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Endocardite Infecciosa: Causas e Sintomas

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1 CARDIOLOGIA - TORTO 
Endocardite infecciosa 
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Definição 
A EI é uma doença causada pela invasão de 
microorganismos no endocárdio ou em 
dispositivos implantados no coração, como 
próteses valvares, marca-passo e 
cardiodesfibriladores). É uma doença 
complexa, com mortalidade em um ano de 
até 40%. Pensando na fisiopatologia da 
doença: 
Dano na superfície do endocárdio → 
formação de vegetação trombótica não 
bacteriana → aderência de bactérias 
circulantes → proliferação da vegetação 
infectada → lesão ou agravamento da 
lesão valvar. 
 
Etiologia 
70% das EI ocorrem em doenças cardíacas 
prévias: sequela valvar reumatismal, 
cardiopatia congênita, EAo degenerativa do 
idoso, PVMi, prótese valvar etc. 
Considerando os agentes etiológicos, há 
uma maioria esmagadora de bacteremias 
como causas, sendo o estreptococo o mais 
prevalente. No entanto, essa prevalência 
pode mudar de acordo com o grupo. 
Ei em valva nativa 
✓ Estreptococos (31%); 
✓ S. aureus (36%); 
Ei em prótese valvar 
✓ Estafilococos coagulase negativos: 
33% em menos de dois meses, 
32% entre 2 a 12 meses e 11% em 
mais de 12 meses. 
✓ S. aureus: 22% em menos de 2 
meses, 12% entre 2-10 meses e 
18% em mais de 12 meses. 
✓ Estreptococos: 1% em menos de 2 
meses; 9% entre 2 a 12 meses 31% 
em mais de 12 meses. 
 
Ei em Usuários de drogas ilícitas iv 
✓ S. aureus 77% (câmara direita). 
✓ Enterococos 26% (câmara 
esquerda). 
 
Ei nasocomial 
✓ S. aureus 36%; 
✓ Bactérias gram-negativas. 
 
Apresentação clínica 
O quadro clínico é muito diversificado e 
pode apresentar sinais e sintomas 
inespecíficos, sendo que a análise 
sorológica e o ECO são indispensáveis. 
 
2 CARDIOLOGIA - TORTO 
Ei Aguda e subaguda 
A endocardite pode ser aguda ou subaguda. 
O primeiro caso é caracterizado por intensa 
toxicidade e rápida progressão, podendo 
evoluir em dias para óbito. Normalmente 
acomete órgãos distantes do coração, 
como cérebro, rins, pulmões, fígado e olhos, 
e tem como agente mais comum 
o Staphylococcus aureus. Já no caso da 
endocardite subaguda, a evolução é mais 
demorada, persistindo por até meses e, na 
grande maior parte dos casos, é causada 
por estreptococo. 
 
Sinais e sintomas 
As manifestações mais comuns são: 
✓ Febre; 
✓ Sopros; 
✓ Artralgias e mialgias; 
✓ Esplenomegalia; 
✓ Petéquias; 
✓ Hemorragias subungueais; 
 
✓ Roth; Osler e/ou Janeway; 
 
 
✓ Baqueteamento; 
✓ Êmbolos clinicamente aparentes; 
✓ Manifestações neurológicas. 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico é feito com base nos critérios 
de Duke: 
Definitivo 
1) Patológico: 
- microrganismos demonstrador por cultura 
ou por análise histológica em vegetação, 
êmbolo séptico ou abscesso cardíaco, ou 
- lesões patológicas como vegetações ou 
abscesso cardíaco confirmado por análise 
histológica demonstrando endocardite ativa. 
2) Clínico: dois critérios maiores OU 
um critério maior e três menores 
OU cinco critérios menores. 
Possível 
Achados consistentes com EI que não se 
correlacionem com critérios do grupo 
definitivo ou rejeitado. 
https://www.infoescola.com/anatomia-humana/cerebro/
https://www.infoescola.com/anatomia-humana/pulmoes/
https://www.infoescola.com/anatomia-humana/figado/
https://www.infoescola.com/visao/globo-ocular/
 
3 CARDIOLOGIA - TORTO 
Rejeitado 
1) Diagnóstico diferencial alternativo 
consistente, ou 
2) Resolução do quadro com quatro 
dias ou menos de antibioticoterapia, 
ou 
3) Nenhuma evidência de EI na cirurgia 
ou necropsia com antibioticoterapia 
por quatro dias ou menos. 
 
CRITÉRIOS MAIORES 
1) Hemocultura positiva para 
microrganismos típicos para EI em 
duas amostras separadas: 
✓ Streptococcus viridans, S. bovis ou 
grupo HACEK, ou 
✓ Staphylococcus aureus ou 
enterococos comunitários, sem 
foco primário, ou 
✓ Hemocultura persistentemente 
positiva, definida como 
microrganismos compatível com EI 
isolado a partir de amostras 
sanguíneas colhidas com intervalos 
de 12 horas ou todas de três ou a 
maioria de quatro ou mais amostras 
sanguíneas separadas, com 
intervalos de pelos menos uma hora 
entre a primeira e a última. 
✓ Uma hemocultura positiva ou título 
de IgG > 1:800 para Coxiella bumetii. 
 
 
2) Evidência de envolvimento 
endocárdico: 
✓ ECO positivo pars EI (massa 
cardíaca oscilante em valva 
ou estrutura de suporte, ou 
em trajeto de jato 
regurgitante, ou em 
material implantado, com 
ausência de explicação 
anatômica alternativa; 
abscesso; nova deiscência 
parcial de prótese). 
✓ Nova regurgitação valvar 
(aumento ou modificação de 
sopro preexistente). 
CRITÉRIOS MENORES 
1) Predisposição: EI prévia, condição 
cardíaca (ALTO RISCO = valvopatia 
reumática, valvopatia congênita 
aórtica, prótese valvar, coarctação 
da aorta, cardiopatia congênita 
cianótica; MODERADO RISCO = PVMi; 
EMi isolada, valvopatia tricúspide e 
pulmonar, cardiomiopatia, 
revascularização miocárdica 
cirúrgica prévia, PVMi sem 
regurgitação) ou uso de drogas 
injetáveis. 
2) Febre >= 38 
3) Fenômeno vasc: embolia, infarto 
pulmonar séptico, aneurisma 
micótico, hemorragia intracraniana, 
hemorragia conjutival, lesão de 
Janeway. 
 
 
4 CARDIOLOGIA - TORTO 
4) Fenômeno autoimune: 
glomerulonegrite, nódulo de Osler, 
mancha de Roth, fator reumatoide 
positivo. 
5) Evidência microbiológica: 
hemoculturas positivas sem 
preencher os critérios maiores ou 
evidência sorológica de infecção 
ativa com microrganismos 
compatível com EI; 
6) ECO compatível com EI, porém sem 
preencher critérios maiores. 
 
Tratamento 
Terapêutica clínica 
 
 
 
 
 
Indicações para terapêutica cirúrgica 
✓ Insuficiência cardíaca refratária; 
✓ Falha do tratamento etiológico; 
✓ Abscesso de anel; 
✓ Endocardite em prótese precoce; 
✓ EI por fungo; 
✓ Embolização recorrente apesar do 
tratamento antibiótico. 
✓ Risco substancial: idosos, germes 
mais virulentos, sobretudo 
estafilococos, IC refratária, má 
resposta à antibiótico terapia e 
posição aórtica. 
 
 
 
 
5 CARDIOLOGIA - TORTO 
Profilaxia para endocardite 
infecciosa 
As condições clínicas que sugerem indicação 
para profilaxia da EI são: 
I – Pacientes com risco elevado para EI 
grave (prótese, cardiopatia congênita 
corrigida com material protético, 
cardiopatia congênita cianótica, valvopatia 
em coração transplantado e EI prévia) 
submetidos a procedimentos odontológicos 
de alta probabilidade de bacteremia 
(manipulação do tecido gengival, periodontal 
ou perfuração de mucosa oral). 
IIa – Pacientes portadores de valvopatia 
congênita que não de grupo de risco para EI 
grave submetidos a procedimentos 
odontológicos de alta probabilidade de 
bacteremia. 
IIa – Pacientes com risco elevado para EI 
grave submetidos a procedimentos 
esofágicos ou do trato respitatório 
associados à lesão de mucosa. 
IIb – Pacientes com valvopatia ou 
cardiopatia congênita que não de risco para 
EI grave submetidos a procedimentos 
odontológicos sem risco de bacteremia 
significativa. 
IIb - Pacientes com valvopatia ou cardiopatia 
congênita que não de risco para EI grave 
submetidos a procedimentos 
genitourinários e gastrointestinais 
associados à lesão de mucosa. 
IIb - - Pacientes com valvopatia ou 
cardiopatia congênita que não de risco para 
EI grave submetidos a procedimentos 
esofágicos ou do trato respiratório 
associados à lesão de mucosa. 
III – Pacientes portadores de comunicação 
interatrial isolada, comunicação 
interventricular ou persistência do canal 
arterial corrigidos, PVMi sem regurgitação, 
revascularização do miocárdio, stent, 
marca-passo, cardiodesfibrilador 
implantável, Kawasaki, FR sem valvopatia a 
serem submetidos a procesimentos 
odontológicos, genitourinários, 
gastrointestinais, esofágicos ou do trato 
respiratório. 
III – Pacientes submetidosa procedimentos 
sem risco de bacteremia.

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