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FICHAMENTO DO LIVRO LITERATURA COMO MISSÃO SEVCENKO

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FICHAMENTO DO LIVRO “LITERATURA COMO MISSÃO” – SEVCENKO
CAPÍTULO 01- A INSERÇÃO COMPULSÓRIA SO BRASIL NA BELLE EPOQUE
O capítulo descreve em um primeiro momento as crises políticas e financeiras que assolaram a cidade do Rio de Janeiro e o Brasil no início da República:
“advento da ordem republicana foi marcado também por uma série continua de crises políticas: 1889, 1891, 1893, 1897, 1904. Todas elas foram repontadas por grandes ondas de "deposições", "degolas", "exílios", "deportações", que atingiram principalmente e em primeiro lugar as elites tradicionais do Império e o seu vasto círculo de clientes”. P25.
“Se os conflitos políticos tendiam a decantar os agentes cuja qualidade maior fosse a moderação no anseio das reformas, as agitações econômicas por seu lado apuravam os elementos predispostos à "fome do ouro. à sede da riqueza, à sofreguidão do luxo, da posse, do desperdício da ostentação, do triunfo". P26.
É apresentado também a nova distribuição dos cargos governamentais e a nova divisão social do país:
“No decorrer do processo de mudança política, os cargos rendosos e decisórios - antigos e novos - passaram rapidamente para as mãos desses grupos de recém-chegados à distinção social”. P26
“O revesamento das elites foi acompanhado pela elevação do novo modelo do burguês argentário como o padrão vigente do prestígio social. Mesmo os gentis-homens remanescentes do Império, aderindo à nova regra, "curvam-se e fazem corte ao burguês plutocrata''. P26.
“O próprio compasso frenético com que se definiram as mudanças sociais políticas e econômicas nesse período concorreu para a aceleração em escala sem precedentes do ritmo de vida da sociedade carioca. A penetração intensiva de capital estrangeiro. ativando energicamente a cadência dos negócios e a oscilação das fortunas. vem corroborar e precipitar esse ritmo. alastrando-o numa amplitude que arrebata a todos os setores da sociedade”. P26-27.
“a sociedade carioca viu acumular-se no seu interior vastos recursos enrraizados principalmente no comércio e nas finanças, mas já derivando também para as aplicações industriais” p27
Toda essa transformação econômica e social não condizia com a estrutura da cidade, e era preciso transformações mais radicais para atingir objetivos internacionais:
“Muito cedo ficou evidente para esses novos personagens [governantes] o anacronismo da velha estrutura urbana do Rio de Janeiro diante das demandas dos novos tempos”. P28.
“Somente oferecendo ao mundo uma imagem de plena credibilidade era possível drenar para o Brasil uma parcela proporcional da fartura, contorto e prosperidade em que já chafurdava o mundo civilizado”. P29
“acompanhar o progresso significava somente uma coisa: alinhar-se com os padrões e o ritmo de desdobramento da economia européia”. P29
“O primeiro fundíng loan (1898) possibilitou a restauração financeira interna e a recuperação da credibilidade junto aos centros internacionais. Estava aberto o caminho para o desfecho inadiável desse processo de substituição das elites sociais: a remodelação da cidade e a consagração do progresso como o objetivo coletivo fundamental”. P30
“São demolidos os imensos casarões coloniais e imperiais do centro da cidade (...) a fim de que as ruelas acanhadas se transformassem em amplas avenidas, praças e jardins, decorados com palácios de mármore e cristal e pontilhados de estátuas importadas da Europa”. P30
Se adaptar ao modelo europeu significava entrar na Belle Èpoque que se encontrava a Europa, e para se associar ao estilo europeu não ocorreram apenas mudanças estruturais da cidade:
“Quatro princípios fundamentais regeram o transcurso dessa metamorfose, conforme veremos adiante: a condenação dos hábitos e costumes ligados pela memória à sociedade tradicional; a negação de todo e qualquer elemento de cultura que pudesse macular a imagem civilizada da sociedade dominante; uma política rigorosa de expulsão dos grupos populares da área central da cidade, que será praticamente isolada para o desfrute exclusivo das camadas aburguesadas; e um cosmopolitismo agressivo, profundamente identificado com a vida parisiense”. P30
“Expulsão da população humilde da área central da cidade e a intensificação da taxa de crescimento urbano desenvolveram-se as favelas que em breve seriam o alvo predileto dos ‘regeneradores’”. P33
As consequências dessas mudanças radicais para se assemelhar ao modelo europeu foram desastrosas, principalmente para a população mais pobre:
“Assim, a maior cidade brasileira veria a sua população no período de 1890 a 1900 passar de 522 651 habitantes para 691 565, numa escala impressionante de 33% de crescimento (3% ao ano!)”. p52
“Carência de moradias e alojamentos, falta de condições sanitárias, moléstias, carestia, fome, baixos salários, desemprego, miséria: eis os frutos mais acres desse crescimento fabuloso e que cabia à parte maior e mais humilde da população provar”. P50
Expulsos do centro da cidade, a população mais pobre foi obrigada a se virar como podia para ter um lugar onde morar, se aglomerando em locais insalubres:
“E como eram esses bairros pobres do subúrbio? lima Barreto os descreve com excepcional concretitude: 
‘Há casas, casinhas, casebres, barracões, choças por toda a parte onde se possa fincar quatro estacas de pau e uni-las por paredes duvidosas. Todo o material para essas construções serve: são latas de fósforos distendidas, telhas velhas, folhas de zinco,
e, para as nervuras das paredes de taipa, o bambu, que não é barato. Há verdadeiros aldeamentos dessas barracas, nas covas dos morros, que as árvores e os bambuais escondem aos olhos dos transeuntes. Nelas há quase sempre uma bica para todos os
habitantes e nenhuma espécie de esgoto. Toda essa população pobrissima vive sob a ameaça constante da varíola e, quando ela dá para aquelas bandas é um verdadeiro flagelo’”. P54-55
“E quando não era sequer possível a providência dos barracões, restava o recurso às ‘casas de cômodos’ – antigos casarões afastados do centro e agora transformados em pardieiros diante da imensa demanda por alojamentos e das altas estadias cobradas.”. P55
“os ‘infernais pandemônios que são as hospedarias e as casas de cômodos’; em que predominava urna revoltante promiscuidade, dormindo frequentemente em um só leito ou em uma só esteira toda uma família". P56
O ultimo flagelo à essa população foi a sua criminalização:
“‘Mas a polícia é feroz: a lei manda considerar vagabundo todo o indivíduo que não tem domicilio certo, e não quer saber se esse indivíduo tem ou não tem a probabilidade de arranjar qualquer domicílio’”. P59
“‘Contudo não só a carência de domicilio, mas também a situação desemprego caracterizava a vagabundagem delituosa'. Ora, na condição de elevado índice de desemprego estrutural e permanente sob que vivia a sociedade carioca, grande parte da população estava reduzida à situação de vadios compulsórios”. P59
Com a leitura desse capítulo podemos perceber como o processo de modernização do país, começando pela sua capital Rio de Janeiro, excluiu completamente a camada mais pobre da sociedade e sendo a principal responsável pelo elevado índice de desemprego, criminalidade e desigualdade social.

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