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Daniel Carlini – MEDUNEB13 Página | 1 Doenças Inflamatórias do Estômago Gastrite Aguda É um processo inflamatório transitório da mucosa gástrica. Pode ser assintomático ou causar náuseas, vômitos e dor epigástrica. Casos mais graves, podem levar à erosão da mucosa, com hemorragia, ulceração, hema- têmese e melena. Patogenia há ruptura dos mecanismos de proteção contra a secreção gástrica, por ra- zões como: redução da síntese de mucina em idosos, uso abusivo de AINES (reduzem a proteção pelas prostaglandinas e/ou a se- creção de bicarbonato), ingestão de subs- tâncias químicas lesivas, excessivo consumo de álcool, radioterapia e quimioterapia. Morfologia a mucosa gástrica apresenta um edema moderado e congestão vascular dis- creta. O epitélio continua íntegro, podendo ter presença de neutrófilos – se acima da membrana basal, fala a favor de inflamação ativa. Caso se tenha uma lesão erosiva, ha- verá perda de epitélio, formação de infiltra- dos polimorfonucleares e exsudato. A pre- sença concomitante de erosão e hemorragia é denominada de gastrite hemorrágica ero- siva aguda. Úlcera Péptica Aguda É uma lesão focal que pode ser complicação do uso excessivo de AINES e estresse fisioló- gico. Os sintomas incluem náuseas, vômitos, hemorragia e hematêmese em borra de café. Úlceras de estresse: pct criticamente doen- tes, com choque, sepse ou grave trauma- tismo. Úlceras duodenais: duodeno proximal asso- ciado a queimaduras graves ou traumatis- mos. Úlceras de Cushing: surgem no estômago, duodeno ou esôfago de pessoas com doença intracraniana. Patogenia as lesões geradas por AINES fazem irritação química direta e inibição dos meca- nismos protetores exercidos pelas prosta- glandinas (aumento da perfusão vascular e secreção de bicarbonato). Na lesão intracraniana causada por estimu- lação direta dos núcleos vagais, a hiperse- creção de ácidos pode levar a úlceras pépti- cas. Lesões decorrentes de choque ou sepse tem origem na acidose sistêmica, além da hipóxia e fluxo vascular reduzido. Morfologia úlceras agudas são arredondadas e tipicamente com menos de 1cm de diâme- tro. A base da úlcera é frequentemente manchada de marrom a preto por eritrócitos extravasados digeridos por ácidos – em al- guns casos, podem estar associados à infla- mação transmural e serosite local. Úlceras de estresse agudas são bem demarcadas, com mucosa adjacente essencialmente nor- mal. Gastrite Crônica Sintomas associados à gastrite crônica são menos graves, mas mais persistentes do que a gastrite aguda. Em geral, tem-se náuseas, epigastralgia, vômitos sem hematêmese. A causa mais comum é infecção pelo bacilo Helicobacter pylori. Na gastrite atrófica, a causa mais comum é a gastrite autoimune. Gastrite Crônica por H. pylori Trata-se de um bacilo espiralado que colo- niza exclusivamente estômago e duodeno, com alta resistência ao pH ácido. Tal infec- ção também confere risco aumentado de câncer gástrico. Patogenia manifesta-se como uma gastrite predominantemente antral, com alta produ- ção de ácido, apesar de hipogastrinemia (re- dução da secreção de gastrina). 4 caracterís- Daniel Carlini – MEDUNEB13 Página | 2 ticas ligadas à virulência de H. pylori que pos- sibilitam um desequilíbrio nos mecanismos de defesa da mucosa gástrica: flagelos, urease (gera amônia, elevando o pH local), adesinas (aumentam a aderência bacteriana à superfície das células foveolares) e a secre- ção de toxinas. Com o tempo, a gastrite antral crônica por H. pylori pode evoluir para pangastrite, re- sultando em gastrite atrófica multifocal, se- creção ácida reduzida, metaplasia intestinal e aumento do risco de adenocarcinoma gás- trico. Morfologia o organismo é concentrado no muco superficial que cobre o epitélio da su- perfície e do colo das criptas; neutrofilia em lâmina basal e nas criptas gástricas (abces- sos criptais), infiltrado linfocitário com ma- crófagos (forma induzida de tecido linfocitá- rio associado à mucosa/MALT). Os infiltra- dos inflamatórios podem levar ao espessa- mento da mucosa. Pode ocorrer metaplasia intestinal com presença de células calicifor- mes e colunares (risco de adenocarcinoma). Gastrite Crônica Autoimune Ao contrário da gastrite por H. pylori, a au- toimune poupa o antro e induz hipergastri- nemia. É caracterizada por anticorpos contra células parietais e fator intrínseco, redução dos níveis de pepsinogênio I, hiperplasia das células endócrinas antrais, deficiência de B12 e acloridria (secreção reduzida de ácido gástrico). Patogenia está associada com a perda de cé- lulas parietais e principais. A produção defi- ciente de ácido estimula a liberação de gas- trina (hipergastrinemia) e hiperplasia de cé- lulas G. A deficiência de B12 leva à anemia perniciosa. Morfologia são causados danos difusos da mucosa oxíntica (produtora de ácido), nas regiões de corpo e fundo gástrico. Também se tem atrofia difusa (pela perda de pregas rugaus) e infiltrado inflamatório de linfóci- tos. É possível, ainda, que se tenha metapla- sia intestinal. Doença Ulcerosa Péptica - DUP Associada ao uso crônico de AINES e à infec- ção por H. pylori, pode ocorrer em qualquer parte do TGI exposta a sucos gástricos áci- dos. Em geral, é mais comum no antro gás- trico e na primeira porção do duodeno. Nas características clínicas, são descritos epigas- tralgia, dor em queimação, anemia ferro- priva, fraca hemorragia e perfuração. A dor tende a ocorrer em 1-3 horas após refeições, durante o dia, com piora à noite e aliviada por álcalis ou alimentos. Náuseas, vômitos, distensão abdominal e eructações podem estar presentes. Patogenia sendo uma complicação da gas- trite crônica, a DUP decorre do desequilíbrio das forças de proteção da mucosa gástrica (hiperacidez gástrica é fundamental para o desenvolvimento da DUP). Morfologia são mais comuns no duodeno principal (valva pilórica). A úlcera péptica clássica é definida em saca-bocado, redondo a oval. A base das úlceras pépticas é lisa e limpa como resultado da digestão péptica de exsudato. Ao exame histológico, a úlcera é composta por tecido de granulação rica- mente vascularizado. O sangramento contí- nuo dentro da base da úlcera pode causar hemorragia. A perfuração é uma complica- ção que requer intervenção cirúrgica de emergência. Cofatores da ulcerogênese incluem o uso crônico de AINES, tabagismo (prejudica o fluxo sanguíneo da mucosa e o processo de cicatrização) e altas doses de corticoides (su- primem a síntese de prostaglandinas e atra- palham o processo de cicatrização). Sabe-se, também, que o estresse psicológico pode aumentar a produção de ácido gástrico e exacerbar a DUP.
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