesão da combinação medicamentosa O encorajamento de Combinações Medicamentosas Fixas (CMF) possuem inúmeras vantagem para o tratamento: ✓ Posologia de dose única diária e menor número de comprimidos a serem ingeridos; ✓ Menor custo potencial; ✓ Melhor controle pressórico; 2 CARDIOLOGIA - TORTO ✓ Maior estabilidade da PA em 24 horas; ✓ Metas de tratamento atingidas mais precocemente; ✓ Menor taxa de eventos adversos. ✓ Redução dos desfechos com eventos cardiovasculares, como AVE e DAC. Combinações PREFERENCIAIS ✓ IECA + ACC ✓ IECA + diurético ✓ BRA + ACC (diidropiridínico) ✓ BRA + diurético ACEITÁVEIS ✓ BB + diurético ✓ ACC (diidropiridínico) + BB ✓ ACC + diurético ✓ IDR + diurético ✓ IDR + ACC ✓ Diurético tiazídico + diurético poupador de potássio MENOS USUAIS ✓ IECA + BB ✓ BRA + BB NÃO USUAIS ✓ ACC (não diidropiridínico) + BB ✓ IECA + BRA ✓ IECA + IDR ✓ BRA + IDR ✓ Simpatolítico central + BB Combinações duplas de anti- hipertensivos Inibidores do sistema reina angiotensina + diuréticos A combinação de um IECA/BRA/inibidor direto da renina (alisquireno) com um diurético tiazídico (hidroclorotiazida, clortalidona ou indapamida) gera uma redução importante da PA. Inibidores do sistema renina angiotensina + antagonistas dos canais de cálcio Redução significativa da PA e contraposição de efeitos. IECA +ACC demonstraram maior redução de desfechos combinados. 3 CARDIOLOGIA - TORTO Antagonistas dos canais de cálcio + diuréticos tiazídicos É uma associação possível. Ambos mostraram vasodilatação sem depleção de volume. Betabloqueadores + diuréticos tiazídicos Apesar de possuírem boa ação e desfecho clínico, os BB são menos efetivos do que diuréticos, IECA, BRA e ACC. Em afrodescendentes, no entanto, a associação de BB e diuréticos tem demonstrado bons resultados. , Diuréticos tiazídicos + diuréticos poupadores de potássio A associação hidroclorotiazida ou clortalidona com amilorida possui boa ação na redução da PA. Nela, há preservação dos níveis plasmáticos de potássio, evitando a hipocalemia, e é considerada uma combinação aceitável para indivíduos com função renal preservada (filtração glomerular > 50 mL/min/1,73m²). Antagonistas de canais de cálcio + betabloqueadores Combinações de baixas doses de felodipina e metoprolol tem resultados bons no controle, com menos efeitos colaterais. Os ACC diidropiridínicos podem ser associados; os não diidropiridínicos (diltiazem e verapamil) não podem ser associados, pois aumentam a ação regulatória da FC e condução atrioventricular, podendo gerar bradicardia ou BAV. OBS: cerca de 15% dos pacientes precisam de uma associação tríplice. Naqueles que precisa de uma terapia quádrupla, a melhor opção é a espironolactona (antagonista da aldosterona), seguida por clonidina, BB ou vasodilatadores diretos. Estratégia na hipertrofia ventricular esquerda A hipertrofia do ventrículo esquerdo é uma manifestação comum do curso natural da HAS e implica uma maior incidência de complicações cardiovasculares importante. Em monoterapia, o tratamento ideal é com IECA ou BRA (faz remodelamento cardíaco). ACC, BB e diuréticos estão em um plano inferior. No entanto, associação dupla ou tripla tem maior efeito de controle. Pacientes com doença renal crônica ✓ O uso de IECA ou BRA previne a redução da função renal, sendo a primeira linha de escolha. Porém, deve-se atentar a função renal: 4 CARDIOLOGIA - TORTO - creatinina < 2,5 → eles tem ação protetora para os rins; - creatinina > 2,5 → eles são nefrotóxicos e pioram a DRC. ✓ ACC são a segunda linha de tratamento, sobretudo verapamil e diltiazem, que reduzem a proteinúria. ✓ Antagonistas da aldosterona são a terceira ou quarta linha de tratamento. ✓ BB estão indicados quando há associação com DAC e/ou IC. Combinações na diabetes e síndrome metabólica Essas patologias configuram um quadro de alto risco para complicações cardiovasculares, estando, portanto, indicada uma terapêutica combinada. A associação usual é IECA/BRA com um ACC e, se necessário, um diurético tiazídico. Combinações na dAC e DCV ✓ Pós-IAM: a combinação preferencial é IECA + betabloqueador. ✓ Na doença cerebrovascular, a indicação é de tiazídicos com IECA. ✓ Na doença arterial coronariana: DUPLAS PREFERENCIAIS - BB + IECA - BB + BRA - BB + ACC (diidropiridínicos) TRIPLAS PREFERENCIAIS - BB + IECA/BRA + ACC (diidropiridínicos) - BB + IECA/BRA + diurético tiazídico Combinação de fármacos no idoso Algumas informações importantes: ✓ Optar por esquemas que facilitem a adesão ao tratamento; ✓ Sempre iniciar com doses baixas e com aumento lento e gradual com revisão periódica; ✓ Atentar a sintomas atípicos da hipotensão: sonolência, vertigem e confusão mental; ✓ Estimar sempre a depuração da creatinina para avaliação renal; ✓ A redução da PAS entre 150/140 mmHg já é uma meta muito boa para redução da mortalidade CV nesses pacientes. As principais associações podem ser: ✓ IECA + tiazídico (indapamida); 5 CARDIOLOGIA - TORTO ✓ IECA/BRA/alisquireno + ACC diidropiridínico (amlodipina) Informações estudo dirigido (basicamente a mesma coisa que o resumo, nem precisa ler) Questão ii – em relação ao uso de combinações medicamentosas fixas Posologia de dose única diária e menor número de comprimidos a serem ingeridos, ou seja, maior conveniência ao paciente, com menor risco de confusão posológica. Menor taxa de eventos adversos, pois muitas vezes as CMF associam dois fármacos em doses não máximas capazes e reduzir a PA sem levar a eventos adversos que decorreriam do seu uso em altas doses; ou com efeitos indesejáveis dos fármacos que são balanceados ou até mesmo suprimidos por sua ação em combinação. Melhor controle pressórico (possivelmente por ação simultânea e/ou sinérgica em múltiplos fatores fisiopatológicos da hipertensão arterial e atenuação da inércia terapêutica). Maior estabilidade da pressão arterial nas 24 horas quando em CMF sinérgica, com relação vale-pico e doses adequadas, promovendo maior proteçãocardiovascular. Meta atingida mais precocemente, levando a diminuição mais breve do risco cardiovascular e a maior confiabilidade do paciente em relação ao médico e em relação ao fármaco. Questão iii – recomendações de associação Caso não seja alcançada a meta com a combinação dupla, reavalie a adesão e outras causas de descontrole e, se necessário, utilize combinações de três ou mais fármacos. Inicie terapia combinada em indivíduos em estágio I com risco alto e muito alto, ou quando o segundo agente pode melhorar o perfil de efeitos colaterais da terapia inicial. Considere o emprego de terapia combinada para alcançar as metas PA, sempre associada a mudança no estilo de vida. Inicie com terapia combinada rotineiramente em indivíduos que necessitem de reduções de PA iguais ou superiores a 20 e/ou 10 mmHg, para PAS e PAD, respectivamente (estágio 2 e 3). Não é recomendado o uso de fármacos anti- hipertensivos manipulados Questão VI As melhores evidências da redução de mortalidade geral e CV em hipertensos com a associação de IECA ou BRA com diuréticos do tipo tiazidas foi com a indapamida que também precisa ser considerada preferencial em relação à hidroclorotiazida. As combinações fixas de IECA ou BRA com diurético são as preferenciais. A maioria das 6 CARDIOLOGIA - TORTO combinações fixas usa a hidroclorotiazida como diurético embora a clortalidona tenha se mostrado mais efetiva na redução da PA e dos desfechos cardiovasculares A combinação de Inibidores do sistema renina angiotensina + antagonistas dos canais de cálcio resulta em uma redução significativa da PA e melhora, pela ação simpaticolítica e venodilatadora dos IECA ou BRA, a tolerabilidade aos antagonistas dos canais de cálcio A combinação de Antagonistas de canais de cálcio + diuréticos tiazídicos resulta em um efeito aditivo com pequena repercussão na PA provavelmente pela sobreposição de seus efeitos farmacológicos. A associação de Betabloqueadores + diuréticos tiazídicos aumenta o risco de desenvolvimento de intolerância a glicose, fadiga e disfunção sexual. Questão v A associação Diuréticos tiazídicos + diuréticos poupadores de potássio é capaz de potencializar ainda mais a redução nos níveis pressóricos, preservando os níveis plasmáticos de potássio, o que é muito interessante no tratamento do HA em virtude das ações vasodilatadoras do potássio, além de reduzir a incidência de hipocalemia. Inibidores do sistema renina-angiotensina + betabloqueadores: Essas classes de agentes são cardioprotetoras e frequentemente administradas em indivíduos com doença coronariana e/ou insuficiência cardíaca. Quando combinados, entretanto, resultam em pequena redução adicional da PA, comparável ao seu uso isoladamente. Por essa razão, essa é uma associação menos efetiva, quando a meta é a redução da PA. A combinação de BB com Antagonistas dos canais de cálcio diidropiridínicos (anlodilpina) é considerada aceitável, mas deve ser evitada com os não diidropiridínicos, como verapamil e diltiazem, pelo efeito adicional na frequência cardíaca e condução atrioventricular, podendo resultar em bradicardia severa e/ou bloqueios atrioventriculares. A combinação de IECA com BRA não é recomendada. Essa combinação apresenta pequeno efeito adicional na redução da PA, comparável à redução de cada um dos agentes isolados. Questão vi A utilização de combinação tríplice em um único comprimido tem sido associada com um controle pressórico mais rápido e consequentemente uma redução maior do risco CV, em comparação com a monoterapia seguida da combinação dupla, contribuindo assim para uma melhora da inércia terapêutica. Betabloqueadores + agentes de ação central (clonidina e alfametildopa) interferem no sistema nervoso simpático. O grau que essa combinação produz de redução de PA ainda não foi estudado. Seu uso em combinação pode resultar em bradicardia importante ou 7 CARDIOLOGIA - TORTO bloqueio AV. Além disso, indivíduos em uso dessa combinação, que descontinuaram abruptamente seu tratamento, exibiram hipertensão de rebote. Por essas razões, é considerada uma combinação menos efetiva. A combinação tríplice, em um único comprimido, tem-se mostrado mais eficaz que a utilização dos três fármacos em separado, tanto na adesão quanto no risco de abandono, com melhoras de 29% e 24%,, respectivamente. A utilização de quatro fármacos na hipertensão arterial nos remete ao paciente com hipertensão resistente. A associação de bloqueadores dos receptores mineralocorticoides é a estratégia de quarto fármaco com maior indicação por promover reduções adicionais significativas da PA, independentemente da relação aldosterona/ atividade plasmática da renina. Em caso de intolerância a espironolactona ou não se alcançando a meta pressórica, o quarto fármaco pode ser a clonidina, betabloqueadores ou os vasodilatadores diretos. Questão vii A presença de Doença Renal Crônica nos hipertensos, em geral, está associada a sobrecarga de volume e maior ativação do SRAA. Nesses pacientes há necessidade de terapia combinada onde os bloqueadores do SRAA devem ser a preferência em associação com outros anti-hipertensivos. O uso de IECA ou BRA previne a redução progressiva da função renal em maior grau que outros agentes antihipertensivos, tanto naqueles com ou sem diabetes, com ou sem proteinúria. A presença de lesões em órgãos-alvo, não importando o estágio hipertensivo, já configura risco cardiovascular alto ou muito alto, devendo a combinação de fármacos anti-hipertensivos ser a estratégia inicial. Em monoterapia os fármacos que mais reduzem a HVE são os BRA e IECA, ficando os ACC, betabloqueadores e diuréticos em um plano inferior. A Hipertrofia Ventricular Esquerda é a manifestação cardinal da doença hipertensiva, estando presente em 36% a 41% dos pacientes, e é um preditor independente de complicações cardiovasculares. Pacientes com HVE têm de 2-4 vezes risco maior de eventos cardíacos e cérebro vasculares. Diversos estudos verificaram que as combinações duplas ou triplas foram mais eficientes em reduzir a massa ventricular esquerda, além da mortalidade cardiovascular. 8 CARDIOLOGIA - TORTO
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