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Entre ditos e não ditos Relato de Experiência em Seminários de Pesquisa

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Entre ditos e não ditos: Relato de Experiência em Seminários de Pesquisa 
 
Locimar Massalai 1 
 
O objetivo maior deste texto é resgatar minha experiência às voltas com os 
Seminários de Pesquisa do Mestrado Acadêmico em Psicologia da Universidade 
Federal de Rondônia em 2011. Como um relato de experiência, traz sempre a marca 
de quem o viveu e de como o fez, portando é particular e ao mesmo tempo coletivo. 
Porque nos fazemos no movimento concreto e histórico do sacolejo da vida e neste 
balançar vamos ajudando os outros a se fazerem também. 
Acredito que antes de tudo, é preciso que se defina o que é um seminário de 
pesquisa. Poderia dar muitas definições, cada uma com sua tônica e fundamentação 
teórica. Seminário já supõe a idéia de algo coletivo, dinâmico e ao mesmo tempo, 
tenso, provocador. Sim tenso, porque questiona com nossos conceitos e expõem com 
crueza, às vezes, nossas fragilidades. 
Defendo a idéia de que um Seminário de Pesquisa tem como objetivo primeiro, 
socializar o lido, o pesquisado e aprofundado, caracterizando-se como um espaço de 
partilha e de discussões das temáticas que vão sendo apresentadas. É uma forma de 
integrar o conhecimento que foi ou está sendo produzido e como tal, favorecer 
momento intenso de percepções de avanços e lacunas, como soe acontecer quando 
se discute o conhecimento como ciência, desde um olhar de provisoriedade. 
As discussões que acontecem num Seminário de Pesquisa colocam em 
evidência, a certeza de que esta provisoriedade tem que ser entendida no sentido de 
busca da ciência séria, no entendimento de pensar certo, como postula Freire (2009) 
quando afirma que pensar certo implica o respeito ao senso comum no processo de 
sua necessária superação quanto ao respeito à capacidade criadora do educando. 
Acreditando que a superação desta ingenuidade não se faz sem a ajuda respeitosa do 
outro como mediador atento. 
Feitos estes esclarecimentos, passo a considerar minha experiência com os 
tempos e espaços dos Seminários de Pesquisa em três tempos, que aqui chamarei de 
atos como em uma peça teatral. 
 
1 Mestre em Psicologia pela Unir - E-mail: locimassalai@gmail.com 
 
mailto:locimassalai@gmail.com
No primeiro ato os participantes estavam na expectativa de como seria a troca 
entre eles mesmos e os professores dinamizadores do processo. Com seus 
notebooks, cadernos e toda a parafernália que o momento pedia, estavam apostos 
para anotações e abertos às provocações que de fato aconteceram. Ouvimos, 
perguntamos e questionamos. Defendo a idéia de que uma pergunta nem sempre é 
um questionamento. Então acredito que foram feitas neste ato, mais perguntas do que 
questionamentos. O que na verdade prova que estávamos todos mesmos começando 
o processo. 
No desenrolar desta primeira vivência, me parece que os professores 
dinamizadores do seminário não estavam sintonizados entre eles. Sintonizados neste 
contexto significa a competência de comunicação esclarecedora e cuidadosa de não 
deixar que pontos de vistas pessoais se sobreponham aos objetivos maiores. Não 
significa, igualmente, ausência de conflitos em relação às idéias ou posicionamentos 
diferentes. Eles são necessários e importantes. 
Havia uma desagradável sensação de inadequação entre um professor e outro. 
Mesmo sabendo que houve crescimento e aprofundamento de conceitos relativos à 
metodologia da pesquisa, respirei aliviado quando anunciaram o final deste primeiro 
ato. 
Ficou decidido que no próximo seminário, segundo ato, haveríamos de 
apresentar nossos projetos de pesquisa, o que de fato aconteceu. Cada mestrando 
apresentou seu projeto com as devidas interferências dos professores que 
compunham a banca. Aqui novamente, não percebi comunhão entre os professores. 
Entre eles, haviam falas, mas não diálogo. Também foi um ato marcado por emoções 
intensas e com direito a catarses pessoais e coletivas. 
Com a chegada da greve, não desejada, mas necessária, diante das situações 
concretas da Unir, o próximo seminário foi protelado, só vindo acontecer na terceira 
semana de novembro. 
Este terceiro ato foi marcado por quatro situações que fizeram com que ele 
fosse pleno de significado e promotor de crescimento, amadurecimento pessoal e 
coletivo: primeiro, a presença dos professores orientadores, segundo, o espírito de 
delicadeza e tranqüilidade presente no espaço, terceiro, a certeza de que nossas 
dúvidas e equívocos seriam acolhidos com respeito. 
E por último e não menos importante o compromisso e a seriedade dos 
mestrandos em relação aos desafios propostos pelos professores presentes em cada 
banca e seus respectivos orientadores. 
Gostaria tecer alguns comentários sobre os professores dinamizadores dos 
seminários e orientadores dos projetos de dissertação e o faço desde uma postura de 
respeito e carinho gnosiológico. 
Quando eu “crescer intelectualmente falando”, quero ser como vocês, a 
densidade teórica que demonstraram nos Seminários de Pesquisa. Não acredito que 
haja avanço sem o compromisso rigoroso, sério e metódico da pesquisa. 
Como também defendo que tal compromisso precisa estar associado a uma 
postura ética e respeitosa em relação a constatação que ontologicamente todos 
estamos em processo e como seres históricos que somos, carregamos as marcas do 
nosso tempo com suas riquezas e contradições. Dito isto, passo a fazer algumas 
apreciações sobre os professores. 
Os professores dinamizadores dos Seminários de Pesquisa, cada um à sua 
maneira dissera-nos do quanto é importante neste tempo de Mestrado, a disciplina e o 
compromisso para fazer uma pesquisa de qualidade e relevância social. Estou 
admirado com a profundidade teórica e leitura de mundo de vocês. Obrigado pela 
paciência em relação ao meu demorado e lento processo no entendimento das teorias. 
Os docentes orientadores que me apontaram limites, mas delicadamente 
disseram quais caminhos poderiam ser seguidos para responder a eles e que 
manifestaram abertamente que estão nesta empreitada conosco. A eles meu 
reconhecimento generoso. Gosto de dizer por onde ando que uma das grandes 
virtudes do Mestrado em Psicologia é perceber o quanto somos respeitados e 
pedagogicamente provocados ao crescimento por parte dos professores. 
Não posso me furtar de fazer uma avaliação sobre meu próprio desempenho 
nos Seminários de Pesquisa. Estou por inteiro no Mestrado. Sou conhecedor de 
minhas limitações teóricas e esta constatação me faz buscar e acolher as orientações 
recebidas. 
Aproveitei dos Seminários o que foi possível fazê-lo. Sugiro que nos próximos 
Seminários, para outras turmas, os professores orientadores estejam presentes em 
todos os dias dos mesmos. 
Finalizo este momento de partilha de minhas percepções sobre os Seminários 
de Pesquisa do Mestrado em Psicologia da Universidade Federal de Rondônia, da 
turma de 2011 evocando Freire (2009, p. 54) quando afetivamente diz que 
Gosto de ser gente porque, mesmo sabendo que as condições materiais, 
econômicas, sociais e políticas, culturais e ideológicas em que nos achamos geram 
quase sempre barreiras de difícil superação para o cumprimento de nossa tarefa 
histórica de mudar o mundo, sei também que os obstáculos não se eternizam. 
 Como vou por inteiro nas lidas da vida, cada situação vivenciada no Mestrado 
tem sido plena de significados. Parafraseando Caetano Veloso, saboreio a dor e a 
delícia de saber quem sou como sou e o que quero chegar a ser. 
 
Referência 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 
39ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2009.